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sábado, 13 de janeiro de 2024

Guiné 61/74 - P25066: In Memoriam (493): Falecimento do Capitão Miliciano de Artª da CCAÇ 3491 / BCAÇ 3872 (Dulombi e Galomaro, 1971/74), engº Fernando Pires (Luís Dias)




1. O nosso Camarada Luís Dias, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 3491 / BCAÇ 3872 (Dulombi e Galomaro, 1971/74), enviou-nos  a seguinte mensagem:





           Falecimento do meu capitão
 

Perder um companheiro que esteve connosco na guerra, mas especialmente alguém que era um bom amigo é imensamente doloroso. Fui hoje informado por um dos seus filhos, que o Engº FERNANDO PIRES, ex-Capitão Miliciano de Artª, que comandou a CCAÇ 3491, pertencente ao BCAÇ 3872, faleceu no dia 11 de Janeiro, no Hospital de Cascais, aos 81 anos, devido a problemas respiratórios. 

Antes do Natal, tinha falado com ele ao telefone e tínhamos combinado encontrar-nos no fim deste mês, pois ainda estava em convalescença de uma intervenção cirúrgica melindrosa. 

A história militar deste meu amigo é um "produto" daqueles tempos em que estávamos em três frentes de Guerra. O meu amigo esteve no Serviço Militar Obrigatório, em 1963, com a idade normal com que se era "chamado" e serviu o percurso normal de um oficial miliciano da especialidade de artilharia e teve a sorte, pensava ele, de não ter sido mobilizado para o Ultramar. Terminado o seu tempo de serviço, voltou à sua vida civil, trabalhava na EFACEC, namorava e tinha a sua vida organizada e um futuro promissor. Contudo, em 1971, foi "re-pescado" para ir para a Escola Prática de Infantaria - Mafra, tirar o Curso Para Capitães (CPC) e mais tarde vir a ser mobilizado para a Guiné a comandar uma companhia de caçadores, jovens "chavalos", onde, a seguir ao 1º Sargento Gama, era o mais velho, com cerca de 30 anos e eu o "puto" mais novo.

O Capitão Pires dirigia uma companhia (cerca de 150 elementos), também 2 pelotões de milícias e era responsável por 250 elementos da população que viviam numa Tabanca anexa ao nosso aquartelamento, isto no Dulombi, Leste da Guiné, região de Bafatá. Foi o nosso comandante entre 18 de Dezembro de 1971 e 4 de Abril de 1974 e dirigiu a companhia com competência e elevado brio profissional, sem nunca deixar de ser um excelente ser humano. Soube das dificuldades que era comandar tanta gente, pois eu próprio fui comandante da mesma, nas suas ausências e férias, o que me foi muito útil, quando fui nomeado comandante do CIM de Bambadinca, em Agosto de 1973.

Depois de terminada a nossa comissão e seguindo cada um o seu rumo, encontrávamo-nos, de quando em vez, mas após o 1º Convívio da companhia, realizado no então R.I. nº2, em Abrantes, de onde partíramos para a Guiné, almoçávamos muitas vezes e íamos aos convívios juntos. 


Na foto, em 1º plano, o Capitão Pires, com o General Spínola, estando eu em 2º plano, no dia da inauguração do nosso quartel em Abril de 1972.

Caro amigo Fernando Pires, que descanse em paz e até um dia destes, para voltarmos a falar da amizade que nos uniu nesta "vida". 

Luís Dias 
Alf Mil Inf da CCAÇ 3491/BCAÇ 3872 
___________

Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:

10 DE JANEIRO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25055: In Memoriam (492): Fernando Peixinho de Cristo (1947-2004), ex-cap mil inf, cmdt, CCAÇ 3545 / BCAÇ 3883 (Canquelifá, 1972/74); natural de Coimbra, e reputado hidrogeólogo a nível nacional e internacional

terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Guiné 61/74 - P24008: Blogues da nossa blogosfera (174): Cerca de metade dos nossos "favoritos" de há uns anos atrás (Letras a E a I) já não existem ou mudaram de URL


Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Sector de Galomaro > CCAÇ 3491 (1971/74) > "Chegada a Galomaro da CCAÇ 3491 [pertencente ao BCAÇ 3872,]  no dia 9 de Março de 1973. No jipe podemos ver o alf  mil Luís Dias, atrás o fur mil Baptista,  do 1º Gr Comb,  e ao lado, a sorrir, um guerrilheiro do PAIGC que, no dia anterior, se tinha entregado a uma patrulha das NT  na área do Dulombi. A arma é uma Shpagin PPSH 41, no calibre 7,62 mm Tokarev, mais conhecida por "costureirinha" e com a particularidade de ter um carregador curvo de 35 munições, em vez do habitual tambor de 71". 

(Foto do Luís Dias, reproduzida com a devida vénia, do seu blogue, Histórias da Guiné, 71-74:  A CCAÇ 3491, Dulombi,. um dos blogues da nossa blogosfera que tem resistido à erosão do tempo...)

Foto (e legenda): © Luís Dias (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1
. Continuamo a rever a nossa  lista (já antiga e nunca atualizada) dos  cento e poucos blogues e outras páginas na Net (c. 110) que faziam parte da nossa blogosfera... e que constavam / constam da coluna estática do nosso blogue, no lado esquerdo. 

Na altura, há mais de uma dúzia de anos, os antigos combatentes ainda não tinham desconbertas as "delícias" do Facebook... Hoje os blogues e outras "web pages" caíram em desuso... E outras redes sociais, como o Facebok,  ganharam popularidade... (Como diz a "publicidade", é fácil, é barato, é bom para desopilar, mandar umas "bocas foleiras" e fazer muitos "amigos virtuais" ... e sobretudo dá milhões aos seus donos.)

Hoje fizemos a verificação, desses blogue e páginas, de D a I (n=30). Metade desses sítios  já não existem, foram descontinuados, mudaram de URL... É o preço que se paga por uma existência virtual, que é sempre precária, dependente da boa vontade ou dos caprichos dos servidores (alguns que já não existem, como o Clix, o Sapo, o Terràvista...O Serviço de Alojamento Gratuito de Páginas Pessoais do Sapo, por exemplo,  foi descontinuado em dezembro de 2012.)

Os blogues e outras páginas que deixaram de estar "on line" vêm assinalados, em baixo, com um asterico (*). Nalguns casos têm novos endereços. Alguns destes "sítios" (ou "web pages")  poderão ser recuperados através do Arquivo.pt (**) (Experimentar também o Internet Archive, que explora cerca de 800 mil milhões de sítios na Web, através da sua "web archive",
a Wayback Machine.)


Embaixada da República da Guiné-Bissau em Portugal (*)



Um dos mais antigos (e participados) blogues sobre a Guiné e a guerra colonial. Remonta a 2007. Foi criado por Henrique Cabral, ex-fur mil at inf, CCAÇ 1420 / BCAÇ 1857, Fulacunda, Mansoa, Braia, Encheia, Uaque, Jugudul, Bissorã, K10, Olossato, Cutia, K3 e Mansabál (1965/67)


Criado em junho de 2007 pelo nosso saudoso camarada (e membro da Tabanca Grande) Victor Barata. Continua ativo, mas irregular, tendo agira ao comando o João Carlos Silva e o Mário Aguiar.


Expresso África > Guiné Bissau  (*)

Página descontinuada. Criada elo semanário Expresso. Estava alojada no Portal Clix, que foi desligado.


Fórum Armada, Página não-oficial da Marinha de Guerra Portuguesa (*)

Página descontinuada, por estar alojada no Sapo. Pode ser vista aqui, capturada pelo Arquivo.pt:



Agora Fundação Mário Soares e Maria Barroso  > https://fmsoaresbarroso.pt/

Vd. também Casa Comum > Arquivos > Amílcar Cabral


  • Guerra Colonial - Centro de Documentação 25 de Abril, Universidade de Coimbra (UC)

"Criado no âmbito da Reitoria da Universidade de Coimbra em Dezembro de 1984, o Centro de Documentação 25 de Abril (cd25a) é hoje uma das Unidades de Extensão Cultural e de Apoio à Formação (UECAFs) da UC. 

"Instalado no Colégio da Graça na Rua da Sofia, desde julho de 2016, visa recuperar, organizar e pôr à disposição da investigação científica o valioso material documental disperso pelo país e estrangeiro sobre a transição democrática portuguesa (o 25 de Abril de 1974, os acontecimentos preparatórios e as suas principais consequências), mas também sobre toda a segunda metade do século vinte português."


Vd. novo endereço: https://www.cd25a.uc.pt/pt

  • Guerra Colonial (1961-1974) - Vídeos e Documentários RTP



Destaque para as "coleções temáticas": História

25 de Abril de 1974 (88 documentos)

"Para solicitar cópia de um determinado conteúdo basta registar-se como utilizador e pressionar o botão LICENCIAR CONTEÚDO disponível na pagina de cada conteúdo, ou, caso o conteúdo que pretenda não esteja ainda disponível neste portal, aceder à área de Serviços e preencher e enviar o formulário de pedido de licenciamento."


Guerra Colonial (1961-1974), Portal da A25A (*)

Portal descontinuado. Ver captura pelo Arquivo.pt:


Guerra Colonial Portuguesa, Página de Jorge Santos (*)

Uma das mais antigas (http://guerracolonial.home.sapo.pt/). Estava alojada no Sapo (acrónimo de Servidor de Apontadores Portugueses Online). Foi descontinuada. Não parece ter sido recuperada pelo Arquivo.pt

Jorge Santos, um incansável mas sempre discreto membro, sénior, da nossa Tabanca Grande, já de longa data.  Não temos nenhuma foto dele, nem antiga nem actual. Foi 1º Grumete Fuzileiro (DFA), Companhia de Fuzileiros nº 4, em Moçambique, Metangula e Cobué, de janeiro de 1968 a abril de 1970.

Criou, em março de 2006, o sítio "Guerra Colonial Portuguesa", tendo como principais secções: Bibliografia, Filmografia, Associações, Canções de Lisboa, Memorial, Monumentos, Convívios, Brasões, Condercorações.  Teve um problema de saúde em 2009 quando estava na Noruega.

  • Guerra Colonial, Vídeos no Google

 Procurar agora em Google > Guerra Colonial > Vídeos. Muitas disponíveis no You Tube.

Oficialmente chama-se "Portal UTW - Dos Veteranos da Guerra do Ultramar"... Abrange todas as "antigas províncias ultramarinas portuguesas",  Angola, Guiné, Moçambique, Cabo Verde, Índia, Macau, São Tomé e Príncipe, Timor, 1957-1975. 

O fundador do portal UTW é o nosso camarada António Pires, ex-furriel mil mecânico auto da CSM/QG/RMM (Moçambique 1971/1973). Tem uma impressionante base de dados, sobretudo no que respeita a mortos no ultramar (de 1954 a 1975) (discriminados por concelho de naturalidade), louvores e condecorações, brasões, guiões e crachás (coleção Carlos Coutinho)...

Também tem página no Facebook (UTW Ultramar Terraweb).



Guerra na Guiné 63/74 - Página de Carlos Silva (*)

Outra página de um camarada nosso. Foi descontinuada. Não nos foi possível recuperá-la pelo Arquivo.pt


Guiledje (1 a 7 de Março de 2008), Simpósio Internacional de (*)

Pàgina descontinuada. Criada pela ONGD AD - Acção para o Desenvolvimento, o principal promotor do evento,


"O Projecto Guiné-Bissau CONTRIBUTO foi fundado por Fernando Casimiro “'Didinho' a 10 de Maio de 2003. É um Projecto que visa incutir e desenvolver o espírito e a capacidade de reflexão e do debate de ideias na Guiné-Bissau e nos guineenses, onde quer que se encontrem.

"O Projecto Guiné-Bissau CONTRIBUTO é um Projecto de Gerações, para gerações!"
 
Guiné-Bissau, Página da AD - Acção para o Desenvolvimento (*)

Criada em 2006, esteve ativa em vida do Pepito, cofundador e primeiro diretor executivo da ONGD AD... Fomos recuperá-la através do Arquivo.pt


Literatura, fauna, ecologia, gastronomia... Uma página criada e mantida com muito carinho pela guineense Maria Estela Guedes.


Guiné-Bissau, Portal de Carlos Fortunato (*)


"Guiné-Bissau: centenas de fotografias, filmes, e textos, sobre história, cultura, economia e viagens Guiné-Bissau onde a amizade tem mais calor humano". O Carlos Fortunato é um dos históricos do nosso blogue.

Criado em 2003, já não existe. Estava alojado no Sapo- Fomos recuperá-lo através do Arquivo.pt...

https://arquivo.pt/wayback/20080218143829/http://portalguine.com.sapo.pt/index.html


Guiné-Bissau, Vídeos no Google (*)

Jà não existe... Mas em alternativa pode-se pesquisar no  Google > Guiné-Bissau Videos... Há dezenas no You Tube

Guine-Bissau. com, Portal noticioso (*)

Foi desativado.

Guiné: Ir e Voltar - Tantas Vidas, Blogue de Virgínio Briote, Cascais (*)

O Virgínio Briote  teve um dos melhores blogues sobre a guerra da Guiné,  que infelizmente decidiu desativar. Chamava-se "Guiné, Ir e Voltar" ou Tantas Vidas"; http://tantasvidas.blog.pt/ . Publicou postes entre janeiro de 2006 e março de 2009. Textos de antologia que mereciam conhecer o prelo. Depois achou que tinha dito tudo... Fechou o blogue (e o bau).

Mas o Arquivo.pt que anda há muito, desde 1996, à caça de páginas na Web, de preferência em português, não lhe pediu licença e foi-lhe fazendo sucesssivas capturas de páginas do seu blogue... Só há dias é que ele soube, porque eu lhe disse. A última captura foi em 24 de maio de 2009, às 21h54... Veja-se aqui o endereço:


https://arquivo.pt/wayback/20090925034743/http://tantasvidas.blog.pt/



"Background: Since independence from Portugal in 1974, Guinea-Bissau has experienced considerable political and military upheaval. Guinea-Bissau’s history of political instability, a civil war, and several coups (the latest in 2012) have resulted in a fragile state with a weak economy, high unemployment, rampant corruption, and widespread poverty."


"Espaço de confraternização para todos aqueles que, como combatentes, tiveram de percorrer as matas, as bolanhas, as picadas e os rios da Guiné, entre Dezembro de 1971 a Março de 1974, em especial invocar aqui a história e as "estórias" dos elementos da C.CAÇ 3491, aquartelados em Dulombi e também em Galomaro, e que tiveram grupos de combate em apoio de Cancolim, Piche, Nova Lamego, Bambadinca e Pirada. Fomos dos últimos combatentes do denominado 'Império Português - o V Império'."

Blogue criado, editado e mantido por Luís Dias (desde 2008).

"Criado em 1951 como instituição privada de utilidade pública, o IMVF é uma Fundação para o desenvolvimento e a cooperação, tendo iniciado atividade como ONGD em 1988 em São Tomé e Príncipe. 

"A partir dos anos 90 expandimos a nossa ação a outros países, com predominância aos de língua oficial portuguesa, e alargámos as áreas de atividade. Os resultados alcançados tornaram o IMVF numa entidade de referência nos domínios da cooperação, da cidadania global e da reflexão sobre o desenvolvimento".



Guiné > Região do Cacheu > Bula > CCAV 2487 / BCAV 2862 (Bula, 1969/70) > 18 de Outubro de 1969 > Dois mortos e um ferido no decurso da Op Ostra Amarga (também ironicamente conhecida como Op Paris Match)...

As NT (2 Gr Comb da CCAV 2487, comandadas pelo cap cav José Sentieiro, hoje cor cav ref e cruz de guerra de 1ª classe (, a viver em Torres Novas,) caem num emboscada do PAIGC, às 7h15 da manhã... O combate é registado por uma equipa da televisão francesa, a ORTF...

Foto: INA - Institut National de l' Audiovisuel (2006) / Cópia pessoal de Virgínio Briote 


Tem cerca de 3 dezenas de vídeos sobre a Guiné-Bissau, incluindo a guerra colonial.

  • INE - Instituto Nacional de Estatísticas, Bissau (*)


"Fundado em 1984, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa (INEP) tem como objectivos principais promover os estudos e pesquisas no domínio das ciências sociais e naturais relacionados com os problemas de desenvolvimento do país e contribuir para a valorização dos recursos humanos locais. 

"A actividade principal do INEP consiste na realização de investigação fundamental e na elaboração de estudos, sendo constituído por um corpo de investigadores nacionais permanentes e uma rede de investigadores associados nacionais e estrangeiros. Leva igualmente a cabo actividades académicas que incluem conferências, colóquios, seminários, jornadas de reflexão, que visam a difusão dos resultados das investigações científicas e o desenvolvimento do próprio Instituto. 

"Em poucos anos o INEP tornou-se um ponto de referência nacional e internacional de reflexão científica sobre a África Ocidental em geral e a Guiné-Bissau em particular. Dezenas de trabalhos sobre a realidade social guineense, uma centena de artigos e publicações periódicas permanentes confirmam a validade desde Instituto."

O INEP mantém em suas instalações a Biblioteca Pública Nacional, com cerca de 70.000 volumes e os Arquivos Históricos Nacionais da República da Guiné-Bissau, depositários de toda a documentação colonial e pós-colonial  O edifício foi praticamente destruído no decurso da guerra civil de 1998/99.

Tem página no Facebook mas inativa desde junho de 2017.
__________

Notas do editor:

(*) 14 de janeiro de 2023 > Guiné 61/74 - P23982: Blogues da nossa blogosfera (171): Cerca de metade dos nossos "favoritos" de há uns anos atrás já não existem ou mudaram de URL

segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Guiné 61/74 - P21778: Fotos à procura de... uma legenda (138): um desertor do PAIGC, uma ave de grande porte e o manual do oficial miliciano, uma raridade (Luís Dias, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 3491/BCAÇ 3872, Dulombi e Galomaro, 1971/74)


Foto nº 1 >  Guerrilheiro do PAIGC, equipado com uma pistola-metralhadora Shpagin PPSH-41 (Costureirinha). que se apresentou a uma patrulha da CCAÇ 3491, perto do quartel do Dulombi, em 8 de Março de 1973, vindo da zona do Boé, donde desertou, após o assassinato de Amílcar Cabral.



Foto nº 2 > O  1º Cabo Avelino, a segurar um pássaro de grande porte (que até hoje não conseguimos identificar), que teve o azar de pousar ou tropeçar num dos arames que ligavam as nossas minas AP, colocadas numa das frentes do quartel, em Dulombi.



Foto nº 3 > Manuais do oficial miliciano


Fotos (e legendas): © Luís Dias (2020). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de Mensagem de Luís Dias [, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 3491/BCAÇ
3872 (Dulombi e Galomaro, 1971/74), o nosso especialista em armamento; tem cerca de 85 referências no nosso blogue]:

 
Date: sexta, 6/11/2020 à(s) 12:27
Subject: Material que pode também interessar
 

Caro Luís Graça

Incluso fotos dos manuais do Oficial miliciano [, foto nº 3], em que o volume sobre operações contra bandos armados e guerrilhas era difícil de obter. Espero um dia destes oferecê-los ao Museu Militar, caso não os tenham. 

Também uma foto do 1º Cabo Avelino, a segurar um pássaro de grande porte (que até hoje não conseguimos identificar), que teve o azar de pousar ou tropeçar num dos arames que ligavam as nossas minas AP, colocadas numa das frentes do quartel e que trazido para o quartel, ninguém quis degustá-lo, nem mesmo o pessoal da tabanca, porque não o conheciam. [Foto nº 2]

Julgo ser uma ave de mar ou mesmo rio mas, de facto, apesar de ter visto muitas fotos de pássaros africanos não consegui ver o que era este bicho. Pode ser que alguém da nossa Tabanca Grande consiga identificar.

Junto também foto de um elemento do IN, equipado com uma pistola-metralhadora Shpagin PPSH-41 (Costureirinha). que se apresentou a uma patrulha da CCAÇ 3491, perto do quartel do Dulombi, em 8 de Março de 1973, vindo da zona do Boé, donde desertou, após o assassinato de Amílcar Cabral.[Foto nº 1].


Grande Abraço
Luís Dias
__________

quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Guiné 61/74 - P21535: (Ex)citações (378): Talvez por causa de Madina do Boé... (Juvenal Amado, ex-1.º Cabo CAR, CCS / BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74)


1. Mensagem do nosso camarada Juvenal Amado (ex-1.º Cabo Condutor Auto Rodas da  autor do livro "A Tropa Vai Fazer de ti um Homem", com data de 9 de Novembro de 2020:


TALVEZ POR CAUSA DE MADINA DO BOÉ

Talvez como consequência do abandono de Madina do Boé e o grande espaço de progressão que ficou livre até à zona de Galomaro, resultou em 5 mortos no local e mais 3 em consequência dos ferimentos, em emboscada feita à CCS/BCAÇ 2912 nas Duas Fontes em Outubro de 1971.

A CCAÇ 3491 - Dulombi - Fevereiro de 1972

Logo no período de transição teve um encontro de frente durante uma patrulha com IN, do qual só por milagre não resultaram baixas, mas cantis e casacos furados por balas, foram vários tal a violência de parte a parte.

CCAÇ 3489 - Cancolim - 1972/73

Depois seguiu-se Cancolim. Já depois de duas flagelações, a 2 de Março de 1972, Cancolim foi fortemente atacada com morteiros 82 mm tendo daí resultado a morte dos seguinte camaradas:

José António Paulo - 1.º Cabo Atirador - natural de Mirandela.
João Amado - Soldado Aux. Cozinheiro - natural de Carvide - Leiria.
Domingos do Espírito Santo Moreno - Soldado Atirador - natural de Macedo de Cavaleiros.

No final de 1972 a CCAÇ 3489 tinha 60 operacionais.

Não ficou por aí e, assim, morreram ainda em combate, alguns já em 1973:

António Martinho Vaz - Soldado Atirador - natural de Grijó da Parada - Bragança
Álvaro Geraldes Delgado Ferrão - Soldado Ap Morteiro -natural de Silvares - Fundão
Domingos Moreira da Rocha Peixoto - Soldado Atirador - natural de Alto da Vila - Duas Igrejas - Paredes
Califo Baldé - Soldado Milícia - natural de Anambé - Cabomba - Bafatá
Samba Seide - Soldado Milícia - natural de Anambé - Cabomba - Bafatá

Juntamos a este numero duas deserções (um capitão e um alferes) e a captura do Soldado António Manuel Rodrigues, que veio a fugir do cativeiro para o Saltinho já nós estávamos para embarcar para a Metrópole.

CCAÇ 3490 - Saltinho - 1972

Armandino da Silva Ribeiro - Alf Mil Inf - natural de Magueija - Lamego
Francisco de Oliveira dos Santos - Fur Mil Inf - natural de Ovar
Sérgio da Costa Pinto Rebelo - 1.º Cabo Ap Metralhadora - Vila Chã de São Roque - Oliveira de Azeméis
António Ferreira [da Cunha] - 1.º Cabo Radiotelegrafista - Cedofeita - Porto
Bernardino Ramos de Oliveira - Soldado Atirador - Pedroso - V. N. de Gaia
António Marques Pereira - Soldado Atirador - Fátima - V. N. de Ourém
António de Moura Moreira - Soldado Atirador - S. Cosme - Gondomar
Zózimo de Azevedo - Soldado Atirador - Alpendurada - Marco de Canaveses
António Oliveira Azevedo - Soldado - Moreira - Maia (**)
Demba Jau - Soldado Milícia - Cossé - Bafatá
Adulai Bari - Soldado Milícia - Pate Gibel - Galomaro - Bafatá
Serifo Baldé - Assalariado - Saltinho - Bafatá

Juntar o soldado António Baptista feito prisioneiro, bem como os diversos feridos com mais ou menor gravidade.

CCS/BCAÇ 3872 - 1972/73

Manuel Ribeiro Teixeira - 1.º Cabo Rec e Inf - natural Cimo da Vila - Varziela - Felgueiras - Vítima de mina antipessoal na estrada do Saltinho.
Mamassaliu Baldé - Soldado Milícia - natural de Cossé - Bafatá
Mama Samba Embaló - natural de Cossé
Ila Bari - Soldado Milícia - natural de Campata - Nossa Senhora da Graça - Bafatá
Alberto Araújo da Mota - Alf Mil TRMS - natural de Curral - Pico de Regalados - Vila Verde - Evacuado com hepatite, morre 2 dias depois em Bissau. 

Antes tinha sido evacuado o Soldado Radiomontador Carlos Filipe e aos 20 meses de comissão é igualmente evacuado com a mesma maleita o Alferes da ferrugem Amadeu.

Para fechar o ano de 1972 foi a CCS/BCAÇ 3872 violentamente atacada ao arame no dia 1 de Dezembro.

Em 1973 uma mina na estrada do Dulombi destrói Unimog e fere gravemente o meu camarada Falé que é evacuado e já não volta.

De referir o aparecimento de minas na estrada do Dulombi e ataques em Bangacia, Campata e Cansamba, tudo na região das Duas Fontes (entre 6 e 9 km de Galomaro).

Posteriormente a CCS bem como Cancolim foram reforçados com pelotões de Dulombi em retracção, que também reforçam operacionalmente Nova Lamego. Fomos também ajudados com grupos de intervenção independentes bem como com Paraquedistas.

Tendo o meu batalhão chegado à Guiné na véspera de Natal de 1971, a sua partida só se viria a efectivar em 28 de Março de 1974. Escrevo isto para situar o período das minhas narrativas e assim dar a perspectiva da alteração e da intensidade da guerra a que estivemos sujeitos. A violência, bem como o equipamento utilizado contra nós, foram assim sendo alterados de região para região.

Enquanto o alcance da nossa artilharia era ultrapassada largamente pelo o alcance da artilharia do PAIGC, também nos vimos privados da normal utilização de meios aéreos, pese a grande coragem com que os pilotos se forçaram a voar após serem confrontados com uma arma da qual ignoravam tudo, ou quase tudo.

E passo citar o TenGeneral António Martins de Matos no seu livro Voando Sobre Um Ninho De “Strelas”:

A guerra estava a entrar numa nova fase, nada de emboscadas e confrontos directos mas sim, de duelos de artilharia e seria de esperar o aparecimento de uma aviação rebelde/mercenária.

Duelos de artilharia? Interroga-se o autor. A grande maioria desses obuses  estavam no Sul, autênticos monos da II Guerra com alcance não superior a 14.000 metros. Na maioria dos quartéis da Guiné só tinham direito a morteiros 81 mm (4000 metros) e ainda 11 morteiros 105 mm espalhados por diversos sítios de alcance igual.

O PAIGC usava o 120 (5700 metros) depois haviam os foguetes 122 mm (20.000 metros) e a breve trecho emprestados por Sekou Touré, peças de 130 mm (27.000 metros) e enquanto a artilhara utilizada pela guerrilha só podia ser posta em causa pelo aparecimento da nossa força aérea. Estas últimas peças fariam fogo directamente do Senegal e da Guiné Conácri e sete dos nossos aquartelamentos ficariam assim debaixo de fogo.

Tudo isto para relembrar que aquela guerra era intensificada consoante interesse do PAIGC, uma fez que lhe chegavam abastecimentos cada vez de maior qualidade e quantidade, enquanto a nós há muito enfermávamos de uma penúria franciscana.

PS: Publico os nomes dos nossos mortos porque lembrá-los é honrá-los e é uma obrigação registar os nomes de quem na flor da idade nos deixou.

*******************

O António Tavares que pertenceu à CCS do BCAÇ 2912, que nós fomos render, sobre a emboscada das Duas Fontes fez-me chegar a correcção sobre o numero de mortos e assim: 

Na emboscada morreram 5 militares e posteriormente três dos feridos que foram evacuados vieram a falecer em resultado dos ferimentos.

Os mortos foram oito e não seis como eu tinha inicialmente escrito.

Da parte do ex-Alf Mil Luís Dias, que chegou a comandar a companhia do Dulombi, chegaram-me estas informações mais precisas sobre a actividade operacional do Batalhão 3872.

CURIOSIDADES OU NOTAS SOBRE A NOSSA ZONA

Podemos verificar que os 4 quartéis do Batalhão sofreram 22 ataques/flagelações (CCS-1; CCAÇ 3489 - 12; CCAÇ 3490 - 0 e CCAÇ3491 - 9) e que as Tabancas das nossas populações em redor dos nossos aquartelamentos sofreram 23 ataques/flagelações, sendo que 9 deles foram contra populações indefesas e num acto de salteadores de estrada, o IN roubou dinheiro e bens a 16 elementos da população que transitavam na picada Saltinho-Galomaro.

BCAÇ 3872

FLAGELAÇÕES E ATAQUES AOS NOSSOS QUARTÉIS

CCAÇ 3489 - CANCOLIM

8 Flagelações em 1972 (1 delas c/ 3 mortos, 5 feridos graves e 5 feridos ligeiros)
2 Flagelações em 1973
2 Flagelações em 1974

CCAÇ 3490 – SALTINHO

Não sofreram quaisquer ataques ou flagelações durante a comissão

CACAÇ 3491 – DULOMBI

3 Flagelações em 1972
4 Flagelações em 1973
2 Flagelações em 1974

CCS - GALOMARO

1 Ataque/flagelação em 1972 c/1 IN morto confirmado e prováveis feridos IN

MINAS ACTIVADAS E DETECTADAS

Cancolim: Mina A/P reforçada accionada c/1 morto e 1 ferido+mina A/C accionada c/12 feridos graves, 1 ferido ligeiro e 2 feridos pop.+2 minas A/P levantadas
Saltinho: 3 minas A/C levantadas e 1 A/P levantada
Dulombi: 2 minas A/C levantadas e 2 minas A/P levantadas
Galomaro: 1 mina A/P reforçada accionada c/1 morto+1 mina A/C reforçada accionada c/1 ferido grave

EMBOSCADAS/CONTACTOS/FLAGELAÇÕES AUTO

CCAÇ 3489 - 1 contacto com o IN, após flagelação ao quartel, em 1972+1 emboscada aos milícias em Anambé, em 1973 c/2 mortos e 1 ferido
CCAÇ 3490 - 1 emboscada no Quirafo c/ 9 mortos+1 milícia e 2 civis+1 militar capturado. 1 emboscada c/feridos e mortos do IN+1 contacto do IN c/milícias de Cansamange
CCAÇ 3491 - Flagelação numa operação no Fiofioli+1 emboscada/contacto com 4 feridos ligeiros nossos e mortos do IN (s/confirmação de quantos, mas a rádio do PAIGC referiu que tínhamos tido 8 mortos e eles também tinha tido mortos+1 emboscada/flagelação junto à recolha de águas no Dulombi+2 flagelações a coluna de escolta e protecção na estrada Piche-Buruntuma.
CCS - Contacto entre forças milícias e o IN, após ataque a Campata c/elemento IN capturado.

ATAQUES A TABANCAS EM AUTO-DEFESA E TABANCAS INDEFESAS

- Tabanca indefesa de Bambadinca/Cancolim, em 25/1/72;
- Tabanca indefesa de Mali Bula/Galomaro, em 1/2/72;
- Tabanca de Umaro Cossé/Galomaro, c/2 feridos civis, em 7/12/72;
- Tabanca de Campata/Galomaro, em 20/6/72;
- Tabanca indefesa de Sinchã Mamadu/Saltinho, na mesma data de 20/6/72;
- Tabancas indefesas de Sana Jau e Bonere/Saltinho, em 30/6/72;
- Tabanca de Cassamange/Saltinho, em 15/7/72;
- Tabanca indefesa de Guerleer/Galomaro, c/ morte de 3 prisioneiros civis e 1 ferido grave, em 27/7/72;
- Tabanca de Patê Gibele/Galomaro c/ 1 sarg. milícia morto+1 ferido grave e 2 feridos ligeiros da pop., em 11/8/72;
- Tabanca de Anambé/Cancolim c/1 morto (CCAÇ 3489)+3 feridos também da mesma CCAÇ, que ali estava de reforço, em 5/9/72;
- Tabanca de Sinchã Maunde Bucô/Saltinho, c/3 feridos IN confirmados, em 20/9/72;
- Tabanca de indefesa de Bujo Fulpe/Galomaro, em 26/9/72;
- Tabanca ainda indefesa de Bangacia/Galomaro, com 1 milícia e 2 civis mortos, no mesmo dia (26/9/72);
- Tabanca de Dulô Gengele/Galomaro, com 3 mortos IN confirmados e 3 mortos civis (que tinham sido feitos prisioneiros antes do ataque e que foram abatidos+1 ferido grave e 1 ferido ligeiro dos milícias e 4 feridos graves da pop e 5 feridos ligeiros da pop., em 17/10/72;
- Tabanca indefesa de Sarancho/Galomaro, com 2 mortos civis e 2 feridos civis;
- Tabanca indefesa de Samba Cumbera/Galomaro, c/1 ferido grave da pop., em 13/11/72;
- Tabanca de Cansamange/Saltinho, 17/12/72;
- Picada Saltinho-Galomaro c/16 elementos da pop. capturados e roubados dos seus haveres (dinheiro), em 18/1/73;
- Tabanca de Bangacia/Galomaro, c/2 mortos civis+2 feridos civis+2 feridos milícias, em 1/2/73;
- Tabanca de Campata/Galomaro, c/5 mortos do IN e 1 capturado+3 mortos milícias e 3 mortos civis, em 16/3/73;
- Tabanca de Sinchã Maunde Bucô/Saltinho, em 14/5/73;
- Tabanca de Bangacia/Galomaro, em 18/9/73;
- Tabanca de Madina Bucô, em 20/1/74.

09 de Novembro de 2020 às 21:26
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Nota do editor

Último poste da série de17 de outubro de 2020 > Guiné 61/74 - P21457: (Ex)citações (377): As visitas da D. Cecília Supico Pinto ao leste da Guiné (Abel Santos, ex-Soldado At Art da CART 1742)

domingo, 30 de abril de 2017

Guiné 61/74 - P17296: (In)citações (107): XXII convívio do BCAC 3872 (Galomaro, 1972/74)... Fátima, 29/4/2017... Quem não esteve, teve pena... mas para o ano há mais! (Juvenal Amado)


Fátima > 29 de abril de 2017 > XXII Convívio di BCAÇ 3872 (Galomaro, 1972/74) > Foto  de grupo: cerca de meia centena de ex-combatentes.



Fátima > 29 de abril de 2017 > XXII Convívio di BCAÇ 3872 (Galomaro, 1972/74) > Foto  do bolo de aniversário > Juntou-se malta sobretudo da CCS e  mas também das compamnhias operacionais, CCAÇ 3489 (Cancolim), 3490 (Saltinho) e 3491.(Dulombi e Galomaro).


Fotos: © Juvenal Amado (2017). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça &  Camaradas da Guiné]

1. Mensagem do Juvenal Amado, com data de hoje, às 16h11


Mais uma vez se juntou a malta do BCAÇ 3872. Estavam lá do Saltinho, de Cancolim, Dulombi e a maioria da CCS.

Quem esteve ficou feliz, quem não pode esta presente,  julgo que teve pena, mas para o ano há mais, ali para os lados de Abrantes.

Um abraço

2. Crónica de 29 de Abril 2017

por Juvenal Amado



Sede bem-vindos com apetite,

Heróicos e destemidos,

Viestes de todos os lados,

Não temestes atalhos e caminhos.

De Norte vieram muitos,

Do Centro aos magotes,   

De mui outros locais compareceram.

Trouxestes mulheres e prole, 

Que viestes todos com vontade,

Não vos fizestes rogados, 

E agora que chegastes,

Avisados que estáveis,

À sombra do João Paulo II esperais,

A Palavra na Santíssima Trindade ouvistes

Mas logo que forças recuperais,

Avançais para o D. Nuno sem vacilar

Está lá o mapa para que no caminho não vos enganeis, 

P'ra de entrada degustar pasteis, croquetes e iguarias tais

Que empurrais com vinhos brancos e tintos,

E não tenhais piedade

E porque dos fracos não reza a história,

De dietas não faleis

Ao trinchar esse naco,

Estripai e cortai a direito ou enviesado.

Regai pois esse labor e bebei

Que nos dentes não tenhais dores

E que nunca fiqueis engasgados,

Até porque para o ano há mais.



quarta-feira, 8 de junho de 2016

Guiné 63/74 - P16175: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (102): no convívio deste ano, do pessoal do BCAÇ 3872, quem é que eu vou reencontrar? O meu antecessor, o hoje ilustre prof Pereira Coelho, bem como o Ussumane Baldé que estagiou comigo quando eu era subdelegado de saúde da zona de Galomaro-Cossé (Rui Vieira Coelho, ex-alf mil médico, BCAÇ 3872 e BCAÇ 4518, Galomaro, 1973/74)


Convíívio do pessoal do BCAÇ 3872 (Galomaro, 1972/74) > O momento do reencontro dos dois grandes médicos do batalhão de Galomaro... Entre os dois o ex-alf mil trms Mário Vasconcelos


Os drs,  Pereira Coelho e Rui Vieira Coelho, mais o  Juvenal Amado

Fotos (e legendas): © Juvenal Amado (2016). Todos os direitos reservados

1. Mensagem, com data de ontem, do nosso camarada Rui Vieira Coelho, médico reformado, ex-almil méd,  BCAÇ 3872 e BCAÇ 4518 (Galomaro, 1973/74):

Assunto - Libaneses

Luís, uma vez questionaste se havia Libaneses nas regiões em que estávamos aquartelados.

Em Galomaro eu sabia que sim, só que não me recordava do nome. Um estabelecimento que vendia de tudo, era do Sr Antoine Faran que vivia com a sua esposa, dois filhos e com o seu pai que se chamava Zamir Faran. 

Foi num convívio do Batalhão 3872, há pouco mais de 3 semanas,  que eu vim a tomar conhecimento daquilo que me parecia já esquecido.

Reencontrei o meu antecessor,  o Professor Pereira Coelho que já não via há cerca de 42 anos e que me emocionou bastante. Voltar a abraçar o percursor em Portugal da inseminação artificial deu ao encontro uma grandeza ainda maior

No meio disto tudo o Prof Pereira Coelho vinha acompanhado do Sr. Ussumane Baldé, que estagiou no Posto de Saúde Militar e na Saúde Civil onde eu era Sub-Delegado de Saúde da Zona de Galomaro- Cossé. 

 O Ussumane Baldé [, foto à esquerda,] mora na Praceta Henrique Pausao n 7,  4 E, 2745-123 Queluz Monte Abraão, mas ainda não apurei o que faz ou que necessidades eventualmente possa ter. 

Foi realmente um reencontro memorável e cheio de afectos, recordações de tempos conturbados mas com a certeza do acreditar numa Lusofonia que nos trouxe ensinamentos e amizades que se irão perdurar cosmicamente para todo o sempre.

O meu relato do encontro do Batalhão serve para responder a várias interrogações e tornar a Tabanca Grande cada vez Maior.

Um abraço do
Rui Vieira Coelho
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Notas do editor:

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Guiné 63/74 - P13359: Op Trampolim Mágico: 26 de fevereiro de 1972: 18 Gr Comb + 2 GEMIL + CCP 123, com apoio da FAP e da Marinha, fazem desembraque anfíbio na margem direita do Rio Corubal e passam tudo a pente fino, do Fiofioli a Mansambo (Luís Dias, ex-alf mil, CCAÇ 3491, Dulombi, 1971/74)

1. No nosso último encontro, em Monte Real, no passado dia 14 de junho, em conversa com os camaradas Joaquim Mexia Alves e Juvenal Amado, veio à baila uma operação anfíbia no Rio Corubal em fevereiro de 1972, no setor L1 (Bambadinca).

O Joaquim Mexia Alves, na altura alf mil op esp na CART 3492, sediada no Xitole, participou nessa operação, juntamente com mais malta do BART 3873, cujo comando e CCS estavam sediados em Bambadinca. O Juvenal Amado mandou-me, a seguir, informação mais detalhada sobre essa operação, com nome de código Trampolim Mágico,  que aparece descrita no blogue do nosso camarada Luís Dias, Histórias da Guiné 71/74 -  A CART 3491, Dulombi. (Vd. poste de 10 de junho de 2014 > A nossa cruz de guerra).

[Foto à esquerda: Luís Dias, c. 1972/74]


Escrevi ao Luis Dias a pedir-lhe autorização para reproduzir,  no nosso blogue, o texto e as fotos que ele acabara de publicar, com vista a uma divulgação maior. Aqui vai a mensgem que tem data de 16/6/2014:

Luís: Não tenho a certeza do teu mail estar a funcionar... Há mensagens com data anterior devolvidas... Mas escrevo-te a pedir autorizaçãop para  publicar parte de um poste teu em que descreves a tua participação na Op Trampolim Mágico, juntamente com outras unidades,  incluindo a CART 3492 (Xitole), a CART 3494 (Xime), a CCAÇ 12...
Como vais tu ? Não tens dado sinais de vida... Foi o Juvenal (que faz anos amanhã) que me ajudou a chegar até aqui...

O Fiofiioli era um "mito" no meu tempo e a marinha não se atrevia a entrar no Rio Corubal, depois da Op Lança Afiada (10 dias), em março de 1969... Se tiveres mais fotos e informação, diz-me ou escreve... Vou publicar um poste sobre a Op Trampolim Mágico com o teu nome e com link para o teu blogue... Tudo isto faz parte das nossas memórias... mais ou menos doridas...

Pode ser ? Um abraço. Luis


2. A resposta do Luís Dias acaba de chegar, por intermédio do Juvenal Amado:

2 de Julho de 2014 às 21:36
Assunto: Operação Trampolim Mágico

Caro Juvenal: Fazes o favor de reencaminhar esta msg para o Luís Graça, dado que o seu endereço desapareceu do meu sistema e não sei porquê.Um abraço. Luís Dias

Amigo Luís Graça

Peço desculpa de só agora te estar a responder, mas tenho andado atarefado com aulas de formação, bem como outras actividades e confesso que não tenho tido tempo de vir ver as minhas msgs (estão em perto de 300!!!).

Podes utilizar tudo o que quiseres do blogue da minha companhia, muito em especial, o que está escrito sobre a operação Trampolim Mágico. A foto foi retirada já não sei de onde, talvez da Tabanca Grande (o blogue que tão dignamente diriges), mas não tenho referências da mesma.

Um abraço e manda sempre, Luís Dias




Guiné > Zona Leste > Croquis do Sector L1 (Bambadinca) > 1969/71 (vd. Sinais e legendas)


3. Descrição da Op Trampolim Mágico > Excerto do blogue do Luís Dias > poste de 10 de junho de 2014 > A nossa cruz de guerra.


Entre 24 de Fevereiro e 26 de Fevereiro [de 1972], o 2º GC e 3º GC da companhia [, a CART 3491, sediada em Dulombi] , participaram na Op Trampolim Mágico, na área de intervenção do BART 3873, com sede em Bambadinca, (que tinha chegado à Guiné poucos dias depois de nós - éramos todos uns "periquitos").

As NT foram agrupadas  da seguinte forma:

(i)  Grupo Castanho, formado por 4 GC da CART 3493 [ Mansambo], juntamente com o 2º e 3º GC da CCAÇ 3491 [, Dulombi];

(ii) O Grupo Laranja, formado por 4 GC da CART 3492 [, Xitole,]  reforçados por 1 GC da CCAÇ 3489 [, Cancolim,] e outro da CCAÇ 3490 [, Saltinho];

(iii) O Grupo Amarelo, formado pelos 4 GC da CART 3494 [, Xime], reforçados por 2 GC da CCAÇ 12 [, Bambadinca];

(iv) O Grupo Preto, formado pelos GEMIL 309 e 310;

(v) O Grupo Verde, formado pela CCP 123 [, BCP 12, Bissalanca, BA 12, 1972/74].

Em apoio: 1 parelha de Fiats G91, 1 parelha de T-6, 2 Hélios e 1 Héli-canhão e a artilharia de uma LDG.

Os grupos Castanho e Laranja foram embarcados em LDG e desceram o Rio Geba, onde passaram o dia, desembarcando em Porto Gole, ao fim da tarde e onde pernoitaram.

No dia seguinte, embarcámos de novo e lançados a todo o "vapor" fizemos um desembarque na Ponta Luís Dias (tem o nome de um dos alferes da nossa companhia, mas não tem nada a ver com ele) e em Tabacuta, sob o bombardeamento da aviação e da artilharia da LDG e com a presença no terreno do Comandante-Chefe, General António de Spínola.

Efectuámos acções de ataque a aldeias dominadas pelo IN, atravessando as matas do Fiofioli até Mansambo.

Dada o número das nossas forças os guerrilheiros foram fugindo, deixando para trás as mulheres, as crianças e os velhos, efectuando flagelações à distância, em especial de noite, para tentar nos localizar.

Nesta operação, em que estavam envolvidos batalhões recém-chegados à Guiné, houve momentos, em especial no Grupo Castanho, em virtude de termos ficado parados muito tempo ao sol (a excepção foram os nossos dois GC, que eram os últimos da coluna e que, ao nos apercebemos que iríamos ficar ali muito tempo saímos do sol, procurando abrigo na sombra das árvores) que poderiam ter dado em desgraça, face à falta de água, originando muitas evacuações por cansaço, insolação e desidratação.

A operação que implicou muitos meios não obteve os êxitos esperados, para além da destruição de locais do IN, da apreensão de diverso material e de documentação e da recuperação de população (32 pessoas) e foi mais um meio de mostrar ao IN a nossa presença na zona onde eles estavam implantados.



Porto Gole, onde existia um Padrão dos Descobrimentos portugueses e onde bebemos a cerveja que nos soube melhor, depois de um dia no meio do Rio Geba, dentro da LDG. [Foto de João Martins, reproduzida no Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Com a devida vénia.]



Lancha LDG utilizada pelo agrupamento Castanho e Laranja, na Op Trampolim Mágico. Em pé e do lado dto (a olhar para a foto), o Alf Luís Dias. Fopto de Luís Dias (2014).



Zona de mato denso onde estavam diversas palhotas que serviam de refúgio a elementos do PAIGC e população que os apoiava e que foram destruídas pela nossa passagem. Foto de Luís Dias (2014).

Texto e fotos (a preto e barnco):  ©  Luís Dias (2014). Todos os direitos reservados.
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Nota do editor:

Vd. postes sobre a Op Lança Afiada

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Guiné 63/74 - P12959: Convívios (579): XV Encontro do pessoal da CCAÇ 3491, dia 10 de Maio de 2014 em Fátima (Luís Dias)

1. Mensagem do nosso camarada Luís Dias (ex-Alf Mil da CCAÇ 3491/BCAÇ 3872, Dulombi e Galomaro, 1971/74), com data de 8 de Abril de 2014:

Caro Amigo Carlos Vinhal
Remeto-te o aviso do convívio da minha Companhia, a fim de nos fazeres o favor de o publicar no nosso Blogue da Tabanca Grande, para conhecimento dos interessados.

Um abraço.
 Luís Dias




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Nota do editor

Último poste da série de 5 DE ABRIL DE 2014 > Guiné 63/74 - P12935: Convívios (578): Almoço de confraternização do pessoal da CCAV 2748 (Canquelifá, 1970/72), dia 31 de Maio de 2014 em Almeirim (Francisco Palma)

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Guiné 63/74 - P11462: Convívios (513): Divulgação do 14º Convívio da CCAÇ 3491, dia 25 de Maio, em Folgosinho, Cativelos, Gouveia (Luís Dias)


1. O nosso Camarada Luís Dias, ex-Alf Mil At Inf da CCAÇ 3491/BCAÇ 3872, Dulombi e Galomaro, 1971/74, enviou-nos a seguinte mensagem solicitando a divulgação do próximo Almoço /Convívio da sua unidade. 

Caros Editores

Solicito aos camaradas que publicitem no nosso Blogue "Tabanca Grande", o 14º Convívio da CCAÇ 3491, que terá lugar no dia 25 de Maio, em Folgosinho, Cativelos, Gouveia.

Um abraço para todos.

Luís Dias


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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em: 


sexta-feira, 12 de abril de 2013

Guiné 63/74 - P11382: Estórias do Juvenal Amado (48): Fizeram-me lembrar os "Doze Indomáveis Patifes"

1. Mensagem do nosso camarada Juvenal Amado (ex-1.º Cabo Condutor da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74), com data de 25 de Março de 2013:

Luis, Carlos, Magalhães e restante Tabana Grande.
Mais uma pequena lembrança dos tempos de Galomaro.
Aproveito para agradecer a ajuda que o Luís Dias (ex-alferes da companhia do Dulombi CCaç 3491), que me confirmou quanto às informações operacionais das movimentações das nossas tropas e do PAIGC na nossa zona de acção.

Juvenal Amado


FIZERAM-ME LEMBRAR OS DOZE INDOMÁVEIS PATIFES

Alferes Dias em Galomaro com a MG42 

Lembrou há pouco tempo o ex-Alferes Dias da CCAÇ 3491 do Dulombi, que o BCAÇ 3872 até meados de Abril de 1972 só com três meses de mato já sofrera 12 mortos metropolitanos (4 em Cancolim – CCAÇ 3489 + 8 no Quirafo/Saltinho - CCAÇ 3490) mais cinco milícias e um desaparecido em combate (o Baptista também no Quirafo). Juntando aos mortos e os feridos, as baixas eram já consideráveis e em virtude disso, chegou a ser considerada a possibilidade de o Batalhão ser transferido para outra zona.

Tal não se veio a confirmar pois ao aumento da movimentação do IN, entre Cancolim (atacado várias vezes) e Galomaro onde atacaram várias tabancas como Cansamba, onde estava um pelotão da companhia do Saltinho, Bangacia, Campata (e ainda Bafatá pois o IN infiltrava-se passando perto do destacamento de Cancolim) posteriormente a própria CCS em Galomaro.

A este acréscimo da movimentação do PAIGC respondeu-se com medidas acertadas, que talvez tenham feito gorar os intentos do movimento independentista e assim para sacudir o assédio que vinham fazendo na zona, foram precisas várias intervenções dos pára-quedistas (logo em 1972) e, posteriormente, a transferência da CCAÇ 3491 que veio reforçar Galomaro e Cancolim (I GCombate). Também essa companhia “emprestou” para Piche o II Grupo de Combate do Luís Dias (e o III GCombate do Farinha). A certa altura Galomaro, também foi reforçada por um pelotão comandado pelo alferes Luís Borrega (em 1972) e outro de uma companhia independente (em 1973), onde estava um meu antigo colega de escola, Carlos Afonso

Pára-quedistas em Galomaro desta vez em 1973.

Mais tarde tivemos mais mortos e feridos (zona de Cancolim e zona de Galomaro) e um desaparecido em Cancolim (António Manuel Ribeiro) que veio a aparecer por ter conseguido fugir em Março de 1974 de uma prisão do PAIGC, usando o rio Corubal para se guiar até ao Saltinho.

Posteriormente alguns soldados vieram para o nosso batalhão alguns por castigo, como o caso de um madeirense expulso dos comandos, que integrou o Pel Rec e pelo que vou contar, também se recorreu a agrupamentos disciplinares para reporem os nossos mortos e evacuados.

Belo dia juntamo-nos todos para ver o grupo de soldados que tinha chegado em rendição das baixas de Cancolim. O aspecto deles não era o melhor e o estado das fardas era representativo das vicissitudes por que tinham passado até ali chegar. Todos a roçar mais os 30 do que os 20 anos, eram o retrato vivo de soldados que a indisciplina, o azar ou quem sabe fruto de uma certa revolta os atiraram para castigos na maioria com passagem pelas prisões militares.

Um tinha agredido um superior, alguns refratários, etc... depois já sabe, ou não se sabe onde existe a verdade e onde ela acaba.

Nisto ouço ao meu lado uma exclamação: Olha o Lino!!!!! 

- É um moço lá do mê bairro e há anos que o não via! - Dizia o Caramba naquela forma tão peculiar de falar e dando a perceber com expressão do rosto, que o Lino era de primeira apanha.

O Lino também o reconheceu logo e fez-se ali uma festa com umas cervejas à mistura.

O Lino contou imensas peripécias e as inúmeras “porradas” que levou na Metrópole às quais juntava outras tantas já na Guiné, com passagens pelo presidio militar. Via-se que pela cara dele, que há muito tinha deixado de se vangloriar dos seus feitos e que esses lhe tinham custado demasiado caro.

- Lembras-te de quando atiravas bombas de carnaval ao polícia com a fisga?

Todos nos rimos imaginando o pobre policia a ser bombardeado sem saber donde lhe chovia. Outras patifarias onde o Lino era figura principal foram recordadas e está claro, que elas eram bem presentes na memória do Caramba, que delas sabia em primeira mão ainda moço.

O Lino bem como os outros lá foram no mesmo dia para Cancolim na coluna que regressava de Bafatá.

Nós, com mais de um ano de comissão, não ficamos indiferentes à sua passagem por Galomaro e ao seu especto físico e ar arruaceiro, o grupo mais fazia lembrar os “Doze Indomáveis Patifes”, um conhecido filme americano sobre a II guerra mundial.

Nessa mesma noite Cancolim é atacada e lá vai o Lino evacuado para Bissau com um ferimento numa perna. Nada de especial e acabou por regressar mas, se não estou em erro, foi mais tarde evacuado com uma ulcera no estômago e, desta vez sim, nunca mais o vimos.

Nunca me esqueci do seu aspecto, sem dentes, muito moreno, pequeno e magro com um rosto algo sofrido, irreverente que se desarmou ao ser por nós tratado com amizade. É que ali debaixo daquele sol tórrido, éramos todos iguais.

Nota de rodapé:
- Os pára-quedistas foram usados várias vezes na nossa zona em 1972 e 1973 em Cancolim onde reforçaram o próprio destacamento. Foram largados entre Galomaro e Saltinho (íamos buscá-los quando caimos numa mina com um morto) e posteriormente no eixo Cancolim, Dolumbi, Madina de Boé. Também o grupo do Marcelino da Mata fez operações a partir de Galomaro após o ataque a Campata.
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Nota do editor

Último poste da série de 19 DE MARÇO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11279: Estórias do Juvenal Amado (47): Aquelas postas de bacalhau eram ouro