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domingo, 25 de março de 2012

Guiné 63/74 - P9655: Caderno de notas de um Mais Velho (Antº Rosinha) (21): TECNIL, importante empresa de obras públicas, que desaparece do mapa (Parte III)



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Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BART 2917 (1970/72) > Máquinas da TECNIL operando na construção da estrada Bambadinca-Xime. Numa delas (foto de cima), lê-se: "Deus Te Guie BX 1970"...Na última foto, forças da CCS do BART 2917 montando segurança aos trabalhos de construção da estrada.


Fotos: © Benjamim Durães (2010) / Legendas: L.G. Todos os direitos reservados




1. Mensagem de António Rosinha, com data de 6 do corrente, enviando-nos a III (e última) parte de um texto sobre a ascensão e queda da TECNIL, empresa de obras públicas portuguesa que operou na Guiné-Bissau, antes e depois da independência:


De: António Rosinha


Data: 6 de Março de 2012 20:57


Assunto: Como desparece em Bissau a empresa TECNIL e é substituida pela Soares da Costa


Um dos últimos trabalhos de que fui incumbido pelos meus patrões da TECNIL, foi uma «ordem» de Luís Cabral.

Este homem era muito dinâmico em questão de investimento em obras públicas e angariação dos respectivos financiamentos. E denotava gosto por tal actividade e tinha muitos engenheiros nacionais e cooperantes a mexer em tudo.


Luís Cabral pretendia reformular uma residência bastante moderna que foi propriedade de um antigo cólon que eu não conheci, para sua residência, penso eu. Essa residência ficava a traz do gabinete do primeiro ministro, e tinha uma portaria que era preciso adaptar, na cabeça de Luís Cabral, para receber o Volvo presidencial, bem junto à porta da residência.


Só que havia um pedaço de jardim e duas colunas à entrada da residência que era preciso derrubar construir noutra disposição, e isso Luís Cabral não queria.

E, agora vou falar em nomes de gente muito simpática e não quero de maneira nenhuma fazer «politiquice» nem com as pessoas nem com a atitude das mesmas nem do momento.

O ministro das Obras Públicas era Tino Lima Gomes que era arquitecto e ainda chegou a dar uma vista de olhos na portaria mas sem qualquer solução.

Mas a esposa dele,  a camarada Milanka, de nacionalidade jugoslava, arquitecta nas Obras Públicas é que foi encarregue de descalçar a bota, e eu no campo executar o impossível. Só que a camarada Milanka não tinha coragem de dizer ao presidente que era impossível executar como ele queria, e eu descarreguei o meu fardo para o meu patrão Ramiro Sobral que se encontrava em Bissau. Onde ia mês sim,  mês não.

E o velho de 75 anos, e muitos anos de África, habituado a resolver casos bicudos, analisou e solucionou:
- Senhora Dona Millanka, (toda a gente dizia camarada Milanka), sabe porque ando nesta vida com esta saúde aos 75 anos? Porque à porta da minha casa em Viseu tem 3 degraus. E subir e descer esses 3 degraus dão-me imensa saúde. Convença o senhor presidente que com 3 degraus resolve o problema e dá-lhe imensa saúde para daqui a muitos anos continuar com o meu dinamismo.

Passados uns instantes já só comigo no automóvel, Ramiro Sobral como que a falar para os próprios botões, previa:
- Com degraus ou sem degraus não vais envelhecer aqui, não.


Talvez uns 15 dias depois, dá-se o golpe a 14 de Novembro de 80 que derruba Luís Cabral.


Visto hoje a 32 anos de distância, sem dúvida que Luís Cabral que fazia muita falta à Guiné, para mim era uma pessoa muito honesta, mas esqueceu-se da política, do povo e dos «inimigos» que arranjou na Guiné, e foi esquecido e isolado pelos «amigos» da Caboverde, e o meu patrão já via isso tudo.

Os guineenses do partido e os congéneres caboverdeanos já tinham abandonado o «trilho» de Luís Cabral há muito tempo, e quando apareceu o precipício não estava lá ninguém para lhe dar a mão e quando chegou lá abaixo era o vazio. Quem estava em Bissau relembrou-se muito do que aconteceu a Amílcar, e ouvia-se muito " só agora é que somos independentes".

Claro que Ramiro Sobral, digo agora a esta distância, já estava também a ver o fim dele próprio naquela terra. E com o fim de Luís Cabral piorava tudo, como se viu até hoje.

Só que com Luís Cabral, havia as chamadas "engenharias financeiras" e os dinheiros iam aparecendo ou com atraso ou parcialmente. Com a fuga de quem sabia essas contabilidades, aí foi mesmo o fim de tudo.

E a TECNIL acaba passados mais ou menos meio ano com todos os bens, máquinas, armazéns, residência em tribunal à ordem dos Tribunais e da vontade da polícia, do ministro das Obras Públicas e dos humores dos engenheiros directores das Obras Públicas, que já nenhum era caboverdeano, os novos ninguém tinha compromisso em respeitar nada.

A TECNIL tinha recentemente como director da empresa um engenheiro Máximo que havia sido capitão de engenharia pouco antes da independência. Esse engenheiro Máximo teve que sair na TAP, clandestinamente, porque já tinha a residência vigiada e seria preso em qualquer altura porque não havia dinheiro para pagar nem salários do pessoal e naquele «comunismo» não havia advogados, e corria mesmo perigo até podiam pegar por ter sido militar tuga.

Estas peripécias já me são contadas cá pois vou a tribunal de trabalho como testemunha do engenheiro Máximo para a TECNIL lhe pagar o que lhe ficou a dever.

Mais tarde há negociações entre o Governo de Nino e a Soares da Costa, que estava como sócio no Liceu com a TECNIL, e esta empresa do Porto, já com gente «actualizada» para a nova realidade da vida, recuperou e lutou por substituir a TECNIL e parece que conseguiu alguns objectivos.

Como não tinha rotina colonial a Soares da Costa recorreu a alguns dos que já tínhamos andado por lá pelas Áfricas desde Moçambique a São Tomé, engenheiros, chefes de mecânica, encarregados de obra e de laboratórios, era uma equipa de "retornados".

Atenção,  que grande parte dos engenheiro portugueses que trabalhavam e eram directores de obra dessas empresas que iam para o ultramar, a seguir às independências, eram em maioria ex-estudantes da Casa do Império que não fugiram para Paris nos anos 60.
Trabalhei com dois da terra do Pepetela que eram relacionados com dirigentes do PAIGC, o que lhe valeu algumas vantagens em concursos de obras.

Para terminar este" fim de uma empresa colonial", tenho a dizer que "paguei para ver". E o próprio velho Ramiro Sobral, bem lá no fundo,  também pagou para ver. Sempre tive curiosidade o que é que os "tais ex-estudantes da Casa do Império" iam conseguir realizar com as independências. 

Só me foi possível satisfazer a curiosidade suportando o "pesadelo TECNIL". Conheci e trabalhei com alguns que não foram para Paris e para a luta e depois conheci ou trabalhei com alguns que foram para a luta. Como alguns desses estudantes ou foram filhos de Chefes de Posto ou de velhos comerciantes ou já estava destribalizados por missionários cristãos, ou filhos de funcionários públicos, queria ver o grau de relacionamento com os povos após a independência.

Tal como se previa por quem conhecia um pouco da realidade africana em geral, qualquer chefe de posto colonial sem armas na mão, conseguia mais apoio popular e unanimidade dos diversos povos, do que Luís Cabral conseguiu. O inicial entusiasmo pela juventude e o fim da guerra era natural, assim como cá em Portugal com o 25 de Abril; assim como o entusiasmo com o derrube de Luís Cabral e um certo entusiasmo exagerado de alguns, até parecia trazer expectativa.

Só que o resultado é sempre negativo porque não é assente em bases definidas, eram apenas facções do mesmo caldeirão partidário a sobreporem-se.

A guerra que discutimos dos 13 anos da nossa guerra do Ultramar é apenas um pequeníssimo flash do péssimo que se passa em África desde 1960 devidamente apoiado pelas Nações Unidas e pela Europa democrática em particular.

E paguei para ver: a Tecnil não cumpriu comigo durante 1 ano, estive em bichas de pão com gorgulho, substitui com vantagem as batatas à mesa por inhame, vi formas de racionamento de sabão, que já não existia, e vi gente que não podia chorar em público os familiares assassinados.

E isto tudo testemunhado e apoiado pelas Nações Unidas e por toda a Europa, e assistido por mim que também ficava calado.

E como ao fim de 40 anos, está em curso um complexo processo de apagamento, ou diluição, ou esbatimento, de certas tribos nalguns países, podemos imaginar as coisas que a Europa e as Nações Unidas são capazes de promover em África, com assentimento dos seus dirigentes.

Hoje, sinto que pertenci a uma geração de portugueses que durante 13 anos Portugal teve uma opinião própria, contrária à maioria da Europa que hoje pouca opinião tem. Será que as pessoas de agora acreditam que tenha sido verdade? Opinião própria emitida em Plenas Nações Unidas, mensalmente em Nova Iorque ?

Para terminar, digo que conheci "um velho de Viseu" que não pensava como os "velhos do Restelo".


Um abraço
António Rosinha
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Nota do editor:

Último poste da série > 5 de março de 2012 > Guiné 63/74 - P9561: Caderno de notas de um Mais Velho (Antº Rosinha) (20): TECNIL, importante empresa de obras públicas, que desaparece do mapa (Parte II) 

domingo, 19 de dezembro de 2010

Guiné 63/74 - P7470: Notas de leitura (179): A Luta Pelo Poder na Guiné-Bissau, de Álvaro Nóbrega (Mário Beja Santos)

1. Mensagem de Mário Beja Santos* (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 17 de Dezembro de 2010:

Queridos amigos,
A tese de mestrado de Álvaro Nóbrega é um trabalho digno de crédito, abre portas, favorece discussões salutares, alarga o horizonte polémico do conflito e da violência entre guineenses fora do contexto da luta armada.
É mais uma achega bibliográfica que justifica a indispensabilidade do blogue para a consulta dos estudiosos.
E após esta pausa sigo para os meus deveres na Operação Tangomau.

Um abraço do
Mário


A luta pelo poder na Guiné-Bissau

Beja Santos

Que a África é o continente com maior número de conflitos instalados parece ser matéria inquestionável. O que se passa neste momento na Costa do Marfim arrisca a repetir-se noutros pontos. Há situações adormecidas na Somália, Ruanda, Serra Leoa, Zaire, Zimbabué, Nigéria e (oxalá não fosse) a Guiné-Bissau. É um continente que conhece um processo tumultuoso na sua democratização. Os tempos difíceis da Guiné-Bissau tem vivido prendem-se com uma lógica do uso do poder que não vem de ontem. É o historial dessa lógica que levou Álvaro Nóbrega a lançar-se numa tese de mestrado que tomou em conta a longa tradição dos factores de conflito na Guiné e toda a problemática das crises de liderança que emergem da luta armada até à actualidade.

O resultado é estimulante e abre pistas bem curiosas para melhor compreender a Guiné-Bissau da actualidade (“A luta pelo poder na Guiné-Bissau”, por Álvaro Nóbrega, ISCSP – Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, 2003).

Que propõe o investigador, acima de tudo? Identificar os mais salientes factores endógenos que contribuem para exercício da violência no poder e para compreender a resposta do poder político local na resolução dos conflitos. Para tal, o estudioso recorreu a trabalho de campo, procedeu à história oral, mergulhou nos arquivos, rodeou-se de bibliografia elementar, assim chegou a uma cartografia onde foi posicionando os instrumentos da sua análise, vejamos a que conclusões acabou por chegar, em consonância com a sua pesquisa e análise.

Primeiro, questionando a Guiné-Bissau como unidade política autónoma, desvela que apesar da exiguidade de recursos, o país possui algumas condições para manter a sua integridade: possui uma língua franca, o crioulo, hoje a generalidade da população usa-a supletivamente ao português; não há incompatibilidade étnica estrutural, se bem que o peso do direito costumeiro tenha uma importância indiscutível; não há uma clivagem agressiva entre etnias politicamente descentralizadas (caso dos Balantas ou Felupes) e etnias politicamente centralizadas (caso dos Papéis ou dos Bijagós), a zona islamizada do país não revela pretensões hegemónicas e muito menos fundamentalistas; a apropriação de terras não tem gerado conflitos étnicos, pelo contrário verifica-se que a ocupação do território após a independência se tem desenvolvido pacificamente; o espaço urbano de Bissau é o verdadeiro quebra-cabeças do país, a cidade cresce anarquicamente, a qualidade dos serviços é paupérrima e os habitantes não dispõem dos equipamentos minimamente necessários para se falar numa qualidade de vida satisfatória; se não há fome o mesmo não significa que não haja carências alimentares, graças aos recursos piscícolas e ao uso da terra a base da auto-sustentação permite que não se morra de fome; enfim, país maioritariamente agrícola, dependente de uma monocultura (caju), com elevadas riquezas na plataforma continental marítima, a Guiné-Bissau dá pouca esperança aos seus trabalhadores especializados, dispõe de muito poucas indústrias, não investe não habilitações técnico-profissionais, criou a habituação e a resignação na dependência da ajuda internacional.

Segundo, a Guiné tem uma longa tradição de violência, e não só dos autóctones contra os portugueses. Álvaro Nóbrega convoca a historiografia para nos recordar o que foi a via-sacra das operações militares das autoridades portuguesas até 1936, os conflitos interétnicos, a violência das tradições (aqui entendidas como os cerimoniais animistas que envolvem oferendas de vitimas e a imolação de animais, a feitiçaria, o peso da justiça tradicional, os infanticídios rituais, a antropofagia, o roubo de gado, isto para já não falar na prática social corrente das sociedades escravocratas). Nomeadamente a partir da luta armada, a Guiné-Bissau viu-se confrontada com o novo tipo de conflito latente, entre a modernidade sociopolítica e cultural e o peso da lógica tradicional. Logo a seguir à independência, o PAIGC acreditou que bastava fuzilar ou demitir as autoridades tradicionais e substitui-las pelos comités de tabanca para que o país desse um salto para a modernidade. Nada aconteceu assim, depois do golpe de 14 de Novembro de 1980 voltou-se ao compromisso com o direito costumeiro, a justiça tradicional e o poder dos chefes locais. Violência dissimulada ocorreu entre a burguesia cabo-verdiana que dominou ideologicamente o PAIGC e os combatentes guineenses; no entretanto, com a morte de Amílcar Cabral que, como se veio a descobrir, era o único produtor ideológico singular, o pensamento político dentro do PAIGC conheceu altos e baixos e atracções pelo socialismo tipo soviético até pulsões da mais descarada liberdade de mercado. Que detém o poder do dia possui uma visão patrimonial do Estado, constrói os seus mecanismos de recompensas materiais, cria cadeias de lealdade, destitui e nomeia a seu belo prazer.

Terceiro, o autor vem interrogar toda esta luta pelo poder a partir dos nacionalistas que se afirmaram na Casa de Estudantes do Império, prossegue com a análise da especificidade guineense da passagem à luta armada, descreve os acontecimentos do Congresso de Cassacá, em que Amilcar Cabral mandou punir os comandantes torcionários que aterrorizavam as populações, recorda o assassinato de Amílcar Cabral e o estranhíssimo silêncio que continua a envolver a conspiração, enuncia os crimes perpetrados e os ajustes de contas com quem foi leal com as autoridades portuguesas, explica as razões do chamado “Movimento Reajustador” e a repressão subsequente, demissão de políticos, golpes de Estado fantoches, perseguições pessoais, etc. A partir do momento em que o comunismo colapsou, até mesmo os radicais do PAIGC se aperceberam que devia haver mudança, entretanto chegara-se ao colapso económico, ao défice público permanente, dentro do PAIGC estalaram as facções e a aura messiânica de Nino Vieira caminhou para o acaso. Assim se chegou ao conflito de 1998 – 1999 que veio exaurir a Guiné, levar Nino Vieira ao exílio, ao assassínio bárbaro do brigadeiro Ansumane Mané e à ascensão do demagogo Cumba Ialá, por sua vez forçado a demitir-se depois de uma presidência de tragicomédia.

De tudo isto, que conclui o investigador? A complexidade do carácter nacional em que, curiosamente, “a diversidade é uma riqueza, mas contém em si um potencial de conflito”; o PAIGC continua a ser o eixo central do sistema político, com desavenças e reconciliações; na Guiné-Bissau, a luta política não pode ser dissociada da violência que terá as suas raízes no passado militar de muitos dos dirigentes do PAIGC; regista-se uma cristalização do pensamento de Cabral, ele é utilizado arbitrariamente, oportunisticamente ou, em desespero de causa, como o único cimento possível para invocar a lógica nacional; se durante a luta armada, e até 1980, os militares estavam enquadrados pelos dirigentes políticos, com Nino Vieira o poder militar superlativou-se e é hoje uma roda livre na cultura do poder. A retoma pela subordinação do militar ao político é uma das pedras essenciais para que se possa vir a falar na sinceridade e justeza do processo democrático.
Álvaro Nóbrega analisa com rigor todas as peças deste conflito, a leitura do seu estudo é recomendável para quem queira perceber a essência e a expressão do conflito permanente em que vive a classe política na Guiné-Bissau e como está divorciada dos reais interesses das populações.
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 18 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7462: Operação Tangomau (Mário Beja Santos) (6): Bambadinca, recordações da casa dos mortos

Vd. último poste da série de 17 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7456: Notas de leitura (178): Breves Considerações Sobre Plâncton - Copépodes da Guiné, de Dr.ª Emerita Marques (Mário Beja Santos)

terça-feira, 3 de março de 2009

Guiné 63/74 - P3968: Nuvens negras sobre Bissau (10): Voluntários da missão humanitária 2009 a distribuir água pelos militares nas ruas da capital


Título de caixa alta da ediçãod e hoje do Diário As Beiras
(Cortesia de Carlos Marques dos Santos)


1. Mensagem dos nosso 'correspondente' em Coimbra, Carlos Marques dos Santos:

Luís:

Um abraço.
Aqui vai mais uma nota de imprensa de hoje de O Diário AS BEIRAS, de Coimbra.

CMSantos


2. Resumo da notícia, de uma página, da edição de hoje do Diário As Beiras:

O Diário das Beiras, na sua edição de hoje, dá destaque às “peripécias” da Missão Humanitária – Memórias e Gentes, 2009 que foram surpreendidos pelos “tiros de Bissau”. (*)

Chegados por terra na quinta feira passada, esta semana estava programada para ser a da entrega dos muitos bens essenciais que vieram de Portugal em contentor (material escolar e sanitário, roupas, etc.). Preparavam-se para um retemperador churrasco, depois de um dia de caça, quando foram tiveram conhecimento do tiroteiro em Bissau e, só mais tarde, das suas consequências, a trágica morte de dois dos dirigentes máximos do país. Trataram então de regressar rapidamente a João Landim, a cerca de duas dezenas de quilómetros da capital, onde o pessoal da missão humanitária está instalado.

Mais uma vez foi Fernando Ferreira, empresário de Coimbra, e membro da Associação Memórias e Gente, quem deu estas informações, por telemóvel, ao jornalista do Diário As Beiras, Paulo Marques. Logo na manhã seguinte, segunda-feira, souberam do ataque à casa de Nino Veira e da morte deste. À tarde, em Bissau, havia imensa gente nas ruas, mas apenas circulavam viaturas militares.

Cerca das 16h, há três elementos da expedição, com mais uns tantos voluntários locais, que se oferecem para distribuir água pelos militares que estavam em vários postos de controlo. Encheram um jipe com centenas de garrafas de água de Penacova, e aproveitando uma ‘aberta’ distribuíram-nas pelos militares, famintos e sedentos, depois de muitas horas em situação de alerta e de tensão, nos acessos a Bissau e nas principais avenidas da cidade.

Ferreira descreveu a situação humanitária como “arrepiante” não só entre a população civil como entre os próprios militares. Surpreendentemente a situação era de calma, nada como em anteriores situações de golpe de Estado ou de insurreição armada.

A malta da expedição está toda bem. Os planos de regresso na próxima quinta feira, para alguns dos membros da missão, é que podem vir a ser gorados, devido ao encerramento do aeroporto.

(Recorde-se, no entanto, que hoje deve chegar a Bissau o nosso Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, e grande amigo da Guiné-Bissau, João Gomes Cravinho, à frente de uma delegação da CPLP - Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, que integra ainda o secretário-executivo da organização, Domingos Simões Pereira, e o chefe da diplomacia cabo-verdiana, José Brito. Do que mais precisa, neste momento, a Guiné-Bissau, o seu Governo e o seu povo, é do apoio diplomático internacional e do carinho e da solidariedade da comunidade lusófona).

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Nota de L.G.:

(*) Vd. último poste desta série > 3 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - 3967: Nuvens negras sobre Bissau (9): Falei com o Xico Allen, o Camilo, o Fortunato, o Peixoto e o Pepito (Carlos Silva)

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Guiné 63/74 - P3924: Expedição Humanitária 2009 (5): Ei-los que partem, do Largo da Portagem, Coimbra... a caminho de Bissau (José Moreira)




Duas imagens do Diário As Beiras, de 21 de Fevereiro de 2009, que nos foram enviadas pelo nosso camarada coimbrão Carlos Marques dos Santos (ex-Fur Mil, CART 2339, Mansambo, 1968/69), e que acompanha a reportagem sobre a partida da Expedição Humanitária, organizada pela Associação Humanitária Memórias e Gente e sob a liderança do José Moreira. Partiram 6ª feira, dia 20, a caminho de Bissau os nossos 22 (20 homens e 2 mulheres) amigos e camaradas da Guiné. Uma viagem de sete dias, de 5 mil quilómetros, 1 contentor de 25 toneladas (que já seguira antes de barco) e sobretudo muitos abraços portugueses, quentes, solidários, grandes, do tamanho dos nossos Rios (em especial do Douro e do Mondego)...

1. Resposta, com data de 18 do corrente, do José Moreira, presidente da Associação Humanitária Memórias e Gentes, com sede em Taveiro - Coimbra, ao meu pedido formulado no poste P3906 (*) [José: Gostaria, no fim, de ler e publicar as tuas notas, as tuas emoções, as alegrias de quem leva um pouco de consolo e de conforto aos guineenses, homens, mulheres e crianças, pais, educadores, professores... Sei que não vais ter rempo para te coçares, mas podes pedir a alguém que leve um caderninho de viajante e vá tomando umas notas (horas, lugares, pessoas, actividades...), além da máquina fotográfica. Tiramos muitas fotografias...mas depois não pomos (ou não sabemos pôr) as legendas... Em suma, um pequeno diário da tua expedição... ].

Meu caro Luis Graça,

A própria Associação, na sua denominação, tem a designação “memórias e gentes”. Realmente nas expedições anteriores, só nos temos preocupado com os kms., tempos e condução alternada. Por outro lado não se tem conseguido um expedicionário com propensão para o efeito. Se calhar este ano, talvez consigamos, assim ele queira! Calmo é ele, organizado e observador também… (...) Vamos ver se ele adere a esta iniciativa, pois o teu e-mail foi-lhe reencaminhado e, assim, devo tê-lo deixado a pensar.

Já troquei e-mails com o Pepito (o nosso encontro vai ser em Bissau). Despeço-me até 20 e tal de Março.

Recebe um abraço,
José Moreira

2. Notícias da Tabanca de Matosinhos & Camaradas da Guiné:

Do bloguue da nossos camaradas de Matosinhos pode ler-se:

Os nossos camaradas da Tabanca de Matosinhos, Xico Allen, Delfim Santos, António Carvalho, António Pimentel, João Rocha, José Eduardo Alves (Leça) e esposa (Maria da Conceição Alves), José Manuel Lopes (Josema), José Pires, Nina e Silvério Lobo partiram na passada sexta feira para a Guiné em mais uma viagem de saudade e solidariedade integrando a caravana da Associação Humanitária Memórias e Gentes de Coimbra.

Segundo informações do José Manuel Lopes, que esteve comigo na passada 2ª feira, aqui em Lisboa, o Nina, que tem um stand automóvel na Covilhã, leva um jipe que pode ficar em Bissau (se houver comprador...). Nesse caso, a malta que vai com ele, regressaria de avião, daqui a mês. Quanto ao Leça (e esposa), parece que foram em viatura própria. O Silvério Lobo por sua vez irá dar a assistência técnica que for necessária às viaturas... Eu não fosse ele um grande mecânico de automóveis (conheci-o no ano passado, por ocasião do Simpósio Internacional de Guileje, 1-7 de Março de 2008; é um excelente conversador).

Desta vez, mandamos um especial abraço ao pessoal da Tabanca de Matosinhos. Que Deus, Alá e todos os bons irãs os protejam, a eles e os demais participantes da expedição. Permitam-me que mande um chicoração para os meus amigos Xico Allen, Pimentel, João Rocha, Zé Manel, Delfim e Silvério que conheço de outras andanças ou da Tabanca de Matosinhos. Os novos camaradas, Carvalho, Nina, Zé Pires, Leça (e esposa), ... espero conhecê-los pessoalmente, em breve. Luís Graça.

Vd. postes de

20 de Fevereiro de 2009 >P100-As novas caras da nossa Tabanca

22 de Fevereiro de 2009 >P101-Guiné, aí vamos nós

22 de Fevereiro de 2009 > P102-Expedição humanitária parte de Portugal para Guiné-Bissau

E a propósito deste grande acontecimento (para todos nós, amigos e camaradas da Guiné), o Zé Teixeira - esse grande Esquilo Sorridente - mandou esta bonita mensagem solidária para os participantes nortenhos da Expedição Humanitária 2009:

Camaradas que ides partir de novo para a Guiné. Agora, voluntariamente, sem lágrimas e com outro tipo de emoções e expectativas. Boa viagem.

Ainda recordo com emoção e prazer a minha segunda partida à procura de amigos e amigas que lá deixei. Lugares que me ficaram no coração, pelos momentos vividos, que pude recordar. A dor de alma por saber que ia encontrar outros lugares que foram para mim de grande sofrimento e até morte.

Precisava de passar de novo por tudo isso para me encontrar comigo próprio. Fazer desaparecer de dentro de mim os fantasmas. Quis experimentar segunda vez e há-de vir a terceira e mais, se Deus me der vida e saúde. Não posso ir convosco fisicamente, mas vou em espírito.

Aos que vão para o Sul da Guiné, sobretudo para Mampatá Foreá, Quebo, Colibuía, Buba etc. levai um abraço fraterno do Fermero Tisserá.

Tende boa viagem e venham as fotos para sonhar de novo.

Um forte abraço do
Zé Teixeira


Vd. poste de 9 de Fevereiro de 2009 > P097-Ora di bai, rumo à Guiné
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Nota de L.G.:

(*) Vd. poste de 17 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3906: Expedição Humanitária 2009 (4): 25 toneladas de ajuda, 897 caixotes, 22 expedicionários... E obrigado, povo meu (José Moreira)

Vd. também postes anteriores desta série:

16 de Fevereiro de 2009 >Guiné 63/74 - P3902: Expedição Humanitária 2009 (3): Mensagem do Pepito para o Paulo Santiago, o Zé Moreira, o Xico Allen e o Julião Sousa

16 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3901: Expedição Humanitária 2009 (2): Mensagem do José Moreira, de Coimbra, para o Pepito (AD - Bissau), em Lisboa (Paulo Santiago)

16 de Fevereiro de 2009 >Guiné 63/74 - P3900: Expedição Humanitária 2009 (1): Já se fez à estrada a expedição da Humanitarius, com o J. Almeida, o A. Camilo e outros

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Guiné 63/74 - P3627: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (4): Apresentação do livro, 5ª F, 18, na Casa da Guiné-Bissau em Coimbra



"A retirada de Guileje: A verdade dos factos" do Cor. Coutinho e Lima Apresentação em Coimbra 

Mensagem do Doutor Julião Soares de SousaO Coronel A. Coutinho e Lima na Academia Militar, Amadora, em 13 de Dezembro de 2008 na apresentação do seu livro, A Retirada de Guileje: A Verdade dos Factos. 

Convite: A Casa da Guiné-Bissau em Coimbra vem por este meio convidar V. Ex.ª a assistir ao lançamento do livro "A retirada e Guileje. A verdade dos factos", do Coronel Alexandre Coutinho Lima, e ao jantar da comunidade guineense, que terá lugar no próximo dia 18 de Dezembro, pelas 18 h 30, na Catina das Químicas da Universidade de Coimbra. Para qualquer confirmação, contactar: 967967748 (Julião Soares Sousa, Doutor - Presidente da Casa da Guiné. Por favor, reencaminhe para os seus contactos. Com os melhores cumprimentos e saudações amigas. 

Julião Soares Sousa

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  Notas de vb: 1. Julião Soares Sousa, guineense, investigador, doutorado em História Contemporânea, Presidente da Casa da Guiné em Coimbra. 2. Artigo relacionado em 15 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3626: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (3): Tardia a nossa percepção do nosso próprio Vietname (Eduardo Dâmaso)

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Guiné 63/74 - P3239: Efemérides (11): Comemoração do 35.º Aniversário da declaração unilateral da Independência da República da Guiné-Bissau (Casa da Guiné-Bissau, Coimbra)

Comemoração dos 35 anos da Independência da Guiné-Bissau



Caros amigos, caros compatriotas

O nosso programa das comemorações da independência da Guiné-Bissau vai continuar na próxima semana (quarta-feira dia 1 de Outubro de 2008) com a sessão inaugural de um ciclo de conferências com o qual se pretende fazer o balanço dos 35 anos da independência. Para este ciclo, que vai durar um ano, convidaremos especialistas guineenses e portugueses de várias áreas do saber para connosco debaterem não só os problemas que o nosso país tem enfrentado, mas também as possíveis soluções para arrancar a Guiné-Bissau do letargo em que jazz. Estão todos convidados a participar e a divulgar esta actividade. Em anexo segue o programa geral da sessão inaugural.

Com os melhores cumprimentos

Casa da Guiné-Bissau em Coimbra

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CASA DA GUINÉ-BISSAU EM COIMBRA

E

ORGANIZAÇÃO DOS ESTUDANTES DA GUINÉ-BISSAU EM COIMBRA


Comemorações dos 35 anos da independência da Guiné-Bissau


CICLO DE CONFERÊNCIAS

Sessão inaugural
Dia 1 de Outubro (quarta-feira) 21, 00 horas
Auditório Salgado Zenha (Associação Académica de Coimbra)


Conferencistas:
Doutor Eduardo Costa Dias (Sociólogo/ISCTE)
Doutor Leopoldo Amado (Historiador guineense)

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Nota: artigo relacionado em

24 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3236: Efemérides (10): 35.º Aniversário da declaração unilateral da Independência da República da Guiné-Bissau (V. Briote)

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Guiné 63/74 - P3228: Convite (8): Casa da Guiné de Coimbra, dia 24 de Setembro de 2008, exibição de As Duas Faces da Guerra e Jantar-convívio

CASA DA GUINÉ EM COIMBRA

CONVITE

Prezado/a
A Casa da Guiné-Bissau e a organização dos Estudantes da Guiné-Bissau em Coimbra convidam V. Exª a assistir ao seguinte programa de actividades integrado nas comemorações da independência da Guiné-Bissau:

DIA 24/09/2008 (quarta-feira) –


- 17h00 (Auditório do Instituto Português da Juventude, na Rua Pedro Monteiro) –

Exibição do documentário: "As duas faces da Guerra" da jornalista Diana Andringa e do realizador guineenses Flora Gomes (com a presença de Diana Andringa). Trata-se de um documentário sobre a guerra colonial/luta de libertação nacional. A seguir a exibição haverá debate com a presença da Jornalista Diana Andringa.



- 19, 00 às 21, 15 horas – Jantar-convívio na Cantina Amarela (prato típico guineense).

Solicitamos divulgação.

Com os melhores cumprimentos

Casa da Guiné-Bissau em Coimbra
Organização dos Estudantes da Guiné-Bissau em Coimbra

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Guiné 63/74 - P3217: Notícias da Casa da Guiné-Bissau em Coimbra (2): Programa das comemorações dos 35 anos de independência

Guiné-Bissau > Bissau > AD - Acção para o Desenvolvimento > Foto da Semana > 14 de Setembro de 2008 > "Um grupo de 11 guineenses da Guiné-Conakry (Nanias) fez recentemente uma visita ao pólo de desenvolvimento do ecoturismo de Cantanhez, para um intercâmbio de experiências, uma vez que eles estão envolvidos num programa similar no seu país, na Ilha de Nuno Tristão.

"Foram recebidos por Abubacar Serra (de camisa branca) que manifestou o interesse no incremento da ideia da criação de um Parque Transfronteiriço que uniformizasse as disposições em relação aos recursos naturais, à defesa dos corredores de animais selvagens e à implantação de uma série de locais turísticos.

"Os visitantes ficaram muito impressionados pela excelente integração da população local na gestão do Parque e, em especial, com as opções arquitectónicas simples e bonitas dos bungalows de Iemberém".



(Aproveitamos para saudar o Abubacar Serra, técnico da AD, director do PIC - Programa Integrado de Cubucaré, e que segundo informações do nosso amigo Pepito, em Lisboa, teria tido recentemente alguns problemas de saúde. A ser verdade, desejamos-lhe rápidas rápidas e pleno restabelevimento, por que a Guiné-Bissau e o Cantanhez, muito em particular, precisam da sua grande competência e forte empenhamento).


Foto e legenda: AD - Acção para o Desenvolvimento (2008). Direitos reservados (com a devida vénia...)


1. Mensagem recebida da Casa da Guiné em Coimbra, através do seu presidente, o nosso amigo Julião Soares Sousa, guineense, investigador, doutorado em História Contemporânea, que conhecemos na sua terra natal, por ocasião do Simpósio Internacional de Guileje (1-7 de Março de 2008) em que participámos como conferencistas (LG):


Guiné-Bissau: comemorações dos 35 anos de independência > Programa (provisório) > De 18 de Setembro a 18 de Outubro de 2008, – Coimbra


18 de Setembro:

16h30 – Apresentação do programa das comemorações à Comunicação social

20/09/2008:

16h30 – Jogo de futebol entre antigos jogadores guineenses residentes em Portugal e a selecção da Guiné e Cabo Verde do distrito de Coimbra.

20h00– Jantar de confraternização.

00h00 – Grande convívio na Via Latina.

23/09/2008 –

Inauguração do ciclo de conferências: Guiné-Bissau 35 anos de Independência (sessão inaugural com a presença do Doutor Leopoldo Amado, Historiador guineenses).

24/09/2008

17h00 – Documentário: “As duas faces da Guerra”, filme-documentário de Flora Gomes e Diana Andringa (com a presença de Diana Andringa), seguido de Debate.
Concerto do Grupo Cabaz/músicas de José Carlos Schwarz (*)

26/09/2008

21h00 – Grande Sarau Cultural (auditório do IPJ - Instituto Português da Juventude)

Convívio na Discoteca Massas.


16/10/2008 –

17, 30 – Inauguração de uma exposição de fotografias e de slides alusivos à guerra colonial e à proclamação da independência da Guiné (Casa Municipal da Cultura) (curta actuação de um Grupo)

18/10/2008 –

10h00 – Visita guiada das crianças e adolescentes guineenses ao Portugal dos pequenitos

11h00 – Passeio de barco pelo rio Mondego (Basófias)

11h45 – Lançamento de balões (com as cores da bandeira guineense junto ao rio Mondego. Encerramento de actividades.
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Nota de L.G.:

(*) Artista e patriota guineense (1949-1977) > Vd. poste de 22 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2203: Artistas guineenses (2): José Carlos Schwarz (Didinho/Virgínio Briote)

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Guiné 63/74 - P3173: Notícias da Casa da Guiné-Bissau em Coimbra (1): Assembleia Geral Extraordinária, dia 7 de Setembro (Leonardo Pereira)

Guiné-Bissau > Região de Quínara > Empada , > Escola primária > 19 de Abril de 2006 > Meio dia > Uma imagem belíssima do jovem e talentoso fotógrafo Hugo Costa, membro da nossa Tabanca Grande, que revisitou a terra de eleição de seu pai, o Albano Costa, em Abril de 2006 (Já tinha lá estado em Novembro de 2000, com o seu pai e outros camaradas).

Legenda: "O melhor da Guiné-Bissau são as suas crianças, e em especial as que frequentam a escola; e é nelas que podemos depositar a esperança e a confiança no futuro... É também a pensar nelas que foi criada a Casa da Guiné-Bissau em Coimbra, associação que reune maioritariamente estudantes e quadros guineenses da diáspora"... (LG)

Foto: © Hugo Costa / Albano Costa (2006). Direitos reservados


1. Mensagem recebida da Casa da Guiné em Coimbra, através do Presidente da Assembleia Geral, Leonardo Pereira. O presidente desta associação (*) é um nosso amigo, o Doutor Julião Soares Sousa (**), historiador, que conhecemos na sua terra natal, por ocasião do Simpósio Internacional de Guileje (1-7 de Março de 2008), e a quem reiteramos o convite para se juntar à nossa Tabanca Grande:


Caros Associados,Amigos e Simpatizantes da Casa da Guiné-Bissau em Coimbra

Fazendo uso das suas competências estatutárias, a Presidência da Mesa de Assembleia vem por este meio comunicar a todos os supracitados que realizar-se-á no próximo dia 7 de Setembro de 2008 (Domingo) pelas 16 Horas, no Mini-Auditório da AAC [Associação Académica de Coimbra], uma assembleia-geral extraordinária, com a seguinte Ordem de Trabalhos :

1. Discussão e aprovação do valor das quotas e das jóias a propôr pela Direcção;
2. Apresentação de propostas de emendas e alteração nos Estatutos da Casa da Guiné-Bissau em Coimbra;
3. Apresentação, discussão e aprovação do Plano Anual de Actividades;
4. Informações;
5. Diversos.

É importante a presença de TODOS no arranque final rumo ao futuro.

Com os melhores e respeitosos cumprimentos

Coimbra, 24 de Agosto de 2008

A Presidência da Assembleia Geral da CGC
Leonardo Pereira

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Notas de L.G.:

(*) Vd. postes anteriores sobre a Casa da Guiné-Bissau em Coimbra:

8 de Julho de 2008 >
Guiné 63/74 - P3033: Convite (6): Tomada de posse dos Orgãos Sociais da Casa da Guiné-Bissau em Coimbra

28 de Agosto de 2008 >
Guiné 63/74 - P3152: Exposição na Casa da Guiné de Coimbra (Julião Soares Sousa)


Recorde-se que a Casa da Guiné-Bissau em Coimbra (CGBC) é uma associação recentemente criada, sem fins lucrativos, religiosos ou partidários, e é constituída por todos os naturais da Guiné-Bissau e pessoas de outras nacionalidades que comungam dos objectivos definidos nos seus Estatutos.

São alguns dos seus objectivos:

(i) A realização de eventos sócio-culturais, tais como cursos de formação, conferências, palestras, seminários, simpósios, criação de áreas de pesquisas, de biblioteca e centro de documentação, intercâmbios culturais com outros países;

(ii) A realização de actividades recreativas e desportivas, apresentação de espectáculos e comemorações;

(iii) Defender e promover os direitos e interesses dos naturais da Guiné-Bissau e seus descendentes em tudo quanto respeite à sua valorização, de modo a permitir a sua plena integração e inserção;

(iv) Promover e estimular as capacidades próprias, culturais e sociais das comunidades dos naturais da Guiné-Bissau e seus descendentes.



(**) Vd. poste de 17 de Janeiro de 2008 >
Guiné 63/74 - P2447: Julião Soares Sousa, o primeiro guineense a doutorar-se pela Universidade de Coimbra (Carlos Marques Santos / Carlos Vinhal)

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Guiné 63/74 - P3152: Exposição na Casa da Guiné de Coimbra (Julião Soares Sousa)

1. No dia 25 de Agosto de 2008, o nosso Blogue recebeu da Casa da Guiné em Coimbra, na pessoa do Presidente desta Associação, senhor Doutor Julião Soares Sousa, a seguinte mensagem:

Exmo Senhor
Dr. Alfredo Caldeira
Fundação Mário Soares
Lisboa

Prezado
Prof. Doutor Luís Graça

A Casa da Guiné-Bissau em Coimbra (CGBC) é uma associação recentemente criada, sem fins lucrativos, religiosos ou partidários e é constituída por todos os naturais da Guiné-Bissau e pessoas de outras nacionalidades que comungam dos objectivos definidos nos seus Estatutos.

São alguns dos seus objectivos:

A realização de eventos sócio-culturais, tais como cursos de formação, conferências, palestras, seminários, simpósios, criação de áreas de pesquisas, de biblioteca e centro de documentação, intercâmbios culturais com outros países (Art. 2º, b);

A realização de actividades recreativas e desportivas, apresentação de espectáculos e comemorações (Art. 2º, c);

Defender e promover os direitos e interesses dos naturais da Guiné-Bissau e seus descendentes em tudo quanto respeite à sua valorização, de modo a permitir a sua plena integração e inserção (Art. 2º, g);

Promover e estimular as capacidades próprias, culturais e sociais das comunidades dos naturais da Guiné-Bissau e seus descendentes (Art. 2º, i);

Promover, divulgar, conservar e preservar a cultura guineense em Portugal (Art. 2º, l);.

No âmbito das suas competências e enquadrado no artigo supra citado dos seus estatutos, a CGBC pretende organizar por ocasião das comemorações da semana da Guiné, alusivo a data de 24 de Setembro, dia da Independência Nacional da Guiné-Bissau, um conjunto de actividades lúdico-culturais.

É neste sentido que vem solicitar a colaboração de V. Exª não só na divulgação desta iniciativa que terá lugar, de 18 a 24 de Setembro, em Coimbra.

Deste modo vinha solicitar-lhe que nos pusesse em contacto com amigos que possam ter fotografias, slides e videos sobre a Guiné ou sobre a guerra colonial e que estejam dispostos a disponibilizar temporáriamente este material para a montagem de uma exposição que, em princípio, seria inaugurada no dia 18 de Setembro, devendo prolongar-se até ao dia 18 de Outubro, de acordo com um programa que está a ser revisto e que contamos enviar a V. Exª dentro de pouquissimo tempo.

Sem outro assunto
Com os melhores cumprimentos

O Presidente da Direcção da Casa da Guiné-Bissau em Coimbra
Julião Soares Sousa

2. Apelo

Quem tiver material (fotografias, slides e videos) que julgue ser útil para estar patente na Exposição da Casa da Guiné-Bissau em Coimbra e queira disponibilizá-lo para o efeito, deverá contactar esta Associação para o endereço casadaguinecoimbra@gmail.com
CV
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Vd. Poste de 8 de Julho de 2008, referente à tomada de posse dos novos orgãos sociais da CGBC > Guiné 63/74 - P3033: Convite (6): Tomada de posse dos Orgãos Sociais da Casa da Guiné-Bissau em Coimbra

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Guiné 63/74 - P3128: Antropologia (8): Exposição Bijagós no Museu Afro Brasil, São Paulo

Mensagem do dia 22 de Julho de 2008 da Casa da Guiné em Coimbra (1), recebida no nosso Blogue:

Exposição Bijagós - A arte dos povos da Guiné-Bissau, no Museu Afro Brasil
São Paulo, início 19 de Julho de 2008








Máscara Vaca-Bruto, madeira policromada, chifre, vidro e fibra vegetal



Bijagós: mestres da escultura

A Associação Museu Afro Brasil e a Secretaria de Estado da Cultura apresentam a exposição Bijagós – a arte dos povos de Guiné-Bissau, em cartaz no Museu Afro Brasil de 19 de Julho a Novembro de 2008. São exibidas 78 peças de uso ritualístico e em festividades, todas elas recém adquiridas pela instituição. Com curadoria de Emanoel Araújo, a mostra reúne máscaras, adornos de cabeça, de costas e de braço, estatuetas, lanças e espadas confeccionadas pelos povos Bijagós, habitantes das ilhas da costa de Guiné-Bissau, na região mais ocidental do continente africano. A exibição é acompanhada de catálogo, textos de parede e acções educativas.

As obras produzidas pelos Bijagós têm o reconhecimento crítico internacional pelas qualidades e particularidades escultóricas. A equipa do Museu Afro Brasil criou vitrinas especialmente para a exposição em uma das salas no primeiro pavimento da instituição.

A exposição, segundo Emanoel Araújo, centra-se mais nos aspectos artísticos do que em questões antropológicas. As peças, adquiridas em Portugal, proporcionam ao público uma visão abrangente do que os Bijagós realizam artisticamente e para efeitos de religião e festividades.

O encanto das obras atrai o espectador pela habilidade técnica, uso de materiais diversos e as representações às quais recorrem os povos Bijagós. As referências à natureza nas peças são abundantes. Muitas obras, feitas com madeira, fibras vegetais, tecidos e metais, remetem aos tubarões, peixes-serras, vacas, hipopótamos, pelicanos, etc. Chamam a atenção ainda o domínio das cores e a liberdade expressiva.

Para o professor da Universidade Nova Lisboa, membro da Academia de História e da Academia Nacional de Belas Artes de Portugal, Mário Varela Gomes, a actividade artística dos povos Bijagós não é uma profissão, mas uma vocação que responde ao carácter sócio-religioso. Em texto produzido para a exposição no Museu Afro Brasil, afirma que:

- Podemos concluir que a florescência artística dos Bijagós, documentada ao longo de mais de um século, onde a fantasia, a exuberância e a liberdade se fundem e tanto a caracteriza, se deve à presença do mar como elemento dominante da cultura.

Obras expostas

Lanças e espadas
São esculpidas em madeira e utilizadas em cerimónias tanto por rapazes como pelas jovens. A decoração é feita com cores ou escurecidas a fogo. Medem de 1,10 a 1,60m.

Máscaras
Muito frequentes nas festividades, a mais divulgada é a designada por Vaca Bruto, que representa uma cabeça de boi. Talhada em madeira, com chifres autênticos, olhos de fundos de garrafa. Há máscaras que representam ainda tubarões, porcos, hipopótamos e outros animais.

Adornos de cabeça para dança
Os adornos revelam bem a fantasia e a liberdade de temas escolhidos pelos Bijagós. São confeccionadas com madeira policromada, fibra vegetal, tecido, chifre, couro.

Adornos de costas para dança
São utilizados em festas e alguns medem mais de um metro de comprimento. A variedade na representação é grande: tubarão, pássaro, barco, vaca, hipopótamo. São realizados com madeira policromada, tecido, fibra vegetal e espuma.

Adornos de braço para dança
Discos de madeira com orifício central utilizados pelas moças e rapazes dos povos Bijagós. O material utilizado para a confecção das peças é a madeira policromada e entalhada.

Estatuetas
As peças pertencentes ao acervo do museu representam figuras femininas. As esculturas foram feitas com madeira e têm carácter religioso.







Adorno de Braço Egborá, madeira policromada




Os Bijagós somam mais de 27 mil pessoas e integram a República da Guiné-Bissau, situada na costa ocidental africana, banhada pelo Oceano Atlântico. Os povos encontram-se milenarmente em cerca de 88 ilhas e ilhotas próximos do estuário do Rio Geba, o qual banha a capital do país, Bissau. Guiné-Bissau, ex-colónia portuguesa declarou independência unilateralmente em 1973, após conflitos violentos.

Os Bijagós têm uma língua própria, apesar de o português ser considerado de domínio nacional. A palavra a qual dá nome à cultura significa o povo perfeito.

A Unesco reconheceu a região como Reserva Biosférica em 1996.





Máscara Égomore, madeira policromada e fibra vegetal



Mesmo com o esforço secular da islamização e da cristianização, a maioria dos povos Bijagós possui uma religião em que a divindade suprema é Nindo ou Iani, o que se traduz em o céu ou a claridade solar. O papel protagonista da mulher é fundamental para a compreensão da religião.

Há estudiosos que creditam aos Bijagós o termo de escultores dos espíritos pelo domínio técnico, artístico e religioso conferido aos objectos sacros ou receptáculos, conhecidos como irãs.

Entre os Bijagós há oito classes de idades que correspondem a períodos de evolução espiritual e social. Os objectos exibidos na exposição do Museu Afro Brasil podem servir de exemplo para a compreensão de suas particularidades e utilizações por faixa etária e de sexo em rituais específicos de passagem de uma faixa etária à outra, que varia segundo o gênero. Os Bijagós acreditam que depois da morte a alma vagueia na selva até assentar-se numa escultura, que também é chamada de espaço estável.
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Notas de CV

(1) - Vd. poste da tomada de posse do Doutor Julião Soares Sousa como Presidente da Casa da Guiné-Bissau em Coimbra, de 8 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3033: Convite (6): Tomada de posse dos Orgãos Sociais da Casa da Guiné-Bissau em Coimbra

(2) - Vd. último poste da série 23 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3089: Antropologia (7): As tabuinhas das escolas corânicas: tradutor de árabe, precisa-se (A. Santos / Luís Graça)