sábado, 29 de abril de 2023

Guiné 61/74 - P24267: (In)citações (240): O meu 25 de Abril de 2023 (Hélder Valério de Sousa, ex-Fur Mil TRMS TSF)


1.
 Mensagem do nosso camarada Hélder Sousa, ex-Fur Mil TRMS, TSF  (Piche e Bissau, 1970/72), com data de 28 de Abril de 2023:



O meu 25 de Abril de 2023

Sim, eu sei que não nos devemos meter a “falar” de política (já agora, nem de desporto ou religião) aqui no Blogue. Pode ser fraturante!

E, quando se fala do “25 de Abril”, aparecem sempre umas almas pouco piedosas, a dizer que é preciso contrapor o “25 de Novembro”… Claro que “Abril” é de 1974 e “Novembro” é de 1975, mas isso não lhes interessa nada. Faço notar que sem o “25 de Abril” não seria provável o “25 de Novembro”, por isso não vejo qualquer utilidade nesse “contraponto”, cada coisa em seu tempo.

Mas resolvi hoje, aqui e agora, dar público conhecimento de que este ano, finalmente, “desci a Avenida” nas ações comemorativas. E porquê? Em rigor não sei responder. Um impulso? Alguma necessidade de afirmação? Alguma “penitência”?

Na verdade, foi esta a primeira vez que participei no desfile. E gostei.

Integrei um pequeno grupo que se acolhia numa faixa da “Associação Salgueiro Maia”, que me pareceu apropriado, e considero que tal foi muito positivo.

Apesar de todo o desprezo a que os sucessivos poderes votaram o Homem, ao longo da descida da Avenida até ao Rossio, sempre que das laterais descortinavam a faixa com a sua figura e as palavras identificadoras, foram inúmeras as vezes, incontáveis mesmo, que os aplausos cresciam, as palavras incentivadoras e elogiosas se faziam ouvir. E não raras vezes aludiam às “maldades” que lhe fizeram.

Também foram muitas as fotos que foram tiradas, por naturais e muitos estrangeiros, alguns dos quais queriam saber mais sobre a figura.

Repito, senti-me bem, relembrei o que lhe devia, pela coragem demonstrada no Terreiro do Paço quando foi ao encontro do “tal Anselmo”, pelas atitudes de firmeza e de correção durante a ação no Largo do Carmo, onde, por sinal, também me encontrava na ocasião.

Aquando da minha estadia em Santarém, no 1.º Ciclo do CSM, o Maia foi o instrutor de granadas, na carreira de tiro e na Quinta das Ómnias. Por tal, não me surpreende nada que se mostre em filme (verdade, ou verdade ficcionada?) o Maia a ir ao encontro do “tal Anselmo” com uma granada mão, como medida preventiva para qualquer loucura do “defensor do regime” que, valha a verdade, só não aconteceu por firmeza e coragem do “Homem do tanque”.

Na foto que envio pode-se ver a faixa referida na qual não apareço por estar a tirar a foto mas, durante o percurso, fui segurando uma das pontas.

Hélder Sousa
Ex-Fur Mil Transmissões TSF

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Nota do editor

Último poste da série de 23 DE ABRIL DE 2023 > Guiné 61/74 - P24242: (In)citações (239): O nosso blogue faz hoje 19 anos, sabiam?!... Não é uma eternidade, é uma enormidade... de tempo, equivalente a 10 comissões no CTIG...

Guiné 61/74 - P24266: Os nossos seres, saberes e lazeres (570): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (100): Veloso Salgado no MNAC – Museu do Chiado: O maravilhamento de obras desconhecidas de amigos franceses (2) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 4 de Abril de 2023:

Queridos amigos,
Vale a pena recapitular as razões da exposição intitulada Veloso Salgado, de Lisboa a Wissant, que já dera exposição no Museu de Boulogne-sur-Mer, foi alvo de alterações em Lisboa decorrentes do uso de peças da doação da neta do pintor, neste acervo apareceu correspondência inédita que revelou uma faceta até hoje desconhecida do bolseiro Veloso Salgado, que foi o primeiro pintor português na Bretanha. Nos ateliês de Paris, enquanto bolseiro, fez amizades com pintores que lhe permitiram produzir imagens luminosas, mas também melancólicas, são reveladoras de uma sensibilidade expressiva do artista para temáticas sociais, mostram uma compreensão do pintor face à paisagem bretã e, fundamentalmente, se no retrato Veloso Salgado é imbatível na observação psicológica, o acervo de obras dos seus amigos permite revelar uma enorme cumplicidade como é percetível em temas como "A terra prometida", a cenografia com que o pintor mostra Jesus, por exemplo. A todos os títulos, uma exposição surpreendente, digna da nossa visita.

Um abraço do
Mário



Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (100):
Veloso Salgado no MNAC – Museu do Chiado:
O maravilhamento de obras desconhecidas de amigos franceses (2)


Mário Beja Santos

Atrai-me a pintura de Veloso Salgado (1864-1945), conhecido retratista, paisagista e pintor de grandes espaços (designadamente públicos) enquadrado no movimento da segunda geração naturalista, rótulo que considero insuficiente para alguém que experimentou um pouco de tudo entre o realismo e romantismo até às primícias do modernismo. O MNAC – Museu do Chiado já lhe consagrara uma retrospetiva onde claramente se manifestava, no último período dos seus trabalhos, uma total disponibilidade para transitar para formulações fora do academismo pictórico.

Esta exposição intitula-se “De Lisboa a Wissant”, espraia-se por todo o seu processo artístico e a sua formação, este homem de origem galega formou-se em Lisboa foi professor na Escola de Belas Artes, teve intervenção em grandes espaços decorativos, caso do Palácio da Bolsa, da Escola de Medicina do Porto, da Assembleia da República. Este acervo vem na continuidade da exposição apresentada no Museu de Boulogne-sur-Mer, que revelou detalhes até agora desconhecidos do percurso artístico de Veloso Salgado. A exposição do MNAC foca-se sobre os estudos e a carreira artística de Veloso Salgado em França enquanto bolseiro, entre 1888 e 1895, nela se expõe obras inéditas desse período. Segundo a documentação que o MNAC distribui, a exposição acolhe 70 obras, põe enfoque no seu itinerário francês (Paris, Bretanha e Wissant), desvela a ligação de uma amizade com os artistas Virginie Demont-Breton e Adrien Demont e a Escola de Wissant. É a primeira vez que se dá a público este diálogo de Veloso Salgado com os seus pares franceses.

Prefiro agora ser pouco respeitador do itinerário da exposição, creio que o leitor sabe que estamos a falar do itinerário francês e das amizades de Veloso Salgado com um conjunto de artistas desse país, houve um legado da neta do pintor, Conceição Veloso Salgado, onde se integravam pinturas, documentação (entre ela correspondência) e um núcleo significativo de provas fotográficas. A curadora da exposição, Maria de Aires Silveira, analisou a correspondência trocada com amigos portugueses em França e aquelas amizades que se firmaram em Paris e na Escola de Wissant, no norte da França. A obra escolhida como imagem da exposição é o retrato da criança intitulada “Flor do Mar”, destaca a aprendizagem junto de artistas franceses numa experimentação que vai além do habitual reconhecimento da sua pintura académica, introduzindo uma modernidade inédita no seu percurso artístico e oferecendo uma nova visão da sua produção, isto escreve Maria de Aires Silveira no texto da exposição.

Veloso Salgado partiu para Paris em 1888, já então naturalizado português, ali trabalhou com o mestre paisagista Jules Breton, relaciona-se com a sua filha e genro, o casal de artistas Virginie Demont-Breton e Adrien Demont e integrou o grupo da Escola de Wissant.

“Flor do mar”, Veloso Salgado, 1894. Oferta de casamento à sua mulher
Entre Paris e Wissant, Veloso Salgado realizou o retrato de Virginie Demont-Breton, bem como do marido. São dois retratos poderosos em sensibilidade estética e qualidade técnica. Chama-se à atenção para a expressividade, a observação psicológica da retratada, é pintura de primeira água. Existe uma importante correspondência, amigável e profissional, trocada entre 1896, nos espólios de Veloso Salgado em Lisboa e Porto, e, numa coleção privada, em França. A descoberta destes quadros e o envolvimento do autor com os paisagistas de Wissant são determinantes para uma nova reflexão sobre as obras de Veloso Salgado e o seu percurso artístico.
Veloso Salgado deslocou-se a Wissant em outubro de 1892, onde o casal Virginie-Adrien construíram a casa, o Typhonium, num local considerado a “Terra Prometida” e frequentado por um grupo de paisagistas com afinidades estéticas, como mostra esta bela tela de pintor da Escola de Wissant.
É um esboço de retrato de José Teixeira Lopes, e o que mais prende a atenção do espetador é a dimensão dada por Veloso Salgado ao rosto do arquiteto, o claro-escuro do rosto, a fixação do olhar, um registo subtil que deixa a sensação de que se tinha ido mais longe no naturalismo e havia um claro entusiasmo nas primícias do modernismo. Mas o que prevalece é mesmo uma observação psicológica.
Um quadro da Bretanha, uma luminosidade perfeita e uma conjugação bem clara das pautas do naturalismo
Um quadro melancólico num cemitério bretão
O retrato de Julieta Hirsch, modelo do pintor, uma as obras reveladoras do talento do jovem Veloso Salgado, o que desperta a atenção para além da capacidade e observação psicológica da retratada são os indícios da modernidade, nada comum na época.
“Cabeça de estudo”, Veloso Salgado, 1887
“Jesus”, Veloso Salgado, 1922
“Velhice (Interior de Igreja abandonada)”, Bretanha, pintura de Veloso Salgado, 1890

Esta obra faz parte de um conjunto de trabalhos marcados pela melancolia, resta saber que mensagem insere o pintor através de uma igreja que parece ter sido vandalizada ou simplesmente abandonada, domina a tela a postura de um velho, talvez em oração, talvez derrancado pela tempestade que ali passou, Veloso Salgado enche a tela de luz, talentosamente põe no sénior o ponto focal da obra, rodeado do mistério das interrogações a que não podemos responder.

A viagem prossegue e vamos bater à porta de outra exposição.

(continua)

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Nota do editor

Último poste da série de 22 DE ABRIL DE 2023 > Guiné 61/74 - P24241: Os nossos seres, saberes e lazeres (569): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (99): Veloso Salgado no MNAC – Museu do Chiado: O maravilhamento de obras desconhecidas de amigos franceses (1) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P24265: Ser solidário (256): Vamos ajudar a ONGD "Ajuda Amiga" (NIF 508617910), consigando-lhe 0,5% do IRS de 2022 (Relativamente ao IRS de 2021, recebeu 4.566,48 euros)

Facebook: Foto de cronologia da ONGD Ajuda Amiga:

A Escola Ajuda Amiga de Nhenque, no subsetor de Bissorá, Guiné-Bissau


Notícias recentes, poste de 21 de abril de 2023, 21:34 > Escola Ajuda Amiga de Nhenque, alimentação dos alunos

Como é sabido a alimentação é um fator fundamental para a saúde e para a capacidade de aprendizagem das crianças, face a muitas situações de carência existentes o fornecimento de refeições às crianças pelas escolas é um fator muito importante.

O Programa Alimentar Mundial da ONU (PAM) fornece alimentos gratuitamente às escolas, o que é uma grande ajuda, é necessário contudo criar condições para realizar se poder cozinhar e as crianças poderem tomar as suas refeições, isso implica construir algumas instalações para o efeito.

No Projeto da Escola Ajuda Amiga de Nhenque tal foi planeado, mas a angariação de fundos não foi suficiente para concretizar esta parte do projeto, mas fica a esperança de podermos no futuro voltar a encarar a sua concretização.
 
Face às situações de carência alimentar a Escola optou por avançar com o fornecimento de refeições aos alunos apesar de não existirem condições adequadas para o fazer, assim houve que improvisar e adaptar o que prejudicou alguns objetivos iniciais, como foi o caso da biblioteca.

A cozinha será feita ao ar livre e a biblioteca servirá como refeitório e apoio à cozinha, dado o seu pequeno espaço não havera lugar para todos e muitos terão que se sentar no chão, além disso nos dias que chover não comem, etc., apesar de todas estas limitações as pessoas ficaram felizes com a iniciativa. (F0nte: Página do Facebook da Ajuda Amiga, com sede em Paço de Arcos, Oeiras).

Guiné 61/74 - P24264: Parabéns a você (2163): Giselda Antunes Pessoa, ex-2.º Sarg Enfermeira Paraquedista da BA 12 (Bissau, 1972/74)

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Nota do editor

Último poste da série de 27 de Abril de 2023 > Guiné 61/74 - P24256: Parabéns a você (2162): Belmiro Tavares, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 675 (Binta, 1964/66); Cor Inf DFA Ref Hugo Guerra, ex-Alf Mil Inf, CMDT dos Pel Caç Nat 55 e 50 (Gandembel, Balana, Chamarra e S. Domingos, 1968/70) e Joaquim Costa, ex-Fur Mil API da CCAV 8351/72 (Cumbijã, 1972/74)

sexta-feira, 28 de abril de 2023

Guiné 61/74 - P24263: Notas de leitura (1576): Atitudes e comportamentos raciais no Império Colonial Português (2): "Relações Raciais no Império Colonial Português", por Charles Ralph Boxer, Tempo Brasileiro, 1967 (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 14 de Setembro de 2020:

Queridos amigos,
Em nova incursão sobre essa área tão sensível que são as conexões entre o Império Português, o ideário imperial e as relações raciais, optaram-se por dois estudiosos com créditos firmados, e a verdade fica dita de que relações raciais sempre as houve, com diferentes cambiantes entre o Oriente, África e o Brasil. E não se pode responder ou iludir uma escrita ao longo de séculos, invocando a inferioridade da raça negra, a indispensabilidade da tutela da raça branca, por um lado, e a tese de superioridade da civilização ocidental, muito utilizada no decorrer da guerra, não só por Salazar, toda a política externa estava para aí virada, com o seu rol de alianças que iam de Israel à África do Sul. Com a distância do fim do Império, há que meditar no legado, e ele é muito válido, temos a língua e a disponibilidade para cooperar sem tentações neo-colonialistas, são argumentos de grande peso.

Um abraço do
Mário



Atitudes e comportamentos raciais no Império Colonial Português (2)

Mário Beja Santos

É nítido o constrangimento que se verifica nos estudos sobre o Império Colonial Português quando se aflora à matéria das relações raciais. É inviável, ninguém o ignora, querer estudar a essência do Império Colonial Português sem abordar pontos sensíveis: a verdadeira ideologia do projeto henriquino, o ideal imperial instituído por D. Manuel I, como era percecionado o tráfico de escravos até na ótica religiosa, como evoluíram as relações raciais em mundos tão distintos como o Oriente, África e o Brasil. Dada a vastidão do questionamento, cingimo-nos a esta escolha de dois autores, Charles Ralph Boxer e Valentim Alexandre, historiadores credenciados. Em "Relações Raciais no Império Colonial Português", por Charles Ralph Boxer, Tempo Brasileiro, 1967, aquele que terá sido o mais influente historiador estrangeiro do Império Marítimo Português abordou as relações raciais num conjunto de conferências que proferiu em Virgínia. O professor Boxer estendeu o seu olhar a três áreas distintas: o início do Império em África e como se desenrolou a sua presença na costa ocidental africana: em Moçambique e na Índia; e no Brasil e Maranhão. Obviamente que nos cingimos à natureza das relações raciais na costa ocidental africana, demonstradamente elas existiram e manifestaram-se em muitíssimos preconceitos, até à independência das colónias.

O trabalho de Valentim Alexandre, "Velho Brasil, Novas Áfricas", Edições Afrontamento, 2000, é um volume onde se coligem textos de estudos sobre a História Colonial Portuguesa dos séculos XIX e XX, desde a desagregação do sistema luso-brasileiro à formação e desenvolvimento do último império em África, que desapareceu em 1975. São estudos do maior interesse que vão desde o nacionalismo vintista, a independência do Brasil, passando pelo Império Colonial do século XX até uma visão geral de Portugal em África entre 1825 e 1974. Atenda-se ao que ele escreve sobre o Estado Novo e o mito do Império e algumas conclusões que extrai no final dos seus trabalhos.

Recorde-se o artigo segundo o Ato Colonial de 1930: “É da essência orgânica da Nação Portuguesa desempenhar a função histórica de possuir e colonizar domínios ultramarinos e de civilizar as populações indígenas que neles se compreendem”. O conceito não era original, vinha na tradição imperial, a expansão ultramarina era encarada como a sobrevivência da nação. Apetite para apanhar tais territórios coloniais não faltava sobretudo à Alemanha e à Itália, mas o Império sobreviveu, montou-se uma mística, incentivou-se o amor quase incondicional dos domínios coloniais e tentou-se educar as elites para que se pudesse viver indiferentemente na Metrópole e no Ultramar. Momento alto desta mística foi aquele esforço mobilizador que desaguou em 1940 na Exposição do Mundo Português.

Atenda-se ao que Valentim Alexandre escreve mais adiante: “Iniciada logo nos começos da Ditadura Militar, em 1926, e completada depois com o Ato Colonial, a política de centralização traduz-se no cerceamento das autonomias dos territórios coloniais no domínio financeiro (…) A política de reforço do regime de pacto colonial tinha em vista relançar o velho projeto de fazer das colónias um mercado reservado para a produção da metrópole e um fornecedor de matérias-primas para a indústria portuguesa. Como mecanismos de proteção aos artigos nacionais, utilizam-se agora não apenas os diferenciais nas pautas alfandegárias, mas também o controlo de divisas e os contingentamentos. Embora o leque de produtos remetidos para os territórios de África se alargue (incluindo nomeadamente os cimentos), o núcleo fundamental das exportações continua a ser constituído pelos tecidos de algodão e pelo vinho”. E o historiador observa que em meados do século a intensidade das relações entre a metrópole e os territórios da África negra atingiram um nível até então inigualado.

Mas havia muito grão de areia que impedia que o projeto imperial do Estado Novo granjeasse uma força integradora – a própria população africana. E aqui vem uma observação sobre as relações raciais que é importante não descurar:
“Pode dizer-se que durante o regime salazarista coexistem duas correntes principais na forma de ver os ‘nativos’ das colónias de África, ambas com raízes no século XIX. Uma delas tributária das teses do ‘darwinismo social’, parte do postulado da inferioridade da raça negra, a qual, insuscetível de civilização, estaria condenada a viver sob a tutela da raça branca. É esta teoria dominante até meados da década de 40: estava-se na época da afirmação dos valores de raça a impor às etnias bantas; repudiava-se a mestiçagem e falava-se muito de colonização étnica, ou seja, do povoamento das colónias africanas por uma população branca numerosa, de ambos os sexos, de modo a evitar as misturas raciais.
A segunda corrente é mais etnocêntrica do que propriamente racista: proclama-se a superioridade, não da raça branca, mas da civilização ocidental, imbuída de valores cristãos, de validade universal, a que os povos negros podem aceder, quando devidamente educados – cabendo a Portugal essa tarefa missionária. Marginal até ao conflito de 1939-1945, esta doutrina assume depois foros de teoria oficial, em resposta às tendências descolonizadoras no concerto das nações. Mas, para além das justificações ideológicas, a realidade mantinha-se inalterada, no essencial, traduzindo-se pelo que foi referido como ‘assimilação seletiva’. Poucos preenchiam os requisitos exigidos: em 1961 (data da abolição do estatuto dos indígenas), menos de 1% do total da população africana de Angola e Moçambique. Manifestamente, o regime via-se incapaz de formar e captar as novas elites; quanto às tradicionais, procurava minar-lhes o poder, reduzindo-as, na melhor das hipóteses, a meros auxiliares da administração. Nestas condições, é muito estreita a margem de manobra do Estado Português, quando o movimento de descolonização de África se acelera. Prisioneiro dos seus próprios mitos, cego em relação aos nacionalismos africanos, cuja autenticidade nega, resta ao regime a via da resistência militar por tempo indefinido, via que conduz ao colapso de 1974”
.

Em jeito de conclusão, Valentim Alexandre é explícito quanto às relações com as populações africanas, marcadas por um etnocentrismo rígido, quando não por formas mais extremas de racismo. E conclui: “A análise histórica mostra que o modo de estar do português em África varia também com o tempo e o lugar, dependendo sobretudo da específica relação de forças existente entre as duas comunidades: com o aumento da emigração para Angola e Moçambique cresce igualmente o racismo nos dois territórios, em formas mais ou menos abertas”. Resta-nos a confiança de que há uma força histórica, uma parte significativa da população portuguesa passou pelas antigas colónias, conhecem-se gente de todas as cores, como muito próximos, ligados por um património comum, e o desmembramento do Império deixou a comunidade da língua, para Valentim Alexandre temos bem vincadas as bases para o relançamento do ‘africanismo’ em Portugal.

Historiador Valentim Alexandre
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Nota do editor

Último poste da série de 24 DE ABRIL DE 2023 > Guiné 61/74 - P24248: Notas de leitura (1575): Atitudes e comportamentos raciais no Império Colonial Português (1): "Relações Raciais no Império Colonial Português", por Charles Ralph Boxer, Tempo Brasileiro, 1967 (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P24262: 19º aniversário do nosso blogue (3): Somos uma autêntica "Universidade Sénior" (Hélder Sousa, provedor da Tabanca Grande)

Foto à direita: Hélder Valério de Sousa, colaborador permanente do nosso blogue, provedor da Tabanca Grande;  tem 186 referências no blogue, tendo ingressado em 11/4/2007 (é, portanto, um "vê-cê-cê" (velhinho como o c...); ribatejano, de nascimento (Vale da Pinta, Cartaxo) e formação (Vila Franca de Xira), português, cidadão do mundo, amigo do seu amigo; ex-fur  mil tms TSF (Piche e Bissau, Nov 70 / Nov 72);  engenheiro Técnico electrotécnico, pelo ISEL;  consultor em segurança no trabalho; empresário em nome individual; vive em Setúbal; tem página do Facebook aqui.


1. Comentário do Hélder Sousa ao poste P24262 (*)


Caros amigos, camaradas e outros.

Mal ficaria comigo se não conseguisse arranjar um tempinho para dedicar umas palavras em honra deste magnífico espaço.

Podia simplificar e pedir autorização ao Branquinho para subscrever as suas palavras, na medida em que concordo com elas. Mas, só assim, não teria graça e faltaria a minha própria visão, mais propriamente o(s) meu(s) sentimento(s). 

Para já, fica então a "subscrição" do que o Alberto Branquinho escreveu. Mas também muito que do por aqui foram deixando, também em particular o Carlos Vinhal.

É interessante que o "post comemorativo" tenha a ilustrar os melros. Aqui perto de onde moro há um parque onde agora, diariamente, faço as minhas caminhadas, que isto da idade e da diabetes tem que ter mais alguns cuidados...

Pois aqui no parque já identifiquei 7 pares (ou casais...) de melros. Gosto muito de os ver na tarefa incessante de catar coisas para levarem para as crias, presumo eu. Ontem mesmo dei conta de um que tinha caçado uma minhoca, ou coisa assim, quase do tamanho dele. E não têm grande medo, exceto quando há muita gente, pois às vezes vêm até perto das pessoas.

(ex-Fur Mil de Transmissões TSF,
Piche e Bissau, 1970/72)
Voltando ao Blogue, pois não deixa de ser um caso digno de admiração a sua longevidade.
Através dele fizeram-se amizades, reencontraram-se outras já julgadas perdidas, houve catarse para muitos, "blogueterapia" para uns quantos, houve aprendizagem sobre muitos assuntos (armamento, artilharia, etc.), houve conhecimento sobre muitos casos que foram acontecendo um pouco por todo o território, enfim, quase se pode dizer que o "nosso Blogue" é uma autêntica "Universidade Sénior".

Claro que talvez agora o mais importante seria lançar pistas sobre o futuro do Blogue. O futuro próximo, dois/três anos e, enfim, tentar projetar num horizonte mais longo, mas isso agora é difícil.

Ficará para um momento futuro. Próximo? Não sei.

Mas, seja como for, o Blogue merece que lhe sejam dados os parabéns.

Abraços
Hélder Sousa

23 de abril de 2023 às 23:10 
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Notas do editor:

Guiné 61/74 - P24261: Palavras fora da boca (3): As nossas santas ingenuidades... A propósito da violència do PAIGC nas "áreas libertadas" (Luís Cabral / Luís Graça / António Graça de Abreu / António Rosinha / Cherno Baldé)


República da Guiné > Conacri > c. 1960  > Dirigentes do PAIGC, junto ao Secretariado Geral: da esquerda para a direita:  (i) Osvaldo Vieira, (ii) Constantino Teixeira, (iii) Lourenço Gomes e (iv) Armando Ramos. 

O Osvaldo Vieira (1938-1974), também conhecido como "Ambrósio Djassi" (nome de guerra), terá morrido, de doença,  dizem,  por complicações pós-operatórias, em  31 de março de 1974 (não num hospital da ex-URSS, mas na base do PAIGC, em Koundara, Guiné Conacrii), e  sobretudo com a terrível suspeita de ter estado implicado na conjura contra Amílcar Cabral... Era primo do 'Nino' Vieira... Ironia(s) suprema(s):  repousam os dois, o Amílcar e o Osvaldo, lado a lado, na Amura; e o seu nome (e não o de Amílcar) foi dado ao Aeroporto Internacional de Bissau, em Bissalanca...

Recorde-se que o "estado-maior" do PAIGC instalara-se em Conacri em maio de 1960. A foto deve ser do ano de 1960, já que em janeiro de 1961 Osvaldo Vieira e Constantino Teixeira faziam parte do grupo de futuros históricos comandantes, mandados por Amílcar Cabral para a  Academia Militar de Nanquim, na China, para receber treino político-militar. Uns meses antes, em agosto de 1960. Amílcar Cabral em pessoa tinha-se deslocado a Pequim para negociar o treino dos quadros do PAIGC na Academia Militar de Nanquim.  

No grupo de quadros do PAIGC que vão nesse ano para a China incluem-se, além dos supracitados Osvaldo Vieira e Constantino Teixeira, os nome de João Bernardo Vieira ['Nino'], Francisco Mendes, Pedro Ramos, Manuel Saturnino, Vitorino Costa [irmão de Manuel Saturnino],  Domingos Ramos [irmão de Pedro Ramos e amigo do nosso Mário Dias], Rui Djassi, e Hilário Gomes.

Foto (e legenda): Fundação Mário Soares > Casa Comum > Arquivo Amílcar Cabral  > Pasta: 05222.000.084 (adapt por Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, 2018, com a devida vénia...)


1. Seleção de comentários ao poste P24232 (*)... A questão da "violência" (policial ou militar) no TO da Guiné, antes, durante e depois da guerra, dá pano para mangas... Mas está longe de estar (bem) documentada no nosso blogue (Pijiguiti, Samba Silate, Cassacá, chão manjaco, Conacri, Boé, Bambadinca, Cumeré, Porto Gole...).

É um tema "delicado", para não dizer "tabu" e "fracturante",  para um blogue de antigos combatentes. Está mal documentada de um lado e do outro do conflito.

Por exemplo, do lado do PAIGC:  "A luta foi difícil, mas nunca pensei em abandonar. Quanto aos desertores, a lei do Partido exigia que fossem executados… Era a lei militar” (p. 67) (**, disse  Bobo Keita  no livro de Norberto Tavares de Carvalho, "De campo a campo: conversas com o comandante Bobo Keita /Edição de autor, Porto, 2011, 303 pp., posfácio de António Marques Lopes) .

Nas suas memórias ("Crónica da Libertação", Lisboa, o Jornal, 1984) (memórias que vão até ao assassinato do líder do PAIGC, em Conacri, em 20 de janeiro de 1973), Luís Cabral também não esconde que o Partido (sic) resolveu graves conflitos internos com execuçóes sumárias e públicas, como por exemplo, em  fevereiro de 1964, em Cassacá (pág. 190).  sobre

Nem esconde também a violência que era exercida sobre as populações civis sob controlo do PAICC (mas também sobre combatentes e até dirigentes), como no caso do Morés, em fevereiro de 1966. Violència nas suas diversas formas (incluindo a violència sexual)...

 Violência essa que escapa à "santa ingenuidade" de todos os observadores estrangeiros ocidentais  que são convidados a "visitar as áreas libertadas", dos nórdicos (suecos, noruegueses, holandeses) aos italianos e franceses... para não falar dos oriundos dos países "não-alinhados",  os do "bloco soviético", sem esquecer os da China e de Cuba...Todos (a começar pelos médicos cubanos, talvez os mais cínicos)  levavam "vendas nos olhos" ou "óculos cor de rosa", como é normal em situações de conflito em que  se polarizam as posições... Ontem como hoje, a verdade é sempre a primeira grande vítima dos conflitos armados... 

Claro, neste caso, nem o governo português de então nem o Amílcar Cabral convidavam observadores independentes (a começar pelos jornalistas) para ver o que se passava no "terreno"...  Mas ambos sabiam da enorme importância que tem/tinha a "propaganda"... E nessa matéria Amílcar Cabral era uma mestre: foi muito mais hábil que os nossos "cabos de guerra", do Arnaldo Schulz ao António Spínola, para não falar do Bettencourt Rodrigues (que foi mais um erro de "casting")... De qualquer modo, temos que ter em conta a conjuntura histórica, geopolítica, da época, muito mais favorável ao discurso anti-colonialista e anti-imperialista...

(i) Tabanca Grande Luís Graça:

"O Amílcar Cabral era bom de mais", dizia o Osvaldo Vieira...

(...) Apesar da receção calorosa que ele e os cineastas italianos (***)  tiveram no Morés, o Luís Cabral (LC) não deixa de experimentar um sentimento de isolamento e desconforto: 

“Quando eu decidia mandar chamar um ou outro camarada que conhecia bem, ficava com a sensação de que ele não estava à vontade, parecia ter medo de qualquer coisa” (pág. 262).

LC irá constatar, algum tempo depois, que a “disciplina rigorosa” que prevalecia na base, por alegadas razões de segurança, implicava também o recurso (frequente) a “castigos corporais”, a única maneira de prevenir a deserção de populações e guerrilheiros.

LC ficou impressionado com uma cena que observou, de um grupo de um dezena de homens e de uma mulher com o filho ao colo. Os homens tinham as mãos inflamadas das palmatoadas que acabavam de receber, castigo de que escapara a mulher por causa da criança (uma vez que a tinha de transportar).

LC terá ficado indignado, argumentando que o AC nunca aprovaria o uso de “castigos corporais”, prática que associava ao colonialismo

O Osvaldo Vieira “insistia que a nossa gente não compreendia outra linguagem e que o Amílcar era bom de mais” (sic)… e que não se agissem assim, com dureza, quer em relação aos combatentes, quer em relação à população, nos casos de infração às regras estabelecidas, “estavam perdidos” (sic) (pág. 265). (Negritos nossos)

É uma delícia, esta explicação, a do Osvaldo Vieira, deitando por terra o “mito” das “regiões libertadas”…

19 de abril de 2023 às 13:08

(ii) Antonio Graça de Abreu:

Afinal a "disciplina rigorosa" exercida pelo PAIGC sobre a população pobre das "regiões libertadas": Palmatoadas, mãos a sangrar, violência primária sobre um humilde povo que apenas desejava pão e dignidade, e viver em paz!

Posso imaginar o sofrimento de Amílcar Cabral, resguardado na outra Guiné-Conacri, distante das "regiões libertadas". No aparente conforto, no seio dos seus correligionários, em Conacri. Se Cabral não foi ingénuo, morto pelos seus próprios homens, em Conacri, foi o quê?

19 de abril de 2023 às 14:38

(iii) Cherno Baldé:

Eu li o livro "Crónicas da libertação" do Luós Cabral em 1989, precisamente quando estava de férias em Lisboa, mas, se a memória não me falha,  o cenário que o LC descreveu foi de um grupo de pessoas (civis) que eles encontraram amarradas com cordas, estando alguns com os membros inchados e que ele teria mandado desamarrar e, tendo confrontado o caso as pessoas presentes no local, disse que ninguém teve coragem de indicar quem tinha sido o mandante que, tudo indicava, seria o Comandante Osvaldo Vieira que reinava em chefe absoluto na zona Norte. 

No fim, o LC afirmava, no livro, que ainda não tinha chegado o tempo para se falar de todas as verdades da luta do PAIGC. O livro tinha sido publicado em 1984, salvo erro.

Levar a cabo uma guerra como o fez o PAIGC por mais de 10 anos não é uma brincadeira de crianças nem de ingénuos ou inocentes, por isso e para que a luta não resultasse num redondo fracasso, foi preciso combinar a "bondade" do Amílcar Cabral com a dureza vs crueldade do Osvaldo Vieira e no final, esta última acabou por prevalecer, da mesma forma como acontece com todas as boas intençóes. 

Como disse um filósofo inglês do século XIX , "Tentem fazer o bem e as forças do mal prevalecem"

19 de abril de 2023 às 16:46
 
(iv) António Rosinha:

António Graça de Abreu, a maioria dos dirigentes dos partidos ganhadores das primeiras independências dos anos 60 em África, ou se liquidaram uns aos outros, ou escaparam a atentados, sendo eles a matar os outros.

Os que foram assassinados, tal como Amílcar Cabral, não foi por serem "ingénuos". Eles apenas arriscaram, deram o peito às balas, só que Cabral arriscou mais que qualquer outro.

Pela sua condição de ser visto como um cabo-verdiano pelos guineenses, que facilmente ficou "desarmado" quando Spínola pôs em prática a política da Guiné para os guinéus, foi com muito risco consciente que ele corria, tanto que ele mencionou as traições a que estava sujeito, dentro do próprio partido.

Mas sobre Cabral e outros "não indígenas" das ex-colónias portuguesas que optaram por formar os tais partidos ganhadores, tiveram a sua lógica anti-colonialista e simultaneamente anti-salazarista, mas haveria muito a escrever sobre eles, mas seria também muito chato.

20 de abril de 2023 às 00:59 

(v) Tabanca Grande Luís Graça:

Cherno, só agora, em 2023, li o livro do Luís Cabral, "Crónica da Libertação", edição de "O Jornal", Lisboa, 1984, 464 pp. Livro brochado, uma encadernação horrível, que se desconjunta toda. A editora já não existe, o livro é difícil de encontrar, a não ser talvez nos alfarrabistas e, claro, nalgumas bibliotecas públicas.

A cena da violência contra um grupo de população civil na "base central" do Morés encontra-se descrita nas pp.265/270. Isto passa-se por ocasião da visita, à região Norte, do realizador italiano Piero Nelli, na 1ª quinzena de fevereiro de 1966: vd. pp. 259/270. (É o autor do filme "Labanta, Negro!", premiado no Festival de Veneza desse ano.)

O Osvaldo Vieira (OV) era o responsável da Frente Norte (pág. 259). O comissário político da Inter-Regiáo do Norte era o Chico Mendes, membro do Bureau Político (tal como o Luís Cabral, LC (pág. 260). O Osvaldo trabalhou na Farmácia Moderna (diretor técnica, a dra.Sofia Pomba Guerra) (pág. 260). O Inocèncio Kani (IK), o futuro assassino de Amílcar Cabral (AC), era o "responsável da base" (pág. 267): encontrava-se pela primeira vez com o LC, tendo mostrado "um comportamento um tanto reservado". 

LC também conheceu dessa vez o Simão Mendes, enfermeiro no tempo colonial, responsável da saúde (que viria a seguir num bombardeamento à base).

Numa visita à base, o OV diz ao LC que ali teve que se impor "uma disciplina rigorosa, para neutralizar o mal que o inimigo podia fazer-lhes, partindo dos vários quartéis da região"...

É nessa visita, já depois das filmagens da fracassada emboscada, em 11/2/1966 (cito de cor), às NT na estrada Mansoa-Mansabá (que estava a ser alcatroada) e que fora preparada para "italiano ver e filmar"), o LC deu conta da existència de um pequeno grupo de civis que tinham sido maltratados:

(...) "Num pequeno largo da base, estava o Inocèncio e mais alguns camaradas de um lado, enquanto que do outro vi aproximadamente uma dezena de de homens e uma mulher com o filhinho no braço" (pág. 265).  

OV explicou "que se tratava de prisioneiros, apanhados quando se dirigiam aos quartéis inimigos da região" (sic).

"Olhando com mais atenção para os homens, verifiquei que tinham as mãos inflamadas", chamando a atenção do OV para isso. 

"Respondei que a lei estabelecida na inter-reiáo era essa e que a a mulher só tinha escapado porque tinha de carregar o filho e não podia por isso receber as palmatoadas" (sic).

O LC diz que ficou "muito impressionado com esta cena" e esperou a oportunidade para falar com o OV. Ele estava "absolutamente seguro" de que o AC "nunca daria o seu acordo a tal forma de proceder" (pág. 265)...

O OV "insistia que a nossa gente não compreendia outra linguagem e que o Amílcar era bom de mais", e que "estavam perdidos" (...) "se não agissem com dureza" tanto em relação aos combatentes como á população civil...

Na pág. 268, LC conclui que "a disciplina em Morés era (...) imposta em grande parte pela força"... e que o responsável da base, o IK, era criticado, por todos, pela sua dureza, "que muitas vezes chegava a atingir a malvadez"... Mas ele beneficiava da "confiança total" do OV... (pág. 268)...

Enfim, chega de citações, Cherno, e tira as tuas conclusóes. (Nada disto, claro, transparece no filme, de propaganda, do camarada Piero Nelli.)

19 de abril de 2023 às 22:48
 
(vi) António Graça de Abreu:

Também fui ingenuamente ingénuo. Eis a Prova, escrito há quarenta e sete anos::

Pequim, 25 de Outubro de 1977

Nas Edições de Pequim em Línguas Estrangeiras, secção portuguesa, o camarada Fu Ligang trabalha na mesma sala que eu, na mesa mais pequena, à minha direita. É uma espécie de meu secretário. O Fu estudou português em Macau, numa leva de 60 ou 70 jovens chineses que em 1964 a República Popular enviou quase secretamente para Macau, a fim de estudarem a língua de Camões.

O Fu Ligang adquiriu excelentes conhecimentos de português. Teve um professor que nunca esqueceu com o nome de Júlio Pereira Dinis. Responsável e trabalhador -- creio que é membro do Partido Comunista da China --, hoje de manhã perguntou-me:

“Então, camarada António, está a gostar de viver em Pequim, está satisfeito com a China que veio encontrar”?

Assumindo os meus antecedentes meio comunistas, na versão meio maoista, ainda com meia convicção política, respondi-lhe mais ou menos nos seguintes meios termos:

“Sim, vim encontrar um país a crescer, um povo simpático e tenho boas condições de vida e de trabalho aqui em Pequim. Depois, estou a dar o meu pequeno contributo para ajudar a construir o socialismo, para a criação do homem novo, para a construção de uma sociedade mais justa e de um mundo melhor”.

O Fu Ligang ouviu o meu discurso impassível, um levíssimo sorriso a aflorar nos lábios e, passados uns longos segundos, olhou-me pelo canto do olho e disse-me, em excelente português:

“O camarada é ingénuo.”

E não houve mais conversa. Durante o resto da manhã debruçámo-nos sobre os textos a traduzir e a corrigir.

O Fu deve ter razão. Nestes meus quatro anos de Pequim, vou tentar entender e digerir a minha ingenuidade.

20 de abril de 2023 às 13:34

[Seleção / Revisão e fixação de texto / Subtítulo / Itálicos / Negritos: LG] (****)
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(****) Último poste da série > 26 de abril de  2023 > Guiné 61/74 - P24252: Palavras fora da boca... (2): "Prós insultos não há contemplações nem indultos"... e também: "Quem não tem poilão, acolhe-se à sombra do chaparro"... Proverbiário da Tabanca Grande, 5ª edição revista e aumentada

quinta-feira, 27 de abril de 2023

Guiné 61/74 - P24260: Ser solidário (255): Bilhete-postal que vai dando notícias sobre a "viagem" da campanha de recolha de fundos para construir uma escola na aldeia de Sincha Alfa - Guiné-Bissau (Renato Brito)

1. Mensagem enviada ao nosso Blogue, em 21 de Abril de 2023, por Renato Brito, voluntário na Guiné-Bissau, que integra um projecto de construção de uma escola na aldeia de Sincha Alfa:

Bom dia Carlos Vinhal
Partilho mais um bilhete-postal que vai dando notícias sobre a campanha de recolha de fundos para construir uma escola na aldeia de Sincha Alfa - Guiné-Bissau.
Depois dos bons resultados do mercado de venda de objectos em segunda-mão em Merano (550 euros), partilho consigo a notícia da participação em um festival multicultural numa cidade chamada Bressanone, sempre na Região italiana do “Alto Adige”, onde resido.
Este evento é organizado pela “Casa della solidarietà” que, como o nome indica, ajuda pessoas a superar uma situação de vida difícil.
Sobre este festival pode visualizar alguma informação aqui:
https://www.zugluft.it/sample-page/?lang=it

Para divulgar, mais uma “cartolina” que partilho consigo. Desta feita resolvi contar como percorri a Guiné-Bissau em bicicleta em 2020. Envio-lhe também uma simpática publicação do IBAP sobre os parques naturais da Guiné-Bissau.
No site criei uma página onde “arrumo” as publicações que vou encontrando.
Pode visualizar aqui:
https://sostegnoguineabissau.weebly.com/pubblicazioni
Conhece outras que estejam disponíveis na Internet e que concorram nesta ideia de dar a conhecer aspectos relevantes da cultura e do território Guineense?

Cumprimentos,
Renato


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Nota do editor

Último poste da série de 14 DE MARÇO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24143: Ser solidário (254): Bilhete-postal que vai dando notícias sobre a "viagem" da campanha de recolha de fundos para construir uma escola na aldeia de Sincha Alfa - Guiné-Bissau (Renato Brito)

Guiné 61/74 - P24259: Tabanca Grande (548): Inês Allen, senta-se à sombra do nosso poilão, no lugar n.º 875... Voltou a Empada, 17 anos depois, para cumprir a última vontade do pai, Xico Allen, entregar ao clube de futebol local, "Os Metralhas", o emblema da divisa da CCAÇ 3566 (Empada e Catió, 1972/74)


Inês Allen: de acordo com a informação da sua página do Facebook, (i) é natural do Porto; (ii) vive em Vila Nova de Gaia; (iii) tem uma licenciatura em Design do Produto na ESAD Matosinhos (1998-2004); (iv) atualmente é  Freelancer, Visual Merchandiser + Project Coordinator; (v) em fevereiro de 2023 viajou até à Guiné-Bissau para cumprir uma última vontade do pai. Foto: cortesia da sua página do Facebook.



Brasil > Cidade de Praia Grande > Estado de São Paulo > 2014 > Três "Metralhas": da esquerda para a direita, o António Chaves, o Joaquim Pinheiro da Silva (o "Brasuca") e o Xico Allen, de seu nome completo Francisco Jorge Allen Gomes Pereira (1950-2022).  O Joaquim e o Xico são membros da Tabanca Grande e eram grandes amigos.

Foto (e legenda): © Joaquim Pinheiro da Silva  (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Viagem Porto -  Bissau > Abril de 2006 

O   organizador desta viagem por terra, em abril de 2006, foi o Xico Allen (ex-1.º cabo at inf, CCAÇ 3566, "Os Metralhas", Empada e Catió, 1972/74). Levou o jipe, que lá ficaria para futuras viagens. O grupo regressaria depois de avião. Os "aventureiros" foram, além do Xico, e da sua filha Inês, o Hugo Costa (filho do Albano Costa), e ainda o A. Marques Lopes, o Manuel Costa e o Armindo Pereira. 
 
O Xico Allen, nosso grã-tabanqueiro desde 2006 (entrou pela mão do Albano Costa), foi um dos primeiros de nós, antigos combatentes, a voltar à Guiné, depois da independência. E nos últimos anos chegou mesmo a lá viver. De acordo com as memórias da Zélia Neno, também nossa tabanqueira (e infelizmente doente), o casal Allen visitou a Guiné do pós-guerra, em abril de 1992 (eles os dois, mais um outro casal). Voltaram lá em 1994 (desta vez foram 3 casais) e conseguiram ir a Empada, onde o Xico tinha feito a sua comissão.

Uma terceira viagem foi em 1996 e uma quarta em 1998. Temos vários fotos dessa viagem, em que o Xico (e a Zélia) foram inclusive a Madina do Boé. Depois disso, o Xico passou a lá ir regularmente. Perdemos as contas que fez essa viagem,  por terra e por ar...

Por sua vez,o Albano Costa, pai do Hugo Costa e primo do Manuel Costa, tinha lá estado em novembro de 2000 (incluindo o Armindo Pereira, o Manuel Casimiro, o Manuel Costa e mais uma vez o Xico Allen). Foi a sua primeira e única vez. Fotógrafo profissional, fez uma excelente cobertura fotográfica dessa viagem, ele e o filho, Hugo Costa, percorrendo a Guiné de lés a lés, incluindo uma ida a Guidaje, onde ele fizera a sua comissão. (Foi 1.º cabo at inf, CCAÇ 4150, Guidaje, Bigene, Binta, 1973/74).

Fotos (e legenda): © Albano Costa / Hugo Costa  (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


A Inès Allen com o "boneco"  
de "Os Metralhas",  exibido no
convívio anual do pessoal,
em Fátima, em 22/4/2023
1. A Inês Allen, filha do Xico Allen (1950-2022) aceitou, "com muito gosto",  o nosso convite para integrar a Tabanca Grande (*), preenchendo assim o vazio deixado pela morte do seu pai e dando continuidade aos seus desejos e sonhos para a Guiné, um deles era ajudar a terra, Empada, onde ele esteve, em comissão de serviço militar (há menos de dois anos foi criado o Futebol Clube de Empada "Os Metralhas", em homenagem aos antigos militares portugueses da CCAÇ 3566, Empada e Catió, 1972/74).

A Inês entra para a Tabanca Grande de pleno direito: é um lindo exemplo para outros filhos e netos de camaradas nossos que já nos deixaram ou não tem a mesma facilidade de comunicar connosco pelas redes sociais. E, como gostamos de dizer, os filhos dos nossos camaradas nossos filhos são...

Passa a ser a nossa tabanqueira n.º 875 (**).  E esperamos que ela, por email ou no seu Facebook nos vá dando conta do andamento do seu projeto em Empada.


Muito rapidamente, diremos só que, em fevereiro passado, a Inês, acompanhada pelo  nosso camarada Silvério Lobo,  de Matosinhos,  voltou à Guiné-Bissau, 17 anos depois, para cumprir a última vontade do Xico, que era entregar, em Empada, o distintivo da CCAÇ 3566, um "relíquia", feita em barro, que ele "redescobriu" em 2005: estava a fazer de degrau para acesso à escada de um edifício administrativo... 

O Xico trouxe-a para Portugal, com a intenção de a restaurar... A doença, e depois a morte, surpreendeu-o antes de ele poder concretizar o seu sonho de devolver, à origem, o símbolo de "Os Metralhas", quando ele soube da existência do clube de futebol local, que tinha o nome da divisa da sua companhia, a última deixar Empada antes da independência... 

"Os Metralhas" subiram, entretanto,  de divisão, da 3ª para a 2ª, mas, como não tem infraestruturas desportivas adequadas, para se manterem na 2ª divisão, a subida não foi homologada...

O emblema  de "Os Metralhas”, com cerca de 19 quilogramas, foi entregue em Empada num domingo,  dia 12 de fevereiro de 2023, depois de uma viagem de 12 horas entre Bissau e Empada.  A Inês teve uma receção emocionante e inesquecível.  A população local quer dar ao campo de futebol local o nome do Xico Allen. Contaremos essa história em próximo poste e publicaremos o "achado arqueológico" que o Xico encontrou em 2005 e que o Zé Teixeira fotografou.

(**) Último poste da série >  4 de abril de 2023 > Guiné 61/74 - P24196: Tabanca Grande (547): Rogério Paupério, ex-1.º Cabo Escriturário, CCAV 3404 / BCAV 3854 (Cabuca, 1971/73). Natural de Valongo, vive atualmenmte em Vila Nova de Gaia; passa a ser o membro n.º 874 da Tabanca Grande.

Guiné 61/74 - P24258: Convívios (956): A CCAÇ 2381 comemorou o seu regresso no 9 de Abril de 1970, fazendo o seu 30.º Almoço / Convívo no dia 15 de Abril, em Torres Vedras (José Teixeira, ex-1.º Cabo Aux Enfermeiro)



A CCaç 2381 comemorou o seu regresso, que se concretizou em 9 de Abril de 1970, fazendo o seu 30.º Almoço Convívio

Comemorar o regresso é regressar ao passado

Os militares da CCaç 2381 chegaram a Lisboa no dia 9 de abril de 1970, depois de cerca de vinte e quatro meses, perdidos nas entranhas da Guiné, onde viveram bons e maus momentos, como toda a gente a quem foi imposto combater no Ultramar.

Retirados do Niassa e encafuados numa LDM, seguiram pelo Rio Cacheu acima até S. Vicente, onde foram largados, tendo a LDM partido de imediatamente para aproveitar a maré.

Ali ficámos, sem armas, melhor dito, com armas novinhas em folha, mas sem munições, à espera de que nos viessem buscar. Ainda foram umas horas, se bem me lembro. Alguém lembrou ao capitão que podíamos ser atacados e logo este determinou que nos colocássemos em posição de defesa, por pelotão, distribuindo algumas armas, até que se ouviu: para quê meu capitão, se não temos munições?!

Por fim ouvimos o roncar dos motores, e lá se aproximaram os “velhinhos” que vinham de Ingoré para nos transportarem. Soltaram toda a passarada e só se ouvia Piu! Piu! Salta periquito, salta! Piu! Piu!

Já na LDM, os fuzileiros também ensaiaram esta música, apontando o dedo indicador, mas muitos nós estávamos como anestesiados com a expectativa do que nos podia acontecer e não ligámos, mas agora era um coro de passarada, que começou por incomodar, para, logo, passar a forma de conviver, como que nos dando a boas-vindas.

Cansados de Ingoré, fomos enviados para Aldeia Formosa, passando por Buba onde sofremos o batismo de guerra. Vimos e sentimos a dor e o sofrimento dos que caíram feridos e chorámos um camarada que faleceu por falta de apoio aéreo para o transportar para o Hospital em Bissau. Foram cerca de trinta e seis horas de inferno para chegar ao destino, a trinta quilómetros de distância, mas chegámos e por ali nos quedámos oito meses, repartidos por Aldeia Formosa, Mampatá Forreá e Chamarra. 

Foi um longo estágio a fazer segurança às populações e colunas de reabastecimento de Buba a Aldeia Formosa e daqui até Gandembel, com “manga di sakalata” pelo meio, com feridos e mortos, ou seja, muito sangue, suor e lágrimas, mas também com alegrias, sobretudo, a alegria de sentirmos a vida a pulsar depois de ultrapassados os acontecimentos.

Depois voltámos a Buba, porque estava nos planos de quem mandava, abrir uma estrada nova de ligação, e era necessário criar as condições de segurança. Estávamos bem treinados! Foi um tempo de sofrimento que se iniciou em janeiro de 1969 em Buba, passando por Samba Sabali, voltando a Mampata Forreá. 

Montar segurança à construção era a nossa missão que repartíamos com a segurança a Buba. Nesta missão estavam embrulhadas três Companhias Operacionais, a saber: a CCaç 2317, a CCaç 2381 e a CCaç 2382, dois grupos de combate da 15.ª Companhia de Comandos e um Departamento de Fuzileiros, e o inimigo que não nos dava descanso.

O cansaço foi se apoderando desta gente toda. A CCaç 2381 chegou a estar reduzida a 36 operacionais. Deixo aqui os nossos profundos agradecimentos ao médico João Carlos de Azevedo Franco, o nosso “anjo da guarda”, que tudo fez para nos proteger, obrigando os comandos em Bissau a rever a estratégia, ao ponto de enviar uma Junta médica para avaliar o nosso estado de saúde física e psíquica, que apenas confirmou a posição do médico Azevedo Franco. Felizmente para ele, que não sofreu a “porrada” que lhe fora prometida e para nós que fomos sendo substituídos aos poucos. 

Metade da CCaç 2381 partiu para Empada revezando-se após algum tempo de descanso. Até o próprio Comandante-Chefe, António de Spínola, se dignou aparecer por lá para nos dar mais uma lição de patriotismo e apelando para que quando nos dessem a comer massa com massa, imaginássemos um belo prato de “meia desfeita” num restaurante de Lisboa (creio que ele gostava muito deste prato ) e comêssemos tudo! - porque o importante era sobreviver naquele inferno (digo eu), enquanto incitava o médico a injetar-nos umas “picas” (gostei do gesto que fazia insistentemente, porque o gesto é tudo). Aponta Bruno! - ordenava ele. Ao qual o médico respondia: O que eles precisam é carne e peixe!... e tempo de descanso! E o outro insistia com o gesto e, oito dias depois, chegou, um grosso volume de medicamentos (“picas”), que tiveram de imediato o selo - remeter à procedência por não ter sido solicitado.

Felizmente, em novembro de 1969, juntámos a Companhia toda, em Empada e em fevereiro de 1970 partimos para Bissau com destino a Lisboa, que só se processou no dia 2 de abril, com o sentido de missão cumprida.

Não regressámos todos. Três de nós partiram antes do fim da Comissão, para o eterno aquartelamento. Com que dor os vimos partir! Dois deles feridos mortalmente pelas armas do inimigo e um terceiro por incúria própria.

Alguns regressaram antecipadamente devido a ferimentos e outras causas. Os que regressaram, voltaram às suas terras, às suas famílias, ao mundo que tinham abandonado e tentaram refazer a vida e recuperar o tempo perdido.

Em 1990, a saudade foi se apoderando de alguns e ouve um toque a reunir, que juntou quarenta e cinco Maiorais. A partir desse encontro, todos os anos se promoveram encontros que nos foram permitindo reencontrar Maiorais perdidos na selva da vida. Muitos desligaram-se completamente da tropa, CCaç 2381 – Os Maiorais, dos amigos e nunca deram sinal de vida. Outros foram aparecendo, para dar força à razão que nos fazia correr para o local de encontro. Quase todos os anos tem havido surpresas de alguém que aparece ou dá sinal de vida e por vezes (infelizmente muitas) o sinal de morte, porque o tempo não perdoa.

Este ano, depois de três anos perdidos devido à pandemia, voltamos a encontrarmo-nos no dia 15 de abril para comemorarmos o regresso e a vida. Desta vez em Torres Vedras no restaurante da Quinta ValOásis.

Éramos muitos, talvez poucos, os que ousaram desafiar os contratempos e as maleitas que nos apoquentam, vinte e cinco ao todo, e respetivas famílias num total de 64 pessoas. Registámos as ausências de quem tinha vontade de vir ao Encontro Convívio, mas… as pernas já não aguentam, ou a cabeça, ou a doença que se vai apoderando… Por vezes outros compromissos inadiáveis com a família. É a esposa que não ajuda, pelas mesmas razões, ou o filho/filha que não está para doar uma tarde bem passada ao pai… é o aniversário de um neto, ou o casamento de uma sobrinha…

Registámos também os que ousaram dar sinal pela primeira vez, mas que não puderam estar presentes. Sejam bem-vindos, Hélder Luciano, José Silva, Joaquim Fino e Custódio Mendeiros.

Para o ano há mais e desta vez será em Fátima, por várias razões em que sobressai a facilidade de transportes e a Fé que ainda faz mover muitos de nós e dos nossos familiares que nos acompanham.

Foto 1 - Maiorais presentes
Foto 2 - um grupo de Maiorais prontos para o combate de faca e garfo
Foto 3 - Os ex-furriéis J.Manuel Silva e J.Manuel Samouco com o J.Teixeira um dos enfermeiros da Companhia
Foto 4 - A alegria contagiante dos presentes
Foto 5 - A partilha do bolo com a ajuda da Sara Silva - Filha do Silva do Algarve
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Nota do editor

Último poste da série de 22 DE ABRIL DE 2023 > Guiné 61/74 - P24240: Convívios (955): 38º Encontro Nacional dos Ex-Oficiais, Sargentos e Praças, BENG 447, Brá, Guiné: Caldas da Rainha, 20/5/2023... E ainda: almoço-convívio dos Antigos Aunos do Externato Ramalho Ortigão (ERO), também nas Caldas da Rainha, a 6/5/2023 (João Rodrigues Lobo)