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terça-feira, 4 de julho de 2023

Guiné 61/74 - P24450: História da CCAÇ 2792 (Catió e Cabedú, 1970/72) - Parte I: Mobilização, composição e deslocamento para o CTIG em 19 de setembro de 1970

Guiné > Bissau > Julho de 1973  > Monumento do V Centenário da Morte do Infante D. Henrique, avenida marginal e área portuária.

Guiné > Bolama > Junho / julho de 1973  > Restos dos bons velhos tempos quando Bolama era a capital da Guiné, desde 1879 até 1941. Com a guerra, Bolama passou a ter um CIM (Centro de Instrução Militar) por onde passaram muitas unidades e subunidades em que aqui fizeram a IAO.

Fotos (e legendas): © Luís Mourato Oliveira (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].

T/T Carvalho Araújo a caminho da Guiné. A 26 de abril de 1970, avistámos à ré o T/T Vera Cruz (a caminho de Angola ou Moçambique, presumivelmente).

Foto (e legenda): © António Tavares (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guião da CCAÇ 2792 Cortesia do nosso tabanqueiro Amaral Bernardo, ex-alf mil médico, CCS/BCAÇ 2930 (Catió, 1970/72), esteve na CCAÇ 2726, uma companhia independente, açoriana, que guarneceu Cacine (1970/72); passou também cerca de um ano (1971) em Bedanda (CCAÇ 6); tem cerca de meia centena de referências no blogue.


1. A CCAÇ 2792 é mais uma das subunidades, que estiveram no CTIG, e que não têm até à data nenhum representante (formal) na Tabanca Grande. Aliás, tem uma escassa meia dúzia de referências no nosso blogue. Tal não impede, antes pelo contrário, que se fale dela e da  sua missão no sul da Guiné. 

Com base nos elementos de que dispomos (cópia parcial da história da unidade) (*), vamos aqui destacar alguns dos pontos do seu historial, que nos parecem mais interessantes, para os nossos leitores. Em princípio são resumos feitos por um dos nossos editores. No caso de excertos, virão publicados com aspas ou itálicos.

Cap I - Mobilização, composição e deslocamento 

para a província da Guiné

A CCAÇ 2792 destinou-se a render a CCAV 2485. A sua unidade mobilizadora foi o RI 16. Todavia a organização da Companhia processou-se no RI 1, no período de 17 a 29 de agosto de 1970.

Como já aqui foi dito, a Companhia era "constituída  por militares naturais de diversas províncias metropolitanas, sendo contudo as maiores percentagens constituídas por militares naturais das regiões a Norte do Rio Douro e a Sul do Rio Tejo" (pág. 3/I).

Ficou pronta para embarque a partir de 16 de setembro de 1970. A cerimónia de despedida e da benção e entrega do guião foi na parada do RI 1, na tarde do dia 10. No dia 19, à meia-noite, iniciou-se a concentração do pessoal para embarque no cais da Rocha Conde de Õbidos, tendo terminado às 9h30. 

Embarcou no T/T Carvalho Araújo, juntamente com a CCAÇ 2791. A viagem iniciou-se às 12h00 do dia 19.

Não compareceram, ao embarque, 3 oficiais subalternos da CCAÇ 2792. A história da unidade omite os seus nomes. O comandante da Companhia era o cap inf op esp  Augusto José Monteiro Valente.

A viagem decorreu sem incidentes. O navio tocou o porto de Angra de Heroísmo para proceder ao desembarque das CCAÇ 2421 e CCAÇ 2422, ambas mobilizadas pelo  BII 17, e que regressavam de Moçambique. 

De seguida foi escalado o porto de Ponta Delgada onde embarcaram as CCAÇ 2789 e CCAÇ 2790, ambas do BII 19. 

Foi ainda feita uma escala técnica, na ilha de São Vicente, Cabo Verde.

O T/T Carvalho Araújo chegou à Guiné em 2 de outubro de 1970, 13 dias depois da partida em Lisboa (normalmente a viagem marítima Lisboa-Bissau demorava cinco dias).

A CCAÇ 2792 foi encaminhada para o CIM de Bolama, onde realizou a IAO, integrada no BART 2924.

No dia 22 de outubro de 1970, ainda em plena IAO, é transferido, por motivos disciplinares, o seu único alferes, de operações especiais (de apelido Quinta). 

Entretanto, são aumentados aos efetivos da Companhia, no último trimesttre de 1970, très alferes milicianos, atitradores de infantaria, um em 10 de novembro, outro em 24 de novembro e um terceiro a 22 de dezembro  (respetivamente, António Carlos Monteiro Martins, Francisco Chaves Moura e Jorge Manuel Gomes Paiva, este último c0mo recomplemento; veio subtituir o alferes mil op esp Quinta),

Em 22 de maio de 1971, há o aumento (complemento) de um quarto alferes, também at inf (José Francisco Alonos).

A Companhia era composta por 5 oficiais, 17 sargentos e 144 praças, num total de 166 militares.

Houve naturalmente outros aumentos (complementos e recomplementos) e abates de pessoal, tanto de praças como de sargentos,  ao longo da comissão, que não detalhamos aqui, porque seria fastidioso, embora essa informação pudesse ter algum interesse estatístico... 

Há pelo menos 24 anexos  (alterações à composição ao capítulo I), indiciando uma elevada taxa de rotação de pessoalInfelizmente, falta-nos cópias de alguns anexos  relativos aos meses de janeiro, março de julho de 1971, bem como ao ano de 1972 (só temos os meses de março, abril, junho e setembro), impossibilitando-nos de calcular o índice de "turnover" do pessoal, a partir do número de efetivos inicias e finais, bem como do número das entradas (aumentos) e saídas (abates) ao longo da comissão. 

As razões dos abates são diversas: transferência por motivos disciplinares, morte,  evacuação para o Hospital Militar Principal por ferimento em combate ou doença, etc. Há um caso, que nos parece pouco vulgar: o de um soldado at inf, que em 20 de novembro de 1970 é abatido ao efetivo por ter sido "desnomeado do Ultramar por despacho de S. Excia. o Secretário de Estado do Exército" (sic) (pág. 39/I).

Em todo o caso, em 16 anexos contámos 23 abates (de 1 alferes miliciano, de 6 furriéis milicianos e os restantes 16, de praças). Mas os aumentos (complementos e recomplementos) são mais: 26, sendo de 4 alferes milicianos, 1 primeiro sargento, 6 furriéis milicianos e os restantes, praças (15).

De qualquer modo, esse problema (a rotação de pessoal) era comum a muitas unidades e subunidades (se não a todas) que foram mobilizadas para a Guiné. No final do capítulo I, da história da CCAÇ 2792, o problema é posto em evidência:

(...) No aspeto de pessoal, a Companhia começou a sua vida na Guiné bastante mal, dada a falta de três oficiais com que embarcou na Metrópole, situação agravada posteriormente por o único subalterno presente ter sido transferido por motivo disciplinar

Em consequéncia a Instrução de Aperfeiçoamento Operacional (IAO) decorreu sem subalternos. Estes só começaram a chegar quando a subunidadaes entrou em Sector.

Felizmente o espírito de corpo e de disciplina das praças era bastante forte e os sargentos chamados ao comando dos Grupos de Combate revelaram-se competentes para o cargo. A Compamhia, apesar das dificuldades por que passou no início, manteve-se coesa e disciplinada.

(...) Ao longo da comissão a Companhia foi sendo privada de furriéis quer, pelas suas suas qualidades, foram colocados em diligência em subunidades africanas. Para ocupar as suas vagas foram chegando furriéis recém-vindos da Metrópole, sem contacto com tropas e que colocados de repente no comando de militares já com meses de comissão, afetariam necessariamente o ritmo da atividade da Companhia. (...) (pág. 61/I).


(Seleção / revisão e fixação de texto / negritos e itálicos: LG)
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Nota do editor:

(*) Vd. poste de 3 de julho de 2023 > Guiné 61/74 - P24447: Casos: a verdade sobre... (34): A CCAÇ 2792 (Catió e Cabedú, 1970/72), comandada pelo cap inf Augusto José Monteiro Valente (1944-2012), e depois maj gen ref, que embarcou para o CTIG sem três alferes (que terão desertado) e durante a IAO ficou sem o último, por motivos disciplinares...

sexta-feira, 8 de abril de 2022

Guiné 61/74 - P23151: Recordando o Salgueiro Maia, que eu conheci, o meu comandante, bem como os demais bravos da minha CCAV 3420 (Bula, 1971/73) (José Afonso) - Parte V: Histórias pícaras: (viii) O brutibol e os treinadores de bancada

Guiné > Região do Cacheu > Bula > CCAÇ 2790 > A equipa de futebol... De pé, do lado direito, de camuflado, o cap inf  Gertrudes da Silva, que sucedeu ao cap José Pedro Sucena , no comando da CCAÇ 2790, entre fevereiro e setembro de 1972. Foto gentilmente cedida pelo José Câmara (que vive nos EUA) ao António Matos, ex-alf mil, MA, CCAÇ 2790 (Bula, 1970/72). 

Foto (e legenda): © José Câmara (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Região de Quínara > Nova Sintra >  2ª CART / BART 6520/72 (Bolama, Bissau, Tite, Nova Sintra, Gampará, 1972/74) > Equipa de futebol dos graduados...

Foto (e legenda): © Carlos Barros (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Bissau > HM241 (1968/70) > A equipa de futebol do Hospital Militar

Fotos: © Manuel Freitas (2011).  Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Sector L1 > Bambadinca > CCAÇ 12 (1969/71) > A equipa de futebol de onze, aqui vestida a rigor, com o equipamento a condizer: simbolicamente, camisola preta e calção branco... Esta era a equipa principal...em que tinha lugar o fur mil Arlindo Teixeira Roda (, o primeiro da primeira fila, a contar da direita, o autor da foto). Mas, curiosamente, numa companhia em que as praças eram do recrutamento local (c. 100) e os restantes elementos (graduados e especialistas) de origem metropolitana (c. 50), não havia nenhum guineense...

Foto (e legenda) : © Arlindo Roda (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Nâo temos nenhuma foto da equipa de futebol de Os Progressistas, mas sabemos que o futebol era acarinhado pelo cap cav Salgado Maio, comandante da CCAV 3420 (Bula, 1971/73). 

E no "jornal de caserna" o futebol ocupava um importante lugar nas edições (não sabemos quantas...) que se fizeram, como se pode avaliar por dois recortes, com prosa bem humorada, que republicamos hoje. A seleção é do José Afonso.

Como em todos os lados havia alguns craques e "treinadores de bancada" que, não sabendo jogar, escreviam sobre o "brutibol" no "jornal de caserna"... O Salgueiro Maia devia ser um bocado  "sarrafeiro", à falta de jeito para a bola... É o que deduzo destas crónicas...

É verdade que, para além da bola  (e das jogatanas de cartas) não havia muito mais formas de ocupar o tempo, nas horas de lazer, no TO da Guiné... Alguns liam ou ouviam rádio, nalguns aquartelamentos havia um armário com algumas dezenas de livros, em geral oferta do Movimento Nacional Feminino.  Um ou outro militar recebia jornais e revistas da metrópole ("A Bola", mas também a "Vida Mundial", a "Seara Nova", o "Comércio do Funchal", o "Notícias da Amadora", o "Jornal do Fundão", etc.). 

Em 1971/73, o país vivia ainda, desde 1926,  sob a "mordaça da censura", e praticamemte todas as notícias sobre a "guerra colonial" eram filtradas... Aliás, eram escassas, praticamente não saíam notícias sobre a guerra na Guiné, por exemplo, a não ser os "comunicados" das Forças Armadas, noticiando mais uma ou mais mortes de militares, no período de tal a tal...

A maior parte escrevia, obsessivamente, cartas e aerogramas para a metrópole... às carradas. Para os pais, as mulheres, as noivas, as namoradas, as madrinhas de guerra, os amigos... Mas escondia-se a dura realidade da guerra, por medo, por autocensura,  etc. Em contrapartida, os militares  adoravam receber os "bate-estradas", que chegavam ao SPM. No caso da CCAV 3420, era o SPM 1898.  

Outra forma de "matar o tempo" era passear pelas tabancas em redor dos aquartelamentos. Pescar  podia-se nalguns sítios. Mas, em geral, o peixe era intragável, sabia a lodo.  Quanto à caça,  era um luxo só permitido, em geral, aos oficiais (ou aos  milícias autorizados a  caçar para abastecer a tropa e/ou a população civil).

Sessões de cinema ou espetáculos de música podiam acontecer uma vez por festa, num sítio ou noutro... Raras eram as povoações (em  geral, sedes de circunscrição ou concelho) que tinham cinema: Bissau, Bafatá, Teixeira Pinto, Nova Lamego...

 As saídas às povoações mais importantes (Bafatá, Nova Lamego, Bissau, Teixeira Pinto...) era condicionadas por motivos de segurança, tal como os torneios de futebol "interregionais"... A feitura do "jornal de caserna" podia dar trabalho a uma pequena equipa...Mas a verdade é que, para além do futebol (e do "jornal de caserna") não sabemos como os Progressistas de "divertiam"... em Bula e outros aquartelamentos e destacamentos por onde passaram como Capunga,  Pete, etc. Talvez o José Afonso nos possa dizer algo mais sobre isto.




Capa do "jornal de caserna" da CCAV 3420 (Bula, 1971/73). Diretor: Cap cav Salgueiro Maia. 


Histórias pícaras > (viii) O brutibol e os treinadores de bancada


por José Afonso (*)



(i) COMENTÁRIO: O BRUTIBOL 

 Os Progressistas assistiram estupefactos aos acontecimentos no campo do Sporting Clube de Portugal num dos últimos domingos. Era visível em todos a consternação e incredulidade. Seria possível? Um árbitro a comer no toutiço,  ainda por cima daquela maneira? 

Fizeram-se mesas para comentar o caso e a opinião foi unânime, aqui no campo dos Progressistas nunca sucedeu nem pode suceder tal coisa. E, no entanto, todos nós somos profissionais e desejamos ganhar o nosso campeonato. Mas entre nós cada jogador para além do elevado grau de tecnicismo que possui, dispõe também de uma correcção impecável. 

 Mas concretizemos para ver que não falamos de cor: antes de entrarmos em campo, uma das equipes, formada por oficiais e sargentos do QP,  já vai a ganhar entre 3 a 5 bolas à outra, a dos furriéis. Ora desta maneira já não há aquela ansiedade que estraga e destrói o verdadeiro desporto. Uma equipe ganha e a outra já sabe que perde até porque quando por qualquer motivo imprevisto começa a reduzir a diferença, o nosso Capitão acaba logo com o jogo porque entretanto já se está a fazer noite e a qualidade dos jogadores perde-se. 

 E há exemplos admiráveis de jogadores natos de correcção estrema: é o Monteiro fazendo triangulações e pasodobles; é o Almeida, autêntica locomotiva em ataques furiosos e que terminam algumas vezes no chão por placagem sempre serena do nosso Capitão; é o 1.º Beliz, guarda-redes magnífico, que com alguns empurrões e muita ciência acaba por dominar a situação; o sargento Pascoal sempre à frente, à espera da bola e nunca consegue terminar nenhuma avançada e, sou eu, cuja importância é tão grande no desenrolar do jogo que noutro dia o nosso capitão até me disse: - Saia daí que você está a atrapalhar tudo! 

 Temos ainda o sargento Carreteiro muito bom em discussões futebolísticas mas, uma negação na defesa; o furriel Sancho, el ninho d’ouro”, o máximo que se pode exigir em técnica, pena que ande constantemente com os calções a cair-lhe, não fosse isso, o rapaz daria que falar; também o que nos vale é não haver por estes lados uma “liga dos costumes”. 

 Bem ainda não falamos do Seringa que quer que os golos dos furriéis sejam golos quando o nosso capitão considera que, como ninguém pediu autorização para marcar, o golo seja anulado! 

 Depois temos o alferes Mendonça,  “el Olívia Palito”,  que cada vez que entra no jogo, arranja um paludismo para os dias seguintes. Esclareço que cada falta ao prélio é paga com um garrafão de verde. 

 Pois é assim. Cá os Progressitas  não vão em agressões ao árbitro. E, para mostrarem bem que isso nunca sucedeu nem poderá suceder, continuarão a fazer como até aqui. Jogar com delicadeza e quanto a árbitro, “Cá Tem”. 

 Se quer praticar bom brutibol, se quer desenvolver as nódoas negras e os joelhos descascados, se enfim quer ser um homem, então frequente às terças, quintas e domingos, no extraordinário complexo desportivo do estádio “Erva” em Pete. 

BIGODES, jornal Os Progressistas, 9 de novembro de 1972


  (ii) O TEMA É CRITICA 

 Antes de mais quero dizer a quantos lêem o Jornal dos Progressiats  que não sou crítico de rádio ou televisão. Sou crítico em exclusivo deste jornal, de que é propriedade a CCav 3420, comandada pelo Capitão de Cavalaria, Fernando José Salgueiro Maia 

 A crítica que vou fazer é sobre a nossa equipa de futebol, já que no último jornal se falou muito de futebol, mas ao que parece o autor do artigo não falou daquilo que devia falar. 

 Falando no valor individual de cada elemento, começo já pelo guarda-redes, o nosso sargento Carreteiro, sem dúvida, bem constituído e com grande poder de elevação mas, pareceu-me que é altura de ser substituído e, o melhor substituto é o Bártolo do depósito de género ou o Paulo, o cozinheiro. A defesa central tem um elemento com longa experiência adquirida ao longo de 4 comissões que já fez no ultramar. 

Trata-se do 1.º sargento Beliz que, quanto a mim,  parece ter uns quilos a mais mas, como o campeonato está ainda em princípio parece-me ter possibilidades de recuperação. 

Quanto ao sargento Pascoal, é pedra base na equipe, porque consegue estar os 90 minutos no mesmo sítio à espera que a bola lhe venha ter aos pés. Dos furriéis, Sancho e Moreira, prefiro nem falar. 

Quanto ao furriel Gomes consegue ser superior em todos, mas em bigode; temos ainda os furriéis Monteiro, Almeida e Marques. O primeiro em vez de pensar no futebol anda mas é a pensar como pode acontecer faltar o frango aos domingos. 

Estou mesmo a ver que qualquer dia o Santos cozinheiro fica sem os seus frangos que parecem andar a mais cá no destacamento. O segundo é um elemento também muito habilidoso mas muito rafeiro, entrando sempre em falta, mas suponho eu, que um jogador com a sua classe não precisa de fazer tantas faltas sobre o adversário. 

 Temos ainda o Marques, o jogador mais disciplinado que entra em campo, é bom também em técnicas Resta apenas falar no trio da avançada que é composto pelos jogadores: Alferes Simões, Alferes Mendonça e Capitão Maia e, ao que me parece ser este ultimo, o capitão da equipe porque,  para além de dar ordem para terminar o jogo quando está a perder, está constantemente a dizer aos espectadores para que saiam para fora do arame farpado. 

 Quanto ao alferes Mendonça que nem mesmo a tomar leite em pó com flocos de cereais, não consegue dar um pontapé certeiro. O alferes Simões, é um jogador de cabeça e que joga sempre à vontade, talvez por daqui a uns meses ir no “gosse” para a Metrópole. O capitão Salgueiro Maia parece-me ter medo da disputa de bolas de cabeça. Talvez seja derivado, a trazer sempre o cabelo curto, não deixa, no entanto de ser um bom extremo esquerdo e cheio de dinamismo e iniciativas que, por vezes são perigosas para o guarda-redes. 

 Resumindo e fazendo um balanço colectivo, parece-me que toda a equipa precisa de preparação física adequada e, essa preparação podia ser dada da seguinte maneira: Juntar todos os jogadores em grupos de 4 e fazerem talvez uns blocos de cimento pelo menos, sempre contribuíam para o bem estar de todos e, ainda para uma “Guiné Melhor” 

 Eu peço desculpa quanto à crítica. Não foi feita para prejudicar ninguém mas sim, para que o jornal em vez de 4 folhas comece a ter 6, se possível. Para isso, precisamos de mais colaboradores. 

Soldado João Ribeiro, jornal "Os Progressistas", setembro de 1972


[ Revisão / fixação de textos e títulos / negritos, para efeitos de publicação deste poste no blogue: LG ]

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Nota do editor:

(*) Último poste da série > 6 de abril de  2022 > Guiné 61/74 - P23145: Recordando o Salgueiro Maia, que eu conheci, o meu comandante, bem como os demais bravos da minha CCAV 3420 (Bula, 1971/73) (José Afonso) - Parte IV: Histórias pícaras: (vii) Os Mais dos... Progressistas (divisa da companhia e também título do jornal de caserna)

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

Guiné 63/74 – P20644: (De) Caras (146): Um pequeno texto, cuja essência teve o BLOGUE na sua concepção (António Matos)

1. O nosso camarada António Garcia de Matos, ex-Alf Mil Minas e Armadilhas da CCAÇ 2790, Bula, 1970/72, enviou-nos a seguinte mensagem.

É verdade!

Estou vivo!

Felizmente com saúde e vontade de viver não me falta!

Ora agora caminhando, mais logo dando largas à cavalaria automobilística, depois com uma sessão de manutenção tipo a do Prof. Marcelo, isto é, umas braçadas na piscina e uns exercícios de hidroginástica, passando por umas viagens de índole não só paisagística mas também gastronómica, a verdade é que ainda ando sem muletas ainda que nuns dias doam as costas, num outro os dedos que começaram a entortar com a artrose, a maldita hérnia também tem um sono muito leve e, quando menos espero, desperta e lá vêem uns dias de ai ais, e umas horas deitado no chão até que a coisa passa até à próxima ….

A sequência dos dias é na base das 24 horas que a Terra demora a dar uma volta completa onde se tenta que a rotina seja “toureada” e que as surpresas apareçam tal-qual ou seja, de surpresa…

Pois bem, hoje cortei com uma determinada rotina indo almoçar a um restaurantezinho que costumo frequentar com alguma regularidade.

Como não estava acompanhado, coube-me uma mesa chegada a uma outra de 4 lugares ocupados por um casal que poderiam ser os pais de um dos 2 outros elementos (casal) presentes.

Não tendo nada a ver com esta história e numa 3.ª mesa, estava uma outra família que até ao momento, me passaria despercebida não fosse a interjeição duma criança (5 anos?) que, ao serem postas as vitualhas entre cada duas pessoas, berrou a plenos pulmões: “batatiiiiiinhas !!!”…

Ri-me eu, riram-se os meus vizinhos de circunstância e tudo isso sem a mínima perturbação do faciem da referida criança.

O almoço continuou e eu devorei literalmente umas pescadinhas de rabo na boca, acompanhadas por um bem aceitável arroz de grelos.

Nisto, sou chamado à atenção do cavalheiro da mesa ao lado que, em surdina (vi-me à rasca para o ouvir pois estou surdo dum ouvido e o zururu de restaurante não me permite muito mais do que dizer que sim nas conversas…) me pergunta se conheço o sr António Garcia de Matos ….

Algo me dizia que aquela cara não me era 100% estranha mas a farta cabeleira que provavelmente existira no passado, estava reduzida aos laterais, deixando uma enorme pista de aterragem no centro, o que , de todo, me cortou as hipóteses de num exercício de fotomontagem, descortinasse minimamente, de quem se tratava.

Respondi-lhe que sim, que conhecia o tal Matos ficando agora a faltar apenas a sua identificação.

Fez render o peixe (da conversa, não as pescadinhas ) perguntando-me pela Guiné, por minas...

Perguntei-lhe se tinha sido do meu batalhão mas não, não tinha sido.

O local, o barulho, a falta de ouvido, etc. fez-nos dar um salto no tempo apressando o final não sem que me tivesse dito que o seu nome acabava em “inho”.

Ora porra! foi a estocada final na esperança de o identificar.

Finalmente disse-me que ele próprio tinha feito a tal operação de fotomontagem mental colocando-me um bigode (acabei de rapar as barbas há 8 dias …) e não teve dúvidas da minha identificação.

Tinha, de facto, estado na Guiné mas numa comissão anterior à minha. BOLAS!!!

Mas, o que lhe trouxe à memória a minha pessoa foi, vejam bem!, o blog do Luís Graça!!!

Pois é verdade, era o Branquinho, aquele que escrevia igualmente naquela altura em que eu participava activamente.

Fiquei satisfeitíssimo pelo facto de ele ter dado o passo do reencontro e saí com a certeza de querer transmitir aos antigos e actuais tabanqueiros esta história da vida cuja referência foi, exactamente, o blogue!

Um abraço a todos e um especial ao Luís Graça.
António Garcia de Matos
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Nota de M.R.: 

Vd. Também o último poste desta série em:

28 DE NOVEMBRO DE 2019 > Guiné 61/74 - P20391: (De)Caras (118): A liberdade que as motos e as motorizadas nos davam... Ia-se de Bissau a Safim, Nhacra, Ensalma, João Landim... (Virgílio Teixeira, ex-alf mil SAM, CCS/BCAC 1933, Nova Lamego e São Domingos, 1967/69)

sábado, 13 de outubro de 2018

Guiné 61/74 - P19100: (De) Caras (120): Gertrudes da Silva, comandante da CCAÇ 2790, de fevereiro a setembro de 1972, deixou um rasto enorme de simpatia, de camaradagem, de competência e de humanidade invejáveis (António Matos, ex-alf mil MA, CCAÇ 2790, Bula, 1970/72)







Guiné >Bula > CCAÇ 2790 > A equipa de futebol... De pé, do lado direito, de camuflado, o Cap Inf  Gertrudes da Silva, que sucedeu ao cap José Pedro Sucena , no comando da CCAÇ 2790, entre fevereiro e setembro de 1972. Foto gentilmente cedida pelo José Câmara (que vive nos EUA) ao António Matos, ex-alf mil, MA, CCAÇ 2790 (Bula, 1970/72). (A CCAÇ 2790 teve como unidade mobilizadora o BII 18, partiu para a Guiné em 24/9/1970 e regressou a 30/9/1972. Esteve em Ponta Augusto Barros e Bula. Comandantes:  cap inf José Pedro de Sucena, e cap inf Diamantino Gertrudes da Silva.)


Foto (e legenda): © José Câmara (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



 
António Garcia de Matos, ex-alf mil MA,
CCAÇ 2790  (Bula, 1970/72)
1. Comentário de António Matos ao poste P19099 (*):

Não pretendo mais do que uma singela homenagem ao Comandante, ao Capitão, ao Militar e ao Amigo com quem partilhei uma fase bem marcante da minha vida de alferes miliciano nos idos de 70 do séc. XX, muito especificamente no ano de 1972, na Guiné Bissau, sediado que estava em Bula e onde comandava um pelotão da CCaç. 2790, pertença do BCaç 2928.

Recorrendo para confirmação de datas (,que os neurónios já não ajudam nas certezas absolutas), consultei a "História da Unidade" daquela minha companhia e, claro, lá apanhei o Diamantino Gertrudes da Silva que passou a fazer parte dos quadros, tomando o comando na substituição do capitão José Pedro Sucena, em Fevereiro de 1972.

Meu caro Gertrudes da Silva, já tive ocasião de manifestar 
os meus sentimentos à sua família mas não quis desperdiçar 
a oportunidade de ter recebido uma alusão a este momento de 
saudade por via electrónica, sem daqui lhe endereçar um sentido "Rest In Peace".

O facto de a notícia-base não o mencionar como comandante da valorosa CCaç 2790 naquele 1972, foi motivo suficiente para exarcebar os meus orgulhos ( e julgo que de todos os nossos outros camaradas) pois a experiência foi-nos gratamente positiva.

Desde logo do ponto de vista operacional mas,  não menos importante, do ponto de vista humano.
Tive(mos) o prazer de o ter entre nós por várias vezes nos jantares (poucos) que vamos fazendo de quando em vez à laia de prova de vida ...

Você, meu caro amigo, juntou-se aos que já tinham partido mas creia que deixou um rasto enorme de simpatia, de camaradagem, de competência e de humanidade invejáveis. (**)

Descanse em paz !
António A.Garcia de Matos


2. Comentário do António Matos  (***):

Pois sou mesmo eu a iniciar esta secção de comentários a este meu poste (*)

Primeiro, corrijo a legenda da (...) foto [acima], onde o capitão é o Gertrudes da Silva [e não o Pedro Sucena];

Segundo: quero dizer ao José Câmara que consegui, hoje, falar com o José João e que ele e o José Bairos são uma e só uma pessoa ! Falei e deliciei-me com aquele sotaque inesquecível intervalado com expressões americanadas a reflectir os quase 40 anos de emigrado ! Engraçadíssimo !

O Bairos era do pelotão do alferes Pires e não consigo associá-lo às imagens que ainda tenho daquela malta.

Infelizmente os EUA são grandinhos e não permitem que esta gente tenha contactos com camaradas de outros tempos e por isso não me soube dizer nada de outros ...

António Matos
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terça-feira, 1 de novembro de 2016

Guiné 63/74 - P16665: Inquérito 'on line' (79): Com 60 respostas, até ontem às 18h, e a dois dias de "fecharem as urnas", temos apenas 11 casos de deserção no CTIG... Precisamos de chegar às 100 respostas... e nomear a(s) companhia(s), no CTIG, em que tenha havido um ou mais casos de desertores, antes do embarque e/ou depois do embarque: depoimentos, precisam-se!


Foto nº 1


Foto nº 2

"O Homem a Quem Chamaram G3"... O fuzileiro António Trindade Tavares,  o célebre G3, que desertou em 1968... Acabou por apanhar cinco anos de prisão pelo crime de deserção... Aqui no forte de Elvas, s/d (foto nº 1). Nasceu em Lisboa (em 1944) (foto nº2).

Fotos da página do Facebook, do seu livro, com a devida vénia. Sobre o autor e o livro, clicar aqui para saber mais:

"A história de António teria tudo para ser igual a tantas outras. Nascido em Lisboa durante os tempos de racionamento da Segunda Guerra Mundial e pobreza do Estado Novo, criou-se e cresceu pelas ruas de Alcântara e do bairro do Alvito, entre cowboiadas, tiro aos pardais, pancadarias, gazeta à escola e trabalho infantil até ser chamado para a Guerra Colonial. 

"Como tantos outros Fuzileiros, viu-se na Guiné tentando chegar vivo até ao fim do seu tempo de tropa, mas umas rodadas de cerveja com as pessoas erradas desviaram-lhe a vida do curso previsto. A partir deste momento ficou para sempre conhecido como G3, um nome que jamais o largaria, a personificação da resistência anti-fascista, traições à pátria de Salazar e terrorismo militar. Hoje, meio século depois, a sua história é finalmente contada." (Fonte: Sítio do Livro).

Vd. também a qui a nota de leitura que o  Mário Beja Santos fez sobre o livro.


1. INQUÉRITO 'ON LINE':

"NA MINHA UNIDADE (COMPANHIA OU EQUIVALENTE) NÃO HÁ CASOS DE DESERÇÃO"



Os 60 primeiros resultados (às 18h00 de ontem)


1. Nenhum, na metrópole  > 31 (51%)

2. Nenhum, no TO da Guiné  > 41 (68%)

3. Um, na metrópole  > 11 (18%)

4. Dois, na metrópole  > 3 (5%)

5. Três ou mais, na metrópole  > 2 (3%)

6. Um, no TO da Guiné  > 8 (13%)

7. Dois, no TO da Guiné  > 1 (1%)

8. Três ou mais, no TO da Guiné > 0 (0%


O prazo de resposta ao inquérito termina na 5ª feira, dia 3/112016, às 15h34.


2. Comentários dos nossos camaradas no poste P16655 (*)

(i) Vasco Pires [, falecido ontem, em Porto Seguro, Brasil]

Na minha unidade, o 23° Pel Art, não teve deserção, e continuo achando muito pouco provável havê-la, pois os soldados, que tinham até três mulheres, tinham um poder aquisitivo muito superior à maioria da população. Lamento não ter números concretos para apresentar.


(ii) Luís Graça

Vasco, não tens que "pedir desculpa"... Na minha guineense CCAÇ 12, também não houve deserções...  Primeiro, eles eram todos fulas e tinham um ódio de morte ao PAIGC...  E depois recebiam todos o equivalente a um pré de um 1º cabo metropolitano: 600 pesos (soldados de 2ª classe, do recrutamento local) + 24,5 pesos por dia por serem desarranchados)... O 1º cabo José Carlos Suleimane Baldé, que tinha a 4ª classe, ganhava mais (em patacão) do que o colega metropolitano, por ser desarranchado...

Ao fim do mês, eram cerca de 1.350 pesos, para um simples soldado de 2ª classe (!), "português da Guiné"... Na Guiné na época, era muito dinheiro...  Em escudos da metrópole, e aplicando a taxa de desvalorização de 10% em relação ao peso, eram 1.215 escudos!...  Em 1969, 1.215 escudos equivaleriam hoje a 361,21 € ...

O PAIGC não pagava pré, nem em pesos, nem escudos, nem rublos, nem em dólares, nem coroas suecas... Só prometia, para os vencedores e os sobreviventes, a glória da independência!... O problema é que o heroísmo não enche barriga nem dá para alimentar duas mulheres, no mínimo, e um rancho de filhos...

Os nossos soldados guineenses ganhavam mais do que os médicos cubanos, essa é que é a verdade!... A terem desertado (, o que não me parece que tenha acontecido com companhias africanas como a CCAÇ 12, no final da guerra no TO da Guiné; pode ter acontecido em Angola e em Moçambique...), só poderia ter sido pela clara perceção de que nós, os tugas, os estávamos prontos para os abandonar...

Felizmente, eu não estava lá, no pós 25 de abril, nem assisti a esse momento doloroso da passagem de testemunho da história... Acredito que tenha sido dilacerante para os "últimos soldados do império"... E foi seguramente mais trágico para os nossos camaradas guineenses que apostaram no cavalo errado...


(iii) António Silva

Também estive na Guiné,  na CCaç 2790. Tivemos um desertor, um alferes, que segundo diziam foi de férias de mobilização e nunca mais voltou.


(iv) Joaquim Ruivo

Enquanto estive na Guiné (de outubro de 61 a fevereiro de 64), tive conhecimento de 2 casos de deserção: um alferes miliciano da minha unidade (cabo-verdiano) e um 1ª cabo cripto. Este último, segundo consta,  falava aos microfones duma emissora dum país africano, que não me lembro qual. O 1º cabo cripto deu muitos problemas no sector das transmissões porque tiveram que alterar todos os códigos...


(v) José Cruz

Na minha companhia, CCAÇ 3306,  em Jolmete, houve um desertor, um furriel. Ah! mas conheço um desertor do exército que, depois do 25 de Abril, veio para o país e arranjou colocação como funcionário público. Professor. Eu tive de emigrar.


(vi) [Joaquim ?] Mendes

Correndo o risco de estar a ver mal o inquérito, pergunto-me sobre a sua validade,  dado permitir que vários militares da mesma companhia assinalem o mesmo desertor dando origem a erro grosseiro.
Sugiro que o voto implique referenciar a unidade em causa para assim reduzir a multiplicação dos desertores (que não serão muitos).


(vii) Tabanca Grande (editor)

Camarada Mendes, tens razão... Mas o objetivo da "sondagem" é permitir-nos falar justamente destes casos... Não temos a veleidade de fazer um "estudo científico" sobre o fenómeno da deserção na Guiné... A nossa amostra será sempre "enviesada"... Este não é o instrumento apropriado...

Além disso, esta funcionalidade do Blogger, o nosso servidor, tem muitas limitações técnicas.... Não posso fazer duas perguntas ao mesmo tempo, nem muito menos perguntas abertas: por exemplo, qual foi o nº da companhia?

De qualquer modo, temos em média um membro da Tabanca Grande por companhia... Não haverá grandes riscos de sobreposição... E há companhias que nem sequer estão aqui representadas...

É importante que a malta responda e diga o que respondeu ... Eu já o fiz, na minha CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 não houve desertores, nem antes nem depois do embarque... E aqui não contam os boatos de caserna, o que se ouviu dizer, etc. Queremos factos, casos concretos (se é que os houve, em cada uma das nossas companhias)...


(viii) Luís Graça

Até 1965, haveria "apenas" 9 desertores tugas, que se passaram para o "outro lado"... A fonte (insuspeita) é o 'Nino' Vieira... Será também razoável considerar como desertores uma série de rapaziada, que deixou as nossas forças armadas para se juntar ao movimento liderado por Amílcar Cabral... Estou a lembrar-me de diversos guineenses que frequentaram, com aproveitamento, o 1º Curso de Sargentos Milicianos, em Bissau, em 1959... O caso mais conhecido é o Domingos Ramos, um dos "generais" do PAIGC...

Um dos 3 desertores de Fulacunda, em 1965, era, de seu nome completo, o António Manuel Marques Barracosa [e não Barricosa...], de 23 anos, com o posto de 1º cabo miliciano...

Seria mais tarde, dois anos depois, em maio de 1967, um dos 4 implicados na assalto à agência do Banco de Portugal na Figueira da Foz, liderado por Hermínio da Palma Inácio, 46 anos, fundador e dirigente da LUAR, com a colaboração de Camilo Tavares Mortágua, 34 anos, e Luís Benvindo, 25 anos.  O assalto, no valor de mais de 29 mil contos na época (c. 146 mil euros, na moeda de hoje), teria sido até então o maior roubo de sempre em Portugal. Julgado à revelia, o Barracosa foi condenado a 13 anos. Perdeu-se aqui o seu rasto...

Os casos de deserção, não na metrópole, mas já no TO da Guiné, são, de facto, poucos ao longo da guerra, de tal modo que os nomes dos desertores são sobejamente conhecidos: Aqui vão mais três:

Manuel Alberto Costa Alfaiate, antigo fuzileiro naval; desertou em fevereiro de 1970; Manuel Fernando Almeida Matos, 1º cabo, chegou à Guiné em janeiro de 1969, participou em várias operações, sobretudo na região de Bula, e desertou em abril; Manuel Veríssimo Viseu, natural de Mértola, nascido em 1946, pertenceu à 15ª Companhia de Comandos, combateu em Jabadá, chegou à Guiné em Maio de 1968; quando a 15ª Companhia de Comandos estava em Cuntima, atravessou a fronteira e apresentou-se ao PAIGC.


(viii) Acácio Jesus Nunes

Na CCaç 2312, apareceu lá um tipo em rendição individual, esteve poucos meses e em Bula pirou-se com a arma. Foi o único e por onde andámos não me constou caso idêntico.  Este meliante foi acusar na rádio Conakry um alferes e o capitão de crimes que nunca se cometeram contra a população. Além de cobarde,  foi aldrabão.


(ix) José Colaço

A maior fuga à guerra não eram os desertores, mas, creio eu e até prova em contrário,  foram os refractários que a partir,  dos 13 anos, mais ou menos,  até serem chamados à inspecção e incorporação nas forças militares,  preparavam a fuga não se apresentando quando eram chamados.

Havia vários estratagemas: muitos dos filhos dos senhores de então eram admitidos como trabalhadores por influências, cunhas na OGMA em Alverca,  e assim se safavam de ir à guerra.
Por isso esta sondagem fica muito carente das fugas da ida à Guerra do Ultramar.


(x) António J. Pereira da Costa

As técnicas de "fuga" de que o Colaço fala eram legais e algumas até tinham reversos, como é o caso da ida para a pesca do bacalhau.

Creio que estamos a falar dos que não foram de todo e não aproveitaram, talvez por não saberem, os diferentes, mas poucos furos da lei.

Ao Jesus Nunes lembro que a propaganda é isto mesmo. O uso de depoimentos e testemunhos "prestados" por desertores faz parte dela. Recordo o depoimento do ten comando graduado  Januário, que desertou em Conakry com o respectivo Gr Comb. Cmds [no decurso da Op Mar Verde, em 22 de novembro de 1970, 1ª Companhia de Comandos Africana / Cmds Africana],  antes de serem todos fuzilados, que está nesta linha. Não temos ideia nenhuma das informações que prestaram ao In e como é que elas lhes foram sacadas.

Não sei se o desertor, isto é, o que foge para o In ou para outras regiões, depois de incorporado, não terá de ter uma boa dose de coragem. É cortar com tudo e recomeçar, sem poder voltar atrás... Houve camaradas nossos que foram recambiados da Suécia, por não terem aceitado colaborar, mesmo indirectamente, com os guerrilheiros.

Estes são pontos a considerar na apreciação do problemas. De qualquer modo, parece-me que já avançámos ao fixarmos a diferencia entre desertor, faltoso e refractário.


(xi) Vasco da Gama

Também o nosso capitão Vasco da Gama teve o seu desertor.... Convite para revisitar um dos seus postes, da série "Banalidades da Foz do Mondego", de 15/6/2009:

 (...) "Temos os que embarcaram connosco e que deram o salto quando vieram de férias à metrópole. Aconteceu a um furriel da minha companhia, o Pereira, a quem os Tigres designam por furriel fugitivo ou fugitivo, tout court. O seu não regresso à minha Companhia ainda me levou a ser ouvido pelo Pide de Aldeia Formosa que achou estranho o facto de eu não ter desconfiado de nada…

"O fugitivo foi a um dos primeiros convívios da nossa Companhia, alguns anos após o 25 de Abril. Acreditem que nenhum de nós lhe cobrou o que quer que fosse, muito embora nunca mais tivesse aparecido. Conversámos e ele apenas referiu que não conseguia aguentar a situação que a nossa Companhia estava a viver e que tinha tido a oportunidade de se pirar. Eu sei que apenas pensou nele e os outros que se lixem, mas para quê fazê-lo sofrer mais com o nosso julgamento?

"Cada um é como cada qual e quão diferente foi a atitude do nosso José Brás que, de férias em Portugal, recebeu a notícia da morte dos seus camaradas, o Dias e o Oliveira que morreram sem ele em Xinxi-Dari. Nem o pai o convenceu a dar o salto e o Mejo iria continuar a ser a sua pátria por mais algum tempo…. “E sem precisar de dizer-lhe que me sentia miserável por ter deixado morrer aqueles amigos sem a minha presença de arma na mão…” (...)

(xii) Mário Pinto

O fuzileiro António Trindade Tavares,  o célebre G3, que desertou em 1968 do seu destacamento em Bissau... Por acaso já contei a sua história aqui no Blogue. Era meu vizinho aqui no Lavradio.


Guiné > Bissau > 1959 > 1º Curso de Sargentos Milicianos, aberto a "assimilados" > 1ºs cabos milicianos Mário Dias (à direita, na segunda fila, de pé), Domingos Ramos (à esquerda, na primeira fila) e outros... De entre os militares que frequentaram o 1º Curso de Sargentos Milicianos (CSM), em Bissau, em 1959, houve vários casos de deserção para o PAIG

"De cócoras, a partir da esquerda: Domingos Ramos; um outro cujo nome não me lembro mas que também foi para a guerrilha; e depois o Laurentino Pedro Gomes. De pé: não me recordo o nome mas também foi para a guerrilha; Garcia, filho do administrador Garcia, muito conhecido e estimado em Bissau; mais um de cujo nome não me recordo; eu [, Mário Dias]; e mais outro futuro guerrilheiro."

Foto (e legenda): © Mário Dias (2006). Todos os direitos reservados
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segunda-feira, 13 de junho de 2016

Guiné 63/74 - P16197: Tabanca Grande (489): José Manuel Alves, ex-Fur Mil Inf das CCAÇ 2790 e CCAÇ 16 (Bula e Bachile, 1971/73) - 719.º Grã-Tabanqueiro -

1. Mensagem do nosso camarada e novo amigo tertuliano, José Manuel Alves, ex-Fur Mil Inf das CCAÇ 2790 e CCAÇ 16 (Bula e Bachile, 1971/73), com data de 23 de Abril de 2016, onde manifesta a sua vontade de se alistar na nossa tertúlia, e poder usufruir da sombra e do convívio debaixo do nosso poilão.

Amigo Luís Graça
Como antigo combatente na Guiné, tive o grato prazer de pela primeira vez ter participado no Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) no XI Encontro Nacional da Tabanca Grande em 16 de abril de 2016.

O meu percurso militar é igual ao de tantos outros que foram meus contemporâneos.
Comecei pelas Caldas da Rainha no 2.º Turno de 1970, onde fiz a recruta, seguindo-se Tavira onde frequentei o Curso de Sargentos Milicianos.
Passei ainda por Vila Real e pelo CEMEFED em Mafra, onde fui mobilizado como Furriel Miliciano.

Fiz a viagem para a Guiné a bordo do NIASSA, onde cheguei nos primeiros dias de Abril de 1971, com destino à CCAÇ 2790 que pertencia ao Batalhão de BULA, e fui destacado para a zona de Augusto de Barros, onde se encontravam dois pelotões e o comando da Companhia (Capitão Sucena).

Fui em rendição individual em substituição de um camarada morto numa emboscada na estrada que ligava Bula a S.Vicente.

A Companhia havia sido formada em Ponta Delgada (Açores) e quando cheguei à Guiné já esta tinha seis ou sete meses de permanência no território.
Quando a Companhia terminou a comissão, por volta de Setembro de 1972, fui fazer um curso de cerca de um mês a Bolama para integrar as designadas Companhias Africanas.

Fui integrado na CCaç 16 que se encontrava sediada no Bachile, zona pertencente a Teixeira Pinto. Aí permaneci até Janeiro de 1973, altura em que terminei a comissão de serviço e regressei ao Continente.

De regresso, voltei ao meu lugar de aspirante de Finanças na minha terra Natal Miranda do Douro, e fiz toda a minha carreira nos Impostos, tendo passado por diversos locais, até que em 2003 me aposentei quando era Chefe de Finanças da Repartição da Mina-Amadora.

Actualmente resido em Meleças, um pequeno lugar perto de Sintra.
Os meus tempos livres são passados entre uma pequena aldeia do concelho de Miranda do Douro - Especiosa, naturalidade da minha esposa, pelo Carvoeiro, no Algarve, e aqui em Meleças.

Como pretendo fazer parte do grupo envio as duas fotos - uma em Bula e a actual algures no Douro.

Um abraço fraterno
José Manuel Alves

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2. Comentário do editor

Para começar, a estafada desculpa pela demora na tua apresentação formal à tertúlia, de que tu já conhecerás parte, uma vez que estiveste connosco este ano em Monte Real, segundo os meus arquivos, na mesa 14, devidamente acompanhado pela tua esposa. Espero que se tenham sentido entre amigos e que para o ano voltem.

Entretanto poderás contar-nos as memórias que ainda retenhas da tua passagem pelas CCAÇ 2790 (Bula) e CCAÇ 16 (Teixeira Pinto). Também aceitamos fotos acompanhadas das respectivas legendas.

Como só temos 45 entradas sobre a CCAÇ 2790 e 24 sobre a CCAÇ 16, poderás acrescentar ainda muito ao espólio destas Unidades.

Já agora que falei de fotografias, na próxima remessa por favor envia-as com mais resolução, as que mandaste mal deram para fazer as fotos tipo passe. Basta regulares o scanner para 200dpi. Se precisares de algum esclarecimento é só dizeres.

Posto isto, espero que te sintas bem entre nós já que aqui será o último reduto onde podemos contar e recontar aquilo que já ninguém quer ouvir. Estamos cá para isso mesmo, "ouvir" e registar para memória futura.

Recebe um abraço da tertúlia e dos editores, que ficam ao teu inteiro dispor.
Carlos Vinhal
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Nota do editor

Último poste da série de 19 de maio de 2016 Guiné 63/74 - P16108: Tabanca Grande (488): Conceição Alves, esposa do nosso camarada José Eduardo Alves, recentemente falecido, benemérita em favor das crianças de Mampatá/Guiné-Bissau, onde já se deslocou mais que uma vez desde 2009, nossa nova Amiga Grã-Tabanqueira de Leça da Palmeira

sábado, 5 de março de 2016

Guiné 63/74 - P15824: (De) Caras (34): Bla, bla, bla .... e o almoço de 16 de Abril (António Matos)

1. O nosso camarada António Garcia de Matos, ex-Alf Mil Minas e Armadilhas da CCAÇ 2790, Bula, 1970/72, enviou-nos a seguinte mensagem.

Bla, bla, bla... e o almoço de 16 de Abril

Não me é fácil inscrever numa confraternização onde perto de 100% dos confrades me são desconhecidos pese embora o facto de termos partilhado, pessoalmente ou por interposta pessoa, um território que, sendo hostil por missão, se tornou o nosso poiso e onde partilhámos experiências agridoces desde lutas e tiroteios, doenças ou amores, correspondidos uns, nem tanto outros ...

Tendo contribuído há alguns anos atrás com uma participação muito activa neste nosso blogue, a verdade é que optei por o seguir com interesse mas do lado de cá, de fora, e com uma assiduidade, no mínimo, duvidosa.

Todos os anos me apercebo do habitual almoço mas hoje fui possuído por uma certa vontade de estar presente em Abril.

Sem com isto estar a formalizar uma inscrição,vou deixar passar o tempo de amadurecimento da ideia e aguardar o entendimento dos neurónios para depois decidir em conformidade.

Haverá, quiçá, quem alvitre que eu esteja a fazer-me de caro, ao(s) qual(ais) e sem qualquer intuito de justificação ( parafraseando o Tenente Coronel Mexia Leitão que tive o prazer de conhecer nos Arrifes, no BII 18 em 1970 ) direi apenas : evita-te, homem !

Estando a jogar num fifty / fifty, vou aproveitar a ocasião para, admitindo a minha ausência e na pessoa do Luís Graça, desejar a todos um grande almoço e um saudável fim de semana.

Admitindo a presença, um até 16 de Abril !

Abraços,
António Garcia de Matos
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Nota de M.R.: 

Vd. Também o último poste desta série em: 4 DE MARÇO DE 2016 > Guiné 63/74 - P15820: (De) Caras (33): Somos a Tabanca Grande, com 711 elementos, dos quais 669 vivos, 602 camaradas, mais 67 amigos/as... Voltamos a juntar-nos no dia 16 de abril em Monte Real, pelo menos uns 200 (que é a lotação máxima)... "Oxalá / Inshallah / Enxalé que Deus e os bons irãs nos protejam"...

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Guiné 63/74 - P13742: (Ex)citações (239): "Desenrascanço" (António Matos, ex-Alf Mil Minas e Armadilhas da CCAÇ 2790, Bula, 1970/72)

1. O nosso camarada António Matos, ex-Alf Mil Minas e Armadilhas da CCAÇ 2790, Bula, 1970/72,. enviou-nos a seguinte mensagem.


Caro Magalhães, se entenderes que este desabafo escrito ao correr da pena e sem qualquer pesquisa mas em resposta ao desafio do Luís Graça ao qual preferi "fazer uma declaração de voto" `perante a cruzinha que pus na sondagem, então publica se o restante corpo editorial concordar.

Abraços para todos os tabanqueiros em geral e em particular para vocês, homens que aguentam o blog de pé!

Camaradas,

Há já muito tempo que não participo no blog do Luís Graça ainda que, de quando em vez, ou o procure ou ele (blog) esbarre em mim e me desperte a natural curiosidade.

Hoje foi uma dessas vezes e o tema "desenrascanço" na sondagem de opiniões sobre a sua existência, mereceu uma reflexão da minha parte.

Perdi já uma certa dinâmica no manuseamento deste blog e não procurei muito.

Limitei-me a seguir uma referência e dei de imediato com um post meu onde, explicitamente, escrevo sobre essa nossa "nobre capacidade" ...

Passados todos estes anos e arrefecidos os ímpetos mais aguerridos que nos fizeram falar sob a influência do "ressaibiamento" de quem passara todo aquele tempo na defesa de interesses que salvaguardavam os dos políticos mas que se esqueciam literalmente dos que buliam com a vida das pessoas (falo das populações, claro), passado todos esses anos, dizia, aqui estou a corroborar o que na altura escrevi e a constatar que os homens do poder não aprenderam nada com a história pois continuam com o mesmo paradigma do quero-posso-e-mando deixando por esse mundo fora um rasto de destruição física e social que em nada faz prever algo de bom para as próximas dezenas de décadas ...

Costuma dizer-se que o povo é inteligente e não se deixa enganar mas eu tenho opinião diferente.

O povo (até porque as maiorias se comportam como carneiros) não goza desse epíteto e a prova provada aí está! Após anos de (des)governação vêm as eleições e, como que por milagre, a intoxicação intelectual revolve as mentalidades e o povo volta a votar nos mesmos !!

Muitas vezes com a desculpa de que os outros não podem fazer melhor ... Mal por mal, aguentemos os que já cá estão, dizem ....

Claro que, com o tempo e com a força das armas, vão emergindo novos "mentores", concebidos à luz daquela velha máxima de que, no reino dos cegos, o cego dum só olho é rei !

É o desenrascanço na sua fase plena !

Conclusão: o desenrascanço que nos diversos TO e que no da Guiné em particular se estabeleceu desde o 1º momento, é indiscutível pois aparece em consequência das incompetências superiores .

Li alguns artigos de autores que estudaram e tentaram fazer comparações (níveis de resiliência dos soldados à má nutrição, às condições de habitabilidade e fundamentalmente ao tempo de missão) entre a guerra na Guiné e no Vietname e foram conclusivos ao afirmarem que só o povo português aceitaria e suportaria tais condições quase sempre com um sorriso nos lábios, umas apalpadelas nas mulheres que os combatiam e com as quais, quantas vezes!, viriam a procriar e até a casar, não se apercebendo de quão infame era a sua situação.

Enfim, desenrascavam-se !

Depois vinham as dotações militares e aí era um fartar vilanagem !!!

Pelotões que enfrentavam o inimigo com deficiente armamento ...

Viaturas cujas manutenções eram verdadeiras e constantes hemorragias de dinheiro .....

Cadeias de comando que "preparavam" operações em cima dum mapa da região que desconheciam por completo ....

Comandantes que, face a emboscadas onde as nossas tropas caíam, preocupavam-se prioritariamente em saber dos danos materiais e só depois dos humanos ...

Enfim, desenrascámo-nos !
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Nota de M.R.:

Vd. também o poste: 


Vd. último poste da série em: