Fotos (e legendas): © Luís Graça (2022). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Trabalhou na empresa Louricoop, tinha acabado de se reformar há uns meses; andou na escola Escola Industrial e Comercial de Torres Vedras; foi jogador de futebol, júnior, no Sport Clube União Torreense (SCUT), fundado em Torres Vedras, em 1917, bem como no Sporting Clube Lourinhanense, filial do Sporting Club de Portugal (SCP). Tinha o curso de treinador de futebol, e orientou diversas equipas, de vários escalões, na Região do Oeste.
Mário:
Partilhaste comigo, há umas escassas semanas atrás, na Praia da Areia Branca, uma pequena inconfidência: contaste-me, com velado orgulho, que o teu filho costumava dizer, à malta das suas equipas de futebol, que havia dois homens que o inspiravam, na vida e no desporto: o avô e o pai.
Do amor do
André pelo meu pai, eu já o sabia há muito. Pude testemunhá-lo em diversas ocasiões. Desde o André ainda miúdo. Da
admiração do teu filho por ti, como pai e como desportista, eu só poderia achar
normal e natural. O que foi bonito foi ver-te com um brilhozinho nos olhos
quando me constaste esta história.
Sei que o
mesmo amor sentias pela tua Ritinha, e pelos teus netos. E, claro, pela tua
mulher e mãe dos teus filhos. Sempre te ouvi tratá-la por Zairinha, "a minha
Zairinha". E sei que foi a mulher da tua vida, aquela que também é a minha
Zairinha, a minha querida mana do meio.
Hoje eles e
elas, a tua Zairinha, os teus filhos, nora e genro, os teus netos, os teus
irmãos, os teus cunhados, os teus sobrinhos, e demais família, e os amigos que
sempre te trataram, com fraterno carinho, por Márinho… (ou por “Mister”, os teus miúdos
da bola, que ensinaste a lidar com as alegrias e as tristezas no campo e fora
do campo, no campo pelado da vida)… todos eles e elas estão aqui, fisicamente
ou em pensamento, nesta hora e neste lugar sagrado, na igreja do Castelo, o
mais belo e nobre monumento da Lourinhã, para te dizer adeus na tua última
viagem.
Morreste longe
da tua terra, numa morte traiçoeira e fulminante que nos deixa a todos chocados
e desolados. Tinhas apenas 68 anos, uma vida ainda por completar. E nós temos
agora umas escassas horas para te dizer, em silêncio ou em voz alta, quanto te estimávamos e quanto te amávamos.
Quando morre
um de nós, todos morremos um pouco, e há uma torrente de memórias, vivências e
emoções que se soltam. Como o rio Grande da nossa infância, o rio que só era grande quando galgava as margens,
arrasava as vinhas e pomares, inundava o campo da bola e o largo do Convento. e
se confundia com o mar, o grande oceano. Lembras-te ? Até Deus ficava isolado
na igreja matriz…E nós fazíamos gazeta à escola, à missa, e à catequese…
Hoje somos nós que ficamos tristes e sós, mesmo sabendo que
todos somos mortais, e que um dia, nunca sabendo qual, cada um de nós partirá
também para essa viagem sem retorno.
Crentes ou não crentes, todos temos todavia a secreta
esperança ou a vã ilusão de voltarmos a sentar-nos à mesma mesa, frente ao mar,
como companheiros de viagem, e partilhar o melhor das nossas memórias da Terra
da Alegria. E eu quero voltar, noutra
incarnação, a ver esse teu brilhozinho
nos olhos e o teu sorriso bondoso… E, se possível, a beber
um copo contigo.
Até sempre,
até um dia, meu querido cunhado Márinho (é a primeira vez que te trato por
Mrinho).
Lourinhã, 28 de setembro de 2022. ´
Luís (a que se
junta a Alice, a Joana e o João, nesta pequena homenagem a ti que também é uma
manifestação de solidariedade na dor pela tua perda).
12 comentários:
O sangue que nos circula nas veias, um coração amigo e nosso que deixa de bater. A fugacidade da vida. A lágrima que cai, como chuva.
Abração,
António Graça de Abreu
A morte tem um custo elevado para os que ficam, sobretudo quando se trata de família/amigos que fizeram parte do nosso percurso de vida. Deram mais vida à nossa vida e ao partirem deixam-nos um vazio difícil de preencher.
Estamos contigo neste momento triste.
Zé e Armanda.
Caro Luís, por favor transmite à senhora tua mana os nossos sentidos pêsames pela perda do seu companheiro de vida. Para os filhos vai também a nossa solidariedade pela perda prematura do pai. A Dina perdeu a mãe que tinha ainda 45 anos (1925-1970) e eu o meu pai com a idadede de 61 (1920-1981), portanto sabemos o quanto custa perder os pais ainda novos.
Para ti e restantes familiares um abraço solidádio.
Dina e Carlos
João Crisóstomo (by email):
19:13
Meu caro Luís Graca,
Mesmo sem conhecer este teu cunhado e amigo fiquei desolado. Que grande perca para todos, mesmo que nunca o tenhamos conhecido. Mas vejo e sinto a tua tristeza e dor. E quando um amigo sofre , esse sofrimento não é só dele, porque como irmãos que somos, nós sofremos também.
O teu último adeus é emocionante. Força, meu caro. Nessa "homenagem que também é uma manifestação de solidariedade na dor” estamos contigo e os teus.
João e Vilma
Ao contrário do que muita gente pensa quanto mais velho o familiar parte mais agarrado a ele estamos eu perdi o meu pai com 18 anos uma idade verde de aventuras que nem dá para pensar, sentir, ver a falta que eles nos fazem.
Luís.
Os meus sentidos pêsames
Valdemar Queiroz
Meu bom amigo Luís
Como de costume, não consigo encontrar as palavras certas.
Se é que as há!
Apenas envio daqui um forte abraço e os meus sentidos pêsames, o que não sendo grande coisa é o que posso fazer.
Abraço
Hélder Sousa
Luís,
Um abraço amigo, do amigo
Joaquim Costa
Condolências.
As minhas sentidas condolências Luís!
Abraço de solidariedade extensivo ao resto da família.
Eduardo Estrela
Obrigado a todos, pelas vossas sinceras condolências, em meu nome, da minha mana, Maria do Rosário, e dos meus sobrinhos, André e Rita.
Amigo Luís
Associo-me à dor dos familiares.
Abraço,
Ernestino Caniço
Enviar um comentário