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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

Guiné 61/74 - P24106: (In)citações (231): Caraças, andamos nós p'ráqui, a pensar no "fim da picada"!... Corações ao alto!... Pensemos antes que até aos cem... é sempre em frente! (João Crisóstomo, Nova Iorque)


oferta, ao João Crisóstomo, 
 da família do Eduardo Jorge Ferreira
(1953-2019)... Em lembrança
de um muito querido amigo comum
que morte levou prematuramente,
ao km 67 da sua picada da vida.
 
Foto: LG 
 
1. Mensagem de João Crisóstomo (Nova Iorque), com data de 21 do corrente, transformada em comentário ao postes P24081 (*):


Caros Luís Graça, Pinto Carvalho e demais amigos, incluindo o meu caro amigo Valdemar Queiroz cujo nome juntei, já que ao ler o seu comentário ao poema do Pinto Carvalho decidi logo responder.

Mas entretanto, aliás imediatamente, li o último blogue, P24085: In Memoriam (471): José António Paradela. Se achei o poema do Pinto Carvalho emocionante, verifico pelo pequeno comentário do Valdemar Queiroz que não fui o  
único a ficar “abalado".

Mas agora este “adeus" do António Paradela, ""(...) Querido Facebook, o destino levou-me para um local etéreo, onde descanso agora. 
Como última paragem despeço-me de todos os meus amigos" (**),  foi mesmo de arrasar.

Ainda recentemente, pela ocasião do Natal e Ano Novo eu tive ocasião de falar pelo telefone com vários amigos, alguns deles “camaradas da Guiné” e outros não. Mas se alguns, em comparação, eram ainda jovens, a idade da maior parte deles não estava muito longe da minha que já vou nos 79. E dizia-me um deles: "Oh João isto agora é assim… ninguém nos pergunta se somos voluntários ou não... estamos todos na fila da frente!"

E portanto não é de admirar que este tema de “fim da picada” seja tão pessoal para tantos de nós. É a vida: “corações ao alto”,  como me ensinaram e aprendi a dizer em momentos de pouca motivação.

Mas para não causar depressões a ninguém, deixem-me contar uma experiência bem diferente que vivi ontem mesmo.

Telefonei a um amigo meu que fez 91 anos recentemente. É que ele vive sozinho, em Nova Iorque num 5.º andar, se me não engano, sem elevador. Eu vivo nos arredores, em Queens, a cerca de 40 minutos a uma hora.

Por mais que eu queira, não fico sossegado, sabendo-o sozinho e de vez em quando ligo-lhe , para lhe dizer que em qualquer momento me pode ligar e eu vou logo ter com ele se for preciso. 

E ele sempre me tranquiliza que não é preciso: que "devagar lá vai fazendo as suas comprinhas" quando precisa e que de vez em quando tem uma pessoa ou outra que o vai visitar. E contou-me então que "ainda ontem esteve aqui o (?) — (não me lembro do nome) — ele é mais velho do que eu , mas não me esquece", disse ele. 

Mas quando ele me disse que o amigo era mais velho do que ele, eu fiquei alarmado e quis saber mais. Disse-me então que esse indivíduo tem 98 anos e que o vem visitar de vez em quando e lhe "traz umas coisinhas" quando ele precisa. E perante o meu espanto ele esclareceu que esse seu amigo está em muita boa forma, que vai fazer os cem anos a brincar. Que até já tem bilhetes para o Brasil onde vai agora passar uns meses. Que volta em Maio, disse-me ele.

Bom , creio que não preciso de dizer mais. Caraças, andamos nós para aqui a pensar no fim da picada, quando esta pode estar ainda a vinte anos de nós…

Corações ao alto, meus caros.(***)

Um grande abraço do João
____________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 20 de fevereiro de 2023 > Guiné 61/74 - P24081: In Memoriam (470): António Torres e Arquimínio Silva, recentemente falecidos: pertenciam à CCAÇ 3398 / BCAÇ 3852 (Buba, 1971/73) (Joaquim Pinto Carvalho)

quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

Guiné 61/74 - P22878: In Memoriam (424): Alberto Tavares de Bastos (1948-2022), ex-alf mil op esp, CCAÇ 3399 / BCAÇ 3852 (Aldeia Formosa, 1971/73)... Natural de Vale de Cambra, onde era muito estimado, destacou-se como poeta e homem de teatro


Foto nº 1 > Alberto Bastos


Foto nº 2 > Alberto Bastos e Eduardo Jorge, ambos de perfil


Foto nº 3 > Eduardo Jorge e Alberto Bastos: falando seguramente da Guiné... Com paixão...


Foto nº 4 > Alberto Bastos e Eduardo Jorge (de costas)

Lourinhã > Vimeiro > 12 de maio de 2019 > O Alberto Basto em almoço de convívio com os nossos camaradas e grã-tabanqueiros Eduardo Jorge Ferreira (1953-2019) e Joaquim Pinto de Carvalho. Tratava-se do 39º aniversário da Associação Recreativa e Cultural do Vimeiro (ARCV), de que o nosso saudoso Eduardo Jorge era então dirigente...(Infelizmente morreria dali a escassos meses, a 23/11/2019).  

"Empatizaram logo um com o outro!", diz o Joaquim Pinto Carvalho que apresentou o Alberto ao Eduardo. "Era um homem da palavra, do teatro, da poesia... Rapidamente improvisava um verso e o declamava....Íamos a casa um do outro com alguma regularidade. Tenho vários livros dele, autografados, com dedicatória ao 'irmão' Joaquim"... No livro de poesia <i>Alguém<</i> (Chiado Editora, Lisboa, 2008, 156 pp.), escreveu-me: 'Ao meu especial amigo Joaquim A. Pinto de Carvalho com a magia  dos 'bons velhos tempos'. O autor, (assinatura ilegível), 07/10/2009".

Fotos (e legendas): © Joaquim Pinto Carvalho (2019). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. Morreu, no primeiro dia do ano de 2022, o nosso camarada  Alberto Bastos, ex-alf mil op esp, CCAÇ 3399 / BCAÇ 3852 (Aldeia Formosa, 1971/73). (*)

A triste notícia foi-nos dada pelo Joaquim Pinto de Carvalho, ex-alf mil at inf.  CCAÇ 3398 (Buba) e CCAÇ 6 (Bedanda), 1971/73, nosso grã-tabanqueiro nº 633 (**)

Pertenciam ao mesmo batalhão, o BCAÇ 3852, e eram amigos do peito, há meio século. Estiveram em Mafra juntos e acabaram por ser mobilizados para a Guiné e para a mesma unidade. O Joaquim e a Maria do Céu estavam desolados. Telefonei, de imediato ao Manuel Gonçalves, igualmente membro da nossa Tabanca Grande (nº 776), que também conhecia o Alberto Bastos, sendo do mesmo batalhão (***). Também o João Marcelino o conheceu. Telefonei igualmente ao Joaquim Costa, da CCAV 8351.

É nossa intenção, em honra da sua memória, integrá-lo na Tabanca Grande, a título póstumo, no caso de termos o OK da sua viúva, a fisioterapeuta e empresária Trindade Bastos. Procuramos também uma foto sua do tempo da tropa e da guerra. Será o primeiro representante da CCAÇ 3399 no Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. 

Poeta, desde menino e moço, foi ele o autor da letra do hino do BCAÇ 3852, datada de  12/6/1971, reproduzida no seu livro de poesia <i>Alguém</i> (LIsboa, Chiado Editora, 2008, pp. 125/126.

É também autor do poema "Na estrada do Cumbijã", dedicado ao cap mil Vasco da Gama, comandante da CCAV 8351 (Cumbijã, 1971/73), "Os Tigres do Cumbijã" (, já publicado no poste P3640), e reproduzido, a pp. 138/139, no recentíssimo livro  do Joaquim Costa, "Memórias de Guerra de um Tigre Azul: O Furriel Pequenina (Guiné, 1972/74") (Rio Tinto, Lugar da Palavra Editora, 2021).

2. R eprodução de notícia do jornal "on line" "A Voz de Cambra" (com a devida vénia...)


ATUAL > Morreu Alberto Bastos, o encenador, ator e escritor de Vale de Cambra

Janeiro 3, 2022  Cristina Maria Santos

Tinha 72 anos, mais de 50 dedicados à escrita e ao teatro, onde representou mais de 200 papeis diferentes. Alberto Bastos faleceu no primeiro dia do ano de 2022.

Alberto Bastos contava mais de meio século de carreira, com um percurso marcado por várias atuações no teatro, mas também era reconhecido pela sua veia humorística fora dos palcos.

Alberto Tavares de Bastos nasceu em S. Pedro de Castelões e escrevia desde a adolescência. Publicou os livros de poemas “Bailam Flores”, em 1999; “Um Grito na Noite dos Tempos”, em 2000; e “Alguém, em 2008. Publicou a sua primeira obra de teatro “Palco da Vida”, em 2006 e a “A Máscara”, em 2015.

Alberto Bastos pisou o palco pela primeira vez aos 12 anos, em 1960, no salão da fábrica “Almeida & Freitas”. “Foi o meu batismo artístico e lembro-me de rir muito e tremer”, recordou Alberto Bastos ao Voz de Cambra, em 2020.

De 1975 a 1978, fez parte do elenco cénico do Grupo Recreativo e Cultural de Cavião e, a partir de 1993, integrou o Grupo Cénico da Associação de Promoção e Desenvolvimento de Castelões (APDC), onde foi ator e habitual encenador.

Participou em vários eventos do concelho, como; “Rusga à Sra. da Saúde”; “…da Lusitânia ao Foral”; “Queima do Galhofeiro”; Carnaval de Vale de Cambra, mas também em iniciativas em concelhos limítrofes, como por exemplo: Viagem Medieval em Terra de Santa Maria e a Feira Medieval de S. João da Madeira.

Entre muitas representações, em 2016, encenou a peça “Volfrâmio – Suor o deu, miséria o levou”, um trabalho de longa pesquisa, onde entrevistou alguns idosos que sobreviveram ao drama de outrora. “Não abandonei a arte e tenho no prelo uma nova peça em três atos, cuja publicação terá lugar quando a presente situação pandémica do país se desvanecer. Esta obra, ficará disponível para quaisquer grupos cénicos que queiram levá-la à cena”, explicou.

 O “professor Alberto bastos”, como era habitualmente chamado, aproveitou para agradecer a todos quantos o reconheceram nesta vida artística.

“Bem hajam, todos aqueles que me acompanharam ao longo deste longo percurso e ao público maravilhoso que nunca me regatearam aplauso e crítica. Obrigado”, concluiu

No primeiro dia do ano de 2022, Vale de Cambra lamenta e despede-se do artista que marcou o teatro no concelho.

__________

Notas do editor:

(*) Último poste da série > 1 de janeiro de 2022 > Guiné 61/74 - P22866: In Memoriam (423): Jorge Cabral (1944-2021): cerimónias fúnebres, na Igreja do Lumiar, Lisboa, hoje, a partir das 17h00 (Pedro Almeida Cabral)

terça-feira, 23 de novembro de 2021

Guiné 61/74 - P22744: Efemérides (355): Eduardo Jorge Ferreira (Lourinhã, 1952-Torres Vedras, 2019): dois anos de saudade (Rui Chamusco)


Eduardo Jorge Pinto Ferreira (Lourinhã, Vimeiro, 1 out 1952- Torres Vedras, 23 nov 2019). Membro da  nossa Tabanca Grande em 31 de agosto de 2011.


HÁ DOIS ANOS

Há dois anos que o amigo, irmão, Eduardo Jorge nos deixou.
Partiu para o lado de lá, sem qualquer despedida, 
sem que ninguém estivesse à espera do que aconteceu. 

Na véspera, sexta feira dia 22, ao almoço, 
tinha me dado a notícia de que iria ser operado 
para remover uma pedra no rim, 
mas que tudo iria correr bem. 

Mal sabia eu que nunca mais estaríamos juntos, neste mundo, 
partilhando momentos de amizade única. 
O Eduardo era para mim um irmão, 
sempre pronto a ajudar-me, a sosorrer-me. 
Era o meu cuidador, 
sobretudo em momentos em que a minha saúde mais precisava.

A sua presença física faz-nos falta,
 ainda que acreditemos de que ele está presente, 
mesmo sem o vermos e lhe tocarmos.

Tudo o que dissermos,
 todas as explicações,
 todas as lembranças que nos possam ocorrer,
 não substituem a falta que ele nos faz.

Por isso, Eduardo, os teus amigos e conhecidos, 
e sobretudo os teus famíliares, te recordam com saudade. 
e prometemos que jamais te iremos esquecer. 


UM GRANDE ABRAÇO de todos nós.
 
Rui Chamusco
membro da antiga Tabanca de Porto Dinheiro / Lourinhã, 
professor reformado, 
natural de Malcata / Sabugal, a viver na Lourinhã / 

domingo, 17 de outubro de 2021

Guiné 61/74 - P22638: Memória dos lugares (427): Coimbra, cemitério da Conchada, onde repousam os restos mortais do alf mil António Maldonado, morto em combate em Porto Gole, em 4/3/1966 (João Crisóstomo)


Foto nº 5 - Coimbra > Cemitério da Conchada > 22 de setembro de 2021 > Jazido da família de Maria Conceição Maia Antunes. leirao nº 15, nºs 9 e 10. Placa que foi posta na frente, na parede exterior do jazigo, e onde se lê: "Alferes António Aníbal Maia de Carvalho Maldonado, morto em combate na Guiné em 4.3.1966".

 
1. Mensagem, com data de 23 de setembro último, enviada pelo João Crisóstomo, o nosso camarada luso-americano que está de visita à sua Pátria, tendo logo nos primeiros dias ido a Coimbra, a casa de uns amigos, com quem está ligado "por mor de Timor"... Aproveitou para ir ao Bussaco e ao cemitério da Conchada, em Coimbra, à procura do túmulo do nosso camarada António Maldonado, morto em combate em Porto Gole, na Guiné, em 4/3/1966, e que era natural de Coimbra.

O Eduardo Jorge Ferreira (1952- 2019) veio-me à memória outra vez quando visitei o Bussaco. Lá encontrei uma evocaçãoda batalha do Vimeiro, de cuja “reencarnação" o nosso saudoso Eduardo era o um dos interprtes mais entusiastas,. Incluo uma foto dessa pedra onde a evocação da batalha aparece. (Foto nº 1).



Foto nº 1 - Mealhada > Buçaco > Antigo Convento de Santa Cruz do Buçaco > Placa alusiva a Arthur Wellesley, 1.º Duque de Wellington que, no contexto da Guerra Peninsular, em 1810, que comandou as forças anglo-portuguesas contra as do general francês André Massena na batalha do Buçaco, e que esteve ali hospedado.

 

Mas isto foi só a "ponta do fio”. Uma vez que ia a Coimbra, pois queria ver o barco de Timor onde, já faz quatro anos, estão dois contentores cheios de coisas para a escola de S. Francisco de Assis que tanta falta fazem nessa escola e aos seus alunos, eu lembrei-me de ir visitar um nosso antigo  camarada, o infeliz Maldonado. Nunca o cheguei a encontrar pessoalmente na Guiné, mas a sua vida e morte cruzaram-se comigo, conforme posts 22131 e 19517 , em que ele é mencionado pelo Jorge Rosales.

Pelo que depreendo,  o Rosales esteve em Porto Gole até 1964. Porto Gole era um dos destacamentos a que pertencia ao (ou estava a cargo do)  Enxalé, embora os comandantes destes destacamentos fossem de outros unidades ou em rendição individual. 

Quando o Rosales saiu de Porto Gole quem o devia ter substituído era o Maldonado. Que por sua vez iria ser substituído pelo Henrique Matos. Mas por razões que desconheço, o Maldonado não veio logo e, como sucedia com Missirá, antes da chegada dos alferes Marchand e depois Beja Santos, nestes casos o Enxalé servia de “tapa-buracos”. Em ambos os casos ( Missirá e Porto Gole) eu desempenhei esse papel de tapa-buracos mais que uma vez. Estive em Porto Gole umas semanas e, quando o Maldonado estava para chega,  eu voltei ao Enxalé, sem nunca o ter encontrado pessoalmente ( ou pelo menos eu não me lembro dessa “rendição”.)

Uma semana ou duas depois do Maldonado chegar, o destacamento de Porto Gole foi alvo dum ataque violento por parte do IN e o infeliz Maldonado foi atingido por uma granada de morteiro 82 que lhe causou morte quase imediata. 

Por razões que desconheço fui instruido para voltar para Porto Gole mais uma vez, onde fiquei até que o Henrique Matos, do Pel Caç Nat 52, chegou, para assumir o comando desse destacamento. Mas …não me posso esquecer que podia ter sido eu no seu lugar, como podia ter sucedido em outras ocasiões em que as vítimas estavam mesmo a meu lado, como no caso do Queba Soncó em 1966 ou logo no início da minha estadia na Guiné em Agosto de 1965 na operação Avante.



Foto nº 2 -  Coimbra > Cemitério da Conchada > 22 de setembro de 2021 > Talhão dos combatentes, naturais de Coimbra


Foto nº 3 - Coimbra > Cemitério da Conchada > 22 de setembro de 2021 > Lápide fúnebre, evccativa da memória dos  antigos combatentes. Liga dos Combatentes, Núcleo de Coimbra, Talhão dos combatentes: 

"Silêncio… Névoa… Campos sepulcrais 
Ali dormem soldados de alma forte.
Deram à Pátria e vida num transporte
Que foi o seu Deus p’ra nunca mais

Eram Homens… Tornaram-se imortais
Souberam dominar a própria morte.
Na guerra todos são irmãos na sorte!
Na sepultura todos são iguais."



Foto nº 4 - Coimbra > Cemitério da Conchada > 22 de setembro de 2021 >
Jazido da família de Maria Conceição Maia Antunes, onde foi inumado o António Maldonado, leirao nº 15, nºs 9 e 10

 
Foram estas considerações que me levaram a procurar o cemitério da Conchada em Coimbra. Depois de longa e repetida exposição do que pretendia, consegui convencer a pessoa que se encontra na administração do cemitério a procurar o nome do nosso Maldonado que foi encontrado depois de longa procura. Encontra-se no “ leirão" 15, número 9 e 10 deste leirão. (Foto nº 4).

Foi um encontro duro e emocionante para mim. Na pessoa dele eu revia e lembrava o Mano, o Abna na Onça ,o Queba Soncó, o Açoriano e tantos outros que acabaram a sua vida nas terras da Guiné e outros que voltaram mas que também da lei da morte já se libertaram: os Zagalos, os Pires, os Rosales, os Eduardos…

Saí do cemitério em busca de umas flores; e foi pensando em todos aqueles nossos camaradas para quem a memória dos nossos falecidos é algo sagrado que deixei este pequeno ramo de flores na porta/entrada do jazigo onde se encontram os restos mortais do Maldonado (Fotos nºs 5 e 6). Naquele momento o Maldonado não era ele só, mas todos aqueles irmãos nossos , mortos em qualquer situação, incluindo os nossos camaradas nativos que foram vítimas de represálias, depois de já termos deixado terras da Guiné; e por eles todos "elevei o meu pensamento”,  independentemente da sua raça, religião e posição ideológica.



Foto nº 5 - Coimbra > Cemitério da Conchada > 22 de setembro de 2021 > Pequeno ramo de flores o melhor que pude arranjar) que deixei em nome de todos nós, conforme se pode ler no improvisado “cartão" (Vd. Foto nº 6)


 Foto nº 6 > Coimbra > Cemitério da Conchada > 22 de setembro de 2021 > Ramo de flores depositado à pporta do jazigo da família do Maldonado: "Ao Maldonad com saudades. Os teus amigos e camaradas da Guiné, 22/9/2021". 

Fotos (e legendas): © João Crisóstomo (2021).. Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Entretanto o Gaspar Sobral e esposa (, meus amigos, ligados à causa de Timor, ele timorense e ela natural do Sabugal) tinham encontrado uma área grande onde descobriram que "todos as sepulturas são de militares; mas todas as sepulturas são iguais…" E logo me dirigi a esse lugar do cemitério. (Foto nº 2).

Verifiquei que todos aquelas sepulturas ( um total de 75 ) são de militares da região de Coimbra que prestaram serviço nas diversas campos de acção fora de Portugal territorial em Angola, India, Moçambique etc, mas a grande maioria era de militares que estiveram na Guiné. Soldados, sargentos e oficiais de todos as patentes... Na base dum pequeno monumento aí erguido está gravado: "na guerra todos são irmãos na sorte; na sepultura todos são iguais." (Foto nº 3).
Voltei , mas o resto do dia foi um contínuo reviver. (*)

João Crisóstomo



Guiné > Bissau > Praça do Império > Novembro de 1965 > O Jorge Rosales mais o Maldonado, junto ao monumento "Ao Esforço da Raça" ...

De seu nome completo, António Aníbal Maia de Carvalho Maldonado, morreu no dia 4/3/1966. Natural da Sé Nova, Coimbra, foi inumado no cemitério da Conchada. Pertenceu à 1ª CCAÇ / BCAÇ 697 (Fá Mandinga, 1964/66). (**)

Foto (e legenda): © Jorge Rosales (2010).. Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 7 de setembro de 2021 > Guiné 61/74 - P22520: Memória dos lugares (426): Paço, União das Freguesias de São Bartolomeu dos Galegos e Moledo, Lourinhã, inaugura o seu monumento aos antigos combatentes (46 no total estiveram presentes nos vários teatros de operações do séc. XX, da I Grande Guerra à Guerra do Ultramar)

(**) Vd. poste de 22 de fevereiro de 2019 > uiné 61/74 - P19517: In Memoriam (340): Até sempre, 'comandante' Jorge Rosales (1939-2019)

segunda-feira, 11 de outubro de 2021

Guiné 61/74 - P22619: Convite (17): 'Por delegação, a título póstumo, de' (e em homenagem a) o nosso amigo, colega, companheiro e camarada Eduardo Jorge Ferreira (1952-2019), estão convocados/as todos/as os/as "eduardianos/as" para a monumental caldeirada de Ribamar, Lourinhã, segunda feira, dia 10 de outubro de... 2022

1. Mensagem de Luís Graça, por 'delegação, a título póstumo', do nosso querido amigo, colega, companheiro e camarada Eduardo Jorge Ferreira, e assumindo, "à contre-coeur", o lugar do comandante sucombido no combate da vida:

Data - segunda feira/11/2021, 00h01 


Assunto - Caldeirada de Ribamar


Caros/as amigos/as "eduardianos/as":

Em nome da pró-comissão para a convocação da mais famosa caldeirada do mundo, a de Ribamar (na segunda 2ª feira do mês de outubro, no âmbito da Festa de Nª Sra. Monserrate, a última tendo-se realizado em 14/10/2019 ), interrompida em 2020 pela pandemia de Covid-19 e ensombrada pela inesperada, traiçoeira, trágica morte, no mês seguinte, a 23, ,do nosso querido Eduardo Jorge Ferreira,), coube-me o triste papel  de vos anunciar  que este ano ainda não houve condições para vos chamar a capítulo...

O cartaz das festas de 2021...

A razão, simples, prosaica, brutal, irreversível, inapelável, por mais absurda que possa paraecer ser para um/uma "eduardiano/a", e contrariando as nossas mais que legítimas expectivas, é esta: ainda não houve festa a sério este ano, por causa da pandemia de Covid-19, pelo que também  não haverá caldeirada, hoje,  dia 11 de outubro de 2021...

Ou melhor: a grandiosa festa de Ribamar da Lourinhã, que tradicionalmente se prolongava por uns oito ou nove dias, este ano realizou-se apenas em "formato reduzido", no fim de semana de 9 a 10 do corrente, conforme cartaz que se reproduz à direita.  

Como se pode ler em triste nota de rodapé, para alegrar o corpo, houve apenas "Bar-Bifanas-Bolos de festa"...e pouco mais. Valeu-nos ao menos a proteção da Nossa Senhora de Monserrate, a Virgem Negra cujo culto remonta, na península ibérica, ao séc. IX, ao tempo das guerras entre mouros e cristãos... eque mais uma vez percorreu, em procissão, as ruas desta terra de gente valente, de pescadores e agricultores (que construiram 
as casas pro "cima do mar", de modo a defenderem-se
~melhor das incursões dos piratas, muçulmanos, cristãos e outros.

Eu sei que andamos todos com uma vontade danada de "fazemos prova de vida", " darmo-nos uns aos outros aquele abraço retido desde há 2 anos" e homenagearmos, como estava prometido, a memória do nosso amigo, colega, companheiro e camarada Eduardo, que durante mais de um quarto de século foi o bom cristão e o grande ser huamno que nos convocou para a caldeirada de Ribamar... 

Recorde-seque este evento, que nos primeiros anos se restringiu aos colegas do agrupamento de escolas de Ribamar, onde o Eduardo foi professor e diretor, estendeu-se depois a colegas de seminário e camaradas da tropa e da guerra na Guiné, chegando a juntar mais de uma centena de convivas, anualmente, oriundos das mais diversas partes do país.

Falei com a São, que se mostrou sensibilizada pelo vosso reiterado e caloroso interesse em continuar a manter viva esta iniciativa a que o Eduardo deu corpo e alma, com aquela generosidade e aquele brilhozinho nos olhos que todos/as lhe conhecemos...

Vamo-nos mantendo em contacto, na esperança de podermos marcar encontro à grande mesa "eduardiana", em Ribamar, Lourinhã, na segunda feira, dia 10 de outubro de 2022... Afinal, não falta muito, menos de um ano...

Isto, se os mordomos da festa nos quiserem lá e, mais importante,se Deus nos der vida e saúde, o que nem sempre acontece, como sabemos por amarga experiência, fixada no anexim popular: "Muita saúde e pouca vida, que Deus não dá tudo".

Boa saúde e melhor vontade de continuar a viver e conviver. Até lá portem-se bem, não nos preguem nenhuma partida... E esperemos que nessa altura alguns camaradas da diáspora, como o João Crisóstomo, se possam juntar a todos nós.

Lourinhã, 11 de outubro de 2021.

Luís Graça


PS1 - Mais próximo da data, a pró-comissão para a convocação da caldeirada de Ribamar (em constituição...) confirmará a realização do evento... que obviamente terá de ter o acordo, tácito ou formal,  da comissão das festas de N. Sra. Monserrate, Ribamar, Lourinhã.

PS2 -  No passado dia 23 de novembro de 2020, +or ocasião do 1º ano da sua morte, um pequeno grupo de amigos, colegas, companheiros e camaradas do Eduardo, acompanhados da São e do filho João, fez-lhe uma singela mas bonita homenagem no cemitério do Vimeiro onde repousam os seus restos mortais. Vd. aqui notícia no nosso blogue.

Se fosse vivo, o Eduardo Jorge Ferreira, que foi alf mil PA - Polícia Aérea, BA 12, Bissalanca, 1973/74, teria feito 69 anos em 1 de outubro passado. A sua memória, essa, continua viva bem como continua a ser inspirador o seu exemplo de vida. Tem mais de seis de dezenas de referências no nosso blogue.  

quarta-feira, 30 de junho de 2021

Guiné 61/74 - P22328: Tabanca do Atira-te ao Mar (3): O "círio" ao Santuário do Senhor Jesus do Carvalhal - Parte I: como há 62 anos, em 29 de junho de 1959...


Foto nº 1 > Bombarral > Carvalhal > Santuário do Senhor Jesus do Carvalhal > 29 de junho de 2021 > O 1º "círio" da Tabanca do Atira-te ao Mar (Porto das Barcas, Lourinhã) > Esperemos que seja o primeiro de vários que ainda tencionamos fazer nos próximos anos... se o Senhor Bom Jesus do Carvalhal nos der vida e saúde... Da Lourinhã até lá, por estrada e camimhos rurais forma 25 quilómetros a pé, realizados em menos de seis horas (das 7h00 às 13h00).


Foto nº 2 > Bombarral > Carvalhal > Santuário do Senhor Jesus do Carvalhal > 29 de junho de 2021 > O 1º "círio" da Tabanca do Atira-te ao Mar (Porto das Barcas, Lourinhã) > NO parque das merendas, retemperam-se depois as forças... Da esquerda para a direita: Eugénia, Luís Graça, Jaime Silva. Alice Carneiro, Conceição Ferreira (viúva do Eduardo Jorge Ferreira, 1952-2019), Joaquim Pinto Carvalho, Esmeralda Costa e Maria do Céu Pinteus... A foto foi tirada pelo Xico Costa.


Foto nº 3 > Bombarral > Carvalhal > Santuário do Senhor Jesus do Carvalhal > 29 de junho de... 1959 > Foi há 62 anos, que o futuro régulo da Tabanca do Atira-te ao Mar, foi com a família, em carro de bois enfeitado, do Cadaval até ao Carvalhal (cerca de 7 km), com toda a família (pais, mais 6 rapazes e 3 raparigas, alguns já casados e com filhos)... O Joaquim Pinto de Carvalho, aqui com 11 anos, é o rapaz de boné, da primeira fila. 


Foto nº 3A > Bombarral > Carvalhal > Santuário do Senhor Jesus do Carvalhal > 29 de junho de... 1959 > Há 62 anos, o futuro régulo da Tabanca do Atira-te ao Mar, "agarrado ao tacho"... A seu lado, o  sobrinho Luís
... (Foto do álbum do Joaquim Pinto Carvalho)
 

Foto nº 4 > Bombarral > Carvalhal > Santuário do Senhor Jesus do Carvalhal > 29 de junho de 2021 > O 1º "círio" da Tabanca do Atira-te ao Mar (Porto das Barcas, Lourinhã) >  O régulo, Joaquim Pinto de Carvalho, 62 anos depois, sentado no chão a guardar o tacho ( com o caldo verde feito pela Conceição Ferreira, que também chegou a vir a este santuário, com o seu querido e saudoso Eduardo  ...


Foto nº 5 > Bombarral > Carvalhal > Santuário do Senhor Jesus do Carvalhal > 29 de junho de 2021 > O 1º "círio" da Tabanca do Atira-te ao Mar (Porto das Barcas, Lourinhã) > A Conceição Ferreira, viúva do Eduardo Jorge Ferreira (1952-2019) cuja memória recordámos com saudade.


Foto nº 6 > Bombarral > Carvalhal > Santuário do Senhor Jesus do Carvalhal > 29 de junho de 2021 > O 1º "círio" da Tabanca do Atira-te ao Mar (Porto das Barcas, Lourinhã) > O Jaime Silva, que em jovem, também vinha ao Santuário, integrado no círio do Seixal, que se realizava (e continua a realizar-se) no dia 7 de setembro.  Ao fundo, eram as antigas cavalariças ou currais onde os romeiros guardavam os seus animais (burros, cavalos, machos)... A casa da ponta esquerda aloja hoje um pequeno museu. O Santuário também também tinha casas para os peregrinos ou romeiros.



Foto nº 7 > Bombarral > Carvalhal > Recinto do Santuário do Senhor Jesus do Carvalhal > 29 de junho de 2021 > O 1º "círio" da Tabanca do Atira-te ao Mar (Porto das Barcas, Lourinhã) > O Joaquim Jorge, a sair do carro,  também nos quis fazer uma visita de surpresa... O régulo da Tabanca de Ferrel, que fez em pouco tempo duas opreações à coluna, continua a escrever os seus livros: tens dois para lançar, um com versos da sua lavra e outro sobre a praia do Baleal... O círio de Ferrel continua a ser o maior círio que vem a este Santuário. Na foto, à direita, o Joaquim Pinto Carvalho e a Alice Carneiro.

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2021). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. A ideia foi do régulo... Queria comemorar a ida ao Santuário de há 62 anos atrás... Precisamente em 29 de junho de 1959. Tinha ele 11 aninhos... Foi lá com a família, de carro de bois, todos em fato domingueiro, que o dia era de festa rija... 

Os restantes tabanqueiros da Tabanca do Atira-te ao Mar (... e Não Tenhas Medo!) alinharam: uns iriam a pé, outros iriam lá ter de carro... Até porque que havia de necessidade de dois ou três carros para trazer de volta os romeiros e de dar o necessário apoio logístico.  

A peregrinação, por estradas e caminhos rurais, foi um pouco mais "puxada" do que o previsto. Mas todos os corpos e almas se portaram bem. E o desafio foi conseguido. Fica desde já marcado o próximo para o dia 29 de junho de 2022.

A pouco e pouco, o "tabancal" começa arriscar a aparecer mais vezes em grupo e em pequenas saídas como esta...Ontem fomos nove, para o ano esperamos poder ser mais.  Aqui fica uma primeira reportagem. 

A ideia é também dar ânimo aos demais amigos e camaradas de outras tabancas da Tabanca Grande.  Para uma das próximas semanas, está já "apalavrada" a ida ao Santuário da Senhora dos Remédios, no Cabo Carvoeiro, Peniche... com sardinhada no restaurante Toca do Texugo... A distância   é  mais curta, 19 km.  Na altura podemos alargar o grupo... Já estamos todos vacinados e com os respetivos certificados digitais, como convém. (LG)

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Notsa do editor:


(**) Último poste da série > 5 de outubro de 2020 > Guiné 61/74 - P21418: Tabanca do Atira-te ao Mar, Porto das Barcas, Lourinhã (2): A despedida do verão ou a vida que segue dentro de momentos (texto e fotos: Luís Graça)

domingo, 25 de abril de 2021

Guiné 61/74 - P22136: Tabancas da Tabanca Grande (1): Tabanca do Atira-te ao Mar, Porto das Barcas, Lourinhã - Parte I: Nascida em plena pandemia de Covid-19...

 





 Lourinhã > Porto das Barcas > Tabanca do Atira-te ao Mar > 17 de abril de 2021 >  Peças de cerâmica da Maria do Céu Pinteus, a mulher grande da Tabanca, que faz anos a 12 de dezembro, e que ainda é do clube dos Sexas.


Fotos (e legendas): © Luís Graça (2021). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Foi, a partir de março de 2020, com a eclosão da pandemia de Covid-19 e o primeiro confinamento, que a Tabanca do Atira-te ao Mar se tornou numa espécie de "porto de abrigo" para alguns amigos e camaradas da Guiné, da região da Estremadura, Oeste, Lourinhã... Dentro das regras sanitárias impostas pela Direcção Geral de Saúde, obviamente.

A Tabanca do Atira-te Ao Mar fica em Porto das Barcas, Lourinhã... Tem o Mar do Cerro em frente. A logística é fornecida pelos "Duques do Cadaval, Maria do Céu Pinteus e Joaquim Pinto Carvalho (, advogado, músico e poeta, natural do Cadaval, membro da Tabanca Grande desde 7/12/2013, ex-alf mil da CCAÇ 3398 (Buba) e da CCAÇ 6 (Bedanda), 1971/73).  (A casa, de férias, agora residência permanente do casal,  tem 3 pisos com 3 frentes de mar,  os de baixo é para os "tabanqueiros".)

Tem sido um bom sítio para, em pleno confinamento imposto pela pandemia de Covid-19, revermos, ao ralenti, os fotogramas dos filmes que de vez em quando passam (e repassam) na tela da nossa memória, ajudando porventura a exorcizar os nossos fantasmas da guerra... 

Convirá dizer que é, por enquanto, uma minitabanca, com lotação máxima de seis lugares  (de acordo com as normas da DGS),  sentados à mesa comprimida, perpendicular ao oceano Atlântico. Está assente na falésia jurássica, a menos de 100 metros da linha de água...

A Tabanca do Atira-te Ao Mar já tinha, até esta data, 7 referências no nosso blogue. Como já  explicámos em postes anteriores (*), esta nova Tabanca  tem desempenhado um papel importante na quarentena e no confinamento, resultantes da pandemia de Covid-19, passando a ser um digno sucedâneo da Tabanca de Porto Dinheiro, e  mantendo a "chama viva" das nossas melhores memórias e vivências e da esperança e melhores dias. 

Recorde-se que, com a morte do Eduardo Jorge Ferreira ( 1952-2019). a Tabanca de Porto Dinheiro ficou órfã do seu insubstituível e carismático régulo. 

Dos membros da Tabanca Grande, tem aparecido por lá, com maior ou menor regularidade,  o Jaime Bonifácio Marques da Silva (, ou simplesmente Jaime Silva, também conhecido  como "marquês do Seixal"), natural de (e agora residente em) Seixal, Lourinhã, ex-alf mil paraquedista, BCP 21, Angola, 1970/72, e ex-autarca em Fafe, bem como o nosso editor, Luis Graça e a Alice Carneiro (, residentes na Lourinhã).  

Estávamos à espera do João Crisóstomo e da Vilma, vindos de Nova Iorque, mas a festa da família Crisóstomo & Crispim, marcada para o Varatojo (a par da homenagem ao Eduardo Jorge Ferreira, em Ribamar, em outubro de 2020) teve de ser cancelada pelas razões imperiosas que todos nós conhecemos.

Tanto o Jaime Silva como o Pinto Carvalho têm queda para a música, e tocam alguns instrumentos (cavaquinho, o Jaime,  bandolim, viola e cavaquinho, o Joaquim), além de fazerem (ou terem feito) parte de coros ou grupos musicais, Os convívios na Tabanca do Atira-te Ao Mar metem sempre umas musiquinhas e às vezes poesia. (Em próximos postes, divulgaremos algumas dessas atuações que, no fundo, não passam de "ensaios"...)

À volta de um comprimida mesa, que pode meter à vontade mais de uma dúzia de convivas, no 1º piso (, agora com lotação máxima de  seis), temos usufruído também de magníficas refeições (, em geral a cargo das "chefs" Alice Carneiro e Maria do Céu Pintéus, mas também do régulo Pinto de Carvalho, mestre do grelhador) e dos mais belos espectáculos de pôr-do-sol (*).



Lourinhã > Porto das Barcas > Tabanca do Atira-te ao Mar > 8 de maio de 2020 >  2º piso:  vista privilegiada sobre o mar do Cerro.

Foto: © Alice Carneiro (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Lourinhã > Porto das Barcas > Tabanca do Atira-te Ao Mar > 2 de junho de 2020 > 1º piso: a magia do pôr-do-sol sobre o mar do Cerro.



Lourinhã > Porto das Barcas >  Atira-te ao Mar e... Não Tenhas Medo > 1º piso > 4 de outubro de 2020 > Os donos,  Maria do Céu Pinteus e Joaquim Pinto de Carvalho (que  antes da pandemia viviam habitualmente em Carnaxide, Oeiras).

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2020). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


2. No princípio de outubro do "annus horribilis" de  2020, despedimo-nos do verão do nosso descontentamento, com um poema do Luís Graça que dizia:

(...) À volta de um prato de sardinhas
e de um pedaço de pão de trigo barbela,
com o azeite puro da nossa oliveira,
despedimo-nos do verão,
mas não da vida, ou do que resta dela,
do puro prazer de estar vivo, e de pé,
de dedilhar uma viola,
de beber um copo em grupo,
ou de lembrar os tempos de Guiné, (...)

E em dezembro cantámos  os parabéns à dona da casa e mulher grande da Tabanca, que é também ela uma artista plástica e sobretudo ceramista talentosa como se pode ver das fotos que acima publicamos. Na ocasião ela recebeu o seguinte soneto de parabéns:

Para a Maria do Céu Pinteus,
A nossa Duquesa do Cadaval,
No dia dos anos que ela nunca mais esquecerá!

No seu palácio do Atira-te ao Mar,
Ela é hoje, e por um dia, Rainha,
Mimos deem-lhe, mas não a tratem por Céusinha,
Nem como Santa, muda e quieta, no altar.

Faz aninhos, a Duquesa do Cadaval,
Mulher d’armas que “en su situ” tem Pinteus,
Capaz de, daqui da terra, bradar aos céus
P’ra que Deus ponha à Covid ponto final.

Nove meses, confinada, tantos castigos,
Tem à frente o mar e atrás o Montejunto,
O que lhe vale é o Duque e os seus amigos.

Bem queria dar uma festa d’ aniversário,
Mesa farta, lagosta, champanhe, presunto!...
Mas, olhem, tem de ficar para o… centenário!



Lourinhã, 12 de dezembro de 2020,
2* vaga da pandemia de Covid-19…

Muita saúde e longa vida,
Que tu mereces tudo!...
Dos bons amigos, também confinados,
Companheiros de mesa do teu Atira-te ao Mar
E espetadores dos mais belos pôr do sol de 2020,

Os Viscondes da Lourinhã,
Alice & Luís

PS - Hoje, dia 25 de Abril de 2021, os tabanqueiros Joaquim, Luís e Jaime homenageiam também as suas companheiras de uma vida, e mães dos seus filhos, a Céu, a Alice e a Dina (, esta, infelizmente, já internada num lar, com incapacidade permanente; pertencia também à Tabanca de Porto Dinheiro)... 

____________

Nota do editor:

(*) Vd. entre outros os postes:

5 de outubro de 2020 > Guiné 61/74 - P21418: Tabanca do Atira-te ao Mar, Porto das Barcas, Lourinhã (2): A despedida do verão ou a vida que segue dentro de momentos (texto e fotos: Luís Graça)

3 de junho de 2020 > Guiné 61/74 - P21037: Manuscrito(s) (Luís Graça) (184): a magia do pôr do sol no Mar do Cerro, Porto das Barcas, Lourinhã, na casa "Atira-te ao Mar!", dos "Duques do Cadaval"

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Guiné 61/74 - P21574: In Memoriam (374): Eduardo Jorge Ferreira (Vimeiro, Lourinhã, 1 out 1952 - Torres Vedras, 23 nov 2019): um ano de saudade - Testemunhos: Parte II (Luís Graça e Jaime Silva)



Foto nº 1 > Lourinhã, Vimeiro, Cemita´rio local > 23 de novembro de 2020 > Homenagem ao Eduardo Jorge Ferreira (1952-2019)  > Pequena placa deixada pelos amigos, colegas e camaradas: as palavras são do 1º quarteto do soneto lido por Luís Graça [vd. texto abaixo]


Foto nº 2 >  Lourinhã, Vimeiro, Cemiério local > 23 de novembro de 2020 > Homenagem ao Eduardo Jorge Ferreira (1952-2019)  > Aspeto da campa (que é da família da São)


Foto nº 3  >  Lourinhã, Vimeiro, Cemiério local > 23 de novembro de 2020 > Homenagem ao Eduardo Jorge Ferreira (1952-2019)  > A viúva, Conceição Ferreira, e o filho João junto à campa. [O outro filho, Rui, vive e trabalha em Inglaterra.)


 Foto nº 4  >  Lourinhã, Vimeiro, Cemiério local > 23 de novembro de 2020 > Homenagem ao Eduardo Jorge Ferreira (1952-2019)  >  Em primeiro plano, a Alice Carneiro, fotogrfando a placa deixada pelos amigos


Foto nº 5  >  Lourinhã, Vimeiro, Cemitério local > 23 de novembro de 2020 > Homenagem ao Eduardo Jorge Ferreira (1952-2019)  > Um aspeto da assistência, composta apenas de amigos e colegas, num total de 11, para além da viúva São e do filho João, e todos da Lourinhã, com exceção do João Baptista, que veio de òbidos. Aqui ficam os seus nomes: Rui Chamusco, Jaime Silva, Luís Graça e Alice Carneiro, Joaquim Pinto Carvalho e Maria do Céu Pinteus, Carlos Silvério e Zita, Laurentino Marteleira e Glória 



Foto nº 6 > Lourinhã, Vimeiro, Cemitério local > 23 de novembro de 2020 > Homenagem ao Eduardo Jorge Ferreira (1952-2019)  > O Rui Chamusco lendo os seus versos-



Foto nº 7 > Lourinhã, Vimeiro, Cemitério local > 23 de novembro de 2020 > Homenagem ao Eduardo Jorge Ferreira (1952-2019)  >  Intervenção do nosso camarada Jaime Bonifácio Marques da Silva, membro da nossa Tabanca Grande (tal como Pinto Carvalho, o Carlos Silvério e a Alice Carneiro, além do nosso editor).



Foto nº 8 > Lourinhã, Vimeiro, Cemitério local > 23 de novembro de 2020 > Homenagem ao Eduardo Jorge Ferreira (1952-2019)  > O Rui Chamusco, professor reformado, junto à campa do seu amigo e colega da Escola C +S de Ribamar, Lourinhã  (*)


Foto nº 10 >  Lourinhã, Vimeiro, Cemitério local > 23 de novembro de 2020 > Homenagem ao Eduardo Jorge Ferreira (1952-2019)  > Cruz encimando a entrada do cemitério local, que construído em 1887


Foto nº 11 > Lourinhã > Vimeiro > Centro de Interpretação  da Batalha do Vimeiro: O Eduardo Jorge Ferreira foi um um dos grandes animadores da recreação histórica da batalha do Vimeiro  que se travaou aqui em 21 de agosto de 1808... Mais dos 1500 mortos desse dia terão ficado por aqui e arredores, em valas comuns...



  Eduardo Jorge Ferreira (1952-2019) (**)


Fotos (e legendas): © Luís Graça  (2020). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Texto lido pelo Luís Graça, editor do nosso blogue, amigo e conterrâneo do Eduardo:

Para o nosso (e)terno Eduardo:
notícias dos amigos



Eduardo, p’lo bem, amor e amizade
Qu’ em vida connosco quiseste partilhar,
A tua memória prometemos honrar,
Deixando aqui o rasto doce da saudade.

Notícias te damos também da nossa terra,
Onde nasce e se põe o sol todos os dias,
Sabes como é, há tristezas e alegrias,
Mais a pandemia, que lavra como guerra.

Mas faz-nos falta teu sorriso luminoso,
Tua gargalhada fraterna e sonora,
Teu abraço acolhedor e generoso.

Teimamos em falar contigo, cá deste lado,
Também um dia chegará a nossa hora,
Mas até lá serás sempre... por nós lembrado!


Vimeiro, 23 de novembro de 2020

Os teus amigos, colegas, companheiros, camaradas.


 
2. Intervenção do Jaime Bonifácio Marques da Silva [Seixal, Lourinhã]:

Lembro-me que os primeiros contactos que tive com ele foi através do hóquei em patins nos encontros entre Seminários.

Depois, cada um fez-se à vida e só nos anos oitenta volto a reencontrá-lo, por acaso, em Guimarães, quando ele fazia a Profissionalização em Exercício na Escola Secundária Francisco de Holanda.

A partir daí os nossos encontros foram mais frequentes, mas só no início dos anos 2000 eu e Dina começamos a partilhar mais assiduamente nas suas iniciativas:

Primeiro, nos encontros de professores de Educação Física na festa de Ribamar, depois nas caldeiradas com o nosso pessoal na Festa e em Porto Dinheiro.

Como homem amigo, generoso e atento aos outros apercebeu-se bem cedo da evolução da doença da Dina e, a partir dai nunca mais nos largou e sempre que surgia uma oportunidade de convívio, telefonava-me para aparecermos. E lá estava ele e muitas vezes a esposa, a São, à nossa espera para nos acompanhar.

Durante o “Tempo Dele” foi, para mim e a Dina, de uma dedicação e ajuda que nunca mais o esquecerei. Lembro-me da Dina, apesar de já não reconhecer quase ninguém, dizer um dia quando estávamos com ele – Nós temos muita sorte em termos estes amigos!

Como te disse, há dias, li um poema do Ruy Belo que me fez lembrar o Eduardo.

O Poema intitula-se: José, o homem dos sonhos  e foi editado na obra – Homem de Palavra, numa edição da Assírio e Alvim (1.ª Edição de 2011).

Pensei em dar o meu modesto contributo neste ato de solidariedade e de memória lendo o poema do Ruy Belo, mas alterando o nome que o poeta usou.

Ficaria assim, após a minha alteração afetuosa que o Ruy Belo aprovaria, certamente, nesta causa:


EDUARDO… O HOMEM DOS SONHOS!

Por Ruy Belo / Jaime Bonifácio


Que nome dar ao poeta,
esse ser dos espantos medonhos?
um só encontro próprio e justo:
o de EDUARDO…o homem dos sonhos!

Eu canto os pássaros e as árvores
Mas uns e outros nos versos ponho-os…
Quem é que canta sem condição?
É EDUARDO…o homem dos sonhos!

Deus põe e o homem dispõe
E aquele que ao longo da vereda vem,
homem sem pai e sem mãe,
homem a quem a própria dor não dói,
bíblico no nome e a comer medronhos,
só pode ser EDUARDO…o homem dos sonhos!

Vimeiro, 23 de novembro de 2020
 

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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 23 de novembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21571: In Memoriam (373): Eduardo Jorge Ferreira (Vimeiro, Lourinhã, 1 out 1952 - Torres Vedras, 23 nov 2019): um ano de saudade - Testemunhos: Parte I (Rui Chamusco e João Crisóstomo)

(**) 31 de agosto de 2011 > Guiné 63/74 - P8714: Tabanca Grande (300): Apresenta-se o Eduardo Jorge Ferreira, lourinhanense, ex-Alf Mil da Polícia Aérea (BA12, 1973/74)

(...) Estive [, na Guiné, em Bissalanca,] na BA12 de 20 de janeiro de 1973 (, triste data, a do assassínio de Amilcar Cabral, ) a 2 de setembro de 1974, colocado na EDT (Esquadra de Defesa Terrestre) como Alferes miliciano da Polícia Aérea, onde era conhecido por Ferreira.

(...) Depois de vir da Guiné, e como era voluntário na Força Aérea por 6 anos, passei pela Comissão de Extinção da PIDE/DGS (Gabinete de Imprensa) e pelo Estado Maior General das Forças Armadas (1ª Divisão) donde passei à disponibilidade em junho de 1977.

Entretanto tirei o curso de Instrutores de Educação Física e, mais tarde, a licenciatura em Administração Escolar, realizando o percurso normal de professor até uma determinada altura, a que se seguiram 15 anos de ligação à gestão escolar, dos quais 12 como presidente. Voltei a ser unicamente professor nestes últimos 9 anos lectivos acabando a minha carreira profissional em Abril último. (...)