Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
Pesquisar neste blogue
segunda-feira, 2 de junho de 2025
Guiné 61/74 - P26874: Efemérides (456): Comemoração do 99.º aniversário do Núcleo de Torres Vedras da Liga dos Combatentes e homenagem aos antigos combatentes do Concelho (João Rodrigues Lobo, ex-Alf Mil)
1. Mensagem do nosso camarada João Rodrigues Lobo, ex-Alf Mil, CMDT do Pelotão de Transportes Especiais / BENG 447 (Bissau, Brá, 1968/71) com data de 1 de Junho de 2025:
Boa tarde,
Esta manhã, ocasionalmente, assisti à cerimónia do Núcleo da Liga dos Combatentes de Torres Vedras, que comemorou 99 anos, e prestou homenagem aos mortos deste concelho, condecorando também alguns ex-combatentes.
Este Núcleo (do qual não sou associado) ao que tenho acompanhado pelo jornal Badaladas, tem várias actividades e convívios.
Aproveitei para uma pequena reportagem fotográfica que, julgo, terá interesse para publicar no Blog, presumindo que esta intromissão será bem recebida por este Núcleo.
Grande abraço
João Rodrigues Lobo
_____________
Nota do editor
Último post da série de 9 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26784: Efemérides (455): Cerimónia da inauguração do Monumento Concelhio aos Combatentes do Ultramar, do Dia do Combatente e do 16.º Aniversário do Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes, levadas a efeito no passado dia 3 de Maio de 2025 (Carlos Vinhal)
sexta-feira, 23 de maio de 2025
Guiné 61/74 - P26836: Tabanca da Diáspora Lusófona (34): João Crisóstomo reconhecido, pela "Tribuna Portuguesa / Portuguese Tribune", da Califórnia, como "Personalidade do Ano 2024"... Outras nomeações: a Sousa Mendes Foundation foi a "Associação do Ano 2024" , e a inauguração do Museu Aristides de Sousa Mendes, em Carregal do Sal, o "Evento Cultural do Ano 2024".
Recortes de imprensa > "Tribuna Portuguesa", de 15 janeiro de 2025 > Editorial, por Miguel V. Ávila, pág, 2. (Reproduzido com a devida vénia...)
1. Pelo muito que fez (e continua a fazer) pela causa da reabilitação da memória de Aristides Sousa Mendes e a consagração do "Dia da Consciência" mas também pelo aumento da visibilidade, mediática, social e cultural, da comunidade luso-americana, o nosso amigo e camarada, régulo da Tabanca da Diáspora Lusófona, a viver em Nova Iorque, foi considerado "Personalidade do Ano de 2024" pelo prestigiado jornal, bilingue, "Tribuna Portuguesa" / "Portuguese Tribune", que se publica na Califórnia, desde 1979.(Quinzenal, independente, é o único jornal que se publica hoje, em português, na costa oeste dos EUA; foi fundado em setembro de 1979 pelo açoriano João P. Brum. )
(...) "Em 2004, este jornal iniciou o reconhecimento anual dos “Melhores do Ano”. Depois dos primeiros anos serem uma simples lista com poucas categorias que ocupavam apenas uma página, a atual lista já ocupa agora cinco páginas desta edição. Como um jornal comunitário, tentamos o nosso melhor para dar a conhecer os eventos comunitários, novas caras e talentos, para assim – juntos – valorizarmos a nossa 'prata da casa' ".
No editorial da edição de 15 de janeiro de 2025, Miguel V. Ávila destaca três personalidades do ano de 2024, um dos quais o nosso João Crisóstomo (vd. recorte acima). A iniciativa tem já 2 décadas.
(...) Não posso deixar de realçar as três “Personalidades do Ano”:
Tony Goulart, o reconhecido líder comunitário, continua a deixar um legado da “experiência luso-americana” por terras da Califórnia. Logo depois de escrever e publicar um importante livro sobre as filarmónicas portuguesas e os 125 anos da sua presença na Califórnia, coordenou a publicação do livro que faltava – Nossa Senhora da Assunção da autoria de Maria Cunha Carty.
Lembro-me que nos anos 1990s, as comunidades portuguesas da Califórnia viviam sob as sombras das comunidades da Costa Leste; havia a sensação que seríamos inferiores e que a distância nos faria quase invisíveis para com o nosso país de origem.
A liderança de Tony Goulart e de outros líderes comunitários muito mudaram essa perspetiva e agora as nossas comunidades luso-californianas são reconhecidas como exemplos na Diáspora portuguesa.
Ana Vargas-Smith tem desempenhado um papel importante no desenvolvimento do auto-estima da cidade de Santa Clara. Reconheceu que uma antiga tradição de 50 anos – o Desfile dos Campeões – tinha cessado durante 24 anos e que havia uma lacuna nos habitantes daquela cidade e que a antiga baixa da cidade merecia ser revitalizada. Colocou mãos à obra, criou uma associação sem fins lucrativos e lá reiniciou essa tradição que tinha sido criada por um luso-americano – Ed Cunha – para reconhecer os combatentes da Segunda Guerra Mundial quando regressaram à sua cidade em 1945.
Ana coordena as angariações de fundos e o desfile que agora conta também com um festival de rua. E a Ana tem a certeza que a comunidade portuguesa e associações portuguesas de Santa Clara desfilam... porque não podemos ser uma comunidade invisivel na sociedade americana." (...)
2. Já na edição de 1 de agosto de 2024, fora dado grande destaque à inauguração do Museu Aristides Sousa Mendes, sendo depois considerado, na edição de 15 de janeiro de 2025, como o "acontecimento cultural do ano", enquanto a Sousa Mendes Foundation foi a "Associação do Ano 2024" .
Reproduz-se a seguir o belíssimo editorial do Miguel Ávila sobre "o museu que faltava para que a memória não falhe", a propósito da inauguração do Museu Aristides de Sousa Mendes, na sua terra natal, Cabanas de Viriatos, Carregal do Sal, no passado dia 19 de julho de 2024.
O evento foi na altura também noticiado por nós (*). E na ocasião o nosso amigo e camarada João Crisóstomo leu uma mensagem expressamente escrita pelo Papa Francisco associando-se à homenagem ao Cônsul de Bordéus, Aristides Sousa Mendes (1885-1954), que coincidia também com o seu 139º aniversário natalício.
(...) Recebi , enviada por e- mail, uma mensagem dum bom amigo e proeminente português na Califórnia, Miguel Ávila, que entre outros lugares de destaque ocupa o de editor do prestigioso jornal bilingue “Portuguese Tribune”/ “Tribuna Portuguesa” e é também membro da "Sousa Mendes US Foundation”, e vice-Presidente do “ Comité Dia da Consciência”.
E porque vocês são meus filhos (e aos outros dois se fossem meus irmãos eu não lhes poderia querer mais ou melhor, sem intuitos de ridículas presunções), partilho o que me enviou que não podia ser mais gratificante:
Primeiro um artigo que escrevi e enviei em novembro passado sobre o problema das armas nucleares. Pensei que não o tinham considerado relevante para ser incluído no jornal, mas afinal não só foi publicado como verifico que dele fizeram "artigo de opinião” (*)
E o segundo a "reportagem da inauguração do museu que deu origem às nomeações para Melhores do Ano 2024.”
4. A Tabanca Grande associa-se, com regozijo, ao reconhecimento público feito pela "Tribuna Portuguesa" ao nosso amigo e camarada, "régulo da Tabanca da Diáspora Lusófona" (**) que, depois de amanhã, dia 25, vai estar no Convento de Varatojo, Torres Vedras, a partir das 10h00, num convívio com a família, os Crispins e os Crisóstomos, bem como com os amigos e camaradas da Guiné. Convívio para o qual estamos todos convidados: é só aparecer: A missa é às 10h30, a que se seguirá um convívio no claustro do convento do séc. XV. O padre Vitor Melícias estará presente.
(*) Último poste da série > 19 de julho de 2024 > Guiné 61/74 - P25762: Efemérides (443): Hoje, no dia do 139º aniversário natalício de Aristides de Sousa Mendes (1885-1954), e na inauguração do seu Museu, em Cabanas de Viriato, Carregal do Sal, o Papa Francisco deu-nos a graça e a honra da Sua Benção (João Crisóstomo)
(**) Último poste da série : 2 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26756: Tabanca da Diáspora Lusófona (33): artigo de opinião de João Crisóstomo ("O Nobel da Paz e as Armas Nucleares", Tribuna Portugueda, 10/11/2024)
sexta-feira, 16 de maio de 2025
Guiné 61/74 - P26808: (In)citações (270): O Núcleo de Arcozelo, do Concelho de Vila Nova de Gaia, dos ex-Combatentes da Guiné (Aníbal José da Silva, ex-Fur Mil Vagomestre)
Caro Carlos Vinhal
Para eventual publicação, caso o assunto possa ser incluído no contexto do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.
Junto envio um texto e seus anexos, bem como algumas fotografias. Numa delas está a Inês Allen a informar os detalhes da odisseia, que foi a construção em Empada do Campo de Futebol com o nome do seu pai, o saudoso Xico Allen e a perspetivar a sua inauguração em Abril de 2024.
Um grande abraço
Aníbal Silva
_____________
Nota do editor
Último post da série de 2 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26754: (In)citações (269): Quem se lembra destes preços? (Aníbal José da Silva, ex-Fur Mil Vagomestre)
quarta-feira, 14 de maio de 2025
Guiné 61/74 - P26797: Facebook...ando (77): 24º encontro anual da 26ª CCmds (Brá, 1970/72), na Quinta do Paúl, Ortigosa, Leiria ... Homenagem poética à "Geração Afro" (Angelino Santos Silva)
1. Com a devida vénia, transcrevemos o texto "Tertúlias de Combatentes: Conversas", publicado no Facebook da Tabanca Grande,
Como vem sendo habitual, o evento realizou-se na Quinta do Paúl, em Leiria.
Os Encontros Anuais, que todos Combatentes vão realizando um pouco por todo o país, ficam-nos gravados na memória. E na pele.
Iniciaram-se quando nós, jovens e generosos cidadãos, depois de uma presença de dois anos em África, regressamos da Guerra Colonial Portuguesa, que no período entre 1961 e 1974/75, teve como palco Angola, Guiné e Moçambique, províncias ultramarinas pertencentes ao grande império colonial português.
Imbuídos do mais genuíno e nobre patriotismo, embarcamos para o Ultramar, tentando prolongar um Império Colonial que levava cinco séculos de existência. Não temos qualquer complexo quanto ao nosso desempenho em África. 50 anos passados, chegamos a uma altura da Vida, que temos menos Tempo para viver. É a Lei do Tempo e da Vida. E, claro, somos cada vez menos nesses Encontros.
Dos mais de 1 milhão de Combatentes que prestámos serviço nas três províncias ultramarinas em guerra, estima-se em 400 mil os ainda sobreviventes, hoje. Amanhã seremos menos. E se em tempos chorámos a morte de alguns camaradas estendidos ao nosso lado, hoje choramos a morte dos que nos deixaram depois do regresso e que as redes sociais nos vão dando conta. É é nestes Encontros que a dor fica mais impregnada na pele. No momento de Homenagem, não conseguimos conter as lágrimas.
E temos consciência, de que dia-a-dia seremos menos. E que os momentos marcantes destes Encontros – outrora, de conversas sobre as nossas vidas em África – são agora de lembrança e homenagem a quem nos vai deixando.
Daqui a uma década seremos pouco mais do que um punhado. Porém, se ainda houver dois camaradas a realizar um Encontro Anual, o nosso esforço ficará registado para memória futura, quanto à raça, a força e generosidade da Geração Afro, que em tempos idos demandou por terras africanas para manter um Império impossível: a História de Portugal dará conta desse Sacrifício.
.
Deixo-vos com o poema,
Já lá fui e voltei,
já lá fomos e voltámos.
Percorremos o lado negro da vida,
tropeçámos na face má da sorte
e andámos por trilhos e picadas da morte.
Talvez com sorte, digo eu,
muita sorte dizemos nós,
quando em passos cuidados e tremidos
caminhámos sem rumo e sem norte,
lutando para segurar a vida,
matando para sacudir a morte.
já lá fomos e lutámos,
já lá sorrimos e penámos.
E abrimos a caixa de Pandora
e, antes de virmos embora,
enfrentámos medos e emboscadas,
carregámos sonhos e granadas,
corremos perigo e aflição,
bebemos água da bolanha,
comemos colados ao chão,
adormecemos de arma na mão,
socorremos camaradas feridos,
beijámos rostos estendidos,
cerrámos os punhos cantando,
festejámos a vida chorando,
deixámos os sonhos esquecidos,
zangámo-nos com Deus e o Diabo,
apertámos a raiva mordida na mão
e levámos a cabo heróica missão,
deixámos África
e regressámos a casa,
mais leves de coração.
Já lá fui e voltei,
já lá fomos e voltámos
e pouco pedimos em troca,
apenas… respeito e consideração.
das lágrimas de um povo se faz História,
da Geração Africana se fará Memória.
Angelino dos Santos Silva,
Combatente na Guerra Colonial Portuguesa na Guiné-Bissau,
“Homenagem aos Combatentes da Guerra Colonial" (**)
_______________
(**) Último poste da série > 2 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26757: Facebook...ando (76): História de vida do Tenente Coronel José Francisco Robalo Borrego, ex-Furriel Art do 9.º Pel Art (Guiné, 1970/72)
quinta-feira, 10 de abril de 2025
Guiné 61/74 - P26671: Efemérides (452): Cerimónias de inauguração do Monumento Concelhio aos Combatentes do Ultramar, do Dia do Combatente e do 16.º Aniversário do Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes (Carlos Vinhal)
CERIMÓNIAS DE INAUGURAÇÃO DO MONUMENTO CONCELHIO AOS COMBATENTES DO ULTRAMAR, DO DIA DO COMBATENTE E DO 16.º ANIVERSÁRIO DO NÚCLEO DE MATOSINHOS DA LIGA DOS COMBATENTES
PROGRAMA
O Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes e a Câmara Municipal de Matosinhos, vão promover as cerimónias em epígrafe, que terão lugar no próximo dia 03 de Maio (sábado) em que estarão presentes, a Presidente da Câmara, Dra. Luísa Salgueiro e o Presidente da Liga dos Combatentes, Tenente General Chito Rodrigues e que terá o seguinte programa:
10h25 – Receção às entidades convidadas e concentração dos participantes na Rua Augusto Gomes, ao lado do Quartel dos Bombeiros Voluntários de Leixões (gaveto da Rua Augusto Gomes com a Rua Alfredo Cunha).
10h30 - Início da cerimónia militar:
- Hino Nacional;
- Inauguração e bênção do Monumento;
- Toque de Sentido;
- Deposição de coroa de flores;
- Toque de Silêncio;
- Toque de Homenagem aos Mortos;
- Minuto de Silêncio;
- Evocação religiosa;
- Toque de Alvorada;
- Toque a Descansar;
- Intervenções alusivas ao ato;
- Condecorações;
- Testemunhos de Apreço;
- Hino da Liga dos Combatentes;
- Fim da cerimónia.
12h30 – Almoço no Hotel Tryp Expo em Leça da Palmeira:
- Na Sala Caravela (Piso 1):
- Almoço e animação musical.
O PRESIDENTE
Armando José Ribeiro da Costa
Tenente Coronel
_____________
Comentário do editor CV:
Em 2014, ainda no mandato do saudoso Dr. Guilherme Pinto, Presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, procedeu-se à inauguração de um Memorial aos Combatentes da Guerra do Ultramar do Concelho de Matosinhos, com a presença do Presidente da Direcção Central da Liga dos Combatentes, Tenente General Joaquim Chito Rodrigues. Confesso que na altura senti uma certa vergonha pelo que se estava a inaugurar, ainda por cima por fazer parte da comissão que trabalhava junto do Presidente da Câmara. Fomos todos apanhados de surpresa quando vimos aquele minúsculo Memorial de pé, a abanar com o vento, já que estava um dia de temporal. Exigimos no momento que se procedesse aos trabalhos de consolidação daquilo.
O monumento então inaugurado nunca foi do agrado dos Antigos Combatentes do Concelho, começando pela escolha do material empregue, aço corten, popularmente conhecido por "chapa enferrujada", quer pelas suas dimensões, cerca de 1,70 de altura, que passava despercebido a quem passava pelo local.
Após muitas reclamações, tentou-se dar-lhe alguma dignidade com um arranjo ajardinado envolvente, mas às tantas as cebes estavam com metade da altura do Monumento.
Finalmente, ao fim de 11 anos, o bom senso saiu vitorioso, estando neste momento em curso obras tendo em vista dar aos Combatentes matosinhenses um Memorial mais digno do seu esforço em África.
O editor, que não conhece o projecto final, pelo que já pôde ver no terreno, ficou com a esperança de que a obra, a inaugurar no próximo mês de Maio, fique do agrado de todos.
Carlos Vinhal
______________
Nota do editor
[1] Vd. post de 2 de Maio de 2014 > Guiné 63/74 - P13084: Efemérides (151): Inauguração do Memorial aos Combatentes da Guerra do Ultramar - 1961-1974 do Concelho de Matosinhos (1) (Carlos Vinhal)
Último post da série de 5 de março de 2025 > Guiné 61/74 - P26556: Efemérides (451): Memórias do dia 2 de Março de 1970. O infortúnio levou a que o Fur Mil António Carvalho da CCAÇ 14, numa acção de neutralização de minas antipessoais, calcasse uma não detectada (Eduardo Estrela, ex-Fur Mil)
sexta-feira, 4 de abril de 2025
Guiné 61/74 - P26652: Recortes de imprensa (144): GNR põe fim a 20 anos de falsos peditórios dos bombeiros. Publicação do Jornal de Notícias (JN) do passado dia 3 de Abril de 2025, que aqui reproduzimos com a devida vénia
GNR põe fim a 20 anos de falsos peditórios dos bombeiros
Bilhetes para sorteio da Associação Portuguesa de Veteranos de Guerra foram vendidos em falsos peditórios
Roberto Bessa Moreira
Jornalista
Associação Portuguesa de Veteranos de Guerra é suspeita de dar cobertura à burla e foi alvo de buscas.
Um grupo hierarquizado e com várias células acumulou muitos milhares de euros, nos últimos 20 anos, com falsos peditórios para os bombeiros. O esquema estendeu-se a todo o país e, suspeita a investigação da GNR, terá tido a cobertura da Associação Portuguesa de Veteranos de Guerra. Esta instituição foi alvo de buscas ontem, no âmbito da Operação “The Scheme”, que levou os militares a Braga, Moimenta da Beira, Loures ou Pombal. No final, oito pessoas e duas entidades foram constituídas arguidas por burla, branqueamento de capitais e associação criminosa.
O esquema era simples. Um grupo de três ou quatro pessoas instalava-se junto a semáforos, cruzamentos ou rotundas de diferentes cidades e abordava os automobilistas que ali eram obrigados a parar. Fardados integralmente ou envergando um colete vermelho da Associação Portuguesa de Veteranos de Guerra, os operacionais facilmente se confundiam com bombeiros e pediam um donativo para a compra de uma ambulância para a corporação local. Esta, porém, nada sabia do que estava a acontecer e nunca recebia qualquer verba.
Se tudo corresse de acordo com o planeado, o grupo abandonava o local na posse da quantia angariada durante várias horas, mas se a GNR ou a PSP fossem alertadas para o falso peditório, a desculpa estava preparada: os burlões diziam que estavam a vender bilhetes para um sorteio promovido pela Associação Portuguesa de Veteranos de Guerra e devidamente autorizado pelo Ministério da Administração Interna (MAI). Dessa forma, evitavam qualquer problema com a Justiça.
Burla era modo de vida
A investigação, que começou em 2020 e foi conduzida pelo Núcleo de Investigação Criminal de Viseu, suspeita que os responsáveis da Associação Portuguesa de Veteranos de Guerra deram cobertura à burla, recebendo uma percentagem dos lucros obtidos com os falsos peditórios. O último relatório e contas da instituição mostra que, em 2023, esta auferiu mais de 70 mil euros com um “sorteio nacional”, que, no ano anterior, lhe rendera 95 mil euros.
Quem também recebia uma percentagem do dinheiro angariado eram os autores dos falsos peditórios. Muitos deles faziam da burla o seu modo de vida. O restante montante era distribuído pelos elementos de topo da organização, incluindo o líder, que tem residência em Lisboa.
Ao Jornal de Notícias, a GNR confirma que, ontem, foram constituídos como arguidos oito homens, entre os 24 e os 65 anos, mais duas instituições. Todos estão indiciados por burla, branqueamento de capitais e associação criminosa, mas nenhum deles foi detido.
Liga fez queixas às autoridades
O presidente da Liga dos Bombeiros, António Nunes, assegura que há vários anos que são feitas queixas nas autoridades devido a falsos peditórios para associações humanitárias. “São feitos por grupos de pessoas, que se vestem com uma farda vermelha, que se confunde com a dos bombeiros”, para enganar os automobilistas. “Algumas pessoas fazem-no há muito tempo e outras são novas”, diz.
Operação
Fardas apreendidas
A GNR apreendeu ontem dezenas de fardas semelhantes às dos bombeiros e outros bens associados a corporações. Também foram recolhidos extratos de transferências e depósitos bancários, alguns internacionais.
Quase 70 militares
A Operação “The Scheme” foi liderada pelo Núcleo de Investigação Criminal da GNR de Viseu e executada por 68 militares, também dos comandos da GNR de Braga, Leiria e Lisboa. A Direção de Investigação Criminal participou igualmente nas diligências.
Apreensão
27 mil euros foram apreendidos nas 20 buscas em Moimenta da Beira, Braga, Magoito (Sintra), Amadora, Queluz, Agualva-Cacém, Loures e Pombal.
_____________
Nota do editor
Último post da série de 19 de fevereiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26511: Recortes de imprensa (143): Na Série Especial "A minha Guerra", do Correio da Manhã do passado dia 16, foi publicado um pequeno texto sobre o nosso camarada José Maria Monteiro, ex-Marinheiro Radiotelegrafista (LFP Bellatrix, 1969/71 e Comando Naval da Guiné, 1971/73), que aqui reproduzimos com a devida vénia
sábado, 15 de março de 2025
Guiné 61/74 - P26588: S(C)em Comentários (61): "os antigos guerrilheiros, que no fim da guerra recolheram às tabancas de origem, vinham ter comigo, em 2008, numa atitude de humildade, como que a pedir desculpa" (José Teixeira, ex-1º cabo aux enf, CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada , 1968/70)
Foto (e legenda): © José Teixeira (2008). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar:Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Luís, deliciei-me a ler este teu texto. Eu estava lá contigo. Trouxe-me logo à memória o nosso querido Pepito. Ia rir-se às gargalhadas. (**)
O convívio com guerrilheiros que procuravam saber por onde tínhamos andado, para conversar sobre encontros e desencontros. Também nessa área tive sorte.
Adorei reviver estes momentos de 2008, pelo bem que fizeram à mente, pelos amigos que reencontrei e tenho vindo a enriquecer com a sua amizade, e que me fizeram lá voltar mais quatro vezes.
quinta-feira, 13 de março de 2025 às 17:53:00 WET
Nos diversos contactos que tive: logo em Bissau na receção, depois em Gandembel, em Guilege e posteriormente em Farim do Cantanhez por três vezes, em Iemberém e no Saltinho, a visão global com que fiquei é que os antigos guerrilheiros, que no fim da guerra recolheram às tabancas de origem, vinham ter comigo numa atitude de humildade, como que a pedir desculpa, como aconteceu no Simpósio de 2008 em que o Braima Camará, um humilde homem do interior, começou por tentar localizar onde estivemos frente a frente, e foram pelo menos três vezes, se bem me lembro.
Nunca mais o voltei a encontrar, mas ficou gravado na memória e ajudou-me a encontrar-me comigo próprio e aceitar e comunicar com outros combatentes.
(*) Vd. poste de 12 de março de 2025 > Guiné 61/74 - P26576: Contos com mural ao fundo (Luís Graça) (37): O silêncio do rio Xaianga
(**) Último poste da série > 9 de março de 2025 > Guiné 61/74 - P26566: S(C)em Comentários (60): ... Agora e na hora da nossa morte, ámem! (Hélder Sousa, no velório do Valdemar Queiroz, ontem ao fim da tarde, em Agualva-Cacém)
quinta-feira, 13 de março de 2025
Guiné 61/74 - P26581: Consultório Militar do José Martins (86): Direitos do Antigo Combatente após o seu falecimento e dos cônjuges sobrevivos

1. José da Silva, numa troca de mensagens por ocasião da morte do seu pai, o nosso camarada Valdemar Queiroz, punha ao editor Luís Graça a seguinte questão:
Sr. Graça,
[...]
Não sei se me poderá responder a esta pergunta, e é em relação a uma pensão dos combatentes da guerra colonial. O meu pai usufruia dessa pensão? E onde posso eventualmente informar disso. Para ser sincero não me recordo de ele me falar deste assunto...
Com os melhores cumprimentos,
Zé da Silva
2. Fomos consultar o nosso colaborador permanente, José Martins, que respondeu com a mensagem abaixo, que reproduzimos por ser de interesse dos demais camaradas combatentes e familiares:
Caro José Silva
Permite que apresente as minhas condolências, pelo sucedido. Todos estamos na "fila de espera".
- Quanto ao corpo ser velado coberto pela Bandeira Nacional, não é consensual a forma da concessão da Bandeira.
Essa parte tem que ser requisitada ao Gabinete de Protocolo da Câmara Municipal de residência.
Uns municípios entregam à família a Bandeira Nacional de 4 panos, cujas medidas cobrem a totalidade da urna que, a no meu entender, era o que devia acontecer.
Porém, como no articulado existe a expressão "devem ceder", alguns municípios entendem que apenas deve ser emprestada, passando essa cedência para a funerária.
Verão o que vos dizem e, como já vi que o prestador do serviço é conhecido, poder-vos-á ajudar. Há quem não queira ficar com a bandeira em casa, depois do serviço que prestou.
- As funerárias, normalmente, ocupam-se de várias demarches quanto ao encaminhamento da documentação, sobretudo com a segurança social.
- Se, na altura da apresentação do pedido de reforma o Valdemar solicitou o Complemento Especial de Pensão, que é pago uma única vez por ano, em outubro, deveria receber um montante que varia com o tempo de comissão em zona de guerra. No caso a Guiné era, na totalidade, zona de guerra ou zona de 100%.
• Até 11 meses: 93,50€
• Entre 12 e 23 meses: 124,65€
• Igual ou superior a 24 meses: 186,95€
O Suplemento Especial de Pensão é pago uma vez por ano.
- Os direitos que o combatente tinha - pensão, direito a transportes públicos gratuitos - passarão para o conjuge sobrevivo, e terá direito a eles, assim que receber o cartão de "viúva(o) de combatente".
Caro Zé Silva. Se puder esclarecer mais alguma coisa, dispõe.
"Os Filhos dos nossos camaradas, nossos filhos são"
Abraço
José Martins
_____________
Notas do editor:
1 - Ver no nosso Blogue a Página dedicada à Legislação de interesse para os Antigos Combatentes
2 - Para se perceber a diferença entre Complemento Especial de Pensão (CEP), Acréscimo Vitalício de Pensão (AVP) e Suplemento Especial de Pensão (SEP), aceder aqui: https://www.defesa.gov.pt/pt/adefesaeeu/ac/direitos/ar/cep/Paginas/default.aspx
3 - Último post da série de 26 de outubro de 2024 > Guiné 61/74 - P26080: Consultório Militar do José Martins (85): Protocolo de Colaboração entre a Direção-Geral de Recursos da Defesa Nacional e a Associação Nacional de Freguesias para concessão de benefícios aos Antigos Combatentes
quarta-feira, 12 de março de 2025
Guiné 61/74 - P26576: Contos com mural ao fundo (Luís Graça) (37): O silêncio do rio Xaianga
Foto do álbum do Humberto Reis, ex-fur mil op esp (CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71)
O comissário político era, explicou-te ele, o padre ou o pastor, conduzindo um rebanho de crentes sobre o qual tem o poder de punir e perdoar. Retiveste essa metáfora sem, todavia, lhe pedir para exemplificar. Mas tencionavas mais tarde perguntar-lhe o que é que o comissário político fazia nas FARP (Forças Armadas Revolucionárias do Povo).
Achaste piada ele ter-te dito, com candura, que agora era um "ex-tudo"...
− Ex-tudo ?...
− Sim, ex-combatente da liberdade da pátria, ex-comissário político, ex-militante do PAIGC, ex-católico, ex-marido...
Só não era ex-pai, porque continuava a amar muito os seus filhos, e não eram poucos, de várias relações... Como um bom "cabra-macho" africano, tinha uma generosa prole que propagava, pelos quatro cantos do mundo, os seus genes..
E estavas tu ali, na terra dele, agora "libertada" (uma metáfora: livre das "velhas algemas do colonialismo", rapidamente substituídas por outras, de outros "ismos"...).
Estavas tu ali, não como um "antigo inimigo" nem como um "simples turista" ( o tal "estúpido em férias" que sabe pouco ou nada do "paraíso" que lhe caiu na rifa....) mas como um "amigo" do "povo guineense"...Mesmo que amigo e povo fossem conceitos nem sempre fáceis de definir ou entender.
Aproveitavas também a ocasião para "fazer as pazes" com o passado. Antes de mais, contigo próprio, que foras "obrigado a comprar a guerra que te quiseram vender"... Como não eras livre, nem mercenário, não pudeste negociar nada, muito menos o preço.
Eras "amigo da Guiné, agora Guiné-Bissau", mas não confundias o "povo" com a sua "elite dirigente", que começou por ser, em 1974, os "novos senhores da guerra".
Acabarias por o conhecer pessoalmente, ao 'Nino' Vieira, uns dias depois, numa receção no "palácio presidencial"... Para todos os efeitos, era uma figura institucional, o presidente da república, eleito, pensavas tu em voz alta na embaraçosa iminência de o teres de cumprimentar... Um ano depois, em 2009, era miseravelmente morto. E rapidamente esquecido.
Estranho país aquele onde facilmente se passava de herói a vilão. Nada, de resto, que tu não soubesses já, a começar pelo teu país, e a sua história recente.
Ainda tinhas dificuldade em definir o teu estatuto naquela terra a que chamavas "verde-rubra", não obstante a ambivalência das cores que eram também as cores da bandeira dos "tugas", lembrava-te o Tó Brandão, com quem começaste a simpatizar por ser um tipo "porreiro, bonacheirão, ingénuo". Ou talvez nem isso um pobre diabo como tu, apanhado pelas rodas dentadas da geografia e da história . Falava-te do passado, sem azedume, embora às vezes com uma pontinha de ironia. ( Ou seria uma mistura de tristeza e de culpa ?!)
Não achaste a terra assim tão "verde-rubra" como há quarenta anos atrás. Nessa altura, quando desembarcaste de um velho cargueiro colonial, já era a época das chuvas. E o capim começava a crescer como os velhos campos de trigo da tua terra. Nunca gostaste da Guiné no tempo seco, tempo das queimadas e das grandes operações militares, tempo da sede e da insolação, tempo da desidratação e da exaustão, física e emocional...
Voltavas lá, quarenta anos depois, em março de 2008. Havia no ar uma aridez de deserto. O Saara ali tão longe e tão perto. Há terras que ficavam na memória das nossas geografias emocionais, pelos cheiros, os sabores, os sons, as cores... A Guiné era uma delas...
− A guerra já acabou para ti há muito − comentou o teu convidado, com ar sério.
Ele falava corretamente o português, com aquela doçura acrioulada que te encantava. E gabava-se de ter andado no liceu Honório Barreto, "ainda seu antepassado remoto pelo lado materno".
− E para ti, não ?!...Ainda não acabou, a guerra ?! − interpelaste-o, mas respeitaste o silêncio, que se seguiu. Um silêncio algo embaraçoso e magoado, mas que falava por si.
Quem era, afinal, esse teu cicerone, que se oferecera para mostrar as velhas ruas e casas de estilo colonial, poeirentas e esburacadas, de "Bissau Bedju", cujo traçado em linhas paralelas e perpendiculares, ainda retinhas, se bem que vagamente, na memória ?
O António Brandão ("Tó para os tugas"...) tinha-te sido apresentado por um amigo comum, português, ligado à cooperação, conhecido ativista contra a guerra colonial, e incondicional admirador do Amílcar Cabral, embora agora mais crítico em relação aos seus "fracos herdeiros"...
A sua obsessão, em Bissau, era encontrar um "mãos limpas", isto é, um dirigente ( dos poucos que já restavam vivos) que não estivesse direta ou indiretamente ligado ao "narcotráfico". A sua deceção ia aumentando por aqueles dias, à medida que as suas "fontes secretas" iam confirmando as suas "suspeitas":
− Eh!, pá, até o fulano tal..., imagina!...
Tu e ele eram participantes do Simpósio Internacional de Guileje, que se realizava em Bissau, com uma visita de fim de semana ao "mítico Cantanhez". Estava-se em março de 2008. A iniciativa não era partidária, nascera da sociedade civil e propunha-se também juntar os antigos combatentes de um lado e do outro.
O Tó Brandão não era a um "típico guineense". Para já, provinha da uma família cristã, mestiça, de Bafatá.
− Grumete do Geba!− esclareceu ele.
Tal como o Amílcar, que também não era um "típico guineense".
− Mais branco do que muito branco.
Era um "mundo crioulo" que te intrigava e fascinava ao mesmo tempo, aquela mistura de cores, sabores, línguas, saberes, fenótipos, florestas, tarrafes, bolanhas, rios, braços de mar....mas também ódios e amores.
Tinhas dificuldade em perceber (e penetrar em) aquele sistema de relações de parentesco e de poder, em que os machos e os "mais velhos" dominavam, e as próprias religiões monoteístas e proselitistas, o cristianismo e o islamismo, não se davam mal de todo com a idiossincrasia animista...
Por delicadeza (ou receio de melindre) não lhe quiseste fazer perguntas sobre as origens da família, embora a tua curiosidade fosse alguma.
Depois de um emocionalmente penoso, para ti, "passeio turístico" até à marginal e à zona portuária, descendo a antiga e tua conhecida avenida da República (avenida Amílcar Cabral, a partir de 1975), nada como um almoço de pitche-patche (caldo de ostras) e de frango de chabéu, bem regado com umas "superbocks"...
O "tasco" era de um antigo soldado da manutenção militar. A esposa, cabo-verdiana, era uma cozinheira de mão cheia. O seu pitche-patche era talvez o melhor da cidade, garantia-te o Tó, que era um bom garfo e um melhor copo.
À segunda "super", o Tó Brandão já estava a tratar-te por ermon. Sem constrangimento da tua parte. O tratamento por tu, da tua parte, não o vias como um velho tique do paternalismo colonial, mas como uma forma de facilitar a comunicação entre dois antigos combatentes, para mais lusófonos. E sem qualquer veleidade "luso-tropicalista", do teu lado, mesmo sendo tu mais velho que ele uma boa meia dúzia de anos!
Percebeste (pelo que ele deu a entender durante o almoço) que gostava de poder mandar estudar um dos seus filhos em Portugal.
− Em medicina!
Nunca tinha conseguido sequer uma bolsa de estudo para o estrangeiro, o que achaste estranho, pertencendo ele (ou tendo pertencido até 1980) á nomenclatura do PAIGC.
Disseste-lhe que na altura não estava fácil entrar nas faculdades de medicina, cujas notas eram escandalosamente altíssimas... E que havia poucas vagas para os PALOP... E, a título de consolo, alertaste-o para o risco de "perder o filho": os médicos não voltavam â Guiné, ou seja, à procedência, para vir trabalhar em "condições heróicas", isto é, miseráveis... Conhecias muitos casos. E, se regressavam, eram mal aproveitados. Lembravas-te de um que fizera o curso na China. De regresso ao país, não acharam melhor colocação para ele do que o de tradutor-intérprete ...
O Brandão era crítico do regime do 'Nino' Vieira, então no poder.
− Matou o Cabral pela segunda vez!
Segundo apuraste da longa conversa desse dia, que se prolongou pela tarde dentro, o Brandão já era guerrilheiro no início dos anos 70.
− Na frente do Xitole. Em 1972, ia fazer 19 anos.
− Por um triz (ou melhor, talvez por um ano de diferença), não nos cruzámos nos matos do Xime e do Xitole! Tu de Kalash, eu de G3 em punho.
Andara pela "barraca" da Mina / Fiofioli, já em 1972... Depois da morte de Mário Mendes, em meados desse ano, o PAIGC concentrou a maior parte das suas forças na Zona Oeste, no Norte, para atacar Guidaje, como manobra de diversão. E no Sul, para cercar e "aniquilar" Guileje...
− Turra dum cabrão!... E insultávamo-nos uns aos outros, na mata, quando nos encontrávamo-nos, aos tiros.
Nota do editor:
Último poste da série > 24 de dezembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26307: Contos com mural ao fundo (Luís Graça) (36): uma guerra que também era... ototóxica!