Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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quinta-feira, 3 de agosto de 2017
Guiné 61/74 - P17646: Agenda cultural (577): "Heróis que o tempo não apaga", palestra de capitão Aveiro, o escritor Valdemar Aveiro, Clube de Vela da Costa Nova (CVCN), Costa Nova do Prado, Ílhavo, 18 de agosto de 2017, às 21h30
Palestra baseada no livro do ilhavense Valdemar Aveiro, mais conhecido por Capitão Aveiro, "Heróis que o tempo não apaga: um conto real de vida", obra que acaba de ser editada, em maio último, pela Fundação Gil Eanes, com sede em Viana do Castelo.
São histórias e memórias da faina diária a bordo de um lugre bacalhoeiro, contadas na primeira pessoa do singular, por quem viveu de perto esta nossa odisseia coletiva, a pesca do bacalhau à linha.
Apresentação a cargo de Artur Aguiar.
Local, data e hora: Clube de Vela Costa Nova (CVCN), av José Estevão, Costa Nova do Prado, Ílhavo, tele 234 369 300... No dia 18 de agosto de 2017, às 21h30.
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Nota do editor:
Último poste da série > 28 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17627: Agenda cultural (576): Montemor o Novo, Biblioteca Municipal, Clube de Leitura, ciclo temático "A guerra colonial", 2ª sessão: "África na Literatura Portuguesa - Um tema de uma geração", por Carlos Matos Gomes, 4 de agosto, às 18h00. Entrada livre, aberta e incentivada à participação de todos/as.
terça-feira, 30 de outubro de 2012
Guiné 63/74 - P10596: Memória dos lugares (194): Ilhavo, Costa Nova... a terra do meu amigo e irmão mais velho e, porque não ?, meu camarada, o arquitecto Zé António Paradela, que hoje celebra 3/4 de século de existência, antigo marinheiro da pesca do bacalhau, último representante de um povo que tem o mar no ADN!... (Luís Graça)
Ílhavo > Costa Nova > 21 de agosto de 2012 > Ao centro, eu e o Zé António; e à nossa esquerda, a Alice Carneiro e a Matilde (esposa do Zé António); à nossa direita, o Jorge Picado e o Jorge Paradela, o caçula do casal Zé António & Matilde. A foto foi tirada pelo filho mais velho, o Marco, que anda na Escola Superior Náutica Infante D. Henrique.
Ílhavo > Costa Nova > 21 de agosto de 2012 > O nosso comum amigo, meu e do Zé António, e nossoo grã-tabanqueiro Jorge Picado, depois de termos trocado dois dedos de conversa... Outro amigo que encontrei nesse dia, foi o João Vizinho, outro ilhavense ilustre com casa na Costa Nova. Médico do trabalho, meu velho amigo e companheiro das lutas da saúde ocupacional. Também vi nesse dia, à tarde, lá para os lados da Bruxa, o José Manuel Bastos Cachim, que foi nosso camarada no BENG, no CTIG, em 1966/68.
O Jorge lá foi ter com a neta...da! Gostei de o ver, em boa forma!
Ílhavo > Costa Nova > 21 de agosto de 2012 > Os antigos palheiros (cabanas de madeira onde os pescadores tradicionalmente guardavam as redes e os demais apetrechos de pesca), agira transformados em restaurantes e bares... ou inspirando a arquitectura das casas de veraneio. Um regalo para a vista. Um postal turístico. Um verdadeiro ex-líbris desta famosa estância de veraneio que pertence ao concelho de Ílhavo, terra de marinheiros, pescadores, tripulantes da marinha mercante...
Ílhavo > Costa Nova > 21 de agosto de 2012 > Uma das muitas belas janelas das casa de praia...
Vagos > Praia da Vagueira > Restaurante Caravela > Largo Parracho Branco > 21 de agosto de 2012 > Pintura a óleo, de António Carlos. A arte da Xávega. 1998. Pormenor I. Fomos lá comer uma bela caldeirada de enguias.
Vagos > Praia da Vagueira > Restaurante Caravela > Largo Parracho Branco > 21 de agosto de 2012 > Pintura a óleo, de António Carlos. A arte da Xávega. 1998. Pormenor II
Vagis > Praia da Vagueira > Restaurante Caravela > Largo Parracho Branco > 21 de agosto de 2012 > Pintura a óleo, de António Carlos. A arte da Xávega. 1998. Pormenor III. Fomos lá comer uma bela caldeirada de enguias.
Ilhavo > Gafanha da Encarnação Ria de Aveiro > Largo da Bruxa > 21 de agosto de 2012 > Um barco moliceiro, com o seu belo perfil fenício, agora modificado para o transporte turístico de passageiros... Ao fundo, a Costa Nova, vista do outro lado da ria...
Ilhavo > Galhanha da Encarnação > Ria de Aveiro > 21 de agosto de 2012 > A praia da Barra vista da zona portuária
Ilhavo > Gadafanha da Encarnação > Ria de Aveiro > Cais acostável, junto ao largo da Bruxa > 21 de agosto de 2012 > Jovem em posição acrobática de mergulho para a água... Ao fundo, a Costa Nova
Ilhavo > Gafanha da Encarnação > Ria de Aveiro > Largo da Bruxa > 21 de agosto de 2012 > A Bruxa, misto de tasca, café, bar, cervejaria e esplanada...
Ilhavo > Gafanha da Encarnação > Ria de Aveiro > Largo da Bruxa > 21 de agosto de 2012 > A Bruxa.... onde ao fim da tarde se vai beber uma bebida agradável, tipo sangria, feita de cerveja e vinho branco, acompanhada com os populares tremoços, azeitonas e amendoins... desfrutando a ria, as embarcações, o pôr do sol e dando dois dedos de amena conversa com os amigos... Gostamos de lá ir, o Zé António e eu mais as nossas caras metades (e os nossos filhos, quando nos podem e querem acompanhar).
Fotos: © Luís Graça (2012). Todos os direitos reservados
1. No verão, em agosto, no nosso querido mês de agosto (que ninguém nos há-de roubar!), eu gosto sempre, quando a caminho do norte, de passar pela Costa Nova e gozar um dia da minha existência na companhia da minha Alice e dos nossos amigos Zé António e Matilde Henriques, ele arquitecto, ilhavense, e ela, socióloga, lisboeta. Somos amigos, e velhos amigos, desde há mais de trinta anos. Eles moram habitualmente em Oeiras, Miraflores. Têm casa de verão na Costa Nova.
De seu nome completo José António Boia Paradela, é também conhecido no Facebook onde tem uma página com o seu nome literário, Ábio de Láparo.. (Confesso que não sou muito "facebook...eiro", não acompanhando a sua página com a atenção que ele me merece; temos priviligeado, em contrapartida, o convívio, de prefreência à mesa...).
Na Costa Nova ele tem muitos amigos, alguns da infância e da adolescência como o Comandante Valdemar Aveiro, um dos últimos "lobos do mar" da Terra Nova, e notável memorialista dos tempos heróicos da pesca do bacalhau: dois dos seus livros já aqui foram objeto de recensão crítica no nosso blogue, há uns anos atrás......
O Zé António, como bom ilhavense, é, também ele, filho e neto de gente do mar, tendo passado, aos 16 anos, pela pesca do bacalhau, na Terra Nova... Foi verdadeiramente a sua tropa, a sua guerra da Guiné... Uma experiência, duríssima, de seis meses, que o marcou para sempre... Homem de múltiplos talentos, também ele acabou de escrever um livro - a pensar nos amigos - a que deu o belíssimo título Uma Ilha no Nome: Crónica dos Dias Líquidos, e que eu tive a honra e o prazer de prefaciar.
O que o meu/nosso querido Zé António escreveu em 2007, ao quilómetro 70 da sua árdua, mas generosa e bem sucedida caminhada da vida, foi nem mais nem menos do que um belíssimo e comovente regresso ao passado, à sua infância, à sua ilha, à sua origem ilhavense… É também a redescoberta da sua/nossa insularidade e da situação-limite que é a própria vida, cercada de sinais de fragilidade, de solidão, de morte e de finitude por todos os lados....
Como eu escrevi no prefácio, não se pense, todavia, que é uma narrativa passadista ou pessimista... No final, Irineu - um dos personagens da narrativa e, seguramente, um alter ego do autor - (re)descobre o anátema da ilha… no nome, mas também (re)descobre que faz parte de um vasto arquipélago, e que um ilhéu, um ilhavense, mesmo quando deixa a sua ilha, em busca de mundo, de mais mundo, nunca destrói as pontes, o cordão umbilical que o liga ao passado e ao futuro…
Passados cinco anos, o nosso Àbio [Boia] de Lápara [Paradela], chegou muito naturalmente ao quilómetro 75 da sua autoestrada da vida..."Três quartos de século", comentou ele há dias, quando fomos ao encerramento do Doclisboa2012... Comentou ele, com uma ponta de orgulho, um outra de ternura, e uma terceira de desencanto... "Três quartos de século" é obra e vida, e merecem ser comemorados, foi a minha resposta. Comemorar o nosso aniversário, todos os anos, "faz bem à saúde"... E eu sei que o Zé António gosta de se rodear da família e dos amigos nesse dia...
Estou, por isso, seguro que ele vai gostar de ler estas palavrinhas que hoje lhe escrevo, em dia de aniversário, e que vou publicar num sítio inesperado para ele e para os meus amigos e camaradas da Guiné. Mas este blogue não lhe é estranho, ele aparece aqui, mais do que um vez, não com um marcador próprio (a que não tem direito) mas através da referência "pesca de bacalhau"...
2. Prefácio ao livro de Ábio de Lápara, Uma Ilha no Nome: Pequena Crónica dos Dias Líquidos. Lisboa: edição de autor, 2007, 77 pp. (Impressão: Critério - Impressão Gráfica Lda). Ábio de Lápara é o o pseudónimo literário de José António Boia Paradela, natural de Ilhavo, onde nasceu em 1937. Arquiteto, é o sócio-gerente da empresa PAL - Planeamento e Arquitectura Lda.
É num cenário pré-apocalíptico, mas perfeitamente verosímil, de destruição da orla costeira devida à progressiva subida das águas do mar, que se desenrola este conto – ou quiçá novela - , sob o título Uma Ilha no Nome… Prefiro simplesmente chamar-lhe narrativa.
Pela temática que lhe está subjacente – a morte, o mal escatológico, o pecado, a condenação – faz-me lembrar romances como A Peste, de Alberto Camus, ou o Ensaio da Cegueira, de José Saramago. Tem também ressonâncias da tragédia grega e, no mínimo, poderia dar uma belíssima peça do teatro português.
A originalidade (e o talento) do autor (ou não fosse ele arquitecto, de formação e profissão) consistiu em ultrapassar a questão do género ou ter criado um género novo, ao incorporar na sua narrativa o coro dos que se expressam através da palavra muda dos pichadores e grafiteiros das nossas cidades...
Eles funcionam, de algum modo, como o coro da tragédia grega, invectivando os deuses, causticando o poder, contestando a (des)ordem estabelecida… No palimpsesto, mil vezes escrito e reescrito, o narrador vais buscar pérolas e pérolas de sabedoria, que vão pontuando e secundando o discurso dos penitentes, reunidos na Assembleia Final do Tempo:
- A saudade, mano… a nossa última riqueza! Porque a lembrança é a fonte de onde parte toda a riqueza….
- We are born to loose everything, everytime and nothing at all.
- Não faças sempre a mesma pergunta. Apenas luta por uma resposta diferente.
- Mudei a passagem para ir para a outra margem, esperando que o futuro não seja uma miragem…
O que o nosso querido Zé António escreveu, ao quilómetro 70 da sua árdua, mas generosa e bem sucedida caminhada da vida, foi nem mais nem menos do que um belíssima e comovente regresso ao passado, à sua infância, à sua ilha, à sua origem ilhavense… É também a redescoberta da sua/nossa insularidade e da situação-limite que é a própria vida, cercada de sinais de fragilidade, de solidão, de morte e de finitude por todos os lados…
Além do narrador, há um alter ego – Irineu – ou mais do que um – seguramente, o Ábio – e uma plêiade de personagens que ainda têm ou tiveram carne e osso:
O Avô Materno de Ábio, mais conhecido como O Valente, sepultado na Praia da Tijuca; o Pai de Ábio, marinheiro com 12 anos; a Avó materna, a mãe Rosa… Sem dúvida, o núcleo da sua intimidade, do seu doce lar… Como o pai, sempre ausente e sempre presente, gostava de dizer: “O mundo todo não vale o meu lar”…
Mas há também outros homens e outras mulheres ilhavenses, recriados pelo autor, que fazem parte desta galeria de memórias: O Mestre Zé, marinheiro; o Manuel da América; o Sacerdote Manuel, cego; o Sant’Ana, merceeiro e chefe dos escuteiros; o Ismael, o poeta, amigo dos gatos, funileiro, contador de estórias; o João Bocanegra, mais conhecido entre o povo como o Trampolineiro, homem de muitas falas e poucos saberes; a Rosa Cravo, a oficiante do Templo de Vénus; a Joana Paciência, vendedeira de peixe, matriarca, mãe de muitos filhos espalhado pelo mundo….
Criado no matriarcado, cercado de mulheres e das suas recordações, Ábio faz, o entanto, da figura do pai a mais bela evocação da narrativa:
- Estávamos todos em casa, isto é, ele não estava no mar, que é como quem diz, sabe-se lá onde…
Narrativa, é o termo mais exacto: é uma tocante narrativa que se lê de um ápice e por onde perpassa a memória de um povo, de um colectivo: povo das matas costeiras, gentes da areia, povo das águas, homens do bote, pescadores e marinheiros da Terra Novo… Mas também a memória dos lugares da infância: o Vale Central, a Gândara, o Vale das Padeiras, a Laguna, o Mar, sempre o Mar, atraindo e repelindo as gentes tal como Pátio dos Ressoeiros atraía e repelia os adolescentes…
Não se pense que é uma narrativa passadista ou pessimista… No final, Irineu (re)descobre o anátema da ilha… no nome, mas também (re)descobre que faz parte de um vasto arquipélago , e que um ilhéu, mesmo quando deixa a ilha, nunca destrói as pontes, o cordão umbilical que o liga ao passado e ao futuro…
Zé António, ao quilómetro 70, já não precisavas de provar nada, nem muito menos de fazer jus à ironia queirosiana do Zé Fernandes em relação ao seu príncipe, o Jacinto de A Cidade e as Serras (“Fazer um filho, plantar uma árvore, escrever um livro. Tens de te apressar, para ser um homem”…). Os teus amigos já conheciam e apreciavam o teu talento criativo, mas agora tramaste-os, deixando-os com água no bico, à espera da próxima surpresa…
Fica, desde já, marcada na agenda uma próxima paragem ao quilómetro 71. E até lá os meus duplos parabéns, ao jovem escritor e ao veterano corredor de fundo! Escusado será dizer, para mim e para todos nós, quanto é grande o privilégio de te ter como amigo!
[Fonte: Luís Graça > Blogpoesia > 23 de novembro de 2007 > (Pré-)Textos (1) - Crónica dos dias líquidos]
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Nota do editor:
Último poste da série > 27 de outubro de 2012 > Guiné 63/74 - P10580: Memória dos lugares (193): O inferno de São Domingos, em março de 1972, ao tempo da CCAV 3365 / BCAV 3846, Os Quixotes (Bernardino Parreira / Plácido Teixeira)
O que o meu/nosso querido Zé António escreveu em 2007, ao quilómetro 70 da sua árdua, mas generosa e bem sucedida caminhada da vida, foi nem mais nem menos do que um belíssimo e comovente regresso ao passado, à sua infância, à sua ilha, à sua origem ilhavense… É também a redescoberta da sua/nossa insularidade e da situação-limite que é a própria vida, cercada de sinais de fragilidade, de solidão, de morte e de finitude por todos os lados....
Como eu escrevi no prefácio, não se pense, todavia, que é uma narrativa passadista ou pessimista... No final, Irineu - um dos personagens da narrativa e, seguramente, um alter ego do autor - (re)descobre o anátema da ilha… no nome, mas também (re)descobre que faz parte de um vasto arquipélago, e que um ilhéu, um ilhavense, mesmo quando deixa a sua ilha, em busca de mundo, de mais mundo, nunca destrói as pontes, o cordão umbilical que o liga ao passado e ao futuro…
Passados cinco anos, o nosso Àbio [Boia] de Lápara [Paradela], chegou muito naturalmente ao quilómetro 75 da sua autoestrada da vida..."Três quartos de século", comentou ele há dias, quando fomos ao encerramento do Doclisboa2012... Comentou ele, com uma ponta de orgulho, um outra de ternura, e uma terceira de desencanto... "Três quartos de século" é obra e vida, e merecem ser comemorados, foi a minha resposta. Comemorar o nosso aniversário, todos os anos, "faz bem à saúde"... E eu sei que o Zé António gosta de se rodear da família e dos amigos nesse dia...
Estou, por isso, seguro que ele vai gostar de ler estas palavrinhas que hoje lhe escrevo, em dia de aniversário, e que vou publicar num sítio inesperado para ele e para os meus amigos e camaradas da Guiné. Mas este blogue não lhe é estranho, ele aparece aqui, mais do que um vez, não com um marcador próprio (a que não tem direito) mas através da referência "pesca de bacalhau"...
Ativo, como sempre, não tão superativo e produtivo como gostaria de continuar a ser (,que a crise afeta e muito os gabinetes de arquitetura e planeamento, mas também a sua saúde aconselha já alguma moderação...), o Zé António, apesar de reformado (face à Segurança Social), continua a tocar o barco, o seu barco, e agora até a navegar por mares nunca dantes navegados...
É homem de muitas paixões, para além da arquitectura e o planeamento urbanístico (de que foi um dos pioneiros entre nós),: o desenho, a música, a fotografia, a escrita, a multimédia.. Espero que ele tenha muita saúde e longa vida para poder mostrar os seus outros talentos, para além dos da esfera profissional.... Pessoalmente tenho-me deslumbrado e emocionado com as suas criações em multimédia, algumas das quais já têm sido apresentados ao público, na Costa Nova...
Zé António:
Podia chamar-te, com justiça e propriedade, "meu amigo, meu irmão mais velho, meu camarada"... A ter um irmão, rapaz, que não tenho, podia ser alguém como tu, com quem a gente aprende, com prazer, e convive, com naturalidade, por que és uma pessoa culta, bem formada, com valores, vivida, afável, agradável, bem disposta, e não menos importante, humilde, que assume as suas origens, que é amigo do seu amigo, alguém que sabe também ouvir...
"Camarada" seria mais forçado: na realidade não fizeste a guerra (colonial), embora tenhas andado na "guerra dio bacalhau", servvindo outros senhores, lá pelos idos anos de 50 (1953?)... Algum camarada meu, militar, mais ortodoxo, poderia achar abusivo sentar-te aqui ao pé de mim, ao pé de nós, à sombra do mágico, secular e fraterno poilão da nossa Tabanca Grande.
Meu camarada é o Jorge Picado, mais eu sei que não vais ficar com ciúmes, meu amigo, meu irmão mais velho... De qualquer modo, tirando o Jorge Picado, quem é que dos ilhavenses foi parar à guerra colonial ? Claro, a malta da marinha de guerra, muitos dos teus amigos, que vocês só podiam ser duas ou três coisas na vida: pescadores, marinheiros, tripulantes da marinha mercante...
Não tenho aqui à mão o livro que me ofereceste, com uma bela dedicatória tua, e que está profusamente ilustrado, com sugestivas fotos do antigamente da vida da Costa Nova do Prado (, imagem da capa acima)... Creio que o autor é o engº Senos Fonseca, cunhado ao que julgo do nosso Jorge Picado. Com as inevitáveis limitações de tempo e de saber, quis apenas homenagear-te e associar-me à celebração dos teus bem vividos e bem merecidos 75 anos.
A Costa Nova, onde passo um dia por ano, é apenas um pretexto, e uma forma habilidosa de te pôr aqui na montra deste blogue que já não é meu... Por umas horas, que seja, tu mereces, meu amigo, meu irmão mais velho, meu camarada de outras guerras... Mereces pelo que viveste, mereces pelo que ainda vais viver, mereceres pelo muito que tens dado a todos nós, da família aos amigos, dos clientes ao país...
Um xicoração apertado do Luís (+ Alice + Joana + João). Que tenhas um resto de dia feliz, com a tua Matilde e os teus "marinheiros" Marco e Jorge... Haveremos depois de beber um copo... à saúde, à vida, à felicidade, à amizade, á fraternidade!... E para que nenhum f.. da p... tenha um dia a lata ou a ousadia de troikar as nossas amizades, cumplicidades, memórias e afetos.
PS - Tomo a liberdade de reproduzir aqui o prefácio que escrevi, com muita ternura, para o teu livrinho, há cinco anos atrás.
É homem de muitas paixões, para além da arquitectura e o planeamento urbanístico (de que foi um dos pioneiros entre nós),: o desenho, a música, a fotografia, a escrita, a multimédia.. Espero que ele tenha muita saúde e longa vida para poder mostrar os seus outros talentos, para além dos da esfera profissional.... Pessoalmente tenho-me deslumbrado e emocionado com as suas criações em multimédia, algumas das quais já têm sido apresentados ao público, na Costa Nova...
Podia chamar-te, com justiça e propriedade, "meu amigo, meu irmão mais velho, meu camarada"... A ter um irmão, rapaz, que não tenho, podia ser alguém como tu, com quem a gente aprende, com prazer, e convive, com naturalidade, por que és uma pessoa culta, bem formada, com valores, vivida, afável, agradável, bem disposta, e não menos importante, humilde, que assume as suas origens, que é amigo do seu amigo, alguém que sabe também ouvir...
"Camarada" seria mais forçado: na realidade não fizeste a guerra (colonial), embora tenhas andado na "guerra dio bacalhau", servvindo outros senhores, lá pelos idos anos de 50 (1953?)... Algum camarada meu, militar, mais ortodoxo, poderia achar abusivo sentar-te aqui ao pé de mim, ao pé de nós, à sombra do mágico, secular e fraterno poilão da nossa Tabanca Grande.
Meu camarada é o Jorge Picado, mais eu sei que não vais ficar com ciúmes, meu amigo, meu irmão mais velho... De qualquer modo, tirando o Jorge Picado, quem é que dos ilhavenses foi parar à guerra colonial ? Claro, a malta da marinha de guerra, muitos dos teus amigos, que vocês só podiam ser duas ou três coisas na vida: pescadores, marinheiros, tripulantes da marinha mercante...
Não tenho aqui à mão o livro que me ofereceste, com uma bela dedicatória tua, e que está profusamente ilustrado, com sugestivas fotos do antigamente da vida da Costa Nova do Prado (, imagem da capa acima)... Creio que o autor é o engº Senos Fonseca, cunhado ao que julgo do nosso Jorge Picado. Com as inevitáveis limitações de tempo e de saber, quis apenas homenagear-te e associar-me à celebração dos teus bem vividos e bem merecidos 75 anos.
A Costa Nova, onde passo um dia por ano, é apenas um pretexto, e uma forma habilidosa de te pôr aqui na montra deste blogue que já não é meu... Por umas horas, que seja, tu mereces, meu amigo, meu irmão mais velho, meu camarada de outras guerras... Mereces pelo que viveste, mereces pelo que ainda vais viver, mereceres pelo muito que tens dado a todos nós, da família aos amigos, dos clientes ao país...
Um xicoração apertado do Luís (+ Alice + Joana + João). Que tenhas um resto de dia feliz, com a tua Matilde e os teus "marinheiros" Marco e Jorge... Haveremos depois de beber um copo... à saúde, à vida, à felicidade, à amizade, á fraternidade!... E para que nenhum f.. da p... tenha um dia a lata ou a ousadia de troikar as nossas amizades, cumplicidades, memórias e afetos.
PS - Tomo a liberdade de reproduzir aqui o prefácio que escrevi, com muita ternura, para o teu livrinho, há cinco anos atrás.
É num cenário pré-apocalíptico, mas perfeitamente verosímil, de destruição da orla costeira devida à progressiva subida das águas do mar, que se desenrola este conto – ou quiçá novela - , sob o título Uma Ilha no Nome… Prefiro simplesmente chamar-lhe narrativa.
Pela temática que lhe está subjacente – a morte, o mal escatológico, o pecado, a condenação – faz-me lembrar romances como A Peste, de Alberto Camus, ou o Ensaio da Cegueira, de José Saramago. Tem também ressonâncias da tragédia grega e, no mínimo, poderia dar uma belíssima peça do teatro português.
A originalidade (e o talento) do autor (ou não fosse ele arquitecto, de formação e profissão) consistiu em ultrapassar a questão do género ou ter criado um género novo, ao incorporar na sua narrativa o coro dos que se expressam através da palavra muda dos pichadores e grafiteiros das nossas cidades...
Eles funcionam, de algum modo, como o coro da tragédia grega, invectivando os deuses, causticando o poder, contestando a (des)ordem estabelecida… No palimpsesto, mil vezes escrito e reescrito, o narrador vais buscar pérolas e pérolas de sabedoria, que vão pontuando e secundando o discurso dos penitentes, reunidos na Assembleia Final do Tempo:
- A saudade, mano… a nossa última riqueza! Porque a lembrança é a fonte de onde parte toda a riqueza….
- We are born to loose everything, everytime and nothing at all.
- Não faças sempre a mesma pergunta. Apenas luta por uma resposta diferente.
- Mudei a passagem para ir para a outra margem, esperando que o futuro não seja uma miragem…
O que o nosso querido Zé António escreveu, ao quilómetro 70 da sua árdua, mas generosa e bem sucedida caminhada da vida, foi nem mais nem menos do que um belíssima e comovente regresso ao passado, à sua infância, à sua ilha, à sua origem ilhavense… É também a redescoberta da sua/nossa insularidade e da situação-limite que é a própria vida, cercada de sinais de fragilidade, de solidão, de morte e de finitude por todos os lados…
Além do narrador, há um alter ego – Irineu – ou mais do que um – seguramente, o Ábio – e uma plêiade de personagens que ainda têm ou tiveram carne e osso:
O Avô Materno de Ábio, mais conhecido como O Valente, sepultado na Praia da Tijuca; o Pai de Ábio, marinheiro com 12 anos; a Avó materna, a mãe Rosa… Sem dúvida, o núcleo da sua intimidade, do seu doce lar… Como o pai, sempre ausente e sempre presente, gostava de dizer: “O mundo todo não vale o meu lar”…
Mas há também outros homens e outras mulheres ilhavenses, recriados pelo autor, que fazem parte desta galeria de memórias: O Mestre Zé, marinheiro; o Manuel da América; o Sacerdote Manuel, cego; o Sant’Ana, merceeiro e chefe dos escuteiros; o Ismael, o poeta, amigo dos gatos, funileiro, contador de estórias; o João Bocanegra, mais conhecido entre o povo como o Trampolineiro, homem de muitas falas e poucos saberes; a Rosa Cravo, a oficiante do Templo de Vénus; a Joana Paciência, vendedeira de peixe, matriarca, mãe de muitos filhos espalhado pelo mundo….
Criado no matriarcado, cercado de mulheres e das suas recordações, Ábio faz, o entanto, da figura do pai a mais bela evocação da narrativa:
- Estávamos todos em casa, isto é, ele não estava no mar, que é como quem diz, sabe-se lá onde…
Narrativa, é o termo mais exacto: é uma tocante narrativa que se lê de um ápice e por onde perpassa a memória de um povo, de um colectivo: povo das matas costeiras, gentes da areia, povo das águas, homens do bote, pescadores e marinheiros da Terra Novo… Mas também a memória dos lugares da infância: o Vale Central, a Gândara, o Vale das Padeiras, a Laguna, o Mar, sempre o Mar, atraindo e repelindo as gentes tal como Pátio dos Ressoeiros atraía e repelia os adolescentes…
Não se pense que é uma narrativa passadista ou pessimista… No final, Irineu (re)descobre o anátema da ilha… no nome, mas também (re)descobre que faz parte de um vasto arquipélago , e que um ilhéu, mesmo quando deixa a ilha, nunca destrói as pontes, o cordão umbilical que o liga ao passado e ao futuro…
Zé António, ao quilómetro 70, já não precisavas de provar nada, nem muito menos de fazer jus à ironia queirosiana do Zé Fernandes em relação ao seu príncipe, o Jacinto de A Cidade e as Serras (“Fazer um filho, plantar uma árvore, escrever um livro. Tens de te apressar, para ser um homem”…). Os teus amigos já conheciam e apreciavam o teu talento criativo, mas agora tramaste-os, deixando-os com água no bico, à espera da próxima surpresa…
Fica, desde já, marcada na agenda uma próxima paragem ao quilómetro 71. E até lá os meus duplos parabéns, ao jovem escritor e ao veterano corredor de fundo! Escusado será dizer, para mim e para todos nós, quanto é grande o privilégio de te ter como amigo!
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Nota do editor:
Último poste da série > 27 de outubro de 2012 > Guiné 63/74 - P10580: Memória dos lugares (193): O inferno de São Domingos, em março de 1972, ao tempo da CCAV 3365 / BCAV 3846, Os Quixotes (Bernardino Parreira / Plácido Teixeira)
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
Guiné 63/74 - P7508: O Mural do Pai Natal da Nossa Tabanca Grande (20): Jorge Picado, o nosso querido capitão ilhavense
1. Mensagem do nosso querido camarigo Jorge Picado (para quem essa época do ano está inevitavelmente associada à perda, em 26 de Novembro de 2007, da companheira de uma vida, mãe dos seus filhos e avó dos seus netos) (*)
Data: 21 de Dezembro de 2010 15:50
Assunto: Natal da Tabanca Grande
Nesta quadra natalícia em que mais um ano chega ao fim e um novo se aproxima, não quero deixar de me dirigir a todos os meus companheiros de Tabanca, pois a minha "ausência" poderia significar esquecimento.
Abraços, do tamanho do Mansoa ao Cacheu, de um dos mais velhos
Jorge Picado
Deixou viúvo o nosso camarada e amigo Jorge Manuel Simões Picado. Os seus filhos Ana Constança, Jorge Manuel, João e José Senos da Fonseca Picado já existiam quando o pai, engenheiro agrónomo, foi chamado para a Guiné, com 32 anos (se nãp erro) como comandante operacional. [Foto acima, a amorosa casa da família, na Costa Nova] (L.G.) (**)
(**) Último poste desta série >
Data: 21 de Dezembro de 2010 15:50
Assunto: Natal da Tabanca Grande
Nesta quadra natalícia em que mais um ano chega ao fim e um novo se aproxima, não quero deixar de me dirigir a todos os meus companheiros de Tabanca, pois a minha "ausência" poderia significar esquecimento.
Se não o fizesse, quero que saibam que não seria esse (esquecimento) o motivo, pois que desde que aderi a este espaço, não mais deixei de vos ter sempre presentes, no pensamento, tal como aqueles com quem partilhei os dois anos de Guiné.
Porém eu sou como sou e "burro velho já não muda", como também é costume dizer-se, e há duas épocas no ano que não são muito do meu agrado. Uma é precisamente esta. A outra é a da Páscoa. Não me perguntem qual a razão, já que não saberei explicar.
Assim, a todos os CAMARIGO(A)S desta TABANCA GRANDE e àqueles das OUTRAS TABANCAS que se foram multiplicando e que não tenham ainda aderido à sombra do POILÃO-MOR, bem como suas Famílias, daqui desta Terra de ex-marinheiros onde o "fiel amigo" reinava e agora se importa, desejo-vos UMAS FELIZES CONSOADAS, com muita Saúde, Paz, Amor e um ANO de 2011, a que não chamo de novo, pois todos já sabemos que vai ser mesmo velho, talvez como nos inícios do passado Séc.XX, para não recuar mais, mas como dizia, um 2011 sem mais PEC´s, pelo menos e muita SAÚDE, para o enfrentar.
Abraços, do tamanho do Mansoa ao Cacheu, de um dos mais velhos
Jorge Picado
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Notas de L.G.
(*) Maria José de Senos da Fonseca Picado (1938-2007) foi a co-fundadora e dirigente da CASCI (Centro de Acção Social do Concelho de Ílhavo), uma notável obra de solidariedade, com mais de 300 funcionários que benefica muitas centenas de cidadões e suas famílias (900 utentes) não só de Ilhavo como de concelhos limítrofes. Faleceu, nova, aos 69 anos, em 26 de Novembro de 2007. Era carinhosamente conhecidacomo a Dona Zeca.
Sucedeu-lhe na presidência da direcção o seu irmão Senos da Fonseca.
Segundo informação do Diário de Aveiro, no final de 2007 as valências do CASCI espalhavam-se pelas seguintes localidades (i) Costa Nova (Centro de Infância com creche, jardim-de-infância e ATL, Departamento de Educação Social, Centro de Reabilitação e Formação Profissional para pessoas com deficiência e Centro de Apoio Ocupacional para pessoas com deficiências graves), (ii) Barra (Centro de Infância com creche, jardim-de-infância e ATL), Colónia Agrícola (Centro de Reabilitação e Formação Profissional da Gafanha para pessoas deficientes) e (iii) Ílhavo (Centro de Infância com jardim infantil, ATL e escola de educação especial, Residencial para pessoas da 3.ª Idade e Residencial para crianças e jovens portadores de deficiência grave).
(*) Maria José de Senos da Fonseca Picado (1938-2007) foi a co-fundadora e dirigente da CASCI (Centro de Acção Social do Concelho de Ílhavo), uma notável obra de solidariedade, com mais de 300 funcionários que benefica muitas centenas de cidadões e suas famílias (900 utentes) não só de Ilhavo como de concelhos limítrofes. Faleceu, nova, aos 69 anos, em 26 de Novembro de 2007. Era carinhosamente conhecidacomo a Dona Zeca.
Sucedeu-lhe na presidência da direcção o seu irmão Senos da Fonseca.
Segundo informação do Diário de Aveiro, no final de 2007 as valências do CASCI espalhavam-se pelas seguintes localidades (i) Costa Nova (Centro de Infância com creche, jardim-de-infância e ATL, Departamento de Educação Social, Centro de Reabilitação e Formação Profissional para pessoas com deficiência e Centro de Apoio Ocupacional para pessoas com deficiências graves), (ii) Barra (Centro de Infância com creche, jardim-de-infância e ATL), Colónia Agrícola (Centro de Reabilitação e Formação Profissional da Gafanha para pessoas deficientes) e (iii) Ílhavo (Centro de Infância com jardim infantil, ATL e escola de educação especial, Residencial para pessoas da 3.ª Idade e Residencial para crianças e jovens portadores de deficiência grave).
Deixou viúvo o nosso camarada e amigo Jorge Manuel Simões Picado. Os seus filhos Ana Constança, Jorge Manuel, João e José Senos da Fonseca Picado já existiam quando o pai, engenheiro agrónomo, foi chamado para a Guiné, com 32 anos (se nãp erro) como comandante operacional. [Foto acima, a amorosa casa da família, na Costa Nova] (L.G.) (**)
25 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7502: O Mural do Pai Natal da Nossa Tabanca Grande (19): José Barros Rocha, de Penafiel, ex- Alf Mil, CART 2419 (Mansoa, 1979/70)
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