1. Mensagem do nosso camarada António Manuel Salvador* (ex-1.º Cabo Enfermeiro, CCAÇ 4740, Os Leões de Cufar, Cufar , 1972/74), com data de 19 de Abril de 2012:
Amigo Luís e todos aqueles que fazem parte do blog,
Eu, o Salvador que esteve em Cufar 72/74 na 4740 os tais Leões de Cufar, venho mais uma vez ao vosso contato para vos contar uma história que por acaso foi verdade e tudo isto aconteceu no dia 18/4/73.
António Manuel Salvador
Recordando um momento de muita sorte
Muito se tem falado nos gloriosos malucos das maquinas voadoras, mas este caso que aconteceu comigo e nunca vi isso escrito no blog por alguém que ia comigo.
Éramos quatro enfermeiros e calhava à vez irmos fazer evacuações de helicóptero.
Nesse dia calhou-me ir a Cacine buscar um soldado doente e uma senhora africana com problemas de parto. Como naquela altura os hélis tinham de voar muito baixo ou irem para a altura de segurança para não serem atingidos pelos mísseis terra ar, o nosso alferes piloto e o alferes do héli canhão optaram por ir a rasar as bolanhas e as copas das árvores.
Estávamos na parte da tarde e já não tínhamos muito tempo. Só vos digo uma coisa amigos, a mim meteram-me umas coisas nos ouvidos por causa do barulho do motor enquanto o mecânico do héli e o alferes iam em comunicação. Éramos três dentro da tal máquina voadora. O voo foi feito sempre rente ao chão, quando se chegava à mata lá tínhamos de levantar o que é óbvio, e assim fomos andando, mas o pior era quando se descia bruscamente da copa da mata para a bolanha, e o Salvador atrás aflito sem poder fazer nada.
Até que veio o azar, o nosso amigo piloto, ao sair da copa das árvores desceu demais sobre o rio Cumbijã ou Cacine, já não tenho a certeza qual, a roda da frente do héli bateu na água e fez com que a parte frontal deste se descolasse e a circulação do vento dentro do aparelho fosse maior. O piloto lá puxou o héli ao jeito dele e lá fomos até Cacine, mas a parte da frente do aparelho parecia a sola de um sapato descolada de frente. Ao nosso lado direito ia o héli canhão não fosse o diabo tece-las.
Chegados a Cacine desci para ir buscar os doentes enquanto o piloto fez pairar o héli a fim de o mecânico atar o que estava descolado, não sei se seria com arame farpado ou coisa no género.
De regresso a Cufar não houve mais problemas, mas jamais esquecerei este dia 18/4/73, uma quarta-feira.
Se por acaso o piloto ou o mecânico de serviço nesse dia ler esta mensagem, lá ia o Salvador o tal que dava injeções sem dor.
A minha companhia era a CCAÇ 4740, açoriana, que esteve em Cufar de 21/6/72 a 3/8/74, que se vai encontrar no próximo dia 16 de Junho de2012 em Fátima.
____________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 29 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2313: Estórias de Cufar (2): A marmelada também curava (ex-1º Cabo Enf Salvador, CCAÇ 4740, 1972/74)
Vd. último poste da série de 13 de Outubro de 2010 > Guiné 63/74 - P7121: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (22): Fotograma do Honório com o Cap Neto (Jorge Félix)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
sábado, 28 de abril de 2012
Guiné 63/74 - P9823: (Ex)citações (177): Ainda os mísseis Strela e os seus efeitos na operacionalidade da FAP (Carlos Jorge M. Pereira / António Martins de Matos)
1. Mensagem do nosso camarada Carlos Jorge Pereira*, ex-Fur Mil do COP 3, Bigene e Guidage, 1972/74, com data de 17 de Abril de 2012, com um comentário a propósito do Poste 9751** do nosso camarada António Martins de Matos:
Caro Amigo Luis Graça:
Depois de ler os comentários do Sr. Gen. António Martins Matos, que sinceramente gostei, não posso deixar de dizer algo, para acrescentar mais realidade aos factos passados.
Caso considere com algum interesse, agradeço a sua publicação.
Carlos Jorge Marques Pereira
Ex-Fur. Mil. IOI / COP 3
Bigene/Guidage 72-74
Caros Amigos.
Raramente vou ao blogue pois considero que o mesmo se encontra demasiado inclinado para o meu gosto. No entanto, o bichinho da Guiné fala mais forte e lá reincido e procuro artigos, principalmente, sobre Bigene e Guidage.
Como Ex-Fur Mil de Inf e Operações do COP 3 (Jun72/Jun74) passei o período de Abr/Mai de 1973 no inicio em Bigene e depois segui com o Sr. Ten. Cor Correia de Campos (Cmdt do Cop 3) na primeira coluna que passou para Guidage.
Regressei a Bigene na primeira coluna que conseguiu passar o cerco, um mês depois, para evacuar feridos e reabastecer. Portanto penso ser um actor privilegiado, não só pelo que passei como pelas informações a que tinha acesso pelas minhas funções.
Assim, vejo regularmente relatos do que se passou em Abr/Mai73 por pessoas que não estiveram no local.
Senão vejamos:
- Em 6Abr73 foram abatidas dois D0-27 e um T-6 em que faleceram três pilotos e alguns passageiros!!!! Por acaso um dos seis passageiros que morreram, um, era só o Cmdt do Cop 3, Sr. Major Mariz e que nem é referido.
- Os restos do foguete que foram recuperados junto das aeronaves não foi pelos Páras mas sim por um soldado Africano da CCaç 3 do pelotão do Ex-Fur. Mil. Atirador Domingos de Carvalho. Negociei com ele um saco de arroz em troca do "ronco" que depois enviei para Bissau.
- Nós tropa "macaca" nunca nos poderíamos recusar em ir para o mato e nunca poderíamos dizer "mimos" a um superior que o fizesse corar.
- Aos Quartéis inseguros, como Guidage, e contrariamente ao que V. Exa. afirma, durante o mês de Maio73 só houve duas evacuação dos mais de 150 feridos que tivemos nesse período. Já não falo dos que morreram por falta de tratamento e que foram enterrados, pois não havia como guardá-los.
- Os únicos hélis que aterraram em Guidage foram os dois do General Spínola durante uma trégua de uma hora. Levou medicamentos e no regresso evacuou feridos. Dias depois, e em consequência dos feridos Páras, numa emboscada no Cufeu, os hélis apareceram novamente para os evacuar. Se não fossem Paraquedistas e terem forçado, seria que lá iram???.
- Recordo uma vez na Bolanha do Samoge (?) numa das seis ou sete vezes que tentamos evacuar feridos para Binta, por estrada, fomos emboscados e pedimos apoio aéreo. Realmente vieram dois Fiat's e informamos que estávamos a ser atacados de norte e a 75/100 metros de distância. A FAP informou que iria bombardear e que deveríamos nos proteger. Ao primeiro ataque exigimos que fossem embora, pois estavam a bombardear nas nossas costas.
Nunca mais pedimos apoio e nunca mais os vimos, pois largar bombas de 750 Lbs. de 3000 metros de altura convenhamos que não é um método muito preciso.
Todos nós sabemos que a FAP, também, foi muito importante no TO mas, na devida proporção e a partir de Maio 73 fora das zonas inseguras.
Para nós, a guerra durava 24 horas por dia, não tínhamos dias de folga, banhos com agua canalizada e jantares na 5ª Rep antes pelo contrário, assim que íamos a Bissau, alinhavamos logo num serviço para que os lá estavam pudessem descansar.
Para finalizar conto-lhe mais uma pequena história.
Em finais de 1973 (?), ao fim do dia, quatro fuzileiros do destacamento de Ganturé, por acidente, accionaram um dilagrama com bala real.
Resultado : um ferido muito grave e três graves. Como já era noite a FAP disse que já não fazia a evacuação e a mesma foi feita pelo Cmdt. Pombo Rodrigues (civil do TAGCV) num DO-27, já noite, sozinho e com viaturas de farois acessos a sinalizar a pista.
Por estas e outras é que acho que o campo estava e está muito inclinado.
Atentamente
Carlos Jorge Marques Pereira
2. Dado conhecimento deste comentário ao camarada António Martins de Matos (ex-Ten Pilav, BA 12, Bissalanca, 1972/74; actualmente Ten Gen Ref), recebemos deste a seguinte mensagem:
Caros amigos
Aqui vão os comentários ao texto do amigo Carlos Jorge.
De momento é o que se me oferece dizer.
Abraço
AMM
1. É verdade que um dos 6 passageiros era o Sr. Major Mariz, na altura foi dado como desaparecido, o seu nome não foi mencionado no meu texto porque então teria que indicar o nome de todos os outros passageiros e, confesso, não me lembrar de alguns.
2. Não sei quem apanhou os restos do míssil no meio da mata, a sua entrega em Bissalanca foi feita pelos Páras.
3. Não percebi o parágrafo referente a evacuações em Guidage, toda a classificação que ocorreu, de quartéis Seguros e Inseguros deveu-se precisamente ao Guidage, por causa de um DO-27 atacado por mísseis e de um segundo avião que foi buscar feridos e acabou por desaparecer, certamente abatido (o tal que levava como passageiro o Comandante do COP-3). Em Maio73 o Guidage estava cercado, não era possível lá chegar, nem por estrada... não se lembra?
4. Isso de bombardear nas suas costas é relativo, depende de para onde está voltado, se tivéssemos largado uma bomba de 750 libras a 75 metros da sua posição certamente que hoje não estaria a escrever para o blogue, não sei se me entende.
Bombas de 750 libras largam-se de 3000 metros de altura, com uma precisão do círculo de meio campo de um estádio de futebol, o seu efeito vai da bancada central até à zona das claques por detrás das balizas, não sendo a sua especialidade não percebo como consegue comentar com tanta convicção.
5. Nunca mais viu os Fiat G-91 mas certamente os deve ter ouvido, em Kumbamori, ou na bolanha do Cufeu, se perguntar ao Sr. Cor Calheiros, ele lembra-se (A Última Missão, páginas 480 e seguintes), aconselho a leitura do livro trata precisamente de ... Guidage.
6. A FAP só voar fora das áreas inseguras... sabe onde é Kandiafara? Acha que seria uma “área segura”?
7. O Comandante Pombo Rodrigues não voava DO-27 mas sim as aeronaves dos TAGP, muito melhor equipadas em instrumentos de navegação.
8. Finalmente, não percebi a piada do “campo inclinado”, as minhas desculpas.
3. Comentário de CV:
Não ficava de bem com a minha consciência se não falasse aqui e agora na suposta inclinação do nosso Blogue.
Apesar da dita inclinação, o nosso camarada Carlos Pereira lê-nos regularmente. Até quis participar comentando. Será para o inclinar para outro o lado? Já agora, qual lado?
____________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 11 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3868: Tabanca Grande (115): Carlos Jorge Pereira, ex- Fur Mil Inf Op Inf (CPO 6 e COP 3, 1972/74)
(**) Vd. poste de 16 de Abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9751: FAP (67): Os meus STRELAs. Factos e opiniões. (António Martins Matos)
Vd. último poste da série de 12 de Março de 2012 > Guiné 63/74 - P9597: (Ex)citações (177): Relembrando, em Mato Cão, no dia dos meus anos, a presença do então maj art José Faia Pires Correia, oficial de operações do BART 3873 (Bambadinca, 1971/74) (Joaquim Mexia Alves)
Caro Amigo Luis Graça:
Depois de ler os comentários do Sr. Gen. António Martins Matos, que sinceramente gostei, não posso deixar de dizer algo, para acrescentar mais realidade aos factos passados.
Caso considere com algum interesse, agradeço a sua publicação.
Carlos Jorge Marques Pereira
Ex-Fur. Mil. IOI / COP 3
Bigene/Guidage 72-74
Caros Amigos.
Raramente vou ao blogue pois considero que o mesmo se encontra demasiado inclinado para o meu gosto. No entanto, o bichinho da Guiné fala mais forte e lá reincido e procuro artigos, principalmente, sobre Bigene e Guidage.
Como Ex-Fur Mil de Inf e Operações do COP 3 (Jun72/Jun74) passei o período de Abr/Mai de 1973 no inicio em Bigene e depois segui com o Sr. Ten. Cor Correia de Campos (Cmdt do Cop 3) na primeira coluna que passou para Guidage.
Regressei a Bigene na primeira coluna que conseguiu passar o cerco, um mês depois, para evacuar feridos e reabastecer. Portanto penso ser um actor privilegiado, não só pelo que passei como pelas informações a que tinha acesso pelas minhas funções.
Assim, vejo regularmente relatos do que se passou em Abr/Mai73 por pessoas que não estiveram no local.
Senão vejamos:
- Em 6Abr73 foram abatidas dois D0-27 e um T-6 em que faleceram três pilotos e alguns passageiros!!!! Por acaso um dos seis passageiros que morreram, um, era só o Cmdt do Cop 3, Sr. Major Mariz e que nem é referido.
- Os restos do foguete que foram recuperados junto das aeronaves não foi pelos Páras mas sim por um soldado Africano da CCaç 3 do pelotão do Ex-Fur. Mil. Atirador Domingos de Carvalho. Negociei com ele um saco de arroz em troca do "ronco" que depois enviei para Bissau.
- Nós tropa "macaca" nunca nos poderíamos recusar em ir para o mato e nunca poderíamos dizer "mimos" a um superior que o fizesse corar.
- Aos Quartéis inseguros, como Guidage, e contrariamente ao que V. Exa. afirma, durante o mês de Maio73 só houve duas evacuação dos mais de 150 feridos que tivemos nesse período. Já não falo dos que morreram por falta de tratamento e que foram enterrados, pois não havia como guardá-los.
- Os únicos hélis que aterraram em Guidage foram os dois do General Spínola durante uma trégua de uma hora. Levou medicamentos e no regresso evacuou feridos. Dias depois, e em consequência dos feridos Páras, numa emboscada no Cufeu, os hélis apareceram novamente para os evacuar. Se não fossem Paraquedistas e terem forçado, seria que lá iram???.
- Recordo uma vez na Bolanha do Samoge (?) numa das seis ou sete vezes que tentamos evacuar feridos para Binta, por estrada, fomos emboscados e pedimos apoio aéreo. Realmente vieram dois Fiat's e informamos que estávamos a ser atacados de norte e a 75/100 metros de distância. A FAP informou que iria bombardear e que deveríamos nos proteger. Ao primeiro ataque exigimos que fossem embora, pois estavam a bombardear nas nossas costas.
Nunca mais pedimos apoio e nunca mais os vimos, pois largar bombas de 750 Lbs. de 3000 metros de altura convenhamos que não é um método muito preciso.
Todos nós sabemos que a FAP, também, foi muito importante no TO mas, na devida proporção e a partir de Maio 73 fora das zonas inseguras.
Para nós, a guerra durava 24 horas por dia, não tínhamos dias de folga, banhos com agua canalizada e jantares na 5ª Rep antes pelo contrário, assim que íamos a Bissau, alinhavamos logo num serviço para que os lá estavam pudessem descansar.
Para finalizar conto-lhe mais uma pequena história.
Em finais de 1973 (?), ao fim do dia, quatro fuzileiros do destacamento de Ganturé, por acidente, accionaram um dilagrama com bala real.
Resultado : um ferido muito grave e três graves. Como já era noite a FAP disse que já não fazia a evacuação e a mesma foi feita pelo Cmdt. Pombo Rodrigues (civil do TAGCV) num DO-27, já noite, sozinho e com viaturas de farois acessos a sinalizar a pista.
Por estas e outras é que acho que o campo estava e está muito inclinado.
Atentamente
Carlos Jorge Marques Pereira
2. Dado conhecimento deste comentário ao camarada António Martins de Matos (ex-Ten Pilav, BA 12, Bissalanca, 1972/74; actualmente Ten Gen Ref), recebemos deste a seguinte mensagem:
Caros amigos
Aqui vão os comentários ao texto do amigo Carlos Jorge.
De momento é o que se me oferece dizer.
Abraço
AMM
1. É verdade que um dos 6 passageiros era o Sr. Major Mariz, na altura foi dado como desaparecido, o seu nome não foi mencionado no meu texto porque então teria que indicar o nome de todos os outros passageiros e, confesso, não me lembrar de alguns.
2. Não sei quem apanhou os restos do míssil no meio da mata, a sua entrega em Bissalanca foi feita pelos Páras.
3. Não percebi o parágrafo referente a evacuações em Guidage, toda a classificação que ocorreu, de quartéis Seguros e Inseguros deveu-se precisamente ao Guidage, por causa de um DO-27 atacado por mísseis e de um segundo avião que foi buscar feridos e acabou por desaparecer, certamente abatido (o tal que levava como passageiro o Comandante do COP-3). Em Maio73 o Guidage estava cercado, não era possível lá chegar, nem por estrada... não se lembra?
4. Isso de bombardear nas suas costas é relativo, depende de para onde está voltado, se tivéssemos largado uma bomba de 750 libras a 75 metros da sua posição certamente que hoje não estaria a escrever para o blogue, não sei se me entende.
Bombas de 750 libras largam-se de 3000 metros de altura, com uma precisão do círculo de meio campo de um estádio de futebol, o seu efeito vai da bancada central até à zona das claques por detrás das balizas, não sendo a sua especialidade não percebo como consegue comentar com tanta convicção.
5. Nunca mais viu os Fiat G-91 mas certamente os deve ter ouvido, em Kumbamori, ou na bolanha do Cufeu, se perguntar ao Sr. Cor Calheiros, ele lembra-se (A Última Missão, páginas 480 e seguintes), aconselho a leitura do livro trata precisamente de ... Guidage.
6. A FAP só voar fora das áreas inseguras... sabe onde é Kandiafara? Acha que seria uma “área segura”?
7. O Comandante Pombo Rodrigues não voava DO-27 mas sim as aeronaves dos TAGP, muito melhor equipadas em instrumentos de navegação.
8. Finalmente, não percebi a piada do “campo inclinado”, as minhas desculpas.
3. Comentário de CV:
Não ficava de bem com a minha consciência se não falasse aqui e agora na suposta inclinação do nosso Blogue.
Apesar da dita inclinação, o nosso camarada Carlos Pereira lê-nos regularmente. Até quis participar comentando. Será para o inclinar para outro o lado? Já agora, qual lado?
____________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 11 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3868: Tabanca Grande (115): Carlos Jorge Pereira, ex- Fur Mil Inf Op Inf (CPO 6 e COP 3, 1972/74)
(**) Vd. poste de 16 de Abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9751: FAP (67): Os meus STRELAs. Factos e opiniões. (António Martins Matos)
Vd. último poste da série de 12 de Março de 2012 > Guiné 63/74 - P9597: (Ex)citações (177): Relembrando, em Mato Cão, no dia dos meus anos, a presença do então maj art José Faia Pires Correia, oficial de operações do BART 3873 (Bambadinca, 1971/74) (Joaquim Mexia Alves)
Guiné 63/74 - P9822: Blogoterapia (210): "Estórias" da guerra colonial (Carlos Pinheiro)
1. Mensagem de Carlos Manuel Rodrigues Pinheiro* (ex-1.º Cabo TRMS Op MSG, Centro de Mensagens do STM/QG/CTIG, 1968/70), com data de 18 de Abril de 2012:
Camarigo Carlos Vinhal
Depois de uma certa ausência, aqui estou de novo a dar mais uma colaboração ao nosso Blogue com o artigo que envio em anexo.
Não se trata de um trabalho exclusivo sobre as realidades da Guiné que nós vivemos, mas sim de um trabalho mais exaustivo sobre a problemática da guerra e da preparação que nos era dada para a mesma e algum enfoque nas condições, ou melhor na falta delas, do transporte do pessoal para África.
Se entenderes por bem editar mais este artigo, o que agradeço, atrevo-me a sugerir-te que o ilustres com fotografias dos barcos que mais iam à Guiné, o Uíge, o Niassa, o Carvalho Araújo, o Rita Maria ou o Ana Mafalda.
Tudo isto fica ao teu critério.
Nota: - Este artigo foi escrito há quatro anos e publicado no jornal "O Almonda" na sua edição de 2 de Maio de 2008.
Um abração
Carlos Pinheiro
"Estórias" da guerra colonial
As "estórias" começavam cá, mesmo muito antes do assentamento de praça. Eram as preocupações pelo desconhecido, porque a informação que nos davam a "beber" era só a que interessava à situação, pois a mesma estava absolutamente controlada. Tínhamos a Emissora Nacional, o Diário de Noticias e a generalidade dos jornais que, para saírem, tinham que ir ao lápis azul da censura. Era a situação. Salvava-se, por vezes, com muita ginástica, o República, fundado por António José de Almeida e nos últimos anos dirigido por Raul Rego, que pouca gente podia ler e o Diário de Lisboa, da família Ruela Ramos, que também utilizava muita imaginação para dizer alguma coisa que não nos deixavam contar. Salvavam-se também aqueles felizardos que podiam ir estudar para Coimbra, Lisboa ou Porto, onde os contactos permitiam uma consciencialização política muito acima da média. Outros, muito à socapa, ainda iam ouvindo a Rádio Moscovo, clandestinamente claro, como alguns, os do partido liam o Avante, e outros até a Voz da América ou mesmo a BBC, que sempre iam dizendo verdades que não conhecíamos, apesar de muitos casos se passarem à nossa porta.
E, quer queiramos quer não, guerra é sempre guerra, o maior flagelo da humanidade, e era para a guerra que a malta estava destinada. Uma guerra de guerrilha, talvez por isso, pior do que a chamada guerra convencional. Muita psico-social, lá e cá, pois os espíritos eram fracos e desinformados e assim melhor trabalhados. Teimosamente sós, era a política daquela época. Mas mesmo assim muito armamento da NATO era desviado para a guerra colonial a começar por alguns navios de guerra e a acabar no rearmamento vindo da Alemanha, especialmente viaturas ligeiras e pesadas, a partir de certa época. Já tínhamos perdido o "Estado da Índia", já tinha havido a "estória" do "Santa Maria" a que Henrique Galvão chamou "Santa Liberdade", e a malta começava a tomar consciência que estávamos em guerra na Guiné, em Angola e em Moçambique, mas que também se tinham reforçado posições em Cabo Verde, em S. Tomé, em Macau e em Timor. Tudo isto, como se a descolonização por parte do resto da Europa não tivesse existido, como se fôssemos diferentes, como se fôssemos mais fortes, como se conseguíssemos resistir sozinhos.
A emigração, principalmente a clandestina, estava no auge. Era a pobreza franciscana em que o país vivia, era a falta de perspectivas de futuro, era a falta de escolas e as dificuldades de ingresso na Universidade e era também o sentimento de alguns, mais esclarecidos, que não queriam participar na guerra. Paris e seus arredores, chegou a ser a cidade onde mais portugueses viviam. Está tudo dito.
Mas a malta que cá ficava ia de certeza para a tropa. Escapavam os cegos, os coxos e os aleijados. O resto era tudo apurado. Por isso, depois da entrada, eram os rigores de uma vida nova, aparentemente sem sentido, passava-se a ser só um número, havia horários para tudo, menos para descansar e conviver, de dia e de noite, nos campos, nos matos, nas carreiras de tiro, nas salinas, nas marchas, nos exercícios, era tudo a correr, sempre em fila, por vezes ao toque de caixa, mas era tudo sempre a correr.
Eram precisos soldados, muitos soldados, com sangue novo para a guerra. Rapidamente e em força, era o slogan.
A recruta era feita num qualquer quartel que já não existe, viajava-se ao fim de semana a caminho de casa, onde se ia buscar o farnel para semana, quando era possível, sempre de noite, naqueles comboios que pareciam pintados de verde por dentro. Depois era a especialidade, normalmente noutro quartel também daqueles que já não existem, e aí o sofrimento, dado o rigor, por norma era ainda maior.
Ao longe, parece que já se ouviam as sirenes dos barcos que haviam de levar, um dia, aquela malta toda para África. E esse dia chegava quase sempre, para a esmagadora maioria da rapaziada. Para uns chegava mais cedo do que esperavam. Para outros chegava mais tarde, quando pensavam que já tinham escapado à mobilização.
De noite, de camioneta ou de comboio, a malta lá era despejada no Cais da Rocha ou de Alcântara, vinda dos seus quartéis de origem, lá se perfilava como mandavam as regras e ao som de marchas militares lá embarcava, depois de um ou outro discurso de circunstância, no "Uíge", no "Timor" no "Niassa", no "Índia", no "Vera Cruz", no "Rita Maria", no "Ana Mafalda" ou no "Alfredo da Silva" e até, na parte final, no velho "Carvalho Araújo", e lá ia durante 5, 8, 10 ou 30 dias conforme fosse para a Guiné, para Angola ou Moçambique e até mesmo para Macau ou Timor.
Quando se começavam a subir as escadas de acesso ao barco, lá estavam, para além da Polícia Militar, aqueles fulanos que vestiam sobretudo e usavam chapéu e bigode, estrategicamente colocados, as senhoras do Movimento Nacional Feminino que davam à soldadesca um macito de cigarros, por vezes um isqueiro e até uns aerogramas, os chamados bate estradas, para a malta escrever quando lá chegasse. Era porreiro, pá!
A partida era sempre dolorosa. Os familiares apinhavam-se nas varandas do Cais ou junto às grades que separavam a gentalha dos senhores. Os lenços da despedida desfraldavam-se ao vento e as lágrimas escorriam, de um lado e muitas vezes também do outro, pela cara abaixo. E o barco a afastar-se vagarosamente, a música da banda militar que tinha ficado no cais, cada vez se ouvia mais longe, passava-se por baixo da ponte Salazar, via-se o Bugio, Lisboa cada vez ficava mais para trás até deixar de se ver e lá estávamos no mar alto, no mar salgado.
Eram dias desgraçados. Só se via mar e céu e quando o tempo estava bom, era azul por baixo e azul por cima. Por vezes os golfinhos lá vinham visitar o barco e distrair, por momentos, a rapaziada. Os barcos, apesar de civis, eram considerados "Transporte de Tropas" e diziam-nos, para nos sossegarem, que íamos escoltados, para nossa segurança. Mas nunca se viram aviões ou barcos de guerra e, claro, muito menos qualquer submarino a proteger-nos. Lá íamos entregues à nossa sorte.
A vida a bordo era soturna. Nalguns barcos ainda havia instalações menos más, para alguns. Mas a maioria passava o tempo nos porões, que em tempo de paz serviam para o transporte de todo o tipo de mercadorias. Não havia outras condições. Lá muito em baixo, onde a luz do sol só chegava por um buraco, que era a boca do porão, mal se respirava, dados os odores lá acumulados ao longo de anos. Havia excepções: O "Rita Maria", o "Ana Mafalda" e o "Alfredo da Silva" só viajavam até à Guiné, eram barcos pequenos e normalmente levavam pouca gente e só em rendição individual. Estes eram barcos da "Sociedade Geral", uma empresa da "CUF" que não era só dona do Barreiro como dona de quase toda da Guiné. Também o "Carvalho Araújo" escapava, de certo modo, à regra. A malta viajava à mesma nos porões, mas estes tinham circulação de ar porque o barco, em tempos, tinha sido adaptado para o transporte de gado dos Açores para o Continente e o gado, esse precisava sempre de ar fresco. Mas em contrapartida a viagem neste barco demorava sempre mais uns dias. Era muito vagaroso e gastava muito combustível. Para ir à Guiné tinha que passar por S. Vicente, em Cabo Verde, para meter água e nafta, que na Guiné não havia. No regresso parava sempre no Funchal para se reabastecer e a malta aproveitava para ver aquela Pérola do Atlântico depois de dois anos de guerra. Lá em baixo, muitos jogavam às cartas, especialmente à "lerpa", e alguns iam surripiando os outros. Quando chegava a hora da refeição havia um sinal e só os doentes é que não subiam ao convés, mas, para esses, havia sempre um camarada que lhes trazia uma bucha e uma pinga de água enquanto não iam para a enfermaria, que por norma era pequena. Bebia-se muita cerveja, daquelas "bazookas" holandesas que a malta cá não conhecia. Bebia-se Coca-Cola, inglesa ou de Moçambique, que cá era proibida. Era raro tomar-se banho, porque os barcos não tinham sido construídos para transportar tanta gente de cada vez. Até as casas de banho, as chamadas retretes, eram escassas e normalmente improvisadas no convés, numas barracas de madeira, como ainda hoje se vê para aí nalgumas obras.
Muitos enjoavam, principalmente naqueles dias em que o mar parecia que tinha poucos amigos.
A comida, essa tinha dias e era conforme os barcos. Ninguém empanturrava com o que lhe era dado, mas comia-se sempre menos-mal na viagem de ida do que na do regresso. Vá-se lá saber porquê?
Os dias passavam, assinalava-se a passagem do equador com uma espécie de festa e a meio da viagem fazia-se um simulacro como se o barco estivesse em perigo e cada um lá se desenrascava como melhor podia ou sabia.
Entretanto a temperatura começava a subir e as águas a mudarem de cor. A chegada estava próxima.
Na maioria dos casos os barcos atracavam ao cais, mas na Guiné, até certa altura, ficavam ao largo, especialmente o "Uíge" e o "Niassa" e a malta era transferida para batelões até ao cais, onde colunas de viaturas aguardavam a chegada daqueles reforços que eram sempre bem-vindos para os que já lá estavam e a muitos dava a oportunidade de rendição e por consequência, do tão esperado regresso.
Alguns, mal tinham tempo de pôr os pés em terra. Mal chegavam, embarcavam outra vez, numa "LDG", ou "LDM", lanchas de desembarque grandes ou médias, conforme o contingente, directamente para o mato onde os esperavam dois anos de privações e outras aflições. Outros ainda iam uns dias para os Adidos, quartéis exemplares no pior sentido, onde nada havia, e outros ainda eram encaminhados para campos militares nos subúrbios da cidade, onde iam completar a instrução da metrópole e aclimatarem-se à nova vida.
Depois, depois era o desconhecido. Era a guerra na pior acepção da palavra, era o arame farpado, as operações para reabastecimento de tudo e mais alguma coisa, incluindo a água. A fome, a sede e as emboscadas eram frequentes, como eram os combates e os ataques aos aquartelamentos, os mortos e os feridos, as evacuações pelo ar, a saudade, etc.
E o tempo lá ia passando. Quem podia, quer dizer quem tinha dinheiro para tanto, lá vinha passar um mês de férias à Metrópole e muitos, depois, até se enganavam no dia do regresso a África e lá iam de comboio ou a salto até Paris.
No regresso, no mesmo ou noutro barco e alguns até já de avião, lá regressavam, muitas vezes cheios de mazelas no corpo e no espírito, mas era sempre uma alegria o regresso. A cena do cais agora era ao contrário. O barco começava a aproximar-se, normalmente bem cedo, pela manhã, e os lenços a acenar desta vez queriam manifestar a satisfação pelo regresso. Os outros, alguns, mas só alguns dos que por lá tinham tombado, esses eram retirados mais tarde, longe da vista da multidão e depois encaminhados em armões militares para as suas terras de origem. Era a guerra que resistiu treze longos anos e que mesmo depois do 25 de Abril ainda causou baixas em alguns teatros de operações. Dizem as estatísticas que foram cerca de 10.000 mortos contabilizados.
É certo que muito se tem escrito ultimamente sobre este capítulo da nossa História, mas relatos destes, simples mas honestos, nunca serão demais para que a memória não esqueça e para que os mais novos fiquem a saber o que uma certa juventude, a daquele tempo, passou e que os senhores do poder continuam a não reconhecer. Mas até isso faz parte da História. A carne para canhão sempre foi barata e esquecida. Serviram-se dela mas nunca a reconheceram, pelo menos por cá. É esta a realidade dos factos que convém não esquecer mesmo agora que se está a comemorar mais uma vez, a 38ª, a Revolução dos Cravos, o 25 de Abril, que levou ao fim da guerra.
Carlos Pinheiro
Nota do Editor: Fotos dos navios, com a devida vénia a Navios Mercantes Portugueses
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Notas de CV:
(*) Vd. poste de 26 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9273: Recordações dos tempos de Bissau (Carlos Pinheiro) (6): Notícias da Guiné de 9 de Fevereiro de 1969
Vd. último poste da série de 17 de Abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9762: Blogoterapia (209): Sensibilizado pela prova de amizade da tertúlia e pelo nascimento da décima neta (Jorge Picado)
Camarigo Carlos Vinhal
Depois de uma certa ausência, aqui estou de novo a dar mais uma colaboração ao nosso Blogue com o artigo que envio em anexo.
Não se trata de um trabalho exclusivo sobre as realidades da Guiné que nós vivemos, mas sim de um trabalho mais exaustivo sobre a problemática da guerra e da preparação que nos era dada para a mesma e algum enfoque nas condições, ou melhor na falta delas, do transporte do pessoal para África.
Se entenderes por bem editar mais este artigo, o que agradeço, atrevo-me a sugerir-te que o ilustres com fotografias dos barcos que mais iam à Guiné, o Uíge, o Niassa, o Carvalho Araújo, o Rita Maria ou o Ana Mafalda.
Tudo isto fica ao teu critério.
Nota: - Este artigo foi escrito há quatro anos e publicado no jornal "O Almonda" na sua edição de 2 de Maio de 2008.
Um abração
Carlos Pinheiro
"Estórias" da guerra colonial
As "estórias" começavam cá, mesmo muito antes do assentamento de praça. Eram as preocupações pelo desconhecido, porque a informação que nos davam a "beber" era só a que interessava à situação, pois a mesma estava absolutamente controlada. Tínhamos a Emissora Nacional, o Diário de Noticias e a generalidade dos jornais que, para saírem, tinham que ir ao lápis azul da censura. Era a situação. Salvava-se, por vezes, com muita ginástica, o República, fundado por António José de Almeida e nos últimos anos dirigido por Raul Rego, que pouca gente podia ler e o Diário de Lisboa, da família Ruela Ramos, que também utilizava muita imaginação para dizer alguma coisa que não nos deixavam contar. Salvavam-se também aqueles felizardos que podiam ir estudar para Coimbra, Lisboa ou Porto, onde os contactos permitiam uma consciencialização política muito acima da média. Outros, muito à socapa, ainda iam ouvindo a Rádio Moscovo, clandestinamente claro, como alguns, os do partido liam o Avante, e outros até a Voz da América ou mesmo a BBC, que sempre iam dizendo verdades que não conhecíamos, apesar de muitos casos se passarem à nossa porta.
E, quer queiramos quer não, guerra é sempre guerra, o maior flagelo da humanidade, e era para a guerra que a malta estava destinada. Uma guerra de guerrilha, talvez por isso, pior do que a chamada guerra convencional. Muita psico-social, lá e cá, pois os espíritos eram fracos e desinformados e assim melhor trabalhados. Teimosamente sós, era a política daquela época. Mas mesmo assim muito armamento da NATO era desviado para a guerra colonial a começar por alguns navios de guerra e a acabar no rearmamento vindo da Alemanha, especialmente viaturas ligeiras e pesadas, a partir de certa época. Já tínhamos perdido o "Estado da Índia", já tinha havido a "estória" do "Santa Maria" a que Henrique Galvão chamou "Santa Liberdade", e a malta começava a tomar consciência que estávamos em guerra na Guiné, em Angola e em Moçambique, mas que também se tinham reforçado posições em Cabo Verde, em S. Tomé, em Macau e em Timor. Tudo isto, como se a descolonização por parte do resto da Europa não tivesse existido, como se fôssemos diferentes, como se fôssemos mais fortes, como se conseguíssemos resistir sozinhos.
Navio de Transporte de Passageiros Santa Maria
A emigração, principalmente a clandestina, estava no auge. Era a pobreza franciscana em que o país vivia, era a falta de perspectivas de futuro, era a falta de escolas e as dificuldades de ingresso na Universidade e era também o sentimento de alguns, mais esclarecidos, que não queriam participar na guerra. Paris e seus arredores, chegou a ser a cidade onde mais portugueses viviam. Está tudo dito.
Mas a malta que cá ficava ia de certeza para a tropa. Escapavam os cegos, os coxos e os aleijados. O resto era tudo apurado. Por isso, depois da entrada, eram os rigores de uma vida nova, aparentemente sem sentido, passava-se a ser só um número, havia horários para tudo, menos para descansar e conviver, de dia e de noite, nos campos, nos matos, nas carreiras de tiro, nas salinas, nas marchas, nos exercícios, era tudo a correr, sempre em fila, por vezes ao toque de caixa, mas era tudo sempre a correr.
Eram precisos soldados, muitos soldados, com sangue novo para a guerra. Rapidamente e em força, era o slogan.
A recruta era feita num qualquer quartel que já não existe, viajava-se ao fim de semana a caminho de casa, onde se ia buscar o farnel para semana, quando era possível, sempre de noite, naqueles comboios que pareciam pintados de verde por dentro. Depois era a especialidade, normalmente noutro quartel também daqueles que já não existem, e aí o sofrimento, dado o rigor, por norma era ainda maior.
Ao longe, parece que já se ouviam as sirenes dos barcos que haviam de levar, um dia, aquela malta toda para África. E esse dia chegava quase sempre, para a esmagadora maioria da rapaziada. Para uns chegava mais cedo do que esperavam. Para outros chegava mais tarde, quando pensavam que já tinham escapado à mobilização.
De noite, de camioneta ou de comboio, a malta lá era despejada no Cais da Rocha ou de Alcântara, vinda dos seus quartéis de origem, lá se perfilava como mandavam as regras e ao som de marchas militares lá embarcava, depois de um ou outro discurso de circunstância, no "Uíge", no "Timor" no "Niassa", no "Índia", no "Vera Cruz", no "Rita Maria", no "Ana Mafalda" ou no "Alfredo da Silva" e até, na parte final, no velho "Carvalho Araújo", e lá ia durante 5, 8, 10 ou 30 dias conforme fosse para a Guiné, para Angola ou Moçambique e até mesmo para Macau ou Timor.
Quando se começavam a subir as escadas de acesso ao barco, lá estavam, para além da Polícia Militar, aqueles fulanos que vestiam sobretudo e usavam chapéu e bigode, estrategicamente colocados, as senhoras do Movimento Nacional Feminino que davam à soldadesca um macito de cigarros, por vezes um isqueiro e até uns aerogramas, os chamados bate estradas, para a malta escrever quando lá chegasse. Era porreiro, pá!
A partida era sempre dolorosa. Os familiares apinhavam-se nas varandas do Cais ou junto às grades que separavam a gentalha dos senhores. Os lenços da despedida desfraldavam-se ao vento e as lágrimas escorriam, de um lado e muitas vezes também do outro, pela cara abaixo. E o barco a afastar-se vagarosamente, a música da banda militar que tinha ficado no cais, cada vez se ouvia mais longe, passava-se por baixo da ponte Salazar, via-se o Bugio, Lisboa cada vez ficava mais para trás até deixar de se ver e lá estávamos no mar alto, no mar salgado.
Eram dias desgraçados. Só se via mar e céu e quando o tempo estava bom, era azul por baixo e azul por cima. Por vezes os golfinhos lá vinham visitar o barco e distrair, por momentos, a rapaziada. Os barcos, apesar de civis, eram considerados "Transporte de Tropas" e diziam-nos, para nos sossegarem, que íamos escoltados, para nossa segurança. Mas nunca se viram aviões ou barcos de guerra e, claro, muito menos qualquer submarino a proteger-nos. Lá íamos entregues à nossa sorte.
A vida a bordo era soturna. Nalguns barcos ainda havia instalações menos más, para alguns. Mas a maioria passava o tempo nos porões, que em tempo de paz serviam para o transporte de todo o tipo de mercadorias. Não havia outras condições. Lá muito em baixo, onde a luz do sol só chegava por um buraco, que era a boca do porão, mal se respirava, dados os odores lá acumulados ao longo de anos. Havia excepções: O "Rita Maria", o "Ana Mafalda" e o "Alfredo da Silva" só viajavam até à Guiné, eram barcos pequenos e normalmente levavam pouca gente e só em rendição individual. Estes eram barcos da "Sociedade Geral", uma empresa da "CUF" que não era só dona do Barreiro como dona de quase toda da Guiné. Também o "Carvalho Araújo" escapava, de certo modo, à regra. A malta viajava à mesma nos porões, mas estes tinham circulação de ar porque o barco, em tempos, tinha sido adaptado para o transporte de gado dos Açores para o Continente e o gado, esse precisava sempre de ar fresco. Mas em contrapartida a viagem neste barco demorava sempre mais uns dias. Era muito vagaroso e gastava muito combustível. Para ir à Guiné tinha que passar por S. Vicente, em Cabo Verde, para meter água e nafta, que na Guiné não havia. No regresso parava sempre no Funchal para se reabastecer e a malta aproveitava para ver aquela Pérola do Atlântico depois de dois anos de guerra. Lá em baixo, muitos jogavam às cartas, especialmente à "lerpa", e alguns iam surripiando os outros. Quando chegava a hora da refeição havia um sinal e só os doentes é que não subiam ao convés, mas, para esses, havia sempre um camarada que lhes trazia uma bucha e uma pinga de água enquanto não iam para a enfermaria, que por norma era pequena. Bebia-se muita cerveja, daquelas "bazookas" holandesas que a malta cá não conhecia. Bebia-se Coca-Cola, inglesa ou de Moçambique, que cá era proibida. Era raro tomar-se banho, porque os barcos não tinham sido construídos para transportar tanta gente de cada vez. Até as casas de banho, as chamadas retretes, eram escassas e normalmente improvisadas no convés, numas barracas de madeira, como ainda hoje se vê para aí nalgumas obras.
Muitos enjoavam, principalmente naqueles dias em que o mar parecia que tinha poucos amigos.
A comida, essa tinha dias e era conforme os barcos. Ninguém empanturrava com o que lhe era dado, mas comia-se sempre menos-mal na viagem de ida do que na do regresso. Vá-se lá saber porquê?
Os dias passavam, assinalava-se a passagem do equador com uma espécie de festa e a meio da viagem fazia-se um simulacro como se o barco estivesse em perigo e cada um lá se desenrascava como melhor podia ou sabia.
Entretanto a temperatura começava a subir e as águas a mudarem de cor. A chegada estava próxima.
Na maioria dos casos os barcos atracavam ao cais, mas na Guiné, até certa altura, ficavam ao largo, especialmente o "Uíge" e o "Niassa" e a malta era transferida para batelões até ao cais, onde colunas de viaturas aguardavam a chegada daqueles reforços que eram sempre bem-vindos para os que já lá estavam e a muitos dava a oportunidade de rendição e por consequência, do tão esperado regresso.
Alguns, mal tinham tempo de pôr os pés em terra. Mal chegavam, embarcavam outra vez, numa "LDG", ou "LDM", lanchas de desembarque grandes ou médias, conforme o contingente, directamente para o mato onde os esperavam dois anos de privações e outras aflições. Outros ainda iam uns dias para os Adidos, quartéis exemplares no pior sentido, onde nada havia, e outros ainda eram encaminhados para campos militares nos subúrbios da cidade, onde iam completar a instrução da metrópole e aclimatarem-se à nova vida.
Depois, depois era o desconhecido. Era a guerra na pior acepção da palavra, era o arame farpado, as operações para reabastecimento de tudo e mais alguma coisa, incluindo a água. A fome, a sede e as emboscadas eram frequentes, como eram os combates e os ataques aos aquartelamentos, os mortos e os feridos, as evacuações pelo ar, a saudade, etc.
E o tempo lá ia passando. Quem podia, quer dizer quem tinha dinheiro para tanto, lá vinha passar um mês de férias à Metrópole e muitos, depois, até se enganavam no dia do regresso a África e lá iam de comboio ou a salto até Paris.
No regresso, no mesmo ou noutro barco e alguns até já de avião, lá regressavam, muitas vezes cheios de mazelas no corpo e no espírito, mas era sempre uma alegria o regresso. A cena do cais agora era ao contrário. O barco começava a aproximar-se, normalmente bem cedo, pela manhã, e os lenços a acenar desta vez queriam manifestar a satisfação pelo regresso. Os outros, alguns, mas só alguns dos que por lá tinham tombado, esses eram retirados mais tarde, longe da vista da multidão e depois encaminhados em armões militares para as suas terras de origem. Era a guerra que resistiu treze longos anos e que mesmo depois do 25 de Abril ainda causou baixas em alguns teatros de operações. Dizem as estatísticas que foram cerca de 10.000 mortos contabilizados.
É certo que muito se tem escrito ultimamente sobre este capítulo da nossa História, mas relatos destes, simples mas honestos, nunca serão demais para que a memória não esqueça e para que os mais novos fiquem a saber o que uma certa juventude, a daquele tempo, passou e que os senhores do poder continuam a não reconhecer. Mas até isso faz parte da História. A carne para canhão sempre foi barata e esquecida. Serviram-se dela mas nunca a reconheceram, pelo menos por cá. É esta a realidade dos factos que convém não esquecer mesmo agora que se está a comemorar mais uma vez, a 38ª, a Revolução dos Cravos, o 25 de Abril, que levou ao fim da guerra.
Carlos Pinheiro
Nota do Editor: Fotos dos navios, com a devida vénia a Navios Mercantes Portugueses
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Notas de CV:
(*) Vd. poste de 26 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9273: Recordações dos tempos de Bissau (Carlos Pinheiro) (6): Notícias da Guiné de 9 de Fevereiro de 1969
Vd. último poste da série de 17 de Abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9762: Blogoterapia (209): Sensibilizado pela prova de amizade da tertúlia e pelo nascimento da décima neta (Jorge Picado)
Guiné 63/74 - P9821: Notícias dos nossos amigos da AD - Bissau (22): O trabalho da ONGD do Pepito em prol da cidadania e do desenvolvimento dos guineenses, reconhecido pela revista Up, que viaja nos aviões da TAP Portugal
Reprodução parcial de imagem constante do artigo do magazine da TAP, Up, disponível no sítio da AD - Acção para o Desenvolvimento. (Com a devida vénia...).
1. Artigo de Maria João Guardão sobre a AD - Acção para o Desenvolvimento, publicada na edição de abril de 2012, da revista bilingue Up, da TAP Portugal
O trabalho de 2 págians, em português e inglês, vem na seção Salvando o planeta/Saving the planet. É uma merecida homenagem para uma ONGD que tem apostado na cidadania dos guineenses e no desenvolvimento integrado e sustentável da Guiné.
(...) "Com a Acção para o Desenvolvimento o que está em marcha é a luta contínua pela cidadania para os guineenses" (...).
(...) "A Guiné tem trinta e duas etnias: são trinta e duas maneiras de pensar diferente,de dançar diferente, de filosofias de vida diferentes. É uma riqueza extraordinária se todas forem consideradas como elementos que potenciam a união" (...) - são palavras, sábias, do co-fundador e diretor executivo da AD, o nosso grã-tabanqueiro e amigo Pepito, para quem mandamos uma saudação especial, em nome de toda a Tabanca Grande.
O artigo da revista (que viaja nos aviões da TAP) pode ser lido aqui.
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Nota do editor:
Último poste da série > 10 de setembro de 2011 > Guiné 63/74 - P8763: Notícias dos nossos amigos da AD - Bissau (21): Cerca de 200 ecoturistas visitaram o Parque Nacional do Cantanhez, este ano, de Janeiro a Junho
Guiné 63/74 - P9820: O Nosso Livro de Visitas (134): Rogé Henriques Guerreiro, que vive em Cascais, ex-1º cabo cripto, CCAÇ 4743 (Gadamael e Tite, 1972/74)
VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> O Jorge Rosales, régulo da Tabanca da Linha, e a Giselda Pessoa.
Foto: © Manuel Resende (2012) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados
1. Telefonou-me ontem o Rogé Henriques Guerreiro, que vive em Cascais, manifestando o seu desejo de entrar na Tabanca Grande. Conhece o Fernando Santos (ex-militar da Marinha, segundo percebi, que terá passado também pelo TO da Guiné) e o Rogério Cardoso, os quais têm insitido com ele para entrar para o blogue. Ainda não se sente muito à vontade com o computador e a Internet. A mulher tem ido à nossa página no Facebook. Disse-me que ela tinha enviado o pedido para lá...
Mas vamos por partes: o Rogé é algarvio de Albufeira, mas vive há mais de meio século em Cascais. Foi 1º cabo cripto da açoriana CCAÇ 4743 (Gadamael e Tite, 1972/74). Ele esteve lá, na batalha de Gadamael. "Felizmente está vivo", mas como cripto passou mensagens com "mais de vinte nomes" de camaradas mortos, ou com pedidos a Bissau de caixões. Ele estava lá em maio/junho de 1973. Conheceu o inferno de Gadamael, os ataques, a vida nas valas, as deserções, etc. Esteve com os páras. Eram abastecidos por LDG. Tem histórias para contar. A companhia era conhecida por "meninos de Gadamael". O essencial do pessoal era dos Açores, só os quadros e os especialistas é que eram metroplitanos. Por essa razão o pessoal não se tem reunido ou nunca reuniu.
Palavra puxa palavra, disse-me que tinha jogado à bola, não só em Cacine (faziam jogatanas entre os açorianos de Gadamael contra os madeirenses de Cacine, "parece que só mandavam madeirenses e açorianos lá para o sul"...) como em Cascais. É daqui, da bola, que conhece - embora sem qualquer intimidade - o nosso camarada Jorge Rosales. Falei-lhe da Tabanca da Linha, de que o Rosales é o régulo. Quem, de resto, não conhece o grande Rosales, em Cascais ?
Bom, dei-lhe as dicas para ele entrar no blogue. Aguardo as fotos da praxe. A sua história fica já aqui meio alinhavada. Conta-me que estava inicialmente moblizado para a Angola. Um chico qualquer deu-lhe uma porrada, apanhou dez dias de detenção, o que mudou a sua vida: foi parar à Guiné... e a Gadamael. Também andou por lá perdido, indo a pé até Cacine (se eu bem percebi). Foram depois para Tite, na segunda parte da comissão. Falei-lhe do COP 5 e do Coutinho e Lima, que ele conhecia de nome. Já leu o livro dele.
Disse-lhe que, infelizmente, temos ainda poucas referências à sua companhia, a CCAÇ 4743. Esperamos que ele contribua para colmatar essa lacuna. Sê bem vindo, Rogé, à nossa Tabanca Grande!
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Nota do editor:
Último poste da série > 24 de abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9799: O Nosso Livro de Visitas (133): Maximino Guimarães Alves, ex-Radiotelegrafista do STM (Bissau, 1972/74)
Guiné 63/74 - P9819: VII Encontro Nacional da Tabanca Grande (17): Um momento alto: o lançamento do livro do Idálio Reis (Parte II): Mais fotos da sessão de autógrafos
VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> Sessão de lançamento do livro do Idálio Reis, "A CCAÇ 2317 na Guerra da Guiné - Gandembel / Ponte Balana" > O escritor e os seus ajudantes: da esquerda para a direita, Joaquim Gomes, José Teixeira e Giselda Pessoa. A intervenção oral do Idálio Reis será oportunamente publicada no nosso blogue.
VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> Sessão de lançamento do livro do Idálio Reis, "A CCAÇ 2317 na Guerra da Guiné - Gandembel / Ponte Balana" > Primeira parte da sua alocução.
Vídeo (2' 32''): Alojado em You Tube > Nhabijoes
VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> Sessão de lançamento do livro do Idálio Reis, "A CCAÇ 2317 na Guerra da Guiné - Gandembel / Ponte Balana" > O Silvério Lobo (Matosinhos), tendo atrás de si, na fila para o autógrafo, a Alice Carneiro (Alfragide / Amadora), o Manuel Lema Santos (Massamá /Sintra) e o José Barros Rocha (Penafiel).
VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> Sessão de lançamento do livro do Idálio Reis, "A CCAÇ 2317 na Guerra da Guiné - Gandembel / Ponte Balana" > O Carlos Eduardo (Porto), filho do nosso co-editor Eduardo Magalhães Ribeiro que, por sinal, aparece de costas na imagem.
VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> Sessão de lançamento do livro do Idálio Reis, "A CCAÇ 2317 na Guerra da Guiné - Gandembel / Ponte Balana" > O Jorge Araújo (Almada) e, atrás dele, com um sorriso de orelha a orelha, o nosso Hélder Sousa, colaborador permanente do nosso blogue.
VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> Sessão de lançamento do livro do Idálio Reis, "A CCAÇ 2317 na Guerra da Guiné - Gandembel / Ponte Balana" > O nosso fadista, e alentejano de Lisboa, José Luís Vacas de Carvalho, presença habitual dos nossos encontros, desde 2006 (Ameira, Montemor-o-Novo, que aliás é a sua terra natal).
VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> Sessão de lançamento do livro do Idálio Reis, "A CCAÇ 2317 na Guerra da Guiné - Gandembel / Ponte Balana" > O avô Benjamim Durães, que trouxe com ele cinco dos seus netinhos...
VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> Sessão de lançamento do livro do Idálio Reis, "A CCAÇ 2317 na Guerra da Guiné - Gandembel / Ponte Balana" > Isto é o que se chama "diretamente do produtor para o consumidor", sem intermediários parasitários, que fazem encarecer um livro n vezes mais... Temos de aprender com a experiência do Fernando Gouveia e do Idálio Reis em matéria de edição de autor... (Este livro, com cerca de 260 páginas, 30 fotografias, e capa brochada, e tiragem de 500 exemplares, ficou por menos de 4 euros, se não me engano!!!).... Há livros, no mercado, sobre a temática da guerra colonial caríssimos, inacessíveis à generalidade das nossas bolsas... A Tabanca Grande tem que começar a produzir os seus próprios livros, ou a apoiar a edição de autor. Aqui na foto, o Artur Soares (Figueira da Foz).
Fotos, vídeo e legendas: © Luís Graça (2012) / Blogue Luís Graça & Camaradas da
Guiné. Todos os direitos reservados
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Nota do editor:
Último poste da série > 27 de maio de 2012 > Guiné 63/74 - P9813: VII Encontro Nacional da Tabanca Grande (15): Um momento alto: o lançamento do livro do Idálio Reis (Parte I): um abraço solidário para todos os nossos amigos guineenses, na pessoa do Pepito e do Cherno Baldé, nossos grã-tabanqueiros, que estão em Bissau... Um voto de esperança e de confiança no futuro da Guiné-Bissau!!!
Marcadores:
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Idálio Reis,
J. L. Vacas de Carvalho,
Jorge Araújo,
Magalhães Ribeiro,
Ribeiro Agostinho,
VII Encontro da Tabanca Grande
sexta-feira, 27 de abril de 2012
Guiné 63/74 - P9818: Ser solidário (125): Jardim Infantil de Ingoré - Flor de Arroz - inaugurado no passado dia 6 de Abril (José Teixeira)
1. Mensagem do nosso camarada José Teixeira (ex-1.º Cabo Enf.º da CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70), com data de 25 de Abril de 2012:
Caros amigos editores do Blogue.
Acabo de receber do meu filho que como se sabe está na Guiné-Bissau em missão humanitária, a trabalhar no Hospital de Cumura a seguinte mensagem:
Acho que mais do que festejar, estou a viver o ideal de Abril na Guiné... 'a paz, o pão, habitação, saúde, educação'.
Beijinho num cravo
Tiago
Na realidade o que nós - os combatentes de Portugal na Guiné - podemos deixar para os vindouros da Guiné-Bissau como a última recordação de Portugal e naturalmente a que ficará registada na sua memória colectiva será o esforço de ajuda ao seu desenvolvimento.
A Associação Tabanca Pequena-Grupo de Amigos da Guiné-Bissau continua a apostar no apoio ao desenvolvimento da Guiné-Bissau em diversas áreas.
O apoio à pré-infância é também uma das nossas metas, como forma de ajudar a construir um futuro mais risonho.
Pode ler-se no Sítio da AD-Acção para o Desenvolvimento:
A Tabanca Pequena-Grupo de Amigos da Guiné-Bissau, enviou recentemente para o Jardim Infantil Flor de Arroz
- 4 volumes com livros infantis.
- 6 volumes com brinquedos.
- 2 volumes com roupa de criança. nota.
Abraço fraterno
Zé Teixeira
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 27 de Abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9815: Ser solidário (124): A venda do livro "Orando em Verso" no nosso VII Encontro (Joaquim Mexia Alves)
Caros amigos editores do Blogue.
Acabo de receber do meu filho que como se sabe está na Guiné-Bissau em missão humanitária, a trabalhar no Hospital de Cumura a seguinte mensagem:
Acho que mais do que festejar, estou a viver o ideal de Abril na Guiné... 'a paz, o pão, habitação, saúde, educação'.
Beijinho num cravo
Tiago
Na realidade o que nós - os combatentes de Portugal na Guiné - podemos deixar para os vindouros da Guiné-Bissau como a última recordação de Portugal e naturalmente a que ficará registada na sua memória colectiva será o esforço de ajuda ao seu desenvolvimento.
A Associação Tabanca Pequena-Grupo de Amigos da Guiné-Bissau continua a apostar no apoio ao desenvolvimento da Guiné-Bissau em diversas áreas.
O apoio à pré-infância é também uma das nossas metas, como forma de ajudar a construir um futuro mais risonho.
Pode ler-se no Sítio da AD-Acção para o Desenvolvimento:
A Tabanca Pequena-Grupo de Amigos da Guiné-Bissau, enviou recentemente para o Jardim Infantil Flor de Arroz
- 4 volumes com livros infantis.
- 6 volumes com brinquedos.
- 2 volumes com roupa de criança. nota.
Abraço fraterno
Zé Teixeira
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 27 de Abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9815: Ser solidário (124): A venda do livro "Orando em Verso" no nosso VII Encontro (Joaquim Mexia Alves)
Guiné 63/74 - P9817: Tabanca Grande: oito anos a blogar (15): Mensagem do Cherno Baldé, num momento de dor mas também de esperança para o povo guineense
1. Mensagem do Cherno Baldé, enviada às 15h56 de hoje, a propósito do poste P9813:
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Nota do editor:
Último poste da série > 27 de abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9812: Tabanca Grande: oito anos a blogar (14): Mensagens dos nossos camaradas Juvenal Amado e Silva da CART 1689
Caro Luis Graça e Editores da TG,
Vi as imagens, senti o calor do abraço e quase que vivi a emoção da mensagem e do sentimento de solidariedade dos Camaradas para com a Guiné e aos Guineenses que neste momento vivem, com paciencia e sem perder a cabeça, um momento de dor mas também de esperança num futuro melhor.
Apesar da situação vigente no nosso país e, sem estarmos fisicamente presentes no convivio, foi com muita satisfação que acompanhamos a festa anual da nossa Tabanca em Monte Real.
Graças as imagens dos encontros vamos conhecendo alguns rostos das pessoas com as quais nos vamos cruzando com alguma frequencia nos debates e comentários do Blogue.
Deixo aqui os meus agradecimentos ao Idálio Reis, aos Editores da nossa Tabanca Grande, em especial ao Luis e Carlos Vinhal, pelo significado simbolico da oferta e por se terem lembrado de nós, neste importante encontro de fraternidade dos amigos da Guiné.
Termino, desejando saude e longa vida aos antigos combatentes, na certeza de que para o próximo encontro ainda seremos mais numerosos e mais solidários.
Um grande abraço, Cherno Baldé.
Vi as imagens, senti o calor do abraço e quase que vivi a emoção da mensagem e do sentimento de solidariedade dos Camaradas para com a Guiné e aos Guineenses que neste momento vivem, com paciencia e sem perder a cabeça, um momento de dor mas também de esperança num futuro melhor.
Apesar da situação vigente no nosso país e, sem estarmos fisicamente presentes no convivio, foi com muita satisfação que acompanhamos a festa anual da nossa Tabanca em Monte Real.
Graças as imagens dos encontros vamos conhecendo alguns rostos das pessoas com as quais nos vamos cruzando com alguma frequencia nos debates e comentários do Blogue.
Deixo aqui os meus agradecimentos ao Idálio Reis, aos Editores da nossa Tabanca Grande, em especial ao Luis e Carlos Vinhal, pelo significado simbolico da oferta e por se terem lembrado de nós, neste importante encontro de fraternidade dos amigos da Guiné.
Termino, desejando saude e longa vida aos antigos combatentes, na certeza de que para o próximo encontro ainda seremos mais numerosos e mais solidários.
Um grande abraço, Cherno Baldé.
Nota do editor:
Último poste da série > 27 de abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9812: Tabanca Grande: oito anos a blogar (14): Mensagens dos nossos camaradas Juvenal Amado e Silva da CART 1689
Guiné 63/74 - P9816: Memória dos lugares (183): STM - Aldeia Formosa e Bissau (Álvaro Vasconcelos)
1. Mensagem do nosso camarada Álvaro Vasconcelos*, 1.º Cabo Transmissões do STM, Aldeia Formosa e Bissau, 1970/72, com data de 17 de Abril de 2012:
Amigo e Camarada Carlos Vinhal.
No "fundo do baú", encontrei o que de seguida descrevo com a devida permissão de aceitamento:
Esta fotografia de camaradas que compunham a equipa de futebol que tomou parte num torneio inter-companhias, no ano de formação do Agrupamento de Transmissões da Guiné, reporto-me a Novembro de 1971.
Que "ronco" hein!... Na foto estamos 14 elementos da Arma de Transmissões e a grande maioria era do STM: Centro Emissor, Centro Receptor e Centro de Escuta.
Eu sou último da direita. Alguns deles embarcaram comigo, em rendição individual, no "Carvalho Araújo" em Julho de 1970: por exemplo o Marques, um camarada de Braga que não encontro há muitos anos, é o primeiro da esquerda, dos que estamos de joelho em terra!
Nesta fotografia, de menor qualidade em termos de definição*, estou com o camarada Agostinho Barbosa, também Radiotelegrafista do STM, numa apresentação dos "utensílios" onde transportávamos o "rancho" que íamos buscar à cozinha da CCS em Aldeia Formosa.
Na travessa que eu portava, serviam-nos o "conduto", na "lata de chouriços", transportava-se a sopa: o Agostinho leva o "casqueiro" (o pão) na mão esquerda e o "Baco" (com a graça de Deus) na direita.
Era a refeição de almoço para a malta do Posto de Rádio do STM, composto por quatro elementos a saber:
N.º Mec 14449460 - Agostinho Barbosa;
N.º Mec 17056768 (a "velhice" - António M. Silva Monteiro;
N.º Mec 19949269 - Adriano Duarte Costa
e eu, o N.º Mec 08025769.
E por último uma Guia de Entrega do nosso "pré", respeitante a Fevereiro de 1971 !...
Um abraço do tamanho da Tabanca Grande
Álvaro Vasconcelos
____________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 6 de Março de 2012 > Guiné 63/74 - P9568: O PIFAS, de saudosa memória (6): Recebia, via Marconi, a chave do Totobola e transmitia-a depois ao camarada João Paulo Diniz, do PFA (Álvaro Vasconcelos, Centro Recetor do Agrupamento de Transmissões de Bissau, jun 71/jul 72)
Vd. último poste da série de 19 de Abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9772: Memória dos lugares (182): O Xime - Esclarecimentos (Sousa de Castro)
Guiné 63/74 - P9815: Ser solidário (124): A venda do livro "Orando em Verso" no nosso VII Encontro (Joaquim Mexia Alves)
1. Mensagem do nosso camarigo Joaquim Mexia Alves, autor do livro Orando em
Verso*, com data de 23 de Abril de 2012:
Meus camarigos editores
Para os fins que acharem convenientes, reencaminho mail que hoje enviei ao pároco da Marinha Grande, Pe. Armindo Ferreira e ao Vigário paroquial da Marinha Grande, Pe. Pedro Viva.
Obrigado por tudo.
Um abraço amigo do
Joaquim Mexia Alves
2. Mensagem encaminhada
De: Joaquim Alves
Data: 23 de Abril de 2012
Assunto: "Orando em Verso"
Caros amigos Pe. Armindo e Pe. Pedro
No Sábado estive reunido com cerca de 180 combatentes da Guiné, (como eu sou também), num almoço que reuniu diversas idades e experiências da guerra.
Mais intensas umas, menos intensas outras, são no entanto memórias que nos estão marcadas indelevelmente, mas que nos levam a uma amizade e camaradagem, que ultrapassa a "normal" relação entre homens que se conhecem.
De diferentes pensares e de diferentes "politicas", isso não nos impede de termos uma união que é marcada pelas dificuldades que passámos e sobretudo pela entreajuda que sempre foi constante entre nós, porque afinal, colocávamos as nossas vidas nas mãos de quem estava ao nosso lado.
Vem esta conversa toda, com o fim de vos dar a conhecer o facto de que a solidariedade entre nós não é palavra vã, e por isso mesmo, no Sábado, mais de 40 camarigos, (como nos chamamos e que é a ligação da palavra camarada com amigo), compraram o livro "Orando em Verso", sobretudo tendo em vista o fim a que se destina a receita da venda do mesmo.
Por isso, junto de vós, dou testemunho da minha gratidão a estes meus camarigos, sabendo que a Paróquia da Marinha Grande também lhes fica muito grata.
Deste mail dou conhecimento aos editores do nosso blogue, Luís Graça & Camaradas da Guiné, para que saibam que o seu gesto foi devidamente apreciado e agradecido.
3. Para os interessados em adquirir o livro Oração em Verso
Valor do livro mais portes: 10,00€ + 1,26€ = 11,26€
O NIB da conta da Paróquia da Marinha Grande para onde deve fazer a transferência é o seguinte: 003504410000378623020
Se pretender fazer o pagamento de outra forma, por favor informe-nos qual.
Agradecemos que nos envie por esta via um comprovativo da transferência e de imediato faremos o envio do livro. Para tal precisamos do nome, morada e código postal, que agradecemos nos indique na sua resposta.
Agradecemos ainda que nos informe se deseja o livro autografado pelo autor.
Muito obrigado, mais uma vez. A paróquia da Marinha Grande e o autor do livro muito agradecem.
Esta encomenda no caso dos nossos camarigos pode ser feita para o meu mail habitual joquim.alves@gmail.com ou, preferentemente para o mail orandoemverso@gmail.com
Nos dois casos, sou eu sempre que respondo.
Grande abraço e obrigado do coração.
Joaquim
____________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 8 de Abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9715: Agenda cultural (194): Lançamento do livro de Joaquim Mexia Alves, Orando em Verso, dia 14 de Abril de 2012, pelas 15 horas no Pavilhão do Museu Joaquim Correia, na Marinha Grande
Vd. último poste da série de 17 de Abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9761: Ser solidário (123): Venda do livro "Orando em Verso" a favor da construção do Centro Pastoral da Marinha Grande (Joaquim Mexia Alves)
Meus camarigos editores
Para os fins que acharem convenientes, reencaminho mail que hoje enviei ao pároco da Marinha Grande, Pe. Armindo Ferreira e ao Vigário paroquial da Marinha Grande, Pe. Pedro Viva.
Obrigado por tudo.
Um abraço amigo do
Joaquim Mexia Alves
2. Mensagem encaminhada
De: Joaquim Alves
Data: 23 de Abril de 2012
Assunto: "Orando em Verso"
Caros amigos Pe. Armindo e Pe. Pedro
No Sábado estive reunido com cerca de 180 combatentes da Guiné, (como eu sou também), num almoço que reuniu diversas idades e experiências da guerra.
Mais intensas umas, menos intensas outras, são no entanto memórias que nos estão marcadas indelevelmente, mas que nos levam a uma amizade e camaradagem, que ultrapassa a "normal" relação entre homens que se conhecem.
De diferentes pensares e de diferentes "politicas", isso não nos impede de termos uma união que é marcada pelas dificuldades que passámos e sobretudo pela entreajuda que sempre foi constante entre nós, porque afinal, colocávamos as nossas vidas nas mãos de quem estava ao nosso lado.
Vem esta conversa toda, com o fim de vos dar a conhecer o facto de que a solidariedade entre nós não é palavra vã, e por isso mesmo, no Sábado, mais de 40 camarigos, (como nos chamamos e que é a ligação da palavra camarada com amigo), compraram o livro "Orando em Verso", sobretudo tendo em vista o fim a que se destina a receita da venda do mesmo.
Por isso, junto de vós, dou testemunho da minha gratidão a estes meus camarigos, sabendo que a Paróquia da Marinha Grande também lhes fica muito grata.
Deste mail dou conhecimento aos editores do nosso blogue, Luís Graça & Camaradas da Guiné, para que saibam que o seu gesto foi devidamente apreciado e agradecido.
3. Para os interessados em adquirir o livro Oração em Verso
Valor do livro mais portes: 10,00€ + 1,26€ = 11,26€
O NIB da conta da Paróquia da Marinha Grande para onde deve fazer a transferência é o seguinte: 003504410000378623020
Se pretender fazer o pagamento de outra forma, por favor informe-nos qual.
Agradecemos que nos envie por esta via um comprovativo da transferência e de imediato faremos o envio do livro. Para tal precisamos do nome, morada e código postal, que agradecemos nos indique na sua resposta.
Agradecemos ainda que nos informe se deseja o livro autografado pelo autor.
Muito obrigado, mais uma vez. A paróquia da Marinha Grande e o autor do livro muito agradecem.
Esta encomenda no caso dos nossos camarigos pode ser feita para o meu mail habitual joquim.alves@gmail.com ou, preferentemente para o mail orandoemverso@gmail.com
Nos dois casos, sou eu sempre que respondo.
Grande abraço e obrigado do coração.
Joaquim
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Notas de CV:
(*) Vd. poste de 8 de Abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9715: Agenda cultural (194): Lançamento do livro de Joaquim Mexia Alves, Orando em Verso, dia 14 de Abril de 2012, pelas 15 horas no Pavilhão do Museu Joaquim Correia, na Marinha Grande
Vd. último poste da série de 17 de Abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9761: Ser solidário (123): Venda do livro "Orando em Verso" a favor da construção do Centro Pastoral da Marinha Grande (Joaquim Mexia Alves)
Guiné 63/74 - P9814: Notas de leitura (355): Manuel Pinto de Andrade, Amílcar Cabral e o PAIGC (Mário Beja Santos)
1. Mensagem de Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70) com data de 19 de Março de 2012:
Queridos amigos,
O intuito é deixar registado tudo quanto se escreveu que se prende com os acontecimentos guineenses e a guerra em que participámos.
Mário Pinto de Andrade é uma das raras figuras de pensamento profundo ligado a uma obra teórica, podemos juntá-lo a Amílcar Cabral, Viriato da Cruz e Eduardo Mondlane, não vejo, contingência das minhas limitações, outros nomes que possam ser postos na primeira linha do pensamento e da ação anticolonial “A geração de Cabral” é um texto muito belo, uma elegia proferida escassas semanas depois do desaparecimento do fundador do PAIGC; o segundo texto é mais comedido e expende conceitos já amplamente difundidos sobre a originalidade do pensamento de Cabral. Valem como documentos históricos de 1973 e 1974.
Um abraço do
Mário
Mário Pinto de Andrade, Amílcar Cabral e o PAIGC
Beja Santos
Graças à indefectível estima de António Duarte Silva, que está sempre disponível para abrir mão do seu baú de preciosidades, acabo de ler dois textos de Mário Pinto de Andrade em que evoca, no primeiro caso, a geração de Cabral, e, no outro caso uma comunicação sobre a natureza da guerra em curso na Guiné-Bissau. São documentos que hoje não trazem grandes novidades ao leitor, historiadores como o próprio António Duarte Silva, ou Julião Soares Sousa ou Leopoldo Amado referem-nos pela sua importância e significado. O primeiro está datado de 1973, precisamente em 8 de Fevereiro (atenda-se que Cabral fora assassinado em 20 de Janeiro), trata-se de uma palestra proferida na Escola-Piloto do PAIGC em Conacri e o segundo versa uma comunicação feita por Andrade no 24.º Congresso Internacional de Sociologia, que se realizou em Argel em Março de 1974 e com o título “Aspetos de sociologia da guerra do povo na Guiné-Bissau: alguns conceitos da estratégia revolucionária de Amílcar Cabral”.
Em “A geração de Cabral”, o dirigente do MPLA e que manteve uma relação constante de profunda estima e companheirismo com Cabral, debruçou-se sobre os tempos de Lisboa, quando os estudantes africanos, no pós-guerra partilharam anseios e expetativas para a criação de condições que levassem à organização de movimentos independentistas. A sua elegia começa em 1948 e ele recorda: “Lembro-me perfeitamente: o acaso quis que alguns camaradas angolanos, que faziam os seus estudos em Lisboa, habitassem num bairro (o bairro da Ajuda) onde estava situado o Instituto Superior de Agronomia”. Descreve os principais acontecimentos políticos internos, a vida e os estudos universitários e as preocupações da africanidade, todos eles começam a definir e a sua identidade de estudantes africanos em repúdio pela permanente referência dos manuais portugueses falarem em civilização superior, omitindo sempre o conhecimento da cultura e da identidade de cada uma das colónias. Era um grupo de que faziam parte Marcelino dos Santos, Agostinho Neto, Eduardo Mondlane, Francisco Tenreiro e Vasco Cabral. Aludiu depois à tentativa de introduzirem uma nova dinâmica na Casa dos Estudantes do Império, diligência que não teve sucesso. Todos eles seguiam o que se passava com a revolução chinesa, comentavam os sucessos da URSS, a tomada de posições dos negros nos EUA, liam Jorge Amado e poetas como Nicolás Guillén.
Não tendo tido sucesso com a Casa dos Estudantes do Império, dirigiram-se para outra organização, a Casa de África, aqui se constituiu uma vida de debates e reuniões, foi aqui que nasceu o Centro de Estudos Africanos, em 1951. E escreve: “Pedimos a uma família de S. Tomé, que tinha um grande salão (lembro-me perfeitamente na rua em que essa casa se situava – era na rua Actor Vale, n.º 37), que nos possibilitasse a realização das nossas reuniões. O Centro de Estudos Africanos era o centro das nossas conversas sobre África: aí estudávamos a geografia, a história, a literatura, as nossas línguas, os nossos problemas políticos”. Depois Cabral foi trabalhar no recenseamento agrícola na Guiné, em finais de 1952. Em 1953, ouve uma revolta em S. Tomé que teve como resultado um massacre de mais de 1000 pessoas numa população de 60 mil. O Centro de Estudos Africanos denunciou esse massacre. Cabral seguiu para Angola onde contribuiu para fundar o MPLA, porém antes tinha também trabalhado para a formação do PLUA – Partida da Luta Unida dos Povos Africanos de Angola. Em 1957, Cabral encontra-se com outros amigos em paris para estudar o desenvolvimento da luta nas colónias portuguesas, vem depois a Lisboa e fundou com outros o MAC – Movimento Anticolonialista.
Para Mário de Andrade, neste período Cabral era um verdadeiro emissário da evolução para onde quer que se deslocasse. A elegia prossegue com o surto de independências em África e a partida de Cabral para o norte de África e depois para Conacri. E assim termina: “Camaradas, quando a morte nos surpreender, quando desaparecerem aqueles patriotas da primeira hora, lembrem-se que a geração de Cabral não viveu inutilmente. Ela lutou duramente para criar as condições que permitissem aos homens viverem livres nas nossas terras”. A conferência proferida em Argel passa em revista a guerrilha, a lição vietnamita e a análise das condições históricas do colonialismo português. O que, no pensar de Andrade, garantiu sucesso da luta na Guiné foi em primeiro lugar a capacidade de Cabral a adaptar os conceitos teóricos repondo-os numa lógica da sociedade guineense. Recorda como esses conceitos heterodoxos foram apresentados na Conferência Tricontinental de Havana em que Cabral, para escândalo de alguns, reformulou o conceito da luta de classes, de cultura nacional, da essência do partido dirigente, pondo em paridade a luta de libertação com o fator cultural. Tornava-se flagrante o revisionismo do pensamento de Lenine, mas Cabral foi habilidoso na referência: “Toda a luta é uma experiência nova, qualquer que seja a soma de conhecimentos teóricos ou de experiências práticas que lhe digam respeito. Toda a luta implica um certo grau de empirismo, mas não é necessário inventar o que já o foi; é preciso criar nas condições concretas com que a luta é confrontada. Ainda aí, a lição de Lenine é pertinente: ele tinha horror tanto ao empirismo cego como aos dogmas (…) Para criar, numa luta, é preciso conduzi-la, é necessário desenvolver todos os esforços e aceitar os sacrifícios necessários. A luta não é feita de palavras, mas pela ação quotidiana, organizada e disciplinada, de todos os elementos válidos. A atividade múltipla desenvolvida por Lenine no decurso de uma longa luta é um exemplo de continuidade e de consequência, de esforços e de sacrifícios, assim como da capacidade para mobilizar as forças necessárias no tempo e no espaço necessários”.
Mário Pinto de Andrade não escondia a admiração incontida por Cabral: “O tempo há-de nos revelar todas as facetas e implicações operatórias da estratégia revolucionária da sua obra. Nenhuma dúvida nos resta que a obra de Cabral está já criando raízes no património de todos os militantes, para o verdadeiro regresso à história do Terceiro Mundo”.
____________
Nota de CV:
Vd. último poste da série de 23 de Abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9789: Notas de leitura (354): "Um Demorado Olhar Sobre Cabo Verde", por Jorge Querido (2) (Mário Beja Santos)
Queridos amigos,
O intuito é deixar registado tudo quanto se escreveu que se prende com os acontecimentos guineenses e a guerra em que participámos.
Mário Pinto de Andrade é uma das raras figuras de pensamento profundo ligado a uma obra teórica, podemos juntá-lo a Amílcar Cabral, Viriato da Cruz e Eduardo Mondlane, não vejo, contingência das minhas limitações, outros nomes que possam ser postos na primeira linha do pensamento e da ação anticolonial “A geração de Cabral” é um texto muito belo, uma elegia proferida escassas semanas depois do desaparecimento do fundador do PAIGC; o segundo texto é mais comedido e expende conceitos já amplamente difundidos sobre a originalidade do pensamento de Cabral. Valem como documentos históricos de 1973 e 1974.
Um abraço do
Mário
Mário Pinto de Andrade, Amílcar Cabral e o PAIGC
Beja Santos
Graças à indefectível estima de António Duarte Silva, que está sempre disponível para abrir mão do seu baú de preciosidades, acabo de ler dois textos de Mário Pinto de Andrade em que evoca, no primeiro caso, a geração de Cabral, e, no outro caso uma comunicação sobre a natureza da guerra em curso na Guiné-Bissau. São documentos que hoje não trazem grandes novidades ao leitor, historiadores como o próprio António Duarte Silva, ou Julião Soares Sousa ou Leopoldo Amado referem-nos pela sua importância e significado. O primeiro está datado de 1973, precisamente em 8 de Fevereiro (atenda-se que Cabral fora assassinado em 20 de Janeiro), trata-se de uma palestra proferida na Escola-Piloto do PAIGC em Conacri e o segundo versa uma comunicação feita por Andrade no 24.º Congresso Internacional de Sociologia, que se realizou em Argel em Março de 1974 e com o título “Aspetos de sociologia da guerra do povo na Guiné-Bissau: alguns conceitos da estratégia revolucionária de Amílcar Cabral”.
Em “A geração de Cabral”, o dirigente do MPLA e que manteve uma relação constante de profunda estima e companheirismo com Cabral, debruçou-se sobre os tempos de Lisboa, quando os estudantes africanos, no pós-guerra partilharam anseios e expetativas para a criação de condições que levassem à organização de movimentos independentistas. A sua elegia começa em 1948 e ele recorda: “Lembro-me perfeitamente: o acaso quis que alguns camaradas angolanos, que faziam os seus estudos em Lisboa, habitassem num bairro (o bairro da Ajuda) onde estava situado o Instituto Superior de Agronomia”. Descreve os principais acontecimentos políticos internos, a vida e os estudos universitários e as preocupações da africanidade, todos eles começam a definir e a sua identidade de estudantes africanos em repúdio pela permanente referência dos manuais portugueses falarem em civilização superior, omitindo sempre o conhecimento da cultura e da identidade de cada uma das colónias. Era um grupo de que faziam parte Marcelino dos Santos, Agostinho Neto, Eduardo Mondlane, Francisco Tenreiro e Vasco Cabral. Aludiu depois à tentativa de introduzirem uma nova dinâmica na Casa dos Estudantes do Império, diligência que não teve sucesso. Todos eles seguiam o que se passava com a revolução chinesa, comentavam os sucessos da URSS, a tomada de posições dos negros nos EUA, liam Jorge Amado e poetas como Nicolás Guillén.
Não tendo tido sucesso com a Casa dos Estudantes do Império, dirigiram-se para outra organização, a Casa de África, aqui se constituiu uma vida de debates e reuniões, foi aqui que nasceu o Centro de Estudos Africanos, em 1951. E escreve: “Pedimos a uma família de S. Tomé, que tinha um grande salão (lembro-me perfeitamente na rua em que essa casa se situava – era na rua Actor Vale, n.º 37), que nos possibilitasse a realização das nossas reuniões. O Centro de Estudos Africanos era o centro das nossas conversas sobre África: aí estudávamos a geografia, a história, a literatura, as nossas línguas, os nossos problemas políticos”. Depois Cabral foi trabalhar no recenseamento agrícola na Guiné, em finais de 1952. Em 1953, ouve uma revolta em S. Tomé que teve como resultado um massacre de mais de 1000 pessoas numa população de 60 mil. O Centro de Estudos Africanos denunciou esse massacre. Cabral seguiu para Angola onde contribuiu para fundar o MPLA, porém antes tinha também trabalhado para a formação do PLUA – Partida da Luta Unida dos Povos Africanos de Angola. Em 1957, Cabral encontra-se com outros amigos em paris para estudar o desenvolvimento da luta nas colónias portuguesas, vem depois a Lisboa e fundou com outros o MAC – Movimento Anticolonialista.
Para Mário de Andrade, neste período Cabral era um verdadeiro emissário da evolução para onde quer que se deslocasse. A elegia prossegue com o surto de independências em África e a partida de Cabral para o norte de África e depois para Conacri. E assim termina: “Camaradas, quando a morte nos surpreender, quando desaparecerem aqueles patriotas da primeira hora, lembrem-se que a geração de Cabral não viveu inutilmente. Ela lutou duramente para criar as condições que permitissem aos homens viverem livres nas nossas terras”. A conferência proferida em Argel passa em revista a guerrilha, a lição vietnamita e a análise das condições históricas do colonialismo português. O que, no pensar de Andrade, garantiu sucesso da luta na Guiné foi em primeiro lugar a capacidade de Cabral a adaptar os conceitos teóricos repondo-os numa lógica da sociedade guineense. Recorda como esses conceitos heterodoxos foram apresentados na Conferência Tricontinental de Havana em que Cabral, para escândalo de alguns, reformulou o conceito da luta de classes, de cultura nacional, da essência do partido dirigente, pondo em paridade a luta de libertação com o fator cultural. Tornava-se flagrante o revisionismo do pensamento de Lenine, mas Cabral foi habilidoso na referência: “Toda a luta é uma experiência nova, qualquer que seja a soma de conhecimentos teóricos ou de experiências práticas que lhe digam respeito. Toda a luta implica um certo grau de empirismo, mas não é necessário inventar o que já o foi; é preciso criar nas condições concretas com que a luta é confrontada. Ainda aí, a lição de Lenine é pertinente: ele tinha horror tanto ao empirismo cego como aos dogmas (…) Para criar, numa luta, é preciso conduzi-la, é necessário desenvolver todos os esforços e aceitar os sacrifícios necessários. A luta não é feita de palavras, mas pela ação quotidiana, organizada e disciplinada, de todos os elementos válidos. A atividade múltipla desenvolvida por Lenine no decurso de uma longa luta é um exemplo de continuidade e de consequência, de esforços e de sacrifícios, assim como da capacidade para mobilizar as forças necessárias no tempo e no espaço necessários”.
Mário Pinto de Andrade não escondia a admiração incontida por Cabral: “O tempo há-de nos revelar todas as facetas e implicações operatórias da estratégia revolucionária da sua obra. Nenhuma dúvida nos resta que a obra de Cabral está já criando raízes no património de todos os militantes, para o verdadeiro regresso à história do Terceiro Mundo”.
____________
Nota de CV:
Vd. último poste da série de 23 de Abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9789: Notas de leitura (354): "Um Demorado Olhar Sobre Cabo Verde", por Jorge Querido (2) (Mário Beja Santos)
Guiné 63/74 - P9813: VII Encontro Nacional da Tabanca Grande (16): Um momento alto: o lançamento do livro do Idálio Reis (Parte I): um abraço solidário para todos os nossos amigos guineenses, na pessoa do Pepito e do Cherno Baldé, nossos grã-tabanqueiros, que estão em Bissau... Um voto de esperança e de confiança no futuro da Guiné-Bissau!!!
Esteve no encontro mas faltou à foto de grupo o José Ferreira da Silva (ex-Fur Mil Op Esp da CART 1689/BART 1913, Fá, Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69)... Faltou também o Alberto Branquinho, que desta vez não poude comparecer ao encontro.Faltou também, infelizmente para sempre, o João Barge (1944-2010)... Faltaram outros camaradas ligados à história de Gandembel, de 1968/69 (os páras do BCP 12, as enfermeiras pára-quedistas, embora uns e outros estivessem representados, e bem, no nosso encontro, etc.).
VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> Sessão de lançamento do livro do Idálio Reis, "A CCAÇ 2317 na Guerra da Guiné - Gandembel / Ponte Balana" > Duas ex-enfermeira pára-quedista Natércia Neves (à direita) e Giselda Pessoa (à esquerda), ambas do mesmo curso. Nenhuma delas conheceu a Gandembel/Ponte Balana do tempo da CCAÇ 2317...
VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> Lendo (e comentando para mim) o livro do Idálio... O Hugo é um dos sobreviventes de Gandambel / Ponte Balana... Hoje, 27, dia dos seus anos, escrevi-lhe o seguinte bilhetinho:
"Meu caro Hugo: Foi com alegria que te revi em Monte Real, em companhia da tua sempre efusiva Ema e desta vez com um dos teus netos... Foi bonito teres trazido um dos teus netos. Temos um dever de memória para com os nossos descendentes. Gostei particularmente de te ver a perguntar ao neto onde estavas numa das fotos do livro do Idálio Reis, sobre Gandembel. E o puto não teve dúvidas em indicar, no meio da molhada, o então lingrinhas Hugo Guerra, comandante do Pel Caç Nat 55, a tomar o seu banho à fula... Que ternura, a tua, e que cumplicidade, notei eu no teu sorriso de avô babado!
"O tempo é o mais precioso recurso, juntamente com a saúde, que temos. O tempo em Monte Real foi escasso para estar contigo e com cada um dos grã-tabanqueiros. Mas gostei de falar contigo. O que eu aprendi sobre Gandembel/ Balana!... Percebi a grande estima e admiração que tinhas para com o malogrado João Barge...E mais não direi: ficaste de, assente o pó do nosso VII Encontro Nacional, me de mandares algumas das tuas memórias desse tempo...
"Hoje quero-te felicitar pelo teu dia, desejar-te as melhoras da tua saúde, e fazer votos para que a gente se encontre, de novo, um dia destes. Em boa forma! Parabéns, Hugo, herói de Gandembel e Ponte Balana!
"PS - Com a Ema mal falei, mas dei-lhe os parabéns, por ter concluído, com sucesso, a sua licenciatura em serviço social. É uma mulher de armas!... Um beijinho para ti, Ema. E cuida-me bem desse gandembelense, um exemplar de uma espécie em vias de... extinção".
VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> A mesa da FAP: ao centro, em segundo plano, entre a Giselda e o Miguel Pessoa, o Victor Tavares, ex-1º cabo pára (CCP 121 / BCP 12, Bissalanca, 1972/74, um homem que conheceu alguns dos mais duros e trágicos cenários da guerra da Guiné: Gampará, Guidage, Guileje, Gadamael, quatro topónimos começados por G, tal como Gandembel, que já não é do seu tempo...).
De costas, o António Martins Matos (AMM) e o Jorge Narciso (, ex-1º cabo especialista, BA 12, 1969/70). À esquerda deste, de perfil, o Jaime Brandão e o Carlos Campos, ambos pilotos, tal como o AMM.
VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> O Victor Tavares, à direita, com o antigo comandante do COP 5, Coutinho e Lima (até à retirada de Guileje, em 22 de maio de 1973)... De que falarão estes dois veteranos ?...
"Meu caro Hugo: Foi com alegria que te revi em Monte Real, em companhia da tua sempre efusiva Ema e desta vez com um dos teus netos... Foi bonito teres trazido um dos teus netos. Temos um dever de memória para com os nossos descendentes. Gostei particularmente de te ver a perguntar ao neto onde estavas numa das fotos do livro do Idálio Reis, sobre Gandembel. E o puto não teve dúvidas em indicar, no meio da molhada, o então lingrinhas Hugo Guerra, comandante do Pel Caç Nat 55, a tomar o seu banho à fula... Que ternura, a tua, e que cumplicidade, notei eu no teu sorriso de avô babado!
"O tempo é o mais precioso recurso, juntamente com a saúde, que temos. O tempo em Monte Real foi escasso para estar contigo e com cada um dos grã-tabanqueiros. Mas gostei de falar contigo. O que eu aprendi sobre Gandembel/ Balana!... Percebi a grande estima e admiração que tinhas para com o malogrado João Barge...E mais não direi: ficaste de, assente o pó do nosso VII Encontro Nacional, me de mandares algumas das tuas memórias desse tempo...
"Hoje quero-te felicitar pelo teu dia, desejar-te as melhoras da tua saúde, e fazer votos para que a gente se encontre, de novo, um dia destes. Em boa forma! Parabéns, Hugo, herói de Gandembel e Ponte Balana!
"PS - Com a Ema mal falei, mas dei-lhe os parabéns, por ter concluído, com sucesso, a sua licenciatura em serviço social. É uma mulher de armas!... Um beijinho para ti, Ema. E cuida-me bem desse gandembelense, um exemplar de uma espécie em vias de... extinção".
VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> Sessão de lançamento do livro do Idálio Reis, "A CCAÇ 2317 na Guerra da Guiné - Gandembel / Ponte Balana" > Em primeiro plano, o Idálio e o Carlos Pires (Amadora), um guineense nado e criado na antigo território português (Filho de comerciantes, fez lá, no TO da Guiné, o seu serviço militar. A Guiné é e será sempre a "sua terra"). Em segundo plano, a nossa querida Giselda Pessoa e o nosso camarigo Joaquim Gomes, dois "ajudantes adhoc" do nosso escritor, nesta sessão de autógrafos.
VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> Sessão de lançamento do livro do Idálio Reis, "A CCAÇ 2317 na Guerra da Guiné - Gandembel / Ponte Balana" > Dedicatórias a dois grandes guineenses, e grã-tabanqueiros, o Pepito e o Cherno Baldé quem foram particularmente lembrados e acarinhados neste dia. Eu tenho em meu poder os livros autografados pelo Idálio Reis, esperando a melhor oportunidade para os enviar pelo correio. Com um voto de esperança e de confiança no futuro da Guiné-Bissau!... Já hoje telefonei ao Pepito: estava no norte da Guiné! Como sempre, um homem que transborda otimismo pelos poros da pele!...
Fotos (e legendas): © Luís Graça (2012) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados
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Nota do editor:
Último poste da série > 24 de abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9794: VII Encontro Nacional da Tabanca Grande (14): Tanta gente, camarigos! (Fotos de Jorge Canhão)
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