sábado, 24 de julho de 2021

Guiné 61/74 - P22401: Fauna & flora (16): Répteis da Guiné-Bissau que é preciso conhecer e proteger: 2 crocodilos, o crocodilo-do-Nilo (Lagarto) e o Lagarto preto; e duas linguanas (a de água e de mato)

República da Guiné-Bissau, Direcção Geral dos Serviços Florestais e Caça, Deparatmento da Fauna e Protecção da Natureza, s/l, 34 pp. s/d (Disponível em formato pdf, aqui, no sítipio do IBAP , https://ibapgbissau.org/Documentos/Estudos/Animais%20da%20Guine-Bissau.pdf)


Animais protegidos no lei, na Guiné-Bissu_ estão incluidos o Crocodilo-do Nilo (Lagarto) e o Crocodilo 


1. A propósito dos répeis, referidos no poste P22399 (*), aqui vai informação adicional (**):

 

Fi8cha técncia: Crocodilo-do-Nilo (Lagarto)  (Crocodylus nolotcus) (pág. 28)


 

Lagarto preto (Osteolaemus tetraspis) (pág. 28)



Ficha sobre a Linguana-de-água (Varana niloticus) (pág.29)


Ficha sobre a Linguana-de-mato (Varana exanthematicus) (pág. 29)


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Notas do editor:


(*) Vd. poste de  24 de julho de 2021 > Guiné 61/74 - P22399: Fotos à procura de... uma legenda (146): Uma vez por todas, não havia nem há "jacarés" na Guiné-Bissau, mas "crocodilos" (e outros répteis)

Guiné 61/74 - P22400: Os nossos seres, saberes e lazeres (461): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (8) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 11 de Junho de 2021:

Queridos amigos,
Recebe-se um aviso do Google que há para ali um excesso de imagens, é uma sobrecarga que gera lentidão no funcionamento do computador. Para não cometer barbaridades no esvaziamento desse paquiderme de imagens, põe-se tudo no ecrã e descobre-se, com uma ponta de amargura, que se andou por ali e aqui mais próximo a desfrutar em interiores e exteriores, e que não se deu conta do recado, tornar essas imagens conviventes, a palavra é estafada mas sintetiza a motivação que as levou a tirar e guardar: partilhá-las, foram coisas de que se gostou, podem interessar a A, B ou C, dar ideias para uma visita ou itinerância. Por pura cabulice, deixei cristalizar estas imagens até chegar a advertência de que delas tenho de me desfazer, pois não será de qualquer modo, reparto-as em sede própria, se me deram satisfação a registar pode muito bem acontecer que venham a ser bem acolhidas e até dêem ideias para que de outras câmaras haja outros envios para o nosso extremoso blogue.

Um abraço do
Mário



Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (8)

Mário Beja Santos

Parte-se para um evento, leva-se a devida carga de curiosidade, casos há em que previamente se estuda o que se vai ver, é regular a vontade de partilhar o que se olhou e viu, aquilo que ganhou sentido e merece alguma cogitação. Será porventura o caso destas imagens em que houve, digo-o sinceramente, a determinação de as pôr em ordem e mostrá-las aqui, o diabo tece-as, entrepõem-se outros misteres, perde-se o rumo ao que se guarda na câmara, e acontece o dia em que se abre no ecrã do computador este caleidoscópio, sente-se inicialmente um amargo de boca, ora, mais vale a emenda do que o soneto, toca de cerzir ajuntamos de imagens, há evidentemente uma lógica, e de algo que se passou de Castanheira de Pera para Figueiró dos Vinhos e daqui para Tomar se dá conta do que surpreendeu e que cada um, dentro do possível, desfrute ou ganhe apetência para ir ao encontro do que estas imagens fazem sonhar.

A Casa da Criança em Castanheira de Pera, torrão natal de Bissaya Barreto, médico filantropo que criou todo este projeto – são 25 casas da criança, todas elas com muita proximidade – e responsável por uma visita que é quase obrigatória em Coimbra – o Portugal dos Pequeninos. O médico fez muito pelas crianças e a vivacidade destes azulejos falam por si. Acontece que viera a Castanheira de Pera com alguns amigos que pretendiam conhecer o que fora o mundo têxtil da região, bem desapontados daqui saíram, o que podia ter sido um valioso património industrial vai caindo aos bocados. Era inevitável irmos ao centro histórico da vila, viu-se o jardim, que guarda pergaminhos, mostrei uma magnólia como não conheço outra igual, e todos à uma foram espreitar os azulejos, houve elogio unânime. E bem merecido, digo entre parênteses. Passou-se por outro programa e as imagens ficaram. Só que…


Painel de azulejos na Casa da Criança de Castanheira de Pera. As Casas da Criança são coloridas, com muitos mosaicos, com linhas redondas, envolvidas em espaços verdes e induzem um ambiente de vivacidade e alegria.

Mais tarde, havendo notícia de uma exposição do belo edifício do Museu e Centro de Artes de Figueiró dos Vinhos, para ali se foi num princípio de tarde, era irresistível tirar imagem da Casa da Criança, com toda a sua garridice, posso supor que nenhuma criança hesita em ali entrar. Quanto à exposição, Figueiró dos Vinhos tem alguns trunfos a dar sobre aquilo que se chama a escola naturalista, um dos sumo-sacerdotes desta corrente artística viveu ali a escassos metros, numa moradia chamada O Casulo, felizmente bem cuidada, era a casa de José Malhoa que adorava o sol de Figueiró, que interpelava velhinhas na rua, pintou até mesmo no dia em que partiu para as estrelinhas, adorava a região. Aqui também viveu Simões de Almeida, o sénior e o sobrinho, é possível contemplar belas esculturas de ambos, mas há exposições em que aparecem outros naturalistas como Silva Porto ou Henrique Pinto. Por ali se cirandou vendo obras algumas delas de grande envergadura, houve ideia de fazer delas registo, novas andanças da roda do destino, esqueceu-se que estava na câmara, mais vale tarde do que nunca, fica feito o convite para vir a Figueiró e visitar este Centro de Artes, mesmo O Casulo, e no altar-mor da Igreja há um batismo de Cristo assinado por José Malhoa. E aproveito para lembrar que em Figueiró ajudei a organizar um convívio da CCAÇ 2402, a pedido do saudoso Raul Albino, a autarquia foi recetiva ao meu pedido, recebeu toda a comitiva no Salão Nobre e cedeu as viaturas a seguir ao almoço para um belo passeio em todo o concelho. E fica a sugestão para outros encontros de unidades militares, comer satisfatoriamente e abraçar camaradas para sempre é uma dádiva irrecusável, mas se houver um bom passeio, ainda melhor, mais fica para a recordação.

Casa da Criança de Figueiró dos Vinhos
Museu Centro de Artes de Figueiró dos Vinhos, imagem de uma exposição
Há uns anos, a minha extremosa neta pediu-me para a levar a um aquaparque, mas não queria visita de médico. Encontrei a solução ali para os lados de Minde, perto das grutas de Mira d’Aire, alugam-se umas casas de madeira e o aquaparque é estonteante. Coube-me em exclusivo o ofício de andar a escorregar na água por toda aquela tubagem, com queda na piscina, a neta a insistir que queria mais, cheguei ao fim da tarde que não podia com uma gata pelo rabo, mas vê-la tão contente, aqueles olhos azuis a relampejar de alegria, fez-me esquecer a canseira. Ora, perguntará quem tem a paciência de seguir estas linhas, o que tem a ver esta conversa com a última imagem que se apresenta, o Castelo de Almourol? Na minha cabeça tem, viu-se de terra firme o castelo Templário no dia em que se chegou para a jornada de banhos aquáticos em circuito fechado, e no regresso visitou-se a Casa-Museu de Roque Gameiro, esse insigne aguarelista que assina o que o leitor está a ver, e, vamos lá, é de uma rara beleza.


Ficaria mal comigo mesmo se não vos dissesse que estas imagens, de uma exposição que já vos falei, não fossem aqui exibidas. É sempre a exultação da pedra, em pequeno a minha mãe levou-me à Avenida da Liberdade, estavam a refazer a calçada portuguesa com aqueles desenhos rendilhados do basalto embrechado no calcário, o que me impressionava era o trabalhador a sopesar a pedra, a ver se estava conforme, a martelá-la a jeito, afagando o conjunto de vez em quando, como se estivesse num ateliê com um pincel a observar a tela, e a intervir aqui e ali. Daí a importância que atribuo a esta imagem, e depois aquela seteira onde pudemos mirar o que é viver em paz, sem os calafrios de uma investida muçulmana, e por fim mais uma imagem da pedra nessa obra soberba que é o Aqueduto de Pegões, a água levada para o interior do Convento de Cristo, para mim são três imagens impressivas, a preto e branco, e tenho enormes saudades da minha infância, em que tudo era a preto e branco, e até recordo os fotógrafos à la minuta, de que guardo recordações de passeios pelas feiras ou jardins.

Imagem fotográfica extraída da exposição Os Sítios da Pedra, Complexo Cultural da Levada, Tomar, outubro/dezembro de 2020
Imagem fotográfica extraída da exposição Os Sítios da Pedra, Complexo Cultural da Levada, Tomar, outubro/dezembro de 2020
Imagem fotográfica extraída da exposição Os Sítios da Pedra, Complexo Cultural da Levada, Tomar, outubro/dezembro de 2020

E vamos continuar com mais itinerâncias, agora vamos passar para um jardim muito especial, na rua da Escola Politécnica, o Jardim Botânico. Imagine-se, fora uma tarde de surpresas, e ficara tudo cristalizado na câmara, que desperdício para quem aprecia património vegetal.

(continua)

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Nota do editor

Último poste da série de 17 DE JULHO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22380: Os nossos seres, saberes e lazeres (460): A pedra, a fábrica, o rio, a presença da História e da Arte em Tomar (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P22399: Fotos à procura de... uma legenda (153): Uma vez por todas, não havia nem há "jacarés" na Guiné-Bissau, mas "crocodilos" (e outros répteis)


Guiné > Região de Tombali > Cameconde > CART 6552/72 (1973/74) > O Manuel Ribeiro com um pequeno "jacaré", apanhado na bolanha de Cassomo (, em rigor, trata-se de outro réptil já que não há jacarés na Guiné, nem em toda a África, apenas no Novo Mundo e na China). (*)

Foto (e legenda): © Manuel Domingos Ribeiro (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Comentário do Cherno Baldé ao poste P22393 (*):

Caros amigos,

O animal (réptil) que o Manuel Ribeiro mostra numa das fotos, não é Jacaré, mas também não é um Crocodilo. Eu explico:

Na Guiné e países vizinhos da região, existem algumas espécies menos conhecidas de répteis da familia dos crocodilos / Jacarés, mas que são muito mais pequenos que estes e que nunca ultrapassam 1,5 mts de comprimento. 

Alguns são anfíbios, com uma coloração muito parecida dos Jacarés, meio esverdeada no dorso e nas patas e amarelado na parte de baixo e que tem como habitat as bolanhas. Estes répteis da bolanha são mais leves e ágeis, e podem ser encontradas em cima de ramos de árvores na orla das bolanhas. Na lingua fula são designados por Heleldi (plural), Heleldu (singular).

Em contrapartida, os Crocodilos, normalmente, vivem nos rios ou braços de mar e raramente se aventuram em bolanhas, salvo em épocas de grandes cheias que podem assim juntar as águas dos rios e das bolanhas.

E ainda, há outros (seus primos) que vivem um pouco mais afastados das bolanhas, podendo ser encontradas mesmo na floresta, com uma cor única, sujos de lama e, em regra, adquirem a cor da terra onde habitam, podendo ser de cor preta, cinzenta ou avermelhada, conforme o local, pois vivem em buracos que escavam no solo (toma a designaçao de Kurôh, em fula).

Antes da islamização, estes répteis eram caçados e faziam parte da dieta alimentar das diferentes etnias da região, mas com o advento das religiões monoteistas, passaram a ser consideradas impuros e, em consequência, ilícitos para o consumo dos crentes. Não obstante, o hábito antigo de consumo das suas carnes ainda se mantém entre os mais novos que frequentam as bolanhas e campos de trabalho em plantações de caju e outros cereais no mato, não estando sujeitos, nessas ocasiões, ao escrutinio dos mais velhos.

Cordialmente,

Cherno Baldé

2. Comentário do Valdemar Queiroz ao poste P22393 (*):

(...) Quanto ao réptil, faz-me lembrar um lagartão que aparecia nos regos feitos pela corrente das águas da chuva e me pregou um grande susto...e complicado : imagina estar a largar o preso para o rego e de repente aparecer dum restolho um lagartão e eu desatar a fugir com as calças a dificultar e qual preso pra que vos quero.(...)

3. Resposta do Cherno Baldé ao comentário anterior:

Caro Valdemar,

Esse "Lagartão" que tu viste, deve ser um dos tais répteis a que me referia no meu comentário. Este deve ser o do interior e que costuma surpreender, dissimulado nos arbustos, com uma saída abrupta e com passos pesados.

Quando éramos crianças, tentávamos apanhá-los com os nossos cães, mas conseguiam defender-se abanando suas caudas. (...)




Fonte: Mercado livre  Selos da Guiné-Bissau, com a devida vénia


4. Comentário de LG:

De todos os répteis recenseados na Guiné-Bissau (cerca de 8 dezenas), , conseguimos identificar, através de pesquisa da Internet, e no nosso blogue, da família Crocodylidae pelo menos 3 espécies de crocodilos:

  • Crocodilo do Nilo (Crocodylus niloticus) (conhecido naGB como "lagarto"; é "animnal protegido");
  • Crocodilo de focinho delgado (Crocodylus catraphactus)
  • Crocodilo-anão (Osteolaemus testrapis) (também conhecido pro lagarto preto, na GB; é "animal protegido"),

Os crocodilos pertencem à à classe Reptilia, ordem Crocodylia, família Crocodylidae (Cuvier, 1807). Outra família são os Alligatoridae: aligatores ou jacarés (que não existem na Guiné-Bissau...). E ainda a família Gavialidae (os gaviais).

No total existem 24 espécies vivas da ordem Crocodylia, a mais numerosa são a dos crocodilos propriamente ditos, Crocodylidae: 14 espécies. O crocodilo do Nilo é o que pode representar maior perigo para o ser humano, medindo, os machos, entre 3,5 e 5 metros de comprinento (e pesando, em média, entre 250 e 500 kg.).

Os jacarés só existem no Novo Mundo e na China. Distinguem-se dos crocodilos por terem: (i) uma cabeça mais curta e mais larga; e (ii) focinhos mais avantajados. Os crocodilos vivem no Novo e no Velho Mundo (exceto da Europa).E os gaviais só existem na Índia e no Nepal e estão em perigo crítico.
 
Ver também base de dados do répteis (The reptile database).

Mas há mais répteis na Guiné-Bissau (vd. selos da Guiné-Bissau)... Por exemplo:

  • Varano do Nilo  (Varanus niloticus) (também conhecido por largato do Nilo, podendo atingir 1,5 / 2 m de comprimento; na GB é conhecido pot linguana-de.água)
  • Linguana-de-mato (Varanus exanthematicus) (vive nas savanas);
  • Agama comum (Agama agama) (, pequeno lagarto, que pode medir até 30 cm., que encontrávamos na Guiné, geralmente em grupo, quer nossos nos aquartelamentos quer a atravessr as picadas)
Gostava de saber o nome científico dos répteis acima referidos pelo Cherno Baldé e pelo Valdemar Queiroz... mas não sei. É capaz de haver mais lagartos, entre este mais pequeno, o Agama comum e o Varano do Nilo (que não me lembro ter visto...). Bambadinca, em mandinga, queria dizer justamente "a cova do lagarto" (ou seeja, do crocodilo)... Há  uma equipa de futebol a disputar o campeonato nacional, os Lagartos Futebol Clube de Bambadincam criada em 2002...

O Cherno Baldé rovavelmente estava a referir-se aos varanos ou linguanas... Em fula, no plural, Heleldi (linguanas-de- água) e Kurôh (linguanas-do-mat0). 



Fonte: Estratégia e Plano de Acção Nacional para a Biodiversidade, Projecto GBS/97/G31/1G/9, Programa de Nações Unidas para Ministério de Desenvolvimento Rural e Agricultura Desenvolvimento e Ministério dos Recursos Naturais e Ambiente, República da Guiné-Bissau, 161 pp.(Disponível aqui, em, formato pdf: http://extwprlegs1.fao.org/docs/pdf/gbs157123.pdf)
 

´

Guiné > Região de Tombali > Catió > Ganjola > c. 1967/69 > Um crocodilo apanhado por militares no rio de Ganjola. O zebro parece ser dos fuzileiros. Amigos e camaradas, não confundam crocodilo e jacaré. Na Guiné não há, nem havia no nosso tempo, jacararés... (**)

Foto: © Alcides Silva (2016). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar  Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Região do Cacheu > Susana > CCAV 3366 (Susana, 1971/73) > Na tabanca de Susana, o Armando Costa, segurando... um crocodilo do Rio Cacheu (***)


Foto (e legenda): © Armando Costa (2016). Todos os direitos reservados .[Edição e legendagem complementar  Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné- Bissau > Biombo > 1968 > O crocodilo da Praia do Biombo (****)


Foto: © Patrício Ribeiro (2009). Todos os direitos reservados.[Edição e legendagem complementar  Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Zona Leste > Regiºoa de Bafatá > Sector L1 > Bambadinca > Mato Cão > Novembro de 1971 > O ten cor Polidoro Monteiro, último comandante do BART 2917, o alf  mil Médico Vilar e o alf mil Paulo Santiago, 'vendo a dentadura do crocodilo'...  Foto tirada possivelmente "em inícios de Dezembro de 1971 no Mato Cão", após ocupação da zona com vista à construção de um destacamento (com a missão de proteger a navegação no Geba Estreito). As condições eram péssimas, diz o Paulo. "Atrás do Comandante, nota-se um mosquiteiro. Não havia valas, unicamente uns buracos individuais,com a dimensão dos colchões". (*****)...

Foto (e legenda): © Paulo Santiago (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar  Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Guiné-Bissau > Região do Oio > Bissorã > Nhenque > 2020 > "Pequeno crocodilo",  capturado na bolanha (******).

Foto (e legenda): © Carlos Fortunato (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Guiné-Bissau > Região do Cacheu > São Domingos > Novembro de 2015 > Um de  dois crocodilos "assassinos" capturados no rio Cacheu.Depois destes 2 meninos, um com 3,50 e o outro 5 metros, terem comido 3 pessoas na última época das chuvas, no rio de S. Domingos, não é... que também os comeram... nas últimas duas semanas ?! (*******)



Guiné-Bissau > Região do Cacheu > São Domingos > Novembro de 2015 > Um de  dois crocodilos "assassinos" capturados no rio Cacheu.Depois destes 2 meninos, um com 3,50 e o outro 5 metros, terem comido 3 pessoas na última época das chuvas, no rio de S. Domingos, não é... que também os comeram... nas últimas duas semanas ?! (*******)

Fotos (e legenda): © Patrício Ribeiro (2015). Todos os direitos reservados. [Edição: LG]


5. Desafio aos nossos leitores:

Não somos especialistas em zoologia, muito menos em herpetologia (a parte da zoologia que estuda os répteis e os anfíbios).... mas aqui fica mais um pequeno contributo para um melhor conhecimento da fauna da Guiné-Bissau... Têm a palavra os nossos leitores, sobretudo os mais entendidos (********).

Uma coisa sabemos: não havia (nem há hoje) jacarés na Guiné-Bissau...

Sabemos que o crocodilo (e  em especial o Crocodylus niloticus) era abundante no nosso tempo... Mas raramente visível.  Nós não nos dávamos conta dele, a não ser quando algum desgraçado caía ao rio... Sabemos que o PAIGC exportava pele de cocrodilo, para "endireitar" as contas...  E ainda hoje causa alarme o seu aparecimento próximo de zonas habitadas (incluindo Bissau). Teoricamente, são espécies protegidas...

De qualquer modo, o nosso obrigado aos autores dos comentários e fotos acima reproduzidos: Manuel Domingos Ribeiro, Cherno Baldé, Valdemar Queiroz, Alcides Silva, Armando Costa, Paulo Santiago, Carlos Fortunato, Patrício Ribeiro.



(***) Vd. poste 20 de fevereiro de  2016 > Guiné 63/74 - P15771: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (34): É crocodilo ou jacaré ? Caros leitores, corrijam as legendas, se for caso disso...

(****) Vd. poste 6 de janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3705: As Boas Festas da Nossa Tabanca Grande (13): O jacaré da praia do Biombo (Patrício Ribeiro)

(*****) Vd. poste de 26 de junho de 2006 > Guiné 63/74 - P914: As emoções de um regresso (Paulo Santiago, Pel Caç Nat 53) (1): Bissau


(*******) Vd. poste de 30 de novembro de  2015 > Guiné 63/74 - P15424: (In)citações (79): Comer crocodilo que comeu homem, é canibalismo? Felupes de São Domingos dizem que 'crocobife' é bom... (Patrício Ribeiro, Bissau)

(********) Último poste da série > 7 de julho de 2021 > Guiné 61/74 - P22346: Fotos à procura de...uma legenda (145): Que estrada seria esta? Brá-Safim-Landim-Bula ou Brá-Safim-Nhacra-Mansoa? (João Rodrigue Lobo / Virgílio Teixeira / José Carvalho / Valdemar Queiroz)

sexta-feira, 23 de julho de 2021

Guiné 61/74 - P22398: In Memoriam: Cadetes da Escola do Exército e da Escola de Guerra (actual Academia Militar), mortos em combate na 1ª Guerra Mundial (França, Angola e Moçambique, 1914-1918) (cor art ref António Carlos Morais Silva) - Parte IX: Afonso Fino Bento de Sousa, ten inf (Leiria, 1892 - França, CEP, 1918)


Afonso Fino Bento de Sousa (1892 - 1918)

Nome: Afonso Fino Bento de Sousa

Posto: Tenente de Infantaria

Naturalidade:  Leiria

Data de nascimento: 17 de Julho de 1892

Incorporação:  1911, na Escola de Guerra (nº 331 do Corpo de Alunos)

Unidade: Comboio Automóvel, Regimento de Infantaria n.º 22

Condecorações: Promoção a Capitão por Distinção (a título póstumo em Maio de 1920)

Oficial da Ordem Militar da Torre e Espada (a título póstumo em Setembro de 1927)

TO da morte em combate:  França (CEP)

Data de Embarque: 27 de Maio de 1917

Data da morte: 9 de Abril de 1918

Sepultura:  França, Cemitério de Richebourg l'Avoué

Circunstâncias da morte: Ferido mortalmente no combate de 9 de Abril de 1918 foi inicialmente dado como desaparecido e posteriormente identificado e sepultado no cemitério militar de Laventie.

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António Carlos Morais da Silva, hoje e ontem

1. Continuação da publicação da série respeitante à biografia (breve) de cada um oficiais oriundos da Escola do Exército e da Escola de Guerra que morreram em combate, na I Guerra Mundial, nos teatros de operações de Angola, Moçambique e França (*).

Trabalho de pesquisa do cor art ref António Carlos Morais da Silva, cadete-aluno nº 45/63 do Corpo de Alunos da Academia Militar e depois professor da AM, durante cerca de 3 décadas; é membro da nossa Tabanca Grande, tendo sido, no CTIG, instrutor da 1ª CCmds Africanos, em Fá Mandinga, adjunto do COP 6, em Mansabá, e comandante da CCAÇ 2796, em Gadamael, entre 1970 e 1972.
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Nota do editor:

(*) Último poste da série > 13 de julho de 2021 > Guiné 61/74 - P22369: In Memoriam: Cadetes da Escola do Exército e da Escola de Guerra (actual Academia Militar), mortos em combate na 1ª Guerra Mundial (França, Angola e Moçambique, 1914-1918) (cor art ref António Carlos Morais Silva) - Parte VIII: Henrique de Melo Geraldes, ten inf (Covilhã, 1889 - França, CEP, 1918)

Guiné 61/74 - P22397: Esboços para um romance - II (Mário Beja Santos): Rua do Eclipse (62): A funda que arremessa para o fundo da memória

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 16 de Julho de 2021:

Queridos amigos,
É no meio daquela vadiagem entorpecedora , e num quadro de um certo desalento da malta do Xime, que o Comando de Bambadinca resolve apontar os faróis para operações que lhes pudessem levantar o moral. Pela primeira e única vez, mandam-me esboçar uma operação para avaliar o que se passa na Ponta do Inglês, nada de andanças por outros lados, pretendia-se saber no local se efetivamente havia população e grupo militar vigilante, este revelava-se ativo, chegara à desfaçatez de bazucar uma embarcação civil que se incendiou no Geba, fora o número de flagelações sobre o Xime, isto enquanto começavam a ver os resultados do alcatroamento da estrada que vinha do Xime e prometia chegar a Bambadinca, as máquinas da Tecnil já trabalhavam entre Bambadinca, Undunduma e Amedalai. Não posso esconder o orgulho que me deu a conceção de uma operação por itinerários ditos impensáveis, e para um cabal esclarecimento do leitor aqui se reproduz um detalhe da carta para se ver por onde fomos e como retirámos deixando aquela força do PAIGC numa completa desorientação. Levar morteiros 81 no negrume da noite dentro de arrozais, entrando frontalmente num grande acampamento de quem trabalhava os arrozais do Poidom foi obra, ainda fomos recebidos pelos valentes tiros, mas os morteiros 81 impuseram-se e o nosso regresso foi um belo passeio.

Um abraço do
Mário


Rua do Eclipse (62): A funda que arremessa para o fundo da memória

Mário Beja Santos

Ma femme adorée, mon inoubliable Annette, mil agradecimentos pela dedicação que estás a pôr nas férias por que tanto anseio. E ouvi-te longamente ao telefone, redigiste num certo estado de dúvida os preparativos e a execução da Operação Rinoceronte Temível. Pensando demoradamente no que vivi neste curto período em que participei num conjunto de operações, sem deixar de vadiar do Bambadincazinho para os Nhabijões, de Amedalai para Bricama, estadeando naquele poiso infecto da ponte do rio de Undunduma, sou levado a julgar que a fadiga me estava a consumir, o que vai levar o médico a propor em abril o meu regresso a Bissau para tratamento hospitalar. Eu procurava manter a normalidade preocupando-me com a logística, com as aulas de ginástica, com os problemas da comida a tempo e horas para os soldados desarranchados, eram todos africanos os que estavam nestas condições, proibi que os soldados andassem com o seu saco de arroz às costas ou a fazer fogueiras quando um dia, na Ponte de Undunduma, vi um cunhete de granadas de bazuca a menos de um metro de uma fogueira. É um período em que escrevo desalmadamente, recebi correio muito edificante, Ruy Cinatti enviou-me por esse tempo uma brochura com o seu conto Ossobó, que já publicara em 1936. Encontrei uma citação num aerograma que enviei à minha irmã, e que mais tarde me ofereceu com toda a correspondência que agora está em teu poder, escuta esta pequena passagem:
“Pousado num ramo de acácia, Ossobó canta e alisa as penas do peito com o bico humedecido… Por momentos, qualquer coisa o atrai lá abaixo, no chão, e rápido desce, pousando sobre a macia cama de folhas secas, ali acomodadas há tanto tempo… Um raio de sol conseguiu atravessar, antes dos outros, a ramaria alta das amoreiras, e espelha a água depositada no limbo das folhas. Com os pés mergulhados, Ossobó alonga o pescoço e sorve com o bico uma das pequenas gotas transparentes… Amanhece dentro da floresta. Um denso nevoeiro a subir do chão e da torrente ainda envolve o espaço. Tudo reanima do torpor da noite. As sensitivas intumescem, abrem devagar as suas folhas, e as flores do pau-lírio lançam baforadas de perfume… Os bicos-de-lacre pararam de brincar e olham inquietos qualquer coisa que se move e que em filas tortuosas vem a subir pelas pedras roliças das margens. Eles lembram-se das cobras traiçoeiras que, em noites escuras, os vêm surpreender no sono, mas o periquito depressa os pacifica… Ossobó olha os vapores que se escondem cada vez mais nos cipós entrelaçados. Por causa deles é que o sol manda daquela maneira os seus raios, e a toalha de água que se despenha das rochas parece uma placa dourada de metal… Ossobó desdenha dos avisos dos celestes. Não é ele quem canta melhor no obó? O próprio periquito lhe dissera que os homens lhe chamavam o rouxinol da ilha. Despreocupada, perscruta por entre as folhas e depois saltita atraído pelo vermelho do inseto que zumbe mais em baixo”. Paro aqui, minha adorada Annette, é uma cobra negra com as estrias vermelhas na cabeça e com dois dentes curvos saindo da bocarra que avança para Ossobó e o irá engolir, é esta a tragédia dos incautos.

Fui chamado ao major de operações, os ventos não sopram de feição na região do Xime, houve para ali flagelações, ardera a tabanca do Enxalé e em Ponta Varela um grupo do PAIGC destruíra uma embarcação civil, o comandante da companhia estava sinistrado, tínhamos que contribuir para lamber as feridas e levantar o ânimo ao pessoal. E deixou-me estupefacto quando recebi ordens para planear uma operação para muito breve, envolvendo gente do Xime, milícias de Finete e de Amedalai e do meu contingente. Perguntei-lhe qual o objetivo, qual a natureza da missão, veio pronta a resposta, percorrer a região até à Ponta do Inglês e procurar esclarecer de uma vez por todas que ali havia gente. Na maior das discrições, meti-me na sala de operações onde um furriel foi questionado sobre tudo quanto dispúnhamos de informações. Dois dias depois, apresentei um esboço, major e comandante aprovaram, apareceu um DO e percorremos a região do Xime e não havia dúvidas sobre a grande quantidade de trilhos à volta do Poidom, via-se perfeitamente que aqueles arrozais eram cultivados. A última reunião com o Comando é na manhã do dia 7, sou informado das condições atmosféricas, a noite do dia seguinte não terá lua, beneficiarei do negrume total, a deslocação será feita dentro dos arrozais, olham-me inquieto quando informo que vou levar morteiros 81 e deixo para o que acontecer o caminho da retirada, na certeza certa de que não passarei pelos caminhos convencionais que já registaram emboscadas sanguinolentas.

Como pudeste observar, inopinadamente informo os meus homens que sairemos ao princípio da tarde, defino o armamento que vai, indispensável transportar em dois cantis, nem uma palavra sobre o destino. Alguém já se pôs a caminho para informar o comandante das milícias de Amedalai de que preciso de todos os seus homens, dará um grupo de combate que sairá de Bambadinca e até ali me acompanhará. E chega um grupo de combate de Mansambo que ficará no Xime no tempo das nossas andanças até à Ponta do Inglês. Respondendo a uma pergunta que tu me puseste, esqueci-me de te dizer a tempo e horas que veio o sargento Cascalheira e o furriel Ocante substituir o Casanova e o Pina. Contratam-se carregadores em Amedalai e no Xime, aqui falo com os oficiais da unidade e defino o que vamos fazer. Como há um obus, preparo em papel manteiga, em duas folhas iguais, uma que fica em meu poder, sabendo o Cascalheira em caso de um sinistro que me atinja deve passar a ser ele a utilizar, introduzimos locais assinalados com letras, através do rádio, se acaso fôssemos flagelados e estivéssemos no ponto C eu pediria fogo para o ponto D, os guerrilheiros ficariam naturalmente intimidados e confusos quanto à nossa localização. Tudo decorreu exatamente como tu podes ler no relatório de operação. Quando, no dia seguinte, ao fim da tarde, na sala de operações informei o comando do dispositivo do PAIGC na Ponta do Inglês, percebi perfeitamente que eles não ficaram felizes. Houve um mau presságio, um pequeno desastre que afetou um 1.º cabo que à saída do quartel disparou um tiro que lhe despedaçou um dedo. Houve de facto uma reação daquele grupo do PAIGC, dispararam umas morteiradas à toa, a apalpar terreno, a ver se reagíamos, isto enquanto flanqueávamos o Corubal já na retirada. Pedimos ao obus do Xime ajuda, lançaram fogo para o local onde previsivelmente eles estariam. E tudo se silenciou. No dia seguinte fiz o relatório que tu tens em teu poder, pedi louvores para o 1º cabo Queirós e para um destemido soldado da Companhia do Xime, Isaías Remoaldo Tendeiro. Entrego o relatório ao comandante, todo pimpão, olhou-me com circunspeção e ditou-me a sentença: “Estamos satisfeitos, mas muito preocupados com as informações que nos trouxe. Fica proibido de dizer seja a quem for que vamos agora continuar com duas operações na região, a Jaqueta Lisa e o Colete Encarnado. E está na altura de V. pensar que vamos voltar à região do Cuor, o nosso major já escolheu um título, em sua homenagem, Tigre Vadio. Depois falamos, vá à sua vida, tem muito que fazer”
.

É assim, minha adorada Annette, que vais ouvir falar de operações em março e abril, e depois dou baixa ao Hospital de Bissau, não era sem tempo.

(continua)

Para se entender melhor a Operação Rinoceronte Temível atenda-se ao que está escrito neste extrato da carta. Saiu-se de madrugada do Xime, contornou-se Ponta Varela e seguiu-se o itinerário considerado impensável: entrou-se na bolanha do Poidom, seguiram-se as informações disponíveis das imagens aéreas, procurou-se entrar diretamente num acampamento do PAIGC, onde se previa haver depósitos de arroz. O que veio a acontecer, no lusco-fusco a coluna de cerca de 200 homens foi detetada, pôs-se a funcionar dois morteiros 81, foi um alarido completamente inesperado, entrou-se numa rede de estradas, depósitos de arroz e camaratas de quem ali trabalhava. Arrasou-se o que foi possível, e para ludibriar quem nos podia emboscar, viemos sempre junto ao Corubal, voltámos a contornar Ponta Varela, infletiu-se para o rio Geba, o PAIGC gostava de emboscar em Madina Colhido, nesse dia tiverem deceção, passámos ao largo, entrámos manhã alta no Xime, cansados e eu particularmente feliz, sem uma beliscadura, deixando aquele grupo do PAIGC na dúvida da nossa progressão, confusos pelo estrondear daqueles morteiros, de uso improvável em lamaçal. Pois assim aconteceu.
Peço a Deus que, quando estiver a fechar os olhos na vez derradeira, volte o meu espírito para todos aqueles que eu amei do fundo da minha alma, pedirei sentidamente perdão pelos meus pecados e possa ter acesso a esta imagem que tantas vezes tive a sorte de contemplar em Mato de Cão, que ela aflua a quem parte deste mundo para me recordar o privilégio da força combativa dos meus soldados, a fidelidade daquela gente que me votou um respeito incondicional e de quem guardo uma irmandade até ao fim dos tempos.
Há muito mais de dez anos fotografei este escombro, bem me arranhei nos arbustos afiados do tarrafo para aqui chegar, enlameado até aos tornozelos, mas era impossível daqui sair sem esta recordação do exato local quase diariamente percorrido, exigindo manhas no percurso para não haver minas nem emboscadas. O que felizmente aconteceu. Este é o ponto de Mato de Cão de vigilância obrigatória para que a navegabilidade do Geba não pudesse ser posta em causa, como nunca foi.
Da minha viagem em 2010, para me despedir dos meus bravos soldados, era indispensável fazer um dos itinerários mais belos do mundo, a estrada do Xime até à Ponta do Inglês, fi-lo em estado de êxtase na motoreta de Lânsana Sori, que ziguezagueou entre poças de lama esverdeada, sempre a ouvir o fluxo trepidante do Corubal, e pouco antes de chegarmos ao povoado digo-lhe para contemplar a foz do rio no exato ponto onde as embarcações traziam os abastecimentos para o destacamento da Ponta do Inglês, quando se deixou de usar a estrada, tal o caudal de minas. E daqui se vê longe Tombali, aqui fiquei especado a pensar em tanto sofrimento que aqui houve, com tal natureza pródiga à volta.
Desse povoado e desse destacamento, que era um embaraço para as culturas do arroz do PAIGC na Ponta Luís Dias, no alegado chão libertado de Tabacutá, Mina, Fiofioli e Galo Corubal, de onde pacificamente o PAIGC fazia trânsito pelas pirogas entre as duas margens, restam escassos vestígios, esta era a casa de comércio, logo abandonada no início da guerra e que os contingentes militares nunca usaram por ser um alvo plenamente a descoberto. Será que o tempo inclemente tudo derruiu?
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Nota do editor

Último poste da série de 16 DE JULHO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22376: Esboços para um romance - II (Mário Beja Santos): Rua do Eclipse (61): A funda que arremessa para o fundo da memória

Guiné 61/74 - P22396: As (des)venturas da CART 6552/72, desviada para o sul da Guiné, em maio de 1973 - Parte II: a história do Lemos, jogador do FC Porto, e nosso soldado de transmissões... Nunca teve tratamento VIP até ser transferido para a UDIB (Manuel Domingos Ribeiro, ex-fur mil, grã-tabanqueiro nº 844)


O Manuel Domingos Ribeiro, um "andrade" (, portista de alma e coração), 
da Areosa, Rio Tinto.

Foto (e legenda): © Manuel Ribeiro (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


O Lemos, do FC Porto,  que foi camarada do Manuel Domingos Ribeiro,
 CART 6552/72 (Cameconde e Cabedú, 1972/74). 
Vive hoje em Fânzeres, Gondomar. Em fevereiro de 2019 o Manuel Ribeiro 
visitou-o pela última vez, estava com graves problemas de saúde. 

Foto: Cortesia do blogue Estrelas do FCP, do Paulo Moreira (Gondomar)


1. Mensagem do Manuel Domingos Ribeiro (ex-fur mil at art, MA, CART 6552/72, Cameconde e Cabedú, 1973/74):


Date: quarta, 21/07/2021 à(s) 16:58
Subject: História do Lemos

Boa tarde, Luís

Vou tentar contar um pouco da história do Lemos na Cart 6552  (*).

O Lemos foi colocado na Cart 6552 no fim de 1972 ou princípio de 1973 com a especialidade de transmissões, quando foi colocado na Cart 6552, encontrava-se detido no RI 6 no Porto, sendo eu encarregue de comandar uma força para o vir buscar sob detenção e transportá-lo para o RAL 5 em Penafiel.

Quando o sargento da guarda me fez a entrega do Lemos, a grande preocupação dele, Lemos, era o carro (Ford Capri de cor amarela), que se encontrava estacionado à porta do quartel e se era possível ser ele a conduzi-lo para Penafiel. Claro que de imediato lhe comuniquei que não, pois se acontecesse alguma coisa quem sofria as consequências era eu, mas em conversa com o Lemos logo ali se encontrou uma solução para o problema.

Quando cheguei a Penafiel com o Lemos, já o carro se encontrava estacionado no Largo da Feira e o Lemos tinha à espera dele o António Oliveira, também jogador do F. C. Porto (nascido em 1952, em Penafiel). Enquanto esteve detido, ele sempre teve refeições servidas pelo restaurante Roseirinha, em Penafiel, que era propriedade da família Oliveira.

Durante o tempo que permanecemos em Penafiel e depois de cumprido o tempo de detenção, o Lemos foi um militar como os outros, tendo de executar os serviços para os quais estava escalado.

Em Março de de 1973 fomos deslocados para a carreira de tiro em Silvalde, Espinho, para aí fazermos o IAO pois o nosso destino era S. Tomé e Príncipe e não Cabo Verde e muito menos a Guiné, mas quis o destino que fôssemos mesmo para a Guiné, hoje sabemos quais as razões.

O Lemos sempre nos acompanhou até ser transferido para o UDIB em Bissau, não tenho ideia quanto tempo esteve no mato (Cameconde), mas foi mais de três meses, alinhou como todos  nós no mato.

Tenho uma história caricata com ele no regresso de uma operação: quando estávamos a acabar de atravessar uma bolanha, o Lemos de repente diz-me, "Furriel acabei de perder uma bota, ficou presa na lama"... Eu só lhe disse: "Vê se a encontras pois terás que ir descalço e ainda faltam uns quilómetros"... Foi ver o Lemos com o Racal às costas, enterrado na lama até encontrar a bota e não foi nada fácil.

Como podes verificar, o Lemos enquanto esteve na Cart 6552 foi um militar com um tratamento igual a todos os colegas e não tinha que ser diferente e ele também não agia como tal, sendo sempre um excelente camarada, nunca exibindo a imagem de figura pública, antes pelo contrário.

Quando foi para Bissau teve os seus problemas, mas era a sua maneira de ser. No dia em que o Pavão morreu (, em 16 de dezembro de 1973), encontrava-me eu em Bissau com o Lemos e aí me confessou que,  ao sair da companhia,  se tinha sentido órfão, pois mais uma vez a família tinha ficado para trás.

A última vez que estive e falei com o Lemos foi em Fevereiro de 2019, em casa dele, em Fânzeres, Gondomar. Na altura encontrava-se muito debilitado e com graves problemas de saúde, 
não voltei a contactá-lo por não me ser possível.

Esta é a minha história sobre o Lemos na Cart 6552 e, como podes verificar, o Lemos não teve qualquer tratamento VIP (**)  e de certeza que alguém que tenha pertencido à Cart 6552 terá algo mais para contar. 

Mas só quero mais uma vez dizer que fomos mobilizados para S. Tomé e Príncipe, que não fomos desviados a meio da viagem, que quando saímos da carreira de tiro em Silvalde, Espinho já praticamente todos sabíamos que o nosso destino era a Guiné.

Aproveito para dizer que sou da Areosa, Rio Tinto, para quem não sabe fica localizada mesmo no fim da Av Fernão de Magalhães, junto às Antas e, como tal, sou Andrade desde que nasci, doença de família.

Um forte abraço
Manuel Ribeiro
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Notas do editor:

(*) Últmo poste da série > 21 de julho de 2021 > Guiné 61/74 - P22393: As (des)venturas da CART 6552/72, desviada para o sul da Guiné, em maio de 1973 - Parte I: Entrei no avião, em Figo Maduro, a chorar de revolta (Manuel Domingos Ribeiro, ex-fur mil, grã-tabanqueiro nº 844)

quinta-feira, 22 de julho de 2021

Guiné 61/74 - P22395: Pedaços de um tempo (António Eduardo Ferreira, ex-1.º Cabo Condutor Auto Rodas da CART 3493) (16): A caminho de Mansambo com o pensamento na Nazaré

Crianças de Mansambo, ao tempo da CART 2339 (1968/69)
Foto ©: Torcato Mendonça (Fotos Falantes IV) 2012. Direitos reservados


1. Mensagem do nosso camarada António Eduardo Ferreira (ex-1.º Cabo Condutor Auto Rodas da CART 3493/BART 3873, MansamboFá Mandinga e Bissau, 1972/74) com data de 21 de Julho de 2021:


A caminho de Mansambo com o pensamento na Nazaré

L
á longe, ouvia-se algo estranho... e eu sem saber que era normal… cada vez estava mais confuso, com o olhar fixado nas mulheres e nas crianças que estavam próximo de mim. Mas a minha mente estava muito longe dali, situação que eu tentava, mas não conseguia disfarçar.

Na véspera da minha partida para a Guiné também eu tinha deixado a minha esposa com o meu filho na metrópole, não a brincar, mas na maternidade do hospital no Sítio da Nazaré onde ele tinha nascido dois dias antes da minha ida para a guerra. A ânsia em que eu estava a ficar mergulhado começou a tomar conta de mim e a tornar-se por demais evidente, foi então que uma das mulheres que ali estava me dirigiu umas palavras que eu não entendi, por isso nada lhe disse. Ela tinha uma oleaginosa na mão que partiu com os dentes, deu-me metade e comeu a outra metade. Mesmo sem saber o que era aceitei e comi.
Foi aquele tempo que ali estive junto daquelas mulheres e crianças, enquanto esperava transporte para Mansambo, um dos mais conturbados do meu tempo na Guiné. Ainda hoje não sei o nome daquilo que a senhora me ofereceu e que eu aceitei. Mas não mais esqueci a intenção e o apoio que aquela mulher, sem me conhecer, entendeu dar-me naquele momento tão confuso e triste que eu estava a viver.
Faço votos para que aquela Senhora e a família tenham tido e continuem a ter a felicidade possível, por companhia!...

António Eduardo Ferreira

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Nota do editor

Último poste da série de 10 DE JULHO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22361: Pedaços de um tempo (António Eduardo Ferreira, ex-1.º Cabo Condutor Auto Rodas da CART 3493) (15): A religião, a fé e o medo

Guiné 61/74 - P22394: Tabanca Grande (522): Ildeberto Medeiros ex-1º cabo condutor auto, CCAÇ 2753, "Os Barões" (Brá, Bironque, Madina Fula, Saliquinhedim/K3 e Mansabá, 1970/72): açoriano de Ginetes, Ponta Delgada, a viver em New Bedford, senta-se no lugar nº 845, à sombra do nosso fraterno e sagrado poilão

 



Ildeberto Medeiros senta-se à sombra do poilão da Tabanca Grande, 
no lugar n.º 845


1. Finalmente fica apresentado à Tabanca Grande o Ildeberto Medeirios, que foi 1.º cabo condutor auto, CCAÇ 2753, "Os Barões" (Brá, Bironque, Madina Fula, Saliquinhedim/K3 e Mansabá, 1970/72) (*), vindo assim juntar-se no nosso blogue, aos outros três "barões" que já cá estavam: os ex-alf mil Vítor Junqueira e José Carvalho, e o ex-fur mil Francisco Godinho, mas nenhum deles açoriano.  



O Ildeberto Medeiros e a esposa

Fotos (e legendas): © Ildeberto Medeiros (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


2. O Ildeberto Medeiros, açoriano, vive nos Estados Unidos da América. Pelo que sabemos, da sua página do Facebook;

(i) é natural de Ginetes, concelho de Ponta Delgada, Ilha de São Miguel, Açores;

 (ii) nasceu em 23 de maio de 1949; 

(iii) andou na escola Escola Secundária Antero de Quental, Ponta Delgada; 

(iv) vive em New Bedford, estado de Massachusetts, EUA; 

(v) é casado; 

(vi) está reformado...

3. Comentário do editor LG:

Meu caro Berto (como te chamam os amigos do peito): és bem vindo, quer como "barão do K3", quer como nosso patrício dos Açores, a viver agora na diáspora lusitana... 

Louvo o teu esforço por chegares até nós e, finalmente, poderes cumprir as devidas formalidades e sentar-te à sombra do nosso sagrado e fraterno poilão. 

O teu lugar é o n.º 845. Sei que és sportinguista e que vais ficar ao lado de um portista, o Manuel Domingos Ribeiro, o n.º 844 (**). Mas aqui cabemos todos, independemente das nossas opções políticas, religiosas, futebolísticas, etc., ou das nossas diferenças de origem social, geográfica, étnica, etc. O que nos une é a camaradagem, fortalecida pelas memórias, boas e más,  da Guiné (1961/74).

O teu nome passa a figurar na coluna (estática), do lado esquerdo, do nosso blogue, na Lista Alfabética dos Amigos e Camaradas da Guiné.

Vês se nos mandas mais fotos do teu tempo de Guiné, com boa resolução e as respetivas legendas. Vou-te mandar os contactos do João Crisóstomo, que vive em Queens, Nova Iorque, e que é o régulo da Tabanca da Diáspora Lusófona. Ele vai-te escrever e mandar s seus contactos, nomeadamente telefónicos. Ele vai gostar de poder falar contigo, se nos mandares, a  ele e a nós, o teu nº de telefone / telemóvel (, que naturamente não será divulgado no blogue).

Há muitos camaradas nossos, açorianos, madeirenses e continentais, que vivem nos EUA (e no Canadá) e que ainda não nos conhecem. Conto contigo para divulgares o nosso blogue, e para continuares a comentar os nossos postes. É também uma boa forma de afirmar a nossa língua materna na Internete. Vê se consegues sobretudo trazer mais açorianos até ao nosso blogue e à Tabanca Grande, que é a mãe de todas as tabancas... 

Boa saúde e longa vida, na companhia da tua esposa. Mantenhas (saudações em crioulo da Guiné). 
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quarta-feira, 21 de julho de 2021

Guiné 61/74 - P22393: As (des)venturas da CART 6552/72, desviada para o sul da Guiné, em maio de 1973 - Parte I: Entrei no avião, em Figo Maduro, a chorar de revolta (Manuel Domingos Ribeiro, ex-fur mil, grã-tabanqueiro nº 844)


Guiné > Região de Tombali > Cameconde > CART 6552/72 (1973/74) > O Manuel Ribeiro com um pequeno "jacaré", apanhado na bolanha de Cassomo (, em rigor, trata-se de um crocodilo juvenil, já que não há jacarés na Guiné, nem em toda a África, apenas no Novo Mundo e na China).


Guiné > Região de Tombali > Cameconde > CART 6552/72 (1973/74) >  O quartel de Cameconde, em 1973


Guiné > Região de Tombali > Cameconde > CART 6552/72 (1973/74) > O Manuel Ribeiro, junto ao bar, num momento de descontração.


Fotos (e legendas): © Manuel Domingos Ribeiro  (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de Manuel Domingos Ribeiro (ex-fur mil at art, MA, CART 6552/72, Cameconde e Cabedú, 1973/74):

Date: terça, 20/07/2021 à(s) 17:00
Subject:  As (des)venturas da CART 6552/72

Boa tarde Luís,

Falando um pouco sobre o desvio da CART 6552/72,  de S. Tomé para a Guiné, quando se encontrava a aguardar embarque na carreira na de tiro de Espinho, embarque que já tinha sido adiado duas vezes, eu que me encontrava em casa de licença fui convocado por telegrama para me apresentar na unidade para seguir de imediato para o ultramar, mas não mencionava o destino final-

Apresentei-me a uma sexta feira ao fim da tarde e tive de imediato fazer o espólio de algum fardamento para de seguida o pagar pois,  como te deves de lembrar,  recebíamos um valor monetário para compra de todo o fardamento e demais artigos necessários ao serviço militar, artigos esses que foram comprados no casão militar em Bissau.

Como me apresentei à última da hora só levei a farda que tinha vestida,  algum fardamento que tinha no quartel e uma muda de roupa que transportava numa pequena mala de mão, foi nessa altura que nos foi comunicado que tínhamos sido desviados para a Guiné pelo nosso Comandante de companhia e encarregues de comunicar aos nossos militares e por pelotão o nosso destino.

Nós, os graduados,  ainda ponderámos não embarcar, alguns ainda se deslocaram ao Porto já ao princípio da noite para falar com familiares e pedir algum conselho. Fomos aconselhados a embarcar pois as consequências seriam de certeza graves-

Depois de todos regressarem,  reunimo-nos já ao principio da madrugada, explicámos a nossa situação e informámos que partiríamos ao início da madrugada em autocarros, com destino à Base Aérea de Figo Maduro, em Lisboa,  onde embarcaríamos ao princípio da manhã de sábado. 

Na altura de embarque surgiu alguma resistência por parte alguns soldados e graduados em embarcar por não nos terem alterado a nossa mobilização e não nos terem explicado por que razão estávamos a ser deslocados para a Guiné. Alguns elementos foram isolados da restante companhia e postos à guarda da policia aérea responsável pela segurança do aeroporto, foram confrontados por elementos civis e militares se não iam  embarcar e as consequências de uma resposta negativa... Responderam, por fim,  que embarcavam e seguiram para a pista, saindo o avião com cerca de uma hora de atraso.

Lembro-me de ver alguns familiares no aeroporto militar mas da parte de fora da rede, de ter entrado no avião a chorar de revolta por não nos terem dito a razão da nossa ida para a Guiné, da nossa chegada que foi cerca do meio dia,  hora de muito calor, da saída do avião, o cheiro característico a que depois me habituei, o embarque quase de imediato em viaturas militares com destino ao Cumeré.

Entretanto fomos colhendo alguma informação e ficámos a saber que as coisa não estavam fáceis tanto a Norte como a Sul, ficámos a saber que um aquartelamento no Sul, Guileje,  tinha sido abandonado dias antes, fomos para o Cumeré e logo nos dois dias seguintes chegaram mais duas companhias de cavalaria,  também desviadas de Angola para a Guiné. 

Fizemos uma IAO de forma acelarada e logo na primeira semana de Junho partimos de LDG junto com uma companhia de paraquedista com destino a Cacine. Eu não segui nessa LDG pois fui encarregue de comandar uma secção para fazer segurança de um batelão que transportava combustiveis para a nossa companhia, não foi uma viagem fácil pois, quando cheguei no outro dia a Cacine, ao tirar a camisa a pele saía junto:  toda a viagem fora feita ao sol por não existir proteção para todos, 

Junto connosco também viajava uma secção de fuzileiros que tambem tinham a missão de fazer segurança ao batelão.

Dois dias depois chega a Cacine uma das companhias de cavalaria que tinha sido desviada de Angola junto com mais uma companhia de paraquedistas, sabendo depois que a outra companhia também desviada de Angola tinha sido enviada para o Norte, pois Guidaje continuava ferro e fogo.

Em Cacine era o caos com tantos militares concentrados no mesmo local, houve uma reunião de comandos em Cacine e foi dado a escolher ao nosso capitão, por ser o mais velho, o local para sermos colocados:  Gadamael Porto ou Cameconde. O nosso capitão escolheu  Cameconde para aí rendermos um grupo de combate da  CCAÇ 3520 mais um grupo de combate da companhia de milícia da tabanca Nova que ficava entre Cacine e Cameconde.

Como Cameconde não tinha capacidade para alojar uma companhia inteira,  um grupo de combate ficou em Cacine para apoio e segurança às colunas de reabastecimento ao pessoal de Cameconde, e a partir daí começou a nossa aventura por terras do Sul da Guiné.

Cameconde era o aquartelamento mais a sul na Guiné, mesmo junto à fronteira e ao Quitafine que era considerado pelo PAIGC como área libertada.

Junto algumas fotos, uma com vista parcial de Cameconde, outra tirada junto de um abrigo com um pequeno jacaré capturado na bolanha de Cassomo e outra tirada junto do bar num momento de descontração.