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quinta-feira, 24 de outubro de 2024

Guiné 61/74 - P26075: In Memoriam (515): Marco Paulo (1945-2024): "Nosso cabo, não, meu Alferes, sou o Marco Paulo" (.... nome artístico de João Simão da Silva, nascido em Mourão, ex-1º cabo escriturário, QG/CCFAG, Amura, Bissau, 1967/69)


Foto do artista quando jovem.
Fonte: Página oficial do Facebook
de MarcoPaulo,
com a devida vénia.

1. Morreu hoje, aos 79 anos, o popular cançonetista (e apresentador de televisão) Marco Paulo (1945-2024), depois de um longa e corajosa  luta contra o cancro. 

Não é habitual pronunciarmo-nos aqui sobre a atualidade noticiosa, seja social, desportiva, política, etc.  Somos um simples blogue de antigos combatentes da Guiné. Morrem todos os dias poetas, escritores, artistas, músicos, cientistas, investigadores, médicos, enfermeiros, políticos, gestores, empresários, militares, desportistas, etc., gente de maior ou menor talento, mais conhecida ou menos conhecida, etc.. Mas todos,  eles, portugueses, homens e mulheres, merecedores de um simples ou mais elaborado RIP (Requiescant in Pace). 

o somos um jornal noticioso, e a dar notícias necrológicas temos que nos cingir aos amigos e camaradas da Guiné que animam (ou animaram em tempos) este blogue.


(...) "É com profunda tristeza que a família informa o falecimento de Marco Paulo, que partiu pacificamente, hoje, dia 24 na companhia dos seus entes queridos. Aos 79 anos terminou a sua batalha contra o cancro, em paz e rodeado de todos os cuidados e o amor da família, amigos e fãs.

"Hoje, despedimo-nos do homem lutador, sorridente e generoso, que ao longo de 58 anos marcou gerações e milhares de pessoas, tornando-se um nome incontornável da música portuguesa.

"A sua voz inconfundível e o seu talento permanecerão para sempre na memória daqueles que o acompanharam ao longo dos anos.

"Teremos saudades!" (...)

Associamo-nos às manifestações de dor pela perda deste homem que foi, além disso, nosso camarada.

2. A comunicação social, por estes dias, encarregar-se-á de fazer-lhe as homenagens que lhe são devidas, e ajudar a fazer o luto pela sua perda.  Nada, por outro lado,  como a morte para obtermos consensos nacionais sobre figuras de referência...

 A nós cabe-nos lembrar aqui o ex-1º cabo escriturário João Simão da Silva, nosso camarada, alentejano de Mourão, de origem humilde, que começou a trabalhar a cedo, aos 14 anos (como muitos de nós), que imitava o espanhol Joselito, que tinha uma voz fabulosa, que queria viver só para (e de) a música... e que fez, como militar,  uma comissão de serviço na Guiné, no CG/CCFAG, na Amura, Bissau, em 1967/69. Como simples 1º cabo escriturário (especialidade tirada em Leiria em 1967) na "secção de justiça", ou seja, na "guerra do ar condicionado" (como diziam, com algum despeito, os gajos do mato...).

Alguns camaradas nossos conheceram-no, embora superficialmente. Bissau era uma pequena cidade. Um cidadezinha colonial,  traçada a guerra e esquadro... E não havia muitos cabos escriturários na Guiné (um por companha). Ele era de rendição individual, presumimosque tenha embarcado em meados de 1967 para o CTIG e regressado em meados de 1969.. 

A voz e o seu talento (e, seguramente, alguma cunha) safaram-no de ir para o mato , "matar ou morrer"... Mas ele tinha medo que a Guiné cortasse, de vez, a sua já promissora carreira artística... 

Nenhum artista português, como ele, vendeu tantos discos, mais de 5 milhões... No bom tempo da indústria discográfica. Mas isso não é o que interessa aqui, agora.  Tinha (ou tem) uma página (oficial) no Facebook. Mas já agora refira-se que Marco Paulo era nome artístico, sugerido ou imposto pelo seu produtor, Mário Martins (Valemtim de Carvalho) e do seu letrista, Eduardo Damas (1922-2005). 

O Marco Paulo tem no nosso blogue nove referências. Vamos reproduzir alguns excertos (limitando-nos à sua passagem pela Guiné, ou por Bissau, se é que alguma vez saiu de Bissau).

Recorde-se que ele em 1966 ele  já era conhecido do público pela sua participação em festivais, incluindo o festival da RTP da  Canção de 1967 (e depois 1969). E em Bissau deu alguns espetáculos para militares, cantava em festas de aniversários dos seus camaradas e terá também trabalhado nalgumas casas de diversão noturna, do "Nazareno" ao "Chez Toi". 

E quando vinha de férias á metrópole,  o seu produtor, Mário Martins, da Valentim de Carvalho,  punha-o a gravar um disco. Daí o facto de ele nunca ter sido esquecido do público e ser reconhecido em Bissau já como figura pública, já como Marco Paulo. Só o Hugo Guerra o não reconheceu... Mas tropa era tropa, naquele tempo...

Lendo posteriormente comentários de camaradas nossos, vemos que ele também era conhecido em Bissau como o "Paulinho da Amura".

Em entrevista ao "Expresso" (20 de setembro de 2019) contou, sobre o seu tempo de tropa e de Guiné:

(i) esteve na tropa em Beja, Leiria e Estremoz: "tive muito más notas na recruta, sempre fui mau aluno, distraía-me tanto a cantar, já na tropa era a mesma coisa, estava na tropa e distraía-me muito, estava sempre a cantar";

(ii) quanto à experiência na Guiné, "não foi traumatizante para mim, porque nunca cheguei a estar no mato, fiquei sempre na cidade"; esteva na Amura, "no escritório a tratar de papéis"; "cantava nos aniversários dos meus camaradas, de qualquer festa, convidavam-me"; era reconhecido como figura pública: "já tinha discos, já passava na rádio, já era o Marco Paulo, já não era o João Simão”.

Pelos apontamentos biográficos que lemos,aqui e acolá,  podemos reter mais o seguinte:

(iii) aos 14 anos entrou para o rancho folclórico de Alenquer onde esteve dois anos como cantor até ir viver para o Barreiro (julgamos que o pai era das finanças, andou por vários sítios);

(iv) já no Barreiro, em 1963, começou a ter aulas de canto com Corina Freire;

(v) foi que foi descoberto pela fadista  Cidália Meireles (o seu programa de televisão  "Tu Cá, Tu Lá" comnheceu um grande sucesso);

(vi) em julho de 1966, no Festival da Canção da Figueira da Foz,  ficou em 3º lugar,  com "Vida, Alma e coração";

(vii) o produtor (Valentim de Carvalho)  convidou-o para gravar um disco;

(viii) em 1966, saiu o seu primeiro EP com os temas "Não Sei", "Estive Enamorado", "O Mal às Vezes é Um Bem" e "Vê" (não terão tido grande sucesso comercial, mas deve tê-los cantado em Bissau);
 
(ix) em 1967 participou  no Festival RTP da Canção (canção "Sou Tão Feliz" de António Sousa Freitas e Nóbrega e Sousa);

(x) Faz uma "tournée" na  Madeira cantar com Madalena Iglésias, e a partir daí torna-se  profissional...


(i) Hugo Guerra (ex-alf mil, hoje cor DFA, Pel Caç Nat 55 e Pel Caç Nat 50, Gandembel, Ponte Balana, Chamarra e S. Domingos, 1968/70)

(...) Dezembro 1968 . Tinha vindo a Bissau ao hospital fazer uma desintoxicação de Gandembel.

Com mais dois camaradas descíamos a Avenida  [da República],que vinha do Palácio do Governo em direcção à baixa, mais concretamente aos Correios. 

Eis senão quando, qual emboscada do IN, aparece a Polícia Militar, que no cumprimento da sua espinhosa missão me ataca com todas as armas de que dispunha e me passa um raspanete por eu ter mais botões desabotoados do que os permitidos no RDM. Logo a mim que me considerava um dos poucos da tropa-macaca que tinha experiência in loco do famoso corredor de Guileje...

Fiquei urso, mas os rapazes até tinham razão e lá abotoámos os botões. Chegados aos Correios, no meio da barafunda total,  estava um esganiçado e aperaltado 1º cabo, com a camisa desabotoada até ao umbigo.

Depois do que me acontecera pouco antes, aquela situação caía como sopa no mel... Afiando as garras, tivemos este diálogo:

 –  Ó nosso cabo, ouça lá!

  – Ó nosso cabo não, meu Alferes, sou o Marco Paulo... (Desconhecia em absoluto quem era semelhante personalidade.)

  – Marco Paulo,  uma merda, ou abotoa esses botões todos ou temos chatice!  – respondi eu.

Claro que o obriguei a estar em sentido até acabar o castigo e comecei a aperceber-me duns sorrisos à socapa dos camaradas que estavam por ali….

Satisfeito com a minha façanha do dia, viemos para fora e só então fiquei a saber que tive muita sorte por ele não ter dito nada…..senão ainda levava uma porrada e era enviado pra Gandembel, aliás para onde regressei passados 2 ou 3 dias depois.

Ao longo dos anos ainda sorrio quando me lembro desta estória …de Natal. (...)


(ii)  José Diniz Carneiro de Souza e Faro, ex-fur mil art, 7.º Pel Art
 (Cameconde, Piche, Pelundo e Binar, 1968/70),

(...) "Era um local simpático [o 'Chez Toi', mais tarde 'Gato Preto'], com bailarinas recrutadas nas 'boites' de Lisboa. Um dos fadistas era o Marco Paulo, já com muito sucesso. Uma das bailarinas era a Luísa,  uma mocinha atraente que encontrei em Lisboa,  na 'Cova da Onça' (Av da Liberdade). 

De facto no início de 1970 (março a  a junho) existia o 'Chez Toi' onde eu e os meus camaradas da BAC 1 nos juntávamos para umas bebidas, era o tempo de partida para a Metrópole (17 de junho no Carvalho Araújo).

 Nessa altura,  creio, foi quando mudou de nome e o gerente era um locutor da Emissora Nacional que esteve na Índia (Goa),  de nome Oliveira Duarte (?), ex-sargento." (...)

 
(iii) Ribeiro Agostinho, ex-soldado radiotelefonista / condutor auto e escriturário da CCS/QG/CTIG, 1968/70)


(...) " Certo dia fui convidado por um amigo da tropa, de Aveiro, de nome Alfaro, que nunca mais vi, a não ser numa reportagem na TV há vários anos, para o substituir no Restaurante 'O Nazareno', frequentado pela elite de Bissau e onde actuavam o Marco Paulo, o Conjunto das Forças Armadas, o Fernando Milho, entre outros. O programa acontecia ao sábado à noite sempre com este elenco.

Aceitei o convite e o Alfaro foi-me apresentar aos donos do 'Nazareno'. Ali fiz muitas noites de sábado, tendo como companhia alguns amigos leceiros
 [. de Leça da Palmeira...],  que me iam ajudar a passar o tempo. 

Depois do fecho, íamos todos a cantar, pelas trevas das ruas de Bissau, nada do reportório do Marco Paulo mas do Fernando Milho (fadista lisboeta), de quem nunca mais ouvi falar:

"Bairro Alto com seus amores tão dedicado
Quis um dia dar nas vistas
E saiu com os trovadores mais o fado
P'ra fazer suas conquistas." (...)


 (iv) No poste  P19080, de 7 de outubro de 2018, reproduzimos alguns excertos  de uma entrevista dada do cantor Parco Paulo,  ao Correio da Manhã, em 9 de Junho de 2007:


(....)" – Fez tropa na Guiné durante dois anos. Do que se recorda?

– Recordo-me de ter pedido a todos os santos para não ir, acima de tudo porque eu sabia que se fosse para a Guiné possivelmente quando regressasse já não podia dar seguimento à minha carreira. 

A minha sorte foi que o meu produtor, Mário Martins, fazia sempre questão que eu viesse de férias. Durante esse período eu gravava, e quando voltava para a Guiné a editora lançava o disco. Por isso nunca caí no esquecimento.

Chegou a sentir medo?

– Quando cheguei à Guiné não foi fácil. Pensei: “Olha, vou para o mato. Levo lá um tiro na cabeça e pronto!”... 

Só que fui para o quartel da Amura, para a secção de Justiça, como escriturário. Ouvia os bombardeamentos, mas não deu propriamente para sentir medo. Depois, como a rádio lá passava muitos discos meus, eu era aproveitado para abrilhantar as festas militares.

– Compreendeu, à época, as motivações daquela guerra?

– Eu não estava por dentro dos assuntos da política. Disseram-me que Guiné era Portugal e eu acreditei. Hoje, olhando para trás, vejo que foram dois anos perdidos. (...)


(v) Também nas Selecções do Reader's Digest - Portugal - Revista, pode ler-se uma entrevista (não sabemos a data precisa)  com o Marco Paulo (MP),  conduzida pelo grande jornalista e escritor Luís Osório (LO), a propósito dos 35 anos de carreira e dos 3 milhões de discos até então vendidos. Eis alguns excertos relativos ao tempo em que o Marco Paulo (MP) esteve na Guiné:

(...) " LO: Voltando um pouco atrás. Onde cumpriu o serviço militar?

MP: Na Guiné. Quando fui para a guerra, já tinha gravado dois ou três discos, discos sem grandes sucesso mas que passavam na rádio e que já vendiam alguma coisa. 

Ao regressar da guerra, não fazia ideia do que seria a minha vida no futuro, não era líquido que o meu futuro passasse pelas cantigas.

LO: Recorda o dia em que partiu para a guerra?

MP: Muito bem. No fundo, não sabia para onde ia. Foram dias muito inquietantes, mas por sorte acabei por ir parar a Bissau. Os meus pais choraram quando se despediram de mim, choraram tanto como eu. 

Aliás, lembro-me de ter chorado duas vezes na minha vida: nessa ocasião e quando me deram a notícia de que tinha um cancro. Não é nada fácil alguém me ver chorar, nada fácil mesmo.

LO: O estatuto de cantor beneficiou-o de alguma forma durante a Guerra Colonial?

MP: De forma nenhuma. Por sorte, não estive nos sítios onde se vivia a guerra, limitei-me a estar numa zona mais resguardada. Fui obrigado a ir. Estava numa secção de escritório a fazer cartas, para mim foram quase umas férias. 

Só me apercebia de que existia guerra quando me convidavam para ir cantar a algum hospital ou à Força Aérea; no sítio onde estava não percebia nada. Deu-me muito prazer cantar na Guiné, os meus camaradas pediam-me e eu nunca recusava. (...)


(vi) Também no blogue do Luís de Matos  (ex-fur mil, da CCAÇ 1590, "Os Gazelas", Mansoa, Bissorã e Olossato, 1966/68; autor do livro Diário da Guiné: 1966/68)http://luisdematos.blogspot.com/2007/7/, já removido ou descontinuado)  há uma referência ao Marco Paulo, aquando da chegada a Bissau, a 11 de agosto de 1966


(...) "Findo este trabalho, o capitão deu folga a todo o pessoal para conhecer a cidade. Logo na primeira noite, juntei-me a um pequeno grupo para irmos dar uma volta, para conhecermos um pouco da noite guineense. 

"O furriel miliciano Charneca, que é natural de Beja, ou arredores, não sei bem, pertence à CCS do meu batalhão, o BCAÇ 1894, disse-me que há um nosso camarada, já 'velho',  o que equivale a dizer que não é 'periquito', que está no rádio do Quartel-General com o Marco Paulo, um artista da rádio e da TV e também alentejano, de Mourão. 

"Vamos lá ter com eles, para nos mostrarem como é isto. Ou pelo menos, aquele meu amigo vai connosco. Estava uma noite escura como breu. Não me recordo de mais nada. O que sei é que me vi dentro dum táxi, com o Charneca e o tal amigo do QG, por um trilho, em que o capim era bem mais alto que o nosso transporte e fomos parar a uma vivenda onde havia música. Muita música cabo verdiana e dança, frangos no churrasco, cerveja e whisky. 

"Não conseguia deixar de pensar que me podiam cortar a cabeça com uma catana. É que a gente ouvia contar cada estória!. Mas ao mesmo tempo, tinha uma certa confiança no tal camarada mais velho. Se ele estava ali e continuava vivo, é porque o local e as pessoas eram de confiança. Há-de ser o que Deus quiser. Coração ao largo, pensei cá prós meus botões" (...)_

(Seleção, revisão / fixação de texto, parênteses retos: LG)
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Nota de L.G:

Último poste da série > 19 de outubro de 2024 > Guiné 61/74 - P26059: In Memoriam (514): José Luiz Gomes Soares Fonseca (1949 - †2024), ex-Fur Mil TRMS da CCAV 3366 / BCAB 3846 (Susana e Varela, 1971/73)

sábado, 5 de outubro de 2024

Guiné 61/74 - P26011: Manuscrito(s) (Luís Graça) (257): Porto Santo, e a África aqui tão perto - Parte II

 


Foto nº 14 > Porto Santo > Cidade de Vila Baleira > 4 de outubro de 2024 > Mural Porto Santo, Ilha Dourada, letra de Teodoro Silva; música de Max e Libertino Lopes; criação de Max.  Um famoso fado bolero lançado em 1954... Quem não se lembra, da gente da nossa geração ?

(Fonte: You Tube, com a devida vénia...)

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2019). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. A chegar ao fim as minhas "miniférias" em Porto Santo, eu que não queria cá vir, já levo saudades desta terra,,, Regresso amanhã ao "cont'nente'... E levo este fado-bolero no ouvido (já não o ouvia desde o século passado). Quando chegar a casa,  vou ver também o filme de Jorge Brum do Canto, "A Canção da Terra" (1938), aqui passado.

Sinopse:  " Porto Santo, junto da Madeira. A luta pela vida assume aspectos dolorosos com a seca, pois não chove na ilha. Gonçalves procura obviar ao infortúnio, com o alento que lhe traz o amor de Bastiana, e apesar da rivalidade com João Venâncio, que aliás possui água mas recusa partilhá-la. A resignação e o sacrifício, a ansiedade, a paixão e o ódio, ateiam conflitos humanos sob os caprichos da natureza..."

Aproveiteu ontem a tarde para visitar a Casa Colombo - Museu de Porto Santo e o Núcleo Museológico Brum do Canto. Esta terra não é sõ praia e miradouros. Tem história e memória... (*)


Foto nº 15 > Porto Santo > Vila Baleira > Mural no Centro Cultural de Congressos





Foto nhº 16 : Porto Santo > Casa Colombo - Museu de Porto Santos  


2. Não há talvez figura mais controversa, ligada à época da "1ª era da globabilização", com uma história tão "manipulada",  do que o Cristóvão Colombo (1451-1506). Por razões nacionalistas e ideológicas, todos o reivindicam (italianos, espanhóis, portugueses e até judeus) como um dos seus ...  Por outro lado, os seus feitos e a sua memória desemcadeiam paixões (**)...

Não devia ser boa rês, o homem.  Pessoalmente, sempre o considerei um aventureiro, um oportunista e até um "idiota" (ou "chico-esperto") que, ao chegar ao Novo Mundo, com a "fossanguice" de querer ser o primeiro a chegar  à Índia,  chamou "índios" aos seus habitantes... Mas, ao que parece, não era trouxa, e terá sabido muito bem tirar partido do "poder uterino"...  Os espanhóis chamam-lhe almirante e, claro, herói...

Sem querer tomar opinar sobre um dossiê complexo e controverso que desconhecço (a não ser muito pela rama), limito-me a reproduzir aqui um dos painéis que constam da Casa Colombo - Museu de Porto Santo, que visitei no passado dia 4 de outubro.  Dizem que o homem viveu aqui...Porto Santo teve um papel importante na nossa "expansão marítima"... (Sobre o polémico Cristóvão Colombo uma artigo, em inglês, na Wikipedia que me parece bastante completo e imparcial, mas só o li por alto.) (***)

Curiosamente, os italianos adoram esta ilha como turistas,,, Os dinamarqueses é pelo golfe...Os italianos devia ser... pelo Colombo!... No hotel onde onde estou, vejo muita gente que vem de Itália. Mas, como a maior parte dos portugueses, não devem ter interesse nem paciência nem pachorra para visitar a Casa Colombo - Museu de Porto Santo (a exposição permanente é em portuguèrs e inglês).  E é pena...Porto Santo não são só 9 km de praia... E  também uma  ilha onde se usam alguns poetas portugueses (Fernando Pessoa, Camões, Florbela Espanca...) para  "ajudar a contar outra história" do nosso mar...


Foto nº 17 > 


Foto nº 18


Foto nº 19

Porto Santo > Ponta da Calheta  > Município de Porto Santo >  Cartazes  celebrando, em 2022,  os 35 anos da Bandeira Azul (#35AnosBA)... No passado dia 21 de setembro, Dia Internacional da Limpeza Costeira, celebrado com apoio do Município, 12 voluntários recolheram na totalidade 101 kg de lixo marinho, na sua maioria plástico  no Calhau da Fonte Areia... Também aqui a massificação do turismo  tem o seu verso e reverso...

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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 3 de outubro de 2024 > Guiné 61/74 - P26007: Manuscrito(s) (Luís Graça) (256): Porto Santo, e a África aqui tão perto - Parte I

(**) Excerto do artigo da Wilipedia, em inglêrs (adapt e traduzido por Google Translate e LG):

(...) Colombo tem sido criticado tanto pela sua brutalidade como por dar início ao despovoamento dos povos indígenas das Caraíbas, seja por doenças importadas ou por violência intencional. 

De acordo com os estudiosos da história dos nativos americanos, George Tinker e Mark Freedman, Colombo foi responsável por criar um ciclo de "assassinato, violência e escravidão" para maximizar a exploração dos recursos das ilhas caribenhas, e ainda pelas mortes de nativos na escala em que ocorreram,   não podendo ser apenas imputadas  âs novas doenças. 

Além disso, eles descrevem a proposição de que a doença e não o genocídio é que causou essas mortes como a "negação do holocausto americano".[...] 

O historiador Kris Lane discute se é apropriado usar o termo "genocídio" quando as atrocidades não foram uma calara intenção de Colombo, mas resultaram de seus decretos, de objetivos de negócios familiares e de negligência.[...] 

Outros académicosw  defendem as ações de Colombo ou alegam que as piores acusações contra ele não são baseadas em fatos, enquanto outros afirmam que "ele foi culpado por eventos que estiveram muito além de seu alcance ou conhecimento".[...] 

Em  resultado dos protestos e motins que se seguiram ao assassinato de George Floyd,  em 2020, muitos monumentos públicos de Cristóvão Colombo foram removidos.[...]

sexta-feira, 13 de setembro de 2024

Guiné 61/74 - P25938: Ser solidário (273): Concerto da Orquestra Médica Ibérica, no passado dia 8, no Porto, a favor de uma ONGD que trabalha na área da saúde em Moçambique (Health4Moz) - Parte I

 


Porto > Casa da Música > Sala Sugia > Concerto solidário da Orquestra Médica Ibérica >8 de setembro de 2014, 18h00 


Foto (e legenda): © Luís Graça (2024). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Solidariedade não é uma palavra vã para uma profissão altruísta como a medicina. É também, como a saúde, um valor sem preço, mas que custa tempo e dinheiro. Tempo e dinheiro que os músicos da Orquestra Médica Ibérica (OMI) despendem em dois concertos solidários anuais que em regra dão, revertendo as receitas para instituições de solidariedade social que trabalham na área da saúde.(*)

A OMI foi fundada em 2022 e nela estão inscritos músicos, médicos e estudantes de medicina, de mais de 40 cidades da península ibérica. Já atuaram em Lisboa, Braga, Barcelona e Madrid, tendo angariado mais de 32 mil euros. Este ano, só em Madrid, tiveram mais de 1500 pessoas a assistir, e a participação de 3 coros. No passado dia 8 encheram a belíssima e emblemática sala Suggia, na Casa da Música, Porto,  mais de 1200 luagres). 

Nos próximos anos a OMI tem já agendados concertos em Lisboa, Granada, Valência e Coimbra.

Para saber mais: www.orquestramedicaiberica.com

Além do maestro Sebastíão Martins, atualmente médico interno de psiquiatria,a orquestra sinfónica que atuou na Casa da Música (**) era composta por 48 instrumentos de cordas (31 violinos, 12 violas, 13 violoncelos e 5 contrabaixos) e 23 de metais (4 flautas, 3 oboés, 3 clarinetes, 4 fagotes,2 trompetes, 1 tuba,1 harpa, 5 de percussão). Em geral, nos inctrumentos de corda há o dobro de mulheres.  

Atou ainda o pianista Vasco Dantas, conhecido desde miúdo do nosso coeditor Carlos Vinhal. 

Cada concerto implica 4 dias de trabalho  (3 de ensaios), que são fornecidos "por bono" por cada elemento da orquestra (incluindo deslocações, e sem contar com o trabalho individual em casa...)

este concerto na Casa da Música foi particularmente exigente: falaremos na Parte II do programa musical, com 1 peça de Joly Braga Santos (1924-1988), o concerto nº 2 para piano, de Sergei Rachmaninoff (1873-1943), e a mundialmente famosa Scheherazade, de Nikolai Rimsky-Korsakov (1844-1908).


2. O beneficiário, desta vez, foi uma ONGD, portuguesa, que trabalha na área da saúde, em Moçambique: Healt4Moz (Health 4 Mozambican Children's and Families, Saúde para as Crianças e Famílias Moçambicanas). 

Foi fundada em 2013 por médicos e professores universitários portugueses.

Em trabalho totalmente voluntário, "por bono". tem contribuído, nos últimos 11 anos da sua história, para a formação de profissionais de saúde, nas mais diversas áreas médicas, atingindo um público-alvo de mais de 20 mil médicos, enfermeiros, dentistas e técnicos de saúde moçambicanos que foram já formados, além de 10 mil alunos que foram capacitados. 

Com diversos apoios e parcerias (sociedade civil, beneméritos, mecenas e cooperação portuguesa), tem também reconstruido,  restaurado e equipado diversas unidades de saúde, incluindo o Hospital Central da Beira (um dos maiores de África, servindo 8 milhões de habitantes). Tem também prestado cuidados de saúde, em valências como a saúde oral e a cirurgia oftalmológica, benefciiando um total de 2150 crianças.

Para saber mais: www.health4moz.com

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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 8 de setembro de 2024 > Guiné 61/74 - P25923: Ser solidário (272): Actualização da situação do processo do nosso camarada guineense Seco Mané, que em Portugal procura resolver a sua precária situação de saúde resultante de ferimentos contraídos em combate ao serviço do Exército Português (Fernando de Jesus Sousa)

(**) Vd. poste de 29 de agosto de 2024 > Guiné 61/74 - P25891: Verão de 2024: Nós por cá todos bem (7): ... E vamos lá estar, no Porto, na Casa da Música: Orquestra Médica Ibérica, Concerto solidário, dia 8 de setembro, domingo, às 18h00

quinta-feira, 29 de agosto de 2024

Guiné 61/74 - P25891: Verão de 2024: Nós por cá todos bem (7): ... E vamos lá estar, no Porto, na Casa da Música: Orquestra Médica Ibérica, Concerto solidário, dia 8 de setembro, domingo, às 18h00


Orquestra médica ibérica (Cortesia de Casa da Música)


Porto > Casa da Música > Orquestra Médica Ibérica  > Concerto, dia 8 de setembro, domingo, às 18h00


Orquestra Médica Ibérica > Concerto solidário a favor da Health4moz

A Orquestra Médica Ibérica é composta por médicos e estudantes de medicina de Portugal e Espanha, que se reúnem duas vezes por ano para partilhar a sua paixão pela música. 

Entre eles, está o nosso grão-tabanqueiro, João Graça, oncopsiquiatra e músico (violino) (tem c. 150 referèncias no blogue).

Este concerto solidário a favor da Health4Moz dá-nos o prazer de escutar:

  • Staccato Brilhante, de Joly Braga Santos, 
  • Scheherazade, de Rimsky-Korsakoff;
  • e o famoso Concerto para piano n.º 2,  de Rachmaninoff, interpretado pelo solista Vasco Dantas, sob a batuta do maestro Sebastião Castanheira Martins.
Bilhetes: 1ª plateia € 25 | 2ª plateia € 20 | 3ª plateia € 15 

Sala, data e hora: 08.09.2024, domingo, 18:00, sala Suggia.

Observações -  Eu, a Alice, o Carlos Vinhal, a Dina  e outros membros da Tabanca Grande vamos marcar presença... E, se chegarmos um pouco mais cedo, podemos dar dois dedos de conversa. (LG)


2. Sobre a Health4Moz (Health For Mozambique, Saúde Para Moçambique):


"Health4MOZ. 365 dias a salvar vidas.

Em 11 anos de atividade a Health4MOZ realizou mais de 66 Missões em Moçambique.
Em 2018, orgulha-se de ter mantido um elemento em missão no terreno, todos os dias do ano. Estes são os números que espelham o nosso trabalho em Moçambique."

Alguns números:

  • 66 missões
  • 194 voluntários Portugueses
  • 20000 formados pós-graduados e pré-graduados
  • 8000 formadores formados
______________

Nota do editor:

Último poste da série > 27 de agosto de 2024 > Guiné 61/74 - P25888: Verão de 2024: Nós por cá todos bem (6): Lançamento do livro "A Pesca da Baleia na Ilha de Santa Maria e Açores", de Arsénio Chaves Puim, dia 29, 4ª feira, pelas 21h00, na Biblioteca Municipal de Vila do Porto.

quinta-feira, 8 de agosto de 2024

Guiné 61/74 - P25818: S(C)em Comentários (45): Foi também graças à ação do LAMETA que os EUA alteraram a sua posição de apoio a Timor Leste, que antes era pró-indonésia (Rui Chamusco, Díli, 4/5/2018)











Timor Leste > Díli > Universidade Nacional de Timor Leste (UNTL) > Departamento de Língua Portuguesa > 3 e 4 de maio de 2018 > Exposiçáo LAMETA (acrónimo, em inglês, do Movimento Luso-Americano para a Autodeterminação de Timor Leste), no àmbito da celebração da língua portuguesa.  A sessão foi enriquecida pela atuação, entre outros,  u pequeno grupo de crianças de Ailok Laran que cantaram canções do cancioneiro popular português, acompanhadas ao acordeão pelo Rui Chamusco.


Fotos: © Rui Chamusco (2018). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Capa do livro de João Crisóstomo,. "LAMETA - Movimento Luso-Americano para a Autodeterminação de Timor-Leste", edição de autor, Nova Iorque, 2017, 162 pp.



1. Palavras proferidas, na ausência do João Crisóstomo (Nova Iorque),  pelo seu amigo Rui Chamusco, na inauguraçáo da  exposição LAMETA, na Universidade de Timor Leste (UNTL),  em Díli, em 4 de maio de 2018, no contexto da celebração da Língua Portuguesa, organizada pelo respetivo Departamento de Língua Portuguesa  (*):



Exmo Sr. Reitor da UNTL, Exma.Sra. Diretora de Departamento de Língua
Portuguesa, Exmo.Sr Embaixador de Portugal em Timor Leste, ilustres convidados, senhores professores e estimados alunos.

É para nós uma honra podermos participar neste evento promovido pelo Departamento de Língua Portuguesa desta universidade, através da exposição
ameta e da interpretação de algumas canções em português por este pequeno
Grupo de Crianças de Ailok Laran.


A exposição LAMETA  do nosso amigo ausente João Crisóstomo, que podemos visualizar no átrio deste auditório,  é um desconhecido contributo que as comunidades luso-americanas deram para a auto determinação de Timor Leste. E, mais do que as palavras, estão os fatos registados nos documentos expostos. 

Esta coleção representa um bem inestimável do património deste povo, e pretende ser, sobretudo para os jovens, um instrumento de informação e de preservação da memória coletiva de imor Leste. 

Foi graças à influência e pressão exercida pelo  LAMETA (Movimento Luso-americano para a Autodeterminação de Timor Leste) que os Estados Unidos alteraram a sua posição de apoio a Timor leste, que antes era pró indonésia. 

Esta exposição é a comprovação desta influência e dos caminhos que o movimento LAMETA  percorreu durante os ano nos de luta.

A presença destas crianças para interpretação de canções em português pretende demonstrar que a música tem um papel muito importante no processo de aprendizagem de qualquer língua, também da Língua Portuguesa. Um longo
caminho ainda a percorrer. Com o esforço e boa vontade de todos conseguiremos atingir estes objetivos.

Agradecemos ao Departamento de Língua Portuguesa de ter confiado em nós e de nos ter concedido esta oportunidade.

A todos,  MUITO OBRIGADO. (**)

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 7 de agosto de 2024 > Guiné 61/74 - P25815: II Viagem a Timor: janeiro / junho de 2018 (Rui Chamusco, ASTIL) - Parte IX: A exposição Lameta, na Univesdade de Díl, e a magia da música em língua portuguesa

(**) Último poste da série > 26 de julho de 2024 Guiné 61/74 - P25780: S(C)em Comentáros (44): o seminário, a tropa e a guerra (Francisco Baptista, autor do livro "Brunhoso, Era o Tempo das Segadas - Na Guiné, o Capim Ardia", Edição de autor, 2019, 388 pp.)

domingo, 30 de abril de 2023

Guiné 61/74 - P24270: Blogpoesia (791): "Passei o dia a ouvir música", por Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547 / BCAÇ 1887 (Canquelifá e Bigene, 1966/68)

Passei o dia a ouvir música

Passei o dia a ouvir música
sempre a mesma
alternando Madredeus e Erik Satie.
Como foi possível parecerem-me tão semelhantes?
Que percebe de sons este monocórdico espírito?
Mas foi o mesmo o que produziram em mim:
a sensação amarga de ter atirado fora
uma paveia de sentimentos.
Como vou misturar "É quase certo que nada existe, nada está perto nem eu estou triste"
com "Embryons desséchés e Peccadilles importunes?"
Eu próprio me sinto mistura de contradições e acasos
harmonia de contrastes
santidade e pecado.
Nada percebo de música
mas quero que a música seja ar
chuva ou vento
olhos
boca
sustento
febre
delírio
amor e tormento.
Não sei onde fica a música nem a terra onde ela conduz
sei apenas que é de calor e de luz
ar puro e perfume
o caminho da música para o alto dos montes.


adão cruz

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Nota do editor

Último poste da série de 23 DE ABRIL DE 2023 > Guiné 61/74 - P24243: Blogpoesia (790): Reflexão, simplista, sobre a Poesia (Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547 / BCAÇ 1887, Canquelifá e Bigene, 1966/68)

terça-feira, 6 de dezembro de 2022

Guiné 61/74 - P23851: Agenda cultural (821): Diogo Picão, na Lourinhã, sua terra natal, sábado, 10 de dezembro de 2022, às 21h30, para o lançamento do seu segundo álbum, "Palavras Caras"



Capa do segundo álbum de Diogo Picão, "Palavras Caras" 


Diogo Picão, na Lourinhã, Auditório da AMAL sábado, dia 10 de dezembro,
as 21h30, com Diogo Picão (voz e saxofone), Olmo Marín (guitarra de 7 cordas), Carlos Garcia (piano) e Juninho Ibituruna (Percussão). Espectáculo integrado nas festas Lourinhã Natal (de 26 de novembro de 2022 a 6 de janeiro de 2023).  Bilhetes à venda no Posto de Turismo da Lourinhã (de segunda a sexta, exceto feriados, telef.  
261 410 127). Cinco paus, cinco aéreos, o preço de um maço de cigarros... Música e poesia que apontam, certeiras, ao coração da gente em plena época natalícia...



Diogo Picão:

(i) é músico, compositor e letrista;

(ii) faz canções para se libertar das insónias e sonhar com mundos melhores;

(iii) cresceu músico, estudou saxofone, virou cantautor e espera envelhecer como poeta e boémio;

(iv) nascido em 1988 na Lourinhã, começou a estudar saxofone na Escola de Jazz de Torres Vedras;

(v) é licenciado em Música pela ESMAE / IPP (Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo / Instituto Politécnico do Porto), e pós-graduado em Artes da Escrita pela Universidade Nova de Lisboa;

(vi) já tocou com a Big Band do Oeste, Big Band da ESMAE, Tchakare Kanyembe, Jungle Jazz Orchestra, Diabolando, Carlos Barretto In Loko Band, Tony Madeira y los Impressionantes e Histórias de Monstros e Outros Bichos;

(vii) é co-criador, com Olmo Marín, do duo Sambacalao e integra ainda a Orquestra Latinidade, João Berhan, Jon Luz & Baile Criolo e espectáculo Pantera (Cia. Clara Andermatt);

(viii) Cidade Saloia (2018) é o  seu álbum de estreia, composto por doze canções da sua autoria, e conta com exímios músicos da cosmopolita Lisboa.

Tendo-se apresentado por Portugal e Brasil, lança agora o seu segundo álbum, Palavras Caras, com a participação de uma vintena de convidados,  incluindo Luca Argel, Salvador Sobral e Mônica Salmaso. 

Desse álbum,  ouça-se aqui o belíssimo tema Vendedor de Fruta (4' 22'') . (O autor inspira-se, mais uma vez, na popular  figura do avô materno Bonifácio  da Silva, do Seixal, que tinha uma banca de frutas e legumes no antigo mercado municipal da Lourinhã, uma figura muito popular que eu, de resto,  recordo com  saudade.) (LG)

Depois do grande êxito que foi o seu último espetáculo em Lisboa, no Maria Matos, no passado dia 30 de novembro, estamos ansiosos por vê-lo, ao vivo e a cores, na sua terra natal, Lourinhã, dia 10 de dezembro, na AMAL - Associação Musical e Artística Lourinhanense.

A Tabanca Grande e a Tabanca do Atira-te ao Mar (... e Não Tenhas Medo), Porto das Barcas / Atalaia / Lourinhã, apoiam o nosso Diogo Picão.

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Nota do editor:

Último poste da série > 16 de novembro de 2022 > Guiné 61/74 - P23788: Agenda cultural (820): Livro: “Do Inverno à Primavera”, obra do camarada José Alberto Neves, Nova Lamego (Gabu). (José Saúde)

quarta-feira, 20 de julho de 2022

Guiné 61/74 - P23448: Depois de Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74: No Espelho do Mundo (António Graça de Abreu) - Parte XXXVI: Brasil, Rio de Janeiro, 1989, 2015, 2020



Brasil, Rio de Janeiro > 2020 > No alto do Pão de Açúcar, com a Praia Vermelha, na Urca, e a praia de Copacabana, ao fundo.


Brasil, Rio de Janeiro> 2020 > Uma favela, tirada do alto do navio de cruzeiros, à distância, no cais de Mauá.
 
Fotos (e legendas): © António Graça de Abreu (2022). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


Vinicius de Moraes e Helo Pinheiro... A Garota de Ipanema é a canção brasileira mais conhecida em todo o mundo, de tal icónica que tornou Ipanema, a belíssima praia carioca,  um dos maiores cartões   do Rio de Janeiro e de todo o Brasil. A música composta, em 1962, por Tom Jobim, génio da bossa nova, em parceria com o poeta Vinícius de Moraes, faz também parte do nosso imaginário lusófono. Foi o próprio Vinícius de Moraes quem,  três anos mais tarde, revelou o segredo bem guardado: a musa de inspiração, a "garota de Ipanema", era Heloísa Eneida Menezes Paes Pinto Pinheiro, ou simplesmente Helô Pinheiro, uma adolescente de 17 anos em 1962.

Foto´(Vinícius de Moraes e Helo Pinheiro): Créditos: Divulgação. Fonte: Letras > Quem é a Garota de Ipanema (com a devida vénia...)



António Graça de Abreu, foto à esquerda: (i) docente universitário reformado, escritor, sinólogo (especialista em língua, literatura e história da China); (ii) natural do Porto, vive em Cascais; (iii) autor de mais de 20 títulos, entre eles, "Diário da Guiné: Lama, Sangue e Água Pura" (Lisboa: Guerra & Paz Editores, 2007, 220 pp); (iv) ex-alf mil, CAOP1, Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74; (v) é membro da nossa Tabanca Grande desde 2007, tem mais de 310 referências no blogue; (vi) texto e fotos (sem legendas) enviados em 15/7/2022 ]


Rio de Janeiro, Brasil, 1989, 2015, 2020


por António Graça de Abreu (*)


O Rio de Janeiro é a natureza feita cidade (Stefan Zweig)


Gosto do Rio de Janeiro. Três vezes cirandando pela grande cidade, como diria Zweig, recortada pelo esplendor da natureza.

Em 1989, meio à aventura, um mês no Brasil, de lugar em lugar num velho Wokswagen Golf, e a minha tia Hermínia, irmã do meu pai, com muitos anos de terra brasileira, a amedrontar-me “ai, o menino, ai o menino.” E não houve ladrão para assustar e atacar, por Niterói, Cabo Frio, Búzios, Petrópolis, Nova Friburgo. Depois Paraty e Angra dos Reis. Desbravar o grande Brasil e ser feliz em lugares de encantamentos breves, em hotéizinhos de passagem na berma da estrada.

De volta ao Rio de Janeiro, em 2015, ao encontro reconfortante da família, primos do meu sangue, com uma conferência pelo meio na Universidade de São Paulo. Outra vez, mergulhar sozinho na cidade e nas ondas límpidas de Copacabana. Sem ladrão, nem assalto, o meu pobre aspecto de meio ventrudo septuagenário, careca e feio, quase assustando o homem da favela sobranceira que desce para o mar procurando angariar sustento na praia, e que devia pensar que o ladrão era eu.

2020, outra vez o Rio de Janeiro. Desta vez, cheguei majestosamente de barco, entrando ao alvorecer pela baía de Guanabara, pintada pela brisa da manhã a azul escuro e prateado. Foram dois dias para me aconchegar na cidade, subida ao Pão do Açúcar, compras em Copacabana, ida ao Maracanã onde joga o Flamengo e o Fluminense, mais uma caminhada curta pelo centro do Rio com breve visita à estranha Catedral e a descoberta, junto ao navio, no cais de Mauá, do original Museu do Amanhã, do arquitecto espanhol Santiago Calatrava, o mesmo da nossa Gare do Oriente.

Tempo de praia, molhar o corpo no sal de Copacabana. Porque o mar estava agitado, com ondas altas, procurei um recanto mais sossegado, a praia Vermelha, na Urca. Meus olhos deram de chofre em umas tantas moças pouquíssimo ataviadas de roupa, usando fio dental da cabeça aos pés, beldades perfeitas, descendentes dessas índias tamoio de antanho à mistura com sangue quente português, ninfetas do mar e da terra, companheiras e amigas, superiores aos homens, todas netinhas da "leda e formosa" garota de Ipanema, das travessuras de Vinicius de Moraes e Tom Jobim.

Olha que coisa mais linda
Mais cheia de graça
É ela, menina
Que vem e que passa
Num doce balanço
A caminho do mar.

Moça do corpo dourado
Do Sol de Ipanema
O seu balançado
É mais que um poema
É a coisa mais linda
Que eu já vi passar.

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Nota do editor:

(*) Último poste da série > 28 de junho de 2022 > Guiné 61/74 - P23390: Depois de Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74: No Espelho do Mundo (António Graça de Abreu) - Parte XXXV: Teruel, Aragão, Espanha, 2017

sábado, 4 de junho de 2022

Guiné 61/74 - P23325: Agenda cultural (813): Afroencontro: fusão euroafricana de sonoridades... Camones CineBar, Bairro da Graça, Lisboa, sábado, 4 de junho, 21h00: Mamadu Baio, Avito Nanque, Sanassi de Gongoma e João Graça


É hoje, mais logo, no Camones, CineBar, na Graça, Rua Josefa Maria 4B, 1170-195 Lisboa...

Mamadu Baio e João Graça são membros da nossa Tabanca Grande... E nós apoiamos a boa música do mundo, a começar pelos músicos guineenses... A não perder.

O Mamadu Baio que, além de grande e talentoso músico, compositor e ator de cinema, natural da tabanca de Tabatô, trabalha na construção civil com0 muitos dos seus patrícios... E vem de propósito da Holanda para estar mais logo no Camones... O J0ão Graça vai buscá-lo ao aeroporto.
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Nota do editor:

domingo, 27 de março de 2022

Guiné 61/74 - P23118: Ser solidário (244): Coro Municipal e população da Lourinhã, 27 de março de 2022, 11h00: Orar pela paz na Ucrânia



Vídeo (3' 36'') > You Tube > Luís Graça (2022)

Lourinhã, 27 de março de 2022: Coro Municipal da Lourinhã, dirigido pelo jovem, talentoso e polivalente maestro Carlos Pedro Alves, com a colaboração da população local, interpreta o cânone de W. Mozart "Dona Nobis Pacem" (Dai-nos a Paz).

A vila estremenha, "capital dos dinossauros", associou-se deste modo a outras vilas e cidades europeias que, neste dia, vieram às ruas com os seus coros orar pela paz na Ucrânia.

O coro interpretou também, entre outras, a famosa e sublime canção alpina “Signore delle cime”, composta em 1958 pelo italiano Giuseppe de Marzi. 



Vídeo (1' 24'') > You Tube > Luís Graça (2022)


Signore delle cime (1958) > Letra:

Dio del cielo, Signore delle cime,
Un nostro amico hai chiesto alla montagna.
Ma ti preghiamo, ma ti preghiamo:
Su nel Paradiso, sul nel Paradiso
lascialo andare per le tue montagne.

Santa Maria, Signora della neve,
Copri col bianco soffice mantello,
Il nostro amico, nostro fratello,
Su nel paradiso, su nel paradiso
Lascia lo andare per le tue montagne.

Dio del cielo, l’alpino chè caduto,
Ora riposa nel cuor della montagna.
Ma ti preghiamo, ma ti preghiamo.
Una stell’alpina, una stell’alpina
Lascia cadere dalle tue montagne.

quinta-feira, 24 de março de 2022

Guiné 61/74 - P23106: (De) Caras (187): Ainda a cantora Isabel Amora, no espectáculo no Cine Gabu, em março ou abril de 1970 (Tino Neves, ex-1.º cabo escriturário, CCS/BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71)


Foto nº 1


Foto nº 2
  

Foto nº 1A > Isabel Amora (pormenor)

Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego >  CCS BCAÇ 2893 (1969/71) > Março ou abril de 1970 > Espectáculo no Cine Gabu com a cantiora Isabel Amora.

Fotos (e legendas): © Tino Neves (2022). Todos os direitos reservados.[Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Tino Neves, foto atual

 

O Constantimno Neves, à direita, nesse dia do espectáculo 
no Cine Gabu esteve de serviço como 1.º cabo PU - Polícia de Unidade.


1. Mensagem de Constantino Neves, mais conhecido por "Tino" Neves, ex-1.º cabo escriturário, CCS/BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71 (hoje, bancário reformado, vivendo na Cova da Piedade, Almada; tem mais de sessenta referências no nosso blogue):

Data - 21/03/2022, 16:06

Assunto - Espectáculo no Cine Gabu, com a Isabel Amora


Luís Graça, tudo bem?

Desculpa, só agora responder ao teu pedido.(*)

O fotógrafo que tirou estas fotos, as do poste P23080 (*), chamava-se Joaquim Rodrigues, era soldado maqueiro. Viria a falecer uns meses mais tarde, no ataque a Nova Lamego, na noite de 15/11/1970.(**)

Consegui mais uma foto doutro camarada, mas diz não saber a data exata em que foi o espectáculo: deve ter sido logo no início da nossa comissão, talvez em março ou abril de 1970, pelo que se encaixa nas datas por ti sugeridas.
 
Nesta foto mostra muito bem a face da cantora e o modo que se veste (minissaia) (Fotos nºs 1 e 2).

E também mostra, de costas, o Capitão Gaspar Borges, que ainda era o Comandante da CCS, e que depois de alguns meses foi transferido para Canjadude (CCaç 5) (Foto nº 2).

Como já informei, não era usual haver PU na Vila, mas como havia esse espetáculo, o Capitão resolveu criar a PU para sair do quartel. Como o Furriel que estava de  Sargento de Dia se baldou,  eu como Cabo de Dia fui destacado para fazer esse serviço. Mais informo, que eu era o Cabo Escriturário ao seu serviço.

Abraços.
Tino Neves

2. Comentário do editor LG:

A minissaia foi criada em Londres, em 1966, pela estilista Mary Quant. Tornou-se um elemento icónico da emergente cultura pop.  Foi uma revolução na moda, no vestuário e nos costumes, tal como o biquíni. 

Eram 30 cm de saia, em comprimento, que se usavam com bota alta e t-shirts ou camisetas apertadas. Teve um grande impacto, a par da recusa do sutiã, no desenvolvimento da revolução sexual e feminista, depois da aparecimento da pílula anticoncecional, surgida nos EUA logo início da década de 1960. 

Numa sociedade conservadora como a portuguesa  do Estado Novo, a introdução da minissaia causou algum furor, mas acabou por ser aceite. Ou melhor: foi rapidamente adotada pelas nossas jovens, em meio urbano e a música ié-ié ajudou a levar a minissaia à província, ao "Portugal profundo", juntamente com as festas de verão, as visitas dos emigrantes e o regresso dos soldados da "guerra do ultramar"... 

Na Guiné, em 1970, já não era novidade. Algumas esposas, sobretudo mais novas, de  camaradas nossos vestiam minissaia, nomeadamente em Bissau. De resto, estava-se em África, e o clima pedia roupas leves. Até a tropa usava camisa curta e calções...

Mas no meio militar, no mato, uma mulher branca, de minissaia, ainda não  era muito habitual ver-se. Era uma raridade... Daí talvez a ideia peregrina  do capitão de infantaria Gaspar Borges (que não era SGE, e tinha a esposa consigo em Nova Lamego), nessa noite improvisar uma PU - Polícia de Unidade... Mais valia prevenir do que remediar, deve ter pensado o capitão... 

Na realidade, também não me lembro de ver PU em lado nenhum, no mato, no interior da Guiné, nomeadamente em Bambadinca e em Bafatá, no meu tempo (1969/71).
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Notas do editor: