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quarta-feira, 31 de julho de 2024

Guiné 61/74 - P25797: (De)Caras (214): Cecílica Supico Pinto: a "líder carismática" do Movimento Nacional Feminino, com acesso privilegiado a Salazar, que veio preocupadíssima com a situação na Guiné, na véspera do 25 de Abril de 1974

 

Foto nº "34. Cilinha no porto de Lisboa na despedir-se de militares que partiam para as 'províncias ultyramarinas'. O MNF apoiava moralemnet os soldados na frente de batalha, mas não esquecia o apoio às famílias que ficavam na retaguarda.  (Arquivo do Diário de Notícias)".

Foto nº "37. Acompanhada pela Comissão Central do MNF, Cilinha fala aos jornalsitas sobre as atividades do Movimento" (Serviço do Arquivo de Lisboa / DGARQ / CPF/ MC / SEC / AG/01- 171/1546AR.)" (A Renata Cuha e Costa, vice-presidente do MNF, é a terceira a contar da direita.)

Fot nº "33. O presidente da Câmara de Lisboa, general França Borges,com algumas senhoras do MNF. dirante a receçãpo que lhes ofereceu em Montes Claros por ocasio do primeiro congresso daquele organismo, 1966. (Serviço do Arquivo de Lisboa / DGARQ / CPF/ MC / SEC / AG/ 01- 171/1586AR.)"



Foto nº "37. Condecorada com a medalha de prata do Mérito Femino pelo ministro do Exército, coronel Joaquim Luz Cunha, por ocasião do sexto aniversário do MNF, 1967. (Serviço do Arquivo de Lisboa / DGARQ / CPF / MC / SNI / RP /03- 6704/56410.)".


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Foto nº "42. Oliveira Salazar apreciava a alegria e frontalidadfe de Cecília Supico Pinto que considerava 'um verdadeiro príncipe'.  Foi uma das últimas pessoas a vê-lo com vida. (Arquivo do Diário de Notícias)".

Fotos selecionadas e reeditadas pelo blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2024), com a devida vénia


Capa do livro de Sílvia Espírito-Santo, “Cecília Supico Pinto: o rosto do movimento nacional feminino”. Lisboa: A Esfera do Livro, 2008, 222 pp.



1. Confidenciou a Cecília Supico Pinto (Lisboa, 1921 - Cascais, 2012) à sua biógrafa, Sofia Espírito-Santo (op cit, pág., 98):

(...) "O Dr. Salazar gostava que eu lhe contasse tudo o que via e ouvia e acreditava em mim porque sabia que eu não tinha medo de lhe dizer a verdadae, doesse a quem doesse! No fim dizia-me sempre: 'Para que quer a menina que eu vá a Angola se a menina ma traz aqui? ' " (..:)


Não duvidamos da autencidade desta confidência: Cecília Supico Pinto não foi "la Pasionaria" do regime salazarista, mas podia tê-lo sido... Tinha, inegavelmente, algumas qualidades pessoais, como por exemplo a liderança carismática, o charme, a elegância, a educação, a coragem, a coerência, a dupla elevação (física e moral) de algumas (poucas) mulheres da elite portuguesa da época: por exemplo, era mais alta que muitos homens e que a generalidades das mulheres portuguesas... (Vejam-se as fotos acima.)

De qualquer modo, o que nos chamou mais atenção, nesta seleção de fotos que tomámos a liberdade de fazer (com a devida vénia à Sílvia Espírito-Santo) foi a legenda da foto nº 34, que serve de imagem da capa do seu livro.

Por mensagm de 22/07/2024, 08:31, o João Sacôto, ex-alf mil at inf, CCAÇ 617 / BCAÇ 619 (Catió, 1964/66), legendou a fot0 nº 34, do seguinte modo:

"Nesta fotografia estão: da esquerda para a direita: (i) o comandante do Batalhão de Caçadores 619, coronel Matias; (ii) o alf mil Montes (da CCAÇ 616, que foi para Empada); (iii) outro alferes, da CCAÇ 616 de que não me lembro o nome; (iv) a D. Cecília Supico Pinto; (v) outra cara desconhecida; (vi) o major Jesus Correia, 2º. comandante do BCAÇ 619; (vii) e finalmente outra cara de que me não recordo."

Falando ao telefone, com o meu amigo e vizinho de Ferrel, Peniche, Joaquim Jorge, ex-alf mil da CCAÇ 616 (Empada, 1964/66), ele confirmou que o Montes foi seu camarada: Fernando Paulo Montes, mais tarde médico de clínica geral, no SNS. Vivia em Sesimbra, chegou a ir aos primeiros encontros anuais da malta. Depois perdeu-lhe o contacto. Já morreu, infelizmente, de cancro.

2. O Joaquim Jorge também me confirma, para surpresa minha, que a Cilinha esteve em Empada em 1964 ou 1965, "já uns meses depois de o batalhão ter chegado". Não podia ter sido em 1966, uma vez que o BCAÇ 619 embarcou para Lisboa, a 27 de janeiro. Até agora, só tínhamos referenciado quatro visitas da "Cilinha" à Guiné: 1966, 1969, 1973 e 1974.

A Guiné será, entretanto, a última visita que ela fará, ao serviço do Movimento Nacional Feminino,  já a escassas semanas do 25 de Abril de 1974. Foi lá que tomou contacto com o livro do general Spínola, "Portugal e o Futuro" (que achou "nada de especial nem sequer bem escrito") (pág. 182).

Veio de lá com sentimentos contraditórios, tendo de imediato partilhado, ao telefone, com o Ministro da Defesa, Silva Cunha, os seus temores:

(...) As coisas não estão nada brilhantes, venho preocupadíssima da Guiné, também estive em Angola e Moçambique, o senhor sabe que eles comigo abrem-se e não fazem qualquer cerimónia. E vou dizer-lhe mais, eu parece-me que não sou uma pessoa com falta de coragem, tenho andado debaixo de fogo,tenho ido aos sítios mais complicados, mas não tenho é vocação para mártir e ou vocês fazem realmente qualquer coisa, realizam que isto está muito grave ou isto acaba mal. Como lhe digo não tenho vocação para mártir" (...) (Cecília Supico Pinto, Cascais, 22 de novembro de 2004, em entrevista dada à Sílvia Espírito-Santo, op. cit., 2008, pág. 183.)


Contrariamente a Salazar, de quem era íntima (e por isso amada e odiada dentro do próprio regime), a "Cilinha" não manteve com Marcello Caetano a mesma relação pessoal de mútua admiração e confiança. "Salazar era mais forte que Marcelo" (pág. 178).

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Nota do editor:

Último poste da série > 20 de julho de 2024 > Guiné 61/74 - P25765: (De) Caras (304): Não conheci pessoalmente o cap inf Manuel Aurélio Trindade, último cmdt da 4ª CCAÇ e primeiro cmdt da CCAÇ 6 (Rui Santos, ex-alf mil, 4ª CCAÇ e CIM Bolama, Bedanda e Bolama, 1963/65)

quinta-feira, 4 de agosto de 2022

Guiné 61/74 - P23490: Agenda cultural (818): apresentação, às 17 horas, em Ferrel (dia 8) e no Baleal (dia 15), de dois novos livros de Joaquim Jorge (ex-alf mil at inf, CCAÇ 616, Empada, 1964/66): (i) Versos ao Acaso; (ii) Baleal: Beleza, Encanto, Fascínio!


Joaquim Jorge, Ferrel, Peniche.
Foto: Luís Graça (2015)
1. Mensagem nosso amigo e camarada Joaquim Jorge, de Ferrel, Peniche, que comandou, na maior parte do tempo, a CCAÇ 616/BCAÇ 619 (Empada e Ualada, 1964/66), Catió, na qualidade de alf mil at inf; 
tem 22 referências no nosso blogue; 
é bancário reformado, foi autarca e tem-se dedicado à escrita nos últimos anos; 
autor de "Ferrel através dos tempos" 
(edição de autor, 2019, 388 pp.):

Data - Quinta, 14/07/2022, 19:46
Assunto - Apresentação de dois livros

Boa tarde, Luís.

Vou fazer a apresentação de dois livros, "Versos  ao Acaso" e "Baleal - Beleza... Encanto... Fascínio!..."
que se realizará:

(i)  em Ferrel no dia 8 de Agosto, 2.ª  feira,  às 17 horas, no salão de festas do Jardim Infantil de Ferrel. 

(ii) e no dia 15 de Agosto, 2.ª feira, às 17 horas, na Associação dos Amigos do Baleal - Arre Burro, no Baleal.

Agradeço a tua presença e demais amigos e camaradas. 
Agradeço também que partilhes o convite no nosso blogue.

Um grande abraço.
Joaquim da Silva Jorge
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Nota do editor:

quarta-feira, 23 de março de 2022

Guiné 61/74 - P23103: Álbum fotográfico do Joaquim Jorge, natural de Ferrel, Peniche, ex-alf mil, CCAÇ 616 (Empada, 1964/66) - Parte I: Destacamento de Ualada, "Rancho da Ponderosa"

Guiné > Região de  Quínara > CCAÇ 616 (Empada, 1964/66) > Destacamento de Ualada, "Rancho da Ponderosa" > c. 1965/66 > O gen Arnaldo Schulz, de cigarro na boca,  inspecionando um abrigo. Na sua traseira, o comandante do destacamento, alf mil Joaquim Jorge.


Guiné >Região de  Quínara > CCAÇ 616 (Empada, 1964/66) > Destacamento de Ualada, "Rancho da Ponderosa" > c. 1965/66 >   Local da parada: o pau da bandeira e o escudo das quinas, feito com garrafas de cerveja


Guiné > Região de  Quínara > CAÇ 616 (Empada, 1964/66) > Destacamento de Ualada, "Rancho da Ponderosa" > c. 1965/66 >  O escudoa das Quibas, feito com garrafas de cerveja, no local da parada


Guiné > Região de  Quínara > CCAÇ 616 (Empada, 1964/66) > Destacamento de Ualada, "Rancho da Ponderosa" > c. 1965/66 > Porta de armas


Guiné > Região de  Quínara > CCAÇ 616 (Empada, 1964/66) > Destacamento de Ualada, "Rancho da Ponderosa" > c. 1965/66 > Porta de armas, pormenor: à esquerda, o alf mil Joaquim Jorge


Guiné > Região de  Quínara > CCAÇ 616 (Empada, 1964/66) > Destacamento de Ualada, "Rancho da Ponderosa" > c. 1965/66 > O alf mil Joaquim Jorge lendo o jornal "A Bola"


Guiné > Região de  Quínara > CCAÇ 616 (Empada, 1964/66) > Destacamento de Ualada, "Rancho da Ponderosa" > c. 1965/66 > Cartaz "Chegámos, Vimos, Vencemos"... O Joaquim Jorge com o bazuqueiro

Fotos (e legenda): © Joaquim Jorge  (2022). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Fotos do álbum do nosso amigo e camarada de Ferrel, Peniche, o Joaquim Jorge, que comandou, na maior parte do tempo,  a CCAÇ 616 (Empada e Ualada, 1964/66), na qualidade de alf mil at inf (*).  Tem 20 referências no nosso blogue.

O destacamento de Ualada, a 4 km de Empada, a  sudeste, começou a ser construído em meados de 1965: 

"Foi com muita ansiedade e espectativa que chegou o dia dezassete de Março, pois foi neste dia que chegámos a Ualada (“Ponderosa”), distante quatro quilómetros de Empada, com armas, pás, picaretas, arame farpado, chapas de bidão e algumas rações de combate, prontos para a sua reconquista e instalação de um novo 'quartel' ", escreveu o Joaquim Jorge.

“Rancho da Ponderosa” foi o cognome que o Joaquim Jorge  lhe deu  em lembrança da série televisiva “Bonanza"... A série do faroeste "Bonanza", com a saga da família Cartwright, proprietária do rancho da "Ponderosa", no Nevada, estreou-se, na televisão americana, em 1959; foi um extraordinário caso de popularidade e longevidade; começou a ser exibida na RTP em 1961.

segunda-feira, 21 de março de 2022

Guiné 61/74 - P23096: Memória dos lugares (438): Rancho da Ponderosa, destacamento de Ualada, subsector de Empada (Francisco Monteiro Galveia, ex-1º cabo op cripto, CCAÇ 616, Empada, 1964/66; vive em Fronteira)


Guiné > Região de Quínara > Empada > CCAÇ 616 (1964/66) > Destacamento de Ualada, o "Rancho da Ponderosa".

Foto (e legenda): © Francisco Monteiro Galveua (2022). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem, com data de ontem, às 18h22;Francisco Monteiro Galveia (ex-1º cabo op cripto,  CCAÇ 616  (Empada, 1964/66) , que vive em Fronteira:


Junto foto minha no capô da viatura em 1965, à entrada do "Rancho da Ponderosa" (*). 

Da operação que eu pedi ao Jorge para comentar, é que ele tem mais apontamentos que eu, quanto aos nomes, foi-me passado na altura: que José Pedro Pinto Leite que era deputado na ala liberal da Assembleia Nacional, seria natural daquela povoação e que as nossas tropas tinham que ir ao local para mostrar que o inimigo não tinha o local em seu poder. (**)

Quanto aos nomes e residência eu desconheço. Do que eu me lembro é que um pelotão reforçado com o pelotão de milicias saiu de Empada após o pôr do sol a pé, pela madrugada passaram por toda a gente sem darem um tiro nem dizerem nada e embarcaram nas lanchas LDM com destino a Empada. 

Havia um posto de sentinela avançado numa árvore de grande porte, que se estava lá alguém estava a dormir. É possivel que essa terra se chame Darssalame. O Jorge deve ter mais elementos por isso o meu pedido anterior. 

Um abraço Xiko.

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terça-feira, 1 de março de 2022

Guiné 61/74 - P23042: Pequeno resumo dos dois anos em que estive na guerra (Joaquim Jorge, ex-alf mil, CCAÇ 616 / BCAÇ 619, Empada, 1964/66) - Parte II: 1964: O ataque ao quartel e às tabancas, na noite de 16 de julho


Joaquim Jorge, Ferrel, Peniche.
Foto: Luís Graça  (2015)




Brasão da CCAÇ 616 (Empada, 1964/66).
A divisa, em latim, "Super Omnia", quer dizer "acima de tudo".
Foto do álbum do Francisco Monteiro Galveia
(ex-1º cabo op cripto, vive em Fronteira)


CCAÇ 616 > Empada, 1964/66 > Pequeno resumo dos dois anos
em que estive na guerra (*)

por Joaquim Jorge

 
Parte II - 1964: O ataque ao quartel e às tabancas, 
na noite de 16 de julho


Estávamos há quinze dias no nosso sector de actuação,12 de Abril de 1964, quando fomos atacados pela primeira vez. O inimigo manifestou-se com tiros de pistola metralhadora, espingarda e pistola. 

No dia 20 de Abril, portanto oito dias depois, voltaram a flagelar o aquartelamento e a população, tendo sido novamente obrigados a retirar precipitadamente. 

Na noite de 30 de Maio, à qual já anteriormente me referi e descrevi, eles cercaram-nos completamente e atacaram em força e intensidade e mais uma vez conseguimos levar a melhor. Foram muito importantes para o futuro da nossa Companhia estes três primeiros êxitos. Deram-nos confiança e impusemos respeito aos nossos opositores.

Entretanto, 'Nino' Vieira, acabara de ser nomeado pelo PAIGC comandante chefe militar da região sul da Guiné dos guerrilheiros e, por informações secretas, nós sabíamos que o seu primeiro objectivo, no seu novo alto cargo, era conseguir a destruição total de Empada e da CCAÇ 616, fazendo o maior número possível de mortos e prisioneiros.

Fomos fazendo patrulhamentos diários, fomos montando emboscadas noturnas, fomo-nos preparando cuidadosamente, fomos esperando e…

Na noite de 16 para 17 de Julho de 1964, foi toda a área abrangida pelo quartel e tabancas de Empada alvo de um ataque bem urdido e em força por parte do inimigo:


Fase inicial do ataque: 

Precisamente ao soar das 22h00, foi lançado um "very-ligth"  duma posição estimada a 800 metros do quartel, na direcção leste, junto à estrada que vai para Buba e para Catió.

 Imediatamente foram ouvidas, partindo sensivelmente do mesmo local, oito detonações características de morteiro, cujas granadas, passando sobre a área do quartel e tabancas, foram explodir a cerca de 250 metros da última tabanca do lado oeste, todas perto umas das outras. 

Após essas granadas, começaram a “cantar” as metralhadoras, pistolas metralhadoras e pistolas inimigas, com uma ou outra granada de mão, fazendo um ruído ensurdecedor. Depois das referidas granadas de morteiro, este não mais se fez ouvir. Durante a primeira hora do ataque o inimigo revelou um enorme poder de fogo, que diminuiu sensivelmente nas horas seguintes até ao final do ataque.

Dispositibo e progressão do inimigo: 

O dispositivo de ataque do inimigo foi o seguinte: Cerco completo à área populacional embora tenha empregado maior número de pessoal e armas nos lados Norte e Leste. Porém também foram referenciadas pistolas metralhadoras e pistolas a sul e a oeste, denunciando a intenção inimiga de fechar todas as saídas do quartel para evitar a reacção por parte das nossas tropas e dos voluntários. Portanto, um dispositivo de cerco conjugado com ataque de forte intensidade de norte e de leste. 

O inimigo, a coberto da sua grande potência de fogo inicial, foi-se aproximando progressivamente das tabancas dos Fulas (Leste) e dos Bijagós (Nordeste). Pelas 00h00 (meia-noite), um grupo de seis inimigos tinha conseguido instalar a sua metralhadora a coberto de uma árvore (poilão) existente a cerca de 10 metros da rede de arame farpado e a 20 metros da primeira tabanca bijagó. 

Desse grupo destacaram-se dois homens que conseguiram, cortando estacas e troncos, derrubar parte do arame farpado ao mesmo tempo que, com terra, apagavam os candeeiros improvisados a petróleo que orlavam a cerca de arame farpado. E foi precisamente no momento em que esses homens, transportando a metralhadora e munições, penetraram na zona interior da tabanca dos Bijagós, que foram abatidos com uma “bazucada”, conforme descreveremos mais à frente. 

Do lado da tabanca fula, a situação, pelas 00h00 (meia-noite), era idêntica à anteriormente descrita. Uma metralhadora pesada, instalada a poucos metros da rede de arame farpado, “cantava” incessantemente. Essa metralhadora foi também calada pela nossa esquadra da “bazooka”, conforme relataremos mais à frente. 

No porto velho (Rio de Empada) atacava outra esquadra de metralhadora inimiga que foi também “calada” pela mesma nossa “bazooka” e pelos morteiros, assim como uma que se encontrava a cerca de 900 metros do quartel, junto à estrada de Buba. 

Pelas 02h00 da manhã o inimigo estava derrotado e começou a retirar-se, ouvindo-se apenas uns tiros isolados e à distância até às 03h00 da manhã, a partir do que nada mais se ouviu, a não ser os lúgubres uivos das hienas denunciando que havia mortos do lado de fora do quartel e da população.

Reacção das nossas tropas e dos voluntários:

Durante a primeira fase do ataque as nossas tropas (atiradores) pouparam inteligentemente as suas munições, tendo cumprido à letra as ordens que lhes tinham sido dadas de só fazerem tiro “ao vulto”. 

Respondemos principalmente com tiros de morteiro 60, morteiro 81 e de Lança Granadas Foguete (Bazooka) dirigidos para os locais onde se faziam ouvir as metralhadoras e os morteiros do inimigo. Com essa acção inicial conseguimos “calar” duas metralhadoras pesadas. 

Na segunda fase do ataque, que distinguirei da primeira pelo início da nossa reacção, enviámos uma esquadra de Bazooka com mais um Furriel e dois radiotelegrafistas ( 5 praças e um furriel) para a tabanca dos Bijagós donde nos tinham mandado dizer que o inimigo já se encontrava a tentar abater a rede de arame farpado. Rapidamente os 5 homens enviados se aproximaram da tabanca dos Bijagós, tendo chegado no momento preciso em que o inimigo destruía a rede e entrava na tabanca, apagando previamente a fraca luz existente no local. 

Aí juntaram-se-lhes mais dois chefes dos nossos voluntários nativos. Dando rapidamente conta da crítica situação, o furriel mandou instalar os seus homens no local mais conveniente e ordenou ao apontador da bazooka que fizesse fogo para o grupo inimigo que se encontrava apenas a cerca de 10 metros à frente. Beneficiando de uma árvore e seus ramos que se encontrava à frente entre esses homens e o grupo inimigo, o apontador e o municiador da bazooka rastejaram uns 3 ou 4 metros na direcção do inimigo, enquanto os outros nossos 5 homens os protegiam pelo fogo. 

Pondo-se rapidamente de pé, o apontador da bazooka disparou sobre o grupo inimigo que constituía uma esquadra de metralhadora pesada, matando 4 homens e capturando a metralhadora e uma pistola metralhadora, após o que veio reunir-se aos outros homens. 

Seguidamente o furriel ordenou aos seus homens que o acompanhassem à tabanca dos Fulas, no lado leste, onde se ouvia “cantar” uma metralhadora inimiga, já muito perto da rede de arame farpado. Aí chegados, o apontador da bazooka lançou mais duas granadas na direcção da metralhadora, calando-a definitivamente. Em seguida o furriel ordenou ainda aos seus homens que o acompanhassem em toda a volta do quartel e tabancas, tendo o apontador da bazooka feito fogo para vários locais suspeitos, conseguindo-se desta forma calar mais armas inimigas, com especial relevo uma metralhadora instalada no cais do porto velho, a qual também se calou definitivamente. Nesse local, ao amanhecer, foi encontrado mais um cadáver do inimigo com uma pistola que foi capturada. 

Após este raide, o inimigo começou a retirada, fazendo, no entanto, alguns tiros mais longínquos que cessaram definitivamente pelas 03h00 da manhã.

Pessoal que se distinguiu:

Toda a companhia actuou de molde a merecer elogios. Porém a acção, verdadeiramente excepcional e corajosa de um punhado de homens, transformou a situação desesperada num êxito retumbante. Foram eles:

- Furriel Miliciano Álvaro da Assunção Rodrigues Pontes   (**)

- 1º Cabo nº 2517/63 Vital Martinho (Apontador de bazooka)

- 1º Cabo nº 2514/63 Fernando das Neves Ferreira

- Soldado nº 3359/62 Eduardo Gonçalves Santos Rocha

- Soldado nº 2524/63 Luís Antunes Mendes

- Chefe Caçador Auxiliar Dauda Cassama (Beafada)

- Chefe Caçador Auxiliar Nhobo Baldé (Fula)



Guiné > Carta da província (1961) > Escala  1/500 mil  >  Pormenor: posição relativa de Empada, Bolama, Buba,  Catió e Bedanda. Bolama e Catió eram sedes de concelho ou circunscrição, as restantes localidades eram sede de posto administrativo.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2022)

(**) Morava em Estarreja; faleceu em 9 de outubro de 2018, aos 77 anos. (Fonte: União das Freguesias de Beduído e Veiras, concelho de Estarreja)

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Guiné 61/74 - P23040: Pequeno resumo dos dois anos em que estive na guerra (Joaquim Jorge, ex-alf mil, CCAÇ 616 / BCAÇ 619, Empada, 1964/66) - Parte I: 1964: 30 de maio, um ataque de seis horas!


Foto n.º 1 > Alguns dos ainda aspirantes a oficiais milicianos, do BCAÇ 619 , poucos dias antes do embarque para a Guiné: o 1.º da esquerda, sou eu, da CCaç 617; o 6.º é o médico da CCaç 617, Folhadela de Oliveira, o 7.º é o Montes, da CCaç 618 , o 8.º (e último), é o Joaquim da Silva Jorge, da CCaç 616.



Foto n.º 2 > Guiné > Bissau > Janeiro de 1964 > Alguns oficiais milicianos do BCAÇ 619: o 2.º sou eu e o 3.º é o Joaquim Jorge, assinalado com cercadura a amarelo.

Fotos (e legendas): © João Sacôto (2015). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Joaquim Jorge, Ferrel, Peniche. 
Foto: LG (2015)


1. Mensagem de Joaquim [da Silva] Jorge, régulo da Tabanca de Ferrel / Peniche, ex-alf mil, CCAÇ 616, Empada, 1964/66, BCAÇ 619, Catió, 1964/66), bancário reformado, ex-autarca e ativista comunitário; tem 17 referências no blogue; entrou para a Tabanca Grande em 2015:




Brasão da CCAÇ 616 (Empada, 1964/65).
A divisa, em latim, "Super Omnia", quer dizer "acima de tudo". 
Foto do álbum do  Francisco Monteiro Galveia 
(ex-1º cabo op cripto, vive em Fronteira)  (*)


CCAÇ 616 > Empada, 1964/66 > Pequeno resumo dos dois anos 
em que estive na guerra 

por Joaquim Jorge

Parte I - 1964: 30 de maio, um ataque de seis horas!


Quando chegámos ao “mato”, a Empada, para rendermos a companhia de caçadores 417 (**), encontrámos, primeiro por conversas com os camaradas que iam embora e depois pelos acontecimentos que se seguiram, encontrámos, dizia eu, uma situação deveras alarmante não só na questão operacional como também no tocante à precária condição de existência dos três mil nativos que compunham a população local. 

Não quero dizer com isto que tenha havido negligência por parte dos nossos antecessores. Eles fizeram a sua obrigação; portaram-se como todos os outros e como nós, pois não éramos diferentes, mas a guerra tinha começado ainda não havia um ano e o número de inimigos crescia. 

Foi com séria apreensão que encetámos a nossa campanha em Empada, uma pequena “vila” no sul da Guiné. Sabíamos que mais dia, menos dia teríamos de nos encontrar com os nossos inimigos ou teríamos a sua visita sempre aborrecida pelas consequências que daí advinham para o nosso reduto, o que equivale a dizer para a “tabanca” de Empada. 

E o certo é que nossa apreensão inicial não foi iludida… Estávamos lá há quinze dias quando o inimigo deu o primeiro sinal de que não queria deixar, de pé para a mão, de pensar em destroçar pessoal ou palhotas (moranças) de Empada. 

Talvez por não terem sido bem sucedidos nesta primeira incursão vissem que da maneira como tinham actuado não podiam ter o êxito desejado; então reorganizaram-se, pediram reforços a outros locais seus afectos e na noite de trinta de Maio tentaram aquilo que eles consideravam o fim de Empada. 

Nós nessa altura éramos um tanto inexperientes, “maçaricos” como se dizia na gíria militar; a maior parte dos militares da companhia ainda não tinha tido o chamado, na guerra, “baptismo de fogo” e nas primeiras horas (pois o ataque durou seis!!!),  andámos confundidos no meio de tiroteio infernal. 

Graças a Deus não houve muito perigo para nós, pois além de estarmos entrincheirados nos abrigos ao redor do quartel, o fogo inimigo passava muito alto e, além disso, tínhamos em redor das “tabancas” um grande número de voluntários nativos armados que aguentavam a pé firme os primeiros embates. 

Raiava o último dia do mês quando tudo sossegou… E até meados de Julho deixaram-nos viver com relativo sossego, sossego esse aproveitado por todos nós, (oficiais, sargentos e praças) para ajudarmos a população na reconstrução da sua vida normal, interrompida pela constante aflição e preocupação no tempo dos nossos antecessores, pois não lhes era permitido ausentarem-se da “tabanca” para procurarem os alimentos e daí pode calcular-se a miséria que grassava em Empada…

Cheguei a contar numa refeição duzentas e cinquenta crianças, todas nuas, de lata na mão, a irem ao encontro da “vianda” (comida), feita pela Companhia propositadamente para elas… Era a psico-social em funcionamento e a recuperação da confiança em todos os nativos. Escoltas para manter a segurança aos civis nativos que iam ao cajú e à manga, frutos preponderantes na sua alimentação, e autênticas rusgas a oito e nove quilómetros de Empada para colheita de cola, elemento essencial na riqueza da Guiné, foram levadas a cabo para tentarmos amenizar a fome. 

Como já atrás referi, o inimigo “deixou-nos” mais ou menos e com algum condicionalismo trabalhar nesta missão civilizadora até ao dia dezasseis de Julho, altura em que tentaram por todos os meios e em força invadir e destruir a “tabanca” e o quartel de Empada, matando a população e os militares. Eram estes os seus objectivos. 

O anterior ataque de trinta de Maio ensinou-nos muito; fizemos em conjunto uma análise a tudo o que se passou nessa noite e agora estávamos mais experientes e preparados e tínhamos tudo organizado para os “receber”. Não tiveram qualquer espécie de sorte pois viram desaparecer do rol dos vivos mais de quatro dezenas de homens, além da perda de armas e munições. Foi, diga-se, o remate psicológico nas pretensões do inimigo pois pode considerar-se que não mais tentaram penetrar em Empada. 

Não quero dizer com isto que eles deixaram de nos “visitar”. Nada disso. Simplesmente quando iam era só com intenção de flagelar, e de longe, para não sofrerem de novo os reveses sofridos na heroica (para nós) noite de dezasseis para dezassete de Julho. Até aí e sempre nunca descurámos os patrulhamentos pelas redondezas, estranhando que “eles” não se atravessassem no caminho com emboscadas ou implantações de minas traiçoeiras na terra mole dos caminhos. Também mantínhamos o cuidado constante de cortar o capim e o mato ao longo dos caminhos para dificultar ao inimigo a montagem de emboscadas. Tudo tínhamos planeado para garantir a segurança da população e a resolução do problema da sua subsistência. 

E trabalhámos arduamente para a resolução destes dois problemas. Não saía do nosso pensamento a ideia da criação e organização de uma companhia de milícias com os homens e jovens de Empada. Como comandante de Companhia expus esta ideia ao comandante de Batalhão e ao Governador e Comandante-Chefe da Guiné General Arnaldo Schultz que me apoiaram plenamente. 

Numa população de cerca de três mil pessoas conseguimos a adesão de cerca de duzentos voluntários que durante os meses de Novembro e Dezembro receberam instrução militar dada pelos oficiais e furriéis da Companhia e conseguimos organizar duas companhias: a 6.ª Companhia de Milícias comandada por Dauda Cassama e a 7.ª Companhia de Milícias comandada por Malan Sambu que seguiu para Jabadá para apoiar o Batalhão sediado em Tite. Connosco em Empada ficou a 6.ª Companhia. Os comandantes de companhia Dauda e Malan bem como os comandantes de pelotão foram promovidos a “Alferes de Segunda Linha”. 

Todos os elementos da companhia de Milícias ou “Voluntários”, como nós lhes chamávamos, passaram a receber seiscentos e setenta e cinco escudos por mês  e nos dias em que faziam patrulhamentos ou outros tipos de operações militares tinham direito a alimentação. [675$00, em dinheiro da metrópole, em 1964, equivaleria hoje a 277,92 €;  na Guiné, o escudo ou o peso, sofria ums desvalorização de 10%. LG ]

Sem dúvida que a constituição das companhias de milícias veio alterar, por completo, a vida das gentes de Empada, pois o ordenado fixo mensal veio dar possibilidades à resolução do problema há tanto tempo em causa: o problema da fome. Subiu o nível de vida do nativo, embora alguns não tenham sabido aproveitar completamente essa ascensão.

(Continua)


Guiné > Região de Quínara > Carta de Empada (1961) > Escala 1/50 mil > Posição relativa de Empada e, a sudeste, Ualada, onde a CCAÇ 616 tinha um pelotão destacado, (*)

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2019)
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 14 de fevereiro de  2019 > Guiné 61/74 - P19495: Consultório militar do José Martins (39): Ficha do Batalhão de Caçadores 619 (Catió, 1964/66)

(**) Vd. poste de 22 de fevereiro de 2016 > Guiné 63/74 - P15780: Consultório militar do José Martins (18): Forças Militares Portuguesas que passaram por Empada

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Guiné 61/74 - P19495: Consultório militar do José Martins (39): Ficha do Batalhão de Caçadores 619 (Catió, 1964/66)

 

 
1. E mensagem de 5 de Fevereiro de 2019 o nosso camarada e "consultor militar" José Martins [ex-Fur Mil TRMS, CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70) enviou-nos a ficha do BCAÇ 619 com as suas Companhias Operacionais, entre elas a CCAÇ 617 do outro nosso camarada João Sacoto, ex-Alf Mil.








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Nota do editor

Último poste da série de 24 de novembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19229: Consultório militar do José Martins (38): Pedido de Informações sobre a CCAÇ 2466 / BCAÇ 2861, Bula e Encheia, 1969/70, a que pertenceu o meu avô (Cristiana Duarte)

domingo, 17 de setembro de 2017

Guiné 61/74 - P17776: Consultório militar do José Martins (25): Lista das companhias que estiveram em Empada depois da CCAÇ 616 (1964/66), a pedido do Joaquim Jorge, régulo da tabanca de Ferrel, Peniche



Lista das companhias e pelotões que passaram por Empada, na região de Quínara, entre abril de 1963 e junho de 1974. Infogravura: José Martins (2017).


1.  Mensagem de Joaquim da Silva Jorge [ex-al mil, CCAÇ 616, Empada, 1964/66], régulo da tabanca de Ferrel, concelho de Peniche_

Data: 7 de setembro de 2017 às 14:45

Assunto: companhias que estiveram em Empada depois da CCAÇ  616


Caro Luís Graça: Boa tarde!

Há hipótese de descobrir as companhias que estiveram em Empada depois da minha 616?

A minha companhia saiu de lá em 24 ou 25 de janeiro de 1966. Tenho a relação completa de  1964 a 1974, mas não informatizei e não sei onde guardei essa relação que tenho em papel.

Estou a solicitar-te este favor para poder ajudar uma guineense a descobrir o pai da filha.

Desde já grato.

Um abraço, Joaquim Jorge


2. A pedido dos nossos editores, o nosso colaborador permanente José Martins mandou-nos, logo no próprio dia, a lista que publicamos acima, e que foi igualmente reencaminhada para o Joaquim Jorge. 


[Foto à direita: José Marcelino Martins (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70)]


Camaradas como o José Teixeira e o José Belo (CCAÇ 2381) bem como o Xico Allen (CCAÇ 3566) também passaram por Empada em épocas diferentes.

Temos mais de 140 referências a Empada. O Francisco Monteiro Calveia também pertenceu à CCAÇ 616.

O nosso "Zé Sherlock Holmes" chama-nos a atenção para o facto de as duas primeiras companhias da lista, a CCAÇ 83 e a CCÇ 153,  não terem ido completas para a Empada, mas sim apenas com  1 ou 2 Grupos de Combate.  

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Nota do editor:

Último poste da série > 8 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17559: Consultório militar do José Martins (24): D. Cecília de Freitas, Dama Enfermeira, equiparada a Alferes

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Guiné 63/74 - P15780: Consultório militar do José Martins (18): Forças Militares Portuguesas que passaram por Empada

1. Em mensagem do dia 8 de Fevereiro de 2016, o nosso camarada José Marcelino Martins (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), a propósito da consulta feita ao Blogue pelo nosso leitor Umaru Sambu, que deu origem ao P15720, enviou-nos a relação das Unidade Militares que passaram por Empada.


Dizia-nos Umaru Sambu na sua mensagem de 6 de Fevereiro:

Sou guineense, natural de Empada, maior de 60 anos de idade, vivo em Portugal desde 1986, filho de Bacar Sambu, antigo Soldado Miliciano em Empada, e sobrinho do antigo Comandante Miliciano Bajo Sambu, falecido em combate em 1963.

Este meu tio, Bajo Sambu, passado algum tempo depois da sua morte, como tinha deixado dois filhos menores, entre cinco e seis anos de idade, por qualquer motivo, foi-nos comunicado, na altura, que dentro da companhia de militares portugueses que tinham estado em Empada na altura da morte trágica dele, estavam Bissau, na capital, de partida para a metrópole e que tinham requerido para trazerem um dos filhos deste meu tio, nomeadamente o filho mais velho que tinha na altura 6 anos de idade, cujo nome era Infamara Buli Sambu, que assim foi.

Na altura o pedido foi aceite do imediato, porque como sabe naquela altura era mesmo perigoso viver naquela aldeia de Empada por causa dos ataques dos rebeldes. Não sei como foi feito o processo da vinda dele mas de facto foi trazido por uma companhia que antecedeu a companhia de Cap. Borges, Os Maiorais.
[...]

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Guiné-Bissau > Região de Quinara > Empada > 1969 > Parque da Oficina Auto e no exterior as moranças.
Foto: © Arménio Estorninho


2. Comentário do nosso camarada José Martins:

Parece haver nesta solicitação, alguma confusão de datas.
Trata-se de factos com quase 50 anos e passado com rapazes/crianças muito novas na altura.
Fala-se de ocorrências de 1963 e outras que poderão ter acontecido, pelos factos evidenciados, entre 1966 e 1968.

Segue listagem das unidades e subunidades presentes em Empada, com a origem das mesmas, período em que guarneceram aquele destacamento e os oficiais que exerceram o comando das mesmas.
Exceptuam-se os Pelotões de Morteiro cujo comando só se poderá obter em consulta ao Arquivo Histórico-Militar, caso haja História da Unidade.


Forças Militares Portuguesas que passaram por Empada: 

Companhia de Caçadores n.º 153 (RI 13 – Vila Real), destacou um pelotão que esteve entre Julho de 1961 e Fevereiro de 1963. A companhia foi comandada pelo Capitão de Infantaria José dos Santos Carreiro Curto.

Companhia de Caçadores n.º 84 (RI 1 – Amadora), destacou um pelotão que esteve entre Fevereiro de 1962 e Abril de 1963. A companhia foi comandada pelos: Capitão de Infantaria Manuel da Cunha Sardinha e Capitão Miliciano de Infantaria Jorge Saraiva Parracho.

Companhia de Caçadores n.º 417 (RI 15 – Tomar), ocupou o aquartelamento entre Abril de 1963 e Julho de 1964, quando terminou a comissão. Foi comandada pelo Capitão de Infantaria Carlos Figueiredo Delfino.

Companhia de Caçadores n.º 616 (RI 1 – Amadora), ocupou o aquartelamento entre Abril de 1964 e Janeiro de 1966, quando acabou a comissão. Foi comandada pelo Alferes Miliciano de Infantaria Joaquim da Silva Jorge, Capitão Miliciano de Infantaria António Francisco do Vale, Capitão de Infantaria José Pedro Mendes Franco do Carmo, de novo Alferes Miliciano de Infantaria Joaquim da Silva Jorge e Capitão de Cavalaria Germano Miquelina Cardoso Simões. Ostentou como Divisa “Super Omnia”.

Companhia de Milícias n.º 6, (Recrutamento local), ocupou o aquartelamento entre Janeiro de 1965 e Dezembro de 1971, até à extinção da força

Companhia de Caçadores n.º 1423 (RI 15 – Tomar), ocupou o aquartelamento entre Janeiro de 1966 e Dezembro do mesmo amo, seguindo depois para o Cachil. Foi comandada pelo Capitão de Infantaria Artur Pita Alves, Capitão de Infantaria João Augusto dos Santos Dias de Carvalho, Capitão de Cavalaria Eurico António Sacavém da Fonseca, de novo Capitão de Infantaria João Augusto dos Santos Dias de Carvalho, e de novo Capitão de Infantaria Artur Pita Alves. Ostentou como Divisa “Firmes e Constantes”.

Companhia de Caçadores n.º 1587 (RI 2 - Abrantes), ocupou o aquartelamento entre Novembro de 1966 e Janeiro de 1968, seguindo para Bissau. Foi comandada pelo Capitão Miliciano de Infantaria Pedro Eurico Galvão dos Reis Borges.

Companhia de Caçadores n.º 2381 (RI 2 - Abrantes), ocupou o aquartelamento entre Maio de 1969 e Fevereiro de 1970, seguindo para Bissau. Foi comandada pelo Capitão Miliciano Graduado de Infantaria Eduardo Moutinho Ferreira Santos. Ostentou como Divisas “Os Maiorais” e “Pela Lei. Pela Grei”.

Companhia de Artilharia n.º 2673 (GACA 2 – Torres Novas), ocupou o aquartelamento entre Fevereiro de 1970 e Maio de 1971, seguindo para Bissau. Foi comandada pelo Capitão de Artilharia Adolfo Pereira Marques e Capitão Miliciano José Vieira Pedro. Ostentou como Divisa “Leões de Empada”.

Companhia de Caçadores n.º 3373 (RI 1 - Amadora), ocupou o aquartelamento entre Maio de 1971 e Maio de 1972. Foi comandada pelo Capitão Miliciano de Artilharia Adérito Assis Cadório. Ostentou como Divisa “Os Catedráticos” e “Por Uma Guiné Melhor”.

Pelotão de Morteiros n.º 3020 (RI 2 – Abrantes), ocupou o aquartelamento entre Maio de 1971 e Março de 1973.

Companhia de Caçadores n.º 3566 (BC 10 - Chaves), ocupou o aquartelamento entre Maio de 1972 e Abril de 1974, terminando a comissão. Foi comandada pelo Capitão Miliciano de Infantaria João Rocheta Guerreiro Rua, Capitão de Infantaria Herberto Amaro Vieira Nascimento e Capitão Miliciano de Infantaria Pedro Manuel Vilaça Ferreira de Castro.

Pelotão de Morteiros n.º 4277/72 (RI 2 – Abrantes), ocupou o aquartelamento entre Janeiro e Agosto de 1973, seguindo para Aldeia Formosa.

Companhia de Caçadores n.º 4944/73 (BII 19 – Funchal), ocupou o aquartelamento entre Junho de 1974 e Setembro de 1974, aquando da retracção das nossas tropas. Foi comandada pelo Capitão Miliciano de Infantaria Mário José de Oliveira Pinheiro. Ostentou como Divisa “Os Galos do Cantanhez”.
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Nota do editor

Último poste da série de 12 de fevereiro de 2016 Guiné 63/74 - P15739: Consultório militar do José Martins (17): Arquivos, Bibliotecas e Centros de Documentação - Arquivo Histórico Militar

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Guiné 63/74 - P15700: Efemérides (209): Faz hoje 50 anos que a malta da CCAÇ 616 regressou a casa... E no fim de semana vai comemorar, em Fátima (Francisco Galveia, ex-1º cabo cripto / Joaquim Jorge, ex-alf mil, Empada, 1964/66)



Brasão da CCAÇ 616 (Empada, 1964/65). 
O lema, em latim, "Super Omnia", quer dizer "acima de tudo" (LG)



Fronteira, distrito de Portalegre > Ano escolar de 1950/51 >  Já eram poucos na altura os meninos (9) e as meninas (8) que andavam na escola primária... O concelho tem vindo a perder população desde 1960: eram na altura, pouco mais de 7 mil; hoje (2011) são à volta dos 3400. 

Descubram, no foto,  o nosso camarada, que 13 anos depois desembarcava em Bissau,  do T/T Quanza, mais a malta do seu BCAÇ 619 e da sua CCAÇ 616... 

Três camaradas, naturais do concelho de Fronteira, perderam a vida durante a guerra colonial: 2 em Moçambique e 1 na Guiné... Este último, natural de Cabeça de Vide, chamava-se Martinho Gramunha Marques e é um herói de Madina do Boé.

Foto da página do Facebook do avô Francisco Monteiro Galveia (, nascido em 6/9/1942)... 


Fotos: © Francisco Galveia (2016). Todos os direitos reservados.



1. Mensagem, com data de ontem, do Francisco Monteiro Galveia [ex-1º cabo cripto, CCAÇ 616 (Empada, 1964/66)] (*)


A CCAÇ 616 fez parte do BCAÇ 619.

Foi formada no Regimento de Infantaria da Amadora. Concluída a formação do Batalhão, fomos aguardar embarque para Leiria durante alguns dias, fomos de Lisboa para Leiria e  regresso num velho comboio, sem um minimo de condições. 

Em 08/01/1964, embarcámos em Lisboa a caminho da Guiné no barco, velho,  o Quanza,  sem um minimo de condições para transporte de passageiros, dormitórios e refeitório no porão com cheiro a tinta que era insuportável, a maioria do pessoal nem lá entrava, passava o tempo na parte superior do barco. Muita gente ficou doente toda a viagem. 

Chegado a Bissau 15/01/1964, o barco não atracou ao cais, desembarcámos para um grande batelão, com todo o material às costas, foi uma operação difícil. 

Aqui chegados, fomos instalados no Quartel General de Bissau durante o mês de fevereiro. Em março estivemos instalados no BCAÇ 600. Recebemos o espólio duma companhia de açorianos que não tinha um rádio nem uma viatura a trabalhar, só ao fim de 8 dias os nossos mecânicos conseguiram colocar um jipe a funcionar. 

Continuando em 31/3/1964 , seguimos via Bolama, em   LDM, para  para Empada  substituindo ali a CCAÇ 427. Ficamos instalados na maioria em velhos barracões. 

Assim que possível continuarei esta caminhada.


2. Comentário do editor:

Soubemos, pelo Joaquim Jorge, ex-alf mil, que vive em Ferrel, Peniche, que a "sua" CCAÇ 616 vai comemorar o meio século do regresso a casa, nos dias 6 e 7,  em Fátima,  no hotel Pax,  local de resto já habitual para os seus convívios anuais. Para o Joaquim, o Francisco e demais camaradas da CCAÇ 616, vai um forte abraço do tamanho do rio Grande de Buba.

domingo, 24 de janeiro de 2016

Guiné 63/74 - P15663: Convívios (725): Almoço, no restaurante "O Teimoso", Casal do Forno, Marteleira, na estrada nacional nº 8-2 [Torres Vedras-Lourinhã], sábado, dia 30, comemorativo dos 50 anos do regresso do pessoal do BCAÇ 619: CCAÇ 616 (Empada), CCAÇ 617 (Catió e Cachil) e CCAÇ 618 (São Domingos), 1964/66

1. Através do nosso camarada Carlos Alberto Rodrigues Cruz (,ex-fur mil da CCAÇ 617/BCAÇ 619, Catió e Cachil, 1964/66), por mensagem de 22 do corrente, soubemos que:


(i) no próximo dia 2/2/2016 os elementos que integraram o BCAÇ 619, respetivamente, CCAÇ 616 (Empada), CCAÇ 617 (Catió) e CCAÇ 618 (São Domingos) vão comemorar os 50 anos do seu regresso a casa;


(ii) haverá um almoço-convívio, no restaurante "O Teimoso", Lourinhã, no sábado, dia 30 do corrente;

(iii) a organização é de malta do norte, da CCAÇ 617 [, de quem não temos nenhum contacto].


2. Pergunta-nos o Carlos AS R. Cruz: 

"Para quem vai de Lisboa, pela autoestrada A8, em qual saída da mesma deve sair para ir direto a esta localidade ? Será na 1ª saída, logo que se aviste a placa sinalizada como Lourinhã ? Ou será apenas na 2ª ?"

Respondi-lhe nestes termos:

"Em princípio, tomas a A8...

"Na A8, sais na primeira indicação para a Lourinhã (depois das duas indicações para Torres Vedras – “Torres Vedras Sul” e “Torres Vedras Centro”);

"Da portagem até à Lourinhã são cerca de 20 km, o Casal do Forno, antes da Marteleira, deve ficar a cerca de 13/14 km. O restaurante "O Teimoso" fica do lado esquerdo, antes da fábrica de rações Valouro... Consulta o mapa aqui!... (Página do Facebook).

Restaurante "O Teimosos"
Casal do Forno, EN 8-2, 
Marteleira
2530-336 Lourinhã


3. O nosso camarada queria que eu passasse por lá [, mas não vai dar]...

"Se me fôr possível irei levar o meu álbum fotográfico para te poder mostrar fotos (algumas já um pouco degradadas devido aos anos, mais de 50) mas ainda capazes de te aguçar a curiosidade sobre o que foi o percurso da Companhia [, a CCAÇ 617,] nomeadamente a nossa permanência na ilha do Como, já nos últimos dias da nossa comissão, mas que ficaram marcados pelo terrível ataque a que fomos sujeitos na véspera do dia de natal de 1965 em que tivémos só 16 feridos de uma assentada, alguns com necessidade de evacuação para a metrópole, devido à sua gravidade e urgência no tratamento das mazelas sofridas.

"Luis já vai um pouco extensa a minha mensagem mas é sempre difícil dizer em menos palavras aquilo que me vai na alma. Despeço-me, com aquele abraço que te é devido não só pela obra por ti criada, mas por seres um ser humano de eleição, amigo de todos nós e dinamizador de toda uma realidade que admiramos, também pelo teu percurso académico bem demonstrativo da tua personalidade que encanta quem te conhece.

"CRUZ (Grã-tabanqueiro nº 638
Paço de Arcos-sur-mer
2770-134 - Paço de Arcos"

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Nota do editor:

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Guiné 63/74 - P15012: Convívios (703): 1º encontro da tabanca de Ferrel, 12 de agosto de 2015 - Parte III (e última): seleção de fotos de Luís Graça


Tabanca de Ferrel > 12 de agosto de 2015 > 1º Convívio > Duas dezenas e meia de convivas, oriundos dos concelhos de Peniche e Lourinhã, mas também do Cadaval,  juntaram-se para celebrar, no "querido mês de agosto", a amizade e a camaradagem.



Tabanca de Ferrel > 12 de agosto de 2015 > 1º Convívio > O régulo da Tabanca de Porto Dinheiro (Lourinhã), que fez a convocatória do pessoal e trouxe as sardinhas, aqui com o seu neto "espanhol"... Um dos seus filhos vive e trabalha em Madrid... que este país, "à beira-mar plantado", é pequeno demais para tanta gente jovem que, se hoje não tem o fantasma da guerra a hipotecar o seu futuro próximo, tem que enfrentar  realidade, não menos brutal,  da precariedade do emprego e da falta de trabalho... (Recorde-se que o Eduardo Jorge Ferreira foi alf mil da Polícia Aérea, BA12, Bissalanca, 1973/74).


Tabanca de Ferrel > 12 de agosto de 2015 > 1º Convívio > Avó e neto... Uma "bajuda", a São,  que passou a adolescência em Bissau, onde o pai trabalhava nos CTT, na parte das telecomunicações...


Tabanca de Ferrel > 12 de agosto de 2015 > 1º Convívio > > O Pinto Carvalho e a sua "bajuda",  Maria do Céu... Vieram do Cadaval, onde os negócios hoteleiros continuam prósperos...


Tabanca de Ferrel > 12 de agosto de 2015 > 1º Convívio > > Pinto Carvalho e, na mesa, o João Sacôto e esposa, em conversa com a Maria do Céu...


Tabanca de Ferrel > 12 de agosto de 2015 > 1º Convívio > "Eu parece-me que vos conheço de algum lado!... Ah!, já sei, estivemos juntos na Escócia a semana passada, em viagem turística!", diz o António Miguel Franco para o João Sacôto e esposa... "Não pode ser!", ironiza o Joaquim Jorge que acabava de abraçar o  seu camarada de há 50 anos atrás, o João, pertencente ao mesmo batalhão, o BCAÇ 619 (Catió, 1964/66)...  O João pertenceu à CCAÇ 617, o Joaquim à CCAÇ 616...  Há 50 anos que não se viam...


Tabanca de Ferrel > 12 de agosto de 2015 > 1º Convívio > O António Miguel Franco saudando os camaradas da Tabanca Grande... Casado, já pai de uma filha, foi mobilizado como capitão, em rendição individual... Foi substituir um capitão que tinha morrido em Pirada... Acabou por ir parar a Nhacra... E terminou a sua comissão, em Bissau, à frente da companhia de transportes: a missão, macabra,  que lhe foi destinada foi o transporte, para embarque,  de centenas de urnas com os restos mortais de militares metropolitanos, acumuladas nos últimos tempos da guerra... Foi um dos nossos camaradas que "fechou a guerra"...  (O camarada ao lado do Miguel Franco, o Luís Silva, foi combatente em Angola).




Tabanca de Ferrel > 12 de agosto de 2015 > 1º Convívio > O Jaime, a Dina, e a Rosário Henriques, esposa do Estêvão Henriques (que está em vias de integrar a Tabanca Grande, mal nos mande uma foto antigq, do seu tempo de Catió:  foi furriel radiomontador, CCS/BCAÇ 1858, Catió, 1965/67; os dois casais são vizinhos, do Seixal, Lourinhã).



Tabanca de Ferrel > 12 de agosto de 2015 > 1º Convívio >  Junto ao monumento aos combatentes: o professor Jaime Bonifácio Marques da Silva, elucidando a Maria Alice Carneiro  sobre alguns aspetos técnicos do monumento...


Tabanca de Ferrel > 12 de agosto de 2015 > 1º Convívio > O "capitão  pira"(António Miguel Franco)  e o "alferes velhinho" (Joaquim Jorge)... Na vida real, dois e velhos amigos, e vizinhos, embora de freguesias diferentes e "rivais" (Atouguia da Baleia e Ferrel).


Tabanca de Ferrel > 12 de agosto de 2015 > 1º Convívio >  Na hora da despedida: António, Joaquim e Eduardo, sob o olhar, já saudosista, do João...


Tabanca de Ferrel > 12 de agosto de 2015 > 1º Convívio >  Dois régulos de tabancas do oeste estremenho... Régulos de peso!... Falamos do Joaquim Jorge (Ferrel, Peniche) e Eduardo Jorge Ferreira (Porto Dinheiro, Lourinhã).. Obrigado, camaradas pela hospitalidade e logística!... Para o ano,  haverá mais!... Até lá, que Deus, Alá e os bons irãs acocorados no alto do poilão da Tabanca Grande nos protejam a todos/as!

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2015). Todos os direitos reservados
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Nota do editor:

Último poste da série > 16 de agosto de 2015 >  Guiné 63/74 - P15009: Convívios (702): 1º encontro da tabanca de Ferrel, 12 de agosto de 2015 - Parte II: seleção de fotos de António Manuel Fonseca Pinto