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sexta-feira, 3 de julho de 2020

Guiné 61/74 - P21135: Bombolom XXIV (Paulo Salgado): Memória, em catadupas, as minhas memórias, que são, afinal, memórias dos outros



1. Mensagem do nosso camarada Paulo Salgado (ex-Alf Mil Op Esp da CCAV 2721, Olossato e Nhacra, 1970/72), autor dos livros, "Milando ou Andanças por África", "Guiné, Crónicas de Guerra e Amor" e "7 Histórias para o Xavier", com data de 30 de Junho de 2020:

Camaradas Editores do nosso Blogue

O meu Bombolom (não sei que número…).

Abro os “Diários da Guiné” do Mário Beja Santos, recebidos ontem, dia 29 de Junho de 2020, em tempo de pandemia. Vieram-me à memória, em catadupas, as minhas memórias, que são, afinal, memórias dos outros. Do Suleiman Seidi e do Nhindé Cudé, sargento e alferes de segunda linha, do Jam Fodé, comerciante próspero, e as crianças, e as mulheres, sobretudo a Kadi. Dos soldados, melhor dos soldadinhos (que éramos todos). Para falar deles todos não bastam os livros que escrevi, os livros que li, as narrativas de outros camaradas (gosto de usar a palavra camarada, já o afirmei aqui no blogue, carregada de um duplo sentimento: a partilha da caserna no que ela tem de físico – portanto uma conotação militar – e da noção imanente de companheiro, amigo, até do ponto de vista psicológico; ora, ainda valeria a pena falar no sentido de camarada de ideologia, mas isso nem sempre aconteceu, claro, salvo raras excepções). Para falar deles teria que os ouvir – e foi isso que fiz enquanto cooperante – indo em sua busca. Já estive com eles no meu “Guiné – Crónicas de Guerra e Amor”, e por lá passei no meu “Milando ou Andanças por África”. Até no livro infantil 7 Histórias para o Xavier, meu neto.


Mas hoje quero dizer, clamar, o quão satisfeito fiquei ao abrir o primeiro volume dos Diários. E logo me saltou a ideia de agradecer ao Mário Beja Santos: a delicada dedicatória, a nota explicativa, merecida, dirigida ao Luís Graça, e o comentário oportuno do Virgínio Briote. O que me chamou a atenção – desculpar-me-eis – foram as “leituras de guerra”. Apetece-me dizer: diz-me o que leste e dir-te-ei o que foi para ti o tempo de guerra, em termos de passar o tempo, o tempo vivido para lá das emboscadas e das cambanças e dos tarrafos e dos rios e das morteiradas e dos tiros. O Beja Santos, que me desculpe esta falha de não ter ainda comigo a obra; agora vou ler o sumo que vasto é, e que me trará – quem sabe? – alguma ideia nova.

Uma última palavra neste bombolom de hoje: para mim, a minha escrita está fortemente “agarrada” ao que passei em África. Lá, no Olossato, na Sintra da Guiné, como referiu há tempos o Beja Santos, povoação que visitámos os quatro, num Fiat 127 (!) em 1991, ele, a minha mulher, Conceição Salgado, a minha filha a Maria Paula, e eu, que por lá andou a fazer o 11.º ano e que, feito o doutoramento, quis uma viagem à Guiné, como prémio.

Um abraço. Um agradecimento ao historiador Mário Beja Santos.

Outro aos editores. Merecido. Pela persistência.
Paulo Salgado
30.06.2020
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Nota do editor

Último poste da série de 29 de agosto de 2019 > Guiné 61/74 - P20106: Bombolom IV (Paulo Salgado): Primeira Guerra e Guerra Colonial

domingo, 29 de setembro de 2013

Guiné 63/74 - P12100: Blogoterapia (235): Quando a morte nos retorna aos princípios - Reencontro com Benjamim Lopes da Costa, 1.º Cabo do Pel Caç Nat 52 (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 26 de Setembro de 2013:

Queridos amigos,
É empolgante quando alguém que estimamos profundamente e constou que tinha morrido nos telefona a dizer que tem saudades nossas, que nos quer ver com urgência, que no fim do mês regressa a Bissau, depois de uma longa estadia com tratamentos médicos.
Foi esta a grande alegria que me deu o Benjamim Lopes da Costa, um dileto colaborador que tive no Cuor, mesmo que em circunstâncias penosas houve que lhe dar voz de prisão, como aqui se descreve.
Há algo de muito forte nesta camaradagem da Guiné que não cabe nas palavras.

Um abraço do
Mário


Quando a morte nos retorna aos princípios

Beja Santos

Chama-se Benjamim Lopes da Costa. Tem 70 anos. Vive no Bairro da Ajuda, em Bissau. É funcionário reformado do BCEAO. Estudou e foi enfermeiro. Frequentou Bolama e chegou ao Xime, era o cabo Costa. Do Xime foi transferido, em Abril de 1969, para o Pel Caç Nat 52, em Missirá. Vinha substituir o Paulo Ribeiro Semedo, tragicamente sinistrado em Chicri. Dedico-lhe uma referência no Diário da Guiné, nas Terras do Soncó: “Chegou o Benjamim Lopes da Costa que veio substituir o Paulo. O Benjamim será um camarada inesquecível, mesmo quando, cheio de sofrimento, lhe darei voz de prisão após uma emboscada em que ele perdeu a cabeça e me chamou branco assassino”. Cordato, sempre leal, cooperativo, contei sempre com os seus primores de caráter. Aquela fatídica noite de 3 de Agosto, porém, foi um tremor de terra na minha existência, parece que um chicote me tagantou todo o sistema nervoso. Talvez valha a pena recordar o que sobre esse infausto evento se impôs escrever:

Mataste uma mulher, branco assassino!

Em 1 de Agosto, parto para Finete acompanhado de uma dúzia de colaboradores. Assentara com o Casanova e com o Pires o que havia a fazer em Missirá nesta primeira semana do mês, sendo que as idas a Mato de Cão nos seriam sempre comunicadas em Finete, para onde se deslocaria um contingente de 15 homens, respetivamente com morteiro 60, dilagramas e bazuca, e que aqui seria reforçado com milícias, e eu assumiria, sempre que possível, o comando. Continuávamos a ter muitos doentes, militares e civis, quase todos os dias o David Payne atendia sofredores de malária e múltiplos vírus. Levei rações de combate, colchões, mosquiteiros, o indispensável Lion Brand para afugentar a bicharada, algum material de engenharia para apoiar as obras em curso, e, a despeito dos vendavais e novas enxurradas de água, sempre dentro do ciclo "chove agora copiosamente, daqui a um bocado faz sol, troveja depois", recordo um tempo magnífico, patrulhamentos à volta de Boa Esperança, travessia até Canturé e descida até à bolanha de Gambana. Ao fim da tarde do primeiro dia, encontrámos marcas de sandálias de plástico em trilhos que ligavam Gambana até Malandim. Que desaforo! As gentes de Madina passeavam-se mesmo junto a Finete. A 2, conferi carga de material enquanto os Cabos Benjamim Costa, Domingos Silva, Alcino Barbosa e António Queirós ajudaram nas obras do novo balneário e de um abrigo reforçado, no alto do morro, com uma posição estratégica para os acessos de Malandim.

É nessa tarde que escrevo à Cristina: "Faz agora exatamente um ano que recebi uma guia de marcha para seguir para Bambadinca. Cheguei a 3 de manhã ao cais de Bissau foi uma longa viagem que acabou ao anoitecer no cais de Bambadica. Eu era o “periquito de Missirá”. Na tarde do dia seguinte, há de aparecer o Saiegh acompanhado de Mamadu Camará e Campino, todos me olham como curiosa novidade. Nunca mais esqueci o olhar do Saiegh, dois carvões iluminados, resguardados por pestanas muito bonitas, olhos como azeitonas brilhantes que não iludiam um grande ressentimento, como vim a comprovar. Nesse dia, em Missirá, a gente da Madina deixou na fonte panfletos a convidarem os "colonialistas" a desertar; na véspera, Uam Sambu, também não muito longe da fonte de Cancumba, viu o seu peito estilhaçado por uma granada mal armadilhada. Será uma noite muito difícil, esta primeira noite em Missirá: oiço uma língua que mal percebo, parece um português arcaico entremeado com diferentes linguajares, o que não estava longe da verdade. Choro mansinho dentro do meu mosquiteiro, num abrigo onde se ouve o tossir áspero do rádio de transmissões para onde o Teixeira de vez em quando se dirige e fala acaloradamente. Estou a dimensionar uma pavorosa solidão, depois de ter visto alguns despojos macabros que o Saiegh guardava em frascos. Desculpa as longas descrições, os pormenores entediantes, os sustos que te dei. Sei que sofreste muito com as minhas cartas, com os meus mortos e feridos, as flagelações. Desculpa tudo, estou certo que Deus assim andou connosco, e nos deu força".


Uma emboscada com uma crise de nervos

E, portanto, em 3 de Agosto vamos emboscar em Malandim, vamos mostrar a quem se abastece em Mero e Santa Helena que não estamos impassíveis ao descaro. Trabalhou-se até cerca das cinco da tarde, escolhi um grupo de quinze homens, cuidadosamente, com o auxílio do Benjamim Costa e do Domingos Silva expliquei como íamos atuar: ficaríamos em linha numa clareira, muito perto do mato denso que vem da destilaria de aguardente abandonada da fazenda de Malandim; ficaria no meio rodeado do Cherno e de Mamadu Djau; ninguém dispararia a não ser à minha ordem, e a haver uma retirada viríamos pelo trilho até Finete, deixando as sentinelas de sobreaviso quanto a essa emergência. Levara para Finete alguns livros, tais como "A vida de Charlot", por Georges Sadoul, um volume com as aventuras Sherlock Holmes, um belo livro policial de Ellery Queen, um romance que mal iniciei de Truman Capote e estava a meio de um policial de Erle Stanley Gardner, " O caso do pato afogado". Este último, envolto num plástico, acompanha-me até à emboscada de Malandim. Estamos devidamente posicionados quando a repentina noite tropical caiu sobre nós. Aqui e ali ainda se ouve um cantil que vai à boca, um mastigar de comida, um pedaço de cola que ajuda a passar o tempo e quebra a secura. Penso mais no dia de amanhã que no de hoje, amanhã quero levar as folhas dos vencimentos a Bambadinca, procurar trazer arroz, encomendar comida para a nossa messe em Missirá, ver se já chegaram alguns cunhetes para suprir as munições desaparecidas na noite de 15 de Julho. Em 5 de Agosto vou escrever à Cristina: "Não podes imaginar a dor com que te escrevo, estou chocado e não sei conter a amargura que me trespassa a alma. Tens que me ouvir. Montei uma emboscada na noite de 3 perto de Finete, onde estive até ontem. Aguardávamos com ânimo elevado a borrasca dos céus e o desfiar das horas, até alta madrugada. Eu estava estirado na pequena picada que conduz às ruínas da fazenda de Malandim. Silêncio sem o piar das aves até que, passava das sete, não estávamos ali há mais de uma hora, oiço o brado do Mamadu Camará que passa como um chicote pelas minhas costas: “alto, alto já!” Rodopio, há um vulto que avança para mim, é um manto que me parece esverdeado que vacila diante de mim, não sei se vem armado, crivo-o de balas, oiço um suspiro breve, é como se uma massa mole que me cai nos braços. Estala o pânico, ouvem-se passos em fuga, é naturalmente o grupo que se reabastecera em Mero que parte em fuga. Acometido por uma violenta histeria, o cabo Costa pragueja e insulta-me: “Matou uma mulher, és um branco assassino!”. Uns procuram dominar o dementado, outros querem caçar os fugitivos, é uma desordem geral que se cruza com a berraria do cabo Costa que continuava a vociferar e a insultar-me. Coisa curiosa, estou sereno, ordeno a retirada para Finete, aqui peço ao Bacari para ir buscar o corpo e os despojos, informo que vamos todos seguir para Bambadinca, sei e sinto que é necessário cortar pela raiz este sinal de insubordinação. Os quilómetros enlameados que levo até Bambadinca dão para pensar no que devo ao Benjamim Lopes da Costa, seguramente o mais culto dos meus cabos, sempre prestável, militar aprumado a quem reconheço a qualidade da solicitude e o valor da lealdade. Mas não se pode passar uma esponja sobre o que aconteceu". Atravessado o Geba, parece que corremos até à rampa de Bambadinca, em segundos alcanço a messe de oficiais onde Jovelino Pamplona Corte Real joga bridge. Cá fora fica o grupo acompanhante, tudo gente que presenciou os acontecimentos de Malandim.


Um diálogo extraordinário com o novo comandante

- O que o traz aqui a estas horas? 
- Meu Comandante, fizemos uma emboscada perto de Finete, surpreendemos um grupo que ia para Madina, matei um dos elementos, um dos meus cabos perdeu a cabeça e insultou-me, chamando-me "branco assassino". É indispensável que se reponha a ordem. Tem que ficar aqui preso. É a si que compete dar voz de prisão. 
- Homem, nem pensar. Na guerra, não se prende toda a gente só porque se perde a cabeça. Fale-lhe a bem, obrigue-o a pedir desculpa, vai ver que não houve insubordinação nenhuma. 
- Meu comandante, mantenho com todos os militares em Missirá e Finete uma relação de autoridade e estima que não posso nem quero perder. Não vou agora fazer um relatório com este episódio aldrabado. Não pudemos capturar o inimigo por este desrespeito, este ato insensato que estragou o patrulhamento ofensivo. Os meus soldados nunca entenderiam ter-se feito silêncio sobre este acontecimento. Aliás, não aceito desculpas aos soldados que adormecem no posto, nunca deixo passar em branco as tentativas àqueles que querem pagar reforços para fugir ao serviço. O cabo Costa ou é punido ou eu não volto para Missirá. 
- Acalme-se, vamos para o meu gabinete.

E fomos, eu fiz sinal para que todos viessem atrás de nós. Entrei a seguir ao comandante no seu gabinete, a luz acendeu-se, ele sentou-se e voltou a propor-me um exercício de cortesia. 
- Veja se serena. Quando se é implacável em excesso, corre-se o risco de perder o verdadeiro respeito que a tropa nos deve ter. O melhor é o cabo ficar aqui, eu converso com ele, eu trago-o à razão. 
- Não, meu comandante. O cabo Costa chamou-me branco assassino na presença de todos os camaradas. Sei que é um excesso, conheço as suas qualidades, mas a vida militar faz-se de exemplos. Ou ele entra na prisão à sua ordem, ou eu informo os meus soldados que a partir de hoje não os comando. E juro-lhe que não voltarei ao Cuor se não se fizer justiça pelas suas mãos. Asseguro-lhe que não volto atrás.

O comandante olha-me intensamente, o tempo suficiente para perceber que era escusado tentar demover-me. Não estou em pânico nem exaltado, a dor que me atravessa não é reparável por qualquer voz de prisão. 
- Bom, vou mandá-lo prender, ele fica à minha custódia. Depois vejo o número de dias de prisão que lhe vou dar. 
- Desculpe, o meu comandante vai mandá-lo conduzir para a prisão na nossa presença. Os meus soldados precisam de ver com os seus olhos quem faz justiça, quem castiga a insubordinação.

Levantando-se a custo, como se deslocasse todo o peso do seu corpo e da sua decisão, Jovelino Pamplona Corte Real chama o oficial de dia. Quando este chega, ordena-lhe que conduza o cabo Costa para a prisão, que era qualquer coisa como um galinheiro ali em frente. Apercebendo-se do que estava a acontecer, o Benjamim procurou justificar-se. Insensível a qualquer pedido de reparação, perfilei-me e informei que ia partir imediatamente para Finete. Não falo com ninguém, nem durante a viagem nem depois. Mais tarde, frente a toda a tropa formada na parada de Missirá, leu-se a ordem de serviço com a punição: 8 dias de prisão disciplinar por se ter dirigido ao seu comandante em tom e termos denotando falta de respeito, atitude que impediu a perseguição imediata de um grupo inimigo, porque o seu comandante tinha aberto fogo e abatido um dos seus elementos. E não era mais rigorosamente punido devido às suas qualidades e capacidades de colaboração”.

Um pouco mais tarde, reconciliámo-nos, também está escrito no Diário da Guiné. O Benjamim esteve no jantar do meu casamento no restaurante Pelicano, em 20 de Abril de 1970. Logo a seguir, abandonou o pelotão, já levava mais de três anos de vida militar. Empregou-se como enfermeiro (instrumentista), no Hospital Central de Bissau. Em 1978, fez concurso para o BCEAO, aqui se reformou há dois anos atrás. Azar meu, alguém me informara que morrera num desastre de viação, não muito depois da minha estadia como cooperante por vários meses, em 1991, houvera mesmo um lauto almoço em sua casa, apareceu outro querido amigo, o irmão do Benjamim, Benício Lopes da Costa, então secretário-geral da Assembleia Nacional Popular, era um quadro brilhante do PAIGC, uma grande promessa. Com o Benjamim carteei-me nos primeiros anos após o regresso a Portugal, em Agosto de 1970. Comunicou-me o casamento, enviei-lhe as alianças. Depois a alegria do reencontro, em 1991. Seguiu-se o silêncio, a notícia da sua morte tinha sido tão chocante que nada mais averiguei.

Ora em 1 de Dezembro de 2010 reencontrei o Benício em casa do Chico Bá, encontro mais emocionante não podia ter sido, chorámos convulsivamente, ele tinha escapado a um poderoso AVC, faltou-nos tempo para conversar, seguia para Dakar, para um exame de rotina, eu regressava no dia seguinte a Portugal. Fui aí que perguntei pelo Benjamim, como estaria a família e a resposta calma do Benício alegrou-me: “Ele está bem, a mulher e os sete filhos também”.

E passaram os anos, sem rasto do Benjamim. Há dias toca o telefone, ouviu-se o seu vozeirão inconfundível: “É o Benjamim, finalmente encontrei o Mamadu Camará que me deu este número de telefone. Quero vê-lo rapidamente, sei que há livros que escreveu sobre os nossos tempos, marque encontro”.

Apareceu ao anoitecer de 26 de Setembro, em minha casa. Tirei-lhe várias fotografias, escolhi esta que vos mando. E depois fomos jantar fora e falámos do futuro. No restaurante, tirámos outra fotografia, para que conste.

O Benjamim vem regularmente a Portugal, o assunto é sério e tem a ver com a próstata. Regressa agora a Bissau com os livros e promete telefonar-me, estar em contacto, para o ano, queira Deus, voltaremos a ver-nos.

Há mortes que modificam as nossas vidas, aquela de 3 de Agosto de 1969 reajustou a nossa existência, o que estava quebrado soldou-se, agora pesa o que pesa a nossa amizade. Temos razão para dizer que para todo o sempre. O Benjamim é um dileto camarada da Guiné.

Joaquim Lopes da Costa

Joaquim Lopes da Costa e Mário Beja Santos
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Nota do editor

Último poste da série de 10 DE SETEMBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12024: Blogoterapia (234): É muito difícil para mim falar da guerra da Guiné (Francisco Baptista)

domingo, 31 de maio de 2009

Guiné 63/74 - P4445: Recortes de imprensa (20): Jornal "O Mirante" - As lágrimas de um ex-combatente (Sousa de Castro)

1. Mensagem de Sousa de Castro (*), ex-1.º Cabo Radiotelegrafista da CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, 1971/74, com data de 29 de Maia de 2009:

Assunto: As lágrimas de um ex-combatente no momento de enfrentar a memória

http://semanal.omirante.pt/index.asp?idEdicao=393&id=54202&idSeccao=5930&Action=noticia
Com os cumprimentos do
Sousa de Castro


2. Fazendo uso da informação que o nosso camarada Sousa de Castro nos fez chegar, e com a devida vénia ao semanário regional "O Mirante" (**), reproduzimos uma notícia inserida na sua edição online do dia 28 de Maio de 2009.



O Mário Beja Santos da defesa dos consumidores volta a vestir o camuflado(***)

As lágrimas de um ex-combatente no momento de enfrentar a memória

Não há nada que sacie a vontade que os ex-militares têm de contar o que se passou e o que passaram na guerra colonial. Mas depois de anos de um silêncio muitas vezes auto-imposto queixam-se que a sociedade continua sem querer saber.


Mário Beja Santos lê devagar. Pausadamente. Suspeita que se vai emocionar. “Ergui a tua cabeça e tu disseste-me baixinho: “Alferes, dá-me um tiro para acabar tudo”. Afastei-te a espingarda, o Jolá rasgou-te o dólman, tirou-te os restos das botas. Tu estavas muito mal, o braço esquerdo todo rasgado, buracos no peito, estilhaços nas pernas, pensei que tinhas perdido os dois olhos, tal o mar de sangue.”.

Silêncio total no pequeno auditório da biblioteca. O ex-oficial miliciano do exército português, mais conhecido como um dos primeiros portugueses na frente de luta em defesa dos consumidores do que como combatente na frente Leste da Guiné-Bissau entre 1968 e 1970, é traído pela emoção. Chora. Pede desculpa e retoma a leitura de um dos textos do seu livro “Diário da Guiné (1º volume) - Na terra dos Soncó ”. A voz sai marcada pela emoção. O episódio tem por título “O presépio de Chicri”. Tudo aconteceu há mais de 40 anos. Tudo acontece naquela tarde de sábado, 23 de Maio de 2009.

“Retirámos aos tombos, eu levava entre os dentes o teu braço esfacelado, e vamos percorrer os quilómetros mais dolorosos da minha vida até chegarmos ao anfiteatro de Chicri. Não sei quanto tempo durou esta viagem alucinante. Finalmente, depositei-te, cheio de ternura, no chão. O Teixeira tentou uma ligação, a ver se conseguia que um helicóptero te viesse buscar. Não se conseguiu a ligação. O Sol estava no zénite”. Perante o olhar tenso de antigos militares que passaram pelos vários teatros da Guerra Colonial em África, Beja Santos limpa as lágrimas com um lenço enquanto tenta recompor-se.

No início da conferência, em Alverca, numa sala onde não estava mais de uma dezena de pessoas, o ex-combatente conta como o pudor o impediu de falar da sua comissão na Guiné durante dezenas de anos. “Quando estava na guerra e apesar de não ser permitido eu contava o que acontecia. Aos meus pais, aos meus amigos. Mas não encontrava ressonância. Era como se não dissesse nada. Cá recebemos o teu aerograma eu ficava furioso”.

Não foi só Beja Santos que calou a Guerra dentro do peito. No início da conversa, integrada no ciclo “Guerra Colonial realidade ou ficção”, organizada pelo serviço de bibliotecas da Câmara de Vila Franca de Xira, o orador convidado lembrara que ainda hoje não há muitas obras de artistas plásticos sobre aquele período da guerra colonial, antes de dizer os primeiros versos do poema Nabuangongo, de Manuel Alegre. “Em Nambuangongo tu não viste nada/não viste nada nesse dia longo longo/a cabeça cortada/e a flor bombardeada/não tu não viste nada em Nambuangongo”.

“Quando regressei da Guiné suspendi as minhas recordações. Baixei os painéis. Queria acabar o meu curso. Iniciar a minha vida de casado. Criei uma carapaça para fugir à tormenta das minhas memórias dolorosas”. O ex-combatente sentiu que mesmo após o 25 de Abril ninguém queria tocar no assunto. “O que estava na agenda era a descolonização. As pessoas andam todas à procura da prosperidade. Nós fazíamos parte do passado. Do período colonial. Ninguém queria ouvir as nossas histórias e nós não sabíamos onde colocar aquilo em que tínhamos participado”.

Trinta anos depois Beja Santos juntou os mais de 500 aerogramas (cartas sem franquia para troca de correspondência entre militares e família) enviados à sua mulher, libertou-se do peso que o sufocava e começou a escrever sobre a sua comissão. “Era uma vez um menino alferes que chegou à Guiné e foi lançado no regulado do Cuor, no Leste, em 1968. A sua missão principal era proteger o rio Geba, garantindo a sua navegação, indispensável para a continuação da guerra. O alferes comandava dois aquartelamentos e alguns dos soldados mais valentes do mundo: caçadores nativos e milícias, gente que vivia no Cuor, em Missirá e em Finete”


Depois de “Na terra dos Soncó” em 2008, saiu já este ano “Tigre Vadio” o segundo volume do seu Diário da Guiné. “Agora falo do que se passou com grande naturalidade” diz a certa altura da sua exposição, algum tempo antes de se emocionar e deixar correr as lágrimas ao lembrar o episódio do soldado ferido.
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 29 de Maio de 2009 >
Guiné 63/74 - P4438: Convívios (136): Pessoal da CART 3494/BART 3873, no dia 13 de Junho de 2009, em Santa Catarina de Vagos (Sousa de Castro)

(**) Sobre "O MIRANTE online"

Em Novembro de 2002 O MIRANTE passa a disponibilizar a quase totalidade dos conteúdos da edição semanal através de um site colocado no endereço
http://www.blogger.com/www.omirante.pt. A novidade foi o facto de tal edição ficar acessível às quartas-feiras a partir das 13h00 permitindo aos assinantes e a outros leitores da edição em papel um primeiro contacto com os conteúdos do jornal – O MIRANTE é colocado à venda à Quarta-feira de manhã e é também às Quartas-feiras que é entregue pelos correios em casa dos assinantes.

A 13 de Outubro de 2004 é disponibilizada no mesmo endereço uma edição com actualizações permanentes dando resposta a uma crescente necessidade de informação regional diária.

(***) Vd. poste de 30 de Abril de 2009 >
Guiné 63/74 - P4269: Agenda Cultural (11): Ciclo de Encontros Guerra Colonial: Realidade e Ficção - Alverca do Ribatejo (Beja Santos)
7ª Sessão - 23 de Maio, às 15.30h, com o Dr. Mário Beja Santos, na Biblioteca Municipal de Alverca.
“Era uma vez um menino alferes que chegou à Guiné e foi lançado no regulado do Cuor, no Leste, em 1968. A sua missão principal era proteger o rio Geba, garantindo a sua navegação, indispensável para a continuação da guerra. O alferes comandava dois aquartelamentos e alguns dos soldados mais valentes do mundo: caçadores nativos e milícias, gente que vivia no Cuor, em Missirá e em Finete. Mas havia outras missões, para além de proteger o rio: emboscar, patrulhar, minar, atacar e defender, garantir um professor para as crianças, reconstruir os quartéis flagelados, levar os doentes ao médico, praticar com o régulo, um destemido Soncó, neto de Infali Soncó que derrotara Teixeira Pinto no dealbar do século XX. Era uma vez um alferes que aprendeu a trabalhar com um morteiro 81, a emboscar na calada da noite, a enterrar os mortos e a levar os moribundos às costas. Era uma vez um alferes que se deslumbrou com as terras dos Soncó e que resolveu escrever um diário para se manter vivo e lembrar aos entes queridos que se estava a fazer um homem. A partir daquela guerra, Cuor e os Soncó viveram para sempre no coração do alferes. Era uma vez…”
Documentos de Divulgação em anexo.


Vd. último episódio da série de 5 de Maio de 2009 >
Guiné 63/74 - P4283: Recortes de imprensa (19): O pesadelo das minas (Nelson Herbert)

domingo, 16 de março de 2008

Guiné 63/74 - P2647: Bibliografia (27): Imagens da apresentação do Diário da Guiné, 1968-1969: Na Terra dos Soncó, do Mário Beja Santos (Virgínio Briote)

Mais Imagens da apresentação do Diário da Guiné, do Mário Beja Santos

O Tino Neves, o Fernando Chapouto, o Fernando Franco e o Helder Sousa na sala do restaurante da Casa do Alentejo.



Um grupo de Camaradas troca impressões, já com os pés debaixo da mesa.



Da direita para a esquerda, o Ten Cor Helder Pereira (Cmd na Guiné), o Helder Sousa, o F. Franco e o F. Chapouto aguardam o bacalhau.


Enquanto o Mário Beja Santos conversa com o Carlos Vinhal, o António Abreu dedica o seu Diário da Guiné, Sangue, Lama e Água Pura ao Albano Costa.



O General Pezarat Correia a ser recebido pelo Mário Beja Santos.



Ainda o Mário e o General Pezarat Correia.


O António Graça de Abreu, um orador que dá gosto ouvir.



No Gabinete da Direcção da Sociedade de Geografia de Lisboa, o Carlos Cardoso, o Carlos Vinhal, a Dina, sua mulher, a Susana do projecto Ignara que nos honrou com a siua presença, o António Santos e a Eduarda, mulher do Albano Costa.



O Albano Costa (de Guidage e de Guifões) com a Eduarda.



A Susana do Projecto Ignara explica ao Rui Alexandrino Ferreira as razões e o interesse do Projecto de que é protagonista.


A ouvirmos com toda a atenção as explicações que iam sendo amavelmente prestadas por uma Senhora da Sociedade de Geografia de Lisboa.


o Mário estava assim.

Camaradas das Terras dos Soncó. Mexia Alves, Beja Santos e Jorge Cabral, em primeiro plano. Mais atrás, o Rui Fonseca (Sargento-Mor), o Helder Pereira (Ten Cor) e o João Parreira, três Comandos.


Os três não se largavam. Falariam de quê?


Aspecto da sala onde se procedeu à apresentação oficial do Diário da Guiné, Na Terras dos Soncó. A fila para as assinaturas rapidamente tomou forma, mesmo antes do início da cerimónia.


Na mesa de honra o General Lemos Pires preparava-se para a apresentação do Diário do M. Beja Santos.



A Dina, mulher do Carlos Vinhal, a Susana do Projecto Ignara e a Eduarda, mulher do Albano Costa.



O Beja Santos e o Albano com um Camarada que não consigo identificar. No canto da sala, atrás, repousa o primeiro padrão colocado em terras da Guiné por Nuno Tristão.


No Gabinete da Direcção da Sociedade de Geografia, o Beja Santos dá-nos algumas informações sobre a Sociedade, tendo à sua direita um elemento da Direcção da Sociedade de Geografia. O Helder Sousa, o Tino Neves, o Carlos Cardoso e o F. Franco.




O Helder Sousa com o João Parreira e o Artur Conceição.

Fotos: © Mário Fitas (2008). Direitos reservados.

quinta-feira, 6 de março de 2008

Guiné 63/74 - P2615: Bibliografia (24): Lançamento do Diário da Guiné, 1968-1969: Na Terra dos Soncó, do Mário Beja Santos (Virgínio Briote)


Lançamento do Diário da Guiné, 1968-1969: Na Terra dos Soncó, do Mário Beja Santos

1. Mensagem que o Fernando Santos e Oliveira, o nosso homem de um Cachil que parece nunca ter existido, nos enviou há tempos:

Não vou estar, fisicamente, na “abertura” Oficial e solene do teu livro. Mas quero, com esta antecedência, deixar dito que estou muito grato pela força que tiveste em escrevê-lo; eu também serei beneficiário particular da parte da História (real ou ficcionada, ou ambas) que ali descreverás.

De qualquer modo, há por lá sempre o dedo da inspiração sofrida (que o não foi) pela vivência na proximidade e envolvimento na Guerra.

A todos os que de uma forma ou de outra (não sei o mail do Henrique Monteiro) contigo deram a colaboração para a afirmação que já é real, estendo a minha capa, para que, contigo, possam caminhar em Honra merecida.

Sabe, eu sou dos “velhos de 64” a quem a vida já deu muito; mas também sei que ainda existem muitos de nós, “escondidos e envergonhados” que bem poderiam, igualmente, contribuir para um conhecimento mais próximo da realidade do impacto, ou primeiro choque, que todos tivemos com o início da Guerra.
Acho que já estou divagando…
Mereces as maiores felicidades neste Lançamento. Isso, é o que importa agora.

Saudações amigas, do
Santos Oliveira

2. A nossa resposta ao Fernando e a todos os que não puderam estar presentes:

Caro Fernando,

Estou a chegar a casa da sessão de lançamento do livro do Mário Beja Santos. Foi uma cerimónia bonita. Quase cinquenta Camaradas que todos nós vamos conhecendo dia a dia melhor e algumas, poucas, Mulheres sem nome como bem comentou o João Tunes.

Sem contarmos, apresentou-se para almoçar o General Pezarat Correia, isto para falar de Oficiais-Generais. Porque estiveram Camaradas com que não contávamos, como também não esperávamos as palavras, escassas, do António Graça de Abreu, o feliz autor do excelente relato documental dos últimos anos da nossa presença naquelas terras, o Diário da Guiné, Lama, Sangue e Água Pura.

Depois, sabes como é, o pessoal atrasou-se quase uma hora para a visita guiada à Sociedade de Geografia. Mas fomos bem conduzidos a ver o primeiro padrão espetado por Diogo Cão algures nas margens de um dos grandes rios da Guiné. E a tumba que guardou anos e anos na Índia os ossos do Afonso de Albuquerque. E outro padrão português na foz do rio Zaire.


O bacalhau do almoço não estava muito famoso, aliás julgo que defrontámos um sucedâneo do dito, como costuma dizer o Quitério, o grão-mestre das mesas deste país. Assim, tivemos que meter águas num Solmar que, aproveite-se para dizer, já viu melhores dias.
Regressados à Sociedade, entrámos para a sala do lançamento do livro.
Aproveitando a presença e a disponibilidade do Coronel Gertrudes da Silva cedemos-lhe a palavra com muito gosto. Abriu o nosso Camarada Rui Alexandrino Ferreira que fez a apresentação do orador.
O tema que o Coronel começou a abordar tratava da Guerra da Guiné no contexto da Guerra Colonial. Um trabalho interessante que merecia outro destaque, com tempo mais adequado. E para ser discutido com a Tertúlia. Infelizmente, começa a escassear-nos o tempo para escutarmos a memória viva dos que estiveram na primeira linha dos acontecimentos.


Com o tempo a correr contra nós, atrasados já mais de uma hora, o Beja Santos pediu ao Galissá para ir afinando a Korá. Com mais ou menos volume regulado à mão no sintetizador, ia-nos abrindo o apetite para sonoridades tão familiares.
Galissá.

Quando demos por ela, a sala a deitar por fora, vimos o Beja Santos a assinar o livro a um espectador e quando deixámos de olhar para o lado, tínhamos uma fila de mais de 10 pessoas. Uma hora ou mais foi quanto nos custou pôr ordem na ordem de trabalhos. Para trás já tinha ficado a discussão sobre os assuntos do nosso blogue, só faltava agora também ficar para outras horas a apresentação oficial do livro do Mário...
A custo, começou o General Lemos Pires a apresentação do diário de um alferes em terras dos Soncó. Discretamente, apareceram na sala o Embaixador da Guiné e o General Garcia dos Santos. Sem lugar na mesa para o Embaixador, sentámo-lo, discretamente também. Posta a organização ao corrente, logo se arranjou lugar para o Ilustre convidado. Que, diga-se, é um Guineense como nós conhecemos no nosso tempo. Simpático, simples, que nem os sete anos no Tarrafal modificaram. Por mim falo, fiquei com pena de não ter sido mais habilidoso, podia ter aproveitado para puxar pelas memórias daquela vida.
Seguiu-se o Mário de Carvalho, escritor de obras muito lidas. Discurso com a marca do Mário da Carvalho, voz bem sincronizada diminuída por uma sala sem grandes condições acústicas.
O Mário Beja Santos fechou a sessão, oferecendo à Sociedade de Geografia dois (?) aerogramas da correspondência que teve o privilégio de manter com o Almirante Teixeira da Mota, o Ilustre estudioso das gentes e dos rios da Guiné.
E tenho dito, já passa das onze da noite. Amanhã seguem as fotos que o Albano Costa, de Guidage e de Guifões, foi fazendo da sessão. Um abraço,
vb
__________

Notas:

1. Presente também a Susana e o Filipe do projecto Ignara. Um projecto que deve merecer toda a nossa atenção e apoio e que prometemos acompanhar.
2. Os vinhos para o almoço, foram oferecidos e transportados para a Casa do Alentejo pelo José Manuel Lopes e outro Camarada que esteve em Mampatá, a quem peço desculpa por não ter retido o nome. De qualidade superior, o tinto servido (Quinta Srª da Graça, 5030-429, S. João de Lobrigos, Douro. Tels.: 916 651 639 / 916 651 640. Mail: quinta.graca@mail.pt) merecia outro bacalhau. O José Manuel Lopes encarregou-me de fazer a entrega ao Luís Graça de uma garrafa de Vinho Fino Velho, da Quinta da Srª da Graça, Reserva Particular.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Guiné 63/74 - P2537: Bibliografia (16): Lançamento do Diário da Guiné, 1968-1969: Na Terra dos Soncó, do Mário Beja Santos (Virgínio Briote)

Capa do livro do Mário Beja Santos, Diário da Guiné 1968-1969: Na Terra dos Soncó.Foto: Círculo de Leitores (2008). (Gentileza da Dra Isabel Mafra, da Editora Temas e Debates)

1. Mensagem do Rui Alexandrino Ferreira a dar-nos conhecimento da carta que enviou a alguns Camaradas:


Viseu, 14 de Fevereiro de 2008

Meu caro amigo

Sob o lema “ Não deixemos que os outros contem por nós a nossa história “, Luís Graça, Sociólogo do Trabalho e da Saúde, professor da Escola Nacional de Saúde Pública e da Universidade Nova de Lisboa, que criou e editou um blogue colectivo em que os antigos combatentes da Guiné vêem descrevendo as suas participações naquela que passou à posteridade como a guerra colonial, a guerra subversiva ou a guerra de África.


Sendo que essa guerra foi o marco que condicionou a vida colectiva dos Portugueses na segunda metade do século vinte, continua a ser um tema sempre presente, controverso, discutido e nunca encerrado sobretudo para quem a viveu.

Daí lhe vem não só a importância mas a notoriedade e a curiosidade que o blogue Luís Graça & camaradas da Guiné vem despertando que o fez ultrapassar na data em que te estou a escrever o meio milhão de visitantes: Mais propriamente 525528.

Um sucesso verdadeiramente espectacular. Só possível pela competência, integridade simpatia e espírito de missão daquele nosso camarada que teve além do mais a felicidade, o bom senso e o cuidado de se fazer acompanhar por dois ex-combatentes de excepcional craveira moral, de liderança e de disponibilidade como são o Carlos Vinhal e o Virginio Briote.
Pessoalmente sinto-me muito honrado por pertencer a tão ilustre tertúlia.

Sucede que outro tertuliano de grande valor como é o Mário Beja Santos, figura pública bem conhecida que dispensa apresentações, organizou e vai publicar em conjugação com o Circulo dos Leitores (...) o Diário da Guiné – Na terra dos Soncó.
Estamos certamente perante um livro especial para todos quantos passaram pela Guiné, que aí viveram e a ela se sentem ligados, por quantos tiveram lá algum familiar, por quantos querem saber mais sobre a guerra colonial ou pelos que querem render homenagens ás gerações sacrificadas que, por terras então dominadas pelo espectro da morte, comeram o pão que o Diabo amassou.

Esse livro que é certamente um pouco de todos nós e para o qual te recomendo já a aquisição vai ser lançado no dia 6 de Março, em Lisboa, na Sociedade Portuguesa de Geografia, junto ao Coliseu dos Recreios.

A apresentação terá lugar às 18 e 30.
Aqui fica o meu convite para estares connosco.

Informo-te ainda que nesse dia vamos almoçar na Casa do Alentejo e na parte da tarde antes do lançamento estaremos em convívio numa sala posta à nossa disposição por aquela Sociedade onde como é lógico serás bem-vindo.
Se pretenderes almoçar connosco deverás proceder à inscrição o mais rápido possível eventualmente através da minha pessoa. O custo previsto por pessoa é de aproximadamente 12 euros.

Lá estarei à tua espera.

Um grande abraço.

Rui Alexandrino Ferreira

2.
Lançamento: Lisboa, 6 de Março de 2008, 18.30h, na Sociedade Portuguesa de Geografia.

Almoço: Presenças confirmadas (até 14/02)

1. Henrique Matos, o 1º Cmdt do Pel Caç Nat 52 (vem do Algarve).
2. A. Marques Lopes, (Porto), o nosso Camarada de Barro, de Sinchã Jobel e de tantos outros sítios da Guiné.
3. António Graça de Abreu, (Mafra), que viveu os anos do fim, em Canchungo primeiro, depois em Mansoa e finalmente em Cufar, nas margens do Cumbijã, e autor do bem sucedido "Diário da Guiné, Lama, Sangue e Água Pura".4. António Santos, (Lisboa), sempre atento e presente em tudo o que diz respeito à Guiné.
5. Delfim Rodrigues, (Coimbra), que esteve em Suzana e Varela, entre 71 e 73.
6. Mário Fitas, (Estoril), que escreveu a história da Pami Na Dondo (Cufar).
7. Rui Ferreira, (Viseu), autor de Rumo a Fulacunda, uma obra cheia de revelações sobre alguns dos acontecimentos mais dramáticos da nossa Guerra.
8. Raul Albino, que esteve em Có, Mansabá e Olossato (1968/70).
9. Carlos Vinhal e Esposa, (de Leça), nosso indispensável editor, capaz de pôr alguma ordem nesta imensa avalanche de informação.
10. Albano Costa e Esposa (de Guifões), o fotógrafo de Guidage e da Guiné de agora.
__________

vd artigos de:

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Guiné 63/74 - P2521: Bibliografia (15): Lançamento do Diário da Guiné, 1968-1969: Na Terra dos Soncó, do Mário Beja Santos (Virgínio Briote)

Capa do livro do Mário Beja Santos, Diário da Guiné 1968-1969: Na Terra dos Soncó.
Foto: Círculo de Leitores (2008). (Gentileza da Dra Isabel Mafra, da Editora Temas e Debates)


1. Mensagem do Luís Graça:
Amigos & camaradas:

Sigamos o exemplo do A. Santos, não deixem para o último dia a inscrição no almoço por ocasião do lançamento do livro do Beja Santos (que é também o nosso livro). Eu, infelizmente, não poderei estar, mas o camarada V. Briote representar-me-á a mim e ao Carlos Vinhal (que está no Porto e, infelizmente, eu não posso pagar-lhe ajudas de custo... Por enquanto, somos um blogue de tesos).

Apontem, s.f.f., na vossa agenda> Lançamento: Lisboa, 6 de Março de 2008, 18.30h, na Sociedade Portuguesa de Geografia.

Mas haverá também reunião da mini-tertúlia de Lisboa, que começará com um almoço na famosa Casa do Alentejo (uma das pessoas da direcção é a esposa do nosso camarada Fernando Calado). A Casa do Alentejo é de visita obrigatória, tal como a Sociedade de Geografia. Fica tudo pertíssimo, na Baixa lisboeta.

Entretanto, tenho a comunicar-vos que o livro já está na tipografia. Já vi a versão final (que a editora me mandou em formato pdf). Vai ficar um livro espectacular, com muitas fotos, nossas, e em especial do nosso Humberto Reis.
Estamos todos convidados para a cerimónia, independentemente do almoço da tertúlia. Todos teremos orgulho em lá estar, a começar pelo nosso Mário, que suou as estopinhas para ter tudo pronto a horas. Todos demos uma mãozinha...
Já agora fica aqui a menção dos créditos fotográficos. Em todas as fotos aparecem os nomes dos camaradas que as cederem (só para este efeito, para este livro e mais nenhum; ou seja, a editora não poderá voltar a utilizar as fotos, sem a nossa autorização expressa). As fotos foram seleccionadas de um lote de cerca de mil, que eu mandei num CD-ROM (Bissau, Xime, Xitole, Mansambo, Bambadinca, Missirá, Rio Geba, Rio Corubal, etc.). Aqui os camaradas premiados:
A. Marques Lopes, Albano Costa, Fernando Calado, Fernando Chapouto, Gabriel Gonçalves, Henrique Monteiro, Humberto Reis, J. Vacas de Carvalho, Joaquim Mexia Alves, Luís Graça, Mário Beja Santos, Sousa de Castro, Tony Levezinho, Virgínio Briote,

Estamos (o autor, a editora, o editor do blogue) muito gratos pela colaboração prestada por vocês todos, a começar por aqueles que todos os dias nos lêem, apreciam, criticam, comentam, escrevem, divulgam.
LG

2. Almoço da tertúlia: Presenças já confirmadas1. Henrique Matos
2. A. Marques Lopes
3. António Graça de Abreu
4. António Santos
5. Rui Alexandrino Ferreira
6. Delfim Rodrigues

3. Quem não pode ir mas que vai lá “estar”

Caro Beja Santos:

Não vou estar, fisicamente, na abertura oficial e solene do teu livro. Mas quero, com esta antecedência, deixar dito que estou muito grato pela força que tiveste em escrevê-lo; eu também serei beneficiário particular da parte da Historia (real ou ficcionada, ou ambas) que ali descreverás. De qualquer modo, há por lá sempre o dedo da inspiração sofrida (que o não foi) pela vivência na proximidade e envolvimento na Guerra.
A todos os que de uma forma ou de outra (não sei o mail do Henrique Monteiro) contigo deram a colaboração para a afirmação que já é real, estendo a minha capa, para que, contigo, possam caminhar em Honra merecida.

Sabes, eu sou dos velhos de 64 a quem a vida já deu muito; mas também sei que ainda existem muitos de nós, escondidos e envergonhados que bem poderiam, igualmente, contribuir para um conhecimento mais próximo da realidade do impacto, ou primeiro choque, que todos tivemos com o início da Guerra.
Acho que já estou divagando…

Mereces as maiores felicidades neste Lançamento. Isso, é o que importa agora.

Saudações amigas, do

Santos Oliveira

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vd artigos de:

4 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2505: Diário da Guiné, 1968-1969: Na Terra dos Soncó. O livro do Mário Beja Santos, o nosso livro (Virgínio Briote)

11 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2429: Lançamento do meu/nosso livro: 6 de Março de 2008, na Sociedade de Geografia, com Lemos Pires e Mário Carvalho (Beja Santos)

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Guiné 63/74 - P2505: Bibliografia (14): Diário da Guiné, 1968-1969: Na Terra dos Soncó. O livro do Mário Beja Santos, o nosso livro (Virgínio Briote)


Lisboa > Círculo de Leitores > Capa do livro do Mário Beja Santos, Diário da Guiné 1968-1969: Na Terra dos Soncó.

Foto: Círculo de Leitores (2008). (Gentileza da Dra Isabel Mafra, da Editora Temas e Debates)



Mário Beja Santos é assessor principal da Direcção-Geral do Consumidor. Autor dos programas televisivos 10 Milhões de Consumidores e Come e Cala, colaborou ininterruptamente na rádio durante mais de vinte anos, escreve na imprensa diária e regional, é autor de livros sobre consumo, consumidores e qualidade de vida, professor do ensino superior, fundador da União Geral de Consumidores e da Plataforma Saúde em Diálogo, foi vice-presidente do Conselho Consultivo de Consumidores da Comissão Europeia e Director da Associação Europeia de Consumidores.
Era uma vez um menino alferes que chegou à Guiné e foi lançado no regulado do Cuor, no Leste, em 1968. A sua missão principal era proteger o rio Geba, garantindo a sua navegação, indispensável para a continuação da guerra.
O alferes comandava dois aquartelamentos e alguns dos soldados mais valentes do mundo: caçadores nativos e milícias, gente que vivia no Cuor, em Missirá e em Finete. Mas havia outras missões, para além de proteger o rio: emboscar, patrulhar, minar, atacar e defender, garantir um professor para as crianças, reconstruir os quartéis flagelados, levar os doentes ao médico, praticar a justiça com o régulo, um destemido Soncó, neto de Infali Soncó que derrotara Teixeira Pinto no dealbar do século XX.
Era uma vez um alferes que aprendeu a trabalhar com um morteiro 81, a emboscar na calada da noite, a enterrar os mortos e a levar os moribundos às costas.
Era uma vez um alferes que se deslumbrou com as terras dos Soncó e que resolveu escrever um diário para se manter vivo e lembrar aos entes queridos que se estava a fazer um homem.
A partir daquela guerra, Cuor e os Soncó viveram sempre no coração do alferes. Era uma vez...
(da contra-capa do livro).
__________
Lançamento em 6 de Março de 2008, na Sociedade de Geografia de Lisboa

Está confirmada a data para 6 de Março, pelas 18:30 horas, na Sala Algarve, da Sociedade de Geografia de Lisboa, Rua Portas de Santo Antão, 100 (edifício do Coliseu dos Recreios).

Este livro nasceu neste blogue e pertence a todos. As receitas de uma das suas edições reverterão para uma obra que os tertulianos designarão, a seu tempo (Mário Beja Santos).
__________

Notas de vb:

1. Programa provisório

13H00 : Almoço na Casa do Alentejo (se o nº de inscritos se justificar, negociaremos um preço económico);

14H30 : Sociedade de Geografia : visita cultural guiada, onde poderemos apreciar as Artes Balanta, Bijagó e Nalú.

15H30 : Reunião da Tertúlia presente em sala gentilmente posta à nossa disposição pela Sociedade de Geografia de Lisboa. Para esta reunião iremos preparar uma agenda, tendo por base as questões que se prendem com o nosso blogue.

18H30 : Apresentação do livro Diário da Guiné 1968-1969 : Na terra dos Soncó.

Apresentação a cargo do escritor Mário de Carvalho e General Lemos Pires.

2. Inscrições para almoço : até ao dia 15 Fevereiro (para qualquer editor do blogue)

3. Entrada livre para a apresentação do livro

__________

das notas de LG:

(...) iremos fazer tudo para que este dia seja uma festa e uma grande oportunidade de convívio tertuliano da malta do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.

Vd. post de 27 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P2002: Blogoterapia (29): O Mário escreve com a mesma teimosia, perseverança, paixão e coragem com que ia a Mato Cão (Luís Graça)(...)
É claro que vamos fazer uma festa...


Mário Beja Santos nas terras dos Soncó.
Foto de Mário Beja Santos. Direitos reservados.
__________

vd tb artigo de :

Luís Graça> 11 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2429: Lançamento do meu/nosso livro: 6 de Março de 2008, na Sociedade de Geografia, com Lemos Pires e Mário Carvalho (Beja Santos)

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Guiné 63/74 - P2429: Bibliografia (13): Lançamento do meu/nosso livro: 6 de Março de 2008, na Sociedade de Geografia, com Lemos Pires e Mário Carvalho (Beja Santos)

Lisboa > Círculo de Leitores > Capa do livro do Mário Beja Santos, Diário da Guiné 1968-1969: Na Terra dos Soncó. Ainda no prelo, irá ser lançado em 6 de Março de 2008, na Sociedade de Geografia de Lisboa.
Foto: Círculo de Leitores (2008). (Gentileza da Dra Isabel Mafra, da Editora Temas e Debates)

1. Mensagem do nosso camarada e amigo Beja Santos, com data de 9 de Janeiro:

Luís e tertulianos:

Reuni hoje com a Drª Guilhermina Gomes, do Círculo de Leitores e Temas e Debates, para saber da data de lançamento do primeiro livro. Está confirmada a data para 6 de Março, pelas 18:30 horas, na Sala Algarve, da Sociedade de Geografia de Lisboa, Rua Portas de Santo Antão, 100 (edifício do Coliseu dos Recreios) (1).

Os apresentadores serão o General Lemos Pires (2) e o escritor Mário de Carvalho (3).

Venho pedir com veemência a presença de todos, a despeito de se tratar de dia de semana. Este livro nasceu neste blogue e pertence a todos. As receitas de uma das suas edições reverterá para uma obra que os tertulianos designarão, a seu tempo.

Gostava igualmente de saber se a malta pretende reunir num convívio, nesta tarde e nestas instalações, pois nessa circunstância temos que pedir a competente autorização à Direcção da Sociedade de Geografia.

Um abraço do
Mário Beja Santos
_______________

Notas de L.G.:

(1) É um belíssimo sítio - do ponto de vista cultural, histórico, institucional e... gastronómico - para o lançamento dum livro sobre a guerra colonial/guerra do ultramar e para um encontro tertuliano.

Segundo a Wikipédia portuguesa, a Sociedade de Geografia de Lisboa é "uma sociedade científica criada em Lisboano ano de 1875 com o objectivo de em Portugal promover e auxiliar o estudo e progresso das ciências geográficas e correlativas. A Sociedade foi criada no contexto do movimento europeu de exploração e colonização, dando na sua actividade, desde o início, particular ênfase à exploração do continente africano".

(2) Mário Lemos Pires, nascido em 1930, é mais conhecido da opinião pública como o último governador militar de Timor (18 de Novembro de 1974 a 27 de Novembro de 1975). Autor de Descolonização de Timor: Missão Impossível ? (Lisboa: Dom Quixote. 1994).

(3) Mário Carvalho é hoje considerado como um dos maiores escritores portugueses. Na página da Editorial Caminho, pode ler-se o seguinte:

Mário de Carvalho nasceu em Lisboa, em 1944. Licenciou-se em Direito, em 1969. O serviço militar foi interrompido por prisão em Caxias e, posteriormente, em Peniche, por actividade política contra a ditadura, ainda nos tempos de estudante. Mais tarde exilou-se em França e na Suécia. Regressa após o 25 de Abril de 1974. Dominando soberbamente a língua, o estilo de Mário de Carvalho não se reconhece em nenhuma escola, e o seu registo é ao mesmo tempo de uma grande modernidade. A crítica aponta-o unanimemente como um dos mestres do romance português contemporâneo. Vários dos seus livros foram traduzidos no estrangeiro: A Paixão do Conde de Fróis, Os Alferes, Era Bom que Trocássemos umas Ideias sobre o Assunto, Um Deus Passeando Pela Brisa da Tarde.Vencedor, em 2004, do Grande Prémio de Literatura ITF/DST. (...)

(4) A sugestão de Beja Santos muito nos honra e iremos fazer tudo para que este dia seja uma festa e uma grande oportunidade de convívio tertuliano da malta do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Aliás, já o tínhamos dito há seis meses, atrás... Vd. post de 27 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P2002: Blogoterapia (29): O Mário escreve com a mesma teimosia, perseverança, paixão e coragem com que ia a Mato Cão (Luís Graça)

(...) É claro que vamos fazer uma festa... Até já há sugestões: 3º encontro da tertúlia e almoço na Sociedade de Geografia (um sítio central e simbólico), em Lisboa, e depois, às 18h, lançamento do livro, com direito a.. um bom espumante português (que os temos até melhores que o champanhe francês!)...
O Mário Beja Santos já tem três livros publicados no Círculo de Leitores, de temática relacionada com o consumo e os direitos dos consumidores...Espero com isso que ele nos abra a porta, do Círculo de Leitores, para outras iniciativas editoriais nossas... O Mário faz questão de fazer reverter uma parte dos direitos de autor para o funcionamento do nosso blogue e para apoio a iniciativas nossas na área da cooperação e ajuda com a Guiné (Não aceito que ele prescinda da totalidade dos direitos de autor!) (...).