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quarta-feira, 29 de maio de 2024

Guiné 61/74 - P25575: (De) Caras (208): António Baldé, ex-1º cabo , CIM Bolama (1966/69), Pel Caç Nat 56 (São João, 1969/70), e CART 11 (Paunca, 1970/71): "Eu tinha um sonho: ser apicultor no Cantanhez"...





















Guiné- Bissau > s/l > 2024 > O senhor apicultor e formador em apicultura, António Ussumane Baldé, membro da Tabanca Grande, desde 2013...


Fotos: © António Baldé (2024). Todos Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1. De há muito que o António Baldé, nosso grão-tabanqueiro, tinha um sonho, ser apicultor.... Acaba de o realizar. (Ao fim de, pelo menos, vinte e tal anos, ou trinta. ) Fiquei muito feliz em sabê-lo. E prometi-lhe que publicava a notícia no blogue. Ele de vez em quando telefona-nos de Bissau, à Alice e a mim. Mandou-me mais de 70 fotos, pelo Whatsapp. Sem legendas.  Selecionei umas tantas. 

O Baldé, como lhe chama a Alice, foi 1º cabo art, CIM Bolama (1966/69), Pel Caç Nat 56 (São João, 1969/70) e  CART 11 (Paunca, 1970/71). 

Recapitulemos a sua história de vida, tal como eu a contei quando foi apresentado à Tabanca Grande em 25 de março de 2013 (*):

(i) António Ussumane Baldé nasceu em  Contuboel, em 1944;

(ii) foi educado, até aos 12 anos, pelo chefe de posto adinistrativo local, o português José Pereira da Silva, ainda vivo em 2013 (morava em Oeiras);

(iii) fez a 4ª classe e isso abriu-lhe outras portas que outros miúdos da sua tabanca não puderam franquear;

(iv) lembrava-se bem da serração do Albano, que ainda existia no meu tempo (junho/julho de 1969, quando Contuboel foi Centro de Instrução Militar, donde saíram, de entre outras, as futuras CART 11 e a CCAÇ 12);

(v) em 1966, foi chamado para a tropa: fez a recruta e a especialidade no CIM de Bolama ficou lá dois anos; promovido a 1º cabo, de artilharia, foi instrutor; lá se formaram diversos Pel Caç Nat;

(vi) em 1969 é transferido para o Pel Caç Nat 56, sediado em S. João, frente a Bolama;

(vii) em 1969 casou-se: será o primeiro de quatro casamentos; teve ou tem 15 filhos, o último dos quais a Alicinha do Cantanhez, filha da nalu Cadi Indjai (1985-2013) (por sua vez, filha de um antigo "combatente da liberdade da Pátria", que perdeu uma perna, na zona do Xitole, ao pisar uma mina dos "tugas", tendo estado na Alemanha de Leste, em reabilitação);

(viii) desse tempo, e do tempo do Pel Caç Nat 56, lembra-se com saudade dos furriéis Gil e Nuno, que gostaria de voltar a encontrar; não faz ideia do seu paradeiro; em São João esteve em 1969/70; 

(ix) será depois transferido para a CART 11, que estava em Paunca: esteve por lá em 1970/71: o comandante do seu pelotão era o alf mil Matos, que é de Ovar, e com quem ainda hoje convive e fala ao telefone: já foi a um (ou mais) dos convívios da companhia: esteve no destacamento de Sinchã Queuto [que eu só localizo a norte de Bafatá, e a sul de Contuboel, no mapa de Bafatá];

(x) saiu da tropa em finais de 1970 ou princípios de 1971; a mulher tinha ficado em Bolama;

(xi)  assistiu depois à independência; não tem boas memórias de Bambadinca desse tempo (teve de assistir a julgamentos populares selvagens e a execuções sumárias, bárbaras, pelo menos de um polícia administrativo e de um régulo, considerados "inimigos públicos nº 1 do PAIGC"); mas não teve, felizmente para ele,  quaisquer problemas com os novos senhores da Guiné-Bissau...

Ainda antes da independência tinha começado a trabalhar nos serviços agrícolas da província. Fez formação em floricultura, se não me engano. Foi ele e outros estagiários quem fez o jardim do Bairro da Ajuda, em Bissau, no tempo do administrador Guerra Ribeiro. 

Depois da independência começou a trabalhar com o engº agr Carlos Scwharz, no DEPA, na região de Tombali. Tem uma grande admiração pelo Pepito e pelo trabalho dele em prol do desenvolvimento da sua terra. (É cofundador, se não erro, e cooperante da ONG AD - Acção para o Desenvolvimento, com sede no bairro do Quelelé, de que o Pepito  foi diretor executivo atà data da sua morte, em 2014).

No princípio deste século, veio a Portugal fazer um curso de apicultura, que era então (e continua a ser hoje)  a sua grande paixão. Acabou por ficar. Para sobreviver, trabalhou como segurança numa empresa de construção, no concelho de Cascais. Entretanto, obteve a nacionalidade portuguesa. Tinha, em 2013, um filho, de 13 anos, o Umaro Baldé, que vivia com ele e que estava a frequentar o 7º ano de escolaridade obrigatória, em Alfragide, e queria ser  informático (está neste momento em Inglaterra).

Em 2013, quando entrou para a Tabanca Grande estava desempregado. O seu sonho era voltar a Caboxanque onde tem casa, junto ao rio Cumbijã,  e desenvolver o seu projeto de apicultura no Cantanhez. Mas tinha dois filhos pequenos para criar (o Umaru e a Alicinha do Catanhez, que ele e a Alice quiseram trazer para Portugal). 

Muçulmano, ia todas as sextas feiras à mesquita central de Lisboa. Era um bom crente. Era uma homem afável, conhecia meio mundo, e pediu-me para ingressar na Tabanca Grande. Estava interessado sobretudo em partilhar os seus conhecimentos e a sua paixão como apicultor.

Conhecia-o nessa altura, em 2013.  Era o pai, biológico, da Alicinha do Cantanhez, filha da Cadi, a sua quarta mulher.  Ele vivia na zona de Cascais, onde era segurança. A empresa fechou, o Baldé ficou no desemprego. Um advogado, seu amigo, arranjou-lhe casa em Alfragide. Éramos,  pois, vizinhos de 'tabanca'.  Só conhecia a filha de fotografias e vídeos (que o Pepito mandava para a Alice) . Mas era um pai babado. Vivia em Portugal há já cerca de 10 anos. Éramos nós que lhe  dávamos notícias da mãe e da filha. Tinha casa em Caboxanque na margem esquerda do Rio Cumbijã.  Queria que lá fossemos um dia passar férias. Queria votar à sua terra com o diploma de apicultor (**).

A Alicinha e a mãe, nalu,
Cadi Indjai (1985-2013)

Infelizmente, tudo lhe correu mal. Estava a tentar aguentar-se cá 15 anos, fazendo descontos para a Segurança Social e contando com o tempo da tropa.  Nem o tempo de tropa lhe foi descontado nem a Segurança Social lhe garantiu uma pensão de reforma. Por outro lado, a Cadi morreu (em 2013)  e a filhota, a Alicinha do Cantanhez, não conseguiu chegar a Portugal nem perfazer os 5 anos (morreu em 2014). Vi-o chorar convulsivamente quando soubemos e lhe transmitimos a notícia, devastadora para todos. Adorávamos a Cadi e a Alicinha. E o Baldé passou também a fazer parte da família...  

Voltou para Bissau, com os sonhos desfeitos e sem o diploma de apicultor. Sem um tostão, sem a pequena reforma que seria fundamental para a concretização dos seus sonhos e poder alimentar uma família numerosa. 

Os primeiros anos forma difíceis. Em meados de 2019, passava-se fome em Bissau. Telefonou-nos um dia a dizer que estava em Caboxanque a passar mal.  São situações que nos destroçam o coração...  E depois veio a maldita pandemia de Covid-19. De tempos a tempos ia dando notícias. Tem cá uma filha e netos, em Massamá ou no Cacém.

 Finalmente há dias soubemos, por ele,  que as coisas estavam a correr melhor, em Bissau e em Caboxanque, e que para o ano ele ia a fazer a sua primeira grande colheita de mel. Tanto quando dá para perceber pelas fotos que nos enviou, sem legendas, tem o seu negócio, independente... Aos 80 anos (!), continua a perseguir o seu sonho de há muito!..."Com a ajuda do Criador", diz ele, humildemente, ao telefone. Faz formação (e ele próprio elabora os seus materiais pedagógicos) e monta colmeias. Tem já bastantes no Cantanhez.  Não sei se tem algum apoio de alguma OND. Enfim, uma história feliz, desta vez, mesmo que ainda não se possa dizer que terá um final feliz. Mas Oxalá, Enxalé, Insha'Allah!.... Parabéns, Baldé, tu mereces tudo de bom.  (***)

(**) Vd. poste de 7 de janeiro de  2014 > Guiné 63/74 - P12554: Ser solidário (157): O nosso camarada, luso-guineense, natural de Contuboel, desempregado, a residir em Alfragide, António U. Baldé, pai da Alicinha do Cantanhez, tem um sonho: ser apicultor em Caboxanque...
 
(***) Último poste da série > 4 de maio de 2024 > Guiné 61/74 - P25478: (De) Caras (207): Homenagem póstuma da sua terra natal, Mealhada, ao ex-1.º Cabo At Inf do Pel Caç Nat 58, José da Cruz Mamede (1949-1970), morto na emboscada de Infandre, em 12/10/1970

terça-feira, 25 de junho de 2019

Guiné 61/74 - P19918: (D)o outro lado do combate (51): a morte de Jaime Silva ("Guerra Mendes"), na versão de Bobo Keita


Jaime Silva (ou "Guerra Mendes", nome de guerra), morto em 14 de fevereiro de 1965. Tem hoje nome de rua na Bissau Velha: Rua Guerra Mendes, antiga Rua Dr. Oliveira Salazar... Foto do Arquivo Amílcar Cabral / Casa Comum / Fundação Mário Soares. Com a devida vénia...



1. Guerrilheiros caídos no campo da honra

por Bobo Keita (*)

O Jaime Silva, mais conhecido por "Guerra Mendes", era o nosso rapazinho ali de Bissau. Ele era do Gã Geba. Foi tirar o seu curso na China e atribuiram-lhe a zona do Ntugal onde devia desenvolver as suas atividades de guerrilha.

Um dia, levantaram-se cedo para atravessar a bolanha do Ntugal, nos diversos patrulhamentos que faziam na região. Foram nesse dia detetados pela aviação portuguesa. Surpreendidos em campo aberto, ainda tentaram disparar contra o avião de caça que mergulhava na direção onde estavam. "Guerra Mendes" foi mortalmente atingido pelas rajadas do avião e caiu ali mesmo, sem vida. 

Isto deve ter acontecido em 1965 ou 1966, lembro-me que foi muito depois do Congresso de Cassacá. "Guerra Mendes" estava previsto para ficar como comandante daquela área do Ntugal.

(*) Fonte: Excerto de Norberto Tavares de Carvalho - De campo a campo: conversas com o comandante Bobo Keita. Edição de autor, Porto, 2011, pp. 237 e 240-241.


2. Nota do editor:

O topónimo "Ntugal" não me parece que exista, muito menos na Guiné-Bissau. Seria N'Tuane [ou Antuane?), povoação que existia, em 1961, entre Empada, a oeste, Buba, a nordeste ? (Vd. carta de Empada).

É possível que haja aqui um "lapsus linguae" do entrevistado ou do entrevistador. De qualquer modo, o mais importante é registar aqui a versão de Bobo Keita (ou Queita) (Bissau, 1939- Lisboa, 2009)sobre as circunstâncias da morte de "Guerra Mendes". O antigo comandante do PAIGC, Bobo Keita, foi entrevistado por Norberto Tavares de Carvalho, entre 2006 e 2008.

Segundo a versão oficiosa do PAIGC (carta de 'Nino' Vieira para Aristides Pereira, com data de 16/2/1965, e reproduzida pelo Jorge Araújo (*), o "Guerra Mendes" terá morrido em Bulel Sambá, a nordeste de Bedanda (Vd. carta de Bedanda, 1955), na sequência da Op Giro.

Ficamos, em todo o caso a saber algo mais sobre o Jaime Silva: (i) era mais novo (um "rapazinho") do que o Bobo Keita; (ii) era natural de Bissau, de Gã Geba;  e (iii) passou também pela China, onde fez a sua formação político-militar. 

Por  carta de janeiro de 1965,endereçada a Luís Cabral, e reproduzida pelo Jorge Araújo (*), verifica-se que era um jovem quadro com escolaridade.

Na altura em que morreu deveria estar na região de Quínara, como comandante, mas não chegou a "tomar posse" do lugar, por óbvias razões de disciplina... Não foi caso único, a liderança político-militar efetuada a partir do exterior (Conacri) levantava não poucos problemas disciplinares...Este terá sido um deles... Veja-se o raspanete que lhe passa o Aristides Pereira, dias antes de morrer:

(...) "Recebemos a tua carta [Jan65], mas continuamos a estranhar saber-te em Antuane, quando há tanto tempo contamos contigo em Quínara. Palavra que não compreendemos. Temos como indispensável a tua presença e o teu trabalho em Quínara. Esperamos que arrumes tudo aí, e que sigas o mais urgentemente para a tua área, a fim de efectuares o trabalho que te está determinado, e com o que contamos absolutamente." (...) 


A versão de Bobo Keita, sobre as circunstâncias da morte de "Guerra Mendes", é mais "heróica" do que a versão de 'Nino' Vieira: em campo aberto, em plena bolanha, completamente indefeso, o Jaime Silva enfrenta, de arma em punho, um caça-bombardeiro T-6 (ainda não havia o Fiat F-91, no TO da Guiné)...

Hoje tem nome de rua na Bissau velha, junto à zona portuária: Rua Guerra Mendes (, a antiga rua Dr. Oliveira Salazar). 


Mas será que os jovens guineenses de hoje conhecem a história deste "combatente da liberdade da Pátria" ? Não conhecem, nem a deste nem de outros, nem muito menos dos que combateram ao lado dos "tugas", têm necessidades mais prementes no presente do que conhecer o passado...embora não haja futuro nem conhecimento do passado. 

Hoje, passa-se fome em Bissau, ainda há dias recebi um pedido de ajuda pungente do António Baldé, nosso grã-tabanqueiro, que tinha um sonho, ser apicultor. [Pertenceu ao Pel Caç Nat 57 (São João, 1969/70) e à CART 11 (Paunca e Sinchã Queuto, 1970/71). Era 1º cabo art. ]




Guiné > Bissau > s/d [ c. 1960] > Rua Dr. Oliveira Salazar [, hoje Rua Guerra Mendes]. Bilhete Postal, Colecção "Guiné Portuguesa, 135". (Edição Foto Serra, C.P. 239 Bissau. Impresso em Portugal, Imprimarte, SARL).
Colecção: Agostinho Gaspar / Digitalização e edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2010).

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quinta-feira, 21 de junho de 2018

Guiné 61/74 - P18762: Fotos à procura de... uma legenda (105): O 'rancho dos pobres'... (Virgílio Teixeira / Luís Graça / Cherno Baldé / Valdemar Queiroz)


Foto nº 1 A


Foto nº 1 B


Foto nº 1 C


Foto nº 1 > Guiné > Região de Cacheu >São Domingos > CCS/BCAÇ 1933 > 1968 > "O rancho dos pobres"

Foto (e legenda): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

 

1. Legenda, completa, do autor, Virgílio Teixeira:

"Mais uma vez apresenta-se aqui a vergonha das nossas vidas. ‘O rancho dos pobres’. Eram miúdos indígenas, que vinham no fim das refeições, com as suas latas, à procura dos restos do rancho ou das messes para comerem, eles e famílias. Depois de levarem para as suas palhotas, voltavam novamente para levar o máximo possível. Isto chocava-me muito, mas nada poderia fazer, a não ser facilitar estas operações, a sopa dos pobres. São Domingos,  1968. (*)

2. Comentários dos leitores (*):

(i) Tabanca Grande [Luís Graça]:

Notável,  a foto... Não direi que diz "tudo", mas diz "muito"... O fotógrafo estava lá, milhares de nós assistíamos, quotidianamente, a esta cena, tão "comovedora" quanto "constrangedora",  dos meninos e meninas que viviam nas imediações dos nossos quartéis, com as latas (recuperadas do lixo da tropa) a servirem de marmitas, à cabeça, ordeiramente, pacientemente, à espera dos "restos do rancho da tropa"...

Parabéns, Virgílio,  pela tua sensibilidade e sentido de oportunidade... É uma foto com grande interesse documental...

50 anos depois continua a haver fome na Guiné-Bissau... Ainda há dias falei, ao telefone, com um desgraçado de um camarada nosso, o ex-1º cabo António Baldé, de Contuboel, que regressou à Guiné, sem um tostão, sem uma pequena reforma, e que, aos setenta e tal anos, passa fome em Caboxanque, no Cantanhez... O tal que tinha o sonho de vir a ser apicultor. E que era o pai da infeliz Alicinha do Cantanhez... Trabalhou com o Pepito, no DEPA... Vou ter que fazer alguma coisa por ele, para o ajudar... São situações que nos destroçam o coração... [O António Baldé esteve no CIM, Bolama (1966/69), Pel Caç Nat 57 (São João, 1969/70) e CART 11 (Paunca e Sinchã Queuto, 1970/71): é membro da Tabanca Grande,  nº 610].


(ii) Cherno Baldé:

É verdade que os miúdos iam lá pedir sobras do rancho, eu fui um deles [, em Fajonquito,], mas também, não vamos exagerar ao ponto de afirmar que era para comerem eles e suas famílias,  o que não corresponde à verdade. Primeiro porque, normalmente e por regra, as sobras não eram tão abundantes que dessem para alimentar a população. Em Segundo lugar, a população,  mesmo pobre,  era muito digna e conformava-se com o pouco que tinha em suas casas e, no caso das populações de confissão muçulmana, os adultos não comiam nada que viesse dos quartéis por motivos religiosos. Às vezes as aparências iludem e penso que foi este o teu caso.

A minha experiência de rafeiro de quartel diz-me que a quantidade das sobras dependia mais da qualidade da comida do que da bondade alheia, pois variava em função do prato do dia. Assim, nos dias em que havia carne de vaca ou cozido à portuguesa, não sobrava nada, mesmo para os soldados que se atrasavam a chegar ao refeitório.

(iii) Virgílio Teixeira:

Sobre os teus comentários a esta foto, a única que tenho, apesar de ter presenciado esta cena e outras imensas vezes, e só por vergonha nunca mais tirei nenhuma. Conheces aqueles ex-militares, com uma abraçadeira vermelha no braço esquerdo? Lembras-te ou não? Faziam de Oficial de Dia, os responsáveis por tudo o que acontecia durante 24 horas, incluindo nessa missão, assistir a todas as refeições nos refeitórios das praças e também provar e até muitas vezes também comiam do rancho.
Esses meninos e meninas, cujo exemplo estão aí, não fabriquei essa foto, fui eu o fotógrafo, mas não tenho abraçadeira, não estava de serviço, e quando estava não podia fazer fotografias a tudo. Mas a minha memória visual fenomenal não me deixa esquecer, e sei todos os pormenores de tanta coisa, mas não de tudo. Estes aqui que relatei são autênticos, só não sei se iam levar a comida à tabanca para alimentar os familiares ou se era com outros fins, por exemplo a pecuária.

Não sabia sequer,  nessa altura, os hábitos dos muçulmanos, palavra que estava longe de pensar que não comiam carne de porco e outras coisas. Por isso em Chão Fula, Nova Lamego,  não era tão gritante esta prática, mas existia na mesma. Mas em especial no Quartel de Brá, nos Adidos, onde se serviam mais de 1000 militares todos os dias, e sobrava muito e as filas eram imensas, eu vi isso, pois estive lá com o meu Batalhão durante o mês de Março de 68 e fiz vários serviços de Oficial de Dia e assistia obrigatoriamente a estas cenas, tanto eu, como os outros. 

A minha sensibilidade não dava para ver isto, por isso tentei esquecer, até ao dia que voltei a ver as fotos, 50 anos depois.

Não queria de modo nenhum alimentar uma polémica sobre este assunto, que não me agrada, mas espero que aceites - tu e os outros - esta minha versão dos acontecimentos, pois esta é a minha versão e não a dos outros, cada um pensa o que sente, e não, nunca faria quaisquer juízos de valor sobre isto. Sabes que eu gosto muito da população guineense, durante a guerra e depois dela, nunca esquecerei.
Quando estive aí, em 1984/85, três vezes, voltei a ver a fome nas populações, eram eles que me diziam, voltem para cá....

(iv) Cherno Baldé: 

As tuas fotografias são excepcionais e muito importantes sob todos os pontos de vista. Não há motivo para vergonha nenhuma nas fotos que, com todo o mérito, conseguiste salvar e conservar em muito bom estado. A pobreza não é uma desgraça em si e, na verdade, ela é sempre relativa, pois, se não existissem pobres, não haveria ricos no mundo.

Também não alimento polémicas, tão só tento corrigir possíveis erros de interpretação, muitas vezes, puramente subjectivos,  que os antigos combatentes metropolitanos podem estar, injustamente, a cometer sem ter a noção completa dos seus erros. A minha função é tentar corrigir os tiros da malta que se embala no entusiasmo das palavras, tal Homem Pereira de Melo, como uma vez disse o nosso amigo Valdemar Queiroz.

Todas as críticas e/ou observações que os bloguistas fizerem dos trabalhos (textos e fotos) publicados, só servirão para testar, enriquecer e consolidar os conteúdos assim expostos à observação e crítica do vasto auditório para uma eventual validação. Por isso, não convém que sejamos muito sensíveis nem que sejamos tentados a defender a todo o custo aquilo que expomos ao público da nossa Tabanca Grande.

Muito obrigado pelas simpáticas palavras de amizade dirigidas ao povo da Guiné-Bissau, em geral, e a mim, em particular. 

(v) Valdemar Queiroz:

Muito interessante a foto nº. 1. Era habitual a 'formatura' das crianças à espera das sobras do rancho da tropa. Também assisti em Bissau a uma 'formatura' destas, mas com muitas dezenas de crianças, quando estive de 'Sargento de Dia' no Quartel dos Adidos. Mas, bem longe daquelas terras, na Europa da abundância, que até deita por fora, e há cerca de uns vinte anos, assisti à porta das instalações militares ou da Academia Militar ou dos Comandos, na Amadora, a uma 'formatura', de lata na mão, que me fez lembrar aquelas que nós muito bem conhecemos na Guiné.

(vi) António Rosinha:

O Cherno esclarece um pouco o que era ir ao quartel apanhar restos, mas ainda não diz completamente tudo sobre o assunto para não melindrar algumas sensibilidades (penso eu)

Aqueles pretos não eram assim tão "coitadinhos", como havia uma tendência para os julgar assim, para quem passava lá 24 meses.

Na África subsariana não havia fome, aquela fome que nos era exibida em Lisboa e Porto e menos em cidades e aldeias mais pequenas do interior.

Aquela fome que as guerras provocavam foram uma excepção, assim como a fome e carências primárias de algumas independências com total desorganização.

Ainda há três ou quatro dias uns repórteres entrevistaram uns jovens gambianos que,  rejeitados pelos italianos, vieram para Valência, e o problema deles não era a fome nem a guerra, estavam bem tratados e bem dispostos, e um deles apenas queria uma oportunidade de poder jogar à bola.

As carências africanas nunca foram a  alimentação, tal como a conhecíamos aqui, antes de haver os peditórios à porta dos supermercados para as pessoas e para os animais.[Referência ais bancos alimentares].

Ao contrário das nossas tribos,  as tribos na África "partem" tudo entre si, dá para todos, aqui,  como cantava o Zeca Afonso, :eles comem tudo e não deixam nada.

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Notas do editor:
(*) Vd. poste de 19 de junho de 2018 > Guiné 61/74 - P18758: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte XXXVI: História e imagens de São Domingos: fotos de 1 a 8

(**)  Último poste da série > 18 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18432; Foto à procura de...uma legenda (104): O caso da mulher fula amamentando, com o leite do seu próprio peito, a "sua" cabrinha... O João Martins queixa-se de escesso de zelo censório por parte do Facebook...

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Guiné 61/74 - P18295: (In)citações (116): A 'mindjer grandi' Anabela Pires, de visita a Iemberém, até 2ª feira... Vai ser confrontada com uma série de memórias dolorosas: as perdas sucessivas dos nossos amigos comuns Cadi, Pepito, Alicinha... Esperemos que tenha notícias do nosso grã-tabanqueiro António Baldé, que voltou de mãos vazias, de Alfragide para Caboxanque, com o sonho desfeito de ser apicultor e dar um futuro melhor à Cadi e à Alicinha


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Farim do Cantanhez, 7 de dezembro de 2012... A última foto da Cadi...Morreria 2 meses depois...

Eu e a Alice conhecê-la-íamos em março de 2008. O nosso filho, médico e músico,João Graça, conhecê-la-ia, grávida, em Iemberém, em dezembro de 2009, a um mês de ter uma linda criança. a Alicinha do Cantanhez... Ficou com o nome da sua madrinha, a Alice de Candoz. O elo de ligação entre mãe, filha e madrinha era o Pepito, que entretanto morre em em fevereiro de 2014. Pouco tempos é a vez da Alicinha, que o pai, o nosso camarada António Baldé, a viver em Portugal, nunca chegará a conhecer!...É uma sucessão, dolorosa, de perdas...


Foto: © Pepito (2012). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.]


Guiné-Bissau > Bissau > Bairro do Quelelé > Casa do Pepito e da Isabel Levy > 2010 > A Alicinha do Cantanhez, de oito meses (à direita), que tem na Alice de Candoz (que vive em Alfragide, Portugal) uma madrinha, quase tão babada e ternurenta como a sua mãe, a Cadi (à esquerda)... O pai, da criança, vive e trabalha na Linha de Cascais como segurança de uma empresa. A Cadi é de Farim do Cantanhez. Não fala português, só um pouco de crioulo, para desespero da Alice de Candoz que de vez em quando lhe telefona... De tempos a tempos, esta manda à Cadi as roupinhas e outras coisas que fazem da Alicinha uma pequena princesa do Cantanhez... Pelo meio, vai-se rezando ao Nhinte Camatchol para que proteja a menina (e a mãe)... Da cólera, do paludismo, das desinterias, da fome e das mil e uma causas de morte infantil na Guiné-Bissau...

Foto: © Pepito (2010).  Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


Guiné-Bissau > região do Cacheu > São Domingos > 15 de março de 2012... A Cadi, já doente, a caminho de Ziguinchor, no Senegal... E a Alicinha morrerá mais tarde, em Farim do Cantanhez. sem chegar aos cinco anos. (**)


Foto: © Pepito (2012). Todos os direitos reservados. [Eduição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. Mensagem, que nos acabou de chegar de Bissau,  ontem, da nossa amiga e grã-tabanqueira Anabela Pires:



[Anabela Pires, janeiro de 2012, em Catesse, no sul da Guiné-Bissau, foto à esquerda de Pepito... Nascida em Moçambique, técnica superior de serviço social no Ministério da Agricultura, reformada, amiga dos nossos grã-tabanqueiros Jero (Alcobaça), Alice Carneiro (Alfragide/Amadora), e do nosso saudoso Pepito, cidadã do mundo, "globetrotter", esteve três meses, entre janeiro e março de 2012, integrada, como voluntária, no projeto do Ecoturismo, da AD - Acção para o Desenvolvimento, e a viver em Iemberém; foi o golpe de Estado de 2012 que a obrigou a sair da Guiné-Bissau; está lá de novo, desde 18 do corrente; tem 25 referências no nosso blogue, dela publicámos o "diário de Iemberém"; pacifista e feminista, ela não gosta que a gente lhe chame uma "mulher de armas"... mas é assim que a gente a vê, aqui da Tabanca Grande]


Queridos amig@s:
Parece que é amanhã que vou para o Sul, para Iembérém, Cantanhez, onde estive há 6 anos.  E digo parece porque só quando lá chegar é que direi "Cheguei!". 

Vou apanhar um autocarro de manhã cedo até Mampatá, a meio caminho, e depois irá um carro de Iembérém lá buscar-me. Vai correr tudo bem e talvez regresse na próxima 2ª feira. 

Lá não terei Internet e como tal a única forma de contacto é o meu nº de telemóvel português, quando é possível estabelecer ligação.

A situação política está mais calma mas .... bem, em Iembérém não há problemas desse género.
Darei notícias após o regresso.

Um abraço,
Anabela (*)


2 Resposta do nosso editor LG, na volta do correio:

Olá, Anabela!..Que faças boa viagem até Iemberém... E, já agora, vê se tens notícias do pai da Alicinha, a filha da Cadi. O seu nome é António Baldé, acho que nunca o chegaste a conhecer, vivia aqui em Alfragide. Vive hoje em Caboxanque (setor de Bedanda), a norte de Iemberém. Não chegou a conhecer a filha, a não ser por foto. Voltou para a sua terra, com o sonho (desfeito) de ser apicultor, levar com ele uma pequena reforma portuguesa e dar um futuro  melhor à Cadi e à filha de ambos... Foi um sucessão de tragédias... A Alice Carneiro era a madrinha, como sabes, o Pepito o nosso elo de ligação. Os três já morreram: a Cadi, a filha e o Pepito... Inevitavelmente vais reviver estes acontecimentos, dolorosos para todos nós...Eram nossos amigos comuns,,, O pai da Cadi ainda será vivo ? Vivia em Farim do Cantanhez, antigo combatente do PAIGC... Abdul Indjai, de seu nome, ficou sem uma perna numa mina.

Olha, dá depois notícias... Amanhã ponho notícia no blogue da tua partida. Boa estadia em Iemberém.... Bons encontros. Bj meus e da Alice. Luis

PS - Ah!, é vê se tens boas notícias da tua afilhadinha, de Catesse, e do projeto do Ecoturismo em que tiveste envolvida em Iemberém... A AD, parece-me,  ficou órfão do Pepito, perdeu o elã, entrou em entropia, não temos neste momento ligações diretas com a direção da ONG... É uma pena... Encontrámos há tempos em Lisboa a Isabel Miranda e o marido. Foi bom revê-los.  Boa noite. Luis.



Amadora > Alfragide > 27/7/2012 > O António Baldé com o nosso editior Luís Graça, foram vizinhos em Alfragide. O Baldé trabalhou em tempos com o Pepito no DEPA. É naural de Contuboel, onde fez a 4ª classe. Vive em Caboxanque e tem a nacionalidade portuguesa. Pertenceu ao Pel Caç Nat 57 (São João, 1969/70) e à CART 11 (Paunca e Sinchã Queuto, 1970/71). Era 1º cabo art.

Foto: © Luís Graça (2012). Todos os direitos reservados. [Eduição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].




Carlos Schwarz da Silva, "Pepito" (1949-2014). 

Foto: © Luís Graça (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


3. Recorde-se aqui o mail que a Anabela Pires nos mandou, em 20 de fevereiro de 2013,  por ocasião da morte da Alicinha:

Luís, acabei de receber o teu e-mail e estou em estado de choque. Nunca percebi de que mal padecia a Cadi mas depois de ir para o Senegal e para o hospital de Comura,  nunca pensei que o desfecho fosse este. Não imaginas como lamento esta notícia. E cuidado com a menina que pouco depois da mãe adoecer também ela andava doentita. Nunca me esqueço delas até porque no dia em que a Alicinha fez 2 anos (dia da minha chegada a Cantanhez) também eu ganhei uma "afilhada" em Catesse que tem o meu nome. As nossas "afilhadas" têm exactamente 2 anos de diferença. E não esqueço a visita que recebi da Cádi, da sua mãe (lindíssima mulher também), da Alicinha e do Ansumané (irmão mais novo da Cadi). Para sempre ficarão também no meu coração. Um grande abraço para ti e para a Alice.

Anabela Pires

___________

Notas do editor:



(**) Vd. postes de:

3 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3167: Ser solidário (19): Morreu o Nuninho, da Cadi. De paludismo. De abandono (Luís Graça)


19 de fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7816: Notas fotocaligráficas de uma viagem de férias à Guiné-Bissau (João Graça, jovem médico e músico) (4): 10/12/2009, último dia de consultas em Iemberém e viagem de regresso (10 horas!) a Bissau


18 de fevereiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12738: In Memoriam (178): Carlos Schwarz da Silva (1949-2014)... Pepito ca mori! (Luís Graça)

domingo, 17 de dezembro de 2017

Guiné 61/74 - P18094: Em busca de ... (285): Camaradas do meu pai, João Arindo Canha, que pertecenceu ao Pel Caç Nat 57, e esteve em Cutia, na região do Oio (Henrique Canha)


Guiné > Mapa geral da província (1961) > Escala 1/500 mil > Região do Oio > Detalhe: posição relativa de Cutia no triângulo Bissorã- Mansabá- Mansoa.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2014)



Guiné > Região do Oio > Cutia > Pel Caç Nat 57 (1971 / 74) > Destacamento de Cutia

Foto: © Jorge Picado (2013). Todos os direitos reservados [Edição; Blogue Luís Graça & Camaradas da Guine]


1. Mensagem do nosso leitor  Henrique Canha:

Data: 11 de dezembro de 2017 às 19:56

Assunto: Cutia, Guiné

Caríssimo Sr. Luís Graça,

O meu nome é Pedro Henrique Canha e estou a contactá-lo devido ao seu blog "Luís Graça & Camaradas da Guiné". O meu pai, João Arlindo Canha, foi guerrilheiro no Ultramar, tendo pertencido ao Pelotão de Caçadores Nativos nº 57 em Cutia, Guiné.

Ao longo dos anos foi-me contando imensas histórias dos seus anos na guerra e dos seus camaradas. Agora, infelizmente, o seu estado de saúde não é o melhor e por isso iniciei uma busca de antigos irmãos de armas dele porque o meu pai sempre expressou um enorme desejo em voltar a falar com alguns deles.

Com este e-mail, o meu intuito era perguntar-lhe se por acaso chegou a conhecê-lo ou se me poderá encaminhar para algum grupo que me ajudasse a encontrar ex-combatentes que poderão tê-lo conhecido.

Muito grato pelo seu tempo, envio-lhe os meus melhores cumprimentos.

Henrique Canha


2. Pedido ao nosso colaborador permanente, José Martins, com data de 11 do corrente:

Zé: mais uma "prenda de Natal"...Vê o que temos no blogue sobre o Pel Caç Nat 57 e informa diretamente o filho do nosso camarada... Há coisas que não podem esperar... Depois publicamos no blogue... Ab, Luís

PS - Para já,  só temos duas (!) referências ao Pel Caç Nat 57.... Temos referência a outros, uns mais  (Pel Caç Nat 52, 53, 63...) do que outros (Pel Caç Nat 50, 58, 59, 61, 67...). Sobre Cutia, temos cerca de 3 dezenas de referências. Por lá também passou o Pel Caç Nat 61. (**)

 O meu/nosso amigo da família, António Baldé, o pai da "Alicinha do Cantanhez", voltou para a sua terra, vive agora em Caboxanque, foi do Pel Caç Nat 56...

Temos também o Fernando Paiva, de Amarante, o Carlos Vinhal deve ter o email dele...

Pel Caç Nat 50 (5)
Pel Caç Nat 51 (21)
Pel Caç Nat 52 (176)
Pel Caç Nat 53 (54)
Pel Caç Nat 54 (39)
Pel Caç Nat 55 (15)
Pel Caç Nat 56 (20)
Pel Caç Nat 57 (2)
Pel Caç Nat 58 (7)
Pel Caç Nat 59 (3)
Pel Caç Nat 60 (15)
Pel Caç Nat 61 (4)
Pel Caç Nat 63 (92)
Pel Caç Nat 65 (12)
Pel Caç Nat 67 (3)
Pel Caç Nat 69 (2)
Pel Caç Nat 70 (1)


3. Resposta do nosso colaborador permanente, José Martins:

Boa noite, Henrique

O Luís Graça remeteu-me o mail que acabo de receber, para ver como poderia ajudar.

Como no blogue não temos referência ao Pelotão de Caçadores Nativos nº 57, procurei obter elementos noutros locais.

É difícil encontrar camaradas deste tipo de subunidades, uma vez que são unidades com cerca de 30 a 40 elementos. Europeus era o comandante (alferes), 3 sargentos, normalmente furriéis, e alguns cabos e soldados especialistas.

Chegavam a essas subunidades após mobilização em rendição individual. Como havia uma rotação dos seus elementos europeus, uma vez que os africanos ficavam mais tempo nesses pelotões, o contacto perdia-se e com o passar dos anos até a lembrança desaparecia.

Pelos elementos de que disponho, o nosso camarada João Arlindo Canha, deve ter estado em Cutia entre Maio de 1971 e Agosto de 1974. 

Como Cutia dependia, creio, de Mansabá, junto uma nota das unidades que passaram por ali, pode ser que o pai se lembre de alguma e, então, poderemos usar essas unidades como filtro de pesquisa.

Entretanto, duas coisas poderão ser feitas de imediato:

1º - Nos marcadores existentes no lado esquerdo da página do blogue, procurar Cutia. Clicando abre os textos que existem sobre a localidade. Servirá para matar saudades e relembrar algo já esquecido.

2º - No link «http://ultramar.terraweb.biz/Form_09Procura.htm» há um formulário para procurar camaradas da Guerra de África. Preenchendo o tal formulário, pode ser que alguem que tenha tido algum amigo em Cutia, ou que alguém da época apareça e tenha contacto com outros camaradas.

De momento é o que se nos afigura possível. Este assunto também vai ser objecto de um texto no blogue. Poderemos ter sorte.

Ver a seguir a listagem das unidades de Mansabá, após 1970:
  

Infogravura: José Martins / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2017)

Espero ter podido ajudar, apesar de não haver grandes novidades.

Votos de Boas Festas.

José Martins
Canjadude - Guiné - entre Junho/68 e Maio/70
____________

Notas do editor:

(*)bÚltimo poste da série > 13 de dezembro de  2017 > Guiné 61/74 - P18083: Em busca de... (285): Camaradas dos Pel Mort 4579; 4580 e 4581/BCAÇ 3884 (Bafatá, 1973/74) (Carlos Vieira, ex-Fur Mil do Pel Mort 4580)

(**) Vd. poste de 27 de dezembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12512: O nosso livro de visitas (174): Camarada não identificado, pertencente ao Pel Caç Nat 61 de Cutia, comandado pelo ex-Alf Mil Simeão Ferreira que hoje é médico nas Termas de Monte Real

(...) Por exclusão de partes tratar-se-á do ex-Fur Mil João Luís dos Santos Pimenta que desembarcou em Bissau em 14JUN70 chegou ao Pel Caç Nat 61 nesse mês, então sediado em Cutia e na dependência da CCaç 2589/BCaç 2885, para substituir o camarada João António Pina que terminou a comissão em 20JUL70.

Os Fur Mil José António Rodrigues Amorim (desembarcou em Bissau no mesmo dia e apresentou-se possivelmente no mesmo dia que o Pimenta), substituiu o camarada José Rosa Matos França (fim de comisão em 02JUL70) e Armando Barbosa de Sá (desembarcou em Bissau em 20JUL70, apresentando-se nesse mês) que substituiu o camarada Mário Jorge Fernandes (fim da comissão em 02LUJ70).

O Alf Mil Simeão Duarte Martins Ferreira (desembarcou em Bissau em 17AGO70 apresentando-se nesse mês), substituiu o camarada Rodrigo Lopes, de quem não tenho recordação, (fim de comissão em 29JUL70).(...)

terça-feira, 10 de junho de 2014

Guiné 63/74 - P13266: Ser solidário (159): É verdade, é tristemente verdade, Isabel, por aí, por essa terra madrasta, pode bem dizer-se: "... E a morte continua"!... No dia em que foi a enterrar a Alicinha do Cantanhez (2010-2014).

A Alicinha e a mãe, nalu,
Cadi Indjai (1985-2013)
1. Mensagem da Isabel Levy Ribeiro, em Bissau, chegada hoje por volta das 11h55

Assunto - Alicinha

Olá, Alice e Luis. Acabei de receber agora a noticia da Alicinha. A vossa [menina] morreu ontem e está a decorrer agora o seu funeral  lá no sul.

Não sei o que aconteceu! Apenas que se foi.

Há pouco deram mais uma notícia da morte de um rapaz que trabalhava na TV de S. domingos. 
Por aqui, pode-se dizer ..."e a morte continua", 
ao contrário de "a vida continua".

Um abraço
Isabel

2. Resposta de Luís Graça:

Obrigado, Isabel, pela grandeza do teu gesto. Registo e não esqueço. Os amigos são também para estas ocasiões dolorosas. 

A minha Alice ficou num pranto quando, incrédula,  leu a notícia. Acabávamos de chegar da casa do Nuno Rubim, na noutra banda, onde fomos buscar uns livros. 

Telefonámos de imediato ao António  Baldé, pai da Alicinha, que mora aqui perto de nós, em Alfragide [, foto  à esquerda]. Estava triste por ter recebido, da Guiné-Bissau,  a notícia de que a menina, ontem,  estava muito doente. Demos-lhe a então a notícia do brutal desfecho.(*)

A Alicinha do Cantanhez, a filha da Cadi e do Baldé, a mana do Nuninho (**), não chegava aos 5 anos, a mítica fronteira da sobrevivência na Guiné-Bissau. A morte levou-a com ela, depois da mãe Cadi, depois do mano Nuninho. Fica um pai (e um irmão, adolescente, de 15 anos), desctroçado. Ele que tanto queria conhecer (e viver ao lado de) a sua filhota  mais nova... Tinha planos para voltar para a Guiné, para a sua casa em Caboxanque, no próximo ano, e dedicar-se à apicultura...

É uma dor de alma. A Guiné é  uma terra madrasta para as crianças... E tanto que a Alice e o Baldé sonharam em trazê-la para cá!.... De alguma maneira, a Alice também se sente culpada por não  ter conseguido vencer, em tempo útil, a burocracia e trazê-la para Portugal, para o pé do pai e do irmão... A Alicinha, que ela já tratava como a "sua menina"... 

É verdade, é tristemente verdade, Isabel, por aí, na Guiné,  pode-se dizer: "... E a morte continua!"...

Obrigado, amiga. Espero que as coisas melhorem para ti e a  tua família. Um xicoração apertado. Luis (e Alice).
__________________

Notas do editor:

(*) Último poste da série > 26 de fevereiro de  2014 > Guiné 63/74 - P12776: Ser solidário (158): Gente amiga da ONGD Ajuda Amiga: o cor comando ref Hélder Vaz Pereira, presidente do conselho Fiscal, que viveu desde os 4 anos em Bissau... (Armando Pires)

(**) Vd. Luís Graça > Blogpoesia > 24 de setembro de 2008 > Blogantologia(s) (II) - (72) Nasceu e morreu um pretinho da Guiné

Guiné-Bisssau > Região de Tombali > Setor de Bedanda > Cananima > 2 de Março de 2008 > Uma jovem, da região, que estava grávida, e que tinha o marido em Bissau. Caíu nas boas graças das nossas senhoras, sempre muito maternais: a Júlia [, esposa do Nuno Rubim], a Alice [, esposa do Luís Graça], a Isabel [, esposa do Pepito]... 

Cadi era o seu nome. Vivia em Farim do Cantanhez. Esteve recentemente às portas da morte. E perdeu o seu primeiro e único filho, o Nuninho, de 4 meses. Por paludismo. Por abandono. Por falta de tudo (ou quase tudo). Por falta de cuidados de saúde (primários e secundários). Por falência dos serviços públicos de saúde. Por falta de médicos que vêm estudar para Portugal e não voltam.... Por ser guineense, por ter nascido num dos piores países do mundo no que diz respeito a indicadores de saúde materno-infantil... "Que raiva, que mundo, que desgraça de país" - é a primeira reacção que nos ocorre, a nós, que estamos num país que tem um dos baixos indicadores de mortalidade infantil do mundo... Sofremos, e muito, com estas notícias tristes que nos chegam da nossa querida Guiné... e que nos envergonham a todos (LG).


Nasceu e morreu um pretinho da Guiné

Cadi, de seu nome.
Amorosa.
Uma ternura.
Uma jóia de miúda.
Tinha a graça de uma gazela
apascentando na orla da bolanha.
Era nalu.
Vivia em Farim do Cantanhez.
Filha de um velho combatente da liberdade da pátria,
com direito a pensão
ao fim do mês.
Estava grávida de muitas luas.
Atrelou-se à Júlia e à Alice
em Iemberém,
no início de Março de 2008.
Com aquela candura, doçura, espanto e maravilhamento
das crianças africanas,
quando vêem uma Mulher Grande, branca.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Guiné 63/74 - P12726: Tabanca Grande (428): Valdemar Queiroz, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Os Lacraus (Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70), grã-tabanqueiro nº 648



Guiné > Zona leste > Contuboel > Centro de Instrução Militar > CART 2479 / CART 11 (1969/70) > O fur mil Valdemar Queiroz



O Valdemar Queirioz, foto atual



T/T Timor > 1969 > CART 2479 / CART 11 (1969/70) > "Da esquerda para a direita, o Pechincha, o Queiroz e Duarte"



Guiné > Zona leste > Contuboel > Centro de Instrução Militar > CART 2479 / CART 11 (1969/70)  > O fur mil Queiroz, com os jovens recrutas Cherno, Sori e Umaru.


Fotos (e legendas): © Valdemar Queiroz (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complemenetar: L.G.]


1. Mensagem de Valdemar Queiroz, com data de 9 do corrente:


Ora viva, caro Luís Graça!

Eu sou o ex-Furriel Mil Valdemar Queiroz, da CART 2479 / CART 11, "Os Lacraus" (Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá,Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70).

Tenho acompanhado a Tabanca Grande desde que o Abílio Duarte entrou nela,  o que me deixou cheio de querer, também, ser um Tabanqueiro,

O que será feito do Cândido Cunha ?  Wntramos prá tropa em Santarém (10/07/67) e na EPC onde  até os ilhós das botas por onde passavam os atacadores tinham que ser areados!

Faz este mês 45 anos, em 18/02/69, da partida da rapaziada prá Guiné.
Em anexo um texto, despretensioso e como eu vi aquele tempo.

Noutro e-mail que, depois vou enviar, vão umas fotos daqueles tempos.



2. Comentário de L.G. [, ex-fur mil ap armas pes inf, CCAÇ 2590, Contuboel, jun/jul 1969, na foto,  à esquerda, com o Renato Monteiro, passeando de piroga no Rio Geba]:

Caro Queiroz, estivemos juntos em Contuboel, desde 2 de junho a 18 de julho de 1969 (e não erro), Eu fazia parte da CCAÇ 2590, futura CCAÇ 12 (colocada depois no setor L1, Bambadinca, onde fizemos a comissão, como unidade de intervenção.

Não me levas a mal se eu te disser que, pelo teu nome, já não ia lá... Com as fotos de Contuboel, acende-se um luzinha ao fundo do túnel... Da foto que me envias com três jovens recrutas, o Umaro Baldé, o mais puto de todos, reconheço-o de imediato. Não devia ter mais do que 16 anos. Fumava cachimbo para passar por "homem grande"... Não sei como é que ele - e outros, que eram ainda crianças! - passaram pelo "crivo" da tropa... O Cherno e o Sori também, podem ter ido parar à minha CCAÇ 12, mas não tenho a certeza...

Tivemos, na 3ª secção (fur mil José Sousa Vieira), do  3º Gr Comb (alf mil Abel Maria Rodrigues), o soldado 82109669 Cherno Baldé, de etnia fula... Era municiador da  Metr Lig HK 21m e o Sold 82109269,  Sori Jau, também fula, apontador de Dilagrama.

Também tivemos, na 1ª secção (fur mil Joaquim Augusto Matos Fernandes), do 4º Gr Comb (alf mil José António G. Rodrigues, já falecido), o Sold 82115269 Cherno Baldé, fula, ap Metr Lig HK 21.

O Sold 82115869 Umarú Baldé (Ap Mort 60), fula (já falecido, depois de viver na Amadora), pertencia ao 4º Gr Comb, 2ª secção (fur mil António Fernando R. Marques),

Na 3ª secção do 4º Gr Comb, havia um outro Sori Baldé, fula, Sold 82111069...

De qualquer modo, querido camarada de Contuboel, deste a recruta aos nossos 100 soldados do recrutamento local, oriundo dos regulados de Badora e de Cossé, que passaram depois para a CCAÇ 2590/CCAÇ 12. Fomos nós que lhes demos a instrução de especialidade e a IAO.

É com enorme alegria que te recebo na Tabanca Grande,  tão grande que cabemos cá todos, os camaradas que passaram pela Guiné desde 1961 até 1974, e que estiveram no noete e no sul, no leste  e no oeste.  Da tua companhia cá temos, pelo menos, o Renato Monteiro e o Abílio Duarte, dois nomes que me vêm logo à memória... Mas também o António Baldé, 1º cabo, fula, que é capaz de ser ainda do teu tempo... e que é natural de Contuboel! (É é agora meu vizinho... e "compadre", já que somos "padrinhos" da sua filha, a Alicinha do Cantanhez)... E ainda outros que passaram pela CART 11, mais tarde CCAÇ 11...

Valdemar, conheces as "regras do jogo" do nosso blogue... Vamos de seguida publicar o texto e as fotos  que mandaste.  Passas a ser o grã-tabanqueiro nº 648, e a ter direito a sentares-te sob o nosso poilão, mágico, fraternal e protetor. Manda também, ao Carlos Vinhal, editor de serviço 24 horas por dia, o teu contacto telefónico (telemóvel ou telefone fixo, só para uso interno, não devendo ser divulgado no blogue, a menos que autorizes).
______________

Nota do editor:

Último poste da série > 15 de fevereiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12723: Tabanca Grande (427): António Cândido da Silva Medina, ex-Fur Mil Inf da CART 527 (Teixeira Pinto e Pelundo, 1963/65)

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Guiné 63/74 - P12554: Ser solidário (157): O nosso camarada, luso-guineense, natural de Contuboel, desempregado, a residir em Alfragide, António U. Baldé, pai da Alicinha do Cantanhez, tem um sonho: ser apicultor em Caboxanque...

1. Já aqui apresentámos em tempo o António Ussumane Baldé, nascido  em Contuboel em 1944, de etnia fula (*) [Foto à esquerda, Alfragide, 27/7/2012, na casa do nosso editior Luís Graça]

Foi educado, até aos 12 anos, pelo chefe de posto local, o português José Pereira da Silva, ainda hoje vivo, com residências no concelho de Oeiras. Fez a 4ª classe e isso abriu-lhe outras portas a que outros miúdos da sua tabanca não tiveram acesso. 

Lembra-se bem da serração do Albano, que ainda existia no meu tempo (junho/julho de 1969, quando Contuboel foi Centro de Instrução Militar, donde saíram, de entre outras, as futuras CART 11 e CCAÇ 12).

Em 1966, foi chamado para a tropa. Fez a recruta e a especialidade no CIM de Bolama. Ficou lá dois anos. Promovido a 1º cabo, de artilharia, foi instrutor. Lá se formaram diversos Pel Caç Nat. Em 1969 é transferido para o Pel Caç Nat 56, sediado em S. João, frente a Bolama.  Em 1970 é transferido para a CART 11 (e mais tarde CCAÇ 11), que estava em Paúnca. O comandante do seu pelotão era o alf mil Matos, que é de Ovar, e com quem ainda hoje convive e fala ao telefone. Já foi uma ou mais vezes aos convívios da companhia.

Em 1969 casou-se. Será o primeiro de quatro casamentos. Teve ou tem 15 filhos,  o último dos quais a Alicinha do Cantanhez, filha da saudosa  Cadi Indjai (1985-2013), nalu de Farim do Cantanhez [ foto à direita], filha de um antigo guerrilheiro do PAIGC, "combatenet da liberdade da Pátria", que perdeu uma perna numa mina A/P da tropa portuguesa. Mais recentemente perdeu um neto.

Saiu da tropa em finais de 1970 ou princípios de 1971. A mulher tinha ficado em Bolama. Assistiu depois à independência. Não tem boas memórias de Bambadinca desse tempo (onde assistiu à bárbara execução pública, após serlvagens julgamentos populares, de "inimigos públicos do PAIGC", "cães dos colonialistas"... 
mas  não teve quaisquer problemas com os novos senhores da Guiné-Bissau. 

Ainda antes da independência tinha começado a trabalhar nos serviços agrícolas da província. Fez formação em floricultura, se não me engano. Foi ele e outros estagiários quem fez o jardim do Bairro da Ajuda, em Bissau, no tempo do administrador Guerra Ribeiro. Depois da independência começou a trabalhar com o engº agr Carlos Scwharz, no DEPA, na região de Tombali. Tem uma grande admiração pelo Pepito e pelo trabalho dele em prol do desenvolvimento da sua terra, através da sua ONG AD, der que é membro cooperativo (e cofundador, se não erro).

No princípio deste século, veio a Portugal fazer um curso de apicultura, que é hoje a sua grande paixão. Acabou por ficar. Trabalhou, até há pouco tempo, como segurança numa empresa de construção, no concelho de Cascais. Entretanto, obteve a nacionalidade portuguesa. Tem um filho, de 13 ou 14 anos, o Umaro Baldé, que vive com ele desde os 6 anos e que está a frequentar o 7º ano de escolaridade obrigatória, em Alfragide, e que ser informático.

De momento o António Baldé está desempregado. O seu sonho é voltar a Caboxanque onde tem casa, junto ao rio Cumbijã, e desenvolver o seu projeto de apicultura no Cantanhez. Está a preparar o seu regresso.  Bom muçulmano, vai todas as sextas feiras à mesquita de Lisboa. É uma homem afável, conhece meio mundo, fala e escreve bem o português, e pediu-me para ingressar na Tabanca Grande em março do ano passado (*). 

2. O António Baldé está interessado sobretudo em partilhar conhecimentos e experiências na área da apicultura, em que fez formação profissional. Está a preparar-se para regressar à sua terra natal e montar o seu negócio em Caboxanque.

Lembrei-me que o podia ajudar, publicando uma lista de materiais apícolas que ele precisar de comprar, uns novos, outros podendo ser em segunda mão. O Natal já passou mas pode ser que haja, entre os nossos leitores, algum Pai Natal, que seja ou tenha sido apicultor, que o queira e possa ajudar.... 

Às vezes ser solidário (**)  não custa muito. E podemos mudar a vida de outro humano, dar-lhe uma grande alegria, pô-lo de novo a sorrir e a ter esperança,  ajudar a construir o seu negócio ... Neste caso, ser apicultor em Caboxanque!

Aqui vai a lista de materiais apícolas que o António Baldé anda à procura. Podem contactá-lo pelo telemóvel 969 262 831 (de preferência) / telef  216 054 667 (noite)