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quarta-feira, 18 de outubro de 2023

Guiné 61/74 - P24767: Os nossos camaradas guineenses (48): Mamadu Uri Djaló, meu primo, CCAÇ 727, CCAÇ 1586, CCAV 1662, Pel Caç Nat 65 (Piche, Canquelifá, Buruntuma e Boé, 1965/68) e TECNIL (Cufar, 1972), procura camaradas (Souleimane Silá, Luxemburgo)



Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Piche > Ponte Caium > CCAÇ 3546 (Piche, Ponte Caium e Camajabá, 1972 / 1974) > Reboque de máquinas da TECNIL destruídas por ataque do PAIGC... Esta empresa estava empenhada na construção da nova estrada Piche-Buruntuma.. 

Foto (e legenda): © Carlos Alexandre (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]





Emblemas de algumas subunidades por onde passou 
o Mamadu Uri Djalõ, que atualmente vive na Amadora.




1. Mensagem do Souleimane Silá, natural de Catiõ, a viver atulamente no Luxemburgo, membro da Tabanca Grande nº 881.

Data - quinta, 12/10/2023, 17:41
Assunto - Pedido de memórias
 

Boa tarde, Sr Luis.


Aceite mantenhas de camarada de blogue.

À pedido dum primo meu,  faço chegar ao nosso blogue de Tabanca Grande a mensagem que segue:

(i) Ele pertenceu a:

Companhia 727;
Cavalaria 1662; 
Comp Caç 1586; 
Pelotão nativo 65;

(ii) serviço militar 1965/68; Pitche/Canquelifa/Buruntuma/Boé;

(iii) do seu nome Mamadu Uri Djaló;

(iv)  actualmente a residir na Amadora, Lisboa. 

E mais; 

(v) ele trabalhou na Tecnil, motorista na construção do aeroporto de Cufar, em 1972.

Ele pede e agradece possibilidade de obter lembranças daquela época (colegas, locais, imagens e demais testemunhos).


Agradecimentos e abraços de
Souleimane SILA, Luxembourg


2. Resposta do editor LG:

Meu caro Souleimane Silá, obrigado pelo teu contacto. Vamos lá a vcr se conseguimos ajudar o teu primo, que é meu vizinho da Amadora (tenho casa em Alfragide, mas vivo agora a 70 km, a norte, na Lourinhã).

Temos referências, no nosso blogue, a todas as subunidades a que pertenceu (?) (ou por onde passou) o Mamadu Uri Djaló. Carrega nos links, tens informação mais detalhada, fotos, contactos, histórias, etc. E também sobre a TECNIL, a empresa de obras públicas que fez todas ou quase todas as estradas da Guiné, além de outros empreendimentos, como aeródromos, etc.

Da  Tecnil temos um topógrafo, o António Rosinha,  que trabalhou, na Guiné-Bissau, no tempo do Luís Cabral e do 'Nino' Vieira  (de 1987 a 1993) (e também fez a tropa e a guerra em Angola). É um dos "históricos" da Tabanca Grande, autor da série "Caderno de notas de um Mais Velho". Vè se o teu primo tem fotos e outras memórias desse tempo em que trabalhou na Tecnil, como motorista, em Cufar, em 1972.

O ideal era o Mamadu Uri Djaló fazer como tu: ingressar no blogue, mandar as duas fotos da praxe (uma do "antigamente", outra mais atual)... E falar um pouco mais sober ele e o seu tempo na Guiné.

Estas subunidades costumam fazer convívios anuais. Talvez o teu primo possa juntar-se a eles num próximo convívio anual, em 2024. Talvez algum antigo camarada de armas consiga reconhecê-lo ao fim destes anos todos, mais de meio século.

Mantenhas para ti e para o teu primo. E continua a dar notícias. Precisamos que faças a ponte com os teus patrícios que foram comnbatentes durante  a guerra colonial.  Não é fácil chegar até eles e eles a nós.

________________

CCAÇ 727 (Bissau, Nova Lamego, Canquelifá, Piche, 1964/66): temos cerca de duas dezenas de referèncviass no blogue (.Carrega no linlk, poderás encontar alguns dos postes.)

CCAÇ 1586, "Os Jacarés" (Piche, Ponte Caium, Nova Lamego, Béli, Madina do Boé, Bajocunda, Copa, Canjadude, 1966/68) (tem uma dúzia de referèncias):

CCAV 1662, "Os Piriquitos" (Nova Lamego e Piche, 1966/68): temos escassas referèncias (menos de meia dúzia);

Pel Caç Nat 65, "Leões Negros" (Piche, Buruntuma, Bajocunda, etc.): tem 13 referèncias;

TECNIL (tem 21 referèncias)-
______________

Nota do editor:

(*) Último poste da série > 4 de setembro de 2022 > Guiné 61/74 - P23586 Os nossos camaradas guineenses (47): Tala Biu Djaló, ex-alf 2ª linha, cmdt Pelotão de Milícias (Bedanda, 1965/69), e ex-fur graduado 'comando, 1ª CCmds Africanos (Fá Mandinga, 1969/70), desaparecido em Conacri, em 22/11/1970, no decurso da Op Mar Verde (Hugo Moura Ferreira, ex-alf mil, CCAÇ 1621, Cufar, e CCAÇ 6, Bednda, 1966/68)

domingo, 9 de maio de 2021

Guiné 61/74 - P22185: Memórias cruzadas da região do Boé: subsídios para a história da CCAÇ 1586: as principais ocorrências em 24 de janeiro de 1968 entre Canjadude e Cheche (Jorge Araújo)


Foto 1 - (1968) > Viatura carbonizada nos itinerários da região do Boé (Canjadude, Ché-Che, Madina do Boé e Béli). Foto do álbum de Abel Santos, da CART 1742 – P10248, com a devida vénia.



O nosso coeditor Jorge [Alves] Araújo, ex-Fur Mil Op Esp/Ranger, CART 3494
(Xime e Mansambo, 1972/1974), professor do ensino superior, ainda no ativo. Tem  290 referências no nosso blogue.



MEMÓRIAS CRUZADAS DA REGIÃO DO BOÉ

SUBSÍDIO HISTÓRICO DA CCAÇ 1586:

AS PRINCIPAIS OCORRÊNCIAS EM 24 DE JANEIRO DE 1968

ENTRE CANJADUDE E CHÉ-CHE

 


Mapa da Região do Boé (Sector Leste/Sudeste), assinalando-se, no itinerário entre Canjadude e Ché-Che (21 kms), o local de Fariná, território de muitas tormentas por efeito da existência de minas a/c e emboscadas, em particular durante a realização de colunas de reabastecimento.



1. - INTRODUÇÃO

A presente narrativa segue o horizonte temporal e historiográfico dos últimos três postes publicados durante a primeira quinzena de Abril (P22059 - P22081 - P22088), tendo por contexto geográfico a região do Boé, onde foram analisados factos e consequências da actividade operacional das unidades militares aí instaladas, todos eles reportados a Janeiro de 1968, mês em que o conflito armado completava, então, cinco anos.

Entretanto, recordamos que para a elaboração dos fragmentos acima identificados contámos com a informação recolhida nas fontes de consulta habituais – a Oficial e a das Unidades citadas, o que não foi possível repetir no caso em apreço, devido ao facto da CCAÇ 1586, que está no centro da pesquisa deste trabalho, não possuir História dactilografada e a Oficial (CECA) não fazer qualquer referência aos episódios em análise. Por esse facto, entendemos que a informação reproduzida no ponto dois poderá ser considerada como um «subsídio histórico» da CCAÇ 1586.


2. - O "DIÁRIO" DE MÁRIO DOS ANJOS TEIXEIRA ALVES, 1.º CABO CORNETEIRO DA CART 1742, COMO FONTE DE INFORMAÇÃO


O «Diário da CART 1742», caderno de memórias da autoria de Mário dos Anjos Teixeira Alves, ex-1.º Cabo Corneteiro, ao qual já recorremos por diversas vezes, por nele constarem registos relevantes da actividade operacional na Região do Boé, não só da sua Unidade como de outras, no período de 1967/1969, onde se inclui o caso do colectivo da CCAÇ 1586, "Os Jacarés" (Guiné: 1966/1968).

Com efeito, e porque não foi possível concretizar as expectativas de partida, pelas razões evocadas na introdução, o "Diário do Mário Alves" deu-nos uma grande ajuda no enquadramento inicial da presente investigação, pelo que lhe estamos muito gratos.

Assim sendo, e no que concerne às principais ocorrências em título, o camarada Mário Alves escreveu: (…)

► Dia 26.Jan.68 (6.ª feira) – às 16h00

● Chegou a companhia [CCAÇ 1742] que afinal foi ao Ché-Che buscar as viaturas e os mortos de uma companhia [CCAÇ 1586] que, na passada quarta-feira [24Jan68], ia para lá, e foi atacada pelo IN. Tiveram seis mortos e muitos feridos [só foi possível identificar cinco elementos], dos quais alguns foram ontem para Bissau. Os mortos vieram hoje com a minha companhia e estiveram aqui na capela para serem colocados nas urnas. Eram quatro africanos [só foi possível identificar três elementos] e dois brancos. Era uma calamidade vê-los, por estarem queimados pelas viaturas que arderam, foi difícil distinguir os brancos dos negros. (…).

■ Por outro lado, e como complemento do acima citado, o camarada Abel Santos também ele da CART 1742, em texto relativo à "emboscada a caminho do Ché-Che" sofrida pela CCAÇ 1586, publicado no P22081 (08Abr21), acrescenta:

"A 24 de Janeiro de 1968 (4.ª feira) uma coluna que se dirigia ao Ché-Che com abastecimento para a malta lá instalada, um dos produtos transportados eram bidões de combustível, foi emboscada a meio caminho entre esta localidade e Canjadude, foi o que causou muitos feridos e a morte a seis militares, dois continentais e quatro africanos, que morreram carbonizados junto das viaturas em chamas, quando rebentaram os bidões durante a flagelação do IN.

A CART 1742, às 4:30 horas do dia 25Jan (5.ª feira), com dois pelotões, foi em socorro dos camaradas, onde foram encontrar um cenário dantesco, pessoal gritando, outros gemendo, viaturas queimadas. O nosso pessoal necessitou de colocar lenços no rosto devido ao cheiro a carne queimada, mas apesar de tudo o que vimos, e como soldados que somos, reagimos começando a organizar a retirada do local para sairmos daquele inferno, rumando a Nova Lamego, onde chegámos dia 26Jan (6.ª feira), pelas 16:00 horas com um espólio macabro."



2.1 – AS CINCO BAIXAS IDENTIFICADAS NO LIVRO DA «CECA»


No 8.º Volume, "Mortos em Campanha", nas pp 328/329, constam o nome de (apenas) cinco elementos, a saber:

▬ Continentais:


● Mário Augusto da Silva, da CCAÇ 1586 > Soldado Atirador; natural de Vilarinho, Parada do Pinhão / Sabrosa.

● Jaime Vinhais Teixeira, da CCAÇ 5 > 1.º Cabo Atirador; natural de São Julião / Chaves.

▬ De Recrutamento Local:

● Intumbo Quasse, da CCAÇ 1586 > Soldado Atirador; natural de Santa Ana / Mansoa.

● Chimatam Baldé, da CCAÇ 5 > Soldado Atirador; natural de Sonaco / Gabú.

● Mussa Baldé, da CCAÇ 5 > Soldado Atirador; natural de Cossé / Bafatá.


Vd. foto nº 1, acima reproduzida


2.2 - SUBSÍDIO PARA A HISTÓRIA DA COMPANHIA DE CAÇADORES 1586

= PICHE - PONTE CAIUM - NOVA LAMEGO - BÉLI - MADINA DO BOÉ - BAJOCUNDA - COPÁ E CANJADUDE (1966-1968)



Mobilizada pelo Regimento de Infantaria 2 [RI2], de Abrantes, para cumprir a sua missão ultramarina no CTIG, a Companhia de Caçadores 1586 [CCAÇ 1586], embarcou em Lisboa, em 30 de Julho de 1966, quinta-feira, a bordo do N/M «UÍGE», sob o comando do Capitão de Infantaria António Marouva Cera, tendo desembarcado em Bissau em 04 de Agosto.




Foto 2 - Ché-Che, 1967 > Atravessando o rio na jangada. Foto do álbum de Aurélio Dinis, ex-furriel da CCAÇ 1586 (1966-1968), com a devida vénia. 

 

2.3 - SÍNTESE DA ACTIVIDADE OPERACIONAL DA CCAÇ 1586


Quatro dias após a sua chegada a Bissau a Companhia de Caçadores 1586 [CCAÇ 1586], enquanto unidade independente, é destacada para a região Leste do território, assumindo em 08Ago66 a responsabilidade do respectivo subsector de Piche, substituindo dois Gr Comb da CCAÇ 1567 [13Mai66-17Jan68, do Cap Mil Inf João Renato de Moura Colmonero], ali transitoriamente colocados, e guarnecendo até 21Set66 [mês e meio], com um Gr Comb, o destacamento na Ponte do Rio Caium, ficando integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 1856 [06Ago65-13Abr67, do TCor Inf António da Anunciação Marques Lopes].

A partir de Set66, passou a ter, cumulativamente, a função de subunidade de intervenção do
sector, tendo os seus Gr Comb actuado em diversas operações realizadas e sido destacados temporariamente para várias localidades da sua zona de acção, nomeadamente Nova Lamego, de 10Out66 a princípios de Dez66; Madina do Boé, de 10Fev67 a 01Mai67 e Béli, de 25Jan67 a 15Abr67. Em 06Abr67, foi substituída no subsector de Piche pela CCAV 1662 [06Fev67-19Nov68, do Cap Mil Art António de Sousa Pereira], tendo assumido, em 07Abr67, a responsabilidade do subsector de Bajocunda, com um Gr Comb destacado em Copá, onde rendeu a CCAÇ 1417 [06Ago65-13Abr67, do Cap Inf José Casimiro Gomes Gonçalves Aranha] continuando integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 1856 e sucessivamente do BCAV 1915 [14Abr67-03Mar69; do TCor Cav Luís Clemente Pereira Pimenta de Castro], do BCAÇ 1933 [03Out67-20Ago69; do TCor Inf Armando Vasco Campos] e ainda do BCAÇ 2835 [24Jan68-04Dez69; do TCor Inf Joaquim Esteves Correia].


Em 28Out67, um Gr Comb seu integrou as forças do subsector temporário de Canjadude, então criado, e onde se manteve até 04Dez67. Em 27Abr68, foi rendida no subsector de Bajocunda pela CCAÇ 1683 [02Mai67-16Mai69; do Cap Mil Cav José Manuel Pontífice Maricoto Monteiro] e recolheu seguidamente a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso, que ocorreu em 09 de Maio de 1968, a bordo do N/M «NIASSA». Observações: Não tem história da Unidade. (CECA; 7.º Vol.; p 357).



Foto 3 – (Maio de 1968; a bordo do N/M «NIASSA», algures no Atlântico). Regresso do contingente da CCAÇ 1586 à Metrópole após concluída a sua missão no CTIG. Da Esqª/Dtª os furriéis: Santos, Ilídio, Aurélio Dinis, N/N, Teixeira, Rocha, N/N e Laranjo. Foto do álbum de Aurélio Dinis, com a devida vénia.


3. - O QUE ESCREVEU AMÍLCAR CABRAL (1924-1973) A PROPÓSITO DA MESMA OCORRÊNCIA

O episódio (emboscada) ocorrido em 24 de Janeiro de 1968, entre Canjadude e Ché-Che, levado a cabo por elementos do PAIGC em nomadização na Região do Boé, faz parte, entre outras notícias, dum comunicado dactilografado, escrito na língua francesa, datado de 06Fev68, e assinado por Amílcar Cabral (1924-1973), o qual se reproduz abaixo [só o que é relevante para o texto], com tradução da nossa responsabilidade.

◙ COMUNICADO DO PAIGC

● "Complementando as informações veiculadas nos nossos últimos comunicados, reportamos a seguir algumas notícias sobre outras acções realizadas pelas nossas forças armadas no mês de Janeiro [1968]."


(…)

● "24 De Janeiro [1968; 4.ª feira] – Durante uma emboscada na estrada Ché-Che / Canjadude (região do Gabú / Boé), uma unidade do nosso exército regular destruiu 5 camiões de uma coluna inimiga e colocou 22 soldados colonialistas fora de acção. Em fuga, o inimigo deixou no terreno uma quantidade de equipamentos, incluindo catorze G3s e dois rádios em bom estado de funcionamento. Os nossos combatentes também apreenderam um saco contendo correspondência e vários documentos militares."

Feito, em 06 de Fevereiro de 1968.

Amílcar Cabral,

Secretário-Geral



Fonte: Citação: (1968), "PAIGC - Communiqué", Fundação Mário Soares / Arquivo Mário Pinto de Andrade, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_84044, com a devida vénia.

◙ IMAGENS RELACIONADAS COM O COMUNICADO



Foto 4 - Fonte: Citação: (1968-1973), "Armamento capturado pelo PAIGC ao exército colonial português", Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_43861, com a devida vénia.



Foto 5 - Fonte: Citação: (1968-1973), "Capacete e saco dos CTT capturados pelo PAIGC ao exército colonial português.", Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_43796, com a devida vénia.




Foto 6 – Fonte: Citação: (1968-1973), "Viatura do exército colonial português destruída", Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_43858, com a devida vénia.


► Fontes consultadas:

Ø Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 7.º Volume; Fichas das Unidades; Tomo II; Guiné; 1.ª edição, Lisboa (2002).

Ø Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 8.º Volume; Mortos em Campanha; Tomo II; Guiné; Livro 1; 1.ª edição, Lisboa (2001).

Ø (1) Instituição: Fundação Mário Soares Pasta: 04325.001.004. Título: PAIGC - Communiqué. Assunto: Amílcar Cabral, Secretário-Geral do PAIGC, faz o balanço das acções da luta armada durante o mês de JAN.1968. Data: Terça, 6 de Fevereiro de 1968. Fundo: Arquivo Mário Pinto de Andrade. Tipo Documental: Documentos.

Ø (2) Instituição: Fundação Mário Soares. Pasta 05222.000.424. Título: Armamento capturado pelo PAIGC ao exército colonial português. Assunto: Armamento capturado pelo PAIGC ao exército colonial português. Data: 1968-1973. Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral. Tipo Documental: Documentos.

Ø (3) Instituição: Fundação Mário Soares. Pasta: 05222.000.420. Título: Capacete e saco dos CTT capturados pelo PAIGC ao exército colonial português. Assunto: Capacete e saco dos CTT capturados pelo PAIGC ao exército colonial português. Data: 1968-1973. Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral. Tipo Documental: Documentos.

Ø (4) Instituição: Fundação Mário Soares. Pasta: 05222.000.421. Título: Viatura do exército colonial português destruída. Assunto: Viatura do exército colonial português, com a matrícula MG-61-01, já desmantelada. Data: 1968-1973. Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral. Tipo Documental: Documentos.


Ø Outras: as referidas em cada caso.

Termino agradecendo a atenção dispensada.

Com um forte abraço de amizade e votos de muita saúde.

Jorge Araújo.
12ABR2021

____________

Nota do editor:

(*) Vd. postes de:


2 de abril de 2021 > Guiné 61/74 - P22059: (In)citações (183): A propósito da(s) jangada(s) do Cheche... e lembrando aqui mais mártires do Boé: o major Pedras, da Chefia do Serviço de Material, QG/CTIG, e o fur mil Jorge, do BENG 447 (Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM; CCS / BCAÇ 1933, Nova Lamego e São Domingos, 1967/69)

quinta-feira, 8 de abril de 2021

Guiné 61/74 - P22081: (In)citações (184): O martirológio do Boé - Ainda a propósito da(s) jangada(s) do Cheche e dos mártires do Boé: o Major Luís Vasco Pedras, da Chefia do Serviço de Material e o Fur Mil Abílio Jorge, do BENG 447 (Abel Santos, ex-Soldado At Art da CART 1742)

1. Mensagem do nosso camarada Abel Santos (ex-Soldado Atirador da CART 1742 - "Os Panteras" - Nova Lamego e Buruntuma, 1967/69), com data de 7 de Abril de 2021:


O martirológio do Boé

I - Acabo de ler no poste P22059 do Virgílio Teixeira o que escreveu sobre a temática da jangada do Cheche e a actividade da minha CART 1742.

Para que não sejam terceiras pessoas a falar sem terem conhecimento da actividade da companhia de que fiz parte, com muita honra, e que defendo com todo o fervor, começo por apresentar a CART e a síntese da sua actividade operacional, embora faltem alguns elementos à História da Unidade. 
Envio mapa do sector Leste com sede em Nova Lamego, que está representado com a cor laranja, o terreno que a companhia calcorreou.

Janeiro

Vamos a factos.
Foto 1 - Jangada de três canoas com pessoal da 1742, que passo a identificar. Da da esquerda para a direita: Sousa, Maurício, Neto, furriel Viola, Fonseca e Clérigo. Há mais elementos mas já não recordo os seus nomes.
Foto 2 - Neto e Fonseca puxando a jangada a braço, era assim que a travessia era feita por não haver motor auxiliar. Reporta-se a terça-feira, 17 de Janeiro de 1968, aquando da escolta à CCAÇ 1790 do Capitão Aparício que foi para Madina render a CCAÇ 1589 que tinha acabado a sua comissão.

Fevereiro

Dia 07 - Mais uma viagem a Béli, a jangada era a mesma.
Dia 29 - Mais uma viagem a Madina, a jangada era a mesma.

Março

Dia 20 - Mais uma viagem a Béli, a jangada continua a ser a mesma.

Esta é a verdade dos factos, a CART 1742 fez a travessia do rio Corubal quatro vezes, ida e volta, sempre na mesma jangada de três canoas, que transportava viaturas e pessoas, nunca vez alguma houve jangada só para transporte de pessoas. Quanto à jangada de duas canoas, nunca a vi.

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II - Emboscada entre Canjadude e Piche

A emboscada foi no 4.º trimestre de 1967 muito próximo do Natal, dia 14 de Dezembro, na qual morreram, o Alferes Gamboa,  da CCAÇ 1586,  e o 1.º Cabo Radiotelegrafista José Alves,  do EREC 1578, tendo ainda ficado ferido um soldado. 

O Alferes Gamboa ficou sem um dos galões e ao 1.º Cabo Alves foi-lhe retirada a correspondência que levava, para enviar à família quando chegassem a Bissau, já que a sua unidade estava a poucas semanas de regressar à metrópole. Essa correspondência foi lida aos microfones da rádio da libertação em Argel, que comoveu e revoltou quem a escutou.
 
O socorro foi feito por dois pelotões da CART 1742 que, chegados ao loca,  nada puderam fazer por aqueles camaradas que perderam a vida no fim da comissão de serviço.

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III - Emboscada a caminho do Cheche

A 24 de Janeiro de 1968 uma coluna que se dirigia ao Cheche com abastecimento para a malta lá instalada, um dos produtos transportados eram bidões de combustível, foi emboscada a meio caminho entre esta localidade e Canjadude, o que causou muitos feridos e a morte a 6 militares, dois continentais e quatro africanos, que morreram carbonizados junto das viaturas em chamas, quando rebentaram os bidões  durante a flagelação do IN.

A CART 1742, às 4.30 horas do dia 25, com dois pelotões, foi em socorro dos camaradas, onde foram encontrar um cenário dantesco, pessoal gritando, outros gemendo, viaturas queimadas. O nosso pessoal necessitou de colocar lenços no rosto devido ao cheiro a carne queimada, mas apesar de tudo que vimos, e como soldados que somos, reagimos, começando organizar a retirada do local para sairmos daquele inferno, rumando a Nova Lamego, onde chegamos dia 26 pelas 16 horas com um espólio macabro.

********************

IV - A morte do major Pedras

Aquando de uma operação que a CART 1742 fez ao Monte Siai no dia 12 de Janeiro, com contacto com o IN, e que provocou alguns feridos graves nas NT, entre eles o Alferes Magalhães, o Enfermeiro Aníbal, o Martins de transmissões e o Aguiar, conhecido por Arrifana (por ser natural desta freguesia do concelho de S. João da Madeira), que foi ferido e apanhado pelo IN. (Levado para Conakry, foi um dos camaradas libertados na Operação Mar Verde.)
 
Após termos repelido o ataque de que fomos alvo, deslocamo-nos para o aquartelamento do Cheche, local de reunião estabelecido pelas chefias militares, e já muito próximo do ponto de reunião ouvimos o som de rebentamentos, no lado contrário do Monte Siai, rebentamentos esses que foram provocados pela primeira viatura da coluna que vinha evacuar a companhia para Nova Lamego.

O Major Pedras, que pertencia ao Serviço de Material do QG, vinha nessa coluna assim como o Furriel Jorge que pertencia ao BENG 447, e que na altura se encontravam em Nova Lamego, onde aproveitaram a “boleia” para verificarem as instalações do aquartelamento, em especial a célebre jangada que ainda hoje provoca opiniões divergentes. 

Essa coluna caiu num campo de minas AC/AP do IN, instalado a pouca distância do quartel. O Major Pedras seguia sentado ao lado do condutor e o Furriel Jorge na caixa de carga da GMC, que estava equipada como rebenta-minas com materiais pesados e sacos de areia.
 
A mina foi acionada pelo rodado da frente da viatura, do lado do condutor que pertencia à CART 1742, que foi ejectado da mesma e caiu no meio do mato sem ferimentos, já o Major após o sopro, bateu com as pernas na parte interior do habitáculo da GMC de onde foi retirado para evacuação. O Furriel Jorge e um soldado africano foram cuspidos, caindo no meio do campo de minas e armadilhas, tendo ambos ali mesmo falecido.
Eu junto da GMC da CART 1742 que acionou a mina AC que vitimou o Major Pedras, o Furriel Jorge e um soldado guineense.

Aproveito para rectificar duas afirmações do Virgílio Teixeira. Diz ele que o Major Pedras foi morto por uma bazucada mas não é verdade, como acima digo, foi vitimado pelo rebentamento da mina, tendo falecido no dia 15 de Janeiro no HM 241.
 
Também diz que um soldado condutor que passou várias vezes naquele local e que assistiu a tudo, lhe contou que ajudou a transportar o Major Pedras para o héli. Como foi isto possível se após algum rebentamento toda a coluna pára e quem está para trás não avança? Ninguém saía do sítio em que se encontrava, fico admirado com o Virgílio por corroborar com tais afirmações.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Guiné 61/74 - P20576: Jorge Araújo: ensaio sobre as mortes de militares do Exército no CTIG (1963/74), Condutores Auto-Rodas, devidas a combate, acidente ou doença - Parte VI


Foto 1 – Cumbijã; Abril de 1973. O ex-Cap Mil Vasco da Gama, Cmdt da CCAV 8351 (Cumbijã, 1972/74), participando no levantamento de uma das mais de trinta minas que encontraram, naquele que considerou ser "um deserto cheio de minas". Foto do seu álbum fotográfico – P7835, com a devida vénia.


Foto 2 – Cumbijã; Abril de 1973. O ex-Cap Mil Vasco da Gama, Cmdt da CCAV 8351 (Cumbijã, 1972/1974), participando no levantamento de uma A/C. Da esq/dtª José Beires (Alf), Portilho (Cabo Enf), Vasco da Gama (Cap) e Florivaldo Abundâncio (Alf). Foto do seu álbum fotográfico – P3675, com a devida vénia.





O nosso coeditor Jorge Alves Araújo, ex-Fur Mil Op Esp/Ranger, 
CART 3494 (Xime e Mansambo, 1972/1974), professor do ensino superior,  indigitado régulo da Tabanca de Almada e da Tabanca dos Emiratos; tem 230 registos no nosso blogue.GUINÉ


ENSAIO SOBRE AS MORTES DE MILITARES DO EXÉRCITO, NO CTIG (1963-1974), DA ESPECIALIDADE DE "CONDUTOR AUTO RODAS": COMBATE, ACIDENTE, DOENÇA – PARTE VI


1.INTRODUÇÃO

Antes de mais, renovo os votos de Bom Ano de 2020 para todos os tabanqueiros.

Depois de um pequeno interregno motivado por razões pessoais e familiares, que são do conhecimento do Fórum, apresento-vos mais uma parte – a sexta – daquele a que dei o título de «Ensaio sobre as mortes de militares do Exército, no CTIG (1963-1974), da especialidade de "condutor auto rodas"», tendo por consulta e análise o universo das "Baixas em Campanha" identificadas na literatura "Oficial" publicada pelo Estado-Maior do Exército.
Recordo que para além do tratamento estatístico de cada uma das variáveis em presença, qualitativas e quantitativas, as diferentes narrativas abordam o que foi possível apurar nas leituras às diversas fontes consultadas, relacionadas com os episódios sinalizados/assinalados, em especial o vasto espólio disponível no blogue da «Tabanca».



2. ANÁLISE DEMOGRÁFICA DAS MORTES DE MILITARES DO EXÉRCITO, NO CTIG (1963-1974), DA ESPECIALIDADE DE "CONDUTOR AUTO RODAS": COMBATE-ACIDENTE-DOENÇA (n=191)

A análise demográfica incluída nesta investigação, e as variáveis com ela relacionada, incidiu sobre os casos de mortes de militares do Exército da especialidade de "condutor auto rodas", ocorridas durante a guerra no CTIG (1963-1974), e identificados nos "Dados Oficiais" publicados pelo Estado-Maior do Exército, elaborados pela Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974), 8.º Volume; Mortos em Campanha; Tomo II, Guiné; Livros 1 e 2; 1.ª Edição, Lisboa (2001).

No presente fragmento apresentamos dois gráficos de barras referentes: o 1.º ao universo das "causas de morte" e o 2.º às variáveis "em combate". 


Gráfico 1 – Distribuição de frequências das "causas de morte", por anos, nas variáveis categóricas apuradas nos casos da investigação (n=191): "combate" (n=112-58.6%), "acidente" (n=57-29.9%) e "doença" (n=22-11.5%).


Da sua análise, verifica-se que em todos os anos a maioria das "causas" foram na variável "em combate", com excepção do ano de 1974, onde se registaram mais casos da variável "por acidente". Por outro lado, no ano de 1969 (o 7.º do conflito) o número de "causas" foi igual nas variáveis "em combate" e "por acidente", com oito casos cada.


Gráfico 2 – Distribuição de frequências das "causas de morte", por anos, nas variáveis categóricas em "combate" (n=112): por "contacto" (n=67-59.8%), por "minas" (n=33-29.5%) e por "ataque ao aquartelamento" (n=12-10.7%).



Da sua análise, verifica-se que em 2/3 dos anos a variável "combate" superou as restantes. Por outro lado, os casos de morte por "minas" superou as por "combate" em três anos consecutivos (1967, 1968 e 1969). De referir que nos anos de 1964, 1970 e 1974 não se registaram quaisquer casos de mortes de condutores por "minas".


3.
MAIS ALGUNS EPISÓDIOS E CONTEXTOS ONDE OCORRERAM MORTES DE CONDUTORES AUTO RODAS ["CAR"] POR EFEITO DE REBENTAMENTO DE "MINAS"

Neste terceiro ponto, honrando um dos principais objectivos deste trabalho, para além dos números, recuperam-se algumas memórias, sempre trágicas, quando estamos em presença de perdas humanas. Serão mais três "casos" (de um total de trinta e três), enquadrados pelos contextos conhecidos, aos quais adicionámos, ainda, outras informações consideradas relevantes.


Foto 3 – Cumbijã; Abril de 1973. "Árvore de minas" ronco e obra do colectivo da CCAV 8351 (os Tigres do Cumbijã), do ex-Cap Mil Vasco da Gama, relativas a três minas A/P e uma A/C, levantadas no dia 02Abr73, e nove minas A/P e três A/C, levantadas no dia 03Abr73, de um total de mais de trinta contabilizadas durante esse mês, como se refere nas legendas das fotos anteriores. Imagem do álbum fotográfico do Cap Vasco da Gama – P3675 –, com a devida vénia.

Em função da tormenta que "os Tigres do Cumbijã" tiveram de enfrentar na "guerra das minas", lidando com elas, certamente, com muita angústia, alguma raiva pelo seu impacto devastador, mas fazendo apelo a uma superior coragem e competência no seu manuseamento por parte do seu colectivo, diga-se com grande sucesso, ao Cap Vasco da Gama é-lhe dedicado o poema "NA ESTRADA DO CUMBIJÃ" escrito por Tavares de Bastos, ex-Alf da CCAÇ 3399 [Aldeia Formosa (Jul/71-Ago/73), do Cap Inf Horário José Gomes Teixeira Malheiro], unidade que, infelizmente, teve algumas baixas registadas em alguns dos itinerários comuns (P3640).




As referências à CCAV 8351, bem como ao seu Cmdt Cap Mil Vasco da Gama, pretendem ajudar a contextualizar a situação militar na região de Cumbijã, antes de aí ter chegado e durante a sua presença, para que se compreenda melhor as causas da morte do condutor auto rodas Arnaldo Augusto Fernandes Clemente, analisada no ponto 3.17.

A esse propósito, o Cap Vasco da Gama refere que o "Cumbijã havia sido abandonado em 1968 [Gr Comb da CART 1612?], durante o mandato do General Arnaldo Schulz (1910-1993), por efeito dos sucessivos ataques a que o aquartelamento era sujeito, causando inúmeras vítimas na população e nas NT". É, ainda, relevante o aprisionamento de oito militares, em 20Mai68, sendo dois da CCS/BART 1896 e seis da CART 1612 (P16171).

Entretanto, no início de 1973, ou seja cinco anos depois, é atribuída à CCAV 8381 a responsabilidade de reocupar o Cumbijã, facto verificado em Março de 1973, tendo aí ficado instalada até Junho de 1974. Foi uma missão arrojada e bastante dura, mas bem recebida pelos chefes da antiga Tabanca, que desde 1968 passaram a viver em Aldeia Formosa. Estes sentiram uma enorme alegria quando souberam que a sua antiga povoação ia ser ocupada pelos militares portugueses. Insistiam, sempre que havia colunas, a nelas serem incluídos para irem ver o que restava da sua Tabanca (P3675).




3.17. O CASO DO SOLDADO 'CAR' ARNALDO AUGUSTO FERNANDES CLEMENTE, DO PEL REC FOX 1101, EM 03.SET.1966, ENTRE ALDEIA FORMOSA E CUMBIJÃ

A quinta morte de um condutor auto rodas, do Exército, em "combate", por efeito do rebentamento de uma mina, foi a do soldado Arnaldo Augusto Fernandes Clemente, natural da freguesia de Chacim, pertencente ao Município de Macedo de Cavaleiros, ocorrida no dia 03 de Setembro de 1966, sábado, no decurso de uma coluna militar, no itinerário entre Aldeia Formosa e Cumbijã, na qual participava, também, elementos da CCAÇ 764.

O condutor Arnaldo Clemente pertencia ao Pelotão de Reconhecimento Fox 1101 [PEL REC FOX 1101], uma unidade formada no Regimento de Cavalaria 8, de Castelo Branco. O contingente do PREC 1101 cumpriu a sua comissão entre 12Mai66 (chegada a Bissau) e 17Jan68 (regresso a Lisboa). Sobre a História desta unidade não foi possível obter qualquer informação, apenas sabemos que os seus dezanove meses de missão foram passados em Aldeia Formosa.

Quanto à CCAÇ 764 [17Fev65-20Nov66, do Cap Inf António Jorge Teixeira (1.º), Cap Inf José Domingos Ferros de Azevedo (2.º) e Ten Inf José Alberto Cardeira Rino (3.º)], unidade que em 24Mai65 fez seguir para Buba dois Grs Comb, a fim de renderem iguais efectivos da CART 495 nos destacamentos de Cumbijã e Colibuia, no subsector de Aldeia Formosa, cuja responsabilidade assumiu em 01Jun65, ficando então integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 600 e depois do BCAÇ 1861 [do TCor Inf Alfredo Henriques Baeta (23Ago65-17Abr67)]. Em 18Nov66, a CCAÇ 674 foi rendida no subsector de Aldeia Formosa pela CCAÇ 1622 [18Nov66-18Ago68, do Cap Mil António Egídio Fernandes Loja], recolhendo a Bissau, a fim de efectuar o embarque de regresso (p338).


3.18. O CASO DO SOLDADO 'CAR' ANTÓNIO CARLOS VIEGAS, DA CCS/BCAÇ 1856, EM 10.FEV.1967, ENTRE NOVA LAMEGO E MADINA DO BOÉ

A morte em "combate" do soldado condutor auto rodas António Carlos Viegas, natural do lugar de Janardo, da Freguesia de Guardão, Município de Tondela, a sétima na sequência cronológica de casos semelhantes, ocorreu em 10 de Fevereiro de 1967, 6.ª feira, por efeito do rebentamento de uma mina anticarro [A/C], no decurso de uma escolta de reabastecimento iniciada em Nova Lamego com destino a Madina do Boé, na qual faleceu outro camarada seu, o soldado "CAR" António Zulmiro Gonçalves, a seguir indicado.


3.19. O CASO DO SOLDADO 'CAR' ANTÓNIO ZULMIRO GONÇALVES, DA CCS/BCAÇ 1856, EM 10.FEV.1967, ENTRE NOVA LAMEGO E MADINA DO BOÉ

A morte em "combate" do soldado condutor auto rodas António Zulmiro Gonçalves, natural da freguesia de São Mamede de Infesta, Município de Matosinhos, a oitava na sequência cronológica de casos semelhantes, correu em 10 de Fevereiro de 1967, 6.ª feira, por efeito do rebentamento de uma mina anticarro [A/C], no decurso da mesma escolta citada acima.

Estes dois condutores auto rodas pertenciam à CCS do BCAÇ 1856, do Cmdt TCor Inf António da Anunciação Marques Lopes, unidade mobilizada pelo RI 1, da Amadora, decorrendo a sua comissão entre 06Ago65, com o desembarque em Bissau, e 15Abr67, como o seu regresso a Lisboa.

Depois de ter estado sete meses instalado em Brá (Bissau), às ordens do Comando-Chefe, e de ter actuado em diversas operações nas zonas Oeste e Leste do CTIG, como reforço de outros Batalhões, em 02Mar66 foi o comando do BCAÇ 1856 deslocado para Nova Lamego, enquanto a sua CCS se instalou em Piche, até 23Abr66, com vista à rendição do BCAV 705.

Decorridos mais dois meses, em 01Mai66, o BCAÇ 1856 assumiu a responsabilidade do «Sector L3», com sede em Nova Lamego, no qual estavam incluídos os subsectores de Bajocunda, Canquelifá, Piche, Buruntuma, Madina do Boé e Nova Lamego. Neste quadro desenvolveu intensa actividade operacional, principalmente na execução de patrulhamentos, reconhecimentos ofensivos, acções de intercepção e de defesa dos aquartelamentos e das populações, com vista a evitar o alastramento da luta armada na região do Gabú. (…) Em 15Abr67, foi rendido no sector de Nova Lamego pelo BCAV 1915, recolhendo a Bissau para embarque. (p.63)

Para a elaboração deste subponto foram consultadas, como principais fontes de pesquisa, as Oficiais publicadas pelo Estado-Maior do Exército, elaboradas pela Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974), 6.º Volume, Aspectos da Actividade Operacional, Tomo II, Guiné, Livro 2, 1.ª Edição, Lisboa (2015), p31, às quais se adicionaram, como complemento historiográfico, os contributos pessoais de alguns membros da Tabanca que destas ocorrências tiveram conhecimento.

Sobre estes casos, o livro da CECA faz referência aos factos com uma curtíssima descrição: "No período de 10 a 13Fev67 foi feita mais uma escolta de reabastecimento a Madina [Nova Lamego/Madina do Boé], conjugada com emboscadas a sul desta posição. Foi accionada uma mina anticarro, tendo as NT sofrido 6 mortos e 4 feridos, mas infligindo ao IN numerosas baixas. (Op. Cit. p31).

Na busca da identificação das baixas contabilizadas pelas NT nesta ocorrência, verificámos que para além dos dois condutores auto rodas falecidos, ambos pertencentes à CCS/BCAÇ 1856, os restantes quatro eram elementos da CCAÇ 1586, cujos nomes se indicam no quadro abaixo. 


De referir que a CCAÇ 1586, do Cap Inf António Marouva Cera, após a sua chegada a Piche a 06Ago66, assumiu dois dias depois a responsabilidade do respectivo subsector, substituindo dois Grs Comb da CCAÇ 1567, ali transitoriamente colocados, e guarnecendo, com um Gr Comb, o destacamento na ponte do rio Caium até 21Set66, ficando integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 1586. A partir de Set66, passou a ter, cumulativamente, a função de subunidade de intervenção do sector, tendo os seus Grs Comb actuado em diversas operações realizadas e sido destacados, temporariamente, para várias localidades da sua zona de acção. (ver P18512).


Complementamos esta narrativa com algumas imagens da ocorrência entre Nova Lamego e Madina do Boé. 


Foto 4 – A Caminho de Madina (do Boé). Foto de José Domingues Ramos, 1.º Cabo Mecânico da CCaç 1416, do BCaç 1856. In: http://ultramar.terraweb.biz/CTIG/CTIG_Jose

DominguesRamos_Fotografias_03_A_Caminho_de_Madina.htm (com a devida vénia).


Foto 5 – As "viagens" de reabastecimento a Madina do Boé e a Béli. Testemunho do Abel Santos, da CART 1742 (Nova Lamego e Buruntuma, 1967/69) – P15786, com a devida vénia.


Foto 6 – Para que os bravos de Madina do Boé, de Béli e do Cheche não fiquem na "vala comum do esquecimento". Testemunho do Manuel Caldeira Coelho, da CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894 (Nova Lamego e Madina do Boé, 1966/68) – P8548 e P18867, com a devida vénia.


Foto 7 – Em 1998, algures na estrada Nova Lamego/Madina do Boé (trinta anos depois da foto 4), eis um exemplar, entre muitos, dos trágicos vestígios "arqueológicos" da guerra no CTIG. Foto do álbum fotográfico do Xico Allen – P3911 e P11822, com a devida vénia.

Termino este texto com uma pergunta… certamente difícil de obter resposta, e que é:

► Será que hoje, passado que está meio século, ainda existem vestígios "arqueológicos" semelhantes aos das imagens acima, no território da Guiné-Bissau?


Continua …

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Fontes Consultadas:

Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 7.º Volume; Fichas das Unidades; Tomo II; Guiné; 1.ª edição, Lisboa (2002).
Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 8.º Volume; Mortos em Campanha; Tomo II; Guiné; Livro 1; 1.ª edição, Lisboa (2001); pp 23-569.
Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 8.º Volume; Mortos em Campanha; Tomo II; Guiné; Livro 2; 1.ª edição, Lisboa (2001); pp 23-304.

Outras: as referidas em cada caso.

Termino, agradecendo a atenção dispensada.

Com um forte abraço de amizade e votos de muita saúde.

Jorge Araújo.

17JAN2020
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sábado, 30 de junho de 2018

Guiné 61/74 - P18796: Convívios (864): VIII Encontro da CCAÇ 1586, "Os Jacarés" (Piche, Ponte Caium, Nova Lamego, Béli, Madina do Boé, Bajocunda, Copa, Canjadude, 1966/68): os cinquenta anos do regresso, comemorados em 19 de maio p.p., em Abrantes (Jorge Araújo)



(1966) - Destacamento da Ponte do Rio Caium - militares da CCAÇ 1586 (Foto do camarada ex-furriel Aurélio Dinis, com a devida vénia).

Guiné > CCAÇ 1586 (1966-1968) «Os Jacarés» [Piche - Ponte Caium - Nova Lamego - Béli - Madina do Boé - Bajocunda - Copá - Canjadude]


- VIII ENCONTRO -

ALMOÇO/CONVÍVIO COMEMORATIVO DOS CINQUENTA ANOS DO REGRESSO

– Abrantes, 19 de Maio de 2018 –

[Texto do editor Jorge Araújo]


1. – INTRODUÇÃO

Os ex-combatentes da CCAÇ 1586 [Companhia de Caçadores 1586 «Os Jacarés»] reuniram-se no passado dia 19 de Maio, na cidade de Abrantes, para concretizarem mais um Encontro/Convívio entre camaradas que cumpriram o seu Serviço Militar no TO da Guiné, nos já longínquos anos de 1966/1968.

Este Encontro – o VIII consecutivo – juntou também familiares do colectivo mobilizado no Regimento de Infantaria n.º 2 [RI 2], com relevância para as duas gerações mais novas (filhos e netos), onde se recuperaram e cruzaram memórias desses tempos difíceis, de alto risco físico e psicológico, em que era obrigatório conviver com todas as incertezas, tensões e emoções produzidas por cada uma das diferentes missões que lhes foram sendo atribuídas ao longo dos cerca de vinte e dois meses de guerra.

Para além do objectivo supra, este VIII Encontro/ Convívio anual da CCAÇ 1586 tinha, ainda, um significado muito especial para todos, pois estava associado a uma efeméride: as comemorações do «cinquentenário» do regresso da Unidade à Metrópole (Lisboa), ocorrido a 15 de Maio de 1968, após cumprida a sua missão no CTIGuiné (1966-1968), conforme testemunha a imagem postada acima.

Quanto à minha participação neste Encontro, ela resultou de um convite muito sentido feito pela Comissão Organizadora, na medida em que me voluntariei para ajudar à (re)constituição da sua História, pois no volume 7.º da CECA [Comissão para o Estudo das Campanhas de África], consta que [da CCAÇ 1586] “não existe História da Unidade”.



2. – BREVE SÍNTESE HISTÓRICA DA CCAÇ 1586 NO CTIGUINÉ

A Companhia de Caçadores 1586 [CCAÇ 1586] foi formada e mobilizada no Regimento de Infantaria n.º 2 [RI 2], em Abrantes, tendo embarcado no Cais da Rocha, em Lisboa, a 30 de Julho de 1966, sábado, zarpando rumo à PU da Guiné [Bissau] a bordo do N/M “UÍGE”.

Concluída a viagem iniciada em Lisboa, que demorou seis dias, este contingente metropolitano desembarca em Bissau a 4 de Agosto de 1966, quando o conflito armado registava já três anos e meio.

É destacada para o sector do Batalhão de Caçadores 1856 [BCAÇ 1856], assumindo quatro dias depois [dia 8] a responsabilidade do subsector de Piche [Região Leste do território], substituindo dois GrComb da Companhia de Caçadores 1567 [CCAÇ 1567], e guarnecendo o Destacamento da Ponte do Rio Caium [imagem abaixo] com um GrComb, até 21 de Setembro desse ano.

A partir desta data assumiu, ainda, funções de Unidade de Intervenção na Zona de Nova Lamego, reforçando diversas localidades, nomeadamente: Nova Lamego, Béli e Madina do Boé, entre Outubro 1966 e Maio 1967.

Em 6 de Abril de 1967 foi rendida no subsector de Piche, assumindo o subsector de Bajocunda no dia seguinte [7Abr1967], rendendo a Companhia de Caçadores 1417 [CCAÇ 1417] e guarnecendo Copá com um GrComb, mantendo-se integrada no dispositivo de manobra do Batalhão de Caçadores 1933 [BCAÇ 1933] e posteriormente do Batalhão de Caçadores 2835 [BCAÇ 2835].

Entre 28 de Outubro e 4 de Dezembro de 1967, integrou com um GrComb o sector temporário de Canjadude. Foi rendida no subsector de Bajocunda a 27 de Abril de 1968 pela Companhia de Caçadores 1683 [CCAÇ 1683], embarcando em Bissau, de regresso ao continente, a 9 de Maio de 1968, 5.ª feira, a bordo do N/M “NIASSA”, com a chegada a acontecer a 15 de Maio de 1968, 4.ª feira [vidé P18518].



3. – O PROGRAMA SOCIAL DO VIII ENCONTRO/CONVÍVIO - ABRANTES


A Comissão Organizadora deste ano esteve a cargo de uma dupla de camaradas – o Eduardo Santos, de Lisboa, e o Manuel Casimiro, de Tomar, que delinearam um programa social adequado à efeméride.

De modo a sinalizar a presença da CCAÇ 1586, em Abrantes, o Encontro iniciou-se com a concentração dos ex-combatentes – Oficiais, Sargentos e Praças – a ter lugar na Porta d’Armas do Regimento de Infantaria 2 [RI 2]. De seguida, no interior do Quartel, em cerimónia plena de grande significado, o então Cmdt da CCAÇ 1586, Cap António Marouva Cera [hoje, Coronel aposentado], procedeu ao descerrar de uma placa alusiva ao acto, onde constam as datas que balizam a sua Missão Ultramarina – a da partida e a da chegada da Guiné.

Concluída a primeira parte do programa, seguiu-se a organização do cortejo automóvel até ao Restaurante «Quinta d’Oliveiras», onde decorreu o almoço. Para dar sentido ao convívio, este foi reforçado com a degustação de diferentes alimentos colocados à disposição dos presentes, combinados com alguns líquidos e muitas histórias num itinerário de episódios com mais de meio século. A ementa, que se apresenta ao lado, foi preparada para uma centena de participantes, os quais não deixaram de dar o seu contributo para aquela que foi a opinião geral: – A FESTA ESTEVE ÓPTIMA.

Por último, e antes das despedias até ao IX Encontro, a realizar em Maio de 2019, cantou-se os PARABÉNS por este aniversário “redondo”, brindando com espumante a um ano de muitas felicidades e saúde para todos, acompanhado com uma fatia do bolo.


Bolo comemorativo dos cinquenta anos do regresso da CCAÇ 1586 do CTIG, principal efeméride deste VIII Encontro – Abrantes 2018.


4. – HISTÓRICO DOS ENCONTROS

Os Encontros anuais da CCAÇ 1586 foram iniciados no ano de 2011 em Abrantes, cidade onde a Unidade foi mobilizada no Regimento de Infantaria 2 [RI 2]. Desde esse ano até ao presente estão já gravados oito eventos, organizados sempre no mês de Maio, opção fundamentada em relação à data do seu regresso à Metrópole [Lisboa].

Eis, a sequência cronológica dos encontros realizados.










Até ao próximo Encontro… até 18 de Maio de 2019.

Com um forte abraço de amizade
Jorge Araújo
14JUN2018.

[Mensagem de 17 do corrente; Caro Luís, espero que tenhas feito uma óptima viagem.

Na sequência do amável convite formulado pela Comissão Organizadora do VIII Encontro/Convívio da Companhia de Caçadores 1586 (CCAÇ 1586), que aceitei, realizado no passado dia 19 de Maio de 2018 em Abrantes, assumi a responsabilidade pela elaboração de um pequeno relatório alusivo à sua Festa, que anexo para publicação.

De referir que este Encontro anual, o VIII consecutivo, coincidiu com a comemoração do cinquentenário do regresso desta Unidade à Metrópole, depois de cumprida a sua Missão Ultramarina no CTIGuiné (1966/1968).

Aproveitei, ainda, para fazer o seu "Histórico de Encontros" já organizados.

Boa semana. 


Um abraço, 
Jorge Araújo.]
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Nota do editor:

Último poste da série > 26 de junho de 2018 > Guiné 61/74 - P18781: Convívios (863): Encontro do pessoal da CCAÇ 2701, com homenagem ao seu Comandante, Capitão Clemente, ocorrido no passado dia 16, em Braga (Mário Migueis da Silva, ex-Fur Mil Rec Inf)