sábado, 17 de junho de 2023

Guiné 61/74 - P24408: Efemérides (396): 17 de Junho, o Dia da Consciência, em memória de Aristides Sousa Mendes (João Crisóstomo, Nova Iorque) - Parte I: Carta enviada às dioceses portuguesas


Aristides de Sousa Mendes, consul português de Bordéus, 1940.

Cortesia de Fundação Aristides de Sousa Mendes.

1. Mensagem do nosso amigo e camarada João Crisóstomo, Nova Iorque:

Data - 4 jun 2023 10;34
Assunto - Hello, de Nova Iorque

Meus caros Luís Graça e Alice,

Desculpem o meu silêncio. Tenho tentado "segui-los” e, quando descubro algo bom, fico logo contente, como por exemplo de ver o Luís a apanhar uma boleia dum camarada para poder estar também presente num encontro. Nem o blogue tenho seguido com o cuidado e carinho que merece. Mas, mesmo sem enviar abraços individuais como devia fazer, não me passaram despercebidos aniversários de nossos camaradas; como não deixei de ler sobre encontros — um deles em A-dos-Cunhados terra onde nasci, e por isso senti pena, quase raiva, de não ter podido ter presente; e os posts de especial interesse para mim como o do Abel Rei e outros falando sobre Enxalé, Xime e Bambadinca… e alguns “hellos” especiais, enviados de camaradas na diáspora de quem há muito não sabia nada.

Como os “avisei" por telefone há tempos atrás, a data de 17 de junho (Dia da Consciência) (*) tem-me exigido todo o tempo. Nas últimas duas semanas, desde o momento em que a Vilma partiu (foi passar uns tempos à Eslovénia, sua terra natal), nada mais tenho feito, 24 sobre sobre 24 horas, nem mesmo descansar, pois foram várias as noites em que nem fui à cama. Aliás foi uma das razões, além de outras de carácter burocrático, que me forçou a ficar aqui e não acompanhar a Vilma à Eslovénia. Mas, graças ao WattsApp, temos-nos visto e falado todos os dias.

Sobre este “Dia da Consciência” para quem o assunto tiver interesse, dado a sua ligação com o nosso Aristides de Sousa Mendes, vou-te enviar cópia da carta que enviei mundo fora para (71 países), individualmente pois eu não sei fazer esses milagres de internet que para gente mais sabida em coisas digitais é o pão de cada dia. E da carta que enviei individualmente a todas as dioceses portuguesas. Embora ainda cedo, que ainda faltam duas semanas, envio-te também algumas respostas já recebidas. (**)

Muito provavelmente este ano fico-me por aqui, a não ser que alguma razão de força maior me obrigue a ir a Portugal. Redobrada será a satisfação quando nos encontrarmos na próxima vez.

Um abraço com saudades , 
João


2. Carta enviada para as dioceses portugueses, por João Crisóstomo:

Founder and coordinator of the “Day of Conscience Project”
Vice President of Angelo Roncalli International Committee
Raoul Wallenberg Foundation, New York
tel 1 917 257 1501; E mail crisostomo.joao2@gmail.com


Saudações amigas de Nova Iorque e os meus respeitosos cumprimentos.

As palavras de Sua Santidade o Papa Francisco na sua audiência geral de 17 de Junho de 2020 foram estímulo grande para o projecto Dia da Consciência, que temos vindo a celebrar desde 2004, 50.º aniversário da morte de Aristides de Sousa Mendes.

Devido à pandemia que assolou o mundo até recentemente, pouco aconteceu nos últimos dois anos, salvo algumas excepções como a lembrança e celebração deste dia por Sua Eminência Dom Manuel Clemente em Lisboa no ano passado. Queremos agora recomeçar e reavivar a lembrança e celebração do Dia da Consciência, acentuando a sua ligação entre a corajosa decisão de Aristides de Sousa Mendes e a sua consciência cristã.

Venho pedir a Vossa Excelência o seu apoio e participação na diocese de_________ neste “despertar de consciências”. Fui motivado a esta decisão de contactar as conferências episcopais mundo fora, e no caso de Portugal de fazer um pedido directo às dioceses individualmente, por uma experiência que tive com o nosso saudoso bispo D. Daniel Henrique.

Em junho de 2018 pedi a Sua Excelência, quando Dom Daniel Henrique era ainda Vigário em Torres Vedras, o seu apoio e participação neste projecto. A sua resposta a 14 desse mês foi <<... Com todo o gosto farei referência, na homilia e na Oração dos fiéis das missas do próximo domingo a este assunto e tratarei de o divulgar entre os colegas das 20 paróquias da Vigararia de Torres Vedras, assim como no Jornal Badaladas...>>

Inspirado neste contacto em 2021 enviei uma carta a diversas conferencias episcopais mundo fora. Os resultados foram gratificantes nesse ano, com muitas respostas positivas, da Bélgica às Filipinas.

Para este ano 2023, enviamos recentemente uma carta (que junto a seguir a esta) a muitas conferências episcopais pelo mundo fora com resultados já gratificantes, desde a Belgica << As we did in 2021…>>... Irlanda << The Commission recommended to the Bishops that they might consider the implementation of this initiative within their dioceses.>>…. Malasia <<I have forwarded your mail to all the bishops …>>;… Zimbabwe <<Greetings from Zimbabwe... We have circulated the letter to all the bishops>>...

Em resposta a uma pergunta sobre como celebrar o “Dia da Consciência" fui instruído de que "since the “Day of Conscience” has been celebrated since 2004 on June 17, there is no reason to change to another date… (and also that) … there is no reason to prevent it ( the Day of Conscience) from being mentioned at the Masses of the previous Sunday before June 17, as a way to reach a wider audience so that the “Day of Conscience” message can be spread and made known in church bulletins and all other ways available, including other media and social media”.

A situação, em muitas vertentes confusa e caótica do mundo de hoje, exige um movimento de Renascimento para um mundo melhor. O "Projecto Dia da Consciência" tenta vir ao encontro deste. A semana 11 a 17 de Junho, dedicada a um “despertar de consciências” assume especial relevância este ano, num contexto de preparação para o Encontro Mundial da Juventude em Agosto.
(Negritos nossos, editor LG)

Porque achamos que Portugal deve liderar este movimento de despertar de consciências, projecto inspirado e nascido pela sua ligação a Aristides de Sousa Mendes, decidi contactar as dioceses portuguesas individualmente. E neste sentido vimos pedir a Vossa Excelência que a mensagem inerente ao Dia da Consciência receba a relevância que Vossa Excelência ache apropriada, nomeadamente que seja mencionado nas missas do dia 11, domingo anterior ao dia 17, em todas as paróquias de__________ .

Na esperança dum bom acolhimento a este meu pedido e o favor de uma resposta, queira aceitar os meus respeitosos cumprimentos.
João Crisóstomo

(Continua)
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Notas do editor:

(*) Vd. postes de:

1 de julho de 2020 > Guiné 61/74 - P21128: Efemérides (329): "17 de junho, o Dia da Consciência", o historial de uma causa em que o mundo (, o Vaticano incluído,) relembra o exemplo inspirador do diplomata português Aristides de Sousa Mendes (João Crisóstomo, Nova Iorque)

17 der junho de 2022 > Guiné 61/74 - P23361: Efemérides (371): 17 de junho de 2022, Dia da Consciência, em memória de Aristides de Sousa Mendes (João Crisóstomo, Eslovénia)

(**) 13 de junho de  2023 > Guiné 61/74 - P24396: Efemérides (395): Leça da Palmeira comemorou, mais uma vez, o 10 de Junho e homenageou os seus Combatentes caídos em Campanha (Núcleo de Matosinhos da LC / Carlos Vinhal)

Guiné 61/74 - P24407: Os nossos seres, saberes e lazeres (577): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (107): Com sangue d’África, com ossos d’Europa: Ribeira Grande à noite, no dia seguinte em excursão com o sr. Adelino, não faltará Xôxô nem a Ponta do Sol (6) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 3 de Maio de 2023:

Queridos amigos,
Apetece recordar aquela memória de António Pusich intitulada As Ilhas de Cabo Verde no Princípio do Século XIX, publicada nos anos 1950 por Orlando Ribeiro, no que toca à ilha de Santo Antão: "É mui alta e montuosa esta ilha, fertilissima porém, com boas chuvas, e produz muito milho, feijão e outros frutos, com suficiente quantidade de gado de toda a espécie; produz também muito vinho verde para uso dos seus numerosos habitantes, muita e boa urzela, bastante algodão e anil; e nesta ilha se tece a maior parte dos panos de algodão que servem para comércio da costa da Guiné. O clima desta ilha é mui temperado e saudável, e o seu terreno é todo realengo." Nunca suspeitei vir a ser confrontado com este Éden, fiz estadia na Ribeira Grande, e agora vou seguir para outro ermo, com trapiche na vizinhança, mas antes quero mostrar-vos o que de belo encontrei em Xôxô e Ponta do Sol.

Um abraço do
Mário



Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (107):
Com sangue d’África, com ossos d’Europa: Ribeira Grande à noite, no dia seguinte em excursão com o sr. Adelino, não faltará Xôxô nem a Ponta do Sol (6)


Mário Beja Santos

Continuo a coligir ao serão elementos sobre esta sociedade cabo-verdiana depois da abolição da escravatura e até os tempos de hoje. Mal sabia Sá da Bandeira que completada a abolição em 1869, a evolução social da região viveu uma autêntica luta de classes, os senhores da terra, os reinóis, que detinham os privilégios, viram abrirem-se as portas à mobilidade social, emerge uma burguesia, desenvolvem-se os negócios, difunde-se o ensino, por exemplo a Escola Superior da Brava, em 1846, o Seminário Liceu de S. Nicolau, em 1866; os “brancos da terra” pareciam imparáveis. Mas não tanto em todo o arquipélago, especialmente em Santo Antão e S. Nicolau o processo de distribuição das terras foi sujeito a múltiplos condicionalismos, o Estado teve que intervir, dinamizar a fixação de colonos. No Barlavento a terra encontrava-se praticamente sem dono, no Sotavento dominavam os reinóis e até estrangeiros que tinham ascendido ao estatuto de morgados. No virar do século XIX distinguiam-se no espaço social cabo-verdiano os “brancos da terra” e alguns pretos, possuidores das melhores terras, depois uma classe intermédia, com considerável amplitude no Barlavento; e temos por último o campesinato. O retrato só fica verdadeiramente completo na fase contemporânea com a explosão da emigração. Esta emigração não forçada acarreta vários benefícios: regressam com bagagem cultural, constroem, investem, são um polo de dinamização, esbateram-se as distinções raciais (não deixou de haver distinções de hierarquias, como é óbvio) as desigualdades marcam presença, já as vi com nitidez em S. Vicente, muita mão estendida, pareceu-me haver menos pobreza em Santo Antão, mas é perceção de quem por aqui turista escassos dias. Esta noite vou ler o que há de mais importante na bela literatura cabo-verdiana, depois conto.
Em frente à minha casa na Ribeira Grande está a desabrochar penso eu que é uma acácia de uma fenda dentro da rocha, embeveço-me sempre com estas partidas da natureza, então aqui em Santo Antão onde parece que o verde é suficientemente teimoso para querer atapetar o que está à altura dos olhos, quando amanhã andar por Corda, Esponjeira, Lagoa, Cova do Paúl e até Xôxô não será bem assim, há paisagens lunares, ou quase, mas o verde predomina, e guardei também os odores do trabalho do trapiche, o grogue em preparação.
É o que avisto da minha varanda, e ponho-me a pensar como esta sociedade é nova, a população é preponderantemente jovem, interrogo-me porque é que vivem todos uns em cima dos outros, quando desço por estas ruas de dimensões medievais, sombreadas, o que há de mais agradável é cumprimentar toda a gente, até chegar às mercearias, ou descer para tomar café, nunca tinha bebido café de Santo Antão, é muito aromático e tem corpo. Pois bem, alambazei-me com um salmonete, uma bela sopa de abóbora, toca de dar um passeio por esta Ribeira Grande.
Ali perto da igreja, com as portas bem fechadas, soltava-se um coro, dizia-se “glória, glória” sem parar, com vários cambiantes de voz; intrigado, perguntei a um passante o que se passava, era o Sr. Padre a ensaiar o coro, a Quaresma estava à vista, a Ressurreição é momento determinante do cristianismo; entrei por porta lateral e pedi licença para assistir a um ensaio, fui recebido com simpatia, e ali estive um bom tempo a ouvir cantar “glória” sem parar.
Finda a exaltação a Deus renascido, toca de continuar o passeio, havia luz acesa no mercado, ali me deixei ficar atónito, jamais em dias da minha vida vira uma árvore a furar o telhado entre bancas de peixaria, abençoado o construtor que encontrou tão bonita solução, para fazer o encontro entre a natureza do solo terrestre com o mercado daquele peixe que vem do mar próximo, enfim, duas confluências da natureza.
Na minha petulância, ainda me julgo capaz de reter na memória exatamente o que estou a ver, julgo-me ágil, não há que enganar, o que eu estou a ver é Corda, ou Esponjeira, a verdade é que estou hesitante, talvez para o caso não tenha interesse nenhum, o que importa dizer é que o sr. Adelino compareceu à hora certa e o coletivo começou a subir para os céus, já sentia estalos nos ouvidos, ele a mandar olhar para a direita e para a esquerda, a fazer paragens nos miradouros, fiquei surpreendido por haver de um lado uma paisagem lunar e noutra terrenos altamente férteis, talvez Corda, talvez Esponjeira, talvez Lagoa, e dá muito que pensar como lá em baixo a vida se desenvolve, a ilha pode gabar-se de ter boas estradas, embora logo no primeiro dia este exímio condutor, o sr. Adelino, tenha informado que a mais bela paisagem a desfrutar é pela estada velha que se apanha no Porto Novo, estrada do tempo colonial, tem vistas de cortar o fôlego, ficará para a próxima.
Estamos nas alturas, até dá para avistar S. Vicente, é dia de plena luminosidade, sabe-se lá bem porquê aqui do miradouro pensei que estava na ilha de S. Jorge, com aquela descida para as Fajãs e com o canal dos Açores de premeio. Na imagem acima, acredite o leitor que o que registei é a poucas centenas de metros desta deslumbrante descida, Santo Antão é mesmo assim, e agora vamos para o vale do Paúl, os contornos da natureza ainda são mais caprichosos.
É assim mesmo, viemos até ao vale, ouve-se o murmúrio da água a correr, o arvoredo é cerrado, até parece que estamos a amarinhar para as montanhas, e aqui em baixo, enquanto se come frango assado, cercado de bananeiras, mangal, milho, hortas de legumes vários, temos a aspereza das montanhas pela frente, mas sempre com estas cortinas de verdura, até apetece amarinhar por aí acima, não pode ser, o sr. Adelino já olhou para o relógio, vamos voltar para a Ribeira Grande, a itinerância seguinte é Xôxô e Ponta do Sol.
Já não recordo em que dado passo do percurso fixei este recorte da costa, talvez tenha sido quando visitei a praia da Sinagoga, ou no passeio de regresso até Pombas, não importa, deu-me novamente para pensar nos Açores, nesta ligação apertada entre a escarpa e a água, sem transigência alguma para haver praias ou ancoradouros ou enseadas, ali me deixei a contemplar aquele extremo da ilha, pareceu-me o dorso da baleia em repouso. E agora vamos para Xôxô e Ponta do Sol.

(continua)

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Nota do editor

Último poste da série de 10 DE JUNHO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24384: Os nossos seres, saberes e lazeres (576): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (106): Com sangue d’África, com ossos d’Europa: chegou a hora de me embrenhar na floresta mágica de Santo Antão (5) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P24406: Agenda cultural (834): Apresentação do livro "Memórias de um Combatente", da autoria de José Ferreira, antigo Combatente em Angola, a ter lugar no Salão Nobre do Quartel dos Bombeiros Voluntários de Resende, dia 25 de Junho de 2023, pelas 16 horas (Fátima Silva e Fátima Soledade)

C O N V I T E

1. Mensagem das nossas amigas Fátima Soledade e Fátima Silva, ambas filhas de antigos combatentes do ultramar, enviada ao nosso Blogue hoje mesmo:

Boa noite, Carlos:
Temos o prazer de dar a conhecer o lançamento do livro "Memórias de um Combatente" do autor José Ferreira, também este combatente em Angola. Os seus textos atravessaram o Oceano Atlântico há mais de cinquenta anos. São testemunhos reais vividos por um jovem que se vê afastado da sua terra e dos seus.

Com a maior estima e consideração.
Fátima´s

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Nota do editor

Último poste da série de 4 DE MAIO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24282: Agenda cultural (833): Apresentação do livro "João Cardoso de Oliveira - homem e sacerdote", da autoria do nosso camarada António Mário Leitão, a levar a efeito no próximo dia 6 de Maio de 2023, pelas 16h30, na Igreja Matriz de Ponte de Lima

Guiné 61/74 - P24405: Prova de vida (8): Martins Julião (ex-alf mil, CCAÇ 2701, Saltinho, 1970/72), um dos históricos da Tabanca Grande e do nosso I Encontro Nacional, na Ameira, Montemor-o-Novo, em 14/10/2006

Distintivo da CCAÇ 2701 (Saltinho, 1970/72), cujo pessoal se reúne hoje, em convívio,  em Cantanhede. 


Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Sctor L1 > Xitole > 1970 > O alf mil José Luís Vacas de Carvalho, de lencinho ao pescoço no Xitole, sentado em cima de uma das suas Daimler (Pel Rec Dsimer 2206, Bambadinca, 1969/71)... À sua direita, o fur mil op esp, Humberto Reis, o nosso fotógrafo... À direita, o fur mil at inf, Arlindo Roda, outro grande fotógrafo, ambos da CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71)... Atrás do Roda, o fur mil enf enf José Alberto Coelho, da CCS / BART 2917 (Bambadinca, 1970/72)... 

Não temos a certeza sobre a data desta coluna logística ao Xitole e talvez ao Saltinho: deve-se ter realizado, ainda na época seca, mas já np 2º trimestre de 1970, na altura da chegada do BART 2917.

A CCAÇ 2701 já estava no Saltinho. Recorde-.se que em 10 de maio de 70, após sobreposição com o BCaç 2851, o BCAÇ 2912 assumiu a responsabilidade do Sector L5, com sede em Galomaro, e abrangendo os subsectores de Dulombi (CCAÇ 2700), Saltinho (CCAÇ 2701), Cancolim (CCAÇ 2699)  e Galomaro. O cmd da CCAÇ 2701 era o cap inf Carlos Trindade Clemente, e o Martins Juliáo era um dos alferes da companhia.

Foto: © Humberto Reis (2006). 
odos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de Martins Julião (ex-alf mil, CCAÇ 2701, Saltinho, 1970/72), membro da nossa Tabanca Grande desde 23 de julho de 2006 (*), e um dos "históricos" do nosso I Encontro Nacional, na Ameira, Montemor-o-Novo (**), mas de quem, espantosamente, ainda continuamos a não ter nenhuma foto, à civil ou à militar...

Data - terça, 13/06/2023, 18:03

Luis, sou o Martins Julião; ainda estou vivo.  (***)

Grande abraço e havemos de nos voltar a encontrar.

Parabéns Para ti e ao Blogue cuja leitura nunca falho.




Montemor-o-Novo > Ameira > 14 de Outubro de 2006 >  I Encontro Nacional da Tabanca Grande > O grupo de "tertulianos" (foi assim que nos começámos a tratar, os membros da "tertúlia da Guiné"...),  fotografados, por volta da 13h, antes do almoço no Restaurante Café do Monte, na Herdade da Ameira. Ainda não tinham chegado todos/todas... Não consigo identificar aqui o Martins Julião e a esposa.

Fotos (e legenda): © Luís Graça (2006) . Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

2. Lista (nunca validada pelo grande organizador deste encontro histórico, o Carlos Marques Santos, já falecido) dos presentes na Ameira, Montemor-o-Novo, em 14/10/2016 (*). Nem todos/as couberam nas fotografias (e começamos por pedir desculpa se falhamos o nome de alguém)... Para já a lista era de 53 participantes, 6 dos quais (11,3%) infelizmente já faleceram:
  • António Baia (Amadora) (pertencia ao BINT);
  • António Pimentel (Porto / Figueira da Foz):
  • António Santos e esposa (Caneças / Loures);
  • Aires Ferreira (região centro);
  • Carlos Alberto Oliveira Santos (Coimbra) (fur mil, CCAÇ 2701, Saltinho, 1970/72) (falecido em 2022, nunca chegou a integrar formalmente a Tabanca Grande, o que achamos injusto: participou em pelo, menos 3 enconstros nacionais)
  • Carlos Fortunato e esposa (Lisboa);
  • Carlos Marques dos Santos (1943-2019) e esposa (Coimbra);
  • Carlos Vinhal e esposa Dina, (Matosinhos);
  • David Guimarães e esposa, Lígia (Espinho);
  • Fernando Calado (Lisboa);
  • Fernando Chapouto e esposa (Bobadela / Loures);
  • Fernando Franco (1951-2020) e esposa (Venda Nova / Amadora);
  • Hernâni Figueiredo (Ovar);
  • Humberto Reis e esposa, Teresa Reis (1947-2011) (Alfragide / Amadora);
  • Jorge Cabral (1944-2021)  (Lisboa);
  • José Bastos (região norte);
  • José Casimiro Carvalho (Maia);
  • José Luís Vacas de Carvalho (Lisboa  e Montemor-o-Novo);
  • José Martins e esposa (Odivelas);
  • Luís Graça e esposa, Alice Carneiro (Alfragide/Amadora);
  • Manuel Lema Santos e esposa (Massamá / Sintra);
  • Manuel Oliveira Pereira e esposa (Lisboa, vive hoje em Ponte de Lima);
  • Martins Julião e esposa (Oliveira de Azeméis?);
  • Neves, empresário em Bissau (de que só sabemos o apelido...)
  • Paulo Raposo (Ameira / Montemor-o-Novo);
  • Paulo Santiago (Águeda);
  • Pedro Lauret (Lisboa);
  • Raul Albino (1945-2020) (Vila Nogueira de Azeitão, Setúbal);
  • Rui Felício (Lisboa);
  • Sampedro (ex-capitão, do BCAÇ 3884 , Bafatá, Contuboel, Geba e Fajonquito, 1972/74)
  • Sérgio Pereira e esposa (Lisboa);
  • Tino (ou Constantino) Neves e esposa (Laranjeiro, Almada);
  • Vitor Junqueira e filha (Pombal);
  • Victor David e esposa (Coimbra);
  • Virgínio Briote e esposa (Lisboa).
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Notas do editor:
 
(*) Vd. poste de 23 de julho de  2006 > Guiné 63/74 - P981: Tabanca Grande: Martins Julião, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2701, Saltinho, 1970/72

(...) "Só há pouco tempo conheci este espaço de encontro. O Paulo Santiago (Pel Caç Nat 53, Saltinho), foi o camarada responsável pela minha apresentação aos camaradas de tertúlia.Chamo-me Martins Julião, fui Alferes Miliciano de Infantaria da CCAÇ 2701 (Saltinho, Abril de 1970/Abril de 72).Hoje sou um pequeno empresário e gerente de uma unidade industrial, após mais de 20 anos como professor do Ensino Secundário" (...).


Guiné 61/74 - P24404: Parabéns a você (2179): Juvenal Amado, ex-1.º Cabo CCS / BCAÇ 3872 (Galomaro, 1971/74)

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Nota do editor

Último poste da série de 8 DE JUNHO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24377: Parabéns a você (2178): João Gabriel Sacôto Fernandes, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 617/BCAÇ 619 (Bissau, Catió e Cachil, 1964/66)

sexta-feira, 16 de junho de 2023

Guiné 61/74 - P24403: Notas de leitura (1590): "O Cântico das Costureiras - Crónicas D'Uma Vida Adiada - Guiné 1964 - 1965", por Gonçalo Inocentes; Modocromia Edições, 2020 - As Peregrinações de Gonçalo Inocentes, zombeteiras e resilientes (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 14 de Janeiro de 2021:

Queridos amigos,
Há dez anos, quando estava a preparar o meu livro sobre a literatura da guerra da Guiné, ainda suponha que a veia literária dos velhos combatentes se pudesse encaminhar pelo leito do romance, o que então parecia afirmar-se categoricamente era a literatura memorial. Parece que o romance secou, a poesia é cada vez menos pródiga , há, é certo, investigação, documentação, apresentação de acervos fotográficos, mas são as memórias que pontificam. E Gonçalo Inocentes aparece num estado de louçania e vivacidade que nos assombra, e toma conta de nós, pois cedo se percebe que aquela poesia não é sobranceira e muito menos destinada a altos voos literários, são dimensões do afeto que pontuam uma alegria de viver, de alguém que se apresenta sem tiques de heroísmo nem apelos à comiseração. Bom será que continue, se mais memórias houver para contar.

Um abraço do
Mário



As Peregrinações de Gonçalo Inocentes, zombeteiras e resilientes

Mário Beja Santos

Já aqui no blogue o Luís Graça entoou loas a este inesperado presente, O Cântico das Costureiras, por Gonçalo Inocentes, Modocromia Edições, 2020. Limito-me a fazer minhas as palavras do orador que me precedeu… e adicionar loas da minha lavra, nestas coisas da recensão é benéfico que os olhares se complementem ou até mesmo se contradigam. Vê-se pela imagem que é homem apaziguado, talvez coloquial e bonacheirão, o seu currículo dá logo para folgar: “Curtiu-se em três guerras, ex-técnico agrícola, ex-combatente, ex-piloto de linha aérea, ex-marinheiro”.

De tanta vivência cinge-se exclusivamente ao que andou a fazer na Guiné, onde a sorte nunca o pôs de lado. Em março de 1964 sabe que tem o destino traçado para a Guiné, caminha para Lisboa e enquanto aguarda transporte anda faceto e manganão, percorre casas de fados e até guardou recordações de uma cuequinha vermelha. Parte de avião e bem consolado, vai em rendição individual. Do Pidjiquiti parte para Bolama e daqui para São João, é a sua nova morada e a sua nova família. Começam as peripécias. Encontra-se com o capitão, está a ser barbeado e tem ao lado uma mulher chinesa, por ali perto está um bidonville tropical, as imagens que publica falam por si e tece laudes a um piloto que muitos de nós conhecemos: o Honório, de nome completo Honório Brito da Costa. Fala-nos do Corão, da sua amizade com a G3, sempre que vem a preceito dá-nos poesia. E tal como anuncia no preâmbulo, recorda a máquina de costura Singer, o seu tiquetaque e a PPSh, vulgo “costureirinha”, tambor de 70 balas e um ritmo de 1000 por minuto, com alcance efetivo de 150 metros.

Movimenta-se com uma mini Minolta, o que lhe deu para registar este acervo de memórias. Lê-se num só fôlego, ninguém espere encontrar um herói ou anti-herói, é de têmpera folgazão, o lado positivo da vida anda quase sempre ao de cima, tira partido da aprendizagem e suas componentes, que podem ser a solidão, o corpo extenuado, o escrever o aerograma (aproveita a oportunidade para nos contar a história do bom funcionamento do Serviço Postal Militar e fala-nos de alguém que se chama Ernesto Tapadas e que esteve por trás de máquina tão eficiente), em vez de jogos de cartas aproveitava os banhos de mar e na Pensão Central, dessa ícone que deu pelo nome de Dona Berta, apareceu-lhe uma empregada grávida no quarto com um propósito muito evidente, interroga-se quanto à tragédia que pode levar uma mulher quase a ser mãe a tal iniciativa. Como não venho aqui contar as façanhas de guerra, descreve o que o meio permite, vive-se numa santa paz ou na mais formidável beligerância: é o caso dos tornados, em atmosfera tropical arrancam telhados, volteiam e rodopiam, destruindo e apavorando, e inopinadamente como aparecem deixam-nos numa serenidade com o caos à volta.

Se nos recorda as minas e fornilhos, logo estrondeia a peripécia das falsas cartas de condução que terão dado a felicidade e o pão a muita gente, e volta à página para nos falar nos guias, alguns de uma lealdade a toda a prova, tendo muitos deles tido um final inglório. Naquele ano de 1964 havia que retomar espaços abandonados, no caso vertente de quem estava em São João havia que provar que as estradas de Quinhará estavam transitáveis, lá foi uma coluna de carros para Nova Sintra, nenhum engenho explodiu no itinerário, mas foram colhidos pelo fogo cerrado em Nova Sintra. No regresso uma viatura derrapou mas vem logo um comentário pícaro a propósito: “Os soldados que seguiam nele (Unimog, que tinha capotado) ficaram por baixo da viatura e sem cuidar da segurança todos acorremos a socorrer. Grande asneira, só não correu pior porque o IN era também muito mau”.

Vai interpolando as suas memórias com poesias a jorros. Chegou a hora de partir para Ponta de Jabadá, dali o PAIGC castigava com fogo quem navegava pelo Geba. Recorda uma flagelação em que uma granada de morteiro 82 ceifou vidas e logo salta para a recordação de António Gladstone Silva Germano, natural da ilha de São Nicolau, que depois da guerra da Guiné andou por Ceca e Meca e Olivais de Santarém até aterrar no aeroporto da Portela onde geria o restaurante. Gonçalo Inocentes vem para contar recordações, elas dispõem-se bem com as imagens ao tempo colhidas, e exalta a figura do médico do destacamento em Jabadá, o Dr. Torcato Adriano Serpa Pinto. E com a maior das naturalidades confessa-se: “Não sei onde fui buscar, mas sempre carreguei uma constante alegria de viver que, se por um lado me engalanou tantos dias, também me acarretou alguns dissabores. Posso dizer que foi a mais bela armadura deste cavaleiro do imprevisível”.

Com a sorte benfazeja, ele que andava junto à CCAÇ 423, em abril de 1965 recebeu ordens de marcha para Bissau e daí para Farim, mas em Bissau disseram-lhe que já não ia para Farim, terminara a sua comissão, afinal já não ia para a CCAV 488. Fala-nos de Vassalo Miranda, um desenhador de BD sempre em cenários de guerra, está mais do que apresentado aqui no blogue. Recorda-nos como se atravessava em João Landim da ilha de Bissau para Mansoa. E vai até São Vicente e ocorre-lhe um poema, isto a propósito de um banho na Guiné, que é muito provavelmente o seu cartão de cidadão: “Sou feliz pois Deus me deu,/ a capacidade de ver,/ mesmo no escuro da vida,/ a beleza a acontecer./ P’ra alimentar a esperança/ De um mundo a renascer”.

E assim regressa, vai a Estremoz entregar a trouxa e segue para a Chamusca onde foi entregar a Maria Helena Fragoso a cruz que esta lhe pusera no pescoço antes de ir para a Guiné. Receando a tanta fartura daquela comissão encurtada, e mesmo continuando a receber a parte do vencimento que era depositada no Banco Totta e Açores da Chamusca, foi logo comprar o bilhete de passagem para Angola, para regressar à casa de onde tinha saído há dez anos. “Não toquei no dinheiro que fiquei a receber indevidamente e coloquei-o a prazo. Sabia que eles viriam buscar. Durante vários anos tive pesadelos onde me via ser chamado para regressar à Guiné. Acordava sempre banhado em suores”.

E bem a propósito despede-se das suas memórias relembrando os costureiros, ou seja, a malta da PPSh. “Tinha uma certa admiração por estes homens que fizeram uma guerra que até terminou num triunfo armado. Já pelos políticos não nutro qualquer simpatia porque fizeram uma guerra assente em promessas desonestas que sabiam não poder cumprir. Demonstraram ao longo dos anos de independência uma incapacidade absoluta. Tantos mortos para coisa nenhuma. Ter uma bandeira serve apenas para içar e para arrear. O povo, esse, ficou a perder. Passou de colonizado a escravo do tráfico de droga”.

Chegámos a um tempo em que já não se esperam romances mas literatura memorial, creio ser este hoje o retorno possível, tantos são os anos passados. E há que saudar estes cotejos e estas imagens arredadas de gabarolices ou espaventos sem contraditório.

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Nota do editor

Último poste da série de 12 DE JUNHO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24392: Notas de leitura (1590): Uma obra fundamental por quem se interessa por estudos africanos: "Atlas Histórico de África, da Pré-História aos Nossos Dias", Direcção de François-Xavier Fauvelle e Isabelle Surun; Guerra e Paz Editores, 2020 (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P24402: O nosso livro de visitas (219): Jaime Saraiva, CCAÇ 2789 / BCAÇ 2928 (Bula, 1970/72), procura camaradas

Guião do BCAÇ 2928. Cortesia:
Coleçáo Carlos Coutinho  / Ultramar
TerraWeb (2009)

1. Pelo Formulário de Contacto do Bloger, recebemos no passafo dia 13, a seguinte mensagem:

 Gostaria de contactar com camaradas da CCaç 2789 / BCAÇ 2928 que estiveram na zona de Bula, 1970/72 ..Um grande Abraço para todos

Cumprimentos,

Jaime Saraiva | jaimepsaraiva1@gmail.com


2. Resposta do editor LG, na volta do correio:

Jaime, obrigado pelo contacto. 

 Infelizmente o único camarada que tínhamos na nossa tertúlia (somos 875, mas contigo podemos ser 876...) era o Luís F. Moreira, ex-fur mil trms,  CCAÇ 2789 / BCAÇ 2928 (Bula, 1970/72), já falecido em 2013 (foto à direita).
Era de Viana do Castelo. 

Se tu estiveste na Guiné e foste desta companhia, podes muito bem substituí-lo na nossa Tabanca Grande. Mandas duas fotos, uma antiga e outra atual, e duas ou três linhas com a tua apresentação: 
sou o fulano, tal, posto tal, pertenci à CCAÇ 2789 e procuro antigos camaradas, etc. 

Saúde e longa vida. Luís Graça

PS - A CCS / BCAÇ 2929 tem uma página, aqui no Facebook.


3. Pronta esposta do Jaime Saraiva:

Obrigado pela atenção dispensada... Fiquei triste com a noticia

Espero em breve mandar as duas fotos

Cumprimentos,
Jaime Saraiva
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Nota do editor:

Último poste da série > 21 de março de 2023 > Guiné 61/74 - P24157: O nosso livro de visitas (218): Luís Reis Torgal, conhecido historiador e professor catedrático jubilado da Universidade de Coimbra: "por vezes passo os olhos pelo blogue, fui alf mil trms, Cmd Agr 2952 e COMBIS, Mansoa e Bissau, 1968/69"

quinta-feira, 15 de junho de 2023

Guiné 61/74 - P24401: Louvores e condecorações (14): Ordem da Liberdade, Grande Oficial, para o antigo cap QEO Humberto Trigo de Bordalo Xavier, cmdt da CCAÇ 12 (e também da CCAÇ 14, e antes da CART 3359)

Insígnia da Ordem da Liberdade.
Imagem: Cortesia de
Wikimedia Commons 



1. Por Alvará n.º 12/2023, de 24 de abril de 2023, da Presidência da República, Chancelaria das Ordens Honoríficas Portuguesas, publicado no  Diário da República  n.º 80/2023, II Série, de 2023-04-24, pág. 23, foi agraciado com a Ordem da Liberdade, Grande-Oficial, o major (na reforma) Humberto Trigo de Bordalo Xavier. 

A Ordem da Liberdade, criada em 1976,  destina-se a "distinguir serviços relevantes prestados em defesa dos valores da Civilização, em prol da dignificação da Pessoa Humana e à causa da Liberdade".

 O antigo cap QEO Humberto Trigo Bordalo Xavier começou por ser o comandante da CArt 3359 
Jumbembém, 1971/73), do BART 3844, "Bravos e Sempre Leais" (Farim, 1971/73. Foi depois substituído pelo cap mil inf Francisco Luís Olay da Silva Dias. (QEO é a sigla de Quadro Especial de Oficiais, criado em 1969.)

Foi igualmente, neste período, o 3.º comandante, por ordem cronológica, da CCAÇ 12 (Bambadinca e Xime, 1971/74):

  • Cap Inf Carlos Alberto Machado de Brito
  • Cap Inf Celestino Ferreira da Costa
  • Cap QEO Humberto Trigo de Bordalo Xavier
  • Cap Mil Inf José António de Campos Simão
  • Cap Mil Inf Celestino Marques de Jesus

Mas também comandou a CCAÇ 14:
  • Cap Inf José Luís de Sousa Ferreira
  • Cap Inf José Augusto da Costa Abreu Dias
  • Cap QEO Humberto Trigo de Bordalo Xavier
  • Cap Inf José Clementino Pais
  • Cap Inf Mário José Fernandes Jorge Rodrigues
  • Cap Inf Vítor da Silva e Sousa
  • Alf Mil Inf Silvino Octávio Rosa Santos
  • Cap Art Vítor Manuel Barata
Fonte: CECA, 7.° Volume, Fichas das Unidades, Tomo II, Guiné, 1ª edição, Lisboa, 2002.


2. Sabemos pouco da ação do cap QEO no TO da Guiné.  Natural de Lamego, e tendo frequentado o Curso de Operações Especiais, como oficial miliciano, passou ao quadro de complemento. Continua  a viver em Lamego, mas está infelizmente muito surdo, o que dificulta ao máximo a interação com ele. Alguns dos nossos tabanqueiros, como os antigos "rangers" Eduardo Magalhães Ribeiro e Joaquim Mexia Alves, são alguns amigos ele.

Sabemos que os graduados e especialistas metropolitanos da CCAÇ 12, da chamada 2.ª geração (Bambadinca, 1971/72) tinham (e continuam a ter) uma estima muito especial por este oficial...  É recorrente referirem o seu nome nos convívios anuais (como aconteceu recentemente em Coimbra, no passado dia 27 de maio). Infelizmente há poucas referências (uma meia dúzia) ao seu nome, aqui no blogue. Aguardamos o envio de algumas fotos dele, por parte do Eduardo Magalhães Ribeiro e do Joaquim Mexia Alves.

Recordo aqui o elogio do cap QEO Bordalo Xavier feito pelo saudoso do Victor Alves (1949-2916), que foi fur mil SAM na CCAÇ 12 (Bambadinca, 1971/73) (**)  

(...) Amigo Luís, conforme informámos (...), lá realizámos o nosso habitual encontro (...) o 34.º. Tem causado algum espanto, o facto de se ter começado a realizar, tão cedo, os nossos encontros...

Foram vários os factores que contribuiram para isso. Porém, o grande causador disso terá sido a vinda, para a CCAÇ 12, do Cap Humberto Trigo Bordalo Xavier, oriundo das Operações Especiais, e amigo pessoal de Spínola.

Ele soube muito bem provocar uma aglutinação e consequentemente uma união entre todos, ao ponto de estabelecer uma messe e bar para todos os militares da companhia oriundos da metrópole, sem distinção de posto...

Foi, na minha óptica, eata a principal razão da nossa união. Eu, por exemplo, como vagomestre e sempre que havia uma operação, por exemplo com saída às 4 da manhã, lá estava a dar pequeno almoço, pão quente e café à rapaziada que seguia. Assim como, mal regressassem, por exemplo, às 3 da tarde, tinham sempre a refeição com meio frango ou meio bife com acompanhamento à sua espera...

Foi isso que o Capitão pediu e foi isso que se fez. É evidente, dentro dos limites da guerra. Com fomos todos em rendição individual, nem sempre nos encontros conseguimos reunir todos, alguns já faleceram, outros emigraram e outros não vão porque... não.

Este ano conseguimos trazer mais duas presenças novas o que foi maravilhoso, foram eles o cabo radiotelegrafista Andrade, de Caldas da Rainha, e o cabo cripto Simões, de Lisboa. Isto quer dizer que não nos víamos há 37 anos, portanto foi muito bom.(...)

 

3. Também dele fala, com entusiasmo, o Joaquim Mexia Alves, ex-alf mil op esp, que esteve na Guiné, entre dezembro de 1971 e dezembro de 1973, tendo pertencido à CART 3492 (Xitole), ao Pel Caç Nat 52 (Mato Cão / Rio Udunduma) e à CCAÇ 15 (Mansoa). Nunca esteve sediado em Bambadinca, mas sim no Rio Udunduma e no Mato Cão, destacamentos do Sector L1 (Bambadinca); ia de vez em quando à sede do Batalhão, o BART 3873, 1972/74, a que estava adida a CCAÇ 12:


(...) A sala de que fala o Vitor Alves, frequentei-a muitas vezes, aliás, para mim era a sala que eu frequentava nas minhas visitas a Bambadinca.

O Cap Bordalo Xavier, meu particularissimo amigo, é e foi na Guiné um homem de extraordinárias relações humanas, para além de um fantástico operacional, que conseguiu uma união notável com todo o pessoal, não só da CCAÇ 12 mas de outras unidades, como o meu 52.

Reside em Lamego, é major, obviamente na reserva, e é a alma da Associação de Operações Especiais. Infelizmente há muito que não contacto com ele, mas quero fazê-lo brevemente.

Retenho na memória, há uns anos em Monte Real, eu estava ao fim da tarde a jogar ténis no campo à frente do Hotel das Termas e vejo para um carro e dele sair uma pessoa que me pareceu o Cap Bordalo.

Achei que não podia ser, mas roído pela curiosidade pedi desculpa ao meu parceiro e fui perguntar ao porteiro do Hotel quem era a pessoa que tinha chegado. A resposta deu como certa a minha suposição. Não o via desde a Guiné.

Imediatamente pedi ao porteiro que ligasse para o quarto e pedisse ao capitão para vir à rcepção por um motivo qualquer. Quando nos vimos, literalmente num abraço como que lhe peguei ao colo, (o Cap Bordalo Xavier é bem mais baixo do que eu, o que não é de espantar), e ficámos ali não sei quanto tempo abraçados.

O hall do Hotel estava cheio de gente que ficou muito espantada de me ver assim abraçado a um homem de barbas. Foi dos encontros mais emocionantes da minha vida!!! (...) (***)

(Seleção / revisão e fixação de texto / negritos e itálicos: LG)
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Guiné 61/74 - P24400: (De) Caras (198): "Da minha varanda também vejo o mundo... Ou uma nesga, o da da minha rua" (Valdemar Queiroz, DPOC, Rua de Colaride, Agualva-Cacém, Sintra) - II (e última) Parte


Foto nº 11


Foto nº 12


Foto nº 13


Foto nº 14


Foto nº 15


Foto nº 16


Foto nº 17


Foto nº 18


Foto nº 19

Sintra > Agualva-Cacém > Rua de Colaride > Maio de 2023>    "Da mimha varanda também vejo. o mundo... Ou uma nesga, o da da minha rua"

Fotos (e legenda): © Valdemar Queiroz (2023). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar; Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1. Segunda (e última)  parte da "fotogaleria da minha rua, vista da minha janela", enviada pelo nosso querido amigo e camarada Valdemar Queiroz, no passado dia 28 de maio...

Portador de uma doença crónica, incapacitante, a DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica), o Valdemar "não pode sair de casa", mas já se atreve agora a ir à para a varanda, sempre que o tempo e a qualidade do ar o permitem... Com um "telemóvel fatela" (sic), tirou duas dezenas de fotos... Depois de selecionadas e editadas por nós, foram publicadas neste e no poste anterior (P24399) (*)

Mora há meio século, em Agualva, Cacém, concelho de Sintra, na Rua Coloride... 

(...) "Vi nascer toda a urbanização da zona do prédio da minha casa. Passaram 50 anos, os casadinhos de fresco inauguraram os prédios da urbanização e com o andar dos anos os filhos foram crescendo e arranjaram outros locais para morar.

Os mais velhos, como eu, alguns ficaram, mas a maioria também saiu para outros lados. Agora, há cerca de 6-7 anos, os prédios começaram a ser habitados por outra gente, na maioria famílias de cabo-verdianos, mas também guineenses e angolanos.

E, agora, na rua só se vê gente de origem africana, talvez os de cá, já poucos, prefiram sair só de carro.

Eu, com o tempo mais quente,  vou para a varanda e vejo passar gente que me faz lembrar a Guiné e sempre vou tirando umas chapas  apanhando pessoas descontraídas." (...)

(...( Anexo umas fotografias tiradas da minha varanda, que são um filme do que vejo todos os dias, desde a chinchada à velhinha nespereira às flores do jacarandá. (*).~

Em comentário ao poste P24399 (*), acrescentou:

(...) As fotografias são tiradas por um telemovel fatela. Tivesse uma máquina como deve ser, dava para mostrar a envolvência dos fotografados.

Os arruamentos, zonas verdes e prédios têm um bom aspecto devido tratar-se de propriedade horizontal a grande maioria e como tal havido uma boa conservação.

Os prédios nasceram em 1972/73, no caminho de uma vacaria e moinhos de vento, ainda quase todos para alugar, a receber casados de fresco vindos de Lisboa, com a estação dos comboios a 10 minutos, e a meia hora do Rossio.

Levou alguns anos a ficar tudo arranjadinho como agora se vê, e os novos habitantes, principalmente as mulheres, fazem grande motivo de vaidade por viver no 2.º andar, que até dá para estender a roupa a secar. E até me dizem 'o vizinho está melhor?' (...)



Agualva-Cacém > 14 de setembro de 2021 > O João Crisóstomo veio, propositadamente, dar conhecer pessoalmente (e dar um abraço solidário a) o Valdemar Queiroz... Ei-los, os dois,  à entrada no prédio, na rua de Colaride (**)

O Valdemar Queiroz, minhoto por criação, lisboeta por eleição, foi fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70. Vive hoje, sozinho, em casa, em Agualva-Cacém. Tem um filho e netos nos Países Baixos.

Fotos (e legendas): © Valdemar Queiroz / João Crisóstomo (2021). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

quarta-feira, 14 de junho de 2023

Guiné 61/74 - P24399: (De) Caras (197): "Da minha varanda também vejo o mundo... Ou uma nesga, o da da minha rua" (Valdemar Queiroz, DPOC, Rua de Colaride, Agualva-Cacém, Sintra) - Parte I


Foto nº 1


Foto nº 2


Foto nº 3


Foto nº 4


Foto nº 5


Foto nº 6


Foto nº 7


Foto nº 8


Foto nº 9


Foto nº 10

Sintra > Agualva-Cacém > Rua de Colarider > Maio de 2023>    "Da mimha varanda também vejo. o mundo... Ou uma nesga, o da da minha rua"

Fotos (e legenda): © Valdemar Queiroz (2023). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar; Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do nosso querido amigo e camaraada Valdemar Queiroz:

Data - domingo, 28/05, 17:31
Assunto - Quem não pode sair de casa, vai para a varanda.

Como não saio de casa, por motivos da DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica), com o tempo mais quente dá para ir ver "passar as modas" na varanda.(*)

Vi nascer toda a urbanização da zona do prédio da minha casa. Passaram 50 anos, os casadinhos de fresco inauguraram os prédios da urbanização e com o andar dos anos os filhos foram crescendo e arranjaram outros locais para morar.

Os mais velhos, como eu, alguns ficaram, mas a maioria também saiu para outros lados. Agora, há cerca de 6-7 anos, os prédios começaram a ser habitados por outra gente,na maioria famílias de cabo-verdianos, mas também guineenses e angolanos.

E, agora, na rua só se vê gente de origem africana, talvez os de cá, já poucos, prefiram sair só de carro.

Eu, com o tempo mais quente,  vou para a varanda e vejo passar gente que me faz lembrar a Guiné e sempre vou tirando umas selfies apanhando pessoas descontraídas. Hoje passou um homem e duas mulheres com um t-shirt BALDÉ, e de imediato lembrei-me do nosso caro amigo Cherno Baldé.

Anexo umas fotografias tiradas da minha varanda, que são um filme do que vejo todos
os dias, desde a chinchada à velhinha nespereira às flores do jacarandá. (**)

Espero que o Cherno goste
Valdemar Queiroz

E

Valdemar Queiroz, minhoto por criação, lisboeta por eleição, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70; aqui, na foto, em Contuboel, 1969. Vive hoje, sozinho, em casa, em Agualva-Cacém. Tem um filho e netos nos Países Baixos. De vez em quando vai de urgência para o Hospital Amadora-Sintra com uma crise aguda, devido à sua "DPOC de estimação"... Não perde, mesmo assim, a sua vontade férrea de viver e o seu saudável humor de caserna... O nosso voto é que ele continue mais teimoso do que a filha da p...
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(**) Último poste da série > 4 de junho de  2023 > Guiné 61/74 - P24366: (De)Caras (196): "Deus deve ter-se esquecido de África": o nosso tabanqueiro nº 643, Jaime Silva, ex-alf mil paraquedista, 1ª CCP / BCP 12 (Angola, 1970/72), num corajoso e sentido depoimento sobre a sua participação na guerra colonial, à Camões TV, Toronto, Canadá