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segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

Guiné 61/74 - P24970: O que é feito de ti, camarada ? (19): Manuel Maia, o "bardo do Cantanhez", ex-fur mil, 2ª C/BCAÇ 4610/72 (Bissum Naga, Cafal Balanta e Cafine, 1972/74)


Guné > Região de Tombali > Vista panorâmica de Cafal Balanta: em primeiro plano,  o nosso camarada Manuel Maia, ex-Fur Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610.




Guiné  > Região de Tombali > Cantanhez > Cafal Balanta > O "resort" do Manuel Maia,  o poeta  que irá cantar, em sextilhas, tanto  o "seu" Portugal como a "sua" Guiné). (O Manuel Oliveira Maia é  autor de: (i) História de Portugal em Sextilhas, 2009; e (ii)  "Guiné que aprendemos a amar", 2013)

Fotos (e legendas): © Manuel Maia (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem com'plementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]







Manuel Maia



1. O Manuel Maia (o nosso bardo do Cantanhez, Manuel de Oliveira Maia, ex-fur mil da 2.ª CCAÇ / BCAÇ 4610, Bissum Naga, Cafal Balanta e Cafine, 1972/74), entrou para a Tabanca Grande em 13/2/2009; tem 123 referências no nosso blogue.

Já há uns largos anos que deixámos de o ter no nosso radar... embora continuássemos, até 2020, a dar-lhe os parabéns pelo seu aniversário natalício (que é a 30 de de junho).

A última mensagem que recebemos dele (uma mensagem algo apocalíptica, junqueiriana, misteriosa, estranha, perturbadora, amarga) foi  sob a forma de um comentário ao poste P13346 (*), a agradecer a amizade e a camaradagem que lhe votávamos na Tabanca Grande: 

(...) Camarigos,

Há um ditado português antigo que diz que quem tiver amigos não morre na cadeia... A vossa amizade provou-o.

Sei que, se por qualquer contingência do destino, agora que o país caminha para a desagregação total depois da perda de identidade motivada pelo cataclismo bem pior que o terramoto do séc. XVIII, ocorrido à porta da entrada no último quartel do passado século, também conhecido por golpada e perpetrado por uns quantos traidores, depois disso diria,o pequeno passo para o abismo da perda da independência está a perder centímetros de tal forma que deixará de ser passo engolido pelos acontecimentos tenebrosos do dia a dia...

Não consigo calar o que sinto, tenho o coração muito perto da boca e da mesma forma que zurzo em tudo aquilo que me parece errado, reafirmo que a vossa amizade é um bem inquebrantável e de que não abdico.

O meu mais profundo reconhecimento a todos.

Que Deus vos proteja e vos dê saúde para que no dia em que me levarem de castigo para uma cela correcional por ter o coração demasiado perto da boca, me possais aparecer a levar os cigarros que não fumo e os abraços que sei serem verdadeiros. Abraço-vos a todos | 1 de julho de 2014 às 14:54



2.     O Manuel Maia costumava frequentar os convívios da Tabanca do Centro:  o último terá sido o 53º encontro, em maio de 2016, conforme o atesta o poste P797, de 31 de maio desse ano, do blogue da Tabanca do Centro.

 A partir desta data os amigos e camaradas que lhe eram mais próximos deixaram de ter notícias dele. Não compareceu, por exemplo, â sessão de apresentação do livro escrito em parceria por ele e pelo JERO (José Eduardo Oliveira) (1940.2021) (Foto da capa, à direita.)

 No poste P1123. de 11 de abril de 2019, do blogue da Tabanca do Centro, pode ler-se:

(...) "Mau grado os esforços do JERO para encontrar o Manuel Maia, que terá deixado Portugal em 2016, não há a certeza que o apreciado poeta, autor da “História de Portugal em Sextilhas” e da “GUINÉTerra que aprendemos a amar” venha a estar presente em Alcobaça." (...).

Para além desta versão, também já ouvi, mais recentemente,  a de que estaria internado num lar por razões de saúde. A informação foi-me dada há escassas sermanas pelo José Ferreira da Silva, escritor, membro do Bando do Café Progresso, ex-Fur Mil Op Esp da CART 1689 / BART 1913 (Fá, Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69), subunidade que era comandada pelo cap art Manuel de Azevedo Moreira Maia, também  falecido há pouco, no posto de tenente-general na reforma.

Também era membro do Bando do Café Progresso. (Os escassos comentários que encontrámos dele são de 2011.)

Se alguém souber do paradeiro do nosso camarada Manuel Maia,  o bardo do Cantanhez, que nos  dê notícia (***).

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Notas do editor;

segunda-feira, 9 de novembro de 2020

Guiné 61/74 - P21528: Notas de leitura (1322): "Biambe e os Biambenses", por Manuel Costa Lobo; 5livros.pt, 2019 - Um levantamento ímpar: toda a história de Biambe (1966/1974), sítio de coragem e martírio (2) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 3 de Novembro de 2020:

Queridos amigos,
Foi obra, pôr em sequência cronológica, entre 1966 e 1974, as atividades desenvolvidas por um conjunto de Unidades Militares que puseram de pé o quartel de Biambe, que aqui lutaram e muito sofreram, que refizeram o quartel, que acompanharam reordenamentos, que viveram o drama do duplo controlo, e que naquele ponto estratégico estiveram sempre na mira de uma guerrilha bem motivada, não longe do santuário do Morés. 

Aqui igualmente se desenham, em termos corográficos, as ligações de Biambe com Encheia e Bissorã, é elevada a lista dos sinistrados com minas anti-pessoal, mas também minas anticarro e nenhuma das unidades que por ali passou foi poupada a flagelações grandes e compridas. Épico o nascimento do quartel e a 26 de julho o aquartelamento de Bissum foi entregue ao PAIGC, o mesmo acontecendo no dia 31 com o aquartelamento de Inquida. O que se entregou estava limpo e arrumado. A 7 de setembro entregou-se Biambe. "O único acontecimento digno de relevo foi o desgosto demonstrado pela população que se manifestou ruidosamente no adeus aos militares. Estavam apreensivos e temerosos porque não sabiam como seria o dia seguinte"

O trabalho de Manuel Costa Lobo incentiva-nos a repensar nos benefícios historiográficos que era coligir outras histórias, de molde a angariarmos testemunhos dos antigos combatentes, os que escreveram e os que porventura terão orgulho em serem convocados para dar o seu contributo.

Um abraço do
Mário


Um levantamento ímpar: toda a história de Biambe (1966/1974), sítio de coragem e martírio (2)

Mário Beja Santos

Por uso e costume, o antigo combatente fala da sua experiência, comenta o lugar ou lugares em que permaneceu, fala do quotidiano, a guerra está sempre presente. Há também as histórias de unidade, passadas todas estas décadas ainda há quem as esteja a cotejar, é um dever de memória que mais cedo ou mais tarde nos abala a consciência. 

A raridade de haver narrativa de como se constituiu um aquartelamento e fazer figurar todos os que lá estiveram, honrar o esforço, homenagear o heroísmo, abraçar quem figurou na gesta coletiva, naquele lugar e por todo o tempo da guerra. "Biambe e os Biambenses", por Manuel Costa Lobo, 5livros.pt (telemóvel 919 455 444), 2019, é um documento exemplar, uma faina de coligir a implantação de um aquartelamento em 1966, numa das regiões mais ásperas da luta armada, nas fímbrias do Morés, ali ganhou esporas de valentia a CCAV 1485, seguir-se-ão outras unidades até se chegar à missão final, que marcará a partida das forças portuguesas na região. 

Não é literatura memorial, é um registo dos dados disponíveis destas unidades envolvidas a que se vão averbar testemunhos e ilustrar com imagens, muitas delas pessoais. Biambe era lugar estratégico para evitar infiltrações do PAIGC na ilha de Bissau.

Está feito o registo da CCAV 1485 e da CART 1688, chegou a hora de pôr em cena mais unidades militares, logo a CCAÇ 2464 que permaneceu em Biambe de 15 de fevereiro a 8 de junho de 1969, teve pois uma curta estadia, o treino operacional foi feito em sobreposição com a CART 1688, um dos seus pelotões foi para o destacamento de Encheia, destacamento que também era reforçado com um outro pelotão da CCAÇ 2444. Não para a via-sacra das flagelações, as minas antipessoal fazem vítimas, responde-se bem aos ataques, fez-se um golpe de mão a uma base de guerrilha conhecida por Biambinho ou Biambifoi, os guerrilheiros tinham retirado deixando lá apenas velhos, doentes e feridos, na última retirada foram colhidos por uma tempestade de fogo, segue-se outra emboscada já perto de Biambe, só com a chegada dos Fiat é que findou o tiroteio. 

É neste contexto que surge um problema de desobediência ao Capitão Prata levou a um pelotão a ter-se negado a sair, acusando-o de incompetente. 

Escreve-se na obra que “Durante a permanência em Encheia, do Capitão Prata e sua comitiva, houve muitas atuações que ultrapassaram os limites da falta de segurança, nas operações efetuadas em locais muito perigosos houve atuações junto das populações das tabancas limítrofes detestadas pelos residentes, em suma houve uma atuação que saía fora de todas as normas de um correto comando e de uma normal convivência com as populações nativas”

E, mais adiante: 

“Deste facto resultou que, no dia seguinte, o Comandante-Chefe, General António de Spínola, tenha visitado Encheia com uma mensagem apaziguadora, enaltecendo as qualidades dos soldados açorianos e sobrepondo a coragem do capitão às suas falhas nas questões de segurança, dando o assunto como encerrado sem punições para ninguém”

Mas o sarrabulho não ficou por aqui, houve queixa da população civil, no dia seguinte chegou um major como instrutor do auto de averiguações ao capitão e a outro réu. No dia seguinte, em plena manhã, uma flagelação com quatro morteiradas, Encheia é flagelada dois dias depois. Sabe-se, entretanto, o resultado das averiguações, o pelotão desobediente da CCAÇ 2444 fora castigado.

Manuel Costa Lobo inclui o depoimento do radiotelegrafista José Maria Claro a quem foi amputada a perna esquerda decorrente do rebentamento de uma mina antipessoal, ele escreveu a um camarada, António Graça Nobre, um belíssimo depoimento, pungente, que assim termina: 

“Dia 7 de abril, dia trágico para mim, depois de estar duas horas de serviço no rádio fui tentar adormecer. Ao fim de meia hora acordaram-me para que fosse formar a coluna para sair, mas voltei a adormecer. Daí a meia hora, voltaram a acordar-me e disseram que o pelotão já estava à minha espera há uma hora. Até este dia protegi os meus camaradas, pedindo auxílio à Força Aérea, e neste dia, até pedi a minha própria evacuação, com a consternação de todos os colegas do curso, posicionados nos postos do nosso sector”

Quem está a testemunhar é o ex-Alferes António José Vale que descreve também, e com imensa intensidade, um grande ataque a Biambe em 7 de junho. Nesse mês de junho e até finais de novembro temos novo protagonista, a CCAÇ 2531. Registo de novas flagelações, há igualmente reações. É tempo de reconstrução do quartel, as casernas começavam a acusar o desgaste, foi por aqui que começaram as obras, fez-se novo edifício do comando (secretaria, gabinete do comandante, os quartos deste e do 1.º sargento, o bar, a messe de oficiais e sargentos), mais tarde os balneários. Procede-se ao reordenamento da tabanca. 

É um soma e segue de ataques e respostas, a guerrilha podia ver incendiadas as suas instalações, reinstalava-se depressa, sobretudo no Queré e no Iusse. Chegou a hora de aparecerem os foguetões, o Alferes José Manuel Guedes Freire Rodrigues foi condecorado com a Cruz de Guerra 3.ª classe.

Entra no terreno a CCAÇ 2780, chegou a hora do autor fazer jus aos seus registos, estarão no Biambe entre novembro de 1970 e agosto de 1972, terá muito para contar, ele é Furriel Enfermeiro. 

É minucioso no seu registo, terno a descrever as aflições que presenciou, as operações efetuadas, os meses passam-se, as obras continuam, abrem-se picadas, a vida é bastante dura no destacamento de Inquida, fala da sua preparação, nunca percebeu como foi selecionado para enfermeiro, fala do seu currículo, das peripécias que viveu e de como se desenvencilhava de situações melindrosas: 

“Um homem andava em cima de uma árvore no seu trabalho usando uma catana como instrumento. Por qualquer motivo imprevisto ter-lhe-á falhado o movimento e atingiu o próprio pénis. Quando chegou ao posto médico vinha com aquele órgão a pingar sangue. A solução que encontrámos foi dar-lhe uma injeção de um produto coagulante e para evitarmos ter que lhe mexer improvisámos uma lata de conserva de pêssego, enchemo-la de água oxigenada e mandámos o indivíduo mergulhá-lo ali. Assim se procedeu à desinfeção do dito".

"Noutra vez apareceu-me outro homem com um pé ao dependuro, só preso pela pele, com os ossos (tíbia e fíbula) completamente separados pela fratura. Não tivemos outra solução senão fazer uma imobilização muito cautelosa por meio de talas, chamar o meio aéreo e evacuá-lo para Bissau. Passados uns tempos regressou agarrado a um varapau com uma manifesta incapacidade de mobilização”

Narra a rendição pela CCAÇ 4610, conta a história de dois militares que foram caçar e acabaram prisioneiros do PAIGC, serão libertos após a independência da Guiné-Bissau, na troca com os prisioneiros do PAIGC que estavam detidos na Ilha das Galinhas.

E caminhamos para o fim da história de Biambe na guerra, a 3.ª Companhia do BCAÇ 4610/72 permanecerá em Biambe de agosto de 1972 a julho de 1974. Aqui se escreve que Biambe tinha pela frente uma força hostil que atuava com as secções em Biambe, Biur, Quinhaque e Quitamo, 2 grupos de infantaria, uma bateria de artilharia ligeiro e um grupo de sapadores; no Queré tinham um grupo reforçado com 1 ou 2 morteiros 82. 

A unidade militar apanha a transição para a chegada dos mísseis Strella, uma flagelação em maio de 1973 levou à morte de sete crianças num disparo de morteiro 82. O último episódio é a presença da 3.ª Companhia do Batalhão de Cavalaria 8320/73.

Na conclusão, o autor lembra o sacrifício que todos tiveram que suportar, agradece os testemunhos de quem com ele colaborou na elaboração de todo este histórico de Biambe e assim põe termo à sua iniciativa:

“Tudo aquilo que aqui foi escrito traduz a minha maneira de ver, de sentir e de interpretar. Muitos dirão que não foi bem assim, que foi mais assado. Embora a guerra fosse a mesma, cada um viveu uma experiência pessoal muito própria, com cores, cheiros e intensidades muito diversas, tenho consciência de que me dei por inteiro neste testemunho e que não ocultei o que sei”.
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Nota do editor

Último poste da série de 2 de novembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21507: Notas de leitura (1321): "Biambe e os Biambenses", por Manuel Costa Lobo; 5livros.pt, 2019 - Um levantamento ímpar: toda a história de Biambe (1966/1974), sítio de coragem e martírio (1) (Mário Beja Santos)

terça-feira, 14 de maio de 2019

Guiné 61/74 - P19786: XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande (20): só no dia 25, sábado, identificámos 10 (dez) encontros, em diferentes pontos do país, de pessoal que esteve no CTIG, e que concorrem, saudavelmente, com o nosso, em Monte Real... Eis algumas das unidades: BART 1913, CCAÇ 1792, BCAV 490, 1ª C/BCAÇ 4616/73, BCAÇ 2928. Pel Art 27, Pel Mort 2297, ERec 2641, CCS/BCAV 2922, 1ª C/BCAÇ 4610/72, CCAÇ 3547, CCAÇ 3548, CCAÇ 1585, e pessoal de Bambadinca, 1968/72: CCS/BCAÇ 2852, CCAÇ 12 ,CCS/BART 2917, Pel Caç Nat 52, Pel Caç Nat 53, Pel Caç Nat 63, etc.... Prazo de inscrições para Monte Real: até amanhã, 15, às 24h00.


A foto de família dos participante do X Encontro Nacional da Tabanca Grande, Monte Real, 18 de abril de 2015. Este ano, em 25 de maio de 2019, há camaradas e amigos que vão estar no encontro das suas unidades ou subunidades, e que gostariam também de estar connosco em Monte Real. Mas ninguém tem o dom da ubiquidade. Foto de Miguel Pessoa (2015).



1. Eis a seguir uma lista com alguns dos encontros do pessoal do CTI Guiné que se vão realizar, sábado, 25 de Maio de 2019, pelo país fora, e de cuja notícia tivemos conhecimento... 

Decididamente,  não há calendário que chegue para todos nós (e os de Angola e Moçambique ainda são muitos mais, às dezenas): por exemplo, o nosso editor, Luís Graça, para estar em Monte Real nesse dia, vai falhar, com muita pena sua, o encontro, no Porto, do pessoal de Bambadinca, 1968/72: a sua companhia, a CCAÇ 2590 /CCAÇ 12  comemora os 50 anos, da partida para o TO  da Guiné, no "Niassa", em 24 de maio de 1969]

— Almoço comemorativo do 50º aniversário do regresso da Guiné dos Combatentes do BART 1913 (CCS, CART 1687, CART 1688 e CART 1689)>  



Quartel RAP2, rua Rodrigues de Freitas, Serra do Pilar, em Vila Nova de Gaia. Contacto: Avelino de Sousa, telem 914514489 
ou telef 229680720.

— Almoço-convívio comemorativo dos 50 anos do regresso dos combatentes  da CCAÇ 1792, Guiné 1967/1969 > 


Restaurante “Barriga Cheia”, em Barrô, Águeda. Contacto: ex-fur mil Pereira, 
telem 962313013.

— Almoço-convívio anual dos combatentes do BCAV 490, “Sempre em Frente”, Guiné 1963/1965 > 




Hotel Dona Inês, Rua Abel Dias Urbano, 12, Coimbra.

— Almoço-convívio dos Combatentes da 1ª Companhia, BCAÇ 4616/73, Guiné 1973/1974 >


  Antigo RI 16, em Évora. Programa: Às 10h30 descerramento de uma placa alusiva à companhia na porta de entrada 
do regimento, com cerimónia 
de homenagem aos mortos 
em combate. Contacto: 
Isabelinho,telem 917848483 
ou 919315617.

— Convívio anual dos Combatentes do BCAÇ 2928 (CCS, CCAÇ 2789, CCAÇ 2790, CCAÇ 2791 e CCAÇ 3328), e PEl Art 26, Pel Mort 2297, ERec 2641, Guiné (sector de Bula) 1970/1972 >  



Quinta do Mateus (Rua da República nº 255),
em Cacia, Aveiro. Concentração 
às 10 horas. Contactos: 
Manuel  Vinagre, telem 966912714; 
Bento Mendes, telem 929143080.

— Almoço-convívio dos Combatentes da CCSBCAV 2922, “À Carga!”, Guiné Jul 1970/Jun 1972 > 



Concentração no Cristo Rei, em Almada. 
Almoço em Sesimbra.

— Almoço-convívio dos Combatentes da 1ª Companhia do BCAÇ  4610/72, “Ratos de Encheia”, Guiné 1972/1974 > 



Restaurante panorâmico “Lago Verde” (junto à barragem do Cabril), em Pedrógão Grande. Contactos: Fernando Lima, telem 918434389; 
Manuel António Lopes, telef 229014974 
ou telem 912884641; 
Manuel Fernandes Monteiro, 
telef 223792348 
ou telem 968125677.

— Encontro-convívio comemorativo do 45º aniversário do regresso do pessoal das CCAÇ 3547, “Os Répteis de Contuboel”, e  CCAÇ 3548, “Os Panteras do Geba”, do BCAÇ 3884, Guiné (Bafatá) 1972/1974 >  



Local: Chaves.

— Almoço-convívio dos Combatentes da CCAÇ 1585, Guiné (Farim, Quinhamel) 1966/1968 > 



Buarcos, Figueira da Foz 
Contacto: Carlos Soares, 
telem 918245449.

- Almoço convívio do pessoal de Bambadinca, 1968/72: CCS/BCAÇ 2852 (1968/70), CCAÇ 12 (1969/71), CCS/BART 2917 (1970/72), Pel Caç Nat 52, Pel Caç Nat 53, Pel Caç Nat 63, e outras subunidades adidas > 



Porto, Scala Palace, Praça Velasques, c/ missa na Igreja das Antas, 10h; e concentração na esplanada 
do café Velasques, 11 h. 
Contacto: Manuel Monteiro Valente,  
R Joaquim Lopes Pintor, nº 118, 1º Dto.,
 4405-868 Vila Nova de Gaia, 
telem 968849886.


2. Quanto ao nosso XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande, em Monte Real, dia 25 de maio, sábado, vamos continuar a receber inscrições até quarta-feira, dia 15, às 24h00... 


Recorde-se que a inscrição são 35 "aéreos", com direito a:

Entradas + Almoço + Lanche ajantarado : Para as criancinhas, até aos 12 anos, são só 18 "aéreos"...

Para quiser ficar alojado no Palace Hotel Monte Real (4 estrelas ) com pequeno-almoço incluído: Single: 50,00€ | Duplo: 60,00€

Inscrições a cargo de:

Carlos Vinhal (Leça da Palmeira / Matosinhos): email:carlos.vinhal@gmail.com | telemóvel: 916 032 220


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sábado, 21 de março de 2015

Guiné 63/74 - P14395: (In)citações (74): Fotos que por acaso não são da minha motorizada nem de uma outra portuguesa (Henrique Cerqueira)



1. Mensagem do nosso camarada Henrique Cerqueira (ex-Fur Mil da 3.ª CCAÇ/BCAÇ 4610/72, Biambe e Bissorã, 1972/74), com data de 17 de Março de 2015:

Caro camarada Luís Graça
Desta vês lanças o desafio das motos que tínhamos na Guiné e de preferência as Portuguesas.

Ora muito bem, aí vão umas fotos que por acaso não são da minha moto nem de uma Portuguesa.
O  meu Miguel era um exímio condutor. As fotos ilustram o seu percurso. Ou seja, ele começou aos dois anos (aconselhável a todos os próximos condutores) a aprender a conduzir.

Começou por aprender em carrinho de rolamentos, depois passou para veículos militares, mais propriamente os “Mercedes militares” e então, como era a sua maior aspiração, passou às motos de Muito Alta Cilindrada, tão alta que a sua moto, como está representada, dava para tirar o motor enquanto estava parada, não fosse outro qualquer motar qualquer se servir dela.




Desculpem lá mas sinto muito orgulho de ter um filho que aos dois anos já era um excelente praticante das grandes velocidades.

Agora a falar a sério. Eu achei por bem enviar este escrito só para brincar um pouco.
Em Bissorã havia um menino mimado, que creio que era sobrinho do Amílcar Cabral, que tinha uma moto, mas esse preferia as Japonesas (Honda) penso até que era moda lá dos meninos bem da Guiné da altura. Nada de ressentimentos, mas às veses custava um pouco ter de fazer colunas de proteção para esses meninos se deslocarem a Mansoa ou Bissau.

Já a moto do Miguel, que penso que era uma BSA ou Triunf, era altamente ecológica porque gastava zero aos cem (sem motor).
Convém não esquecer que o Miguel nas suas lides motorizadas era sempre supervisionado pelo fiel amigo Inhatna Biofa. Nunca correu perigo de transgressão.

Malta um abraço e desculpem lá qualquer coisinha.
Henrique Cerqueira
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Nota do editor

Último poste da série de 10 de janeiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14136: (In)citações (73): Vive la Liberté! Vive la France" (Francisco Baptista, ex-alf mil, inf, CCAÇ 2616, Buba, 1970/71, e CART 2732, Mansabá, 1971/72)]

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Guiné 63/74 - P11942: "Guiné Portuguesa", Apontamentos destinados aos Instrutores e Monitores do CIB do BC8 de Elvas, elaborado pelo TCor Romão Loureiro (Henrique Cerqueira)

1. Mensagem do nosso camarada Henrique Cerqueira (ex-Fur Mil da 3.ª CCAÇ/BCAÇ 4610/72, Biambe e Bissorã, 1972/74), com data de 11 de Agosto de 2013:

Olá Camarada e amigo Carlos Vinhal.
Andava eu a remexer nas minhas recordações da Guiné e encontrei um manual sobre a Guiné que nos foi distribuído em 1971 pelo nosso antigo Comandante de Batalhão do BC8 em Elvas, Sr. Tenente Coronel Romão Loureiro, aquando da minha primeira instrução como Cabo Miliciano numa companhia de Instrução de recruta.
Ao reler o livro veio à minha memória o facto de até nem ter sido muito má a minha iniciação como instrutor. E ainda recordar o meu antigo Comandante de Companhia de Instrução que tinha (e terá) o nome quase igual ao meu, pois se chamava Henrique Cerqueira Barreira, o que de certo modo criou alguma empatia entre nós. E foi bom porque me ajudou a entender a diferença de ter sido instruendo e passar a ser instrutor. Mas isso será motivo para mais tarde eu escrever alguma coisa sobre esse tempo no BC8 e posteriormente sobre o RI 16 em Évora. Foram estes dois quartéis que mais me marcaram pela positiva.

Um abraço
Henrique Cerqueira

"Guiné Portuguesa", Apontamentos destinados aos Instrutores e Monitores do CIB do BC8, focando problemas atuais da Província da Guiné Portuguesa. 
Elaborado pelo Tenente Coronel Romão Loureiro. 

Caros camaradas, tenho por costume afirmar que a malta quando era mobilizada para o Ultramar quase não tinha preparação alguma em relação aos usos e costumes da população da Guiné, assim como em relação ao tipo de território que iríamos encontrar. No entanto devo confessar que quando fui para o BC8 em Elvas, no ano de 1971, dar uma recruta, pela primeira vez como Cabo Miliciano, o Sr. Tenente Coronel Romão Loureiro, que era o Comandante do Batalhão na altura, teve o cuidado de nos oferecer o dito Livro de Apontamentos que inclui até uma dedicatória que passo a transcrever:

HOMENAGEM SIMPLES, MAS SINCERA AOS VALENTES, CORAJOSOS, DEDICADOS E HEROICOS SOLDADOS DO BCAÇ 2884 E A TODOS OS MILITARES QUE EM TERRAS DA GUINÉ, PELA SUA PAZ E PELO PROGRESSO DERAM AS SUAS VIDAS EM HOLOCAUSTRO À PÁTRIA. LEMBREMO-LOS NÓS, ESSES HUMILDES SOLDADOS, FILHOS GRANDES DE UM POVO GRANDE, QUE NUNCA ATRAIÇOOU A PÁTRIA, PARA QUE NÃO FIQUEM ESQUECIDOS DAS GERAÇÕES VINDOURAS, PELO EXEMPLO DO SEU INULTRAPASSÁVEL PATRIOTISMO.

Segue assinatura: Elvas 8 Nov.71 
Romão Loureiro TCor

Transcrevi a homenagem em maiúsculas para respeitar o próprio texto do livro, do qual junto imagem.


Este livro tinha algum interesse porque o seu conteúdo dá uma série de informações sobre a área geográfica da Guiné, população e suas Etnias, quantificando até o numero de população por cada uma delas, assim como produções agrícolas (o que para mim era mais propaganda do nosso estado de então).
Dá-nos também alguma informação sobre a constituição dos partidos políticos no inicio da "Rebelião" das gentes da Guiné embora com a visão do Estado da altura.

Enfim, este manual até estava bem conseguido para a época e na visão de um Militar de Carreira que era o Sr. Tenente Coronel Romão Loureiro.


Hoje consigo ver esta leitura com outros olhos que não os dos meus 21 anos, penso até que na altura nem lhe dei a importância que deveria dar. (Eu me penitencio).

Encontrei este Livro no "Baú" das minhas memórias e achei por bem vos dar a conhecer um pouco sobre o mesmo. Para completar a informação digitalizei a capa e a tal Homenagem aqui transcrita.

Se alguns camaradas passaram pelo BC8 em Elvas nos anos 70 devem ter conhecido o Sr. TCor Romão Loureiro e se lembrarão que era um excelente Comandante justo e bom Homem, mas altamente Militar.

Quero aqui Homenagear de igual modo o meu Comandante de Companhia de Instrução no BC8 em 1971, o Sr. Capitão Henrique Cerqueira Barreira que tem um nome quase igual ao meu.

Henrique Cerqueira

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Guiné 63/74 - P11638: Blogpoesia (341): Ainda o paludismo... (Manuel Maia)

1. Ainda a propósito do paludismo*, o nosso camarada Manuel Maia (ex-Fur Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610, Bissum NagaCafal Balanta e Cafine, 1972/74) enviou-nos mais estas bem dispostas quadras:


Diz Martins, no seu saber,
d´Hipócrates juramentado,
que o sem Fosfato irá ter
problemas se for picado...

Quanto à "pilinha" do dito,
depende do animal...
Se vires um grande mosquito,
"minorca" é o seu "material"...

Pesados tem "solanáceos",
para não dizer tomates...
Uns pretos, outros rosáceos,
provindos de outros combates...

Um dia, quase noitinha,
e depois de muita luta,
dissequei, qual "fervurinha",
um desses filhos de puta...

À falta de bisturi,
usei a faca de mato,
num frasco o dito meti,
com as bolas por ornato...

Lacrando o frasco escrevi,
com letra estilizada,...
A sacana que está aqui
era meio amaricada...

Nem sei se fêmea se macho,
teve sim um fim precoce,
com pila, fêmea não acho,
picava como se o fosse...

Algures arranjei um nicho,
e em cova funda enterrei
o frasco contendo o bicho,
ou "bicha" como contei...

Grande "ronco" o funeral,
com gente vinda de fora,
três dias festa foi tal
a que fiz naquela hora...

Perguntas se voltaria
ao Cantanhez que bendigo,
digo que assim morreria
mais descansado, amigo...

Ao camarigo, dr. C. Martins*, ao Henrique Cerqueira, também furriel do meu batalhão, ao José Colaço, ao Luís Faria, ao Carlos Vinhal que posta mesmo "fora d`horas e a ti Luís para quem vai a última quadra ( resposta ao que formularas). 

Para todos vós um grande abraço.
Manuel Maia
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Nota do editor

(*) Vd. poste de 18 DE MAIO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11590: Blogpoesia (339): À custa duns "largos jarros" / e pastilhas LM, / cerveja, whisky e cigarros, / paludismo não se teme... (Manuel Maia)

Último poste da série de 26 DE MAIO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11632. Blogpoesia (340): O milagre das cerejeiras (J. L. Mendes Gomes)

sábado, 18 de maio de 2013

Guiné 63/74 - P11590: Blogpoesia (339): À custa duns "largos jarros" / e pastilhas LM, / cerveja, whisky e cigarros, / paludismo não se teme... (Manuel Maia)

1. Em mensagem do dia 16 de Maio de 2013, o nosso camarada Manuel Maia (ex-Fur Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610, Bissum NagaCafal Balanta e Cafine, 1972/74) enviou-nos estas quadras alusivas ao paludismo de que se livrou:

Do paludismo nem cheiro,
"capei" mosquitas da zona,
já o mosquito era porreiro,
não me deu cabo da mona...

Malária ou paludismo,
foi maleita que não tive,
por ter um bom organismo,
sempre o "plasmodium" contive...

À custa duns "largos jarros"
e pastilhas LM,
cerveja, whisky e cigarros,
paludismo não se teme...

Milhões de vezes picado
nos "resorts" conhecidos,
avisei-os por recado
- Se me infectais estais perdidos !!!

No Cantanhez foi a sorte,
a livrar-me do descambo,
que à mosquitada deu morte,
herói AB, nosso Rambo...

Como Caio, o "mata sete",
ganhara fama por lá...
mosquitos do jet set
não picavam nos de cá...

Assim graças ao acordo,
e a uns copos bem regados,
as picadas que recordo,
não trouxeram mais cuidados...

Por outro lado também,
proibida era a doença,
por lá médico "cá tem",
e só na guerra se pensa...

Maleita é mais na cidade
com hospital logo à mão
mosquito é da urbanidade,
que lhe dá mais atenção...

Sobre a doença hei dito,
acreditem que a verdade,
a relação com mosquito,
quase digo que é saudade...
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Nota do editor

Último poste da série de 17 DE MAIO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11585: Blogpoesia (338): O Sol e os Livros (Felismina Costa)

terça-feira, 23 de abril de 2013

Guiné 63/74 - P11452: Tabanca Grande (394): Agostinho Valentim Sousa Jesus, ex-1.º Cabo Mec Auto da CCS/BCAÇ 4612/72 (Mansoa, 1972/74) e Carlos Alberto Simões Órfão, ex-1.º Cabo Op Cripto da CCS/BCAÇ 4610/72 (Bissorã, 1972/74)

1. Mensagem do nosso camarada e novo tertuliano Agostinho Valentim Sousa Jesus, ex-1.º Cabo Mecânico Auto da  CCS/BCAÇ 4612/72, Mansoa, 1972/74:

Caros camaradas
Boa tarde
A fim de poder fazer parte desta tertúlia, aqui vão os meus dados.

Agostinho Valentim Sousa Jesus
1º Cabo Mecânico
CCS do BCaç 4612/72

Anexo: Fotos
Para os meus amigos e camaradas um forte abraço
Agostinho Jesus




********************

2. Mensagem do nosso camarada e novo tertuliano Carlos Alberto Simões Órfão, ex-1.º Cabo Operador Cripto da CCS/BCAÇ 4610/72, Bissorã, 1972/74:

Carlos Alberto Simões Órfão
Natural da Marinha Grande
Residente nas Caldas de Vizela
1º Cabo Operador Cripto
CCS/BCAÇ 4610/72 (Bissorã)

Partida para a Guiné em Junho de 1972 e regresso com chegada a Lisboa em Junho de 1974

Logo após chegada a Bissau, partida para o Cumeré, para tirar a IAO, com estágio para especialidade no Centro Cripto, no QG em Bissau.

Em termos de Futebol, o destino previamente marcado era a UDIB, mas por diversos problemas burocráticos tive de partir para Bissorã.
Na época 73/74, juntamente com ex-jogadores de equipas de Bissau, em serviço na CCaç 13 e outros camaradas da CCS, o A.C. Bissorã, fui de novo filiado (tinha parado em 61/62 com o inicio da Guerra colonial).
Participamos nessa época (73/74) no Torneio Inicio, Taça da Guiné e Campeonato, tendo sido o melhor goleador da época.

PS. - Julgo ser suficiente como apresentação aos membros da Tertúlia, da qual tenho o prazer de pertencer a partir deste momento.

Amistosos cumprimentos
O Camarigo
Carlos Alberto Órfão


3. Comentário do editor de serviço

Caros camaradas e amigos Agostinho Jesus e Carlos Órfão. Muito bem-vindos à tertúlia. Sois oficialmente apresentados no dia em que comemoramos o 9.º ano de existência. Sois estatisticamente o 612.º e o 613.º tertulianos. Por que vos franqueamos as nossas instalações nesta data tão especial, será para vós fácil gravar o dia da vossa admissão neste Blogue onde se registam memórias escritas e fotográficas.

A vossa apresentação foi muito singela pelo que esperamos no futuro sejam mais expressivos. Queremos que se sintam em casa e, sem reservas exponham as vossas memórias e nos mandem as vossas fotos devidamente legendadas com data, local, identificação dos fotografados e acontecimento.

O Agostinho, por exemplo, não legendou as fotos que enviou, agora publicadas, e eu para fazer a sua foto tipo passe fardado, por analogia com o bigode actual, parti do princípio que na Guiné também o usava, e na foto de cima seria o "bigodes". Claro que o seu companheiro gostaria de ser identificado também.

Já agora, caro Agostinho, logo que possas, identifica os fotografados, se possível indica a data e local das fotos.

A vossa correspondência deverá ser enviada para o editor Luís Graça (luisgracaecamaradasdaguine@gmail.com) e para um dos editores, o Eduardo Magalhães Ribeiro (magalhaesribeiro04@gmail.com) ou Carlos Vinhal (carlos.vinhal@gmail.com)

O nosso muito obrigado ao camarada Júlio César que trouxe até o Carlos Órfão e que serviu de interlocutor junto dele.

Para os nossos novos camaradas aqui fica um abraço de boas-vindas em nome da tertúlia e dos editores.
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Nota do editor:

Último poste da série de 16 DE ABRIL DE 2013 > Guiné 63/74 - P11403: Tabanca Grande (393): Carlos Fraga, ex-alf mil, 3ª C/BCAÇ 4612/72 (Mansoa, 1973) e ex-cap mil (Moçambique, 1974), nosso grã-tabanqueiro nº 611

domingo, 10 de março de 2013

Guiné 63/74 - P11230: Em busca de ... (218): O meu amigo Inhatna Biofa, um dos jovens guineenses que gravitavam à volta da tropa (Henrique Cerqueira)

Inhatna Biofa com o pequeno Miguel Nuno

1. Mensagem do nosso camarada Henrique Cerqueira (ex-Fur Mil da 3.ª CCAÇ/BCAÇ 4610/72, Biambe e Bissorã, 1972/74), com data de 4 de Março de 2013:

Olá Boa noite camarada e amigo Carlos Vinhal.
Hoje deu-me para a nostalgia, pois que andei a ver umas fotos da nossa Guiné e veio parar às minhas mãos precisamente uma fotografia que para nós cá em casa é muito importante. É que esta foto conta-nos estórias da nossa passagem pela Guiné.
Eu aqui falo no plural porque esta fotografia é muito importante para mim, para a NI e para o Miguel Nuno que na altura tinha dois anitos.
Foi então e como do costume ao  "correr da pena” e com o coração nas mãos que resolvi escrever uma espécie de homenagem ao “meu” Inhatna Biofa.

A foto não tem grande qualidade de imagem, a escrita também não lhe fica a dever nada em qualidade mas, o sentimento é verdadeiro e como tal se achares por bem gostaria de ver publicado esta singela homenagem e como sempre darás o tratamento que achares por bem.
Sei que tens imenso trabalho, daí ficará ao teu critério a oportunidade da publicação.

Um abraço
Henrique Cerqueira


INHATNA BIOFA, MEU AMIGO

Hoje ao rever velhas fotografias dos meus tempos na Guiné deparei com esta que aqui será publicada. Mas antes narrarei uma breve estória sobre o meu amigo Inhatna Biofa.

O Inhatna era mais um dos muitos jovens da Guiné que gravitavam à volta das nossas tropas, sobrevivendo com algum dinheiro que nós lhes íamos pagando por pequenos trabalhos que eles estavam sempre prontos a executar. Iam conseguindo também alguma alimentação que algumas das vezes levavam para a sua tabanca para repartir com familiares, quando os tinham.

O "meu" Inhatna foi-me "passado" no Biambe por um Furriel que eu rendi. Já era muito querido pela malta antiga e sentiram-se na obrigação de garantir a continuidade do bom tratamento desses rapazinhos .

Passado muito pouco tempo de convivência com o Inhatna ganhei logo muita admiração pelo empenho e seriedade do seu comportamento isto no que se relacionava com as atividades "domésticas" ou seja cuidar da minha roupa junto das lavadeiras mas muito especialmente ele me acompanhava sempre para o mato carregando um bornal com granadas e munições suplementares para o caso de ser necessário. Foi o que veio a acontecer.

Certo dia numa operação de patrulha o nosso grupo caiu numa emboscada. Eu ia na frente juntamente com três milícias e logo atrás de mim, como sempre, o meu amigo Inhatna. Nós só tínhamos três meses de mato e como é natural nos primeiros momentos do ataque pelo menos deitei-me no chão e só não escavei um buraco porque não sabia se devia usar as mãos para escavar ou tapar a cabeça. Eis que passados alguns eternos minutos olho para o lado e vejo o meu Inhata a municiar a minha arma com as instalaza e a preparar-se para disparar. Aí senti alguma "vergonha" saquei-lhe a arma das suas mãos e toca a disparar e o Inhatna sempre a meu lado a municiar. Este, numa breve acalmia do ataque, teve o cuidado de me confortar dizendo que já estava habituado e que só queria municiar a arma . Eu acho que ele se apercebeu que inicialmente eu estava era todo acagaçado e na verdade estava mesmo.

A partir daí se eu gostava dele fiquei ainda mais seu amigo. Tentei sempre que nada lhe faltasse dentro das nossas carências. Até porque era "fácil" satisfazer algumas das suas necessidades, eles davam-nos muito mais que aquilo que nos pediam... daí ainda hoje me sinto em dívida com o "meu" Inhatna.

Mais tarde fui para Bissorã para a CCAÇ 13 e como não poderia deixar de ser o Inhatna me acompanhou continuando a ser sempre o Fiel amigo e de certo modo "servidor" para os trabalhos relacionados com lavadeiras. Até porque ele se recusava a receber esmolas queria sempre justificar o pagamento que lhe dava em dinheiro.

Mais tarde eu chamei para junto de mim a minha mulher e filho, já todos sabem, e como não poderia deixar de ser, o Inhatna foi desde logo "adotado" pela família até porque eu tanto nas primeiras férias como por cartas já tinha falado muito sobre ele.

Então se até aí ele estava próximo de mim, muito mais tempo passou a conviver com todos nós, passando mesmo a fazer parte da família. Tínhamos um prazer enorme em lhe ensinar hábitos de comportamento tanto à mesa como outros que na altura pensávamos serem úteis. Até porque ele era extremamente inteligente e de trato delicado. E além disso era um excelente jogador de futebol.

O Inhatna tinha ainda um poder de partilha incrível e uma sensibilidade humana que a mim e aos meus nos serviu de alguma lição.

Certo dia estávamos à mesa e poisaram duas moscas a acasalar. Como eu pensava ser natural preparo-me para matar as ditas "desavergonhadas" e de imediato o Inhatna disse-me :
- Furiel não mata, elas só estão a falar e já vão embora. Foi tão sentida aquela sua intervenção que embora eu considerasse que mesmo assim era pouco saudável ter moscas na mesa de jantar eu não resisti à sua pureza de sentimentos, pois ele era assim com todo o tipo de animais ou insetos.

O seu sentido de partilha era de igual modo surpreendente. Como em nossa "casa" havia sempre uma ou outra guloseima, se por acaso ele estivesse a comer algo do género e aparecesse alguma visita da população, o que era muito frequente, ele partilhava sempre o que estava a comer mesmo tirando da própria boca. A minha família e eu aprendemos também com o Inhatna.

Há ainda a realçar o facto que ele era uma ótima companhia para o meu filho Miguel, estava constantemente alerta a todas as suas traquinísses e brincadeiras. Nós tínhamos total confiança no Inhatna, era como se fosse um irmão mais velho. Até ensinou algumas palavras em Balanta e crioulo ao Miguel e ele só tinha dois anos de idade!

Inhatna meu amigo, onde estás tu?
Quero aqui te prestar esta singela homenagem e quero que saibas que jamais sairás dos nossos corações.
Haveria muito mais a escrever sobre ti mas seriam necessárias muitas palavras para te descrever mais profundamente .

Bom caros camaradas do blogue de certeza muitos de vós também tiveram o vosso "Inhatna" o mais "famoso" aqui no blogue é precisamente o nosso camarada e amigo Cherno Baldé que teve a felicidade de conseguir construir um futuro e é hoje muito respeitado inclusive por mim que muito gosto tenho em ler os seus artigos e comentários.
Aliás sempre que ele escreve aqui no blogue eu me lembro ainda mais do "meu "Inhata Biofa.

E já agora, nem sei se é assim que se escreve o nome dele pois que eu o escrevo conforme se prenunciava. Ele era mais um dos que nem identificação tinha, creio até que nem família biológica tinha.

MAS O INHTNA ERA FAMILIAR DE TODOS.

Termino por aqui com um abraço saudoso ao Inhatna, esteja ele onde Deus quiser.
Partilho, tal como ele me demonstrou, este abraço com todos os "INHATNAS" que existiram na Guiné.

Henrique Cerqueira
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Nota do editor:

Vd. último poste da série de 5 DE MARÇO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11193: Em busca de ... (217): Faltam 4 elementos para completar a lista nominal dos 184 camaradas que integraram a CCAÇ 2700 (Dulombi, 1970/72)... Um deles é o Carlos Alberto de Oliveira Rodrigues... Quem saberá do seu paradeiro ? (Ricardo Lemos, Matosinhos)

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Guiné 63/74 - P10198: Os nossos últimos seis meses (de 25abr74 a 15out74) (15): A morte de Cabá Santiago, desertor do PAIGC e aliado das NT, em Bissorã, em outubro de 1974 (Henrique Cerqueira / Carlos Fortunato)




Guiné > Região do Oio > Bissorã > 13 de junho 1974 > "Cabá Santiago, ao meio, à sua esquerda o comandante do PAIGC da zona de Maqué, Joaquim Tó, que veio até Bissorã com um grande grupo de guerrilheiros. Vai existir uma reconciliação pacifica, sem retaliações, é o que é proclamado". Foto de Manuel Machado, ex-alf mil da CCAÇ 13. Legenda de Carlos Fortunato... Esta foto ter-lhe-á sido fatal... (Reproduzida aqui com a devida vénia...). (LG)


1. Comentário de Henrique Cerqueira ao poste P10189 (*)


Camarada Luís Gonçalves Vaz:

Eu estive em Bissorã desde finais de Novembro de 1972 até inícios de julho de 1974 [, como furriel mil da 3ª CCAÇ / BCAÇ 4610/72]. Em Bissorã estava na CCaç 13 e foi o meu grupo de combate que teve o primeiro contacto com o PAIGC nos inícios de Maio de 1974 no ponto de encontro entre Bissorã e Olossato,durante uma picagem de protecção a uma coluna de reabastecimento.

Logo nessa altura houve grande euforia entre as nossas tropas e o PAIGC e só posteriormente vieram ao nosso encontro na referida estrada uma "caturba" de civis (comerciantes) e traziam como companhia alguns dos altos comandantes do nosso batalhão.

Honestamente chegou a ser caricato o teor das conversas entre esses Comandos e os guerrilheiros (mas isso são contas de outro rosário).

Esta conversa toda que tenho aqui é para dizer que a partir desse dia os guerrilheiros do PAIGC. tanto em grupos como individualmente, passaram a entrar e sair completamente à vontade em Bissorã.

Ás vezes era caricato que os nossos grupos de combate continuassem a sair em patrulhamento e quase sempre nos encontrarmo-nos com guerrilheiros que iam visitar os seus familiares a Bissorã.

Bom. o que é certo é que em junho de 1974 não houve nenhuma invasão do PAIGC para capturarem o Cabá [Santiago] e se o fizeram teve de ser com auxílio dos nossos comandos e em segredo, caso contrário e pelo que ouvi mais tarde e já em Bissau vários desses "tropas" (ponho aspas porque o Cabá Santiago era totalmente autónomo e só saía em operações próprias e quase sempre na certeza de apanhar homens ou armamento,pois que ele, Cábá, era um antigo combatente do PAIGC e desertou para as nossas tropas,mas não obedecia a ninguém das tropas portuguesas).

Essa situação já era esperada pois que sempre que eramos atacados ficava sempre recados para o Cabá.

Nota: Os nossos soldados da CCAÇ 13 não foram maltratados e actualmente um dos meus antigos soldados, de nome Branquinho, até é chefe de tabanca, penso eu que em Inhamate. Por tudo isso acho estranho que seja verdade essa captura em Junho.

Desculpem lá este enorme texto mas o meu jeitinho para narrar é mesmo do piorzinho e daí esse texto enorme para expor pouca coisa.

Um grande abraço Henrique Cerqueira



2.  Comentário de L.G. e extratos de um texto de Carlos Fortunato:


Talvez o Carlos Fortunato, que foi fur mil da CCAÇ 13 (1969/71), meu contemporãneo (fomos no mesmo navio, o Niassa, a 24 de maio de 1974, eu pertencente à CCAÇ 2590 e ele à CCAÇ 2591) e que é hoje presidente da direção da ONGD Ajuda Amiga, mantendo frequentes e amistosos contactos com os seus antigos soldados e com as gentes de Bissorã (vai lá todos os anos...), talvez o Carlos Fortunato, dizia eu, nos possar dar mais pormenores sobre a morte do Cabá Santiago, que sabemos não ter sido em junho de 1974 (como sugere o Paulo Reis) mas sim outubro de 1974. O Carlos  não viveu esses trágicos acontecimentos, mas teve informação privilegiado sobre as represálias do PAIGC em Bissorã, em 1974 e anos seguintes, de que também foram vítimas alguns dos seus antigos camaradas da CCAÇ 13 (com quem continua a manter, ainda hoje, uma relação de amizade e de ajuda).

Aqui fica um excerto da sua página Guiné - História, em que "os massacres" (no plural) de Bissorã, baseando em testemunhos de antigos soldados seus (, constantes de 2 duas cartas, uma de 1982 e outra de 1988:

(...) Na primeira carta de 1982, é referido o nome de Cabá Santiago, conheci o Cabá Santiago, e posso contar um pouco da sua história, tendo por base aquilo que ele me contou, e o que eu conhecia a seu respeito.

Cabá Santiago era um individuo inteligente e com alguma cultura, tinha sido professor até aderir ao PAIGC, ai passou a ser professor e guerrilheiro, após muitos anos de luta, sem ver um fim à vista para esta, e percebendo que o PAIGC mentia nas suas mensagens de propaganda, acreditou que o melhor caminho a seguir era o apontado por Portugal, e aproveitou as campanhas de aliciação para os guerrilheiros abandonarem a luta, para se entregar.

Quando se entregou, Cabá Santiago passou a colaborar com as nossas tropas, integrando as milícias de Bissorã, como chefe de um grupo de milícias, e regressou à sua zona para combater o PAIGC.

Conhecendo alguns guerrilheiros, que viviam com a população, utilizava o seu estatuto de guerrilheiro, e mandava-os ir buscar as suas armas (cada um tinha escondido a sua no mato), e quando estes chegavam armados eliminava-os.

A guerrilha tinha o seu sistema de informação, nomeadamente através dos elementos da população de Bissorã, e Cabá arriscou muito naqueles dias, pois bastava ir a um local onde já se soubesse o que se passava, para ele ser um homem morto, e em breve a sua "cabeça ficou a prémio".

Cabá mesmo depois da sua "cabeça estar a prémio" pelo PAIGC, continuava a ser uma das armas mais destruidora existente em Bissorã, e não deixava de sair por vezes sozinho, e atacar os acampamentos inimigos, eliminando guerrilheiros, e capturando várias armas.

Escusado será dizer que para o PAIGC Cabá Santiago era um homem a abater a todo o custo, e por isso ele era sempre o último da coluna de milícias que comandava, pois tinha medo de ser morto pelas costas pelos seus próprios homens.

Pergunto aos leitores: o que acham que iria acontecer ao Cabá Santiago, quando fosse entregue o poder em Bissorã ao PAIGC, se mesmo durante o período de cessar fogo, o PAIGC continuavam a capturar soldados africanos, que nunca mais apareciam?

Cabá foi um dos que manifestou desconfiança, sobre o que iria acontecer.

Na verdade existia alguma desconfiança entre as forças africanas, e muitos aguardavam a decisão dos comandos africanos de entregarem as armas, para entregarem as suas, pois os comandos eram quem arriscava mais, dado o clima de animosidade que existia contra eles da parte do PAIGC.

O PAIGC também sentia desconfiança quanto ao rumo das negociações, e temia que o seu estatuto de estado independente, não fosse reconhecido por Portugal.

Aristites Pereira o secretário geral do PAIGC, refere no seu livro " Uma luta, um partido, 2 países", essa situação de desconfiança: "Na realidade, o PAIGC tinha razões de sobra para desconfiar das intenções do Governo português, na medida em que acrescia ao ambiente de suspeição reinante o facto de os comandos africanos se recusarem a desarmar-se, apresentando uma postura reivindicativa em relação ao Governo português pelos serviços prestados ao seu Exército e uma clara hostilidade em relação ao PAIGC. Em abono da verdade, o PAIGC chegou a estar preocupado com a situação, razão pela qual teve iniciativas unilaterais, que resultaram em contactos com os comandos africanos, chegando esse contacto a efectuar-se a 22 de Julho de 1974, em Cacine, com a presença dos capitães Saiegh e Sisseco, o alferes Barri e um sargento."

Como era previsível, Cabá Santiago foi o primeiro a ser morto. De acordo com o que me foi relatado por vários familiares de Cabá Santiago, a sua morte ocorreu em Outubro de 1974 a mando do comandante militar do PAIGC da zona. (...)

Cabá foi levado para o mato e morto juntamente com mais duas pessoas, passado algum tempo levaram e mataram mais dois chefes da milícia, Quebá Camará e Sitafá Camará, mais outra pessoa, depois foi um grupo de 25 pessoas que levaram e mataram.

Os africanos, graduados pelo exército português,  foram um dos principais alvos a abater, não sei se algum comandante da milícia conseguiu escapar com vida.

Os ex-comandos africanos do exército português eram outro dos alvos a abater, e muitos foram fuzilados pelo PAIGC.

As companhias de comandos africanos,  desde a sua criação em 1970, tornaram-se uma das forças de intervenção mais importantes, mas o seu número de baixas era elevado, recorrendo o exército às companhias de soldados africanos, para repor rapidamente a sua capacidade operacional.

Tenha Taca e Intonga Tchudá foram dois dos soldados da CCaç 13 que ingressaram nos comandos, mas muitos outros soldados da CCaç 13 seguiram esse caminho, e como é sabido o destino de muitos deles foi a morte após a independência, Tenha Taca e Intonga Tchudá foram dois dos que morreram. (...).









Em poste de 25 de maio de 2006, já tínhamos abordado, na I Série do nosso blogue, o caso do Cabá Santiago, bem como de militares da CCAÇ 13 que foram mortos pelas autoridades da Guiné-Bissau, a seguir à independência... A fonte era a mesma: Leões Negros (Página pessoal do Carlos Fortunato, CCAÇ 13, 1969/71). Tudo indica que o Paulo Reis tenha ido beber à mesma fonte... Ele, de resto, nunca chegou a ir à Guiné-Bissau, para recolher em primeira mão depoimentos de testemunhas oculares... E mostrou pouco rigor (, o que é indispensável em jornalista, e para mais em jornalismo de investigação) na transcrição dos dois chefes de milícia, Quebá Camará e Sitafá Camará, que terão sido mortos a seguir ao Cabá Santiago... O texto do Carlos Fortunato foi "publicado no site em 24/02/2003, e revisto em 09/04/2008" (!)...


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Nota do editor.

(*) Vd. poste de 24 de julho de 2012 > Guiné 63/74 - P10189: Os nossos últimos seis meses (de 25abr74 a 15out74) (11): Dos planos de evacuação do território aos graves acontecimentos de Bissorã, em junho de 1974 (Paulo Reis, jornalista, freelancer / Luís Gonçalves Vaz)

Excerto do texto de Paulo Reis:

(...) "Encontrei documentação da 2ª Rep interessante, onde se fala dos problemas de disciplina das unidades do exército português e das dificuldades em fazer a simples rotação de efectivos, já prevista há muito tempo. A partir de certo momento, a própria cadeia de comando estaria em risco, uma vez que os soldados portugueses só queriam ir para Bissau e embarcar para a Metrópole.

"A ponto de em Junho de 1974, tropas do PAIGC terem entrado em Bissorã, a propósito de confraternizar. Depois de algumas cervejas, com os soldados portugueses, espalharam-se pela vila e capturaram o Cabá Santiago, um chefe de milícia muito conhecido, desertor do PAIGC, o Bajeba e o Sitafa Camará (ou Quebá), ambos chefes de milícia. Levaram-nos e fuzilaram-nos sem que as forças portuguesas reagissem, de acordo com o testemunho de habitantes locais e soldados portugueses." (...)