quinta-feira, 6 de março de 2008

Guiné 63/74 - P2615: Bibliografia (24): Lançamento do Diário da Guiné, 1968-1969: Na Terra dos Soncó, do Mário Beja Santos (Virgínio Briote)


Lançamento do Diário da Guiné, 1968-1969: Na Terra dos Soncó, do Mário Beja Santos

1. Mensagem que o Fernando Santos e Oliveira, o nosso homem de um Cachil que parece nunca ter existido, nos enviou há tempos:

Não vou estar, fisicamente, na “abertura” Oficial e solene do teu livro. Mas quero, com esta antecedência, deixar dito que estou muito grato pela força que tiveste em escrevê-lo; eu também serei beneficiário particular da parte da História (real ou ficcionada, ou ambas) que ali descreverás.

De qualquer modo, há por lá sempre o dedo da inspiração sofrida (que o não foi) pela vivência na proximidade e envolvimento na Guerra.

A todos os que de uma forma ou de outra (não sei o mail do Henrique Monteiro) contigo deram a colaboração para a afirmação que já é real, estendo a minha capa, para que, contigo, possam caminhar em Honra merecida.

Sabe, eu sou dos “velhos de 64” a quem a vida já deu muito; mas também sei que ainda existem muitos de nós, “escondidos e envergonhados” que bem poderiam, igualmente, contribuir para um conhecimento mais próximo da realidade do impacto, ou primeiro choque, que todos tivemos com o início da Guerra.
Acho que já estou divagando…
Mereces as maiores felicidades neste Lançamento. Isso, é o que importa agora.

Saudações amigas, do
Santos Oliveira

2. A nossa resposta ao Fernando e a todos os que não puderam estar presentes:

Caro Fernando,

Estou a chegar a casa da sessão de lançamento do livro do Mário Beja Santos. Foi uma cerimónia bonita. Quase cinquenta Camaradas que todos nós vamos conhecendo dia a dia melhor e algumas, poucas, Mulheres sem nome como bem comentou o João Tunes.

Sem contarmos, apresentou-se para almoçar o General Pezarat Correia, isto para falar de Oficiais-Generais. Porque estiveram Camaradas com que não contávamos, como também não esperávamos as palavras, escassas, do António Graça de Abreu, o feliz autor do excelente relato documental dos últimos anos da nossa presença naquelas terras, o Diário da Guiné, Lama, Sangue e Água Pura.

Depois, sabes como é, o pessoal atrasou-se quase uma hora para a visita guiada à Sociedade de Geografia. Mas fomos bem conduzidos a ver o primeiro padrão espetado por Diogo Cão algures nas margens de um dos grandes rios da Guiné. E a tumba que guardou anos e anos na Índia os ossos do Afonso de Albuquerque. E outro padrão português na foz do rio Zaire.


O bacalhau do almoço não estava muito famoso, aliás julgo que defrontámos um sucedâneo do dito, como costuma dizer o Quitério, o grão-mestre das mesas deste país. Assim, tivemos que meter águas num Solmar que, aproveite-se para dizer, já viu melhores dias.
Regressados à Sociedade, entrámos para a sala do lançamento do livro.
Aproveitando a presença e a disponibilidade do Coronel Gertrudes da Silva cedemos-lhe a palavra com muito gosto. Abriu o nosso Camarada Rui Alexandrino Ferreira que fez a apresentação do orador.
O tema que o Coronel começou a abordar tratava da Guerra da Guiné no contexto da Guerra Colonial. Um trabalho interessante que merecia outro destaque, com tempo mais adequado. E para ser discutido com a Tertúlia. Infelizmente, começa a escassear-nos o tempo para escutarmos a memória viva dos que estiveram na primeira linha dos acontecimentos.


Com o tempo a correr contra nós, atrasados já mais de uma hora, o Beja Santos pediu ao Galissá para ir afinando a Korá. Com mais ou menos volume regulado à mão no sintetizador, ia-nos abrindo o apetite para sonoridades tão familiares.
Galissá.

Quando demos por ela, a sala a deitar por fora, vimos o Beja Santos a assinar o livro a um espectador e quando deixámos de olhar para o lado, tínhamos uma fila de mais de 10 pessoas. Uma hora ou mais foi quanto nos custou pôr ordem na ordem de trabalhos. Para trás já tinha ficado a discussão sobre os assuntos do nosso blogue, só faltava agora também ficar para outras horas a apresentação oficial do livro do Mário...
A custo, começou o General Lemos Pires a apresentação do diário de um alferes em terras dos Soncó. Discretamente, apareceram na sala o Embaixador da Guiné e o General Garcia dos Santos. Sem lugar na mesa para o Embaixador, sentámo-lo, discretamente também. Posta a organização ao corrente, logo se arranjou lugar para o Ilustre convidado. Que, diga-se, é um Guineense como nós conhecemos no nosso tempo. Simpático, simples, que nem os sete anos no Tarrafal modificaram. Por mim falo, fiquei com pena de não ter sido mais habilidoso, podia ter aproveitado para puxar pelas memórias daquela vida.
Seguiu-se o Mário de Carvalho, escritor de obras muito lidas. Discurso com a marca do Mário da Carvalho, voz bem sincronizada diminuída por uma sala sem grandes condições acústicas.
O Mário Beja Santos fechou a sessão, oferecendo à Sociedade de Geografia dois (?) aerogramas da correspondência que teve o privilégio de manter com o Almirante Teixeira da Mota, o Ilustre estudioso das gentes e dos rios da Guiné.
E tenho dito, já passa das onze da noite. Amanhã seguem as fotos que o Albano Costa, de Guidage e de Guifões, foi fazendo da sessão. Um abraço,
vb
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Notas:

1. Presente também a Susana e o Filipe do projecto Ignara. Um projecto que deve merecer toda a nossa atenção e apoio e que prometemos acompanhar.
2. Os vinhos para o almoço, foram oferecidos e transportados para a Casa do Alentejo pelo José Manuel Lopes e outro Camarada que esteve em Mampatá, a quem peço desculpa por não ter retido o nome. De qualidade superior, o tinto servido (Quinta Srª da Graça, 5030-429, S. João de Lobrigos, Douro. Tels.: 916 651 639 / 916 651 640. Mail: quinta.graca@mail.pt) merecia outro bacalhau. O José Manuel Lopes encarregou-me de fazer a entrega ao Luís Graça de uma garrafa de Vinho Fino Velho, da Quinta da Srª da Graça, Reserva Particular.

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