Mostrar mensagens com a etiqueta ORTF. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta ORTF. Mostrar todas as mensagens

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Guiné 63/74 - P2261: Vídeos da guerra (5): Nos bastidores da Op Paris Match: as (in)confidências de Marcelo Caetano (Manuel Domingues)

1. Mensagem de Manuel Domingues, ex-Alf Mil, Comandante do Pel Rec Info, CCS/BCAÇ 1856 (Nova Lamego, 1965/67) (1)

Caros tertulianos:

Relativamente ao filme da ORTF e à reportagem do Paris Match (2), posso adiantar o seguinte: Partipei em Setembro e Outubro de 1969 no apoio à equipa da ORTF que realizou o filme e que incluiu Portugal e o Ultramar, com deslocações do Minho a Timor, captando imagens em todas as possessões ultramarinas. Esta equipa englobava cerca de uma dúzia de pessoas, entre as quais uma jornalista do Paris Match e um do Figaro.

O objectivo inicial era recolher material para incluir no programa Point-Contrepoint (tipo Prós e Contras) em que de um lado se afirmava que Portugal era uma potência colonialista, que explorava os povos coloniais que lutavam pela sua libertação. Esta ideia era suportada em reportagens e depoimentos fornecidos pelos movimentos de libertação a que se juntavam alguns opositores do regime, no exílio, entre os quais Manuel Alegre (3).

Do outro pretendia-se refutar esta ideia, afirmando a ideia de que o Ultramar fazia parte integrante de Portugal e mostrando o grau e ritmo de desenvolvimento que se estava a processar, sobretudo em Angola e Moçambique.

A equipa responsável pelo programa, durante as negociações, pôs como condição poder verificar com total liberdade a realidade em todos os territórios, sobretudo na Guiné, Angola e Moçambique, onde se desenvolviam as lutas de libertação.

O Governo Português aceitou, apenas impondo como condição que o elemento que tinha apoiado a equipa nas suas deslocações em Portugal e no Ultramar estivesse presente nos estúdios da ORTF para assistir à montagem do filme, evitando surpresas que já tinham acontecido em programas idênticos nos Estados Unidos onde a ideia de confronto acabou por ser subvertida e resultou num manifesto antiportuguês. Portanto, e em resumo, tive a oportunidade de acompanhar todo o processo.

Assim, no dia da assinatura do Armistício, 11 de Novembro de 1969 [, feriado nacional em França, comemorativo do fim da I Grande Guerra Mundial, 1914-1918], o programa foi para o ar. O grau de imparcialidade, relativo, conferiu-lhe um sucesso na crítica francesa da especialidade e alguma satisfação ao Governo Português de então que pela primeira vez não deu por mal empegue o montante gasto no apoio ao Programa, suportando o custo das viagens e estadia de todos os elementos, durante cerca de um mês.

O próprio Marcello Caetano quis ver a cópia que eu tinha trazido e foi durante a sessão, quando viu a cena da emboscada na Guiné que pulverizou dois dos elementos das NT, pronunciou para mim a esperançosa frase:
- Temos que acabar com esta guerra (*).

O impacto na opinião francesa e o elevado volume de material recolhido nos próprios locais levou os produtores da ORTF a fazerem vários documentários.


Já não disponho do exemplar do Paris Match nem da cópia do filme, mas ainda disponho da reportagem do Fígaro da mesma altura, onde o autor define Spínola como um misto de Goering e de Marquês de Cuevas, reportagem essa que vou tentar digitalizar e que enviarei depois para os nossos tertulianos.

Um abraço cordial do
Manuel Domingues



(*) Vd: Novo Contacto com a Guiné: a esperança marcelista em Uma Campanha na Guiné, do Autor.

_________

Notas de L.G.:

(1) Vd. posts de:

4 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCXXXVI: A vingança da PIDE (Manuel Domingues)

(...) Não bastava ser bom militar. Era também necessário estar nas boas graças da PIDE. A maior parte dos oficiais milicianos, que não aspirava a ser funcionário público, podia encontrar refúgio na sua condição temporária de militar, mas à saída, a PIDE esperava por ele para acertar contas!" (...).


18 de Julho de 2005 > Guiné 63/74 - CXI: Bibliografia de uma guerra (5)


(..) Manuel Domingues, nascido em Castro Laboreiro, em 1941, frequentou o Curso de Rangers e fez parte do BCAÇ 1856 (1965/67). Como Alferes Miliciano, foi Comandante do Pelotão de Reconhecimento e Informação, tendo desempenhado as funções de oficial de Informações e, durante alguns meses, a de Oficial de Operações.

O BCAÇ 1856 esteve no Leste, Sector L3, com o Comando e CCS sediados em Nova Lamegoe as companhias operacionais em Madina do Boé (CCAÇ 1416, com um destacamento em Béli; em Bajocunda (CCAÇ 1417, com um destacamento em Copá); e em Buruntuma (CCAÇ 1418, com um destacamento em Ponte Caiúm).

É Autor do livro Uma Campanha na Guiné (com estórias e testemunhos de vários camaradas do batalhão) bem como de O Pegureiro e o Lobo – Estórias de Castro Laboreiro (2005).

(2) Vd. posts anteriores:


8 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2249: Vídeos da guerra (2): Uma das raras cenas de combate, filmadas ao vivo (ORTF, 1969, c. 14 m) (Luís Graça / Virgínio Briote)

8 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2250: Vídeos da guerra (3): Bastidores da Op Ostra Amarga ou Op Paris Match (Bula, 18Out1969) (Virgínio Briote / Luís Graça)

11 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2256: Vídeos da guerra (4): Ainda nos bastidores da Operação Paris Match (Torcato Mendonça / Luís Graça / Diana Andringa)


(3) Nota autobiográfica de Manuel Alegre:

(i) Manuel Alegre de Melo Duarte nasceu a 12 de Maio de 1936 em Águeda;

(ii) Estudou Direito na Universidade de Coimbra, onde foi um activo dirigente estudantil;

(iii) Apoiou a candidatura do General Humberto Delgado [em 1958];

(iv) A sua tomada de posição sobre a ditadura e a guerra colonial levam o regime de Salazar a chamá-lo para o serviço militar em 1961, sendo colocado nos Açores, onde tenta uma ocupação da ilha, com Melo Antunes;

(v) Em 1962 é mobilizado para Angola, onde dirige uma tentativa pioneira de revolta militar;

(vi) É preso pela PIDE em Luanda, em 1963, durante 6 meses;

(vii) Na cadeia conhece escritores angolanos como Luandino Vieira, António Jacinto e António Cardoso;

(viii) Colocado com residência fixa em Coimbra, acaba por passar à clandestinidade e sair para o exílio em 1964;

(ix) Passa dez anos exilado em Argel, onde é dirigente da Frente Patriótica de Libertação Nacional (FPLN); aos microfones da emissora A Voz da Liberdade, a sua voz converte-se num símbolo de resistência e liberdade;

(x) Entretanto, os seus dois primeiros livros, Praça da Canção (1965) e O Canto e as Armas (1967) são apreendidos pela censura, mas passam de mão em mão em cópias clandestinas, manuscritas ou dactilografadas;

(xi) Poemas seus, cantados por Zeca Afonso e Adriano Correia de Oliveira, tornam-se emblemáticos da luta pela liberdade;

(xii) Regressa finalmente a Portugal em 2 de Maio de 1974, dias após o 25 de Abril. (...)

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Guiné 63/74 - P2249: Vídeos da guerra (2): Uma das raras cenas de combate, filmadas ao vivo (ORTF, 1969, c. 14 m) (Luís Graça / Virgínio Briote)

 
Guiné > Região do Cacheu > Bula > BCAV 2862 (1969/70) > 18 de Outubro de 1969 > Dois mortos e um ferido no decurso da Op Ostra Amarga (também ironicamente conhecida como Op Paris Match)...

As NT (2 Gr Comb da CCAV 2487, comandadas pelo Capitão Sentieiro, hoje Cor Cav  Ref (, a viver em Torres Novas,) caiem num emboscada do PAIGC... O combate é registado por uma equipa da televisão francesa... No fotograma, um crucifixo no chão, junto ao cadáver do soldado Henrique Costa (natural de Ferrel, freguesia de Atouguia da Baleia, concelho de Peniche), uma imagem carregada de trágico simbolismo, captada pelo operador francês da ORTF...


Fotos: INA - Institut National de l' Audiovisuel (2006) / Cópia pessoal de Virgínio Briote (vd. nota 2)


1. O filme-documentário da portuguesa Diana Andringa e do guineense Flora Gomes, As Duas Faces da Guerra, recentemente estreado entre nós (1), utilizou cenas de uma reportagem feita em 18 de Outubro de 1969 por uma equipa da televisão francesa, a ORTF, acompanhada de um ou dois repórteres do então muito em voga semanário Paris-Macth.

Segundo a investigação posterior feita pelo nosso co-editor Virgínio Briote, junto de Diana Andringa e de outras fontes (antigos camaradas, Coronel Sentieiro, Arquivo Histórico Militar, etc.) estas cenas referem-se à Op Ostra Amarga, na região de Bula, em que as NT caíram debaixo de uma emboscada do PAIGC, sofrendo dois mortos e um ferido…

Estas cenas de combate são mostradas no vídeo, que está disponível no sítio do INA – Institut National de l’Audiovisuel [Instituto Nacional Francês do Audiovisual] e que a Diana Andringa e o Flora Gomes retomaram. No filme-documentário, As Duas Faces da Guerra, que se estreou, entre nós, no dia 19 de Outubro último, no decurso do 5º Festival Internacional de Cinema Documental de Lisboa, dois antigos combatentes portugueses que participaram nessa operação (um deles o que fora ferido), comentam emocionados esse episódio de guerra, que ficou também conhecido, ironicamente, por Operação Paris Match, já que nela iam integrados vários jornalistas franceses, incluindo uma mulher, com o beneplácito e a cumplicidade do Com-Chefe.

É de referir que o General Spínola aparece, em carne e osso, no local, às 15 horas da tarde, acompanhado do então Cap. (ou major?) Almeida Bruno a trocar impressões com o TenCor Alves Morgado (comandante do BatCav envolvido na op.).
Será depois entrevistado no final da reportagem, no palácio do Governador (ao que supomos), fazendo-se perante os jornalistas estrangeiros o arauto da política do Governo Português, no que diz respeito à defesa das “províncias ultramarinas”. Fala em francês, mas com erros e pouca desenvoltura. Uma parte das suas declarações são lidas.

Em suma, tudo indica que os jornalistas estrangeiros, oriundos de um país amigo, da NATO, a França, iriam fazer um mero passeio pelo mato e testemunhar, com os seus próprios olhos, que a situação militar, no interior da Guiné, estava sob o nosso inteiro controlo, contrariamente à propaganda externa do PAIGC (que também irá usar, sobretudo nos anos 70, a arma da sedução e da propaganda, convidando jornalistas estrangeiros e diplomatas, de países amigos, a visitar as regiões libertadas).

No que respeita à Op Ostra Amarga (que raio de nome, que premonição!), as coisas, de facto, não correram, como se previa, e os próprios jornalistas caíram debaixo de fogo, juntamente com os Grupos de Combate onde iam integrados… O pior é que tivemos dois mortos e um ferido, sendo a agonia de um dos nossos camaradas registada em filme…

2. Eu já conhecia o vídeo… De resto, algumas cenas já terão passado na nossa RTP… Voltei a revê-lo, agora com outros olhos… Lembrei-que o Virgínio Briote tinha comprado, ao INA, os direitos de “téléchargement” (download) -  para uso estritamente pessoal - de nove vídeos sobre a Guiné, embora não tendo conseguido autorização para os passar directamente no nosso blogue, como era nossa intenção (2, 3)…

Em 26 de Outubro último fiz-lhe o seguinte desafio:

Virgínio: Vou aproveitar as imagens que em tempos me mandaste, e vou (vamos os dois) apresentar o vídeo que revimos há dias, as cenas da emboscada, na Culturgest... Estive a fazer um resumo alargado do filme (que é falado em francês), de modo a possibilitar o seu visionamento e a sua melhor compreensão pelos nossos camaradas (muitos dos quais não dominam a língua gaulesa)… Não o podemos inserir directamente no blogue (por causa do copyright) , mas podemos fazer uma ligação (ou link) para o sítio do INA (3)…

Diz-me, entretanto, o que sabes mais sobre este episódio:

(1) É um Gr Comb ou mais de Comandos ? Parece que sim... Pelo crachá de um dos tipos que sai do heli, pelo LGFog 3.7, pela farda, pela disciplina de fogo...

(2) Isto passou-se em 18/10/1969. As NT saíram à 1.30h e foram emboscadas às 7.30...

(3) Na região de Có/Pelundo (?)... Foi o que apanhei do filme da Diana/Flora, mas tenho dúvidas.

(4) Os mortos são o Henrique Costa (natural de Peniche) e o António Capela (este de Ponte de Lima)... Já confirmei os nomes e a data...

Um abraço.

Boa saúde, bom trabalho!
Luís Graça

3. O Virgínio pôs-se a caminho e descobriu mais coisas. Resposta nesse mesmo dia, 27 de Outubro:

Luís, envio-te, em anexo, as fotos que extraí do filme.

Em relação à operação tenho um almoço na 3ª próxima, em que vou mostrar o filme a alguns camaradas que prestam serviço numa das secções do Arquivo Histórico Militar e que me ajudarão a descobrir os pormenores. É possível, identificado o filme e a data em que foi realizado, obter uma cópia do relatório da operação.

Um abraço,

Nota de L.G. - O Virgínio já me tinha enviado, em tempos, essas imagens, ou algumas delas.


4. Nova mensagem do VB:

Luís: Podemos fazer um bom poste ou mais que um, com documentação oficial. Se eu conseguir saber a data, o canal de TV (ORTF?), o pessoal envolvido (tenho algumas dúvidas sobre a unidade). Depois não será difícil, segundo me dizem, sacar o relatório oficial da história. Já troquei algumas impressões sobre o filme com dois camaradas do Arquivo Histórico Militar.

O pessoal do Arquivo Histórico Militar, quero aproveitar para sublinhar, é inexcedível, sempre disponível, com um verdadeiro sentido do serviço público. Foi um deles que há anos me recordou que eu também tinha estado na Guiné...

Outra questão. O coronel [Carlos] Matos Gomes, na apresentação do Documentário da Diana/Flora (1), abeirou-se de mim, que me conhecia muito bem, que tinha sido meu camarada,  mais novo,  na Academia Militar, falou-me de instrutores que tivemos, afinal descobrimos conhecimentos comuns. E do blogue, não se cansou de dizer o excelente trabalho que tens feito. Pena foi eu não lhe ter pedido o contacto, porque pode ser muito útil para o blogue.

O processo do Baptista, o morto-vivo, está nas mãos do Paulo Santiago. Uma maravilha de gajo, este Paulo. Telefonou-me há dois dias, aflito, não conseguia descobrir para onde enviar o pedido da rectificação da caderneta do nosso homem. Lá consegui desenrascar a situação. Agora vamos aguardar.

Era uma boa ideia convidar o Baptista para a nossa próxima reunião.

Um abraço, Luís.

5. Entretanto, o nosso VB contacta a jornalista e cineasta Diana Andringa (27 de Outubro de 2007)

Assunto - As duas faces da Guerra

Cara Diana,

Espero que me perdoe este pedido de informação. No seu filme As duas faces da Guerra estão inseridas algumas imagens de um filme de uma operação militar, ao que penso de uma unidade de comandos do Exército Português, realizadas pela ORTF. Trata-se de uma emboscada feita pelo PAIGC de que resultaram duas mortes de militares portugueses, um deles de nome Capela, natural de Ponte de Lima.

O nosso blogue, depois de uma conversa com o Luís Graça, tem interesse em saber mais detalhes, nomeadamente logísticos, relacionados com essa operação militar. No seu filme é entrevistado o comandante da operação do lado português. Pode informar-me de quem se trata, do nome do militar, penso que capitão na altura, hoje tenente coronel ou coronel?

Grato pela ajuda que, eventualmente nos possa dar.

Cumprimentos,

V.Briote

6. Eis a solícita, pronta, amável e solidária resposta da Diana, no dia seguinte, 28 de Outubro de 2007:

vb: Tenho todo o gosto em lhe dar as informações de que disponho:

(i) Operação Ostra Amarga (dita operação Paris-Match) – 12 a 18 de Outubro de 1969.

(ii) Companhia Cavalaria 2487 [, pertencente ao BCAV 2862, Bula, 1969/70].

(iii) Por a companhia se encontrar sem capitão, foi comandada pelo então capitão e hoje coronel José Maria Campos Mendes Sentieiro, que acabara de chegar de outra missão quando foi mandado comandar essa operação, com uma companhia que não conhecia (era o comandante da CCAV 2485).

(iv) Os mortos foram António da Silva Capela, de Ponte de Lima, e Henrique Ferreira da Costa, da zona de Peniche.

(v) No nosso documentário falam, além do então capitão Sentieiro, um auxiliar de enfermeiro que assistiu aos feridos e foi louvado, Pedro Gomes, de Peniche (que, infelizmente, morreu alguns meses depois da filmagem), e um dos feridos, Leonel Martins, também de Peniche. Ambos eram, além de conterrâneos, amigos do Henrique Ferreira da Costa (que morreu).

Saudações,

Diana

7. Com base nestas pistas, foi possível ao VB chegar ao hoje coronel, na reforma, Sentieiro, que mora em Torres Novas, e obter informação adicional sobre a Op Ostra Amarga e as unidades que nela estiveram envolvidas, bem como sobre os bastidores da dita Op Paris Match… Essa informação detalhada constará de um próximo post.

Agora vamos rever o vídeo da ORTF. Publica-se a sinopse do filme, em francês, seguida de um resumo mais alargado feito por nós. Para aceder ao filme (em formato reduzido, e com uma duração de 13 minutos e 57 segundos), basta carregar no link. As imagens que aqui reproduzimos são fotogramas do filme, retiradas pelo VB da sua cópia pessoal.


Guerre en Guinée 
(Carregar aqui para ver o filme; ler primeiro o ponto 8, a sinopse  e descrição das cenas em português)

Point contrepoint
ORTF - 11/11/1969
Vídeo: 13' 57''

Guinée Portugaise / VA de la région / VA d'un bateau à quai / VA de la berge / grues / transportement des caisses / marin armé / deux noirs sur une petite embarcation / la rue / travelling latéral le long d'un grand immeuble à loggias / zoom arrière sur un bac / soldats armés / camions militaires / hélicoptère survolant une région à la frontière du Sénégal / soldats armés qui en descendent / ils partent dans un canot pneumatique et s'éloignent /

VA à bord de l'hélicoptère sur les berges de la rivière / BA de la forêt / soldats patrouillant dans la forêt / PA de soldats blancs et noirs qui patrouillent / colonne dans forêt lors de l'embuscade / soldats pris sous le feu / tir au lance grenades / images très assemblées / soldat touché / blessé à terre / cadavre sur le sol / GP sur le soldat blessé / GP de cadavres sur le sol / GP de soldats l'air écoeuré / après l'attaque / soldat aux visages tuméfiés / blessé allongé à qui on fait une transfusion / on essaie de la transporter / il a une jambe coupée / départ du blessé / râle du blessé / GP mort.

Quelques soldats autour du blessé / un soldat assis / GP d'un jeune soldat / un autre fume / GP d'un soldat qui traspire / soldat qui est mort / soldat autour d'un mort / hélicoptère dans le ciel / 2 soldats soutiennent un blessé / hélicoptère qui atterit en contre plongée / attérissage / on retire la civière / une infirmière descend / un monte un blessé sur une civière à l'intérieur de l'hélicoptère / un homme blessé à bras d'homme est hissé à bord / départ de l'hélicoptère / deux têtes de palmiers se détachent dans le ciel / soldat qui boit à la gourde / mise au point de l'officier, de ses hommes /.

Général A. Spinola commandant en chef de l'armée (portant monocle) / "défendre les institutions contre l'avenir du Sénégal et en Guinée" (retire ses monocles) / préoccupation constante des forces militaires / de ménager les populations... le pays profite surtout de l'appui des pays du Pacte de Varsovie.

8. Resumo de L.G. /V.B. > Tradução e adaptação

Guerra na Guiné

(Carregar aqui para ver o filme) (3)


Programa: Ponto Contraponto
Estação de TV: Organismo da Radiotelevisão Francesa
Data: 11 de Novembro de 1969
Duração do filme: 13m 57s

Sinopse:

Guiné Portuguesa [apresentação: geografia, história, demografia… Território do tamanho da Bélgica… Meio milhão de habitantes, apenas 3 mil de origem portuguesa…].
Vista aérea da região /
Vista aérea dum barco no cais de Bissa /
Vista aérea da margem /
Gruas /
Estivadores [ Referência à greve dos marinheiros e estivadores do cais do Pindjiguiti em 1959, cuja repressão vai desencadear o início da luta contra o domínio português, segundo os testemunhos posteriores dos fundadores e dirigentes do PAIGC… Referência ao papel histórico de Amílcar Cabral, um homem de origem mestiça (sic), fundador do PAIGC, um partido marxista (sic)] /
Marinheiro armado /
Dois negros numa piroga /
A rua /
Travelling lateral ao longo de zona comercial de Bissau, de casas de arquitectura colonial
[Vinte cinco mil soldados portugueses controlam um terço do território e dois terços da população; o PAIGC controla outro terço do território; o resto está sob duplo controlo]

Zoom de uma barcaça [Bissau é um ilha… A 30 km, é o preciso tomar uma barcaça para penetrar no interior… Referência à travessia do Rio Mansoa, em João Landim, segundo se depreende] /
Soldados armados /
Camiões da tropa da caminho da barcaça.









Helicóptero que sobrevoa uma região de fronteira com o Senegal
[ Fuzileiros vão uma base do PAIGC onde não encontram ninguém… Referência ao constante patrulhamento de rios e braços de mar… Um zebra dos fuzileiros… Uma Lancha de fiscalização da Marinha de Guerra…].
Uma equipa de fuzileiros parte num barco pneumático e afasta-se /
Vista aérea do helicóptero sobre as margens do rio /
Vista aérea da floresta.










Soldados armados que descem do hel...
(Aqui começa a Op Ostra Amarga, envolvendo soldados de uma companhia de cavalaria, - e não de comandos, como nos pareceu inicialmente… A força é comandada pelo então Capitão de Cavalaria Sentieiro… A operação decorre na regia de Bula, segundo apurámos posteriormente).

Soldados deslocam-se na floresta /
Soldados, brancos e alguns negros /
(Ouvem-se os ruídos típicos da floresta… Já de dia, à 7 horas e um quarto, a testa da coluna na mata sofre um emboscada. É atingida por rockets…) /
Soldados debaixo de fogo.










Contra-resposta /
Tiro de lança-granadas das tropas portugueses [ que estão equipadas com LGFog 3.7, que eram originalmente só usadas pelas tropas especiais, pára-quedistas, comandos e fuzileiros...] /
Tiro de morteiro 60 /
Correria até à frente da coluna.











Soldado atingido /
Ferido no chão /
Corpos no chão /
(Há um morto imediato, o Henrique Costa, retalhado pela roquetada, enquanto o António Capela, de Ponta de Lima, sobreviverá apenas 45 m, morrendo na altura em que chega o heli) /
Grande Plano do soldado ferido /
Grande plano de cadáver no solo /
Grande plano de um soldado com ar abatido.










Depois do ataque… Soldados de rosto entumecido /
Ferido estendido no chão recebendo soro do maqueiro, de pé (segundo a Diana Andringa, deve ser o Pedro Gomes, soldado maqueiro ou 1º cabo auxiliar de enfermagem, natural de Peniche, e recentemente falecido) /
Tentam transportá-lo /
Tem uma perna partida /
Partida do ferido /
Estertor do ferido /
Grande plano do morto.

Alguns soldados à volta do ferido /
Um soldado sentado /
Grande plano de um jovem soldado /
Um outro que fuma /
Grande plano de um soldado que transpira /
Soldado que morreu /
Soldado à volta do morto /
Um crucifixo caído no capim, perto do morto (Costa?)
Helicóptero que surge no céu /
Dois soldados apoiam um ferido a caminho do helicóptero /
Helicóptero que aterra, em contre plongée /
Aterragem /
Retiram a maca /
Uma enfermeira-pára-quedista, de blusa branca e calças de camuflado, que sai.


Transporte dum ferido em maca para o interior do helicóptero /
Um homem ferido é levado para bordo, em braços/
Partida do helicóptero /
As copas de duas palmeiras destacam-se no céu /
Soldado que bebe água do cantil /
Enfoque da câmara no oficial (capitão Sentieiro ?), rodeado dos seus homens (os 2 Gr Comb da CCAV 2487).


Chega Spínola, (com o seu ajudante de campo, o então capitão Almeida Bruno, hoje general, que empunha a G-3, com luvas brancas…Está também acompanhado de um oficial superior, tenente coronel Morgado, comandante do Batalhão de Cavalaria 2868, com sede em Bula)…


Por fim, o General Spínola (comandante-chefe das forças portugesas, usa monóculo, diz o guião) dá uma entrevista à equipa da ORTF e possivelmente aos restantes jornalistas (que nunca aparecem no filme), defendendo a política ultramarina do Governo Português... e a sua actuação na Guiné)...

No essencial, diz o Com-Chefe português: A preocupação constante das forças militares é de proteger e apoiar as populações, contrariamente ao que diz a propaganda do PAIGC, o qual beneficia sobretudo do apoio dos países do Pacto de Varsóvia e da China… (Discurso de circunstância ou de contrapropaganda…).
__________

Notas de L.G./V.B.:

(1) Vd. post de 20 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2197: A nossa Tabanca Grande e As Duas Faces da Guerra (4): Encontro tertuliano no hall da Culturgest na estreia do filme (Luís Graça)

(2) Vd. post de 16 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1958: Vídeos da guerra (1): PAIGC: Viva Portugal, abaixo o colonialismo (Luís Graça / Virgínio Briote)

(...) "A respota do INA veio-nos no dia 14 de Dezembro, autorizando-nos a inserir um link para o sítio francês, mas não a disponiblizar qualquer vídeo do INA no nosso blogue...

Cher monsieur Briote,

Nous vous remercions de l'intérêt que vous portez à nos archives, nous nous réjouissons que vous ayiez pu retrouver des documents qui vous tenaient à coeur.Vous pouvez bien entendu faire un lien (link) vers les documents qui vous intéressent depuis votre blog. En revanche, pour l'instant, vous ne pouvez pas proposer la vidéo directement sur votre blog.Pourriez-vous nous envoyer l'adresse de votre blog ? Merci encore pour vos encouragements.Cordialement,Nadine LaubacherIna.fr - responsable marketing et commercial (...)


(3) O visionamento do vídeo, em formato reduzido, no sítio do INA (que tem como subtítulo Archives pour tous, Arquivos para todos...) é gratuito mas é antecedido de um irritante anúncio publicitário... Se alguém quiser, pode comprar os vídeos sobre a Guiné: este por exemplo custa 3 euros...

É preciso ter paciência, amigos e camaradas da Guiné... Não há almoços grátis, estão-nos sempre a dizer os economistas da praça, que é para ver se a gente deixa de comer à borla... ou mesmo até se perde o apetite e deixa definitivamente de comer!... Mas é assim, são as leis do mercado... Humor à parte, o nosso blogue procura respeitar e fazer respeitar os direitos da propriedade intelectual...