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sexta-feira, 11 de julho de 2014

Guiné 63/74 - P13390: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte XV: Encontro do sold cond auto João Bento Guilherme com a morte em Lamel, em 14/12/1970... Era natural de Almeirim e pertencia à CCS//BCAÇ 2879 (Farim, 1969/71) (Armando Mota, ex-alf mil, 1º pelotão)


















1. Histórias da CCAÇ 2533 > Parte XV (Armando Mota, alf mil at inf, 1º pelotão):

Continuamos a publicar as "histórias da CCAÇ 2533", a partir do livro editado pelo ex-1º cabo quarteleiro, Joaquim Lessa, e impresso na Tipografia Lessa, na Maia (115 pp. + 30 pp, inumeradas, de fotografias). (*)

Registe-se, como facto digno de nota, que esta publicação é uma obra coletiva, feita com a participação de diversos ex-militares da companhia (oficiais, sargentos e praças).

A brochura chegou-nos às mãos, em suporte digital, através do Luís Nascimento, que vive em Viseu, e que também nos facultou um exemplar em papel. Até ao momento, é o único representante da CCAÇ 2533, na nossa Tabanca Grande, apesar dos convites, públicos, que temos feito aos autores cujas histórias vamos publicando.

Temos autorização do editor e autores para dar a conhecer, a um público mais vasto de amigos e camaradas da Guiné, as aventuras e desventuras vividas pelo pessoal da CCAÇ 2533, companhia independente que esteve sediada em Canjambari e Farim, região do Oio, ao serviço do BCAÇ 2879, o batalhão dos Cobras (Farim, 1969/71).(*)

Desta vez vamos publicar mais 1 das histórias, contadas pelo ex-alf mil Armando Mota, do 1º pelotão: (i)  o encontro do sold cond auto Guilherme com a morte em Lamel (pp. 65/67). (**)

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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 7 de julho de 2014 > Guiné 63/74 - P13371: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte XIV: (i) a queda granada da bazuca; (ii) samba em Lisboa; e (iii) a caçada dos passarinhos (Armando Mota, ex-alf mil at inf, 1º pelotão)

(**) Segundo a preciosa informação constante das listagens,  por concelho, nos mortos no Ultramar,  e disponinbilizadas pelo portal UItramar Terraweb, o nosso infortunado camarada João Bento Guilherme, era natural de Fazendas de Almeirim, freguesia do concelho de Almeirim onde repousa em paz.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Guiné 63/74 - P2164: PAIGC - Instrução, táctica e logística (4): Supintrep nº 32, Junho de 1971 (IV Parte): Emboscadas (A. Marques Lopes)


Guiné > Região do Cacheu > CCAÇ 3 > Barro > 1968) > Os temíveis jagudis, o Grupo de Combate do Alf Mil Marques Lopes, montando uma emboscada aos guerrilheiros do PAIGC

Fotos: ©
A. Marques Lopes (2005). Direitos reservados.


Mensagem de 13 de Setembro de 2007, do A. Marques Lopes (natural de Lisboa, hoje coronel DFA, na reforma, e residente em Matosinhos), com mais um texto extraído do Supintrep, nº 32, de Junho de 1971:


PAIGC > Instrução, táctica e logística > IV parte (1)

[Fixação do texto: A.M.L. e editor L.G]

Imagens digitalizadas por © A. Marques Lopes (2007). Direitos reservados.

TÁCTICA > Emboscadas

(Continuação)


(4) Esquemas Representativos de Técnicas Doutrinárias

Dos cadernos de apontamentos do chefe de grupo João Landim, foram extraídos os seguintes esquemas relativos à emboscada.

(4a) Emboscada a uma coluna auto





Comentário: A figura mostra-nos uma emboscada montada nos moldes habituais.


(4b) Emboscada a uma embarcação




Comentário: A figura mostra-nos um bigrupo ocupando uma posição de emboscada contra uma embarcação. O local foi escolhido numa curva do rio, verificando-se da parte do IN uma preocupação na montagem de um eficiente sistema de segurança. De salientar a existência de locais de reunião pré-determinados.


(5) Casos reais descritos com base em relatórios elaborados pelas NT


(5a) Emboscada na estrada Bindoro-Jugudul

Nesta emboscada, realizada por efectivos da ordem de bigrupo, o IN conseguiu resultados assinaláveis mercê da técnica utilizada e da agressividade que demonstrou. Dadas as circunstâncias que antecederam o desencadear da acção, admite-se que a população possa ter colaborado com o IN, coactivamente ou de livre vontade, fixando as NT na zona de morte.

1. Descrição da acção

O IN istalou-se de ambos os lados da estrada articulando-se em dois grupos desfasados cerca de 50 metros, e utilizando como única protecção árvores de pequeno porte e o mascaramento oferecido pelo capim, com cerca de um metro de altura.

O grupo mais avançado, relativamente à testa da coluna, (a que chamaremos Grupo 1) ocupava posições distando entre 5 e 20 metros da estrada. A cerca de 30 metrops deste grupo o IN colocou uma mina que deixou a descoberto no leito da estrada.

Mais avançado, e apenas a um metro da estrada colocou o grupo de detenção à frente, em condições de bater frontalmente a viatura imobilizada, ou os seus ocupante quando tentassem a remoção da mina..

Na estrada, frente ao Grupo 1 encontravam-se alguns elementos da população que pediram boleia pelo que a viatura da testa parou para os transportar para Jugudul.

A paragem da viatura neste local colocou-a no centro da zona de morte do Grupo 1. Imediatamente após a paragem, a viatura foi atingida por um disparo de LGFog seguido de apreciável volume de tiro de armas ligeiras e lançamento de granadas de mão, colocando fora de combate a quase totalidade dos elementos das NT nela transportados.

A segunda viatura, embora fora da zona de morte, parou, sendo alvejada por disparos de LGFog, Mort 60 e granadas de mão, não tendo sido no entanto directamente atingida.

Após a neutralização do pessoal transportado na primeira viatura, aproveitando o efeito surpresa e o tempo necessário ao pessoal da segunda viatura para organizar a reacção, o Grupo 1 foi à estrada, ao assalto, levando consigo armamento (1 LGFog 8,9 cm e 5 Esp Aut G3), um emissor receptor THC736-AVP1, artigos de fardamento e equipamento, e retendo um elemento das NT e uma rapariga da população, esta posta em liberdade daí a dois dias.

Imediatamente após a acção o IN retirou, utilizando um trilho diferente do usado na aproximação.

A reacção das NT foi grandemente prejudicada pela altura do capim, pela superioridade numérica do IN, e pelo dispositivo por ele implantado no terreno. A acção dos elementos das NT, transportados na segunda viatura, mantidos debaixo de fogo do Grupo 2 limitou-se a uma reacção pelo fogo que não obstou ao assalto realizado pelo Grupo 1.

2. Procedimentos especiais a assinalar:

- Escolha de um itinerário onde o trânsito das colunas das NT constituía rotina, e portanto onde as medidas de segurança certamente teriam abrandado.

- Escolha de um local de emboscada suficientemente próximo da povoação ocupada pelas NT e portanto um local onde as NT estariam certamente em confiança.

- Aproveitamento do mascaramento oferecido pelo capim crescido, conjugado com uma instalção a curta distância da estrada, permitindo por conseguinte uma acção fulminante e a utilização eficiente de armamento ligeiro e granadas de mão.

- Colocação de uma mina, a descoberto, a cerca de 30 metros do local de etenção da coluna (admitindo-se que a mina assim a descoberto tivesse a finalidade de conseguir a imobilização da coluna dentro da zona de morte ou que o IN estivesse a proceder à sua instalação quando da chegada dos elementos da população).

- Utilização de elementos da população para detenção da coluna. (Embora esta utilização não tenha ficado perfeitamente esclarecida admite-se como muito provável que os elementos da população soubessem da presença IN, quer por se terem apercebido dos elementos emboscados a tão curta distância, quer pela presença da mina a descoberto).

- Uma boa coordenação dos grupos executantes, por forma a impedir a reacção eficiente das NT, e a cortar inclusivamente as possibilidades de envolvimento dos grupos IN.

- Retirada coordenada seguindo um grupo In não estimado por um itinerário, fazendo crer às NT ser essa direcção geral de rotina, enquanto o restante pessoal do bigrupo seguia por um local completamente diferente fazendo-se acompanhar do pessoal e material capturado.

- Utilização do E/R [emissor / receptor] capturado para, utilizando-o ou forçando o operador rádio à sua utilização, comunicar com a sede do Batalhão, dizendo não haver qualquer actividade.

- Rapidez no desenrolar da acção e retirada, não permitindo às NT prontamente saídas dos aquartelamentos mais próximos uma perseguição efectiva.

3. Conclusões

O modo como a acção se desenrolou revela, da parte do grupo executante:

- Um planeamento cuidado;
- Uma boa técnica de execução;
- Agressividade;
- Boa coordenação da acção por parte dos grupos executantes.

4. Esquema da emboscada:





(5b) Emboscada a uma coluna auto na estrada Mansoa-Infandre

1. Descrição

Em 12 de Outubro de 1970, às 12h00 uma coluna constituída por 2 viatutras saíu de Mansoa de regresso ao Infandre, donde havia saído na manhã do mesmo dia. Quando cerca das 12h30 atingiram o local MANSOA 5F8-35, local esse onde habitualmente costumavam apear com vista a tomar um dispositivo que lhe garantisse segurança sofreram uma emboscada, ficando as viaturas, que seguiam a uma distância de 80 metros, dentro da zona de morte (2).

A emboscada foi desencadeada com grande volume de fogos, tendo a viatura que seguia à frente, em virtude de o condutor ter sido logo atingido, saído o itinerário imbilizando-se dentro do mato.

A viatura da rectaguarda parou, logo que desencadeada a acção, imobilizando-se também a cerca de 90 metros da primeira.

O enorme volume de fogos atingiu a totalidde dos elementos que constituiam a escolta e de tal modo que o IN fez o assalto capturando grande quantidade de material, géneros e artigos de cantina.

Uma força de socorro vinda de Mansoa levantou uma mina anti-carro junto da berma da estrada, bem como uma mina A/P colocada sobre o itinerário de retirada. Encontrados ainda alguns dispositivos para armadilhamento, abandonadas por falta de tempo para a sua colocação.
Supõe-se que era intenção do IN armadilhar os corpos dos mortos.

2. Procedimentos especiais a assinalar

- O IN montou uma emboscada numa extensão de cerca de 200 metros e que implicou a utilização de elevados efectivos estimados segundo o relatório da acção em cerca de 100 elementos fortemente armados, o que se conclui pelo volume e variante de fogos desencadeados.
- A maneira como foi desencadeada a acção leva a admitir que seja intenção do In passar a utilizar efectivos elevados neutralizando totalmente as escoltas, e passando a efectuar o assalto com vista à capura de material e ao aprisionamento das NT.

- Refere-se a colocação de uma mina A/C com dispositivo anti-levantamento e ainda uma A/P implantada sobre o itinerário de retirada. Salienta-se ainda ter sido intenção do In armadilhar os cadáveres, o que não chegou a fazer por falta de tempo, ocasionada pela pronta intervenção das NT.

- A maneira como a acção foi desencadeada revela da parte do In um elevado grau de instrução.

3. Croquis da emboscada IN na região de Infandre


(5c) Emboscada a uma coluna auto na estrada Piche-Nova Lamego

1. Descrição

Em 10 de Novcembro de 1970, às 8h00, uma coluna auto escoltada por efectivos da ordem do grupo de ombate saíu da povoação de Piche com o seguinte dispositivo:

Viatura 1 – White
“ 2 – Unimog c/ 1.ª secção
“ 3 – GMC c/ civis
“ 4 – Unimog c/ bagagens
“ 5 – Unimog c/ 2.ª secção
“ 6 – Unimog c/ carga
“ 7 – GMC c/ bidons vazios
“ 8 – Unimog c/ 3.ª secção
“ 9 – White

À velocidade normal e respeitando uma distância de 50 metros entre 2 viaturas consecutivas, a coluna, ao atingir o pontão do Rio Bentem foi surpreendida pelo desencadear de fogo de LGFog e Armas Ligeiras o qual, vindo do lado direito da picada, incidiu sobre as duas primeiras viaturas. De salientar que junto ao pontão já se encontrava uma viatura das obras de estrada, a qual estava a ser carregada com areia por três civis.

A acção IN durou cerca de 20 minutos, não tendo sido possível às NT efectuar qualquer manobra de envolvimento dado não só o reduzido efectivo mas também pela dispersão em que os vários núcleos se encontravam.

A reacção das NT foi feita apenas pelo fogo, tendo sido batidos os itinerários de retirada com fogos de morteiro. Posteriormente, uma força saída da povoação de Piche constatou pelos trilhos deixados que o grupo IN seria constituído por efectivos da ordem dos 30 elementos.

2. Procedimentos especiais a assinalar:

- A actuação do In enquadra-se nos moldes habituais, sendo de salientar que a emboscada foi montada sensivelmente no local onde em tempos havia ocorrido outra.

- Os efectivos reduzidos que constituíam a escolta impossibilitaram a constituição de uma força que pelo fogo e movimento tentasse o envolvimento do grupo IN.

- A realização da coluna era do conhecimento do IN pela circunstância de se encontrar no local uma viatura civil que não foi molestada. Isso poderá provar que o objectivo do In era realmente a coluna auto.


Esquema de uma emboscada na estrada Piche -Nova Lamego a uma coluna auto das NT



(5d). Emboscada a uma coluna na estrada Farim-Jumbembem

1. Descrição

Em 14 de Dezembro de 1970, pelas 7h00, um grupo de combate saíu de Farim iniciando a picagem para Lamel no itinerário que posteriormente iria ser percorrido por uma coluna auto que transportava pessoal para trabalhos de desmatação.

No Bolumbato o grupo foi alcançado pela coluna auto, que ali ficou aguardando que a picagem prosseguisse até à ponte de Lamel onde se procederia ao encontro com forças vindas de Jumbembem. Cerca das 9h20, quando o grupo que procedia à picagem se encontrava aproximadamente a 800 metros da ponte de Lamel, os elementos que seguiam à frente verificaram a existência de pegadas na estrada e avisaram do facto para a rectaguarda. Imediatamente foram dadas instruções para se redobrar a vigilância. Então, para a rectaguarda e sensivelmente a meio do dispositivo tomado pelo grupo, deu-se um grande rebentamento acompanhado de intenso tiroteio vindo do lado norte da estrada (ver colocação do pessoal conforme o croquis).

O grupo caíra numa emboscada montada pelo IN que se encontrava instalado bastante próximo da estrada (posteriormente foram verificadas várias posições a uns 10 metros da berma). A proximidade e o forte potencial de fogo desencadeado (lança-rockets, morteiro 60 e armas ligeiras) era tal que impediu a manobra, permitindo apenas a reacção pelo fogo.

Alguns elementos do grupo IN falavam correctamente português, tendo até um soldado das NT ao avistar um elemento fardado de camuflado, perguntado se pertencia à milícia ao que o outro respondeu que sim e para pararem o fogo. Nesse momento, avistou outro IN atrás de um morro apontando um lança-rockets. Deu uma rajada nessa direcção ao mesmo tempo que se lançava ao solo. Ouviu então dizer repetidas vezes: “Avança a Secção 3”. Em face disso recuou rastejando para prevenir os camaradas do que se passava.

Passado algum tempo ouviram-se os ruídos das viaturas da coluna que se aproximava, tendo o IN feito fogo na direcção das mesmas. Com a aproximação da coluna auto o In deixou de fazer fogo e rompeu o contacto. O facto das forças da escolta terem reagido com fogo de armas ligeiras, contribuíu para que o In retirasse. O tempo que mediou entre o início da emboscada e a chegada das viaturas, foi cerca de 20 minutos.

Entretanto ouviu-se o ruído da coluna que se dirigia de Jumbembem para Lamel. Como ainda faltavam 800 metros para finalizar a picagem, prosseguiu-se e fez-se o encontro com as forças de Jumbembem, após o que a coluna se pôs em movimento. Cerca de 500 metroa a sudoeste da ponte de lamel, a viatura da frente accionou 1 mina A/C que a picagem não detectara, ficando parcialmente destruída e ferido gravemente um soldado daquela coluna. Frisa-se que este último troço de estrada foi picado novamente após o encontro até ao local da emboscada. A mina A/C accionada pela viatura, fora colocada num terreno pedregoso, que dificultava a sua detecção, pelo simples processo de picagem.

Entretanto chegou de Farim uma força de reforço dando-se início à batida que não pudera ser feita anteriormente. Reconstituiu-se a localização do grupo de combate quando do início da emboscada iniciando-se então a batida. A uns 10 metros da estrada, foi descoberto um carreiro paralelo àquela e numa extensão que abrangia todo o grupo de combate.

Ao longo desse carreiro foram localizadas grandes quantidades de invólucros de armas ligeiras e duas posições com o terreno queimado peloa gazes expelidos dos lança-rockets. A posição do morteiro não foi localizada, mas não há dúvidas do seu emprego. Seguidos os carreiros de retirada IN foram localizados vestígios de sangue em três locais diferentes e bocados de algodõ, bem como mais invólucros de armas ligeiras, que devem ter sido utilizadas para a protecção da retirada IN. Os carreiros de retirada convergiam a cerca de 1 km da estrada e iam dar a um carreiro único, este bem batido, por ser utilizado frequentemente, e que atravessava a bolanha,dirigindo-se paraFambantã. Seguido esse carreiro e como nada mais se passou a força regressou.

3. Procedimentos especiais a assinalar

- Tratava-se de um Grupo numeroso, bem treinado e com determinação de ir ao assalto, o que é demonstrado pelas vozes de comando ouvidas.

- A zona de morte era extensa, tendo o início da emboscada sido feito com uma mina A/C, comandada e colocada não na parte superior do terreno, mas sim pela valeta como a figura demonstra: - O local de rebentamento da mina foi bem picado e observado, pois foi precisamente nele que foram verificadas as pegadas. A mina estava mesmo colocada junto à valeta e fora do rodado das viaturas. Quando foi accionada o elemento mais próximo estava a uns 4 metros e portanto sem qualquer possibilidade de ter sido accionada pelas NT. A uns 10 metros da cratera foi encontrado o travesão da mina A/C junto a uma árvore e um morro de baga-baga, lugar onde foi detectada uma posição de lança-rockets e armas automáticas; foi possivelmente desta posição que o IN fez accionar a mina.

- A mina que foi accionada pela viatura estava colocada em terreno pedregoso (escapou a uma dupla picagem) e estaria colocada para ser accionada por forças que se deslocassem naquele sentido e que viessem em nosso socorro.

- O terreno onde se efectuou a emboscada era próprio para a mesma, pois o capim era bastante alto.

- O IN, ao falar correctamente o português e vestido de camuflado, tentou aproveitar-se do facto procurando fazer com que as NT deixassem de fazer fogo.

- De salientar que este processo de implantação de minas foi já detectado no TO.


Esquema de uma emboscada a uma coluna na estrada Farim-Jumbembem:




(5e) Emboscada a uma coluna auto das NT


1. Descrição

Em 15 de Dezembro de 1970, às 6h00 saíu do destacamento X das NT um grupo de combate com a missão de manter segurança a um troço compreendido entre X e um local que designamos por Y. Meia hora mais tarde foi atingida a bolanha Z que corta o referido troço, tendo as NT feito reconhecimento pelo fogo não só porque a zona apresenta nesta altura densa vegetação mas também porque, do antecedente, o In tem escolhido esse local para montagem de emboscadas.

Transposta a referida bolanha e 1 Km após ela, o IN fez accionar uma mina A/P reforçada e comandada, após o que desencadeou a emboscada com fogos de RPG 2 e armas ligeiras automáticas. As NT reagindo pelo fogo e movimento obrigaram o In a retirar, tendo a retirada deste sido protegida com fogos de Mort 82. Feita a batida ao local, verificou-se que o IN dispunha de 30 abrigos individuais, dispostos paralelamente à estrada e a uma distância desta de 5 a 6 metros. Os abrigos foram feitos aproveitando a protecção de troncos que se encontravam caídos no local. A posição do Mort 82 encontrava-se a cerca de 1 Km a W do local onde se desencadeou a emboscada.

2. Procediments especiais a assinalar

- O In sabedor que as NT passavam a efectuar reconhecimentos pelo fogo na bolanha Z, montaram emboscada numa posição diferente da habitual, muito embora num local próximo, o que não deixa de significar a sua predilecção por determinados locais.

- A acção foi iniciada com o accionamemnto de uma mina A/P comandada por um elemento encarregado de puxar um cordel, acção essa que iniciaria a cadeia de fogo. Esse elemento estava protegido por 02 elementos armados com armas automáticas.

- O IN logo após o desencadeamento da emboscada flagelou com grande volume de fogos a cauda da coluna, com vista a impedir qualquer manobra de envolvimento.

- O IN utilizou, para proteger a retirada das suas forças, fogos de Mort 82 (16 granadas).

- O IN utilizou troncos caídos sob a protecção dos quais construiu abrigos individuais.

- Dos abrigos saím trilhos que se reuniam junto a uma árvore de grande porte, facilmente referenciada, da qual partia um trilho único que se dirigia paraa posição do Mort 82.

(Continua)
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Notas de L.G.:

(1) Vd. posts anteriores:

22 de Setembro de 2007 >
Guiné 63/74 - P2124: PAIGC - Instrução, táctica e logística (1): Supintrep nº 32, Junho de 1971 (I Parte): Formação e treino (A. Marques Lopes)

24 de Setembro de 2007 >
Guiné 63/74 - P2126: PAIGC - Instrução, táctica e logística (2): Supintrep nº 32, Junho de 1971 (II Parte): Instrução militar (A. Marques Lopes)

1 de Outubro de 2007 >
Guiné 63/74 - P2146: PAIGC - Instrução, táctica e logística (3): Supintrep nº 32, Junho de 1971 (III Parte): Deslocamentos (A. Marques Lopes)

(2) Vd. post de 7 de Outubro de 2007 >
Guiné 63/74 - P2162: O fatídico dia 12 de Outubro de 1970 - Emboscada no itinerário Braia/Infandre (Afonso M. F. Sousa)