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sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Guiné 61/74 - P20609: Banco do Afeto contra a Solidão (25): Comandei um secção de morteiros em Gadamael Porto, fiquei surdo e recebo 37 euros mensais, inicialmente pagos pela Caixa Nacional das Doenças Profissionais (Mário Gaspar, ex-Fur Mil At Art, Minas e Armadilhas, CART 1659, Gadamael e Ganturé, 1967/68)


Cópia do cartão de beneficiário por doença profissional


Foto: © Mário Gaspar  (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Mensagem,  enviada hoje às 2h45, do nosso amigo e camarada Mário Gaspar, ex-Fur Mil At Art, Minas e Armadilhas, CART 1659, Gadamael e Ganturé, 1967/68:


Caras Amigas e Caros Amigos

Comandei uma Secção de Morteiros em Gadamael Porto, Sul da Guiné, bem perto da fronteira da Guiné Conacri. Fiquei Surdo e recebo 37 euros mensais, inicialmente pagos pela Caixa Nacional das Doenças Profissionais, mas devia ter esse direito como Deficiência de Guerra.

Foi simples: foram tantos as granadas saídas do morteiro que comandava, descuidei-me e encerrei a boca, e os tímpanos deram sinal.

Já passou… O poema [, que anexo,  já aqui publciado em tempos, ] é de Guerra Junqueiro Ou melhor, "O Morteiro" é um paródia a "Lágrima" de Guerra Junqueiro, incluído no Relatório de combate de 9 a 12 de Abril de 1918 - Lembranças, caderno manuscrito por Raul Pereira de Araújo, alferes de Artilharia, sobrevivente da Batalha de La Lys. (**)

NOTA: De qualquer modo vai em Anexo o Cartão de Doenças Profissionais. Por exemplo – para quem não sabe – governos consideraram que um Combatente é e foi um Trabalhador no Serviço Militar. Enganaram-se decerto… E ninguém deu pelo engano...

Acabaram com o Jornal “Ridículos” e com “Parodiantes de Lisboa”.

E esta?


(...) "O morteiro", paródia à "Lágrima" de Guerra Junqueiro
(Mota, 2006, pp. 104-107)

Noite de frio intenso, uma trincha escavada,
Lúgubre, sepulcral, agoirenta... e mais nada,
Trincheira onde a morte apanha vis pancadas
Em banquetes de sangue arrancado em ciladas
Na trincha oposta, onde o boche reina e impera
Em rasgos e expansões de forte besta-fera.
Um oficial audaz, olho do batalhão,
Descobriu, dum morteiro grosso, a posição,
Maquinismo feroz que se cumpre o dever,
Ao perto e ao longe tudo faz estremecer. (...)


domingo, 28 de outubro de 2018

Guiné 61/74 - P19144: Armamento (6): Morteiro médio 81 e morteiro pesado 107 (Luís Dias / Luís Graça)



Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Sector L1 (Bambadinca) > CCS/BART 2917 (1970/72) > O espaldão do morteiro 81.

Foto (e legenda): © Benjamim Durães (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > 1968 > CCS/ BCAÇ 1933 (1967/69) >  Espaldão do morteiro 10.7 (tubo com estrias, enquanto o morteiro 81 tem a alma lisa...).

Foto (e legenda): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Guiné > Região de Quínara > Buba > c. 1969/71 > O Fernando Oliveira, "Brasinha", ex-sol apont Arm Pes Inf, Pel Mort 2138 (Buba, Aldeia Formosa, Nhala, Mampatá e Empada, 1969/71) pesadas de infantaria, do Pel Mort 2138 (Buba, 1969/71), no espaldão do morteiro 81, com uma granada.

Foto (e legenda): © Fernando Oliveira ("Brasinha") (2018). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3ª CART / BART 6520/72 (1972/74) > Montando segurança próxima do "porto fluvial": o morteiro 81, na margem direita do rio Fulacunda...

Foto (e legenda): © José Claudino da Silva (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. A malta sabia pouco das "armas dos outros": os infantes, por exemplo, não sabiam nada de artilharia (por ex., obuz 10.5,  obus 14, peça 11.4)... Os "artilheiros", por sua vez,  não sabiam (nem tinham que saber) nada de morteiros, uma arma de infantaria...  E por aí fora, até chegar aos pilav, aos fuzos, aos páras...

Os "atiradores" sabiam da sua "canhota", a G3 (, desmontra, limpar, montar, usar...)  e chegava... Hoje, já de nada disso nos serve, saber a distinção entre tubos de alma lisa (morteiro 81) e tubos com estrias (morteiro 107), por exemplo, São coisas que, felizmente, não vão ser precisas lá no Olimpo dos deuses e dos heróis, onde todos temos um lugar reservado, pelo menos os camaradas da Guiné. Por outro lado, estas armas são hoje peças de museu...

Mesmo assim, ainda há um uns "maduros", como eu, que vão gastando o seu latim com a discussão do sexo dos anjos... Já não me pergunto nem respondo à pergunta se vale a pena... Se perguntasse e respondesse, já tinha fechado a loja... (Felizmente, que o não posso fazer, porque o blogue não é meu, é do Luís Graça & Camaradas da Guiné, do Carlos Vinhal, do Virgínio Briote, do Eduardo Magalhães Ribeiro, do Jorge Ara+ujo e tantos mais, ao todo, 779, entre vivos e mortos.)

De qualquer modo, o saber não ocupa lugar nem aumenta o peso da alma... Quando formos para os anjinhos, vamos todos nuinhos, sem botas, bem farda, sem quico, sem a G3, sem os cantis, o cinturão, as cartucheiras... Mas nunca se sabe se o sacrista (sem ofensa...) do São Pedro nos prega a partida e não nos obriga a fazer um teste de conhecimentos  ou até mesmo um teste psicoténico... É que nem todos entram, e há quem se atreva a meter cunhas...

Pelo sim, pelo não, tomem lá boa nota das características das duas armas: sobre o morteiro 81 temos já uma dúzia de referências; sobre o morteiro 107 (, que não existia em todos os aquartelamentos, contrariamenet ao morteiro 81) temos menos referências: não chegam à  meia dúzia  (LG). (*)

O TPC é do Luís Dias, de quem já não tenho notícias há muito , e para quem mando um grande alfabravo (***).

MORTEIRO MÉDIO BRANDT m/931 de 81mm

Tipo:  Morteiro médio
Origem: França
Calibre: 81, 4 mm
Comprimento do cano ou tubo: 126 cm
Peso do cano: 20, 7 Kg
Peso do bipé: 18, 5 Kg
Peso do prato base: 20, 5 Kg
Peso do aparelho de pontaria: 1,3 Kg
Peso total em posição de fogo: 61 Kg
Alcance: 4 000 m
Alinhamento de tiro: Recurso a aparelho de pontaria apropriado
Capacidade de fogo: Variável, entre 15 a 30 granadas por minuto
Funcionamento: Ante carga, com percutor fixo e de tubo de alma lisa. O disparo dá-se por queda da granada sobre o percutor e o lançamento por acção dos gases da carga propulsora e das cargas suplementares, se as houver.
Munição: Variada: granada explosiva normal (3, 2 Kg), explosiva de grande potência (6, 9 Kg), de fumos, iluminação e de treino... As granadas podiam levar cargas suplementares presas nas alhetas que lhe davam um maior alcance. Havia granadas que armavam por inércia e só depois disso é que rebentavam ao contacto e outras que rebentavam pelo contacto da mola do nariz.

Tudo isto desmontadinho, dá 60 kg, fora as granadas... Agora imaginem o que é levar tudo isto às costas em operações no mato!... Com turras, abelhas, formigas carnívoras e capim a arder, atrás de nós!... (**)

Diz o nosso especialista em armamento, o Luís Dias (***), que o principal morteiro médio utilizado na guerra colonial foi o Brandt m/931, desenvolvido por esta firma em França, no final dos anos 20 (1927), (ainda que baseado no desenho do morteiro Stokes, de origem inglesa,) e conhecido como o Brandt 81 mm ml/27/31 (por ter sido redesenhado em 1931). Foi o morteiro das forças francesas na II Guerra Mundial. Depois da ocupação nazi foi utilizado pelas forças alemãs a contento e deu origem a um morteiro do mesmo tipo norte-americano e muitas cópias pelo mundo fora.

MORTEIRO PESADO M2 M/951 [ou M2 4.2 inch mortar]

Tipo: Morteiro pesado
Origem: EUA
Calibre: 107 mm
Comprimento do cano: 121,92 cm
Peso do cano: 48 kg
Peso do bipé: 24 kg
Peso do prato base: 79 kg
Peso total em posição de fogo: 151 Kg
Alcance máximo: 4 400 m
Alcance mínimo: 515 m
Alinhamento de tiro: Recurso a aparelho de pontaria apropriado
Capacidade de fogo: 5 granadas por minuto, por períodos de 20 minutos.
Funcionamento: Ante carga, com percutor fixo
Munição: Granada explosiva (11,1 Kg c/3,6 Kg TNT) e de fumos.

O primeiro morteiro pesado M2 entrou ao serviço das forças dos EUA, em 1943, embora o primeiro morteiro de 107mm, o M1, tenha sido introduzido em 1928. O M2 entrou em serviço na Campanha da Sicília e com grande êxito, seguindo o acompanhamento da evolução da IIª Guerra Mundial até ao seu término. Fez ainda a Guerra da Coreia e, a partir de 1951 foi, gradualmente, sendo substituído pelo morteiro M30, também de 107mm. No exército português foi nesta data que entrou ao serviço e acompanhou toda a campanha de África da guerra colonial.
____________

Notas do editor:

(*) Vd. postes de:

15 de outubro de 2018 > Guiné 61/74 - P19102: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte XLVII: Armamento: Morteiro 81 e morteiro 60, São Domingos, 1968

4 de fevereiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18283: Buba e os pelotões de morteiro 81 no período entre 1964 e 1974: um espaldão com história (Jorge Araújo)

19 de janeiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18226: Memória dos lugares (370): Buba e o espaldão do morteiro 81 onde eu dormia... (Fernando Oliveira, "Brasinha", ex-sol apont Arm Pes Inf, Pel Mort 2138, Buba, Aldeia Formosa, Nhala, Mampatá e Empada, 1969/71)

(**) Vd. poste de 8 de junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8388: A minha CCAÇ 12 (18): Tugas, poucos, mas loucos...30 de Março-1 de Abril de 1970, a dramática e temerária Op Tigre Vadio (Luís Graça)

(...) Participaram na Op Tigre Vadio as seguintes forças (num total de 300 homens, incluindo carregadores civis que transportaram 2 morteiros 81, granadas de morteiro 81 e de bazuca, ... mas alguém se esqueceu dos jericãs com o precioso líquido chamado... água!) (...)

21 de Janeiro de 2010 > Guiné 63/74 – P5682: Armamento (1): Morteiros, Lança-Granadas, Granadas e Dilagrama (Luís Dias)

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Guiné 61/74 - P19102: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte XLVII: Armamento: Morteiro 81 e morteiro 60, São Domingos, 1968



Foto nº 1A  > Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > 1968 > Espaldão  do morteiro 81.



Foto nº 1  > Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > 1968 > Espaldão  do morteiro 81.


Foto nº 2  > Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > 1968 > Espaldão  do morteiro 10.7 (tubo com estrias; o morteiro 81 tem a alma lisa...).



Foto nº 2A > Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > 1968 > Pormenor do tubo do morteiro 10.7 (ampliando a imagem, vê-se que o tubo tem estrias, não é de alma lisa).


Foto nº 3  > Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > 1968 >Abrigo  morteiro 81. > Aqui dormima 3 homens e 1 cão rafeiro.


Foto nº 4  > Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > 1968 > Apontador do morteiro 81. >


Foto nº 5  > Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > 1968 > Sinulação de lançamento de uma granada de morteiro 81. > O Virgílio Teixeira mais o Pinto Rebolo (e não Rebelo...), "o Gordo"-
l

Foto nº 6  > Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > 1968 > O morteiro 81


Foto nº 16  > Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > 1968 > Espaldão do morteiro 60 > O Virgílio Teixeira


Foto nº 17  > Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > 1968 > Esp+aldão do morteiro 60 > O Virgílio Teixeira


Foto nº 18  > Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > 1968 >  O Virgílio Teixeira sentado no abrigo do morteiro 81-


Guiné > CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, set 1967/ ago 69 > Abrigos de morteiro

Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do Virgílio Teixeira (*), ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, set 1967/ ago 69); natural do Porto, vive em Vila do Conde, sendo economista, reformado; tem já cerca de 90 referências no nosso blogue.

Guiné 1967/69 - Álbum de Temas > T901 – AS NOSSAS ARMAS DE DEFESA > ARMAMENTO FIXO E MÓVEL > SÃO DOMINGOS E NOVA LAMEGO - Parte I


Caros companheiros e camaradas:

É com grato prazer que venho levar até vós, mais alguns temas, fotos, estórias e histórias de trabalho, lazer, convívios e copos de grande camaradagem com o pessoal, civil e militar, enfim passagens pelo nosso ex-CTIG, Comando Territorial e independe da Guiné.

O meu novo formato passa a ter um tema de base e a seguir juntando mais alguns outros que se possam encaixar no principal, sem deixar de cuidar este, e assim ‘vou-me libertando de tantas dezenas de fotografias’ que de uma só vez, seria difícil obter um bom resultado.

Em cada caso, faz-se um pequeno introito sobre o Tema, sobre a Unidade operacional à qual o autor pertenceu, o seu percurso, os meios disponíveis, o que foi feito e deixado por fazer, tendo sempre a consciência do dever cumprido, dentro do possível.

I - Anotações e Introdução ao tema:

O tema de hoje, tem a ver com o material de guerra, as nossas armas de defesa fixas e algumas transportáveis. Este é um assunto que apenas apresento como informação, nada tendo a ver com a minha actividade e função militar.

Fiz as fotografias possíveis, muito mais ficou por fazer, mas o que apresento é apenas uma ideia, quase completa do que era o nosso armamento.

Não faço aqui alusão às nossas armas pessoais, a Espingarda automática G3 ou a Pistola pessoal Walter, pois já todos conhecem.

Também não se apresentam os carros blindados, as Daimler, Panhard, Chaimites ou Fox, pois já foi objecto de um tema separado e só dedicado a essas armas terrestres.

Nas minhas passagens e do BCAÇ 1933, por Terras de Nova Lamego – Gabu, durante os 5 primeiros meses, pouco ou nada tenho, pois não estava ainda na minha mente andar à procura do armamento, e depois já era uma cidade maior com outros motivos para as ocupações de lazer.

Passou um mês em Bissau, aquartelados no Depósito de Adidos, e também não foi ideia procurar e fotografar os armamentos disponíveis.

Ficaram os meses restantes, cerca de 18 meses, num local isolado, pequeno, com quase nenhuns motivos de interesse e com muito tempo livre para fazer ‘nada’.

Então é aí que vou percorrendo alguns pontos de interesse, mas longe de passar por todos os locais com armas fixas e respectivos abrigos ou ninhos.

Seleccionei algumas fotos, para não sobrecarregar os Temas, para não se tornarem pesados, retirei as fotos pesadas em formato TIF, guardando para outros fins.

Este é um percurso pelos vários postos de abrigos e ninhos de metralhadoras, de poços ou espaldões dos Morteiros e outro armamento.

Algumas fotos não são nada boas, mas os espaços disponíveis eram assim, escuros, pequenos, feios, mas sempre com boa disposição.

Para os veteranos, e para aqueles que nunca foram nada, nem sequer militares, ficam estas imagens, singelas, mas para se perceber as condições muito difíceis em que muitos dos nossos sacrificados soldados, viviam ou apenas sobreviviam, em buracos.

Espero que gostem, pois para mim já ficava por satisfeito.

II – Introdução às Legendas:

Nota:

O primeiro parágrafo da legendagem explica o que significa a foto. Já nos seguintes, são notas e observações que faço em relação à história e contexto de cada foto no seu tempo.

As fotos são numeradas e seguidas por ordem, por vezes saltando alguns números para deixar folgas para novas fotos, e estão legendadas, seguindo uma ordem mais ou menos cronológica, quando possível, a ter em atenção alguns pontos:

Assim:

A descrição é sintética, lembra Quando, Como, Onde, O quê.

- Algumas têm apenas o ano, quando não é possível identificar a data certa;

- Outras podem conter o mês e ano, quando não é possível determinar o dia;

- Algumas dizem o dia certo, pois isso está escrito na foto ou em qualquer lugar.

Os locais dos eventos, normalmente são:

- Nova Lamego, NLamego – Abreviatura de Nova Lamego, NL – Sigla mais pequena de NL

- São Domingos, SDomingos – Abreviatura de São Domingos, SD – Sigla de São Domingos

III - Legendas das fotos:

F01 – O poço, ou espaldão como também se designam, e o abrigo de um Morteiro 81.

Junto ao poço, aberto em frente à messe de oficiais, ao lado do armazém de medicamentos, em frente aos armazéns de víveres, estava tudo muito concentrado.

Tinha como protecção, uma fileira abaixo do piso, com bidons vazios de gasolina, depois cheios com cascas de ostras, terra, algum cimento e está uma fortaleza. Outra barreira dos mesmos bidons, a proteger as traseiras do abrigo, não faltando como é claro, o insubstituível garrafão de vinho, empalhado, mas de certeza já vazio.

O poço é um buraco aberto no terreno, com a altura de um homem, e um diâmetro que posso calcular em dois metros. O morteiro é colocado no centro do buraco, com possibilidades de rodar e fazer fogo a longa distância em direcção ao IN.

Utiliza como projéctil, uma granada de morteiro, de diâmetro 81 com carga explosiva.

O mais trágico e doloroso, é que as munições – as granadas – estão também elas no mesmo buraco, pois a seguir ao poço aberto, fazem-se galerias debaixo do solo, de comprimento grande, onde são armazenadas as granadas.

E para além disso, estão as instalações dos municiadores e operadores do Morteiro, por ali vão vivendo o seu tempo debaixo de terra. Acho que são 3 os operadores, mas não tenho a certeza. Fui lá abaixo ver com os meus olhos aquelas condições desumanas onde viviam alguns militares, homens como eu e como os outros.

Para acabar, caso o IN nas suas flagelações acertasse com uma granada dos seus morteiros 82, ou de bazookas ou de canhão sem recuo, dentro do poço, é óbvio que aquilo ia tudo pelos ares, abrigo, munições e todo o pessoal que lá se encontrava. Não soube se aconteceu.

Foto captada em São Domingos durante o ano de 1968.

F02 – Aspecto de um Morteiro 81, no respectivo poço ou espaldão, e abrigo. Foto captada em São Domingos durante o ano de 1968.

F03 – Aspecto de uma vivenda de luxo para 3 pessoas, plantada no meio de nada. Poço de morteiro 81. Visualização de longe, os contornos e a miragem!

A pequena elevação que se vê está suportada em troncos de palmeira, depois cheios de cascas de ostras ou outros materiais, terra vermelha e massa, e talvez algum cimento. Aquele espaço está ocupado com as camas de ferro onde dormem ou descansam os 3 homens.

Curiosamente têm a companhia ou a guarda de um cão rafeiro que por ali se passeia sem trela, ainda não eram como hoje tratados quase como seres humanos!

Foto captada em São Domingos durante o ano de 1968.

F04 – O Morteiro 81 vai mandar uma ‘ameixa’ para o IN.

Trata-se de uma cena para uma fotografia apenas, o IN não está à vista.

Este Soldado ou Cabo, tantas vezes lá fui, e não sei o Estatuto dele, pois nunca andava vestido, só de calções. É o apontador e municiador do Morteiro, era um gajo porreiro, uma pena que tenho é desconhecer o nome dele. Ele pertence ao nosso Batalhão, não tem nada a ver com o Pelotão de Morteiros de Nova Lamego.

Ele não conhece estas fotos, pois são de slides, as de cor, e esses nunca mostrei a ninguém, pois só mandava revelar o rolo nas férias ou no final da comissão.

Foto captada em São Domingos durante o ano de 1968.

F05 – Tentativa de mandar uma morteirada para o outro lado.

É uma foto apenas, sou eu e o meu Furriel do Conselho de Administração  – o Pinto Rebolo – mais conhecido pelo Gordo – era assim que já era tratado no antigo Instituto Comercial do Porto. Fomos muito amigos, ele veio e encontramo-nos muitas vezes no Porto, era Delegado de Propaganda Médica, depois formou-se em Direito e exerceu advocacia. Acho que tem um problema grave, mas vai aparecendo nos almoços do batalhão.

Foto captada em São Domingos durante o ano de 1968.

F06 – Abrigo, poço e Morteiro 81, noutro local.

Já vi esta foto várias vezes e tentei compará-la, parece mais um Morteiro 60, por causa do Prato, mas depois ampliando acabo por reconhecer o 81mm. Foto captada em São Domingos durante o ano de 1968.


F16 – Abrigo e Morteiro 60.

Trata-se de um Morteiro 60, pois a base do prato é pequena, utilizado mais em operações externas, e transporte aos ombros, com os projécteis a serem transportados ou carregados por outros militares.

Foto captada em São Domingos durante o ano de 1968.


F17 – Poço. Abrigo e Morteiro 60mm.

Nota:

A foto enviada tem a repetição do nº 16 (anterior). Esta é de 1969 a cores.

Trata-se de mais um abrigo e poço de morteiro 60mm, resguardado em condições miseráveis, sem o mínimo de dignidade. Basicamente é um poço aberto, de menos de 2m de diâmetro, suportado com uma estrutura de troncos de palmeira, terra amassada e cascas de ostras.

Como se vê é tudo muito básico, novamente os bidões vazios de gasolina, cheios também com terra vermelha amassada, e as inevitáveis e omnipresentes ‘cascas de ostra’ que sendo tão duras fazem um excelente ‘abrigo’ contra morteiros e bazucas.

Podem ver-se os dormitórios enterrados no solo, para os operadores das armas.

Foto captada em São Domingos durante o 1º. Trimestre do ano de 1969.


F18 – Um ‘poço-abrigo’ do Morteiro 81mm, visto do lado de fora, com uma precariedade de bradar aos céus.

Trata-se de uma foto, tirada do outro lado, não de dentro, mas visto de fora, demonstrando a fragilidade com que tudo era feito, com o aproveitamento integral das matérias disponíveis sem recurso a grandes gastos.

Os bidões são as sobras depois de esgotada a gasolina que transportam, são de chapa e com alguma resistência. Depois são cheios com cascas de ostras, que são os restos do que fica depois de comer o conteúdo, é um aproveitamento integral dos restos, com impacto ambiental. Tudo misturado com a terra vermelha, bem amassada e regada com uma mistura de água e cimento, e está feito. Para o restante há as coberturas feitas com troncos de palmeira, são matéria-prima local, é só cortar e entrelaçar os toros, cobertos com a mesma coisa que os bidões, e tudo feito a custo zero, com a força de braços dos nossos rapazes.

Foto, com data, captada em São Domingos no dia 23 de Agosto de 1968.


«Propriedade, Autoria, Reserva e Direitos, de Virgílio Teixeira, Ex-alferes Miliciano do SAM – Chefe do Conselho Administrativo do BATCAÇ1933/RI15/Tomar, Guiné 67/69, Nova Lamego, Bissau e São Domingos, de 21SET67 a 04AGO69».


NOTA FINAL DO AUTOR:

As legendas das fotos em cada um dos Temas dos meus álbuns, não são factos cientificamente históricos, por isso podem conter inexactidões, omissões e erros, até grosseiros. Podem ocorrer datas não coincidentes com cada foto, motivos descritos não exactos, locais indicados diferentes do real, acontecimentos e factos não totalmente certos, e outros lapsos não premeditados. Os relatos estão a ser feitos, 50 anos depois dos acontecimentos, com material esquecido no baú das memórias passadas, e o autor baseia-se essencialmente na sua ainda razoável capacidade de memória, em especial a memória visual, mas também com recurso a outras ajudas como a História da Unidade do seu Batalhão, e demais documentos escritos em seu poder. Estas fotos são legendadas de acordo com aquilo que sei, ou julgo que sei, daquilo que presenciei com os meus olhos, e as minhas opiniões, longe de serem ‘Juízos de Valor’ são o meu olhar sobre os acontecimentos, e a forma peculiar de me exprimir. Nada mais. 

Acabadas de legendar, hoje,

Em, 2018-10-05

Virgílio Teixeira

_____________

Nota do editor:

Último poste da série > 7 de outubro de 2018 > Guiné 61/74 - P19078: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte XLVI: Fortaleza da Amura, Quartel-General, Bissau, junho de 1969.

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Guiné 61/74 - P18214: Pelotões de Morteiros mobilizados para o CTIG: elementos históricos e estatísticos (Jorge Araújo)



 Oito símbolos de Pelotões de Morteiro (retirados da Net) que ainda não têm referências no nosso blogue 

Os modelos de Morteiros usados no CTIGuiné foram: o morteiro médio Brandt de 81mm (francês), imagem acima, e o morteiro 10,7 cm (americano).

Sobre o primeiro modelo consultar, também, o sítio Museu da Vitória - Brigadeiro Nero Moura




Jorge Alves Araújo, ex-fur mil op esp/ranger,  CART 3494 (Xime-Mansambo, 1972/1974)


PELOTÕES DE MORTEIROS MOBILIZADOS PARA A GUINÉ (1961-1974) - ELEMENTOS HISTÓRICOS E ESTATÍSTICOS [CORRIGIDOS E AUMENTADOS]

por Jorge Araújo



1. INTRODUÇÃO

Na condição de ex-combatente miliciano no TO do CTIGuiné (1972/1974), determinada pela conjuntura política vigente nesse tempo ou nessa época, cativa-me participar neste plenário virtual (electrónico) a que o seu fundador deu o nome de «Tabanca Grande». E é Grande, de facto, como provam os dezoito mil postes contabilizados no dia em que se atingiu a expressiva cifra de dez milhões de visitas ou visualizações (21Nov2017 às 18h47). Pela quantidade do seu valioso espólio estamos perante um verdadeiro Serviço Público aberto a todas as comunidades… e que continua o seu processo de crescimento.

Por outro lado, como membro tertuliano e comungando dos mesmos objectivos didácticos do seu colectivo, cativa-me também poder partir da percepção do já acontecido, do já sentido e do já divulgado ou publicado, e adicionar-lhe algo mais, o que anda disperso, ou aquilo que resulta do seu aprofundamento, estudo ou investigação nesta área – a da ciência militar – da qual possuo uma reduzida competência teórica.

Dito isto, o presente trabalho nasce de um desejo/pedido do editor e camarada Luís Graça endereçado
ao nosso novo Tabanqueiro (761.º), Carlos Vieira, ex-fur mil do Pel Mort 4580 (Bafatá, 1973/74), a quem envio um abraço de boas vindas. O pedido foi formulado no P17993, em comentário, nos seguintes termos… “Carlos, quantos Pelotões de Morteiro passaram pelo TO da Guiné, entre 1961 e 1974? Podemos saber, mas para já só temos referências a 19 Pel Mort, e nalguns casos muito escassas…”.

Sem prejuízo da participação do camarada Carlos Vieira neste ou noutros temas, pois será sempre bem-vindo, o que acontece é que este estudo, sobre este mesmíssimo levantamento, eu há já algum tempo o tinha realizado.

Ao estruturar o presente texto, encontrei um trabalho académico semelhante, mas mais completo pois incluía os três TO, realizado por um estudante da Academia Militar que, como é do conhecimento público, é uma Unidade Orgânica Autónoma do Instituto Universitário Militar.

Trata-se do “Relatório Científico Final do Trabalho de Investigação Aplicada” com o título: «Estudo estatístico sobre a mobilização de unidades da Arma de Infantaria durante a Guerra de África (1961-1974)», sendo seu autor o Aspirante de Infantaria José Luís Pires Ferreira, estudo concluído em Julho de 2015 (capa ao lado).

Ao confrontar este trabalho académico com o meu, constatei existiram discrepâncias nas estatísticas, pelo que hesitei sobre qual deles deveria fazer uso neste fórum: o académico ou o meu. Mas, enquanto membro da academia, na qualidade de docente universitário, não podia aceitar que se continuasse a manter os erros históricos e estatísticos, por uma questão de princípio deontológico (a segunda condição).

Assim, partindo da mesma premissa temática, decidi acrescentar o que estava em falta, e corrigir o que não estava bem, apresentando a competente justificação para cada caso. Por este facto, espero ser perdoado pelo Oficial de Infantaria José Ferreira.

Este seu trabalho pode ser consultado no poprtal RCAAP - Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal


2. O PORQUÊ DESTA INVESTIGAÇÃO

José Ferreira, autor do estudo, no ponto 1.2 - Importância da investigação e justificação do tema -, refere que “dos trabalhos publicados em Portugal sobre a história da guerra de África (1961-1974), nenhum abordou a mobilização das unidades da Arma de Infantaria, que foram constituídas no dispositivo territorial do Exército, do Continente, da Madeira e dos Açores, e depois enviadas para os três Teatros de Operações.

O estudo publicado pela comissão para o estudo das campanhas de África (CECA) e a obra “Os anos da guerra Província Ultramarina” [“Os Anos da Guerra Colonial”] da autoria de Carlos de Matos Gomes e Aniceto Afonso, reúnem dados e analisam diversas dimensões sobre a guerra, mas não foram estudos dedicados especificamente à mobilização. Julgamos pertinente analisar o esforço de mobilização para cada um dos TO, a sua evolução ao longo do período da guerra, bem como aspetos particulares sobre a tipologia das unidades mobilizadas pela Arma de Infantaria.

O presente trabalho visa revelar conhecimento novo e permitir retirar conclusões sobre os períodos de maior ou menor esforço de mobilização para cada TO, bem como conhecer a tipologia de unidades mais utilizadas durante o conflito ultramarino detalhando este processo, relativamente a cada um dos três TO. Este trabalho vem assim enriquecer o historial da Arma de Infantaria.

2.1 RESUMO DA INVESTIGAÇÃO

No trabalho de Investigação Aplicada acima referido, José Ferreira apresenta-o fazendo um resumo do que nele aborda. “Através desta investigação pretende-se caracterizar a tipologia das unidades mobilizadas pela Arma de Infantaria, com base no recrutamento e mobilização feito em Portugal continental e nos arquipélagos dos Açores e Madeira, bem como compreender o esforço de mobilização realizado por esta arma, quer através do ritmo de mobilização ao longo do período da guerra, quer ao nível das unidades territoriais que mobilizaram forças durante a guerra para cada um dos Teatros de Operações [TO], durante o período em estudo. É de relevante pertinência a realização desta investigação, pela possibilidade de retirar conclusões sobre os períodos de maior e menor esforço de mobilização (não considerando as unidades de intervenção e as de guarnição normal) em cada Teatro de Operações bem como conhecer a tipologia das unidades empenhadas durante o conflito ultramarino”.

2.2 MOBILIZAÇÃO DE PELOTÕES DE MORTEIROS PARA A GUINÉ

Encontrando-se o trabalho organizado por TO, no ponto 5.5 é apresentada a competente estatística, relativa à Guiné, de modo diacrónico (figura 25) e comentados os resultados obtidos.

Assim, segundo o autor, “o início da mobilização de PelMort iniciou-se em 1962 [errado] e até 1967 o ritmo de mobilização foi pouco variável. Em 1969 ocorreu a maior mobilização desta tipologia, nove unidades foram enviadas para o TO da Guiné [errado]. [Omite 1970]. A partir de 1971 até 1973 o número de unidades mobilizadas foi sempre decrescente. Pela análise do gráfico seguinte verifica-se que foram mobilizados 60 PelMort [errado].

        _____________________________________________________________________________

Ferreira, José L. P. - «Estudo estatístico sobre a mobilização de unidades da Arma de Infantaria durante a Guerra de África (1961-1974)», op.cit. p 43.




2.3 ELEMENTOS HISTÓRICOS E ESTATÍSTICOS CORRIGIDOS

De seguida, apresentar-se-ão quadros estatísticos por anos, retirados do capítulo dos «Apêndices» [AP-37/38], onde se assinala as discrepâncias encontradas entre as duas investigações, a académica (Academia Militar) e a empírica (a minha).

Como elementos de prova, indicam-se as respectivas fontes.






"Diário do Alentejo", 18 de julho de 1961

Fonte: Blog BC 236, Guiné 61/63 (com a devida vénia)






Breve história do Pelotão de Morteiros 2138

“Tudo começou no dia 2 de Junho de 1969 em Chaves, sendo a unidade mobilizadora do Pelotão de Morteiros 2138 o Batalhão de Caçadores 10. Até ao dia 5 de Julho decorreu a instrução de adaptação operacional [IAO] na região de Boticas. De 7 a 16 de Julho foram gozados dez dias de licença antes do embarque para o então chamado Ultramar Português. No dia 17 teve início a segunda parte do IAO estando previsto para o dia 30 de Julho, no navio “Índia” o embarque para a Guiné, tendo o mesmo sido adiado para 13 de Agosto por avaria no navio. A viagem fez-se a bordo do navio “Uíge”, com chegada à Guiné no dia 18 e desembarque a 19 de Agosto de 1969 pela manhã”

[http://pelotaodemorteiros2183.blogs.sapo.pt/1706.html (de notar que os últimos dois algarismos do número do pelotão estão invertidos)].





Aproveitando o texto que serviu de base à análise estatística da figura 25, esta poderia ser, em função das correcções, a seguinte:

“O início da mobilização de PelMort iniciou-se em 1961 e até 1967 o ritmo de mobilização foi pouco variável. Em 1969 ocorreu a maior mobilização desta tipologia, dez unidades foram enviadas para o TO da Guiné. Em 1970 a mobilização foi atípica só com duas unidades. A partir de 1971 até 1973 o número de unidades mobilizadas foi sempre decrescente. Pela análise do gráfico seguinte verifica-se que foram mobilizados um total de 63 PelMort.


____________________________________________________________________________

Fonte: Adaptado de: Ferreira, José L. P. - «Estudo estatístico sobre a mobilização de unidades da Arma de Infantaria durante a Guerra de África (1961-1974)», op.cit. p 43.



3. PELOTÕES DE MORTEIROS MOBILIZADOS PARA A GUINÉ (1961-1974) COM E SEM REFERÊNCIAS NO NOSSO BLOGUE

Contabilizado, até à presente data, o número de Pelotões de Morteiro referenciados no blogue da «Tabanca Grande», este é igual a 19 (dezanove), a que corresponde uma percentagem de 30.2%, quando comparado com o universo dos Pelotões de Morteiros mobilizados para a Guiné (1961/1974). Com mais cinco unidades atingiremos 1/3.

A) - Pelotões de Morteiros com referências no Blogue (ñ19=30.2%)

16 – 17 – 19 – 912 – 942 – 1192 – 1208 – 1209 – 1242 – 2005 – 2106 – 2117 – 2138 – 2268 – 2297 – 4275 – 4574 – 4575/72 – 4580.

Pel Mort 1028 (1)
Pel Mort 1192 (4)
Pel Mort 1208 (2)
Pel Mort 1209 (2)
Pel Mort 1242 (2)
Pel Mort 16 (1)
Pel Mort 17 (1)
Pel Mort 19 (27)
Pel Mort 2005 (2)
Pel Mort 2106 (12)
Pel Mort 2117 (1)
Pel Mort 2138 (3)
Pel Mort 2268 (9)
Pel Mort 2297 (1)
Pel Mort 4275 (9)
Pel Mort 4574 (31)
Pel Mort 4575/72 (3)
Pel Mort 4579 (1)
Pel Mort 4580 (6)
Pel Mort 4581 (1)
Pel Mort 912 (27)
Pel Mort 942 (8)

B) - Pelotões de Morteiros sem referências no Blogue (ñ44=69.8%)

18 – 41 – 916 – 917 – 918 – 978 – 979 – 980 – 1028 – 1029 – 1039 – 1040 – 1041 – 1042 – 1085 – 1086 – 1087 – 1191 – 1210 – 1211 – 2004 – 2005 – 2006 – 2105 – 2114 – 2115 – 2116 – 2172 – 2173 – 2174 – 2267 – 2294 – 2295 – 2296 – 3020 – 3030 – 3031 – 3032 – 4272 – 4273 – 4274 – 4277 – 4579 – 4581.

Aproveito esta oportunidade para reproduzir oito símbolos de Pelotões de Morteiro (retirados da Net) que ainda não têm referências no nosso blogue [, vd.  imagens no topo deste poste], com a expectativa e/ou esperança de, num futuro próximo, possamos receber algumas histórias das suas passagens pelo CTIG, pois aconteceram em locais e épocas diferentes. Aguardemos!


Obrigado pela atenção.
Com forte abraço de amizade,
Jorge Araújo.

27NOV2017.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Guiné 63/74 - P11982: Estórias do Xitole (David Guimarães, ex-fur mil, CART 2716, 1970/72) (5): Uma noite em Tangali com ataque ao Xitole, o quico do furriel Fevereiro e o meu baptismo de... voo em 1971

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Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Xitole > CART 2716 (1970/72) > "... 58, 59 ... 70, 71...89, 90... 98... 99... 100!  Cem canhoadas em dez  minutos no ataque ao aquartelamento do Xitole".

Foto (e legenda): © David Guimarães (2005). Todos os direitos reservados


1. Texto do David Guimarães (ex-Fur Mil Guimarães, CART 2716, Xitole, 1970/72) [, foto à esquerda, Saltinho, 2011]. Continuação da série Estórias do Xitole (*),  a partir de postes da I Série do nosso blogue:

Era costume nós irmos fazer protecção nocturna à tabancas. Era também uma forma de acção psico... Um dia lá fui eu e o [furriel] Fevereiro (**) a comandar uma secção do 3º grupo de combate. Tangali era o nome da tabanca, a última que estava à guarda do Xitole. Ficava na estrada Xitole-Saltinho (os da CCAÇ 12 muitas vezes passaram por ela).

Bem, saímos pelo fim da pista do Xitole, com dois Unimogs 411 e lá fomos. Era mesmo chato, ir dormir para a tabanca e logo para aquela:
─ Pôça, eles até eram todos de lá!  ─ pensei eu, pouco ou nada confiante na lealdade da população local para com as NT.

Na realidade, os de Tangali [, a seguir a Cambesse, na estrada para o Saltinho] jogavam para os dois lados, conforme as conveniências... Bem, lá fomos e ao fim de 7 Km lá estávamos nós.... Nisto, diz-me o Fevereiro:
─ Porra, Guimarães, perdi o meu quico!

Entretanto, vejo e ouço toda aquela gente alarmada:
─ Furriel, furriel, manga de ronco lá para o lado do Xitole!... Muito tiro, muito tiro.
 Transmissões, liga para o quartel, pergunta o que houve ─ ordeno eu.
─ Furriel, ninguém atende, não consigo nada, porra para isto!
─ Bem, nós estamos aqui, amanhã veremos o ronco  arrematei  eu.

Nessa noite não dormimos tão descansados:
─ Porra, ronco e tiros, sei lá, vamos mas é ficar atentos...

A noite nunca mais acabava... De manhã cedo, bem formados e atentos, lá fomos estrada fora, de regresso ao Xitole e entrámos pelo fundo da pista de aviação... Bem, buracos no chão não faltavam. Diz-me o Fevereiro:
 ─ Guimarães, olha ali o meu quico!
 Boa ─ disse eu tiveste  sorte, ele apareceu.

Ele pega no quico e mesmo no local da nuca estava um furo:
 ─ Já viste ─  exclama o Fevereiro para mim  ─ se eu tinha a cabeça aqui dentro!...

Bem, lá chegámos ao aquartelamento [do Xitole]:
─ Tanto buraco!
É, pá, os gajos apontaram para aqui e até parecia que disparavam em rajada os canhões sem recuo... Vinha daquele lado do Corubal...


Guiné > Zona leste > Setor L1 > Subsetor de Xitole > Carta de Xitole (1955) (Escala 1/50 mil) > Posição relativa de Xitole, Cambesse (ou Cambéssé) e Tangali, na estrada que conduzia ao Saltinho.

Infografia: Blogue Luis Graça & Camaradas da Guiné (2013)

Tarefa matutinal: ver os estragos e contar as canhoadas; sim, as marcas bem visíveis e os cotos das granadas bem enterradas no chão como se fossem setas de índios:
─ Olha, esta entrou no depósito de géneros... vamos ver!

Depois de bem contados, parece que só se tinham partido 4 garrafões de vinho... Coitados dos garrafões, do mal o menos...
 ...58, 59 ... 70, 71.... porra e mais aqui ... 89, 90... 98... 99.... e esta também ... 100!!!

O ataque tinha demorado... dez minutos!
 Porra, porra!  ─ ainda dizia o Fevereiro, a olhar para o estado lastimoso em que ficou o seu quico.

Nessa altura tinha chegado ao Xitole um morteiro de calibre 107 mm  [, ou 10.7,  vd. imagem à esquerda, retirada do blogue do nosso camarada Luís Dias, CCAÇ 3491, Dulombi, 1971/74].

Para dar instrução sobre esse morteiro tinha vindo um primeiro sargento especialista de armas pesadas, ex-cabo e ex-comandante de um posto qualquer da GNR lá na Metrópole.

Experimentou-se o dez sete, assim chamávamos ao morteiro.... Poça, parecia uma arma de artilharia, boa não há dúvida, pelo menos muito barulho fazia....

De manhã, o 1º sargento costumava dar as aulas teóricas sobre o funcionamento da coisa e não é que, por ironia do destino, muitas noites e algumas seguidas éramos atacados sempre de canhão sem recuo.... A certa altura o homem do bar dizia:
─ Fui eu, ao bater a porta do frigorifico...

É que que esse barulho punha-nos todos a caminho do abrigo... Tantas vezes ele repetiram aquelas flagelações e o dez sete a funcionar... Logo de manhã, as aulas práticas e, à tarde, a teóricas...

Até que se aproximou o dia da minha licença disciplinar de 30 dias... Sim, aquilo que chamávamos férias.... Bem, mas antes teria que se ir a Satecuta [uma das bases do PAIGC, junto ao Rio Corubal, a oeste do Xitole]... Aquilo parecia uma cidade, já tinha sido visto de avioneta....

Na primeira ida, ficou a companhia de formação e comando e fiquei eu. Não relatarei o que disseram, relatarei apenas o que vi do aquartelanmento... Enfim, sem querer ser herói, percebi quanto um jogardor de futebol sofre quando está na bancada... Era o caso: a certa altura naquele dia, uma avioneta lá londe começou a andar em círculo, por baixo os jagudis na mesma em círculo, ouviam-se tiros e mais tiros, rebentamentos e mais rebentamentos. Um inferno!
─ Ai, como estarão eles, coitados, que coisa ─  dizia eu cá para mim.

A certa altura, inesperadamente a avioneta (uma DO) afasta-se e os tiros terminam. E os jagudis também desaparecem.... Por fim, todos sujos, cagados, os bravos voltam:
─ Não, não deu para entrar....

Em cada operação em que havia tiros, que coisa, vínhamos todos enfarruscados....
─ Bem, tudo muito bem, mas eles não deixaram, recebemos ordem de retirar pelo Comandante... Ninguém ficou ferido, ao menos isso... Enfim, desta vez ao menos as balas do inimigo nos acertaram.
─ Ainda bem, disse eu cá para os meus botões. Agora, Guimarães, vais até à metrópole, num voo TAP e pela agência Costa... E que tal? De avioneta até Bissau, que luxo!!!

Ai, era o meu baptismo de voo. Porreiro, o meu cu já tinha calos do Unimog...
─  Mas isto é mesmo bem bom... Adeus, Xitole, adeus,  camaradas, adeus, Fevereiro!... Até daqui a um mês!.

_____________

Notas do editor:

(*) Postes anteriores da série:

(...) Um dia, novinhos ainda, piras, com as fardinhas novinhas em folha, aí vamos nós. Sai o 1º Grupo de Combate. Patrulha em volta do aquartelamento para os lados de Seco Braima, o que era normal: acampamento IN....

Era bem de manhã. E a certa altura, zás, ouve-se o matraquear de espingardas automáticas:
─ Que coisa!... Oh diabo, estão a enrolar. (...)


12 de maio de 2013 > Guiné 63/74 - P11556: Estórias do Xitole (David Guimarães, ex-fur mil, CART 2716, 1970/72) (3): Era do caraças o paludismo

(...) Nós sabemos o que era uma coluna logística, uma operação de reabastecimento, mas outros nem calculam o que seja... O vai haver coluna já era uma grande chatice... Andar até ao Jagarajá, à Ponte do Rio Jagarajá, a pé e a picar, não era pera doce... E depois? Se acaso acontecia mais algo a seguir? (...)

(...) Até que enfim!... Acho que sim — não poderá haver tabus e ainda bem que o Zé Neto, o Zé Teixeira, o Jorge Cabral e o Luís são, afinal, os responsáveis por quebrarem o tabu... Falaram de algo que também é guerra... Foi e marcou a nossa guerra: a lavadeira, o cabaço, etc, etc... Ai, ai, ai, que começo a falar demais, ou talvez não...

Creio que nunca houve grandes abusos nesse sentido, nunca foi preciso apontar a G3 a nenhuma bajuda, já uns pesos, enfim ... Que mal fazia, se era dinheiro de guerra?!...(...)


18 de novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2278: Estórias do Xitole (David Guimarães, ex-fur mil, CART 2716, 1970/72) (1): A triste sorte do sapador Quaresma... morto por aquela maldita granada vermelha

(...) Sempre me preocupei, durante a guerra, em contar cá para a Metrópole (era assim que então se dizia) não propriamente as peripécias da nossa vida militar mas as coisas mais belas que encontrava na Guiné: os mangueiros carregados de mangas, os milhares de morcegos que povoavam o céu ao escurecer e ao amanhecer e que dormiam nas árvores, os macacos, as galinhas de mato, etc.
Eu achava que deveria poupar a minha família e que esta não teria que ouvir e até viver a guerra em directo: bastava para isso o sofrimento de saber que eu andava por lá (...).


(**) Fevereiro é pseudónimo. Lista dos sargentos da CART 2716 / BART 2917 (1970/72):

1º Sargento de Artilharia JOSÉ CARREIRA PEREIRA SANTOS 50453411
2º Sargento de Artilharia FIRMINO AUGUSTO PIRES 51106111
Furriel Mil. Alimentação JOAQUIM HORÁCIO OLIVEIRA MARQUES 01234769
Furriel Mil. Mecânico Auto ADELINO CABETE FONSECA 08792869
Furriel Mil. Enfermeiro ANTÓNIO REGO MEIRINHO 10725369
Furriel Mil. Transmissões FERNANDO SEVERO MENDES SILVA 02890068
Furriel Mil. Op. Especiais JOSÉ MARIA CARDOSO MARTINS 17221369
Furriel Mil. Atirador FRANCISCO MANUEL ESTEVES SANTOS 18613169
Furriel Mil. Atirador ELÍSIO MANUEL PINTO REI 01752169
Furriel Mil. Atirador JOSÉ TRIGUEIRO PEREIRA LEONES 08514269
Furriel Mil. Atirador JÚLIO MANUEL AUGUSTO 02131169
Furriel Mil. Atirador JOSÉ DANIEL ALVES RIBEIRO 10186669
Furriel Mil. Armas Pesadas DAVID JORGE PINTO BARROS GUIMARÃES 17345368
Furriel Mil. Atirador DIAMANTINO ENCARNAÇÃO FERREIRA 07995869
Furriel Mil. Atirador JOAQUIM MANUEL PALMA QUARESMA 03818069
Furriel Mil. Armas Pesadas JOSÉ CARLOS FIGUEIREDO HENRIQUES 03299869

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Guiné 63/74 - P7303: Álbum fotográfico de Jacinto Cristina, o padeiro da Ponte Caium, 3º Gr Comb da CCAÇ 3546, 1972/74 (4): Parabéns ao municiador (e às vezes apontador) do Morteiro 10.7, que fez 61 anos no passado dia 14...








Guiné > Zona Leste > Piche > Destacamento de Caium > CCAÇ 3546 (Piche, Ponte Caium e Camajabá, 1972 / 1974) > 3º Gr Comb > O Jacinto Cristina, soldado, municiador (e às vezes apontador) do Morteiro 10,7... Na foto imediatamente acima, o Cristina posa para a fotografia junto de um canhão s/r 75 mm, m/52 (se não me engano...); esta arma era meramente decorativa, já que estava, de  há muito,  inoperacional (no TO da Guiné, usava-se ainda os calibres 57 mm e 106 mm, este sobretudo montado em jipes, e destinado a defesa a aquartelamentos e destacamentos; era uma arma pouco popular, perigosa para as guarnições por causa do cone de fogo, um dos meus camaradas de Bambadinca, o Sargento Parente, morreu, no Saltinho, com um disparo inadvertido de canhão s/r 82 mm, uma arma muito utilizada pelo IN, tal como o canhão s/r 75 mm).


Foto: © Jacinto Cristina (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados


Jacinto Cristrina, um bravo de Caium,  fez 61 anos no dia 14, domingo. Este fim de semana vai comemorar com a família. Infelizmente, desta vez, não poderei sentar-me à mesa, com ele, a esposa Goretti, a filha Cristina, o genro Rui Silva, a neta (a Princesa)... Mais a Alice, a minha cara-metade.  O petisco vai ser borrego assado no forno do padeiro, como só a Goretti sabe fazer. 

Não podendo aceitar o convite, por razões de agenda, prometo que, na melhor ocasião, quando lá passar,  por Figueira de Cavaleiros, concelho de Ferreira do Alentejo, sentir-me-ei honrado e feliz por lhe poder dar, ao vivo  o abraço de parabéns (ou o quebra-costelas) que ele merece, de camarada para camarada. 

Aproveitarei ao mesmo tempo para dar-lhe notícias do Carlos Alexandre, outro caiumense, natural de Peniche que nos veio esclarecer sobre a história da concepção e construção do monumentos aos mortos do 3º Gr Comb... Acabo, entretanto, de transmitir por telefone o essencial desta história extraordinária de amizade e de camaradagem dos bravos de Caium, à Goretti, já que o noctívago do Jacinto estava a descansar; sei também que o Carlos, depois da publicação do seu primeiro poste,  telefonou ao Cristina, mas que este ainda não viu a foto que prova, por A + B, que o referido monumento foi colocado no tabuleiro da ponte da  ainda no tempo da malta do 3º Gr Comb da CCÇ 3546; o Carlos não compreende e tem dificuldade em aceitar a amnésia que deu a estes caiumenses, e nomeadamente aos alentejanos Cristina, Sobral e Barroca. 

Tenho comigo o outro álbum fotográfico que ele me emprestou, em Setembro passado, e que está pronto para lhe ser devolvido, depois de seleccionadas as fotos que me interessavam. É desse álbum que retiro as imagens, digitalizadas por mim, que documentam uma outra faceta do Jacinto, a do municiador (e, às vezes, apontador) do morteiro 10.7 (*).

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Nota de L.G.: