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quarta-feira, 20 de outubro de 2021

Guiné 61/74 - P22646: "Diário de Guerra, de Cristóvão de Aguiar" (texto cedido pelo escritor ao José Martins para publicação no blogue) - Parte VIII: Contuboel , Fajonquito e Sonaco. Gravidez da Otília (Jan - ago 1966)



Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Contuboel > Rio Geba > 1969 > Uma belíssima foto de uma lavadeira, em contraluz. O Valdemar Queroz atribuiu os créditos fotográficos ao seu "irmão siamês" Cândido Cunha.

Foto (e legenda): © Cândido Cunha / Valdemar Queiroz (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar. Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Continuação da (re)publicação do "Diário de Guerra", do nosso camarada açoriano e escritor Cristóvão de Aguiar (1940-2021), que faleceu na passada dia 5, aos 81 anos (*).

Organização: José Martins; revisão e fixação de texto (para efeitos de publicação no nosso blogue): Virgínio Briote (,a partir da parte VI, Carlos Vinhal).

Estes excertos, que o autor cedeu amavalmente ao José Martins, para divulgação no blogue, fazem parte do seu livro "Relação de Bordo (1964-1988)" (Porto, Campo das Letras, 1999, 425 pp). (**)



Cristóvão de Aguiar.
Foto: Wook (com a devida vénia...)


Diário de Guerra


por Cristóvão de Aguiar


(Continuação)

Contuboel, 12 de Janeiro de 1966


Ontem o nosso batalhão, Sete de Espadas [,BCAV 757, Bafatá, 1965/67] , so­freu dez mortos numa emboscada [, em Sare Dicó, na estrada Fajinquito-Canjambari]  Tinha ficado com o meu pelotão na base, para montar a segurança e dar apoio logístico, quando, pouco depois de terem par­tido para uma operação no mato do Caresse, terra-de-ninguém e de muita pancada, se ou­viram grandes rebentamentos na direcção que tinham tomado. 

Uma hora e pouco mais tarde, chegou uma viatura com os mortos a trouxe-mouxe sobre o estrado da carroça­ria. Ti­nham morrido ali como tordos, de­pois de os guerrilheiros te­rem lançado algumas gra­na­das defensivas para o interior da GMC. 

Fiquei encar­regado de transportar aquela carne humana para Fa­jon­quito, sede de uma compa­nhia tam­bém pertencente ao nosso bata­lhão.



Guiné > Carta geral da província (1961) > Escala 1/599 mil > Posição relativa de Sare Dico, na estrada entre Fajonquito e Canjambari, ondee forma mortos em combatem no dia 11/1/1966, dez militares da CCS/BCAV 757 (Bafatá, 1965/67).

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2021)


Fajonquito, 13 de Janeiro de 1966


Enquanto o capelão procedia às exéquias fú­nebres e rezava missa campal por alma dos dez mortos irreconhecíveis, safei-me, re­voltado, para um canto solitário, longe de toda aquela cruel comédia desumana. E pe­guei da esferográfica e do meu caderninho e fui escrevinhando:

O VISIONÁRIO

Rasguem-se as corti­nas do sacrário,
Onde ficou Jesus aprisionado
Tal como há dois mil anos no Cal­vário
Pregado num madeiro, ensanguentado...

Era Sua Pala­vra pão sagrado
E o gentio que escutava o Visionário
De tal arte ficou maravi­lhado
Que O elegeu seu re­volucionário...

Depois, o tirano, opressor do povo,
Julgando apagar esse Sol novo
Mandou matar o vate desordeiro...

Crucificaram-no então no Calvário:
- Está agora a ferros num sacrário,
Não vá Ele tornar-se guerrilheiro...


Bissau, 17 de Janeiro de 1966

Vim ao aeroporto de Bissalanca esperar a Otília, que vem passar uns meses comigo nesta guerra. Se calhar, foi uma loucura da mi­nha parte. Sem dúvida que foi. E egoísmo. Chame-se-lhe o que se quiser, mas, an­tes de morrer, gostava de deixar descendência. Ficámos instalados no Grande Hotel de Bis­sau, que só tem grandeza no nome.


Contuboel, 19 de Janeiro de 1966


Acabámos de chegar de Bissau, eu e minha Mulher. A nossa casa é um espaço vago, quarto e corredor, que me cedeu o Chefe de Posto e que fica contíguo ao edifício. Não há água nem electricidade. Alumiamo-nos a petro­max. A água virá todos os dias do quartel, que fica a meia dúzia de pas­sos, para um barril que coloquei na extremidade do corredor oposta à porta de en­trada, onde, com um reposteiro, fiz um pequeno compartimento que vai servir de cozinha.

Antes de minha Mulher chegar, arranjei o nosso quarto o melhor que pude: consegui uma cama de casal, pus cortinas nas janelas, cujo pano comprei no comércio do libanês e que um alfaiate indígena depois talhou, acertou e coseu, mandei fazer uma mesa de boa ma­deira africana. 

Este é que é verdadeiramente o chamado amor e uma ca­bana.


Contuboel, 14 de Fevereiro de 1966

A Otília está grávida, pelo menos tem to­dos os sintomas de uma mulher nesse estado: enjoos, vómitos. Se for mesmo ver­dade, isto significa que, se me for desta para melhor com um qualquer tiro desgo­vernado, já deixo rastro atrás de mim. Um filho engendrado na guerra!

Contuboel, 16 de Março de 1966

Fomos hoje a Fajonquito, povoação a mais de vinte quilómetros de distância, onde também se encontra uma Companhia de Ca­çado­res. A Otília foi comigo, a fim de consultar o médico, meu companheiro da República Corsários das Ilhas, em Coimbra, e muito nosso amigo. 

A Otília queixa-se das pernas, parecem picadas de mosquitos, mas não são. O Ormonde de Aguiar, assim se chama o meu velho companheiro de Coimbra, disse que se tratava de uma qualquer doença de pele e deu-lhe uns medicamentos para o efeito.


Contuboel, 7 de Abril de 1966

Quando vou para o mato por dois ou três dias, a Otília não tem medo de ficar sozinha em casa. É mesmo uma mulher de armas! Fica bem guardada pelas sentinelas que os cipaios fazem dia e noite ao Posto Ad­ministra­tivo, além de ter o quartel à mão de semear. O medicamento que o Or­monde lhe recei­tou fez muito bom efeito: já não tem nada nas pernas.


Contuboel, 23 de Abril de 1966

Faz hoje um ano que desembarcámos em Bis­sau. Não me esqueci de des­carregar a cruz na casa do calendário. Esta é já a tricen­tésima, sexagésima sexta, se me não engano. Esta­mos já a dobrar o cabo tormentó­rio. A partir de agora, começa o tempo a de­s­cer. É a altura de se principiar a ter muito cuidado com a vida, que a morte gosta de pregar partidas nestas ocasiões lembra­das.

Sonaco, 30 de Julho de 1966

O meu pelotão foi finalmente destacado para aqui, que, no meio deste inferno, é um lugar sofrível. A Otília prefere aqui estar. Temos uma espécie de casa de paredes de adobes e coberta de colmo, mesmo ao lado do quartel, mais fresca do que a de Contuboel. Da porta de trás da casa, dou as minhas ordens ao pessoal da cozinha sobre a ementa do dia. Temos aqui uma pista térrea onde poisa uma Dornier com facilidade. É lá que treino a minha con­dução no jipe que per­tence ao destacamento.


Sonaco, 9 de Agosto de 1966

A Otília fez hoje anos e por isso houve rancho me­lhorado. Dormimos com as janelas das traseiras abertas por via do calor e do peso da humidade. Para evitar que os mosquitos e outra bicheza, aqui aos milhares, mordam a gente, mantemos aceso um repelente do qual se evola uns fuminhos cujo odor intenso os afugenta. 

O pior são os gatos que vêm ao cheiro da comida e fa­zem, por vezes, uma estreloiçada de me pôr maluco. Ando com os nervos em franja, por isso qualquer barulho, por mais pequeno que seja, põe-me transtornado. Uma noite destas fui acor­dado e apanhei tal susto que peguei logo da espingarda, encostada à parede, à ilharga da cama do meu lado, acordei a Otília, disse-lhe que ia disparar, que se não assustasse, poisei o cotovelo esquerdo na sua já proeminente barriga, apoiei o cano da arma na mão canhota meio em concha, encostei a coronha ao ombro direito, fiz pontaria e dis­parei, uma, duas vezes. 

Matei um gato e os ou­tros desape­garam-se. A Otília não me disse sequer uma palavra mais azeda e tinha toda a ra­zão para o fazer. Virou-se para o ou­tro lado e principiou logo a dormir.

(Continua)
____________

Notas  do editor:

(*) Vd. poste de 6 de outubro de 2021 > Guiné 61/74 - P22606: In Memoriam (410): Luís Cristóvão Dias de Aguiar (1940-2021), ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 800 (Contuboel e Dunane, 1965/67), falecido no dia 5 de Outubro de 2021

(**) Último poste da série > 16 de outubro de 2021 > Guiné 61/74 - P22634: "Diário de Guerra, de Cristóvão de Aguiar" (texto cedido pelo escritor ao José Martins para publicação no blogue) - Parte VII: Contuboel e Dunane (entre Piche e Canquelifá) (Out - dez 1965)

sábado, 27 de março de 2021

Guiné 61/74 - P22044: Memória dos lugares (420): Ainda a bonita e hospitaleira vila de Sonaco do meu tempo (Manuel Oliveira Pereira, ex-fur mil, CCAÇ 3547 / BCAÇ 3884, Contuboel e Sonaco, 1972/74)

1. Mensagem do Manuel Oliveira Pereira [ex-fur mil, CCAÇ 3547 / BCAÇ 3884 (Contuboel, 1972//74), é membro da nossa Tabanca Grande, da primeira hora; é hoje jurista  e vive em Ponte de Lima]

Data - 26 mar 2021 17h03
Assunto - Legendas das fotos relativas a Sonaco


Caro Luís,

As minhas saudações.

Em resposta ao tey pedido de identificação das fotos, relativamente ao poste P22003 (*), já o fiz, mas talvez, erradamente. Fi-lo na página do "facebook"  da Tabanca Grande Luís Graça , isto porque não vi a minha resposta. 

Nesse sentido, aqui segue em anexo um texto com o solicitado.
Com abraço,

Manuel Oliveira Pereira
 

2. Memória dos lugares > Ainda Sonaco

Para melhor identificação das fotografias, supra publicadas, e porque sou o autor (*), à excepção dos mapas (Google): todas se reportam à bonita e hospitaleira (pelo menos à época) vila de Sonaco, localidade com Destacamento, cuja guarnição era constituída por um Grupo de combate,e um outro de Milícia, pertencente à quadricula (jurisdição) da Companhia sediada em Contuboel.

Assim temos:


Foto n.º 1 > Da esquerda para direita, em "T" invertido, vê-se a estrada que vinha de Jabicunda (leste) para Contuboel (oeste), e na esquina desta o Mercado. Também à esquerda, com telhado claro, o antigo Aquartelamento, agora Mesquita (, assinalada com rectângulo a vermelho).

Já na Rua Principal, a meio, e assinalado com seta a vermelho o estabelecimento do Sr. Orlando, e quase no fim, um Largo, ladeado pela Igreja (telhado claro e traseiras com arvoredo) e do lado contrário a Casa do Chefe de Posto Administrativo (a sede de circunscrição ou concelho era Bafatá, já elevada então a cidade).

O Sr. Orlando era um comerciante com estabelecimento de café e mercearia e ainda com outros negócios, nomeadamente o  gado bovino. A sua loja, situava-se, pois, a meio da "avenida", no sentido do antigo Aquartelamento  (hoje Mesquita) para casa do Chefe de posto.


Foto n.º 2 >  Estrada Jabicunda/Contuboel, e na esquina desta o Mercado, com arvoredo na frente, e ao lado direito o Aquartelamento (hoje Mesquita,  assinalada com rectângulo vermelho)


Foto n.º 3 >  De forma mais visível, a estrada de Jabicunda/Contuboel. Na parte inferior o Aquartelamento (, hoje Mesquita, assinalada com rectângulo vermelho). À direita fazendo esquina o Mercado. 

Na parte superior.  e onde Rua Principal, após passar o Largo à esquerda e a sombra de uma "árvore" parece cortar a estrada, vemos em forma de "Y", à direita, situava-se a Pista de Aviação (aeródromo) e o Equipamento de Meteorologia  (vd. sinal de localização, a vermelho)


Foto n.º 4 >  O mesmo que a anterior, mas ampliada e com sinal de localização a vermelho na Pista de Aviação.

Infografias (fotos de 1 a 4): Manuel Oliveira Pereira (2021) (com a devida vénia ao Google Earth]


Foto n.º 5 > Guiné > Região de Bafatá > CCAÇ 3547 (Contuboel, 1972/74) > Sonaco >   Natal de 1973 > O Comandante  da companhia (Cap mil inf Carlos Rabaçal Martins) no café do Sr. Orlando;


Foto n.º 6 > Guiné > Região de Bafatá > CCAÇ 3547 (Contuboel, 1972/74) > Sonaco > Natal de 1973 > Eu e a “minha guarnição” no interior do Aquartelamento.


Foto n.º 7 >  
Guiné > Região de Bafatá > CCAÇ 3547 (Contuboel, 1972/74) > Sonaco > Natal de 1973 > O meu Grupo (parte) à entrada do Aquartelamento.

Fotos (e legendas): © Manuel Oliveira Pereira (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Nota: As fotografias n.ºs 5, 6 e 7 foram tiradas na Noite de Natal  de 1973. Por ser um dia especial, fazíamos 18 meses de comissão, autorizei, que para a “Ceia”, todos, à excepção da Milícia, se vestissem à civil. 

Estivemos assim, cerca de hora e meia. Obviamente que tive a anuência do Capitão, que optou por fazer o mesmo, já que nos fez companhia nessa noite. 

Durante alguns dias que antecederam a “Ceia”, ninguém dormiu com lençóis. Assim, permitiu que os mesmos fossem várias vezes lavados, desinfetados e viessem, como vieram, a ser usados como “toalhas” na mesa natalícia. Para dar maior ar festivo, a “Porta de Armas” e o interior do Aquartelamento, foram ornamentados com ramos de “cibos”. (**)

2. Nota do editor LG:

A CCaç 3547 partiu para o TO da Guiné em 25 de março de 1972 e regressou a 25 de junho de 1974. Pertenceu ao BCAÇ 3884 (Bafatá, 1972/74).As outras unidades de quadrícula eram a CCAÇ 3548 (Geba) e CCAÇ 3549 (Fajonquito).

Após treino operacional e sobreposição com a CArt 2741, assumiu, em 28Mai72, a responsabilidade do subsector de Contuboel, tendo tido um pelotão destacado em Bafatá e em Sonaco. Manteve também dois pelotões em reforço do BCaç 4518/73, em Galomaro, de 10Abr74 a 10Jun74.

Em 15Jun74, foi rendida pela 1ª Comp/BCaç 4514/72 e recolheu a Bissau, e, fim de comissão.
___________

(**) Último poste da série > 25 de março de  2021 > Guiné 61/74 - P22034: Memória dos lugares (419): Ilha do Sal, ao tempo da CART 566 (17/10/1963 - 25/7/1964) (José Augusto Ribeiro, 1939-2020)

sábado, 13 de março de 2021

Guiné 61/74 - P22003: Memória dos lugares (418): Sonaco e a loja do sr. Orlando; Fajonquito e o Teixeira (Manuel Oliveira Pereira, ex-fur mil, CCAÇ 3547 / BCAÇ 3884, Contuboel, 1972/74)

Foto nº 1 > Guiné-Bissau > Região de Gabu > Sonaco >  12º 23' 47'' N 14º  28' 55 W:  Localização da antiga loja do sr. Orlando, que ficava na "avenida" principal (que de ia de oeste para leste). Ao fundo, o rio Geba.


Foto nº 2>  Guiné-Bissau > Região de Gabu > Sonaco >  Outra vista da localização da antiga loja do sr-. Orlando, que ficava no lado direito da  "avenida" principal (que de ia de oeste para leste)



Foto nº 3 > Guiné-Bissau > Região de Gabu > Sonaco > Outra vista da localização da antiga loja do sr. Orlando, que ficava no lado direito da  "avenida" principal (que de ia de oeste para leste)


Foto nº 4 > Guiné-Bissau > Região de Gabu > Sonaco > 12º 23' 47'' N 14º 28' 41'' W: Localização da antigo "aquartelamento", onde agora se ergue a mesquita local.
 

Infografias: Manuel Oliveira Pereira (2021) (com a devida vénia ao Google Earth]



Foto nº 5 > Guiné > Região de Bafatá  > CCAÇ 3547 (Contuboel, 1972/74) > Sonaco  >  1973


Foto nº 6 > Guiné > Região de Bafatá  > CCAÇ 3547 (Contuboel, 1972/74) > Sonaco  >  1973


Foto nº 7 > Guiné > Região de Bafatá  >  CCAÇ 3547 (Contuboel, 1972/74) > Sonaco  >  1973


Fotos (e legendas): © Manuel Oliveira Pereira (2021) Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de Manuel Oliveira Pereira,  na sequência de comentários ao poste P 21992 (*)

[O nosso amigo e camarada, de Ponte de Lima, o Manuel Oliveira Pereira, ex-fur mil, CCAÇ 3547 / BCAÇ 3884 (Contuboel, 1972//74), é membro da nossa Tabanca Grande, da primeira hora]

Foto à esquerda: Contuboel, rua principal. Crédito: Francisco Allen & Zélia Neno (2006).  


Data: sábado, 13/03/2021 à(s) 00:22

Assunto: Sonaco e o sr. Orlando; Fajonquito e o Teixeira 
Manuel Oliveira Pereira,
no Rio Geba, c. 1972/74



Meu caro Luís, as minhas saudações.

O Sr. Orlando era um comerciante com estabelecimento de café e mercearia em Sonaco e ainda outros negócios, nomeadamente o gado bovino . 

A sua loja situava-se a meio da "avenida", no sentido do aquartelamento para casa do Chefe de posto administrativo. 

Curiosamente, e desde há algum tempo, mantenho (reactivei) amizade com as duas filhas,  de seus nomes Helena e Elsa.

Sim, conheço o Teixeira [, da CCAÇ 3549 / BCAÇ 3884, "Deixós Poisar" (Fajonquito, 1972/74)]. Não era da minha Companhia, mas faz parte de um " grupo" de amigos entre membros  das diversas Unidades que compunham o Batalhão  [, BCAÇ 3884, Bafatá, 1972/74]. 

Este grupo (re)encontrava-se - penso já te ter referido isso -, todo ou em parte conforme a disponibilidade de cada um, para além dos "convívios" anuais, e por norma, também, ir a todos (CCS, CCaç 3547, 3547 e 3548). 

Farei os possíveis para o "trazer" para a "Tabanca".

 Quanto aos " negócios" do Sr. Orlando, irei junto das filhas, saber pormenores para "enriquecer" o nosso espaço.

Abraço.
Manuel Oliveira Pereira

PS - Junto algumas fotografias de Sonaco. O nosso antigo aquartelamento é agora a Mesquita. O café do Sr. Orlando está assinalado (a meio da avenida) com o simbolo "localização", a vermelho (**)

____________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 10 de março de 2021 > Guiné 61/74 - P21992: (Ex)citações (393): por que razão é que os fulas não gostavam de vender as suas vacas à tropa (Cherno Baldé, Bissau)

(...) Comentários:

(i) Manuel Oliveira Pereira:

Meu caro Cherno Baldé, como as tuas palavras me fazem recuar no tempo! 

Como sabes, não fazia parte dessa Companhia, mas como a amizade ficou, e independentemente da Companhia a que pertencíamos, vamos-nos (uns tantos) encontrando de tempos a tempos, em particular nos "convívios anuais". 

E é desses " convívios", que me recordo de ouvir o Teixeira (hoje empresário ligado ao comércio de motas), abordar essa questão, não propriamente, pela "comida", mas pelo carinho que sentia (nem sempre expresso) por essas crianças, entre elas tu, que circundavam o aquartelamento de Fajonquito. 

Recordo que um dos grandes intermediários na venda de vacas à "tropa", era o conhecido comerciante em Sonaco, o Sr. Orlando.

Fica o abraço, e vai continuando a contar-nos histórias do "teu" povo, que tanto me (nos) encanta.
Manuel Oliveira Pereira
CCaç 3547 - Os Répteis de Contuboel


(ii) Luís Graça:

Manuel Pereira, tens que nos falar desse sr. Orlando. 

Sonaco era, no meu tempo (1969/71),  o maior mercado abastecedor de gado vacum da nossa tropa. Ia-se de Bambadinca ate lá buscar vacas. 

Quem era esse Orlando ? Quem eram os seus fornecedores ?

E já agora conheces o Teixeira, trá-lo até nós...Era também uma alegria para o nosso irmãozinho Cherno. Ab. Luis

(**) Último poste da série > 2 de fevereiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21841: Memória dos lugares (417): Ilha do Sal, Bissau, Prábis, Ponta do Inglês... Fotos do ex-fur mil Jorge Ferreira, CCAV 678 (Bissau, Fá Mandinga, Ponta do Inglês, Bambadinca, Xime,1964/66) (Rui Ferreira)
 

quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Guiné 61/74 - P21452: (Ex)citações (374): Colunas militares e populações civis como escudo contra minas e emboscadas, na zona leste, no "chão fula" (Cherno Baldé / Manuel Oliveira Pereira / Carlos Vinhal)



Ponte de Lima > 2019 > 50º aniversário da missa nova de José António Correia Pereira, aqui sentado, na primeira fila [nº 4], ex-alf mil capelão, BCAÇ 3884 (Bafatá,  1972/74): é o terceiro a contar da esquerda para a direita.

O primeiro da ponta é o nosso camarada Manuel Oliveira Pereira [nº 3]. Os restantes são amigos, ex-colegas e ex-camaradas do homenageado. 

O Cherno Baldé, que é um arguto observação e tem uma memória de elefante,  identificou o Manuel Mendes Sampedro [, nº 1], ex-capitão, e o Deus [nº 2], ex-furriel mil, ambos da CCAÇ 3547 , "Os Repteis de Contuboel, tal como o ex-fur mil Manuel Oliveira Pereira [nº 3]. E mais: em comentário da este poste, já acrescentou mais um elemento, do BCAÇ 3884, o Altamiro Claro, ex-alf mil. CCAÇ 3548, que estava em Geba. (Era um craque da bola; foi presidente da CM de Chaves e é o atual provedor da Misericórdia de Valpaços).

Foto (e legenda): © Manuel Oliveira Pereira (2020) Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Comentários ao poste P21433 (*)

(i) Cherno Baldé

Caros amigos,

O Capelão do BCAÇ 3884 [, José António Correia Pereira,]ia com frequência ao aquartelamento de Fajonquito, depois de Contuboel, e a nossa curiosidade de crianças não deixava nada escapar no quartel e arredores. A pequena Capela situava-se fora do arame farpado, pelo que as missas decorriam sob os nossos olhares atentos de crianças.

Um facto curioso que nos saltava à vista, era o número muito reduzido de participantes nessas missas dominicais, comparado com o numero de soldados presentes no quartel e/ou ao reboliço que provocavam as festas de Natal e do Ano Novo.

Na imagem vé-se o [Manuel Mendes Sampedro, que vivia em Fajonquito com a esposa e um filho pequeno] (Capitão da companhia 3549 que substituiu o Patrocinio],  na segunda fila ao meio [, nº 1] e o ex-Furriel Deus (o mais alto da segunda fila de óculos) [nº 2], que entre a população nativa era uma espécie de desmancha-prazeres quando chefiava as colunas para Bafatá, pois não raras vezes, talvez por razões de segurança, era obrigado a reduzir a lotação dos carros e os visados (sempre civis) viam-se assim privados de viajar até Contuboel ou Bafatá. 

Note-se que, na altura, a coluna era um dos poucos, senão o único meio, de as pessoas se deslocarem a uma distância de mais de 30 km nas zonas de guerra.

Com um abraço amigo,

Cherno Baldé

9 de outubro de 2020 às 13:07  (**)



Emblema da CCAÇ 3549 / BCAÇ 3884, "DExós Poisar" (Fajonquito, 1972/74)

(ii) Carlos Vinhal

Caro Cherno, de Mansabá para Mansoa, o único transporte que havia para os civis eram as colunas, não me lembro se de Mansoa para Bissau havia alternativa, mas pelo menos havia coluna diária.

Algumas vezes, principalmente quando vínhamos de Mansoa para Mansabá, o pessoal civil, vindo talvez já de Bissau, aproveitava o trajecto para comer alguma coisa. Eles descontraídos a merendar e nós, tensos, principalmente na zona do corredor da morte, que, vindo de leste, atravessava Mamboncó em direcçção ao Morés. Ali perdemos o Manuel Vieira e o José Espírito Santo Barbosa.

Passa bem
Carlos Vinhal
Leça da Palmeira

(iii) Manuel Oliveira Pereira

Meu caro Cherno Baldé, meu amigo, mais uma vez, estou a contradizer as tuas "verdadeiras" observações,e porquê? Porque eu, quando possível, e enquanto comandante de Destacamento ou de "coluna", "apostava" nas viagens acompanhado pelo maior número de "civis", fazendo-os, por razões tácticas e operacionais, "inscrever-se de véspera".

Assim, excluia (uma certeza?) a probalidade de uma emboscada ou mina na picada. Usei esta metodologia, em Galomaro, Dulombi, Sonaco para Gabú, Bafatá ou Massajá. Nesta última, recordo uma "reunião de Homens Grandes" para, presumo, escolher aqueles que iriam em peregrinação a Meca. 




Guiné > Região de Bafatá > Mapa de Sonaco (1957) > Escala de 1/50 mil > Posição relativa de Sonaco e Mansajã, na estrada para Pirada (fronteira com o Senegal). Distância entre Sonaco e Mansajã: cerca de 10 km. Pirada ficava a nordeste (c. 50 km) e Nova Lamego a sudeste, mais ou menos à mesma distância.

Infogravura: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2020)


Em Sonaco fui contactado pelo Farim (capitão de milicia) no sentido de transportar estas figuras importantes a Mansajã [vd. mapa de Sonaco]. Disse ao Farim serem muitos e eu não dispor de uma segunda viatura para fazer a escolta. Respondeu-me que não seria necessário, bastava o "condutor". Perante o desafio, disse-lhe "então serei o condutor!" . Estupefacto, abre ao máximo os olhos e diz-me: "seria uma honra".

"Pois então eu levo-os", disse eu! Acrescentei: "Se me acontecer coisa, ficam instruções para arrasar as vossas tabancas".

Com um sorriso, diz-me: "Muito obrigado, Alá será a sua proteccão!..". 

Fui e regressei sozinho. Não consigo, ainda hoje, por palavras, dizer o que senti naquela " longa" viagem de retorno a Sonaco.

Abraço.





(iv) Cherno Baldé

Caro amigo Manuel Pereira:

Ao tempo da CCAC 3549 ["Deixós Poisar"], eu teria 13/14 anos e estava permanentemente no quartel [de Fajonquito]. Do que disse sobre as colunas a Bafatá não inventei nada, os acontecimentos aparecem na minha memória como fotografias guardadas num arquivo. O Furriel Deus, na altura, era um jovem de uma enorme cabeleira que ele gostava de exibir e que raramente cortava.

Não posso contradizer aquilo que tu dizes, todavia a observação que posso fazer é para dizer o quanto vocês estavam mal informados sobre a população fula de Leste.

A realidade da guerra no Sul, onde os guerrilheiros eram familiares da população civil e existiam laços fortes de entreajuda entre os dois lados não era a mesma na zona Leste onde, sem excluir a possibilidade de informadores secretos, não existiam laços de parentesco com os homens do mato, quase todos pertencentes a outros grupos étnicos e quase sempre as aldeias fulas eram o alvo privilégiado dos guerrilheiros e sempre com muitas vítimas.

Não havendo ligações e cumplicidades entre os dois lados (população e guerrilha), não vejo qual seria a vantagem de levar civis para se protegerem de eventuais ataques e/ou colocação de minas. No contexto da guerra as populações do Leste, maioritariamente de etnia fula, eram consideradas como colaboradores dos "Tugas" porque eram contra a guerra movida pelo PAIGC.

Abraços,

Cherno AB.11 de outubro de 2020 às 19:51

____________

Notas do editor:


(**)  Último poste da série > 5 de outubro de 2020 > Guiné 61/74 – P21417: (Ex)citações (373): Pássaros que esvoaçavam os céus da Guiné. Abutres.(José Saúde)

quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Guiné 61/74 - P21406: Casos: a verdade sobre... (12): O mistério das ruínas de Ponta Varela e Mato Cão... Afinal, tratava-se de estações liminigráficas instaladas pela Brigada dos Estudos Hidráulicos da Guiné (1956-1965)


Foto nº 1 > Guiné > Região de Bafatá > Sector de Bambadinca > Mato Cão > S/d > Estação liminigráfica no rio Geba, instalada pela Brigada dos Estudos Hidráulicos da Guiné, criada em 1956 e extinta em 1965.

"Não é a primeira vez que se põe esta imagem, faz parte da minha relação muitíssimo íntima com o rio Geba, em Mato de Cão, é aqui que a estação se posiciona, as colunas de cimento e o que resta da estação, mesmo com as marcações para a água existiam há 50 anos atrás, a passadeira em madeira já estava num escombro, tinham caído as guardas, mas eu podia ir até junto do marco da estação e pedir boleia aos barcos civis e militares que seguiam para Bambadinca. Na margem esquerda, segue-se em direção a Ponta Varela, local temível no tráfego fluvial, corria-se o risco de roquetadas". (*)

Imagem extraída do livro "As comunicações e os aproveitamentos hidráulicos da Guiné, Angola e Moçambique” (Lisboa,  Agência-Geral do Ultramar, 1961, 101 pp.).

Foto (e legenda):: © Mário Beja Santos (2019). Todos os direitos reservados.[Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Foto nº 2 > Guiné > Zona Leste >Região de Bafatá > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > Subsetor do Xime > 

"A temível Ponta Varela: restos do que parece ser um antigo cais acostável. Em 1963/65, ao tempo da CCAÇ 508 existia aqui uma tabanca e um destacamento onde morreram, em 3 de junho de 1965, quatro dos seus homens, a começar pelo seu comandante, o Capitão Francisco Meirelles, em consequência do rebentamento de uma mina." (*)

Foto (e legenda): © José Carlos Lopes (2013). Todos os direitos reservados. (Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné).



Foto nº 3 > Giné-Bissau > Região de Bafatá > Xime > Ponta Varela > 2010 > 

"Exactamente no local onde as forças do PAIGC atacavam as embarcações civis e os navios da Marinha. É pena não se ficar com a ideia de como, também neste local, nascia o Geba Estreito, o leito do rio afunilava, à esquerda, não muito longe daqui, passava o rio Corubal. Com o assoreamemnto do rio Geba, já as embarcações não chegam aqui, muito menos a Bambadinca." (**)

Foto (e legenda): © Mário Beja Santos (2010). Todos os direitos reservados.[Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Foto nº 4 > Guiné > Região de Bafatá > Sonaco > S/d > 

"Estação medidora de caudais no rio Geba, nos rápidos de Sonaco, instalada pela Brigada dos Estudos Hidráulicos da Guine."

Imagem extraída do livro "As comunicações e os aproveitamentos hidráulicos da Guiné, Angola e Moçambique” (Lisboa, Agência-Geral do Ultramar, 1961, 101 pp.) (*)

Foto (e legenda): © Mário Beja Santos (2019). Todos os direitos reservados.[Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


 

(...)



(excertos, com a devida vénia)


1. Está explicado o "mistério" das ruinas da Ponta Varela, no subsetor do Xime, ao tempo da guerra colonial (Foto nº 2):

Na realidade, não se tratava de um "antigo cais acostável", como se pressupunha, servindo até meados de 1965 a tabanca e o destacamento de Ponta Varela, mas sim de uma "estação liminigráfica", instalada pela Brigada dos Estudos Hidráulicos da Guiné, criada em 1956,  com o fim de proceder "ao estudo dos trabalhos necessários ao melhoramento das atuais condições hidráulicas do Rio Geba, nomeadamente no que diz respeito à navegação, defesa contra cheias e drenagem e, eventualmente, rega dos campos marginais" (nº 1 da Portaria nº 15696, de 7 de janeiro de 1956).

A Brigada foi extinta pela Portaria n.º 21032, de 5 de janeiro de 1965, do Ministro do Ultramar, António Augusto Peixoto Correia.

"A brigada de estudos hidráulicos da Guiné, criada pela Portaria n.º 15696, de 7 de Janeiro de 1956, para proceder à recolha dos necessários elementos de campo e ao estudo dos trabalhos a realizar com vista ao melhoramento das condições hidráulicas do rio Geba, completou a primeira parte da sua missão, não se reconhecendo, presentemente, necessidade de prosseguir com estes estudos e trabalhos."

Presume-se que a razão  imediata para o fim da missão  tenha sido a falta de segurança, provocada  pelo alastramento da guerra, Mas, nestes nove anos (1956-1965), a engenharia hidráulica portuguesa deixou obra no território (Fotos nºs 1 e 4): o rio Geba era de facto navegável, de Bissau a Bafatá, passando pelo Xime e Bambadinca, na maré cheia... Hoje este troço está, de há muito, completamente assoreado e, portanto, instransitável. (****)

2. Já em comentário de 23 de setembro de 2020 às 21:54, no poste P21386 (*****), o nosso camarada António J. Pereira da Costa tinha levantado o véu, em relação às "ruínas" da Ponta Varela (Fotos nºs  2 e 3):

(...) "Estive na Ponta Varela em Jul / Ago 72 [, como comandante da CART 3494 / BART 3873].  Nessa altura, já só havia, no marégrafo, uma régua de cimento vagamente graduada em centímetros destinada a determinar a altura da maré do Geba (ainda não Corubal). Cheguei a pensar em regular a artilharia sobre o marégrafo de modo a aumentar a precisão de tiro." (...).

Era neste troço, entre a Ponta Varela (Xime) e o Mato Cão (Bambadinca), ou seja, no Geba Estreito, que alguns de nós tivemos o privilégio de ver o relativamente raro fenómeno, no mundo, do "macaréu" (e, francês, "mascaret") (******), capaz de provocar o naufrágio de pequenas embarcações. 


 


Guiné-Bissau > Região de Bafatá  > Xime > 2001 >  Rio Geba: o  famoso macaréu (, fotografado a partir do velho cais fluvial do Xime, em completa ruína).

No Rio Amazonas é conhecido por pororoca. Em termos simples, o macaréu é uma onda de arrebentação que, nas proximidades da foz pouco profunda de certos rios e por ocasião da maré cheia, irrompe de súbito em sentido oposto ao do fluxo da água. Seguida de ondas menores, a onda de rebentação sobe rio acima, com forte ruído e devastação das margens. Pode atingir vários metros de altura, mas tende a diminuir a sua força e envergadura à medida que avança.

Neste rio, ou nesta parte do rio que ainda é de água salgada, dois soldados da CART 3494, aquartelada no Xime, desapareceram, apanhados pelo macaréu numa operação ao Mato-Cão em 1972. Um terceiro camarada, doutra companhia, também desapareceu (Informação do nosso camarada, o grã-tabanqueiro nº 2,  Sousa de Castro).

Fonte (e legenda): © David J. Guimarães (2005). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

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Notas do editor:

(***) Sobre a Brigada de Estudos Hidráulicos da Guiné, vd. ainda postes de:


22 de fevereiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19516: Notas de leitura (1152): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (74) (Mário Beja Santos)

(****) Último poste da série > 7 de agosto de 2020 > Guiné 61/74 - P21230: Casos: a verdade sobre... (11): Álcool & drogas na guerra colonial: de consumidores a traficantes de canábis... Seleção de comentários ao artigo do Público, de 2/8/2020 - Parte III


terça-feira, 29 de outubro de 2019

Guiné 61/74 - P20286: O segredo de... (32): Manuel Oliveira Pereira (ex-fur mil, CCAÇ 3547, 1972-74) e o mistério do "triângulo Contuboel, Sonaco e Jabicunda"... Um "encontro de cavalheiros" com o IN


Guiné > Região de Bafatá > CCAÇ 3547 / BCAÇ 3884 (Contuboel, 1972//74) > O Manuel Oliveira Pereira, ex-fur mil, membro da nossa Tabanca Grande, da primeira hora. Aqui no "barco turra", a navegar no rio Geba... num embarque de reabastecimento cokmo delegado de batalhão ou j+a integrado na Companhia de Terminal.

Foto (e legenda): © Manuel Oliveira Pereira (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Desde 2008 que temos vindo a contar "segredos", pequenos e grandes segredos", da nossa vida militar, coisas passadas há meio século, mas que só agora, por razão ou outra, temos vindo a partilhar uns com os outros...  E já são mais de trinta,o que dá uma média anual de 3 (três)!...

Recordo que o  propósito deste série, "O segredo de...", é esse mesmo: ser uma espécie de confessionário (ou de livro aberto) onde se vem, em primeira mão, revelar "coisas" do nosso tempo  da tropa e da guerra que estavam guardadas só para nós...

É esperado que os nossos leitores não façam nenhum comentário crítico, e nomeadamente condenatório, em relação às "revelações" aqui feitas, mesmo que esses factos pudessem eventualmente, à luz da época, constituir matéria do foro do direito penal, militar ou civil, infringir a disciplina ou ética militar, etc. ...

Saibamos ouvir sem julgar!... É o caso da "revelação" que, aqui há dias, o nosso camarada Manuel Oliveira Pereira, de Ponte de Lima, aqui deixou, em comentário ao poste P20267 (**).

Recorde.se: (i)  o Manuel [Oliveira] Pereira foi fur mil, CCAÇ 3547, "Os Répteis de Contuboel", (Contuboel 1972/74), subunidade que pertencia ao BCaç 3884 (Bafatá, 1972/74); (ii) é hoje advogado;  (iii) vive em Ponta de Lima; (iv) é membro sénior da nossa Tabanca Grande, tendo cerca de 20 referências no nosso blogue.


Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Mapa de Sonaco (1957) (Escala 1/50 mil) > Pormenor da posição relativa de Sonaco, na margem esquerda do Rio Geba, a nordeste de Contuboel, com Jabicunda a sudoeste.. Era uma região bastante povoada e próspera...

Os vagomestres das nossas companhias no Leste conheciam Sonaco, onde iam comprar vacas... Apesar da intensificação da guerra na região fronteiriça, a norte,  já nos anos 70, era uma região calma... Referimo-nos ao truàngulo Contuboel, Sonaco e Jabicunda.

Temos apenas uma dezena  de referências a Sonaco no nosso blogue... 

Era posto administrativo e pertencia ao subsetor de Contuboel. Tenho ideia de que, no meu tempo (junho/julho de 1969) havia lá um pelotão destacado, da unidade de quadrícula de Contuboel (, que já não recordo qual fosse, mas em princípio não podia ser a CART 2479 / CART 11; seria talvez a CCAÇ 2436, 1968/70: passou por Bissau, Galomaro, Contuboel e Fajonquito; ou ainda a CCAÇ 2435, que esteve em Quinhamel, Fajonquito, Contuboel e Nhacra; ambas pertenciam, tal como CCAÇ 2437,  ao BCAÇ 2856, sediado em Bafatá).

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2014).


2. O segredo de... Manuel Oliveira Pereira (ex-fur mil, CCAÇ 3547, 1972-74): o mistério do "triângulo Contuboel, Sonaco e Jabicunda"...  Um "encontro de cavalheiros" com o IN


Sonaco  era, quando lá cheguei, em abril de 72,  um Destacamento militarizado. Vindo do Cumeré onde fiz (fizemos) o IAO, e depois de uma curta passagem (dois dias) pela sede da Companhia, em Contuboel, fui render o Pelotão da Companhia “velhinha”.

A guarnição era composta por 30 militares europeus (Grupo de Combate + Cabo Enf + Condutor auto + Sold Transmissões + Cozinheiro civil, o Malan) e um Pelotão de Milícias com 21 elementos.

O aquartelamento era uma antiga casa colonial, esventrada, sem janelas mas com alguma habitabilidade. Situava-se logo à entrada da parte “urbana” da vila, lado esquerdo e junto ao “mercado”. Ou seja a nascente da “avenida” .

A poente tínhamos o Posto de Correio a Igreja (capela),  o “Palacete” do Chefe da Circunscrição, um Chefe de Posto de “nível mais elevado”, e já à saída na direcção de Nova Lamego a Pista de Aviação e a “Estação Meteorológica”. Ao longo da “Avenida” situavam-se muitas casas comerciais e o “Café do Sr. Orlando Gomes”,  o homem que vendia vacas...

Sobre os contactos com o IN muito poderia dizer mas vou resumir. A minha Companhia era composta nos seus quadros por “milicianos” . A única excepção eram o 1º e 2º Sargentos. O Capitão era um quase Engenheiro civil, dois dos Alferes, andavam em Direito. O terceiro Alferes era já médico (exerceu na Companhia).

Dos Furriéis, um a caminho de Direito, outro de Economia e ainda mais dois dos Institutos Industriais o um quinto do Instituto Comercial. Não cito os outros, porque não faziam parte das “conversas privadas antirregime”, nem tão pouco as suas leituras passavam pelo jornal “República”,  nem eram ouvintes da BBC, Rádio Portugal Livre, Rádio Moscovo ou voz da América. Do mesmo modo pouco lhes interessava a “corrente Marcelista" da Assembleia Nacional e desconheciam nome da "ala liberal" como Miller Guerra, Francisco Lumbrales (Sá Carneiro), Francisco Balsemão, etc..

Éramos um grupo, aparentemente acomodado, mas andávamos  preocupados com o rumo que a guerra estava a tomar. Tínhamos oss problemas de quem  vivia no terreno. Andámos eslocados quase permanentemente da nossa base [, Contuboel,]  em reforço de outras unidades.

Fomos, além disso,   ocupar zonas – uma delas, Bambadinca Tabanca – sem que houvesse um aquartelamento. Para nos abrigarmos nos primeiros dias “requisitamos/tomamos posse” de umas moranças (palhotas de cana e colmo. Depois cavaram-se as valas e os abrigos. A alimentação, inicialmente “ração de combate” e depois a eterna “bianda”, por vezes, acompanhada por mais vianda. A água era recolhida a alguma distância onde o perigo espreitava a todo o instante.

 A morte e feridos de companheiros no Batalhão levaram a um repensar na forma de actuar, principalmente no perímetro de actuação da Companhia (Contuboel) e Destacamento (Sonaco).

Num dos períodos em que estou como comandante do Destacamento de Sonaco, tomo a iniciativa – já vinha abordando de forma subtil o velho comerciante Libanês e a sua esposa (uns anos bem mais nova que o marido), com quem por vezes jantava –  de alargar o meu leque de “amigos” (ficaram mesmo amigos) entre os Homens Grandes, o Cmdt da Milícia o Mali e o Cmdt de uma das secções do Pelotão de Milícias, o Djassi. Basicamente a questão era:

 –  Como vocês acham que o IN reagiria se lhe propusemos um “encontro de cavalheiros” ?

A vila de Sonaco era um centro de comércio muito importante. No meio de tanta multidão que diariamente ali  faziam suas trocas, compras e vendas era impressionante. Obviamente, o IN tinha aqui a sua oportunidade para se infiltrar.

Assim, de forma persistente, mas cautelosa, fui alimentando junto dos meus interlocutores a vantagem de uma aproximação da qual ambas as partes beligerantes beneficiariam. Entretanto a acção psicológica – a mesma que o Capitão – prosseguia com “oferta”,  à população, de víveres (farinha, arroz, sal, etc.),  acesso ao médico e/ou ao serviço de enfermagem, medicamentos, transporte para Bafatá e para reuniões da Assembleia Popular,  etc. Numa palavra: dentro do possível, sempre disponíveis!

O tempo foi passando e em mais um jantar na casa do comerciante Libanês, este atira-me com esta:

 – Alguém do PAIGC está aberto a um encontro, mas você terá que ir desarmado...

Incrédulo, perguntei:

 –  Onde e quando?
 – Aguarde, disse ele.

No dia seguinte, fui a Contuboel e chamei o Capitão de parte para lhe comunicar que, sem ele saber, andei a tentar chegar à fala com o IN. Olha-me de alto a baixo, puxa uma “passa” mais forte no cigarro e diz-me:

 – Sabe que também tenho andado a fazer o mesmo?
–  Então,  e agora o que fazemos?
– Nada, esperamos!...

Duas semanas ou três após esta conversa, recebo o Cap Martins em Sonaco. Salta do Unimog, dirige-se a mim e faz-me sinal para o seguir ao interior do aquartelamento e com o dedo aponta no mapa que eu tinha afixado na parede do meu “quarto”, dizendo:

–  É hoje e aqui!

Seguimos quase de imediato. Subimos para o Unimog e como escolta, uma secção reforçada, escolhida a dedo entre “os melhores” do Pelotão. Durante todo o percurso não trocamos uma palavra. A dado momento o Capitão dá ordem de paragem – estamos no interior de uma mata densa, no triângulo Sonaco/Contuboel/Nova Lamego – manda a secção fazer segurança em circulo e para estar atenta.

Nós os dois e apenas com a pistola à cintura, entramos mata dentro, numa caminhada de medo, mas determinada. Alguém viria ter connosco. E veio!... Eram quatro ou cinco guerrilheiros bem armados que nos emboscaram. Um deles, talvez chefe, diz:

– O  acordo é desarmados. Entreguem as pistolas.
– Não –  responde o Capitão. –  Se nos permitem e para que o “encontro se realize”, iremos fazer a entrega aos nossos camaradas que estão a quinze, vinte minutos de distância.

O mesmo guerrilheiro concorda.

Viramos para o ponto de partida e sempre pensei que naquele momento íamos ser abatidos com um tiro pelas costas. Felizmente não aconteceu. Feito o depósito das armas aos nossos camaradas,  o Capitão deixa a ordem que,  caso não regressássemos dentro de duas horas, deveria ser dado o “alarme” para que aquela zona fosse bombardeada.  Diga-se que o nosso pessoal não sabia nem soube – só já em Portugal vieram a saber – qual a razão daquela incursão na mata. Recordo que já no aquartelamento o sold Pinto me perguntou "se as bajudas eram boas"...

Voltamos a fazer a caminhada. Antes, o Cap Martins, faz-me sinal com os olhos com um "Vamos? "
– Claro que sim!

O nervosismo era muito. O medo existia, mas uma força interior me dizia que tudo iria correr bem. O desistir não fazia parte dos nossos planos. Fomos.

Os guerrilheiros voltam a surgir, mas em local diferente. Já não nos apontam as armas. Fazem-nos andar às voltas e mais voltas, até que entramos numa pequena clareira, de 100 a 150 metros. À volta dela muitos guerrilheiros armados. A um dos lados, uma grande tenda branca com um avançado tipo alpendre. No solo, à entrada da tenda um enorme tapete com loiça e bules e um cheiro agradável a comida fresca.

De dentro da tenda sai um indivíduo muito bem vestido com os trajes muçulmanos, aparentando menos de 40 anos. Atrás dele mais dois, também novos. Dirige-se a nós, estende-nos a mão cumprimentando-nos pela patente e nome. A nossa surpresa é enorme, já que os nossos ombros iam vazios e as fardas não tinham nomes. Convida-nos a sentar, o que fazemos,  ao mesmo tempo que pergunta

 – Surpreendidos?
 – Sim – respondemos quase em coro.  – Este aparato, os nossos nomes e patentes…
Olha-nos e diz-nos.

– Sei tudo ou quase tudo acerca de vocês, A vossa forma como fazem a “guerra”, a postura e a relação com a população, a atitude como encaram a nossa luta pela libertação do jugo colonial, a acção dos vossos grupos de apoio a outras unidades da frente, nomeadamente Sare Bacar, Bambadinca Tabanca, Madina Mandinga e sobretudo o respeito que manifestam pelas gentes de Contuboel, Sonaco e Jabicunda (o grande povoado junto à ponte de Contuboel), e na ajuda diária à sua sobrevivência.

Perante este desenrolar de “conhecimento” sobre a Companhia, fomos ficando à vontade, não tanta, quando fomos convidados a beber o chá de menta e o ensopado, presumo, de borrego, Perante a hesitação (medo de estar envenenada) o nosso anfitrião, rindo, disse:

 – Olhem para mim: vou comer e beber do mesmo que vos oferecemos.

De facto a comida estava óptima. Já a bebida..., uma cervejinha gelada saberia melhor, mas enfim!

Neste entretanto lá fomos dizendo das razões que nos levaram a ter este encontro, nomeadamente a “estupidez” de nos matarmos uns aos outros, quando no cerne da resolução estava um problema meramente politico e não militar.

Demos a conhecer, que a ida para a guerra por parte da juventude portuguesa era uma imposição do regime e não do povo português. Daí propor aos guerrilheiros actuantes no nosso sector “um pacto de não agressão”.

Findo os nossos argumentos, ouvidos num silêncio total, tivemos uma contraproposta muito curta que se resumia em continuarmos de forma mais profunda a acção que desde há muito vínhamos desenvolvendo juntos das populações do perímetro [, subsetor de Contuboel].

O nosso interlocutor, para além de ser um poliglota, conhecia a Europa, Cuba, Checoslováquia e URSS.

Corremos e andamos por muitos sítios e a certeza que “fomos” contemplados pela sorte, tivemo-la em Madina Mandinga (ali a sul de Nova Lamego e ao lado de Cabuca e na estrada para Ché Ché) e depois no Dulombi, mais a sul e também perto do Rio Corubal, onde com o meu Grupo fui fazer a ”reocupação” do quartel, entretanto “abandonado/desactivado” por uma Companhia do Batalhão sediado em Galomaro.

Conclusão: O único morto da nossa Companhia – um Furriel, por ter pisado uma mina – aconteceu ao serviço de outra Unidade, na fronteira com o Senegal, entre Sare Bacar e Sare Aliu, Acrescento que NÃO era o nosso Grupo (o meu) a sair. A “besta” do Cmdt de Companhia onde estávamos destacados, deu por “castigo” essa ordem. Daí darmos o benefício da dúvida de que a mina causadora da morte do Furriel Melo tinha por destino a Companhia Independente,  sediada em Sare Bacar e NÃO o 4º Pelotão da CCAÇ 3547 (Contuboel).
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20 de agosto de 2017 > Guiné 61/74 - P17686: O segredo de... (29): João Crisóstomo (ex-alf mil, CCAÇ 1439, Enxalé, Porto Gole, Missirá, 1965/67): Porto-Gole 1966: uma aventura no Rio Geba, para nunca mais esquecer... uma daquelas que nos poderia ter custado a vida!

23 de maio de 2016 > Guiné 63/74 - P16123: O segredo de... (28): Domingos Ramos e Mário Dias, dois camaradas e amigos da recruta e do 1º CSM (Bissau, 1959), que irão combater em lados opostos... No último trimestre de 1960, Domingos Ramos terá sido vítima do militarismo e racismo de um oficial português quando foi colocado no CIM de Bolama, como 1º cabo miliciano

3 de outubro de 2015 > Guiné 63/74 - P15192: O segredo de ... (27): A minha prenda de Natal de 1963: a destruição de Sinchã Jobel, com o meu engenhoso fornilho montado numa mala de cartão... (Alcídio Marinho, ex-fur mil at inf MA, CCAÇ 412, Bafatá, 1963/65)

12 de setembro de 2015 > Guiné 63/74 - P15107: O segredo de... (26): Ser ou não ser furriel na data de embarque (Domingos Gonçalves, ex-Alf Mil da CCAÇ 1546)

29 de agosto de 2015 > Guiné 63/74 - P15053: O segredo de... (25): A caneta do Governador (Domingos Gonçalves, ex-Alf Mil da CCAÇ 1546)

14 de agosto de 2015 > Guiné 63/74 - P15004: O segredo de... (24): Segredo desvendado (Domingos Gonçalves, ex-Alf Mil da CCAÇ 1546)


 2 de agosto de 2015 > Guiné 63/74 - P14962: O segredo de... (20): Fernando Brito (1932-2014), ex-1º srgt, CCS/BART 2917 (1970/72): quadro, em "folha de capim", do seu infortunado filho (, morto mais tarde num trágico acidenrte, em 2001), pintado pelo caboverdiano Leão Lopes, em Bambadinca, 1971 (Cláudio Brito, neto)


26 de abril de 2014 > Guiné 63/74 - P13046: O segredo de... (18): O ato mais irresponsável nos meus dois anos de serviço como soldado de artilharia (Vasco Pires, ex-alf mil art, cmdt do 23.º Pel Art, Gadamael, 1970/72)

28 de janeiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12648: O segredo de... (17): O maior frio da minha vida (Fernando Gouveia)

25 de janeiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12632: O segredo de... (16): Ricardo Almeida (ex-1.º cabo, CCAÇ 2548 / BCAÇ 2879, Farim, K3 / Saliquinhedim, Cuntima e Jumbembem, 1969/71): Como arranjei uma madrinha de guerra, como lhe ganhei afeição e amor, e como por causa da minha
terrível doença fui obrigado a tomar uma dramática de decisão de ruptura... A carta de amor pungente que ela me escreveu, em resposta..

13 de maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6379: O segredo de ... (13): Amílcar Ventura e o seu irmão, artilheiro, ferido gravemente em Gampará

27 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6257: O segredo de... (12): O meu sobrinho Malan Djaló, aliás, Malan Nanque, o rapazito de 8 ou 9 anos anos, apanhado pelo Grupo Fantasmas, do Alf Mil Comando Saraiva, em 11 de Novembro de 1964, em Gundagué Beafada, Xime... (Amadú Djaló)

18 de Janeiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5670: O segredo de... (11): Um ataque a Bissau, uma bravata do Hoss e do Django (Sílvio Fagundes Abrantes, BCP 12, 1970/71)

24 de setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5529: O segredo de... (10): António Carvalho (ex-Fur Mil Enf, CART 6250, Mampatá, 1972/74): Os tabefes dados ao Bacari

21 de outubro de 2009 > Guiné 63/74 - P5138: O segredo de... (9): Fur Mil J. S. Moreira, da CCAV 2483, que feriu com uma rajada de G3 o médico do BCAV 2867 (Ovídio Moreira)

24 de setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5006: O segredo de... (8): Joaquim Luís Mendes Gomes: Podia ter-me saído caro aquele pontapé no...

24 de setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5002: O segredo de... (7): Amílcar Ventura:Ajudei o PAIGC por razões políticas e humanitárias

11 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4936: O segredo de... (6): Amílcar Ventura: a bomba de gasóleo do PAIGC em Bajocunda...

4 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4461: O segredo de... (5): Luís Cabral, os comandos africanos, o blogue Tantas Vidas... (Virgínio Briote)

11 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3598: O segredo de... (4): José Colaço: Carcereiro por uma noite

6 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3578: O segredo de... (3): Luís Faria: A minha faca de mato


(**) Vd. poste de 22 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20267: Controvérsias (140): é verdade que Contuboel, na zona leste, região de Bafatá, nunca foi atacado ou flagelado ? ( Manuel Oliveira Pereira, ex-fur mil, CCAÇ 3547 / BCAÇ 3884, 1972/74)