Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Contuboel > 1969 > CART 2479 / CART 11 (1969/70) > O Valdemar na psicina de Bafatá, tendo ao fundo: (i) a estátua do governador Muzanty; (ii) o pombal; e (iii) a Casa Gouveia (loja)...
Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Contuboel > 1969 > CART 2479 / CART 11 (1969/70) > Na piscina de Bafatá: "3 mil soldados para uma psicina"...
Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Contuboel > 1969 > CART 2479 / CART 11 (1969/70) > Na piscina de Bafatá... Não havia preocupações com o pé de atleta...
Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Contuboel > 1969 > CART 2479 / CART 11 (1969/70) > O Valdemar, todo aperaltado, para uma "saída"...
Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Contuboel > 1969 > CART 2479 / CART 11 (1969/70) > Torneio de futebol... Aspeto da assistência... multicolor.
Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Contuboel > > CART 2479 / CART 11 (1969/70) > 20 de julho de 1969, dia em que o homem chegou à lua... O Valdemar vai a caminho de Bissau, num barco civil...
Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Contuboel > 1969 > CART 2479 / CART 11 (1969/70) > 20 de julho de 1969 > Efeméride: no dia que o homem chegou á Lua, eu descia o rio Geba (Bambadinca-Bissau, com passagem no célebre Mato Cão e depois na não menos temível Ponta Varela, a seguir ao Xime)... Num barco fretado para levar material usado da tropa. . Estivemos parados várias horas: primeiro por causa da maré, depois devido a avaria no motor do barco só resolvido(desenrascado) com uma peça sacada dum carro que seguia no barco pra sucata. Inesquecível, até ao fim da minha vida!
Fotos (e legendas): © Valdemar Queiroz (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: L.G.]
1. Continuação da publicação das Memórias de um Lacrau > Texto e fotos enviadas, em 9 do corrente, pelo Valdemar Queiroz, nosso novo tabanqueiro, nº 648 [, em Contuboel, 1969, à esquerda] (*)
Passaram os primeiros meses, ainda sem contacto com a guerra, a instrução ia chegando ao fim. Já ‘apanhados’ pelo clima, cabelos mais compridos e patilhas, tronco nu e de cor bronze-amarelado, e visitando as bajudas/lavadeiras, ouvíamos ao longe rebentamentos.
Com o Pechincha a fazer truques de ilusionismo ou a ouvir com o Aurélio Duarte as baladas do Zeca, Adriano ou Fanhais, ou o Cândido Cunha, que era músico, a tocar modas brasileiras com o seu inseparável acordeão e o [Renato] Monteiro a declamar “os brincos na tua orelha” (**), e o Macias sempre com o cante alentejano, ou com o [Abílio] Duarte a ouvir musica anglo-saxónica, fomo-nos preparando para ir a Bissau, para o juramento de bandeira dos novos soldados, todos naturais da Guiné.
Embarcamos em Bambadinca numa LDG para Bissau, a ração de combate (meses mais tarde, em 20/7/1969, no dia que o homem chegou à lua, repeti a mesma viagem, num barco particular).
Na LDG encontrei um marinheiro conhecido de Arroios (Lisboa) e saboreei uma boa posta de peixe cozido. Quase todos os nossos soldados nunca tinham saído da zona do Gabu ou de Bambadinca. Estranharam muito. Ficamos em Brá e eles juraram bandeira no Estádio Sarmento Rodrigues com grande entusiasmo e com um empolgante discurso do Spínola.
Por lá ficámos, uns dias, a fazer seguranças na região, sem se saber a razão. Com eles a estranharam muito a zona, por não a conhecerem, ao ponto de estarem sempre, quando ficávamos de noite, de olhos bem abertos e sentados sobre os calcanhares a dizer ‘nunca se sabe’. Parece que havia um capitão cubano que estava ferido no hospital. (***)
Regressamos a Contuboel. Formaram-se duas Companhias, uma foi para Bambadinca (CCAÇ 12), a outra, a nossa que passará a ser CART 11, foi para Nova Lamego, para umas instalações adaptadas a Quartel só para nós.
Assim passaram os primeiros quatro meses na Guiné.
Depois, a partir de Nova Lamego, andámos em intervenção na zona leste, a nível de dois pelotões, por Cabuca, Cancissé, Madina Mandinga, Dara, Piche, Ponte Caium, Dunane, com permanência perlongada em Canquelifá, até nos fixarmos em Paunca e Guiro Iero Bocari.
(Continua)
Guiné > Zona Leste > Setor L2 > Contuboel > Junho de 1969: Passeio de piroga junto à ponte de madeira de Contuboel, sobre o Rio Geba. Furriéis milicianos Henriques (CCAÇ 2590, mais tarde, CCAÇ 12) e Monteiro (CART 2479, mais tarde CART 11 e depois CCAÇ 11).
Na Guiné nunca mais encontrei o meu amigo Monteiro (que, de resto, ía morrendo afogado, num mergulho junto à estrutura da ponte, em madeira]. Já muito depois do 25 de Abril, descobri que ele era coautor de um livro que li e apreciei sobre a guerra colonial (Renato Monteiro e Luís Farinha:
Guerra colonial: fotobiografia. Lisboa: D. Quixote. 1990. 307 pp). Entretanto, aparece o blogue e, entre outras, publico esta foto... Em 4 de Julho de 2005, recebo uma mensagem assinada pelo Renato Monteiro (****). Reatámos desde então os nossos contactos e a nossa amizade... Mas até hoje ainda não descobrimos quem foi o fotógrafo... Terá sido o Cândido Cunha?, pergunta o "homem da piroga"...
Foto (e legenda): © Luís Graça (2005). Todos os direitos reservados.
______________
Notas do editor
(*) Último poste da série > 25 de fevereiro de 014 >
Guiné 63/74 - P12773: Memórias de um Lacrau (Valdemar Queiroz, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70) (Parte III): Preparando a "nova força africana" de Spínola...
(**)
O brinco da tua orelha, de António Botto (1897-1959)
O brinco da tua orelha
Sempre se vai meneando;
Gostava de dar um beijo
Onde o teu brinco os vai dando.
Tem um topázio doirado
Esse brinco de platina;
Um rubi muito encarnado,
E uma outra pedra fina.
O que eu sofro quando o vejo
Sempre airoso meneando!
Dava tudo por um beijo
Onde o teu brinco os vai dando.
(...) Tendo embarcado no Niassa a 24 de Maio [de 1969], juntamente com outras Companhias independentes como a 2591 e 2592 [, futuras CCAÇ 13 e 14,], chegámos ao CTI da Guiné em 29, pelas 21 h, e desembarcámos no dia seguinte de manhã.
A 31, no Depósito de Adidos, Sua Excia, o Comandante-Chefe das Forças Armadas, Brigadeiro António de Spínola, passa revista às tropas em parada e dirige-lhes palavras de boas-vindas. (...)
Colocados em Contuboel (Setor L2, Zona Leste, a norte de Bafatá, a meio caminho da fronteira norte), a fim de darmos a segunda fase de instrução ao nosso pessoal africano, embarcamos em LDG [Lancha de Desembarque Grande] para o Xime, a 2 de Junho, tendo seguido depois em coluna auto até ao local destinado. Um dia de viagem, exaustivo, extenuante, com o primeiro grande banho de pó e de emoções: íamos descobrindo a Guiné profunda, da tensa viagem entre o Xime e Bambadinca, com a ponte do Rio Udunduma, recém-dinamitada e parcialmente destruída pela guerrilha, na mesma noite do ataque a Bambadinca (28 de Maio de 1969)...
Os quadros da CART 2479 [futura CART 11 e depois CCAÇ 11, a que pertenceu o meu amigo Renato Monteiro, o homem da piroga] já tinham dado, entretanto, a instrução básica àsas nossas praças africanas, de 12 de Março a 24 de Maio, em Contuboel.
A cerimónia do Juramento de Bandeira realizara-se em Bissau, a 26 de Abril, na presença do Comandante-Chefe (sempre Excelentíssimo).
A instrução da especialidade teve início imediatamente a seguir à nossa chegada a Contuboel. Ao longo de um mês e meio, em plena época das chuvas, os nossos graduados aprenderam a conhecer os elementos dos seus futuros grupos de combate.
Integrada na "nova força africana", a futura CCAÇ 12 receberia a visita, durante a semana de tiro, Brigadeiro António de Spínola que se inteirou pessoalmente do nível de instrução ministrada às nossas praças africanas.
Os exercícios finais da especialidade efectuaram-se de 6 a 12 de Julho, a 10 km ao norte de Contuboel. A 18 de Julho, finda a instrução, a CCAÇ 2590 [futura CCAÇ 12] é dada como operacional, sendo colocada em Bambadinca (Setor L1, Zona Leste). (...)
A 18 de Julho de 1969, a futura CCAÇ 12 (que, por enquanto, ainda era a CCAÇ 2590) é dada como operacional. Atendendo à origem étnico-geográfica das suas praças, por sugestão do Com-Chefe, ficamos radicados em chão fula, às ordens do Batalhão de Caçadores 2852 (1968/70), com sede em Bambadinca...
A 21 de Julho, menos de dois meses depois da nossa chegada à Guiné, quando ainda nem sequer tinham sido distribuídos os camuflados à nossa tropa africana, temos a nossa primeira "saída para o mato" (sic) , seguida do nosso "baptismo de fogo" (...).