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quinta-feira, 3 de outubro de 2024

Guiné 61/74 - P26007: Manuscrito(s) (Luís Graça) (256): Porto Santo, e a África aqui tão perto - Parte I


 Foto nº 1  > ~Cidade de Port0 Santo > "Moldura de Porto Santos" > A praia, deslumbrante, tem um areal de 9 km do Boqueirão de Cima, a nordeste (Ilhéu de Cima) ao Boqueirão de Baixo, a sudoeste (Ilhéu de Baioxo ou da Cal). Nesta imagem, vê-ase metade da praia, com o Ilhéud e Cima, ao fundo.


Foto nº 2 > Vila Baleira (hoje cidade do Porto Santo) > O Cais Velho de Porto Santo, uma relíquia do passado: aqui desembarcavam mercadorias e passageiros. Hoje é apenas uma prancha de saltos, um local de passeio e lazer, prolongamento do Jardim Avenida Infante Dom Henrique  (vd. foto nº 3) (A construção do Cais Velho data de 1929; tem mais de 100 metros de comprimento e oito de largura; hoje é ladeado de candeeiros públicos.)



Foto nº 3 > Vial Baleira > Jardim Avenida Infrante Dom Henrique


Foto nº 4 > A estrada que dá aceso à Quinta das Palmeiras (Minizoo botânico)


Foto nº 5 > Porto Santo > Ponbta da Calheta > Miradouro das Flores > Vista da parte sul da ilha (talvez o melhor miradouro da ilha): ao fundo, o atual Porto de Abrigo (er Marina), e o Ilhéu de CVima. Daqui até à Madeira são 75 km (2h15 m de barco)


Foto nº 6 > Porto Santo > Pico de Ana Ferreira > Miradouro da Pedreira > Uma das joias da geologia da ilha: o conjuntio das colunas prismáticas que testemunha a atividade vulcânica de que resultou a formação da ilha



Foto nº 7 > Porto Santo > O Ilhéu de Baixo ou da Cal, na ponta da Calheta... 


Foto nº 8~> Porto Santo > Deserto da Fonte de Areia > Um microssítio em risco de desaparecer... As areias fossilizadas...



Foto nº 9 > Porto Santo Santo >  Ponta da Calheta > Vestígos da ativida vulcânica (1)



Foto nº 10 > Porto Santo > 
Ponta da Calheta > Vestígos da ativida vulcânica (2)



Foto nº 11 > Porto Santo > 
Ponta da Calheta > Vestígos da ativida vulcânica (3)



Foto nº 12 Porto Santo > Vila Baleira > Calçada


Foto nº 13 > Vila Baleira > Parte velha

Região Autónoma da Madeira, Porto Santo > 29 set - 3 out 2024

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2024). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Toda a gente já veio a Porto Santo, menos eu. A minha neta chama-lhe a "Madeira Pequenina". Vem cá todos os anos. E adora vir no "Lobo Marinho", o "ferryboat" que faz a ligação do Funchal, a 50 km a sudoeste, 

Decidi (eu e a Alice, mais um casal amigo) a ir cá passar uma semana.  Num hotel com tudo pago e bar aberto...  Nesta altura do ano, é o turismo sénior quem mais ordena,  mais os escandinavos (nomeadamente os dinamarqueses que vêm só para jogar golfo). 

Há 3 anos que eu não me metia num avião. A última vez fiquei "pendurado" num avião da EasyJet, durante quase duas horas, à espera do elevador da MyWay... 

Não tem graça nenhum um gajo andar de muletas num aeroporto. ou, "coitadinho",  empurrado numa cadeirinha de rodas. Conheci um brasileiro, uma guineense e uma angolana até chegar ao elevador da My Way. Fui o último a sentar-me no meu lugar, no avião.

 O aeroporto de Lisboa está recomendável. A 10 minutos do aeroporto, em Alfragide, levanto-me às 6 da manhã para apanhar um táxi às 6h30  e partir às 9h20 para Porto Santo. A TAP agora nem um copo de água nos serve à borla. 

Não levo grandes expetivas. Apenas o portátil, a máquina fotográfica, o bloco de notas, uma esferográfica e um lápis, mais quatro livros. A meio da estadia já fui a quase todos os sítios da ilha, visitáveis.  Deixo aqui as primeiras fotos, numeradas mas com curtas  legendas, esperando que o meu amigo e coeditor Carlos Vinhal se ofereça para as completar... (Ele já cá veio, e a Madeira é a sua segunda terra.)

Há uma calor e humidade que me fez lembrar África. De resto, aqui presente no hotel,  onde praticamente todos os empregados de mesa, restaurante, quartos e animação são estrangeiros, tal como nos navios de cruzeiro italianos: santomenses, guineenses, angolanos, moçambicanos,  brasileiros, argentinos, nepaleses, bengalis, chineses,  etc. Vou metendo conversa com todos e sabendo as suas pequenas histórias de vida.  Mão de obra sazonal, formandos em hotelaria,  etc., que ajudam a salvar o turismo portossantense... 

O "patrão" português paga-lhes o salário mínimo, e dá-lhes cama, mesa e roupa louvada, mas põe-nos a trabalhar de sol a sol: fazem os pequenos-almoços, almoços, lanches e jantares... O turista feliz é o que se empantura de sol e de comes & bebes... 

No píncaro do verão, a população (5 mil habitantes, numa ilha de 10 km de comprido por 4 de largo) chega a ser oito vezes mais, diz-me o condutor do jipe... (Entenda-se com os veraneantes madeirenses mais os turistas de fora; a elite funchalense tem cá casa de férias; não é fácil encontrar "indígenas".)

A ilha surpreendeu-me, pela positiva, nalgumas coisas: a riqueza geológica, a "fauna" humana,  a produção e a gestão da água e da energia...  

Uma ilha que não tem recursos naturais (para além do mar..,), isto é, terra arável e água doce, é um "estudo de caso" interessante para se perceber como se pode sobreviver, viver, trabalhar e ter futuro em muitas partes inóspitas da terra: mas há uma desafio, os jovens (que podem aqui estudar até ao 12º ano) já não querem trabalhar na hotelaria...

Por outro lado, viver numa ilha também é uma desafio para a saúde mental.

(Estupidamente,  eu pensava que a água potável ainda vinha em batelões da Madeira!...E, o mais incrível, é que aqui, nas areias escaldsntes, que chegam aos 40 e tal graus,  crescem videiras que dão um vinho generoso de 23 graus que é 'superior ao Porto porque é ... santo". 

A menina, muçulmana, que  me serve à mesa o vinho tinto (da "metrópole",  da cooperativa de Pegões) é uma lindissima guineense, de 22 anos, de apelido Baldé Camará, nascida em Cabedu: conversa puxa conversa, vim a saber que era neta do régulo de Canhanima, fuzilado pelo PAIGC, e sobrinha-neta ou bisneta do rei dos Nalus, o Salifo Camará, falecido em Cabedu, em 2011, herói da libertação da pãtria ( e que eu conheci pessoalmente em março de 2008).

O parto (trágico, discocito) da Guiné-Bissau está bem presente na história da sua família: pai, fula; mãe, nalu, com antepassados divididos na guerra da independência... 

Tentei "partir mantenhas em fula", mas ela já não fala a língua dos avós... Fala impecavelmente, estudou na escola de Betel...E a mãe vive em Coimbra desde 2004. Os fulas continuam a ser um povo errante... e a Guiné-Bissau um país adiado. Aos 100 anos,  o Amílcar Cabral  (1924-1973) deve, por certo, dar voltas lá no "panteão nacional" da antiga fortaleza da Amura... a perguntar onde é  que errou...

Todos felizes, apesar de tudo,  por terem trabalho os nossos jovens amigos da CPLP... Aprenderam a viver e a sobreviver num mundo cada mais globalizado. Tiro-lhes o "quico"... Vou jantar: hoje é "noite do mar", mas espero que, como numa outra noite, não ponham um chinês ou nepalês a fazer "paellas"...
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