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quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Guiné 61/74 - P20180: Fotos à procura de... uma legenda (120): Seleção das minhas fotos do Festival Todos 2019... Parte III: enquanto fui ali e já vim... Ou, ainda, cumprindo a obra de misericórdia, "dar de beber a quem tem sede"... (Luís Graça)


Foto nº  283


Foto nº 366



Foto nº 367


Foto nº 370


Foto nº 288


Foto nº  285



Foto nº 300 


Foto nº 281


Festival Todos 2019, Lisboa, São Vicente: Largo da Graça e imediações. Animação de rua, pelo grupo de teatro O Bando...Largo da Graça, 22 de setembro de 2019: Aguadeiros Caminhantes

"Em trânsito por ruas circundantes ao Largo da Graça, um espetáculo do Teatro O Bando resultante de um processo de criação com os Confrades, formandos das oficinas teatrais que a companhia desenvolve em Palmela desde 2006, e com elementos do grupo de teatro do projeto Eu Amo SAC, baseado em Santo António dos Cavaleiros, Loures.

"Como se vindos de um outro tempo, aí estão os aguadeiros, saciando a sede a quem passa e tentando lembrar-nos desse instante único que, como a água, está sempre em transformação" (Fonte: Agenda cultural de Lisboa)


Fotos (e legendas): © Luís Graça (2019). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Tenho um enorme respeito pela água (potável). E não gosto de a desperdiçar e nem de a ver desperdiçada... Seguramente lembranças da Guiné e das operações militares que fizemos... Levávamos dois cantis de água, para um dia... em operações de dois e três dias, em que o reabastecimento era sempre problemática... 

Algumas situações que lá passamos,  tiveram a ver, obviamente, com  cenas de guerra, pura e dura, mortos e feridos, situações-limite de vida ou de morte, mas também com insolações, ataques de abelhas "assassinas" ou de formigas "carnívoras"... E sobretudo de sede, muita sede... Com a fome lidava-se bem, mas com a sede, era outra história... E não havia cristãos ali por perto, muito menos galegos e escravos negros,  que nos dessem de beber, umas das 14 obras de misericórdia... Por isso chegavamos a beber o próprio mijo...

Estas negras lembranças vieram-me à memória, no Festival Todos 2019, ao observar e fotografar algumas sequências desta animação de rua... Vários pares de aguadeiros, caminhando pelo largo da Graça e suas imediações, ofereciam água, transportada em bilhas de barro vermelho e bebidas em canecas, também  de barro...Os pares estavam vestidos com trajes oitocentistas.

Curiosa a reação do público: uns alinhavam na brincadeira, outros recusavam liminarmente a oferta. Os turistas, sobretudo, deviam pensar que era uma "cena dos apanhados".. Por outro lado, o material em barro já não lhes é familiar... A olaria é essencialmente mediterrânica.

O rapaz transportava a bilha, a rapariga a caneca, aliás, tinha uma saca de canecas, que eram depois oferecidas... Ninguém se dava conta de que a caneca tinha um orifício, de lado, junto ao fundo, por onde a água se esvaía enquanto se tentava beber... 

Se quisermos, esta "brincadeira aparentemente  inocente"  era também um teste à nossa capacidade de empatia,  tolerância, descoberta, confiança e aceitação do outro que é diferente de nós... Eu também na Guiné ou em Angola, tenho dificuldade em pegar no copo ou numa garrafa, aberta,  que me oferecem com água, sumo ou refrigerante... "Nada de sumos naturais... (a cabaceira ,  a farroba, o veludo, o fole, o maboque) é a primeira recomendação da consulta do viajante... Aparentemente,  as razões são de saúde pública e segurança alimentar... Ou serão também outras, mais de natureza cultural ? Ou até social ?  

O Festival Todos (*)  é também um pequeno laboratório social onde as nossas (dis)semelhanças se confrontam e se misturam...  Mas, à partida, todos nós somos  "etnocêntricos", dos chineses aos portugueses, dos guineenses aos sírios... Em todo o caso, provei, mais uma vez, este ano, sem preconceito, as comidas do mundo, algumas elaboradas por refugiados (por exemplo, sírios) que estão aqui a viver, em Lisboa... E, claro, não faltou a mulher grande guineense com a sua banca de sumos naturais, onde não faltava a cabaceira... (Confesso que não os provei...). LG

PS - Regressei ontem da clínica... Correu tudo bem. Posso, pois, dizer que "já lá fui e já vim", tudo por mor do meu joelho esquerdo e da minha mobilidade... Fica aqui um especial agradecimento aos cirurgiões João Correia e Francisco Silva  (,membro da nossa Tabanca Grande,) e ao anestesista Verdelho da Costa e demais equipa do bloco operatório da Clínica da Reboleira (ou Clínica de Santo António / Grupo Lusíadas Saúde), extensivo ao restante pessoal de enfermagem e auxiliar do edifício A, 3º piso.

terça-feira, 24 de setembro de 2019

Guiné 61/74 - P20172: Fotos à procura de... uma legenda (119): Seleção das minhas fotos do Festival Todos 2019... Parte II: enquanto vou ali e já venho (Luís Graça)


Foto º 121

Foto nº 123

Foto nº 128
 

Foto nº 130 


Foto nº 206


Foto nº 202 


Foto nº 203 


Foto nº 75


Foto nº 204


 Foto nº 217


Foto nº  251



Foto nº 260


Foto nº 201


Foto nº 274


Foto nº 91 


Foto nº 204
 


Foto nº 262


Foto nº 254
   


Foto nº 108 


Foto nº 98
 


Foto nº 70

 Festival Todos 2019, Lisboa, São Vicente: Largo da Graça e imediações


Fotos (e legendas): © Luís Graça (2019). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1.  O Festival Todos já tem um público fiel. O seu mérito é o de ajudar a contribuir para que Lisboa seja cada vez mais uma cidade inclusiva... Tal como o  nosso blogue, "onde cabem todos, com tudo o que nos une e até com aquilo que nos separa"...

Da Mouraria à Graça, do Poço dos Negros à Colina de Santana, já foram 11 edições, muitas e boas andanças... E até já os turistas se associam à festa... Alguém vandalizou a planta do jardim da cerca da Graça, escrevendo em inglês: "Tourists please... leave us" [, Senhores/as turistas, por favor deixem-nos em paz!]... 

Lisboa é já um cidade que sofre da síndroma do "sobreturismo", como Veneza, por exemplo ? Ainda não me apercebi da hostilidade para com os turistas... Este é apenas um "grafito"  antiturista... Não andei à procura, mas não encontrei mais...

Tudo começou no Martins Moniz / Intendente, em  2009... E ainda bem, por se tratar de uma zona "mal afamada", "estigmatizada", onde poucos forasteiros se aventuravam à noite... Hoje dizem-me que tem 6 mil habitantes, a Mouraria, e mais de 50 nacionalidades e etnias  representadas entre a sua população... mas a Câmara Municipal de Lisboa anda à nora, não sabe o que fazer ao tão maltratado largo Martins Moniz... Já vem sendo maltratado, pelo menos do tempo do Estado Novo...

Desgraçadamente este ano estava todo "entaipado". As gentes daqui, a "moirama",  reivindicam este espaço até como contraponto à baixa pombalina que foi tomada de assalto pelo "turistame"...Na  miradouro da Senhora do Monte, um casal de turistas brasileiros pergunta-me o caminho para chegar à Mouraria... Levei-nos pelo Carocol da Graça até ao jardim da Cerca... Perguntaram-me, com santa ingenuidade, se ainda viviam lá mouros ou se os matamos todos...

Enquanto vou ali e já venho, à Clínica da Reboleira onde o Francisco Silva e o João Correia me esperam para uma artroscopia ao joelho esquerdo (, espero voltar, já na 4ª ou 5ª feira, ao convívio da Tabanca Grande), deixo-vos com a continuação das minhas fotos do Festival Todos 2019, uma seleção das 570 que fiz este fim de semana...  Façam, se fazem favor,  pelo menos um comentário a alguma(s)  delas.   

Alfabravo, Luís.

PS - Este ano o tradicional  talher de plástico foi destronado pela nossa olaria portuguesa.. Os pratos e os copos eram de barro. E os talheres de madeira...Palmas para a organização e para a animação do  largo da Graça, a cargo do grupo de teatro O Bando. 
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Nota do editor: