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sábado, 5 de novembro de 2022

Guiné 61/74 - P23763: Contactem-nos, há sempre alguém que pode ajudar ou simplesmente saber acolher (2): amostra de mensagens recebidas entre setembro e dezembro de 2021


Formulário de Contacto do Blogger: disponível na coluna estática, do lado esquerdo do blogue.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2022)


1. Seleção de mensagens recebidas através do Formulário de Contacto do Blogger, entre setembro de 2021 até ao final do ano (*). É um veículo importante de comunicação imediata e fácil entre os leitores e os editores do blogue.

 Nalguns casos, já houve uma resposta direta dos nossos editores ou um reencaminhamento para outros destinatários. Também num caso ou noutro a mensagem pode já ter dado origem a um poste (**).

Algumas destas mensagens são extremamente lacónicas, limitando-se a cumprimentar-nos, o que de qualquer modo nos sensibiliza, mas não vamos publicá-las aqui. Noutros casos, os autores procuram antigos camaradas... Outras há que são incompletas ou imprecisas, ou têm a ver com outros territórios que não a Guiné (Angola, Moçambique, Brasil, etc.).

Evitamos, em princípio, divulgar o endereço de email de cada um destes contactos, a menos que haja interesse para o próprio (nos casos, por exemplo, em que divulga um livro ou a realização de um encontro: ou procura informação que extravasa o âmbito do blogue, o qual, como é público e notório, é centrado nos antigos combatentes da guerra do ultramar / guerra colonial, que estiveram na Guiné, no período que vai entre 1961 e 1974).

Podemos fornecer o email a quem no-lo pedir, para respostas a pedidos ou futuros contactos. Lamentavelmente, só agora, por manifesta falta de tempo, nos foi possível, selecionar, organizar e listar estas mensagens. Omitimos as expressões protocolares (saudações, cimprimentos, etc.). A lista está organizada cronologicamente por data / hora.



2021 (setembro/dezembro)

29/12/2021, 11:37

Sou de 15 de setembro 1950, venho por este meio felicitar os obreiros deste blogue simplesmente formidável. Bravo!... Fiz tropa no BENG 447,  Brá, de 1972 a
1974. Se puder ajudar em alguma coisa é de boa vontade na medida do possível sou reformado e vivo na Suíça. Americo Aflalo.

Resposta do coeditor Carlos Vinhal (que também serve para mensagens semelhantes de camaradas que manifestam interesse em integrar a Tabanca Grande):

Caro Américo Aflalo: Muito obrigado pelo teu contacto via Formulário do Blogger. Se te quiseres juntar a nós e ser admitido na tertúlia para que possas ver publicadas as tuas memória e fotos, manda-nos um mail para luis.graca.prof@gmail.com ou carlos.vinhal@gmail.com, com indicação do teu nome, posto, especialidade, unidade em que foste integrado para a Guiné (ou rendição individual se for o caso), localidades onde estiveste e outras informações que julgues úteis para te conhecermos. Deverás enviar ainda uma foto actual e outra dos teus velhos tempos de Guiné e, se quiseres, uma pequena história. Ficamos na expectativa de novo contacto teu.


22/12/2021, 21:05


Queria enviar uma mensagem a todos os meus camaradas e amigos da CCAÇ 2548.
Um grande abraço a todos amigos do 1º pelotão que me acompaharam desde 1969 a 71.
José Dias de Sousa

21/12/2021, 23:14

Eu estive na Guiné de setembro 1971 a dezembro de 1973. Estive na zona de
Teixeira Pinto no destacamento de Batuca. BCAÇ 3863, CCAÇ 3461. Jorge Reis.



5/12/2021, 13:51

Pergunto se têm conhecimento onde se encontra o meu camarada Idálio Reis, da CAÇ 2317 (Gandembel, Balana e Cansissé, 1968/69) ?

António José Silva Nabais Pinheiro  (presumivelmente a viver no Brasil, pelo seu endereço de email).


24/11/2021, 8:25


Há vidas que se esquecem, mas há recordaçºoes que perduram pro muito que se queiram esquecer. Guiné, CCAÇ 4942/72, 5 jan 73/ Out 74. Manuel João Sampaio Lima.


9/11/2021, 17:20


Mantanhas para todo o pessoal da Tabanca Grande. A propósito do fardamento, lembro-me de uma ocasião, já a minha gente tinha manga de tempo na terra sabi, ter pedido para Bissau a substituição dos mosquiteiros, que já pouco mais eram do que farrapos remendados vezes sem conta, e nos foi respondido num ríspido ofício dos serviços da administração que os ditos cujos tinham uma duração de não sei quantos anos e, portanto, os nossos ainda tinham que aguentar uns mesitos mais até poderem ser substituídos... Não houve outro
remédio, o nosso primeiro-sargento foi a Bissau comprar panos de mosquiteiro que o alfaiate mandinga de Buba transformou em mosquiteiros próprios mesmo... E. Esteves de Oliveira.


14/10/2021, 10:06

Bom dia camarada Luis Graça, sou residente no Vimeiro, concelho da Lourinhã há 43 anos pois sou natural de A dos Cunhados.. Casualmente há dias , passou por aqui um individuo à minha porta, ia visitar a campa de camarada Eduardo  Jorge. E a minha mulher chamou-me a atenção, pois o sr. andava para trás para a frente olhando para tudo. Fui espreitar à janela, e qual o meu espanto, disse para a minha mulher, conheço este sr. Fui de imediato à Net e procurei, e acertei mesmo, era o camarada e conterrâneo João Crisóstomo.

Fui à rua chamei-o e claro confirmou. Ficou muito satisfeito por o reconhecerem, falamos um pouco da nossa terra, e lá foi prestar homenagem ao Eduardo Jorge. Desculpa, mas achei que devia partilhar este momento feliz, para mim que conheci o João Crisóstomo e para ele que ficou satisfeito de o conhecerem pela Net.  Artur Eduardo Januário Inácio.


25/9/2021, 14:08

Boa tarde o meu pai fez parte dessa CCAÇ 797, na Guiné, comandada pelo Capitão Carlos Fabião, é o Manuel Marques Lamarosa, era atirador. João Manuel Marques.

19/09/2021, 12:12

Diamantino Paiva Leite, soldado condutor da CART 1526 que prestou serviço na Guine nos anos 1966 a 1968, a residir em França desde 1971. solicitou-me que soubesse algo dos seus antigos camaradas que com ele viveram esse tempo de luta na Guiné. A saúde não lhe permite aceder a estes meios. Em seu nome, o meu muito obrigado. Arlindo Moreira da Silva (ex-soldado cond, CCS / BCAÇ 1933, Guine 67/69).



9/9/2021, 19:08

Chamo-me Nuno Inácio e sou filho de um Comandante do Pelotão de Caçadores Nativos 67, Alf Mil Gil da Silva Inácio,  conhecido como "O Gringo" - Cufar, Guiné 1973.

Tomei conhecimento deste website através de um grande amigo que viu um artigo onde mencionava um Alf Mil na Guiné conhecido como "o Gringo" e como outrora lhe tinha referido essa alcunha do meu pai fui verificar e de facto é o meu pai.

Estimo informar que o meu é vivo, cheio de saúde e ainda pronto para as curvas. Neste sentido gostaria de saber se alguns dos inúmeros heróis aqui presentes e representados conheceu o meu pai, gostaria de saber mais histórias desses tempos, porque o meu pai tem algumas reservas em partilhar essas histórias e se ainda existem encontros de ex-combatentes desses GE e, em caso afirmativo, pedia o favor a V. Exas. ser notificado para o efeito. Nuno Inácio (Indica o nº de telemóvel). (**)
 

8/9/2021,19:54

Com referência ao post do camarada António Abrantes, lembro-me da emboscada e da passagem da sua companhia por Buba, onde me encontrava na altura. A companhia que fez a escolta entre Aldeia Formosa e Fulacunda foi a CCaç 411, de Buba. A atribulada viagem da CCaç 423, que ficou conhecida como a "Volta à Guiné de Camioneta", deu pano para mangas sobretudo peo final, no fim de contas era a maneira mais lógica - por via marítima. 

Se fosse possível, agradecia que o Abrantes confirmasse se o ten Carlos Afonso Azevedo (falecido em combate) fazia parte da sua companhia. E. Esteves de Oliveira.

2/9/2021, 21:09

Eu António Lopes Pereira sou o ex-1º cabo da CCAÇ 3305 / BCAÇ 3832. Estive
em Mansoa, Braia e Infandre de 1970 a 1973, sou o nomero 701 da Tabanca Grande. António Lopes Pereira.



23/8/2021, 13:07

Estive na Guiné de novembro de 1966 a outubro de 1968. Na CArt 1612 / BArt 1896 até agosto de 1967, primeiro em Bissorã e depois em Buba, transitando depois para Bissau, para o Comando Chefe do CTIG:

Recebo os e-mails da vossa Tabanca, quase desde o princípio. Jorge Paes da Cunha Freire.



18/08/2021, 19:16

Caros camaradas militares: anseio por voltar ao nosso convívio; para quando está previsto - se está - o próximo encontro? Francisco Vilas Boas.



16/8/2021, 17:38


Estive na Guiné de 68/70 na 16ª Companhia de Comandos da qual em 69 o Marcelino da Mata fez parte . Um abraço a todos quanto por la passaram. Sou de Coimbra. Luis Cunha


10/8/2021, 01:04

Boa noite! Alguém por aqui do BAA 3434, 191/73, "As Avezinhas - Venham
Comigo Os fortes" ? António Martins.


10/08/2021, 09:09

 Os meus Bons Dias desde as «arábias». 
Faz hoje quarenta e nove anos (1972.08.10-2021.08.10) que vários elementos do contingente militar da CART 3494, a terceira unidade de quadrícula do BART 3873, tiveram de “mergulhar”, sem o desejarem, nas águas revoltas, escuras e lodosas do Rio Geba, na região do Xime/Bambadinca (Sector L1), onde, por efeito da falta de bom senso mesclado com alguma improvisação, perderam a vida três jovens milicianos, naquele que ficou gravado como o «Naufrágio do Geba».

Ao recuperar esta horrenda efeméride que a todos marcou, naturalmente mais aos que viveram e sobreviveram à experiência, quero prestar a minha sentida homenagem aos que pereceram naquele acidente náutico: ao José Maria da Silva Sousa, ao Manuel Salgado Antunes e ao Abraão Moreira Rosa.

Para compreender a trágica ocorrência devem-se ler os P10246; P13482 e P13494.  Jorge Araújo

sábado, 7 de abril de 2018

Guiné 61/74 - P18498: Tabanca Grande (462): António Lopes Pereira, ex-1º cabo atirador de infantaria, 4º Gr Comb, CCAÇ 3305/BCAÇ 3832 (Mansoa, Braia e Infandre, 1970/1973): tem um café e restaurante no Porto e vive em Matosinhos; passa a ser o nosso grã-tabanqueiro nº 771


António Lopes Pereira, ex-1º cabo atirador de infantaria, 4º Gr Comb, CCAÇ 3305/BCAÇ 3832 (Mansoa, Braia e Infandre, 1970/1973)


Hoje é proprietário de "Le Café de Paris", na Praça do Marquês de Pombal, Porto; vive na Senhora da Hora, Matosinhos.


1.  Mensagem do nosso camarada e novo grã-tabanqueiro nº 771, António Lopes Pereira

Diamantino Rafa Pereira 

Data: 5 de abril de 2018 às 16:44

Assunto: António Lopes Pereira

Uma boa tarde,  Luís Graça.

Já tive oportunidade de entrar em contacto consigo no passado.(*)

Encontro-me actualmente a morar em Matosinhos e a trabalhar no Porto, onde sou proprietário de um estabelecimento de restauração.

Venho saber qual seria a sua disponibilidade em deixar o meu perfil, morada e contacto no seu blogue, com o intuito de contactar e ser contactado por ex-companheiro meus.

Venho também lhe pedir se tem a disponibilidade em fornecer os meus dados ao ex-1º Cabo Germano Santos, que cumpriu missão na Guiné, em 1970/73, na CCAÇ 3305 / BCAÇ 3832 com a finalidade de entrar em contacto comigo.

A minha procura tem se revelada uma árdua tarefa ao longo dos anos, e sem a sua preciosa ajuda, não tenho como atingir os meus objectivos.

Espero que tenha em atenção o meu pedido e deixo toda a informação necessária.

António Lopes Pereira
Ex-1º cabo atirador da CCAÇ 3305/BCAÇ 3832 (Mansoa, Braia e Infandre, 1970/1973

Morada: [...] Senhora da Hora, Matosinhos.

O meu estabelecimento fica localizado na Praça do Marquês nº 114, Porto.

"Le Café de Paris".

Contactos: tem + 351 911 024 688 | telef . + 351 225 021 421

Obrigado desde já pela sua ajuda.


Guiné > Região do Óio > Mansoa > CCAÇ 3305 )1970/73) > "Aqui, em 1972, entrada do quartel de Mansoa onde passei alguns meses da minha juventude fazendo parte de uma guerra que não era a minha pois tudo fiz para fugir a esta guerra mas tudo me correu mal. Porra, 25 meses foi muito tempo, passámos fome, passámos sede, fomos picados pelos mosquitos, vivíamos com o medo de perder a vida a qualquer momento, fizemos coisas mas tivemos que lidar com situações para as quais não estávamos preparados. Desde então nunca mais fomos os mesmos, as feridas cada dia que passa se agravam, foi um preço muito alto" (...).


Guiné > Região do Óio > Mansoa > Braia > CCAÇ 3305 )1970/73) > Aqui junto à velha ponte de Braia, estas mulheres com redes apanhavam os peixes que ficaram encurralados nos locais mais fundos do rio sendo as principais fontes de alimento para toda esta gente que passava fome e que vivia sempre com o medo de sere apanhada no fogo cruzado porque sempre que houvesse um ataque ao aquartelamento as suas casas ficavam em fogo eram sempre os civis que apanhavam por tabela?


Guiné > Região do Óio > Mansoa >  CCAÇ 3305 )1970/73) > s/l > s/d > À civil,  junto de população balanta.

Fotos (e legendas): © António Pereira Lopes (2018). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


2. Resposta do editor Luís Graça:

Camarada Lopes Pereira: interpreto o teu pedido como a aceitação do nosso convite, aberto de resto a todos os camaradas que passaram pelo TO da Guiné, de 1961 a 1974, para ingressares na nossa Tabanca Grande. Contigo passamos a ser 771 os camaradas e amigos da Guiné, formalmente registados nesta rede social de antigos combatentes.

O teu pedido vem em nome de Diamantino Rafa Pereira, que presumimos seja teu filho. Vamos tomar boa nota deste endereço de email para futuros contactos. Muitos camaradas da Guiné não têm endereço de email e, em muitos casos, não acedem sequer à Internet. É um problema geracional.

Já em 2014, o nosso coeditor Carlos Vinhal, que mora em Leça da Palmeira, te tinha escrito o seguinte:

(...) "Na nossa terra (Matosinhos) realiza-se anualmente, no primeira sábado do mês de Março, o almoço dos ex-combatentes da Guiné. Temos inscrito um camarada de Santa Cruz do Bispo com o nome de António Lopes Pereira Gomes. Se não fores tu, ficas desde já a saber da nossa iniciativa. Voltando ao Blogue, o nosso Editor Luís Graça disse-me para te convidar para aderires formalmente à nossa tertúlia. Se quiseres então fazer parte desta família de ex-combatentes da Guiné, basta uma mensagem tua a confirmar a tua adesão, e se quiseres, o envio de uma pequena história passada contigo, seja em Mansoa, Infandre ou Braia, acompanhada de fotos que tenhas." (...)

Na altura diversos camaradas que passaram por Mansoa, deixaram comentários ao teu pedido. Destaco, por exemplo, o do ex-cap mil Jorge Picado, cmdt da CCAÇ 2589:

(...) "Bem vindo,  António Pereira, a esta Tabanca, que não sendo as de Infandre ou de Braia, é uma Tabanca Grande que engloba todos os camaradas da Guiné que nela desejam conviver.  Espero e desejo que te sentes connosco sob as ramadas do Grande Poilão que nos resguarda, enquanto contamos e relembramos tempos passados, tal como faziam os Homens Grandes dos diversos lugares que cruzámos. Por mim, que "entreguei" a área que percorreste, quando vocês chegaram em Fevereiro de 1971, muito gostaria de tomar conhecimento das tuas memórias e rever fotos que possuas, não só de Mansoa, mas sobretudo de Infandre e Braia." (...)

Vejo que tens página no Google Mais, com diversas fotos do teu tempo de Guiné. Aproveito duas ou três, com as tuas legendas. Ficas devidamente apresentado à Tabanca Grande, sentas-te no lugar n.º 771 (**) e vamos pôr-te em contacto com o teu e nosso camarada Germano Santos. Ele e o saudoso França Soares (1949-2009) são as únicas referências que temos (pouco mais do que uma dúzia) à tua CCAÇ 3305.
_____________

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Guiné 63/74 - P13996: Em busca de... (251): António Lopes Pereira, ex-1.º Cabo Atirador do 4.º Pelotão/CCAÇ 3305/BCAÇ 3832 (Mansoa, Infandre e Braia, 1970/73), procura camaradas

1. Mensagem do nosso camarada António Lopes Pereira, ex-1.º Cabo Atirador da CCAÇ 3305/BCAÇ 3832 (Mansoa, Braia e Infandre (1970/73), com data de 30 de Novembro de 2014:

Uma óptima noite desde já. 
Camarada,
Pela primeira vez me identifico como ex-1.ª Cabo António Lopes Pereira do 4.º Pelotão da CCAÇ 3305/ BCAÇ 3832, e estive na zona de Mansoa, primeiro em Infandre, depois em Braia e novamente Mansoa.

Moro em Matosinhos e procuro os meus camaradas.

Foi com profunda tristeza que soube do falecimento do meu maior amigo, o ex-Furriel França Soares.

Foi o meu furriel e andámos sempre juntos do primeiro dia ao último dia. 

Espero que me consiga ajudar na minha procura ou apenas numas palavras com as quais possa ter alguma identificação. 

Aguardo uma resposta sua e agradeço lhe desde já a sua atenção.

Antonio Lopes Pereira

Quartel de Mansoa
Com a devida vénia a BCAÇ 2885

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2. Comentário do editor

Caro camarada Lopes Pereira, muito obrigado pelo contacto.
Aqui fica o teu pedido para encontrares camaradas da tua Companhia.
Não sei se reparaste mas temos na nossa tertúlia o teu camarada Germano Santos, ex-1.º Cabo Operador Cripto da CCAÇ 3305. Mando-te o seu contacto por outra via.

Na nossa terra (Matosinhos) realiza-se anualmente, no primeira sábado do mês de Março, o almoço dos ex-combatentes da Guiné. Temos inscrito um camarada de Santa Cruz do Bispo com o nome de António Lopes Pereira Gomes. Se não fores tu, ficas desde já a saber da nossa iniciativa.

Voltando ao Blogue, o nosso Editor Luís Graça disse-me para te convidar para aderires formalmente à nossa tertúlia.

Se quiseres então fazer parte desta família de ex-combatentes da Guiné, basta uma mensagem tua a confirmar a tua adesão, e se quiseres, o envio de uma pequena história passada contigo, seja em Mansoa, Infandre ou Braia, acompanhada de fotos que tenhas.

Deixo-te um abraço em nome dos editores e da tertúlia, com o votos de Boas Festas com saúde e alegria.

Carlos Vinhal
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Nota do editor

Último poste da série de 21 de outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13778: Em busca de... (250): Camaradas do Esquadrão de Reconhecimento 2350 (Bafatá, 1966/68), com vista ao próximo Convívio de 2014 (António Bastos)

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Guiné 63/74 - P4790: In Memoriam (30): França Soares, ex-Fur Mil da CCAÇ 3305/BCAÇ 3832, faleceu em 7 de Janeiro de 2009 (Os editores)

França Soares, ex-Fur Mil da CCAÇ 3305/BCAÇ 3832, Mansoa, Infandre e Braia, 1971/73, falecido em 7 de Janeiro de 2009.


1. Caros camaradas
Já pela noite, quando verificava as mensagens mais recentes, deparei com uma que me deixou profundamente triste.

Em resposta à minha mensagem colectiva de envio da lista actualizada de tertulianos do nosso Blogue, veio uma de Vasco Soares, filho do nosso tertuliano França Soares, a comunicar que ele tinha falecido no dia 7 de Janeiro passado.

França Soares (*) entrou para a nossa Tabanca, quando se apresentou na sua mensagem de 29 de Dezembro de 2007. Na verdade nunca participou activamente no Blogue, como tantos outros camaradas, mas nunca supusemos que ele nos tivesse deixado tão cedo.

E assim a Tabanca ficou mais vazia. O espaço livre de quem nos deixa é incomensuravelmente maior que o espaço que alguém ocupa quando entra.

Paz à sua alma.


O Fur Mil França Soares


2. Em nome da tertúlia enviei esta mensagem ao nosso amigo Vasco:

Caro Vasco
As nossas mais sinceras condolências pelo desaparecimento tão precoce de seu pai.
Lamentamos não termos sido informados na altura do falecimento do nosso camarada, mas compreendemos a posição da família, nem sempre sensível a estas coisas de velhos combatentes. Além de mais, nestas horas tão difíceis há um sem número de coisas bem mais importantes para tratar.

Vamos publicar ainda hoje um poste que será a última homenagem que faremos ao nosso camarada França Soares, que servirá também para comunicar à restante Tertúlia o seu falecimento.

Quando um de nós que desaparece, desaparece também um pouco da memória de uma guerra que marcou a nossa geração.

Transmita à restante família o nosso pesar pela perda do vosso entequerido, cujo nome continuará a ocupar o seu lugar na listagem dos tertulianos do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.

Pelo ano em que o seu pai foi para a Guiné, vou considerar que ele terá nascido em 1949. Se assim não fôr, por favor mande o ano correcto do seu nascimento para eu corrigir.

Com os melhores cumprimentos
Carlos Vinhal
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 4 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2404: Tabanca Grande (48): França Soares, ex-Fur Mil da CCAÇ 3305/BCAÇ 3832 (Mansoa, 1971/73)

4 de Agosto de 2009 > Guiné 63/74 - P4780: In Memoriam (29): Manuel Canhão, ex-Fur Mil (Guiné, 1968/70), faleceu ontem, dia 3 de Agosto de 2009 (Jorge Teixeira)

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Guiné 63/74 - P4132: Efemérides (19): O ataque a Mansoa, no dia das mentiras, 1 de Abril de 1971 (Germano Santos)

1. Mensagem do Germano Santos, com data de 1 de Abril. O Germano foi 1º Cabo Operador Cripto, CCaç 3305/ BCaç 3832, Mansoa, 1971/73 (*).

Boa tarde a todos,

No "nosso tempo" o dia 1 de Abril era o dia das mentiras, não sei se ainda hoje assim continua, mas também, e para o caso, pouco importa.

Venho só lembrar o pessoal do Batalhão de Caçadores 3832 que faz hoje exactamente 38 anos que sofremos o nosso primeiro ataque.

Não terá sido todo o Batalhão, mas o pessoal em Mansoa sofreu neste dia o seu baptismo de fogo e que fogo, camaradas!

Eu, por exemplo, estive a vê-lo, durante largos minutos, metido num buraco (uma vala) em frente ao posto dos correios em Mansoa, na rua principal.

Dentro da vala, cheio de m..., de barriga para cima a apreciar os very-lights e a ouvir os sons das morteiradas e das costureirinhas.

Um espectáculo, gratuito e, felizmente, sem consequências para o pessoal.

Recordar ainda é viver.

Um abraço para todos.
Germano Santos
_____________

Nota de L.G.:

(*) Vd. poste de 11 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1835: Tabanca Grande (10): Germano Santos, ex-1º Cabo Op Cripto, CCAÇ 3305 / BCAÇ 3832, Mansoa, 1971/73

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Guiné 63/74 - P3305: O meu baptismo de fogo (8): Mansoa, 1 de Abril de 1971 (Germano Santos)

Guiné > Região do Óio > Mansoa > BCAÇ 2885 (1969/71) > Vista aérea do quartel.

Foto: © César Dias (2007) (Por cortesia do Carlos Fortunato, webmaster do Portal Guiné-Bissau e da página da CCAÇ 13, Guerra na Guiné - Os Leões Negros)

"Mansoa é uma linda vila, à qual o rio Mansoa empresta também os seus encantos, dando-lhe um verde imenso, e florido. A história da Guiné passa por Mansoa, não só por ser um importante centro de comércio, mas também por ser um centro militar de grande importância estratégica, pois era aqui que existia a única ponte que permitia o acesso a Bissau.

"Inserida na conflituosa região do Óio, e a poucos quilómetros da mítica mata do Morés, Mansoa foi sempre um palco importante na história da Guiné. A partir de 15/12/2003 a jangada que atravessava o rio rio Mansoa em Joladim [João Landim] , foi substituída por uma excelente ponte, passando a existir um segundo acesso a Bissau" (Carlos Fortunato, na sua excelente página sobre a Guiné-Bissau : vd. História > 1969/74, BCAÇ 2885; belas fotos do autor e do Césdar Dias; ambos são membros da nossa Tabanca Grande).


1. Mensagem do nosso camarada Germano Santos, ex-1.º Cabo Op Cripto da CCAÇ 3305/BCAÇ 3832 (*), Mansoa, com data de 4 de Outubro de 2008, com a sua contribuição para a série O meu baptismo de fogo (**):

Boa tarde e votos de um bom fim de semana para todos vós, Editores do blogue.

Correspondendo ao convite do Carlos Vinhal e para que a ideia não fique moribunda, vou dar o pontapé de saída (após o Briote) sobre o tema o meu PRIMEIRO ATAQUE.

Não, não é mentira. O meu primeiro ataque aconteceu no dia 1 de Abril de 1971.

Estávamos na Guiné há apenas três meses, e em Mansoa há cerca de dois. Foi ao fim da tarde, assim mais para o anoitecer, como posteriormente vim a verificar que era o habitual naquelas paragens.

Não vos vou falar de mortos nem de feridos, porque felizmente não os houve. Dir-vos-ei, isso sim, que para quase todos nós foi uma novidade, uma estreia e uma estreia em grande.

E porquê uma estreia em grande ? Em grande, porque o ataque foi todo ele de mísseis, os famosos foguetões 122.

Ainda hoje não sei o que senti naquele fim do dia. Em rigor, creio que não senti nada, dada a inconsciência completa em que me encontrava. Ou seria pânico ?

No momento do ataque eu estava sentado no Restaurante do Simões, na Praça principal de Mansoa. Estava sentado no seu interior ou a jantar ou a preparar-me para tal. O que recordo com alguma clareza é que, derivado do sopro de um dos mísseis que caíu perto do restaurante, mais precisamente no muro da escola primária, abanei eu e a cadeira onde me sentava.

Num lote de fotos que em tempos enviei ao Luis Graça, encontra-se uma fotografia (que eu nessa altura identifiquei com o n.º 18) em que me encontro junto a esse muro, parcialmente destruído.

Não é uma história dramática, lá isso não é, mas é a história do meu primeiro ataque.

Um abraço para todos os tertulianos.

Vamos lá dar asas à saga dos nossos primeiros ataques na Guiné.
Germano Santos


Germano Santos, de camuflado e óculos de sol, passeando por uma rua de Mansoa

Foto: © Germano Santos (2007). Direitos reservados.


Mansoa > Na Esplanada da Casa Simões, almoçam os furriéis César Dias e Caetano

Foto: © César Dias (2007). Direitos reservados.



2. Comentário de CV

Obrigado Germano pelo teu contributo. Não encontrei a foto de que falas. O Luís Graça deve tê-la algures pelos seu arquivos, mas como são milhares é quase impossível encontrá-la. Deixo uma tua e outra do camarada e amigo César Dias que palmilhou como nós o mesmo chão.
_____________________

Notas de CV

(*) Vd. postes de

4 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1814: Tabanca Grande (8): Apresenta-se o Operador Cripto da CCAÇ 3305 / BCAÇ 3832 (Mansoa, 1970/73) , Germano Santos

11 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1835: Tabanca Grande (10): Germano Santos, ex-1º Cabo Op Cripto, CCAÇ 3305 / BCAÇ 3832, Mansoa, 1971/73

12 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1840: A trágica história dos sapadores Alho e Fernandes da CCS do BCAÇ 3832, Mansoa, 1971/73 (César Dias / Gerrmano Santos)

8 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1934: Mansoa era uma vila lindíssima, um jardim (Germano Santos)

18 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3071: Os nossos regressos (11): Guiné, 1970/73. Porra, é muito tempo. (Germano Santos).

(**) Vd. último poste da série, de 11 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3293: O meu baptismo de fogo (7): Mansabá, 21 de Abril de 1970 (Carlos Vinhal)

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Guiné 63/74 - P3071: Os nossos regressos (11): Guiné, 1970/73. Porra, é muito tempo. (Germano Santos).

A ida e o regresso do BCaç 3832

Germano Santos

ex-1.º Cabo Operador Cripto
CCaç 3305/BCaç 3832
Mansoa 1971/73
__________

Tudo começou a 19 de Dezembro de 1970 quando manhã cedo os putos e os menos putos, sendo que na maioria eram mesmo putos, nos pusemos a subir as escadas que nos conduziam ao barco que nos iria levar.
Grande estreia em viagens marítimas e de tão grande distância para quase todos nós.

O destino era Bissau. O destino era a Guerra.

O "Carvalho Araújo" também não queria ir



O transporte era horrível, nada mais nada menos que o "Carvalho Araújo", barco que simultaneamente com o transporte de militares para África, servia também para o transporte de gado dos Açores para o Continente.
Os aposentos então, eram uma pequena "maravilha". Tudo ao molho e fé em Deus porque o cansaço por certo apareceria e para dormir qualquer lado havia de surgir.
Lá arrancámos, mas as coisas não começaram bem. Então não é que o "Carvalho Araújo" não queria navegar e resolveu parar ali mais ou menos sob a ponte. Já não me recordo se foi na noite desse dia ou na manhã seguinte que ele resolveu abrir caminho para abraçar e nos pôr também a abraçar essa maravilhosa terra africana.
Viagem de amotinados ou coisa parecida foi o que me pareceu ser a viagem nos primeiros dias, tantos eram os vómitos, tantas eram as bebedeiras.

Para compensar o facto do nosso barco navegar muito depressa e por essa razão nos ter feito passar o Natal dentro dele, lá fomos presenteados com uma manhã no Mindelo, São Vicente, Cabo Verde.
Creio que uma grande parte de nós terá comido pela primeira vez batatas fritas, mas doces. Eu comi e estranhei imenso.

Seguimos viagem e eis-nos em Bissau a 29 de Dezembro. Julgo que terá sido batido o record marítimo Lisboa-Bissau, nada menos nada mais que dez dias. Um espectáculo.

Depois seguiu-se o Cumeré para uns, o Quartel-General para outros e, mais tarde, cerca de um mês, a zona de intervenção do Batalhão para todos.

De volta no Uíge

O regresso, o ansiado regresso deu-se em Janeiro de 1973, aos dias 6 desse mês e num barco a sério (para quem tinha ido no Carvalho Araújo) o "Uíge". Cinco dias, apenas cinco dias, metade do tempo gasto na ida, foi quanto demorámos a regressar.

Para além da felicidade que foi o regresso, as condições não tinham nada a ver com a ida.
Melhores acomodações. Melhor comida. Menos vómitos. Menos bebedeiras, mas muita, muita alegria.

Duas situações ocorreram nesta viagem que demonstram claramente como alguns de nós crescemos em África e também como alguns de nós já embarcámos algo crescidos.
Num espectáculo levado a efeito numa das noites da viagem, espectáculo todo ele concebido e realizado por nós militares, praças, cabos, sargentos e oficiais, a certa altura ia actuar, creio que declamar poesia, um alferes, mais concretamente o alferes Farinha (actualmente no Brasil).
Todo o comando do Batalhão e do navio estava a assistir ao dito espectáculo. Vai daí o apresentador do mesmo anunciou que o camarada Farinha ia actuar.
Foi o bom e o bonito, o comando do Batalhão chamou de imediato o apresentador para o informar que termo camarada tinha-se esgotado na Guiné, agora os oficiais tinham de ser apresentados pela sua patente.
O apresentador desceu ao palco e informou o alferes Farinha que o espectáculo deixava de ter apresentador.
Confesso que já não me lembro se o espectáculo continuou ou não, penso que sim, mas não comigo.

Uns dias antes de embarcarmos, alguns de nós que em Bissau, no Café Pelicano, aguardávamos pelo transporte de regresso, começámos a falar sobre a "porra" do tempo que tínhamos estado na Guiné. Achávamos nós que tinha sido muito tempo, de Dezembro de 1970 a Janeiro de 1973. Para nós eram três anos de calendário, embora soubéssemos que de facto tinham sido mais ou menos 25 meses.
Vai daí decidimos arranjar um lençol no qual escreveríamos qualquer coisa parecida com isto:

Guiné 1970 – 1973 – Porra é muito tempo

A ideia era prender o lençol onde fosse possível e apenas no dia do desembarque em Lisboa, para que todos soubessem o que pensávamos da nossa guerra em terras da Guiné. Se melhor o pensámos melhor o fizemos.
E, na verdade, no dia do desembarque, lá no alto do "Uíge", preso aos botes de salvação, lá estava o nosso lençol, muito esticadinho para que se pudesse ler bem o que nele escrevemos.

Com o que não contávamos é que nesse dia, manhã cedo, Lisboa iria acordar com um denso nevoeiro no Cais da Rocha e nem tão pouco com a pronta resposta da Polícia Militar.
O que o lençol dizia só se começou a ler quando o barco atracou, mas foi mensagem de pouca duração, dado que a Polícia Militar entrou pelo navio dentro e deu cabo da nossa saudação.
Creio que ainda tentaram saber quem tinham sido os engraçadinhos, mas julgo que acabaram por desistir e deixaram-nos ir em paz, não para casa, mas sim para Abrantes a fim de fazermos o espólio.

E pronto, acabou-se a minha história sobre a ida e o regresso do Valoroso Batalhão de Caçadores 3832.

Um abraço para todos.
Germano Santos
__________

Notas:

1. fixação do texto e sublinhados de vb;

2. Artigos relacionados em 11 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1835: Tabanca Grande (10): Germano Santos, ex-1º Cabo Op Cripto, CCAÇ 3305 / BCAÇ 3832, Mansoa, 1971/73

16 Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3064: Os nossos regressos (10): Uma ida atribulada, um regresso tranquilo...(Valentim Oliveira)

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Guiné 63/74 - P2404: Tabanca Grande (48): França Soares, ex-Fur Mil da CCAÇ 3305/BCAÇ 3832 (Mansoa, 1971/73)

1. Mensagem do nosso novo camarada França Soares, ex-Fur Mil da CCAÇ 3305/BCAÇ 3832, Mansoa, 1971/73, com data de 29 de Dezembro de 2007:

Camaradas:
Sou o ex-Fur Mil França Soares do 4.º Gr Comb, da CCAÇ 3305, BCAÇ 3832, aquartelado em Mansoa e destacamentos próximos.

Cheguei à zona de Mansoa em inícios de 1971 e aí permaneci até ao 1.º trimestre de 1973, mais precisamente e sobretudo nos destacamentos de Infandre e Braia, para além da defesa da periferia da vila e ainda na intervenção operacional da zona.

Cheguei a Infandre quatro meses após a tristemente famosa emboscada à coluna de Infandre, no fatídico dia 12 de Outubro de 1970 (1), onde foram assassinados, entre muitos outros, o meu conterrâneo Fur Mil Dinis César de Castro e gravemente ferido, entre muitos outros, o meu ainda querido amigo 2.º Sargento Augusto Ali Jaló.

Durante os cerca de vinte e sete meses que permaneci sequestrado na Guiné, por sorte, pela graça de Deus e não sei porque mais, jamais sofri qualquer morto ou ferido no meu Grupo de Combate, facto de que muito me orgulho e me regozijo. Para isso, muito contribuiu o meu próprio empenho, a colaboração da generalidade dos soldados e cabos às minhas ordens, não esquecendo a colaboração dos diversos furrieis que comigo colaboraram, de que destaco o Furriel Brito do Rio e o Alferes Pacheco, pessoa que recordo com grande estima e muita amizade.

Não termino sem lembrar a traição e a cobardia da corja de patifes, militares e políticos de esquerda e de direita, que permitiram que após a independência, milhares de militares tão portugueses como nós, fossem fuzilados sumariamente, num macabro e inexplicável ajuste de contas, só porque foram na cantiga que Portugal era uma nação honrada (2).

Por último, quem me quiser contactar, deverá fazê-lo pelo email: heldersoares@simplesnet.pt, fax: 22 832 55 89 ou móvel: 919 799 729, assim como para me enviarem tudo quanto tenham em vosso poder que diga respeito à história da Companhia do famoso Pazinho, que também recordo com elevada estima e consideração.

2. Comentário do co-editor CV

Caro França Soares :

Quero dar-te as boas vindas à nossa Tabanca Grande, onde poderás contar as tuas estórias e as tuas experiências enquanto combatente.

O teu Batalhão foi substituir o BCAÇ 2885 a Mansoa, ao qual a minha Companhia, como independente que era, estava adstrita.

Aquando do emboscada do Infandre, eu estava em Mansabá.

Não pude deixar de adivinhar o teu azedume pelos fuzilamentos dramáticos dos nossos companheiros africanos, após a independência da Guiné-Bissau. Na verdade muito já foi dito no nosso Blogue sobre isso, mas apesar de tudo podemos ver guineenses que combateram pelo nosso lado, perfeitamente integrados na actual Guiné-Bissau.

Acredito que a maior parte daqueles fuzilamentos foram ajustes de contas, por condutas menos tolerantes entre as diversas etnias durante o tempo de guerra.

Pena que os nossos governantes, do pós 25 de Abril, não fizesssem nenhum esforço para salvar aquela gente da morte. Porventura nada puderam fazer.

Nós portugueses somos recebidos hoje pelos nossos antigos camaradas guineenses como irmãos e o mesmo se pode dizer dos nossos inimigos de então.
__________________

Notas dos Editores:

(1) - Vd Post de 7 de Outubro de 2007> Guiné 63/74 - P2162: O fatídico dia 12 de Outubro de 1970 - Emboscada no itinerário Braia/Infandre (Afonso M. F. Sousa)

(2) Vd post anteriores de:

19 de Junho de 2006> Guiné 63/74 - P886: Terceiro e último grupo de ex-combatentes fuzilados (João Parreira)

31 de Maio de 2006> Guiné 63/74 - DCCCXXII: Mais ex-combatentes fuzilados a seguir à independência (João Parreira)

27 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCCVI: O colaboracionismo sempre teve uma paga (6) (João Parreira)

23 de Maio de 2006> Guiné 63/74 - DCCLXXXIV: Lista dos comandos africanos (1ª, 2ª e 3ª CCmds) executados pelo PAIGC (João Parreira)

6 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCIX: Salazar Saliú Queta, degolado pelos homens do PAIGC em Canjadude (José Martins)

3 de Dezembro de 2005> Guiné 63/74- CCCXXX: Velhos comandos de Brá: Parreira, o últimos dos três mosqueteiros

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Guiné 63/74 - P2379: O meu Natal no mato (12): Mansoa, 1971: Uma de caixão à cova... para esquecer o horror (Germano Santos)

1. Mensagem do Germano Santos:

Caros Editores,

Antes de mais, votos de que tudo esteja a correr bem convosco e com os vossos familiares.

Está a escrever para o blogue alguém que até hoje só por uma vez bebeu uísque. E fê-lo exactamente na noite de 24 para 25 de Dezembro de 1971, na longínqua Mansoa, tendo apanhado uma bebedeira de caixão à cova.

Nunca mais mais, até hoje, voltei a ficar embriagado e, como já disse, nunca mais voltei a beber uísque. Nem sequer o seu cheiro suporto, quanto mais o seu sabor. E a razão dessa ingestão e bebedeira de uísque ficou a dever-se a uma situação muito grave e lamentável a que assisti parcialmente.

Já não me recordo que horas eram, mas estaríamos muito próximo da meia-noite de 24 para 25 de Dezembro de 1971, quando um ou dois helicópteros aterraram de urgência na pista de Mansoa para evacuar uns seis militares gravemente feridos em Mansabá. Como sabem, Mansabá dista cerca de 30 Kilómetros de Mansoa e os feridos foram transportados por via terrestre de Mansabá para Mansoa a fim de serem evacuados para o Hospital de Bissau.

O que é que tinha acontecido ? Segundo me disseram, exactamente por ser véspera de Natal, um grupo de camaradas nossos, talvez fartos da guerra que viviam e que não queriam, e ainda pelas saudades dos seus familiares, que nestas épocas são sempre mais fortes, quer estejamos na guerra quer estejamos noutro lado qualquer, pôs-se a brincar com granadas, atirando-as ao ar, até que uma delas levou a sua missão até ao fim e explodíu.

Estive a assistir à transferência deles para os helicópteros e vi cenas que preferia nunca ter visto na minha vida. O estado de todos eles era gravíssimo e ainda hoje me interrogo se algum escapou.

Também não sei qual era a Companhia que na altura estava em Mansabá, sei sim que não era nenhuma companhia do meu batalhão.

Do que vi e que não queria ver nunca, resultou a minha única incursão pelo uísque e também a minha única bebedeira da vida. Foi uma noite muito difícil de passar, podem crer.

Um abraço e votos de Boas Festas e um Feliz Natal para todos os tertulianos camaradas da Guiné.

Germano Santos
Op Cripto da CCAÇ 3305 do BCAÇ 3832

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Guiné 63/74 - P1969: Tabanca Grande (26): Mansoa, 33 anos depois (Germano Santos / Amílcar Mendes)

1. Mensagem de Germano Santos, ex-1.º Cabo Op Cripto da CCAÇ 3305/BCAÇ 3832, dirigida ao Amílcar Mendes (ex-1º Cabo da 38.ª CCmds, Brá, 1972/74

Amílcar:

Quando te escrevi no outro dia, não duvidava minimamente que tu eras quem eu pensava. Porém, a prudência aconselhou-me a entrar com alguma reserva.

Devemos ao blogue este reencontro, 33 anos depois. É deveras excepcional o que a Internet hoje em dia nos permite, mas sempre com a interacção dos homens, neste caso do Luís Graça.

Conheci-te através da tua irmã Celeste, cujo conhecimento, para o caso de não saberes ou não te lembrares, nasceu nas colunas do extinto Diário Popular. Eu era amante da filatelia, e a propósito de trocas de selos acabei por estabelecer contacto com a tua irmã. Teria eu cerca de 16 anos: Como o tempo passa!...

Após ter-te escrito no outro dia, comecei a pensar na tua família, nos teus pais e nas tuas irmãs. Tentei recordar-me de nomes e encontrei estes, confirma-me se estou certo. Dos teus pais não me lembro os nomes, mas das tuas irmãs lembro-me da Mila, Bia e Céu. Falta-me uma, mas não me lembro.

Como estão todos ?

A francesa era portuguesa, vivia, porém, em Paris. Estou divorciado dela, mas temos um filho em comum, hoje com 33 anos de idade.

Já não me recordo como chegaste a Mansoa vindo de Guidaje, mas lembro-me quando chegaste a Mansoa - periquito -, pois eu já estava lá há uns tempos. Lembro-me que no dia em que vocês chegaram terá morrido um camarada teu que estava na caserna a limpar a arma. Eu estava na enfermaria e ouvi um tiro na caserna onde vocês foram colocados; quando lá cheguei vi a cena final, ele esqueceu-se de tirar a bala da câmara. Recordas-te disto ?

Vais, então, escrever sobre o terrível Morés. Nunca lá fui dentro, mas sei de cenas lá ocorridas que são quase que indescritíveis. Tenho alguma relutância em contá-las.

Espero que não leves a mal o envio de cópia deste mail para o Luis Graça, mas não é todos os dias que dois amigos se encontram ao fim de 33 anos, e ele é o responsável por isso.

Hoje fico-me por aqui. Responde-me e continuaremos o rol das saudades.

Diz-me como estás de saúde e o mais que queiras.

Um abraço grande

Germano Santos

2. Mensagem anterior do A. Mendes, enviada ao camarada Germano Santos:

Sou o Amilcar Mendes, ex-1º cabo da 38ª Companhia de Comandos. Estivemos juntos em Mansoa. Vou te avivar a memória: sou irmão da Celeste e casaste com a francesa com quem nos correspondíamos os dois. Lembras-te como eu cheguei a Mansoa quando vim de Guidaje?

Um grande abraço do Amílcar Mendes

PS - Estou no blogue desde o seu início. Um dia destes vou escrever sobre o Morés.

3. Comentário de L.G.:


Germano e Amílcar: Afinal, a blogosfera é mesmo uma tabanca grande... Eu acho que vocês estavam condenados a (re)encontrar-se. Fico feliz, ficamos felizes, por tal ser possível através do blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Quem disse que isto era uma caixa de Pandora, donde só poderiam sair fantasmas, pesadelos, diabos e diabretes ? Pelo contrário, tem sido uma caixa de grandes surpresas e emoções para todos nós...

PS - Desculpem se infrigi uma regra, que é a do respeito pela privacidade de cada um de vós, de cada um de nós. Mas esta estória (como todas as estórias com final feliz, como são as dos reencontros) merece ser partilhada na nossa caserna, entre todos. Entendi que o Germano me dei luz verde, e que o Amílcar não se opunha. Se mudarem de ideias, digam, que a gente num minuto desmonta a tenda.

Guiné 63/74 - P1968: Cusa di nos terra (2): O Embondeiro, aliás, Poilão, de Mansoa (Germano Santos)

Guiné > Região do Óio > Mansoa > c. 1972 > O Germano Santos junto a um enorme embondeiro

Foto: © Germano Santos (2007). Direitos reservados.

1. Mensagem do Germano Santos, ex-operador cripto da CCAÇ 3305/BCAÇ 3832 (Mansoa, 1971/73)(1)

Caro Luís,

Creio que uma das fotos que te enviei oportunamente, aquela que tem o nº. 19, é de um embondeiro.

Neste caso, pena é que o fotógrafo se tenha preocupado mais comigo do que com o embondeiro (2).

Este embondeiro está em Mansoa e, pelo que me lembro, é enormíssimo.

Um abraço.

Germano Santos

2. C omentário dos editores:

O Henrique Matos vem dizer, e tem razão, que o teu Embondeiro é um Poilão.

___________

Notas dos editores:

(1) Vd. posts de:

4 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1814: Tabanca Grande (8): Apresenta-se o Operador Cripto da CCAÇ 3305 / BCAÇ 3832 (Mansoa, 1970/73) , Germano Santos

11 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1835: Tabanca Grande (10): Germano Santos, ex-1º Cabo Op Cripto, CCAÇ 3305 / BCAÇ 3832, Mansoa, 1971/73

12 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1840: A trágica história dos sapadores Alho e Fernandes da CCS do BCAÇ 3832, Mansoa, 1971/73 (César Dias / Gerrmano Santos)

(2) Vd. post de 18 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1965: Cusa di nos terra (1): Emdondeiro (cabaceira) e poilão (Paulo Santigo / Leopoldo Amado)

domingo, 15 de julho de 2007

Guiné 63/74 - P1953: O cruzeiro das nossas vidas (6): Ou a estória de uma garrafa, com o SPM de Mansoa, que viajou até às Bahamas (Germano Santos)


O Carvalho Araújo (1930-1973), um navio da frota da Empresa Insulana de Navegação (1871-1974). Por quem se interessa pela história da nossa marimha mercante, recomendo o belíssimo sítio do Carlos Alberto Monteiro, que é um velho passageiro da Insulana, e em especial do Funchal, e um apaixonado coleccionador de postais e outros documentos relacionados com a frota da Insulana.

Foto: Ships Insulana, página de Carlos Albert Monteiro (2006) (com a devida vénia...).



Guiné > Região do Oio > Mansoa > 1971 > "Foto 16 - Na rua principal de Mansoa. Eu estou de camuflado com o meu amigo Sampaio, de Guimarães, infelizmente falecido o ano passado" (GS)

Fotos e legendas: © Germano Santos (2007). Direitos reservados.


1. Texto do Germano Santos, ex-operador cripto da CCAÇ 3305/BCAÇ 3832 (Mansoa, (1)

Caro Luís Graça,

Conforme prometido há já uns tempos, aqui vai, finalmente, a minha história sobre a garrafa que decidiu dar uma grande volta marítima.

É uma história sem guerra, mas que nasceu do facto de eu ter ido para a guerra.

Como sabes, eu fui Operador Cripto (1), logo não operacional, e portanto a minha guerra foi muito diferente das guerras de alguns dos nossos camaradas.

Contudo, também sei o que é a guerra, através das diversas flagelações que Mansoa sofreu durante a minha estada por lá.

Também vi coisas que não queria ver; também passei por coisas que não desejava ter passado, etc.

Mas falemos então da viagem da minha garrafa, que começa exactamente na minha viagem para a Guiné.

Estamos em 1970, 19 de Dezembro, quando a bordo do navio Carvalho Araújo (2) - que até aí, segundo me relataram, fazia constantemente o transporte de gado dos Açores para o Continente - inicia a sua viagem para a Guiné o Batalhão de Caçadores 3832, formado pela CCS e pelas Companhias de Caçadores 3303, 3304 e 3305. Eu era um dos dois Operadores de Cripto desta última Companhia.

Este início de viagem não correu lá muito bem, dado que logo nesse dia o navio avariou e passámos a noite sob a ponte 25 de Abril.

Porém, lá fomos navegando e a certa altura mais me parecia que estava num barco de amotinados do que outra coisa qualquer, tal era a quantidade de gente mal embriagada e indisposta com a viagem.

Convém referir que estávamos em vésperas de Natal e passar esta quadra festiva, longe da família e a caminho da guerra, não era evidentemente o que nós desejávamos mais.

Já não me recordo muito bem, mas nesse dia de Natal ou no dia a seguir, alguns de nós - talvez uns quatro ou cinco - decidimos carpir as nossas mágoas com alguém que estivesse noutras paragens, e do mar nos quisemos servir como meio de comunicação. Vai daí, lançámos ao mar algumas garrafas com as mais variadas mensagens. A minha era tão só um cartão de visita, no qual acrescentei o SPM do Batalhão ou do local para onde íamos (Mansoa).

O tempo foi passando e a guerra também.

E surpresa das surpresas. Em finais de Janeiro de 1972 (um ano e pouco após ter deitado ao mar a garrafa), recebo uma carta proveniente dos Estados Unidos da América, mais concretamente de Milwaukee, datada de 19 de Janeiro desse ano e assinada por uma Senhora de nome Lillian Drake, dando-me conta de ter encontrado a garrafa com o meu cartão.

Como não sabia inglês, fui pedir ajuda ao meu Major de Operações - o saudoso, porque falecido, Major Cerqueira Rocha, irmão do então, salvo êrro, Comandante Chefe das Forças Armadas em Portugal (não sei se era assim a designação, mas fica a idéia). Quero deixar aqui uma palavra de muito apreço para os familiares do Major Cerqueira Rocha, um militar e um homem extraordinário, com quem foi um prazer conviver durante dois anos na Guiné.

Foi ele que me leu a carta e que, tal como eu, ficou muito surpreendido por tudo o que nela era referido.

Dizia a Senhora que tinha encontrado a garrafa na Ilha de Eleuthera, nas Bahamas, a pouca distância do continente norte-americano, em 10 de Dezembro de 1971 quando se encontrava naquela ilha a visitar amigos. Mais dizia que estava a passear na praia, apanhando conchas e outras coisas, quando reparou na garrafa. Na carta perguntava-me quando e onde é que eu a tinha atirado ao mar.

Passados dias, com a ajuda do meu Major, satisfiz a curiosidade dela.

Aproveito para informar que naquela altura as Bahamas eram pertença dos Estados Unidos da América, sendo, desde 1973, um país independente.

Já após ter regressado a Portugal, tive oportunidade de me deslocar à Embaixada dos Estados Unidos da América e falado com um funcionário sobre esta história. Na altura esse funcionário pedíu-me para esperar um pouco e, passados uns minutos, fui recebido pelo Embaixador que ficou encantado com o ocorrido, e fez o favor de me mostrar não só o mapa americano como o Atlas, para me explicar todo o percurso que a garrafa tinha feito desde o Golfo da Guiné até às Bahamas.

Também li recentemente que o percurso efectuado pela minha garrafa está dentro das 50 maiores distâncias até hoje percorridas por uma garrafa lançada ao mar.

Eu sei que não é uma história de guerra, mas sem a minha ida para a guerra esta história não existiria.

Se achares que é interessante para colocar no blogue, força.

Um grande abraço.

Germano Santos

2. Comentário de L.G.:

Meu caro Germano: Aqui aparece todo o tipo de estórias, umas mais trágicas ou dramáticas, outras mais cómicas ou divertidas, umas outras ainda mais intimistas e pessoais... Estórias de guerra, de amor, de paz, de camaragem, de solidariedade, de humor... Todas elas estórias de homens (e de mulheres), afectados directa ou indirectamente por uma guerra. A tua estória merece a melhor atenção de nós, até pelo seu insólito e pelo seu simbolismo: o mar, apesar da sua imensa vastidão, é também um ponto de encontro...

Como já tive ocasião de te dizer, tenho uma estória parecida com essa. Um vizinho meu, da Lourinhã, costumava ir pescar para a Praia da Peralta, a sul da Praia da Areia Branca. Isto por volta de meados da década de 1960. Um belo dia apanhou, na praia, um garrafa de gin ou de rum, com uma carta lá dentro, redigida em inglês. De regresso a casa, deu a carta a ler à minha irmã. Era de um súbdito de Sua Majestade a Rainha de Inglaterra, embarcado num navio da Royal Navy. Ela mesmo respondeu à carta, com a mimnha ajuda, e fez um novo amigo. O marinheiro Barry começou a trocar correspondência com ela. Hoje, passados mais de quarenta anos, continuam amigos. E já se visitaram várias vezes: ele veio a Portugal, ela foi a Inglaterra... Ele inclusive aprendeu a falar e a escrever o português!...

Parabéns pela estória e pela tua garrafa que, na época, bem poderia ter entrado para o livro de recordes do Guiness (que já existia, desde 1951)... Obrigado pelas fotos (cerca de 20) que tu me mandaste, algumas da bela vila de Mansoa que tu ainda conheceste. Fica também aqui uma correcção: tu nunca pertenceste à CCS do BCAÇ 3832, mas sim à CCAÇ 3305, desse batalhão.
_______________

Notas de L.G.:

(1) Vd. posts de:

4 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1814: Tabanca Grande (8): Apresenta-se o Operador Cripto da CCAÇ 3305 / BCAÇ 3832 (Mansoa, 1970/73) , Germano Santos

11 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1835: Tabanca Grande (10): Germano Santos, ex-1º Cabo Op Cripto, CCAÇ 3305 / BCAÇ 3832, Mansoa, 1971/73

12 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1840: A trágica história dos sapadores Alho e Fernandes da CCS do BCAÇ 3832, Mansoa, 1971/73 (César Dias / Gerrmano Santos)


(2) Vd. posts anteriores desta série:

11 de Janeiro de 2007> Guiné 63/74 - P1420: O cruzeiro das nossas vidas (5): A viagem do TT Niassa que em Maio de 1969 levou a CCAÇ 2590/CCAÇ 12 (Manuel Lema Santos)

21 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1301: O cruzeiro das nossas vidas (4): Uíge, a viagem nº 127 (Victor Condeço, CCS/BART 1913)

21 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1300: O cruzeiro das nossas vidas (3): um submarino por baixo do TT Niassa (Pedro Lauret)

19 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1296: O cruzeiro das nossas vidas (2): A Bem da História: a partida do Uíge (Paulo Raposo / Rui Felício, CCAÇ 2405)

12 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1271: O cruzeiro das nossas vidas (1): O meu Natal de 1971 a bordo do Niassa (Joaquim Mexia Alves)

domingo, 8 de julho de 2007

Guiné 63/74 - P1934: Mansoa era uma vila lindíssima, um jardim (Germano Santos)

Guiné > Região do Oio > Mansoa > 1968 > Um periquito do coração da Guiné, o Alf Mil Raposo, da CCAÇ 2405 / BCAÇ 2852 (1968/70).

Foto: © Paulo Raposo (2006). Direitos reservados.

1. Texto do Germano Santos , nosso novo tertuliano (1)....


Luís:

Obrigado pelo teu e-mail e pela possibilidade que me concedes de poder integrar a tertúlia da nossa aventura africana.

Através do meu contacto contigo já recebi notícias do camarada César Dias, do Concelho de Torres Novas.

Nunca fui a Bambadinca, o mais perto que estive foi na estrada que liga o Jugudul a Bambadinca.


Mansoa era uma vila lindíssima nos anos 70, chamávamos-lhe o jardim da Guiné, tal era a quantidade de flores e árvores que ali existiam. Não tínhamos abrigos, ali era pressuposto não haver guerra.

O Spínola levava lá constantemente jornalistas estrangeiros para verificarem in loco que a Guiné não estava ocupada e que ali se vivia bem. Estas visitas eram feitas durante o dia; à noite, de vez em quando, lá estávamos nós a embrulhar, sem a presença dos jornalistas.

Tínhamos um cinema que passava constantemente filmes para a tropa e para a população; tínhamos um razoável (naquele lugar diria excelente) restaurante, propriedade de um Snr. Simões, antigo soldado que por lá ficou e montou esse negócia com a mulher.

Enfim, não estávamos mal de todo, havia bem pior, mas bem pior na Guiné. É certo que tínhamos também perto de nós um potencial perigo, a mata de Morés, onde a nossa tropa dificilmente entrava e onde as bombas largadas pela nossa aviação ficavam nas copas das árvores. Aqui o PAIGC vivia com alguma tranquilidade, os seus elementos ali possuíam, segundo me era relatado, escolas e hospitais subterrâneos (2).

Era dali, do Morés, que quase sempre partiam os ataques a Mansoa, nomeadamente com os mísseis 122.

Este é um primeiro contacto. Posteriormente darei mais noticias e enviarei fotos.
Já divulguei o blogue por alguns camaradas meus do BCAÇ 3832, espero que eles também comecem a participar.

Um grande abraço e prometo voltar com outras histórias e com uma análise de como encontrei a Guiné em 1998.

Germano Santos

2. Comentário de L.G.: Germano: Dou-me conta, consultando os nosso arquivos, que temos poucas fotos de Mansoa do teu/nosso tempo, muito embora vários camaradas da nossa tertúlia tenham lá passado ou estado em diferentes épocas... Tens algumas fotografias dessa simpática vila do tempo colonial ? Fico a aguardar. Fala-nos também do quotidiano, da vida das pessoas em Mansoa. Se a memória te ajudar...
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Notas de L.G.:

(1) Vd. posts de:

4 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1814: Tabanca Grande (8): Apresenta-se o Operador Cripto da CCAÇ 3305 / BCAÇ 3832 (Mansoa, 1970/73) , Germano Santos

11 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1835: Tabanca Grande (10): Germano Santos, ex-1º Cabo Op Cripto, CCAÇ 3305 / BCAÇ 3832, Mansoa, 1971/73

12 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1840: A trágica história dos sapadores Alho e Fernandes da CCS do BCAÇ 3832, Mansoa, 1971/73 (César Dias / Gerrmano Santos)

(2) Vd. post de 4 de Julho de 2007

Guiné 63/74 - P1920: PAIGC: O Nosso Primeiro Livro de Leitura (A. Marques Lopes / António Pimentel) (3): O mítico Morés

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Guiné 63/74 - P1835: Tabanca Grande (11): Germano Santos, ex-1º Cabo Op Cripto, CCAÇ 3305 / BCAÇ 3832, Mansoa, 1971/73

T/T Carvalho Araújo > 19 de Dezembro de 1970 > CCAÇ 3305 / BCAÇ 3832 > 1º Cabo Operador Cripto Germano Santos, no dia de embarque para a Guiné.


Guiné > Região de Bissau > Cumeré > CCAÇ 3305 / BCAÇ 3832 > Finais de 1970 > 1º Cabo Operador Cripto Germano Santos, junto a um heli, no dia em que o General Spínola visitou o batalhão, antes de este ser colovado em Mansoa.

Fotos: © Germano Santos (2007). Direitos reservados.

Caro Camarada Luís Graça,

Conforme combinado aqui vai um ficheiro com 3 fotos minhas, uma actual e duas relativas à Guiné.

Uma delas foi tirada no embarque a bordo do navio Carvalho Araújo, no dia 19 de Dezembro de 1970. A outra é do Cumeré, nos primeiros dias após a chegada à Guiné, e na sequência da visita do Spínola ao batalhão.

Brevemente contactar-te-ei de novo para contar um ou outro episódio passado na Guiné e ainda para te descrever a minha visita à Guiné em 1998.


Um abraço.
Germano Santos


2. Comentário de L.G.:

Germano: Já te dei há dias as boas vindas. Obrigado pelas fotos. Aguardo as tuas impressões da Guiné, de 1970/73 e, depois, em 1998. Diz-me só uma coisa: tiveste mais de 24 meses de comissão ? Quando regressaste a casa ? Foi em 1972 ou 1973 ? O teu batalhão estava sediado em Mansoa... E a tua companhia ? E, já agora, onde vives actualmente ? Um abraço. Luís

3. Informações complementares do Germano:


Caro Luís: (...) Quanto às perguntas que me fazes, aqui vão as respostas:

Embarcámos em Lisboa, no dia 19 de Dezembro de 1970. Chegámos a Bissau a 29 do mesmo mês e fomos directamente para o Centro de Instrução do Cumeré (a seguir a Nhacra).

Embarcámos em Bissau a 6 de Janeiro de 1973 e chegámos a Lisboa a 12 do mesmo mês. Regressámos no Uíge.

Estivemos, pois, na Guiné, cerca de 24 meses e meio.

O meu Batalhão de Caçadores 3832 esteve sediado durante todo o tempo em Mansoa. A minha Companhia, a CCAÇ 3305, tinha uma parte em Mansoa, outra em Braia e outra em Infandre. Tenho ideia que, nos primeiros tempos, também tivemos elementos em Cutia. [vd. carta de Mambonco].

Sou natural de Moscavide (Concelho de Loures) e moro actualmente na Bobadela, do mesmo Concelho.
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Nota de L.G.:

(1) Vd. post de 4 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1814: Tabanca Grande (8): Apresenta-se o Operador Cripto, CCAÇ 3305 / BCAÇ 3832 (Mansoa, 1970/73) , Germano Santos

(...) "Fui Operador Cripto do Batalhão de Caçadores 3832 que operou, sediado em Mansoa, nas regiões de Cutia, Infandre, Braia, Porto Gole, Bissá, Jugudul, Uaque, Bindouro e Rossum.

"Tive oportunidade de regressar à Guiné em 1998, e rever Mansoa e Jugudul. Deu ainda para dar um salto a Bissorã, João Landim, Quinhamel e ao Arquipélago de Bijagós, designadamente a Ilha das Galinhas, antiga rota dos escravos, sem esquecer Bissau" (...).