quarta-feira, 28 de setembro de 2022

Guiné 61/74 - P23651: In Memoriam (452): Mário Rui Anastácio (1954-2022), ex-fur mil, BII 19, Funchal, 1974/75, meu cunhado (Luís Graça)


Lourinhã > Igreja de Santa Maria do Castelo (séc. XIV) > Rosácea: uma obra-prima de desenho geométrico ...

Alcobaça >  2 de julho de 1977 > No  casamento do Mário  e da  Zairinha.  Do lado da noiva, o pai, Luís Henriques (1920-2012) e  a mana mais nova, a Béu. Na outra ponta, ao lado do noivo, a Maria da Graça (1922-2014).  


Fotos (e legendas): © Luís Graça (2022). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1. Faleceu inesperadamente no passado domingo,  aos 68 anos, em Guimarães,  e realizou-se hoje a cerimónia fúnebre, na sua terra natal, Lourinhã, seguindo agora mesmo  os seus restos mortais para o crematório de Barcarena, Oeiras: Mário Rui Anastácio (13/1/954-25/9/2022). Era casado com a minha irmã do meio (tenho três), Maria do Rosário, "Zairinha". O casal tem dois filhos, André, treinador de futebol,  e Rita, educadora de infância.

Trabalhou na empresa Louricoop, tinha acabado de se reformar há uns meses;  andou na escola Escola Industrial e Comercial de Torres Vedras; foi jogador de futebol, júnior, no Sport Clube União Torreense (SCUT), fundado em Torres Vedras, em 1917, bem como no Sporting Clube Lourinhanense, filial do  Sporting Club de Portugal (SCP). Tinha o curso de treinador de futebol, e orientou diversas equipas, de vários escalões, na Região do Oeste. 

Sei que em 1974/75, cumpriu o serviço militar, como furriel miliciano,  no Funchal, no BII 19, o Batalhão Independente de Infantaria nº 19 (cujo quartel fora inaugurado em 1970), tendo escapado por um triz de "ir parar ao ultramar", como último soldado do Império... Tinha excelentes recordações da Madeira e dos madeirenses. Infelizmente não tenho fotos dele desse tempo. 

Na hora da despedida, na igreja de Santa Maria do Castelo (séc. XIV), na Lourinhã, tive o privilégio de dizer em público, perante a sua família, vizinhos, colegas  e amigos, algumas palavras em sua homenagem,  e também a ocasião de manifestar a minha solidariedade na dor à viúva, filhos, netos e demais família.

Mário:

Partilhaste comigo, há umas escassas semanas atrás, na Praia da Areia Branca, uma pequena inconfidência: contaste-me, com velado orgulho, que o teu filho costumava dizer, à malta das suas equipas  de futebol, que havia dois homens que o inspiravam, na vida e no desporto: o avô e o pai.

Do amor do André pelo meu pai, eu já o sabia há muito. Pude testemunhá-lo em diversas  ocasiões. Desde o André ainda miúdo. Da admiração do teu filho por ti, como pai e como desportista, eu só poderia achar normal e natural. O que foi bonito foi ver-te com um brilhozinho nos olhos quando me constaste esta história.

Sei que o mesmo amor sentias pela tua Ritinha, e pelos teus netos. E, claro, pela tua mulher e mãe dos teus filhos. Sempre te ouvi tratá-la por Zairinha, "a minha Zairinha". E sei que foi a mulher da tua vida, aquela que também é a minha Zairinha, a minha querida mana do meio.

Hoje eles e elas, a tua Zairinha, os teus filhos, nora e genro, os teus netos, os teus irmãos, os teus cunhados, os teus sobrinhos, e demais família, e os amigos que sempre te trataram, com fraterno carinho,  por Márinho… (ou por “Mister”, os teus miúdos da bola, que ensinaste a lidar com as alegrias e as tristezas no campo e fora do campo, no campo pelado da vida)… todos eles e elas estão aqui, fisicamente ou em pensamento, nesta hora e neste lugar sagrado, na igreja do Castelo, o mais belo e nobre monumento da Lourinhã, para te dizer adeus na tua última viagem.

Morreste longe da tua terra, numa morte traiçoeira e fulminante que nos deixa a todos chocados e desolados. Tinhas apenas 68 anos, uma vida ainda por completar. E nós temos agora umas escassas horas para te dizer, em silêncio ou em voz alta,  quanto te estimávamos e quanto te amávamos.  

Quando morre um de nós, todos morremos um pouco, e há uma torrente de memórias, vivências e emoções que se soltam. Como o rio Grande da nossa infância, o  rio que só era grande quando galgava as margens, arrasava as vinhas e pomares, inundava o campo da bola e o largo do Convento. e se confundia com o mar, o grande oceano. Lembras-te ? Até Deus ficava isolado na igreja matriz…E nós fazíamos gazeta à escola, à missa, e à catequese…

Hoje somos nós que ficamos tristes e sós, mesmo sabendo que todos somos mortais, e que um dia, nunca sabendo qual, cada um de nós partirá também  para essa viagem sem retorno.

Crentes ou não crentes, todos temos todavia a secreta esperança ou a vã ilusão de voltarmos a sentar-nos à mesma mesa, frente ao mar, como companheiros de viagem, e partilhar o melhor das nossas memórias da Terra da Alegria. E eu quero voltar,  noutra incarnação,  a ver esse teu brilhozinho nos olhos e o teu sorriso bondoso… E, se possível,  a  beber um copo contigo.

Até sempre, até um dia, meu querido cunhado Márinho (é a primeira vez que te trato por Mrinho).

Lourinhã, 28 de setembro de 2022.  ´

Luís (a que se junta a Alice, a Joana e o João, nesta pequena homenagem a ti que também é uma manifestação de solidariedade na dor pela tua perda).

 __________

Nota do editor:

Último poste da série > 30 de agosto de 2022 > Guiné 61/74 - P23569: In Memoriam (451): Gratas recordações do confrade António Júlio Emerenciano Estácio (1947-2022) (4): “Bolama, a saudosa…”, lembranças afetuosas da sua juventude (Mário Beja Santos)

12 comentários:

antonio graça de abreu disse...

O sangue que nos circula nas veias, um coração amigo e nosso que deixa de bater. A fugacidade da vida. A lágrima que cai, como chuva.

Abração,

António Graça de Abreu

José Teixeira disse...

A morte tem um custo elevado para os que ficam, sobretudo quando se trata de família/amigos que fizeram parte do nosso percurso de vida. Deram mais vida à nossa vida e ao partirem deixam-nos um vazio difícil de preencher.
Estamos contigo neste momento triste.
Zé e Armanda.

Carlos Vinhal disse...

Caro Luís, por favor transmite à senhora tua mana os nossos sentidos pêsames pela perda do seu companheiro de vida. Para os filhos vai também a nossa solidariedade pela perda prematura do pai. A Dina perdeu a mãe que tinha ainda 45 anos (1925-1970) e eu o meu pai com a idadede de 61 (1920-1981), portanto sabemos o quanto custa perder os pais ainda novos.
Para ti e restantes familiares um abraço solidádio.
Dina e Carlos

Anónimo disse...

João Crisóstomo (by email):

19:13


Meu caro Luís Graca,

Mesmo sem conhecer este teu cunhado e amigo fiquei desolado. Que grande perca para todos, mesmo que nunca o tenhamos conhecido. Mas vejo e sinto a tua tristeza e dor. E quando um amigo sofre , esse sofrimento não é só dele, porque como irmãos que somos, nós sofremos também.

O teu último adeus é emocionante. Força, meu caro. Nessa "homenagem que também é uma manifestação de solidariedade na dor” estamos contigo e os teus.

João e Vilma

José Botelho Colaço disse...

Ao contrário do que muita gente pensa quanto mais velho o familiar parte mais agarrado a ele estamos eu perdi o meu pai com 18 anos uma idade verde de aventuras que nem dá para pensar, sentir, ver a falta que eles nos fazem.

Valdemar Silva disse...

Luís.
Os meus sentidos pêsames

Valdemar Queiroz

Hélder Valério disse...

Meu bom amigo Luís

Como de costume, não consigo encontrar as palavras certas.
Se é que as há!
Apenas envio daqui um forte abraço e os meus sentidos pêsames, o que não sendo grande coisa é o que posso fazer.

Abraço
Hélder Sousa

Anónimo disse...

Luís,
Um abraço amigo, do amigo
Joaquim Costa

José Marcelino Martins disse...

Condolências.

Unknown disse...

As minhas sentidas condolências Luís!
Abraço de solidariedade extensivo ao resto da família.
Eduardo Estrela

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Obrigado a todos, pelas vossas sinceras condolências, em meu nome, da minha mana, Maria do Rosário, e dos meus sobrinhos, André e Rita.

Anónimo disse...

Amigo Luís
Associo-me à dor dos familiares.
Abraço,
Ernestino Caniço