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quinta-feira, 6 de abril de 2023

Guiné 61/74 - P24204: Recordando o Amadu Bailo Djaló (Bafatá, 1940 - Lisboa, 2015), um luso-guineense com duas pátrias amadas, um valoroso combatente, um homem sábio, um bom muçulmano - Parte XXIII: Na 1ª CCmds Africanos em 1970: de Fá Mandinga a Bajocunda, Pirada e Senegal, respondendo ao terror do PAIGC


Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > CIM Fá Mandinga > 1ª CCmds Africanos > 1970 > Recrutas do curso de Comandos. Soldados Quintino Gomes (morto em combate, em 1973), o 1º da esquerda,  e Abdulai Djaló Cula, o último, à direita. Foto de Amadu Djaló, reproduzida na pág. na 158.


Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > CIM Fá Mandinga > 1ª CCmds Africanos > 1970 > Grupo de 26: d
a esquerda para a direita: 



(i) o 1º, Abdulai Djaló Cula (A); furriel José Mendonça (o nosso 1º morto, mina A/P, Ponta do Inglês, Xime) (B); José Vieira (morto em Cumbamori), Op Amestista Real, 19/5/1973) (C);  ao meio de boina o 2º sargento Carolino Barbosa (fuzilado pelo PAIGC) (D) e furriéis Júlio César Sá Nogueira (D) e Mário Teixeira (E) (ambos à direita, fuzilados em Conakry, grupo do Tenente Januário,  na sequência da Op Mar Verde, novembro de 1970). 

(ii) De joelhos, Laurindo Ribeiro (G), Mamo Djana (H) (morto em emboscada na estrada entre Pirada e Bajocunda), o 3º homem, soldado Nicolau Cabral (I) (morto em Bajocunda), entre outros que não consigo identificar. Foto do autor, reproduzida na pág. 159. 

[Edição e legenda complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, 2023]



Guiné >Zona leste > Região de Gabu > Vista aérea de Bajocunda. Foto cedida por 
Amílcar Ventura, ex-Furriel Mil. Mec., Bajocunda, 1973/74, e reproduzida na pág. 161.


1. C
ontinuação da publicação das memórias do Amadu Djaló (Bafatá, 1940-Lisboa, 2015), a partir do manuscrito, digital,  do seu livro 
"Guineense, Comando, Português: I Volume: Comandos Africanos, 1964 - 1974" (Lisboa, Associação de Comandos, 2010, 229 pp, + fotos, edição esgotada) (*).

O seu editor literário, ou "copydesk", o seu camarada e amigo Virgínio Briote,  facultou-nos uma cópia digital; o Amadu, membro da Tabanca Grande, desde 2010, tem cerca de nove dezenas de referências no nosso blogue.


[Floto à direita > O autor, em Bafatá, sua terra natal, por volta de meados de 1966. (Foto reproduzida no livro, na pág. 149) ]

Síntese das partes anteriores:

(i) o autor, nascido em Bafatá, de pais oriundos da Guiné Conacri,  começou a recruta, como voluntário, em 4 de janeiro de 1962, no Centro de Instrução Militar (CIM) de Bolama;

(ii) esteve depois no CICA/BAC, em Bissau, onde tirou a especialidade de soldado condutor autorrodas;

(iii) passou por Bedanda, 4ª CCaç (futura CCAÇ 6), e depois Farim, 1ª CCAÇ (futura CCAÇ 3), como sold cond auto;

(iv) regressou entretanto à CCS/QG, e alistou-se no Gr Cmds "Os Fantasmas", comandado pelo alf mil 'cmd' Maurício Saraiva, de outubro de 1964 a maio de 1965;

(v) em junho de 1965, fez a escola de cabos em Bissau, foi promovido a 1º cabo condutor, em 2 de janeiro de 1966;

(vi) voltou aos Comandos do CTIG, integrando-se desta vez no Gr Cmds "Os Centuriões", do alf mil 'cmd' Luís Rainha e do 1º cabo 'cmd' Júlio Costa Abreu (que vive atualmente em Amesterdão);

(vii)  depois da última saída do Grupo, Op Virgínia, 24/25 de abril de 1966, na fronteira do Senegal, Amadu foi transferido, a seu pedido,  por razões familitares, para Bafatá, sua terra natal, para o BCAV 757; 

(viii) ficou em Bafatá até final de 1969, altura em que foi selecionado para integrar a 1ª CCmds Africanos, que será comandada pelo seu amigo João Bacar Djaló; 

(ix) depois da formação da companhia (que terminou em meados de 1970), o Amadu Djaló, com 30 anos, integra uma das unidades de elite do CTIG; a 1ª CCmds Africanos, em julho, vai para a região de Gabu, Bajocunda e Pirada, fazendo incursões no Senegal.

 

Capa do livro do Amadu Bailo Djaló, "Guineense, Comando, Português: I Volume: Comandos Africanos, 1964 - 1974", Lisboa, Associação de Comandos, 2010, 229 pp, + fotos, edição esgotada.  


Recordando o Amadu Bailo Djaló (Bafatá, 1940 - Lisboa, 2015), um    luso-guineense com duas pátrias amadas, um valoroso combatente, um homem sábio, um bom muçulmano - Parte XXIII:  
 
 
Na 1º CCmds Africanos em 1970: de Fá Mandinga a Bajocunda, Pirada e Senegal, respondendo ao terror do PAIGC (8pp. 158-165) 


Em fevereiro [1] de 1970 estávamos em Fá Mandinga. Depois de três dias a preparar o terreno, começámos o curso. Na primeira parte houve vários feridos, foram eliminados vários, a maior parte por falta de capacidade física.

 Finalmente arrancámos para a parte da formação dos grupos, a que se seguiu o treino operacional.

Aqui já tivemos dois mortos, o furriel José Mendonça e o soldado Nicolau Cabral. O furriel[2] pisou uma mina anti-pessoal e ficou cortado em dois. Os membros inferiores nunca apareceram.

Numa das primeiras saídas, entre 25 e 26 de Junho de 1970, numa emboscada em Sare Aliu, junto à linha da fronteira na área de Bajocunda, o soldado Nicolau[3] foi satisfazer as necessidades e não avisou ninguém. Era uma noite escura e quando regressava para junto do grupo perdeu a orientação e entrou pelo outro lado da emboscada. Ninguém o reconheceu, nem deu tempo para fazer perguntas.

Num desses dias, em Dinga Bantaguel, o nosso grupo, comandado pelo alferes Tomás Camará, viu um rapaz a caminhar na nossa direcção, debaixo de um sol ardente, acompanhado de vários cães. Nós estávamos dispersos, com alguns sentados à sombra de uma árvore grande, a manjanja, que dava boa sombra.

Costuma ser junto a estas árvores que, na Guiné, o pessoal da tabanca se junta na hora de mais calor. Todos os dias, os homens grandes da tabanca encontram-se ali[4] e, por vezes, mandam vir o almoço e comem todos juntos.

Mal o rapaz, de cerca de vinte anos, chegou, o comandante do grupo começou a interrogá-lo. Eu estava sentado, um pouco afastado, mas a ouvir a conversa. Quando o rapaz se estava despedir, o Tomás Camará disse-lhe para passar a noite connosco, que amanhã íamos para Bajocunda em viaturas[5], mas o rapaz respondeu que não podia. Então, o Tomás disse-lhe que podia ir à vida dele. Nessa altura, levantei-me e disse para trazerem uma corda. Chamei o rapaz.
 
− Olha, anda cá.

Mandei-o encostar-se a um pequeno mangueiro e amarrei-o com a corda.

− Ficas aqui, amarrado, durante a noite. Se formos atacados,  és morto. Ou então, dizes a verdade toda. Se ninguém nos atacar, desamarramos-te e ninguém te faz mal. E, de manhã, podes ir para o Senegal, ou então vais connosco para Bajocunda, se quiseres.

Ele disse que ia dizer a verdade. Que tinha vindo com a guerrilha até à fronteira e que eles o mandaram vir cá saber em que tabanca a tropa estava, para terem informações correctas. Mandei desamarrá-lo.

Ficámos à espera, mas já tínhamos a certeza que iríamos ter visitas essa noite, só não sabíamos qual seria o resultado, mas ataque não ia faltar.

Por volta da 01h00 da madrugada, o Tomás Camará estava a falar em voz alta e um grupo do PAIGC progrediu até de onde vinha a voz, com a intenção de nos atacar. Eu, que era o 2º comandante do grupo e que tinha a responsabilidade de montar a segurança, montei 4 postos: na saída para Bajocunda, na saída para Canquelifá, na saída para a fronteira e na saída para a fonte. A 5ª equipa ficou ao pé do comandante.

O pessoal do PAIGC que vinha da fronteira, entrou na tabanca e orientados pela voz alta do nosso comandante,começaram a progredir nessa direcção. Um soldado nosso viu um homem para aí a cinco metros e disparou uma rajada. Eu e o Tomás corremos para a frente, mas a guerra acabou depressa. Ficou o corpo no local, ao lado de um RPG 2.

De manhã enterrámo-lo e fomos a Panaghar, uma tabanca no Senegal, recolher dois homens do nosso território, que estavam lá refugiados. Tínhamos ouvido dizer que havia gente da Guiné refugiada naquela tabanca do Senegal. E fomos tentar saber por que é que a população estava toda a fugir para lá. Disseram-nos que o pessoal do PAIGC os tinham ameaçado de que deviam abandonar as tabancas. 

A partir dessa altura deixámos de montar a segurança às tabancas que ficavam na linha de fronteira porque estavam completamente mobilizadas pelo PAIGC. E as tabancas que não tinham aderido ao PAIGC começaram a aparecer queimadas.

Encontrávamo-nos Bajocunda[6] quando chegou uma mensagem urgente para nos deslocarmos a Pirada[7]. Preparámos a coluna e partimos sem demora. Quando lá chegámos encontrámos o comandante Calvão[8] na entrada do aquartelamento, à nossa espera.

Deu ordens para virarmos as viaturas para a pista e para nos reunirmos com ele, que tinha uma missão para nós. O comandante chamou os quadros da companhia, afastámo-nos dos soldados e dispusemo-nos em círculo, com o comandante no meio. Disse que havia necessidade de queimar as tabancas de Sare Bocar, de Sinchã Sore e de Perim, todas dentro do Senegal. Sare Bocar ficava mais próxima de Paunca[9] e nós devíamos começar por aí, onde nas proximidades havia um acampamento do PAIGC e depois marchávamos para Sinchã Sore e Perim.

Na reunião com o comandante ficou assente que se algum dos nossos morresse lá, tirávamos-lhe a arma, o equipamento e farda e deixávamos o corpo. Se houvesse algum ferido grave, procedíamos da mesma forma, deixávamos o moribundo nu. Foi por este motivo que o comandante nos tinha mandado ir com ele para longe do resto do pessoal

Era uma decisão muito dura, mas para a tropa Comando nada podia ser duro e a nossa função era cumprirmos, fosse qual fosse o fardo.

Quando estávamos reunidos na pista com o comandante aproximou-se de nós uma carrinha com um homem branco, chamado Mário Soares[10], ainda com sabão da barba na cara. Este Mário Soares era um comerciante que nos dava informações e havia quem dissesse que também as dava ao PAIGC. Vinha acompanhado por um homem negro, senegalês, que trazia uma informação. Que nessa manhã uma companhia do PAIGC tinha entrado no nosso território e, que nesta altura, devia estar na ponte[11]. 

O capitão João Bacar Jaló pediu logo ao comandante Calvão que autorizasse que a 1ª CCmds patrulhasse a zona até à ponte. Mas o comandante não esteve de acordo, que quem ia tratar do assunto iam ser os homens do batalhão[12].

Enquanto estávamos em reunião com o comandante, ele chamou o capitão da companhia[13] aquartelada em Pirada e deu-lhe instruções para mandar patrulhar até à zona da ponte. Momentos depois, ouvimo-los a regressar, dizendo que tinham patrulhado a estrada até à ponte e que não tinham encontrado nada. Ficámos a olhar uns para os outros, admirados com tanta rapidez.

Quando nos estávamos a preparar para a saída, estava a chegar um grupo da nossa Companhia, comandada pelo tenente Januário, com uma coluna de viaturas civis, carregadas com géneros. Saudámo-nos, mas não houve tempo para muitos cumprimentos. Eles seguiram para Bajocunda e nós para a fronteira com o Senegal. Quando a coluna deles[14] chegou à zona da ponte, caíram numa emboscada no pontão do Maul-Jaubé, no itinerário de Pirada a Tabassi. Estávamos nós ainda junto ao arame farpado, quando ouvimos o tiroteio e os estrondos dos rebentamentos. Sigam aos vossos destinos, foi a ordem que recebemos do batalhão.


Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Carta de Pirada (1957) > Escala 1/50 mil  > Posição relativa de Pirada, Tabassi e Bajocunda, e já no Senegal as tabancas de Perim e Sinchã Sari. Pirada estava nas proximidades do marco fromnteiriço 69.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2023)

 
Pirada ficava a pouco mais de um quilómetro da fronteira com o Senegal. As tabancas de Perim, a nem um quilómetro, Sinchã Sore [gralha ?, na carta de Pirada está grafado o topónimo  Sinchã Sari] a pouco mais de dois da linha da fronteira e Sare Bocar a pouco mais de cinco.

Guinjé > Bissau > 10 de junho de 1967 > O Abdulai Jamanca, então 1º Cabo, a ser condecorado. Foto reproduzida na pág. 161.

Fomos a corta mato, sem qualquer problema e entrámos pela tabanca de Sare Bocar. Era mais ou menos meia-noite quando o Alferes Jamanca bateu à porta de uma casa. Saiu um homem.

   Onde é a casa do chefe da tabanca?  − perguntou o alferes.

O homem apontou para uma casa e o Jamanca disse para vir connosco. Acordado o chefe da tabanca, cumprimentaram-se e o João Bacar Jaló, o comandante da nossa companhia, disse ao Jamanca para ele dizer ao chefe da tabanca que dissesse à população que retirasse todos os seus haveres, porque a tabanca ia ser incendiada.

Três ou quatro homens da tabanca acordaram e juntaram-se ao chefe da tabanca. Este, depois de ouvir o Jamanca, perguntou:

− Mas de onde vocês vieram?

− Guiné Portuguesa  − respondeu o João Bacar.

O chefe da tabanca, que só via africanos à sua volta, pensou que éramos do PAIGC.

− Mas vocês estão enganados. Isto aqui é Senegal!

− Nós somos obrigados a queimar as vossas tabancas porque o PAIGC sai daqui e vai ao nosso território queimar as nossas tabancas e depois volta para aqui respondeu o Jamanca.

Depressa os residentes da tabanca começaram a retirar as suas coisas, enquanto os soldados começavam a chegar fogo às casas.

Quando o primeiro soldado ateou o lume, um morador, surpreendido, gritou:

− Mas é verdade, isto não é brincadeira!

A certa altura, a situação parecia ter tomado conta dos soldados que, entusiasmados, pareciam não querer sair dali. O alferes Justo conseguiu pôr ordem, avisando-os que se algum deles ficasse ferido havia ordem para lhe tirar a arma, equipamento e farda e deixá-lo no local. 

Acalmaram rapidamente e seguimos para a Sinchã Sore, onde a acção se repetiu, praticamente da mesma forma. E quando o dia[15] já estava a nascer chegámos a Perim e a única diferença foi ser já de dia. Estas duas tabancas eram de menor dimensão e arderam quase na totalidade. Depois retirámos, sem incidentes na direcção de Pirada, utilizando o carreiro.

A partir desta data, confirmou-se mais tarde, as nossas tabancas na zona da fronteira deixaram de ser queimadas pelo PAIGC e nós passámos a proceder da mesma forma, também deixámos de importunar as tabancas do Senegal.

Quando entrámos em Pirada, o comandante Calvão estava à nossa espera. Depois de ouvir as nossas notícias, meteu-se numa avioneta e foi fazer um voo de reconhecimento para ver os resultados. Só a primeira tabanca, a de Sare Bocar não tinha ardido completamente, mas mais de metade tinha ficado em cinzas.

Nesta altura soubemos o resultado da emboscada ao nosso grupo que, no dia anterior, escoltava viaturas civis. Tinha tido dois mortos, um cabo miliciano[16] e um soldado[17]. O cabo miliciano tinha acabado a escola de rádio telegrafista e tinha sido colocado na 1ª CCmds Africanos. Nem se chegou a apresentar ao comandante da companhia, morreu no caminho. Na emboscada morreram ainda dois civis, um condutor chamado Fernandes[18], residente em Bafatá,  e um ajudante[19]. Depois destas notícias, regressámos a Bajocunda, onde a nossa companhia estava sedeada.

Corremos aquela área toda, todos os dias um grupo nosso saía para a mata das zona da fronteira.

(Continua)

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Notas do autor ou do editor:

[1] Nota do editor: em 11 Fevereiro 1970.

[2] Nota do editor: em 18 Junho de 1970

[3] Nota do editor: Soldado Nicolau Tomás Cabral.

[4] A este local, onde se concentra a população, os Mandingas chamam bantaba e os Fulas Banta.

[5] Nota do editor: da CArt 2438, comandada pelo Cap Art Veiga Vaz e a pouco mais de um mês do termo da respectiva comissão; em Bajocunda estava instalado, desde 27 Junho 1970, o COT1 (Comando Operacional Transitório 1), comandado pelo Major Inf Nuno Valdez dos Santos, então recém-criado “com a finalidade de fazer face a uma intensificação da actividade inimiga sobre a região de Pirada/Bajocunda (...) e ficando na dependência do Comandante do Agrupamento 2957”, sediado em Bafatá sob o comando do Coronel Art Neves Cardoso.

[6] Nota do editor: em 04 Julho de 1970

[7] Nota do editor: desde 17 Março 1970, sede da CCaç 2571.

[8] Comandante Alpoim Calvão.

[9] Nota do editor: desde 23 Junho 1970, guarnecida com 3 pelotões da CCaç 2658 e 3 pelotões “Fulas” da CArt 11/CTIG.

[10] Nota do editor: Mário Rodrigues Soares instalou-se na Guiné em 1948 e montou no posto fronteiriço de Pirada um estabelecimento comercial ligado à “Casa Gouveia”. Em Setembro de 1974, em risco de ser fuzilado pelo PAIGC, conseguiu escapar e chegar a Lisboa, onde ficou detido 45 dias em Caxias. Morreu em Abril de 1995.

[11] Nota do editor: sobre o rio Mael-Jaubé, quase paralelo à fronteira desde Pirada a Oribodé, para leste.

[12] Nota do editor: BArt 2857.

[13] Nota do editor: CCaç 2571.

[14] Nota do editor: da CArt 2438, instalada em Bajocunda

[15] Nota do editor: 5 Julho de 1970.

[16] Nota do editor: Cabo Mil Julião Albano Cabral.

[17] Nota do editor: Soldado José Augusto Maru Djaná.

[18] Nota do editor: Rufino Gomes Fernandes.

[19] Nota do editor: Mamadu Bobo Jaló, residente em Nova Lamego.

[Seleção / Revisão e fixação de texto / Subtítulo / Negritos: LG]

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Nota do editor:

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Guiné 63/74 - P6910: Falando do BART 2857, da CART 2479, da CART 11 e da CACAÇ 11 (J. M. Pereira da Costa)

1. Mensagem de João Maria Pereira da Costa, um dos fundadores e administradores do blogue BART 2857.


Data: 16 de Janeiro de 2010


Assunto: GUINÉ 63/74 - P1015: CART 2479, CART 11 E CCAÇ 11 (ZONA LESTE, GABU, SUBSECTOR PAUNCA)

Sou Pereira da Costa, ex-furriel miliciano, Oper Info/CIOE,  da CCS/BArt 2857, em Piche
Sou um dos iniciadores, administradores e moderadores do blogue BArt 2857.

Caro Luis Graça, como foi quem colocou esta mensagem, pelo que lerá ao longo deste email, compreenderá as razões do mesmo.

O que o Carlos Marques dos Santos diz faz sentido,  que a CArt 2479, de Renato Monteiro desse origem à CCaç 11. O que posso complementar é que a CArt 2479 ou CArt 11 ou CCaç 11, esteve sediada em Piche, por período que,  de momento, não tenho elementos para o confirmar, pois aguardo que o Arquivo Militar me entregue uma cópia da História da Unidade do BArt 2857, que requisitei.

O Zé Teixeira diz que da História da CArt 2479 consta:

 Em Contuboel ministrou instrução a naturais de etnia fula criando uma sub-unidade mista que se transformou numa Companhia de Intervenção, formando a partir de Janeiro de 1970, CArt 11. Posteriormente terá passado a CCaç 11 a partir de Outubro de 1972. 

É bem possível, pois no período em que o BArt 2857 esteve em Piche, de Novembro de 1968 a Outubro de 1970, lembro-me da CArt 2479 e ouvir falar em CArt 11.

O que o Albano Costa diz tem coerência e até tem elementos que o confirmam.

Agora sou eu,  Pereira da Costa: vou ter que ler as histórias do Renato Monteiro e a História da Unidade da CArt 2479, se alguém me facultar, pela razão que vou descrever.

O BArt 2857 iniciou o seu próprio blogue [, em 20 de Setembro de 2009] (**). Acompanhamos outros, em especial, o vosso que me caiu de pára-quedas no meu email.

Estamos a preparar publicações entre elas uma de um acidente ocorrido, em 05/07/1969, na estrada Dunane/Canquelifá por accionamento de minas A/C sob Unimogs, onde estiveram envolvidas forças da CArt 2439, sediada em Canquelifá, pertencente ao BArt 2857 e forças da CArt 2479 / CART 11; pelo facto ocorreram mortos e feridos em número elevado, em ambas as forças com mais peso na CArt 2479 (pessoal ultramarino).

A publicação será em memória de um 1.º Cabo da CArt 2439, porque quando a lerem compreenderão a razão. Contudo não queremos esquecer os africanos e um metropolitano da CArt 2479. Para isso para além de informação e fotografias que já possuímos, gostariamos de as ter da CArt 2479, pois esta esteve como Companhia de Intervenção durante certo tempo (???)  adstrita ao BArt 2857, em Piche. (*)

Apelo a quem puder contribuir com informação e fotografias que o faça ou indique os contactos para as obter.

Um grande abraço de camaradagem ao Luís Graça que não tenho o prazer de o conhecer e muita força e coragem para transmitirmos todo aquele período que para alguns nunca existiu !!!!

Obrigado
Pereira da Costa


2. Comentário de L.G.:



Meu caro J. M.Pereira da Costa: Dei conta, só agora, da tua mensagem encalhada há muito nos postes por publicar... O teu pedido, no entanto, continua actual e peço aos nossos camaradas - nomeadamente aos que pertenceram à CART 2479 / CART 11, no período em questão (1969/70) - para te fornecerem os elementos pedidos...

Por outro lado quero-te dar os parabéns que criação e animação do blogue referente ao vosso batalhão, que vou passar a seguir. E desejar-vos uma bela festa de convívio, em Penafiel, no próximo dia 16 de Outubro. Fará então 40 anos que vocês regressaram da Guiné. Os meus parabéns por estas iniciativas.

Um terceiro ponto: quero-te  convidar pessoalmente para ingressares na nossa Tabanca Grande, o que não te impedirá de continuar a liderar o teu/vosso blogue. Vamos a caminho do meio milhar de membros da Tabanca Grande que, como tu sabes, reúne sob um vasto poilão, centenário, simbólico, os amigos e camaradas da Guiné... 

Queremos reforçar a presença da malta que, como tu, esteve no nordeste da Guiné, no sector de Piche. Basta-te, no teu caso, o envio de duas fotos, uma actual e outra do tempo da tropa. Um Alfa Bravo. Luís
_____________


Nota de L.G.:

(*) O BART 2857 (1968/70) era constituído pelas seguintes subunidades:  CCS (Piche), CART 2438 (Bajocunda), CART 2439 (Canquelifá) e CART 2440 (Piche). 

O pessoal deste batalhão vai realizar, em Penafiel, no próximo dia 16 de Outubro, a festa de confraternização do 40º aniversário do seu regresso da Guiné.

sábado, 16 de maio de 2009

Guiné 63/74 - P4356: Fichas de Unidades (2): BART 2857 (Sector L4), CART 2428 (Bajocunda), CART 2439 (Canquelifá), CART 2440 (Piche) (José Martins)

BATALHÃO DE ARTILHARIA 2857 

Unidade Mobilizadora: Regimento de Artilharia Ligeira nº 5 – Penafiel 

Comandante: Tenente-coronel de Artilharia José João Neves Cardoso 
                         Major de Artilharia Rui Pereira dos Santos 

2º Cmdt: 
Major de Artilharia Carlos Alberto de Castro Silva Gaspena 
Major de Artilharia António Nunes de Carvalho Pires 

Oficial de Informações e Operações/Adjunto: 
Capitão de Artilharia Orlando dos Santos Dias

Companhia de Comando e Serviços (CCS): 
Capitão de Artilharia José Vítor dos Santos Almeida 

Companhia de Artilharia nº 2438: 
Capitão de Artilharia Luís Carlos Santos Veiga Vaz 

Companhia de Artilharia nº 2439: 
Capitão Miliciano de Artilharia António Regência Martins Ferreira 
Alferes Miliciano de Infantaria Vítor José Monteiro Gouveia 
Capitão de Infantaria Manuel Maria Pontes Figueiras 
Alferes Miliciano de Infantaria Vítor José Monteiro Gouveia 

Companhia de Artilharia nº 2440: 
Capitão Miliciano de Artilharia Carlos Manuel Paquim da Costa 

Partida Embarque em 09 de Novembro de 1968 
Desembarque em 15 de Novembro de 1968 
Regresso em 05 de Outubro de 1970

Síntese da Actividade Operacional

Batalhão de Artilharia Nº 2857 
 
Em 24 de Novembro de 1968, assumiu a responsabilidade do Sector L4 (zona Leste) com sede em Piche, então criado por subdivisão da zona de acção do Batalhão de Caçadores nº 2835 (Nova Lamego), com sede em Piche e englobando os subsectores de Piche, Buruntuma, Canquelifá e Bajocunda, este até 27 de Junho de 1970, por ter passado então à responsabilidade do Comando Operacional Temporário nº 1 (COT 1); de 15 de Março de 1969 a 11 de Outubro de 1969, o batalhão foi integrado no Comando Operacional nº 5 (COP 5), então criado. 

Desenvolveu intensa actividade operacional, orientando o seu esforço para a realização de patrulhamentos, emboscadas e protecção e segurança dos itinerários e das populações da área, com especial incidência na reacção a fortes ataques aos aquartelamentos e povoações, desencadeados a partir de bases de fogo no exterior do território. 

Da sua actividade ressalta a detecção e destruição de 27 minas e a detecção e levantamento de mais 67. 

Em 12 de Agosto de 1970, foi rendido no sector de Piche pelo Batalhão de Cavalaria nº 2922, recolhendo em 28 de Agosto de 1970, a Bissau, afim de aguardar o embarque de regresso. 

Companhia de Artilharia nº 2438

Seguiu em 18 de Novembro de 1968 para Bajocunda, a fim de render a Companhia de Caçadores nº 1683, assumindo, em 25 de Novembro de 1968, a responsabilidade do subsector de Bajocunda, com um pelotão destacado em Copa, ficando integrada no dispositivo de manobrado seu batalhão e depois do COT 1. 

Em 15 de Agosto de 1970, foi rendida no subsector pela Companhia de Caçadores nº 2679, por troca, permanecendo, no entanto, em Bajocunda, em reforço do COT 1, até 21 de Setembro de 1970, após o que recolheu a Bissau, a fim de aguardar embarque de regresso.

Companhia de Artilharia nº 2439

Seguiu em 26 de Novembro de 1968 para Canquelifá, a fim de render a Companhia de Artilharia nº 1689, assumindo, em 01 de Dezembro de 1968, a responsabilidade do respectivo subsector, com um pelotão destacado em Dunane e ficando integrada no dispositivo de manobrado seu batalhão; em 03 de Abril de 1968 o pelotão destacado em Dunane recolheu à seda da subunidade, tendo sido deslocado por curtos períodos para Piche, em reforço da guarnição local. 

Em 21 de Agosto de 1970, foi rendida no subsector pela Companhia de Cavalaria nº 2748 e deslocou-se para Bissau, por fracções, a fim de aguardar embarque de regresso, tendo entretanto dois pelotões permanecido na zona Leste, em reforço temporário das guarnições de Nova Lamego e Canquelifá, até 20 de Setembro de 1970.

Companhia de Artilharia nº 2440

Seguiu em 22 de Novembro de 1968 para Piche, a fim de render a Companhia de Caçadores nº 2403, assumindo, em 01 de Dezembro de 1968, a responsabilidade do respectivo subsector, ficando integrada no dispositivo de manobrado seu batalhão. A partir de 06 de Julho de 1969, destacou um pelotão para a ponte do rio Caium e desde finais de Janeiro de 1970, outro pelotão para segurança e protecção dos trabalhos de construção e reordenamento de Cambor. 

Em 12 de Agosto de 1970, foi rendida no subsector pela Companhia de Cavalaria nº 2749 e enquanto dois pelotões seguiram desde logo para Bissau e Bolama, deslocou-se para Nova Lamego afim de reforçar temporariamente o Batalhão de Caçadores 2893, até 20 de Setembro de 1970, e após o que recolheu igualmente a Bissau, afim de aguardar o embarque de regresso. 

Observações – Tem história da unidade, que pode ser consultada, no Arquivo Histórico Militar (caixa nº 119- 2ª Divisão – 4ª Secção). 

Texto retirado do 7º Volume – Fichas das Unidades – Tomo II - GUUNÈ - da Resenha Histórico Militar das Campanhas de África, edição do Estado Maior do Exército. 

(José Martins) 
_________   

Nota de M.R.:  

Vd. Primeiro poste da série em: 

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Guiné 63/74 - P3797: Copá, abandonado em 14/2/1974 (José Martins) (2): Unidades de intervenção no subsector de Bajocunda

Continuação da publicação do trabalho de pesquisa do nosso camarada José Martins (*):


Copá, na fronteira com o Senegal (1965-1974) - Parte II: Unidades de intervenção no subsector de Bajocunda

Copá [vd. carta de Canquelifá]: Situado, sensivelmente, nas coordenadas 13º 55” Oeste e 12º 38” Norte, por lá passaram centenas de homens que, na impossibilidade de se obterem relações nominais, nos levaram a pesquisar as unidades que por lá estiveram, não só actuando directamente no terreno, quer em quadrícula quer em patrulhamentos, mas também nos escalões de comando e coordenação, embora mais afastados do local de acção. Tentou dar-se uma informação sucinta de cada unidade, dando destaque à sua passagem por Copá ou na área em que este destacamento se inseria (**).

Além das subunidades (companhia e pelotões) que tiveram intervenção directa e em quadrícula na zona em que se encontrava Copá [subsector: Bajocunda], outras houve que coordenaram e comandaram as operações nesta área, agrupando sob o seu comando alguns sectores, para assim melhorarem a acção das Nossas Tropas desenvolvida no terreno. Entre elas contam-se:

(i) Unidades de intervenção:


3ª COMPANHIA DE CAÇADORES INDÍGENAS
(3ª CCAÇ I, 1961/67)


Foi criada em 1 de Fevereiro de 1961, como unidade da guarnição normal do Comando Territorial Independente da Guiné, de acordo com o dispositivo aprovado, para aquele território. Constituída por quadros metropolitanos e praças do recrutamento local, iniciou a sua formação adstrita à 1ª Companhia de Caçadores Indígenas, com a formação de um pelotão que, em 13 de Maio de 1961 foi deslocado para S. Domingos.
Depois da formação de dois pelotões foi oficialmente concretizada a sua organização, em 1 de Agosto de 1961, sendo colocada em Nova Lamego por troca com a 1ª Companhia de Caçadores Indígenas.

Constituindo os pelotões em falta para completar a companhia, instalou efectivos em Buruntuna, BAJOCUNDA [ foi a primeira unidade a deslocar efectivos para aquela zona em 1 de Agosto de 1961], Cabuca, Canquelifá e Geba, e a partir de 6 de Maio de 1963 instalou pelotões em Béli e Madina do Boé.

Em 1 de Abril de 1967, quando passou a designar-se por Companhia de Caçadotres nº 5, tinha a sua sede em Nova Lamego com destacamentos em Cabuca, Canjadude e Che-che.

COMPANHIA DE ARTILHARIA Nº 676 (CART 676, 1964/66)

Mobilizada no Regimento de Artilharia Pesada nº 2 em Vila Nova de Gaia, desembarcou em Bissau em 13 de Maio de 1964, tendo sida integrada no dispositivo de manobra do Batalhão de Caçadores nº 600 e atribuída pontualmente, como reforço, ao Batalhão de Caçadores nº 619, de 3 a 5 de Agosto de 1964; Batalhão de Caçadores nº 599 de 17 a 19 de Agosto de 1964 (região de Jabadá e Gampará); e CDMG – Comando de Defesa Marítima da Guiné entre 19 e 21 de Setembro de 1964 (região de Cantanhez).

Em 12 de Outubro de 1964, destacou dois pelotões para Pirada e Paunca, em reforço do dispositivo do Batalhão de Caçadores nº 506, tendo sido rendida em Bissau pela Companhia de Caçadores nº 726.

Em 29 de Outubro de 1964, foi instalado o comando da companhia em Pirada.

A 30 de Outubro de 1964 deslocou para Bajocunda um pelotão que substituiu igual efectivo da 3ª Companhia de Caçadores Indígenas. Foi rendida em Bajocunda em 11 de Março de 1965, data da criação do subsector, pela Companhia de Cavalaria nº 704.

Esteve integrada no dispositivo de manobra do Batalhão de Caçadores nº 506, Batalhão de Caçadores nº 512, Batalhão de Cavalaria nº 705 e Batalhão de Cavalaria nº 757, de acordo com as alterações e rendições verificadas na zona.

A companhia foi rendida no sector de Pirada em 11 de Abril de 1966 pela Companhia de Caçadores nº 1496, regressando à metrópole em 27 de Abril de 1966

COMPANHIA DE CAVALARIA Nº 704 (CCAV 704, 1964/66)

Mobilizada no Regimento de Cavalaria nº 7 em Lisboa, desembarcou em Bissau em 24 de Julho de 1964.

Foi atribuída em reforço do Batalhão de Artilharia nº 645, entre 2 e 5 de Dezembro de 1964, para actuação na região de Mansoa – Porto Gole; Também foi atribuída em reforço ao Batalhão de Caçadores nº 513, entre 15 e 17 de Dezembro de 1974, actuando na região de Injassane, deslocando-se para Bolama em 8 de Janeiro de 1965.

A partir de 18 de Janeiro de 1965 cedeu dois pelotões ao Batalhão de Caçadores nº 512, para reforço de Nova Lamego e Pirada, até que em 5 de Fevereiro de 1965 foi atribuída a subunidade àquele batalhão, tendo destacados, por períodos curtos, forças para diversos destacamentos da área como Bajocunda, Madina do Boé, ponte do Rio Caium e Béli.

A 11 de Março de 1965 substituiu a Companhia de Artilharia nº 676, assumindo a responsabilidade do subsector então criado, e, em 16 de Março de 1965, destaca um pelotão para Copá, para guarnecer o destacamento então criado.

Em 15 de Junho passou para a dependência do Batalhão de Cavalaria nº 705, do qual fazia parte. Foi rendida pela Companhia de Caçadores nº 1417, regressando a Bissau e embarcando de regresso em 14 de Maio de 1966.


COMPANHIA DE CAÇADORES Nº 1417 (CCAÇ 1417, 1965/67)

Mobilizada no Regimento de Infantaria nº 1 na Amadora, desembarcou em Bissau em 6 de Agosto de 1965, ficando nessa cidade como unidade de intervenção e reserva do Comando - Chefe. Foi atribuída em reforço do Batalhão de Cavalaria nº 790, actuando na região de Insumeté (Bissum) entre 5 e 24 de Setembro de 1965.

A 23 de Setembro de 1965 foi aquartelada em Fá Mandinga, como força de intervenção do Batalhão de Caçadores nº 697, tendo operado nas regiões de Galo Corubal, Ponta do Inglês, Poidom, entre outras.

Em 4 de Maio de 1966 foi colocada no sector do Batalhão de Caçadores nº 1856, ao qual pertencia, assumindo em 9 de Maio de 1966 a responsabilidade do subsector de Bajocunda, com um pelotão destacado em Copá, rendendo a Companhia de Cavalaria nº 704.

Entre 25 de Janeiro e 26 de Março de 1967, destacou um pelotão para reforço da guarnição de Belí. A 7 de Abril de 1967 foi rendida pela Companhia de Caçadores nº 1586 recolhendo a Bissau, tendo regressado à metrópole em 15 de Abril de 1967.

COMPANHIA DE CAÇADORES Nº 1586 (CCAÇ 1586, 1966/68)

Mobilizada no Regimento de Infantaria nº 2 em Abrantes, desembarcou em Bissau a 4 de Agosto de 1966, sendo destacado para o sector do Batalhão de Caçadores nº 1856, assumindo a 8 do mesmo mês a responsabilidade do subsector de Piche, substituindo dois pelotões da Companhia de Caçadores nº 1567, e guarnecendo o destacamento da ponte do Rio Caium com um pelotão, até 21 de Setembro de 1966.

A partir desta data assumiu, também, funções de unidade de intervenção na zona de Nova Lamego, reforçando diversas localidades, entre elas Nova Lamego de 10 de Outubro de 1966 até princípios de Dezembro desse ano; Madina do Boé entre 10 de Fevereiro e 1 de Maio de 1967; e Béli de 25 de Janeiro de 1967 até 15 de Abril de 1967.

A 6 de Abril de 1967 foi rendida no subsector de Piche, assumindo o subsector de Bajocunda no dia seguinte, rendendo a Companhia de Caçadores nº 1417 e guarnecendo Copá com um pelotão, mantendo-se integrada no dispositivo de manobra do Batalhão de Caçadores nº 1933 e posteriormente do Batalhão de Caçadores nº 2835.

Entre 28 de Outubro e 4 de Dezembro de 1967, integrou, com um pelotão, o sector temporário de Canjadude.

Foi rendida no subsector de Bajocunda em 27 de Abril de 1968 pela Companhia de Caçadores nº 1683, embarcando de regresso à metrópole em 9 de Maio de 1968.

COMPANHIA DE CAÇADORES Nº 1683 (CCAÇ 1683, 1967/69)

Mobilizada no Regimento de Infantaria nº 15 em Tomar, desembarcou em Bissau em 2 de Maio de 1967 tendo efectuado a adaptação operacional na região de Safim. Substituiu entre 21 de Maio e 23 de Junho de 1967 a Companhia de Artilharia nº 1746 no dispositivo do Batalhão de Artilharia nº 1904.

Na situação de intervenção e reserva do Comando - Chefe, realizou operações, em reforço do Batalhão de Caçadores nº 1912 na região de Sarauol entre 23 de Junho e 7 de Julho de 1967; e em reforço do Batalhão de Artilharia nº 1914, entre 12 e 23 de Julho de 1967, na região de Uanandim e Guebambol.

Em 17 de Agosto de 1967 substitui a Companhia de Caçadores nº 1651, assumindo a responsabilidade do subsector de Julmete, ficando integrada no dispositivo do Batalhão de Caçadores nº 1911, a que pertencia, orientada para a protecção e segurança dos trabalhos na estrada Pelundo–Jolmete e realização de operações nas regiões de Gel-Calaque, Jol e Pecê-Bugula.

Em 1 de Novembro de 1967, por troca com a Companhia de Cavalaria nº 1649, é colocada em Teixeira Pinto com um pelotão em Caio. Volta a assumir o subsector de Jolmete em 1 de Março de 1968, por troca com a Companhia de Cavalaria nº 1648, até 17 de Abril de 1968, sendo rendida pela Companhia de Caçadores nº 1622.

A 27 de Abril de 1968 assume a responsabilidade do subsector de Bajocunda, com um pelotão em Copá, no sector à responsabilidade do Batalhão de Caçadores nº 2835, em substituição da Companhia de Caçadores nº 1586.

Foi rendida pela Companhia de Artilharia nº 2438 no subsector de Bajocunda, em 25 de Novembro de 1968, sendo deslocada para Teixeira Pinto, onde ficou em intervenção e reserva às ordens do Batalhão de Artilharia nº 2438, com um pelotão destacado na ilha de Jete, entre 30 de Novembro de 1968 e 12 de Março de 1969, e outro pelotão em Pelundo, entre 7 de Dezembro de 1968 e 12 de Março de 1969.

Em 20 de Março de 1969 foi para Bissau, por troca com a Companhia de Artilharia nº 1802, regressando à metrópole em 16 de Maio de 1969.

COMPANHIA DE ARTILHARIA Nº 2438 (CART 2438, 1968/70)

Mobilizada no Regimento de Artilharia Ligeira nº 5, em Penafiel, desembarcou em Bissau em 15 de Novembro de 1968.

Seguiu de imediato para Bajocunda a fim de render a Companhia de Caçadores nº 1683, tendo assumido a responsabilidade do subsector em 25 de Novembro de 1968, com um pelotão destacado em Copá e integrado no dispositivo do Batalhão de Artilharia nº 2857, a que pertence.

Em 15 de Agosto de 1970 foi rendida, por troca, pela Companhia de Caçadores nº 2679, mantendo-se em Bajocunda em reforço do Comando Operacional Temporário nº 1, até 21 de Setembro de 1970, data em que recolheu a Bissau, para embarcar para a metrópole em 5 de Outubro de 1970.


1ª COMPANHIA DE COMANDOS AFRICANA
(1ª CCmds Afr, 1970)


Criada em 9 de Julho de 1969 foi formada exclusivamente com pessoal natural da Guiné. Efectuou a sua instrução em Fá Mandinga a partir de 6 de Fevereiro de 1970 que terminou com o Juramento de Bandeira em 26 de Abril de 1970.

Como força de intervenção e reserva às ordens do Comando Chefe e mantendo a sua sede em Fá Mandinga, foi destacada para a região de Bajocunda em 21 de Junho de 1970 onde se manteve em treino operacional até 15 de Julho de 1970, ficando nessa zona em reforça do Comando Operacional Temporário nº 1, até finais de Setembro de 1970, recolhendo a Fá Mandinga.

COMPANHIA DE CAÇADORES Nº 2679 (CCAÇ 2679, 1970/71)

Mobilizada no Batalhão Independente de Infantaria nº 19, no Funchal, desembarcou em Bissau em 6 de Fevereiro de 1970. Em 20 do mesmo mês segue para Piche afim de efectuar o treino operacional, sob a orientação do Batalhão de Artilharia nº 2857, ficando como força de intervenção e reserva daquele batalhão.

Em 29 de Julho de 1970 é deslocada para Bajocunda, destacando um pelotão para Copá, por ter sido atribuída como reforço do Comando Operacional Temporário nº 1. A 17 de Agosto de 1970, por troca com a Companhia de Artilharia nº 2438, assumindo a responsabilidade do subsector de Bajocunda e mantendo um pelotão destacado em Copá.

Rendida em 25 de Novembro de 1971 pela Companhia de Cavalaria nº 3462, deixa dois pelotões em Bajocunda e transferindo o restante pessoal para Bafatá, em reforço do Batalhão de Artilharia nº 2920.

Em 17 de Dezembro de 1971, toda a unidade é reunida em Bafatá e segue para Bissau, tendo embarcado em 27 de Dezembro de 1971.

PELOTÃO DE CAÇADORES NATIVOS Nº 65 (Pel Caç Nat 65, 1970)

Unidade constituída no âmbito do Comando Territorial Independente da Guiné, foi criado em Maio de 1968. Teve a sua primeira base em Nova Lamego e foi, sucessivamente colocada em Camjabari (Abril de 1969), Piche (Agosto de 1969), Buruntuma (Março de 1970), Bajocunda (Julho de 1970), Copá (Setembro de 1970), Bajocunda (Janeiro de 1971), Copá (Dezembro de 1971), Bajocunda (Fevereiro de 1972), Paúnca (Março de 1973), Guidage (Junho de 1973) e Bajocunda (Dezembro de 1973).

Dando cumprimento ao Acordo de Argel, de 26 de Agosto de 41974, os seus elementos foram disponibilizados e o pelotão extinto.

COMPANHIA DE CAÇADORES Nº 5 (CCAÇ 5, 1967/74)

Unidade da guarnição normal do Comando Territorial Independente da Guiné, foi constituída em 1 de Abril de 1967, por alteração da designação da 3ª Companhia de Caçadores Indígenas. Integrou o dispositivo de Manobra do Batalhão de Caçadores nº 2835 e dos batalhões que se lhe seguiram, tendo a sua sede em Nova Lamego e destacamentos em Canjadude, Cabuca e Che-che.

Em 14 de Julho de 1968 foi deslocada para Canjadude, assumindo a responsabilidade do subsector, reforçada com três pelotões da Companhia de Artilharia nº 2338, que substituiu no Che-che, com um efectivo de pelotão, igual guarnição da Companhia de Caçadores nº 5.

Manteve, no entanto, um pelotão em Cabuca, até 20de Abril de 1968, e outro em Nova Lamego, até 9 de Agosto de 1968, situação esta vindo do antecedente.

Destacou, ainda, um pelotão para reforço do Batalhão de Cavalaria nº 2922 em Nova Lamego entre Abril e 21 de Novembro de 1970 e Buruntuma de 21 de Novembro de 1970 a 18 de Junho de 1970.

Para reforço do Comando Operacional Temporário nº l e do destacamento de Copá, deslocou um pelotão entre 31 de Janeiro de 1971 e Março do mesmo ano.
Dando cumprimento ao Acordo de Argel, de 26 de Agosto de 41974, os seus elementos foram disponibilizados e o aquartelamento entregue ao PAIGC em 20 de Agosto de 1974.

COMPANHIA DE CAVALARIA Nº 3462 (CCAV 3462, 1971/73)

Mobilizada no Regimento de Cavalaria nº 3, em Estremoz, desembarcou em Bissau em 30 de Setembro de 1971, realizando a Instrução de Aperfeiçoamento Operacional no Centro Militar de Instrução, no Cumeré, entre 04 de Outubro e 31 de Outubro de 1971

Em 1 de Novembro de 1971 seguiu para Bajocunda para sobreposição dom a Companhia de Caçadores nº 2679 e treino operacional. Assume a responsabilidade do subsector de Bajocunda, com pelotões destacados em Copá e Tabassi, em 25 de Novembro de 1975.

Em 25 de Novembro de 1973, rendida pela 1ª Companhia do Batalhão de Cavalaria nº 2823/73, regressa a Bissau, embarcando para a metrópole em 15 de Dezembro de 1973.

1ª COMPANHIA DO BATALHÃO DE CAVALARIA Nª 8323/73 (1973/74)

Mobilizada no Regimento de Cavalaria nº 3, em Estremoz, desembarcou em Bissau em 29 de Setembro de 1973 e realizou a Instrução de Aperfeiçoamento Operacional no Centro de Instrução Militar, em Bolama, de 5 de Outubro a 31 de Outubro de 1973.

Seguiu em 4 de Novembro de 1973 para o subsector de Bajocunda, para sobreposição, treino operacional e substituição da Companhia de Cavalaria nº 3462.

Assumiu a responsabilidade do subsector de Bajocunda em 25 de Novembro de 1973, com um destacamento guarnecido por um pelotão em Copá. O destacamento de Copá foi extinto em 14 de Fevereiro de 1974, após violentas e continuadas flagelações.

O pelotão destacado em Copá regressou a Bajocunda, onde se manteve até 22 de Agosto de 1974, data em que entregou o aquartelamento ao PAIGC, de acordo com o dispositivo de retracção da Nossas Tropas, recolhendo a Piche e depois a Bissau, onde embarcou de regresso à metrópole em 10 de Setembro de 1974.

(Continua - III Parte: Unidades de comando)

José da Silva Marcelino Martins
josesmmartins@sapo.pt
Furriel Miliciano de Transmissões de Infantaria
Companhia de Caçadores nº 5 – CTIGuiné
Nova Lamego e Canjadude - Jun1968 a Jun1970
__________

Notas de L.G.:

(**) Um outro destacamento, Mareué, a oeste de Copá, também terá sido abandonado pelas NT, presumivelmente na mesma época (Fevereiro de 1974), segundo informação do nosso camarada António Santos:

domingo, 24 de agosto de 2008

Guiné 63/74 - P3147: Tabanca Grande (83): José Manuel Dinis, Fur Mil da CCAÇ 2679, Bajocunda (1970/71)

1. Mensagem do dia 21 de Agosto de 2008, do nosso novo camarada José Manuel Matos Dinis. ex-Fur Mil CCAÇ 2679 Bajocunda 1970/71:


 Caro Luis Graça e amigos:

 Chamo-me José Dinis, integrei a CCAÇ 2679 no CTIG, durante os anos de 1970/71, como Fur Mil, Companhia que, inicialmente, desempenhou funções de intervenção no Sector Leste, baseada em Piche, onde estava o BART 2857, tendo passado ao regime de quadricula em Bajocunda, em Agosto de 1970, substituindo a CART 2438, sendo dependente do COT1. 

Integrei o 2.º Pelotão, que comandei durante cerca de 18 meses, após a transferência compulsiva do meu grande amigo, o Alf Mil Eduardo Guerra. O Grupo ficou conhecido por Foxtrot, e ganhou nomeada pela sua grande disponibilidade, entrega e arrojo. Ao nível da Companhia, regista o maior número de louvores e o menor número de porradas

 Em Piche fui dinamizador da estação de rádio ali criada, embora com a antena horizontal próxima do telhado de zinco para abafar as emissões. em virtude da falta de autorização para o efeito. 

 Em Bajocunda criei a jornal Jagudi, que expandia textos de diversos camaradas, bem como, por vezes, transcrevia artigos de orgãos da comunicação social. O Jagudi ganhou alguma notoriedade porque era lido pelo João Paulo Dinis no Pifas

 A Zona de Acção do Sector L-4 - Piche, onde fizemos intervenção, apresenta uma superfície plana de cerca de dois mil quilómetros quadrados, com a altitude média de sessenta metros, e uma cobertura vegetal dispersa, por vezes de savana, adensando-se nas proximidades dos rios. Tinha como limites a fronteira com o Senegal, entre os marcos 50 e 58, a norte, o Rio Corubal, até à Confluência do Rio Seli, o Rio Beli, até à confluência com o Rio Juba, o Rio Camidina,o Rio Cambajã, Cambajã (excl.), Canjamo (excl.), Sinchã Bebe (excl.), o Rio Délebel, o Rio Bidigr, o Rio Nhangurem, o Rio Chimanar, o Rio Rapael, o Nácia, o Bial, o Rio Corri, o Rio Nungajá, e o marco 63, regiões fronteiras à Guiné-Conakri. 

 A Zona de Acção de Bajocunda apresenta características idênticas às do Sector L-4 e estendia-se de Tabassi a Copã. Nestas regiões não havia instalações IN quer de carácter permanente, como provisório. A actividade do IN consubstanciou-se em acções contra a população(para roubar e intimidar), à implantação de engenhos explosivos em estradas e outras vias de acesso a povoações e a flagelações contra aquartelamentos das NT e aldeias em autodefesa. A única emboscada concretizada, não vitimizou o pessoal da Companhia. 

 A densidade populacional era elevada, tendo em conta a fertilidade do terreno e o clima relativamente favorável a fixação. Havia representantes de diversas raças: Fulas, em maioria absoluta, Futa-Fulas, Fulas-Forros, Fulas-Pretos, Mandingas, Panjandincas e Bambarancas. O Fula não aceita outra religião para além do islamismo. Também era notória a sua preferência pela língua árabe, mesmo deturpada. O português, como língua falada, não era da sua preferência. 

 Os fulas, ardentes propagandistas do islão, propagavam a escolaridade em árabe. A população manifestava-se algo colaborante, mas assumia uma posição neutra em relação ao IN, de maneira a, agradando a uns, não desagradar aos outros. A nossa missão era a de garantir a segurança nas regiões, através de patrulhamentos de prevenção às infiltrações do IN, assegurar a liberdade de movimentos nos itinerários, montagem de emboscadas, diurnas e nocturnas, em supostos lugares de passagem ou penetração do IN, apoios e contactos com as populações, relativamente a acções de indole psicológica ou sanitária. 

A actividade do IN surpreendeu-me por alguma passividade e, para isso, tenho a minha interpretação; Em 1969, após o nosso abandono da região do Boé, e como estruturação do IN para o objectivo da independência, alguns dos seus quadros terão rumado aos países que lhes davam formação, pelo que essa mobilização - que não posso garantir, mas parece ter acontecido - reflectiu-se na abrandamento da guerra, que se acentuou a partir dos finais de 1972. 

 Para esta caracterização apouei-me na História da Companhia. Afinal, uma boa parte das Companhias dispersas pelo território do CTIG tiveram funções semelhantes, mas nomeá-las tem a intenção de recordar ou reportar algumas das tarefas do quotidiano, alguma caracterização antropológica, alguma sensibilidade sobre o relacionamento das partes envolvidas. 

 Lanço o repto a outros mais capazes, de divulgarem os conhecimentos que tenham relativamente a estas matérias, com o óbvio fim de ajudar à melhor compreensão de factores endógenos, que influenciaram o desenrolar dos acontecimentos. 

 Pronto, fiz a minha apresentação, e peço que me considerem como membro da Tabanca Grande. Quero despedir-me com um abraço aos amigos. Cascais, 2008.08.21 

  2. Comentário de CV:

  Caro José Manuel Dinis, Estás formalmente apresentado à nossa Tabanca Grande. Não tinhas que pedir para ser membro do nosso Blogue. A nossa porta está sempre aberta para qualquer ex-combatente da Guiné e amigo da actual Guiné-Bissau. 

 Começaste da melhor maneira, apresentando-te a ti e à tua Companhia, e caracterizando a vossa Zona de Acção. Esperamos agora as tuas estórias e as tuas fotos para assim aumentar o espólio do nosso Blogue. 

 Deixo-te, em nome dos editores da restante tertúlia, um abraço de boas vindas.