sábado, 18 de setembro de 2021

Guiné 61/74 - P22552: (De)Caras (176): "Visitas destas não há todos os dias": o João Crisóstomo, em Agualva-Cacém, de passagem por Lisboa (Valdemar Queiroz)






Agualva-Cacém > 14 de setembro de 2021 > O prometido encontro do João Crisóstomo e do Valdemar Queiroz, junto à casa deste, na rua de Colaride


Fotos (e legenda): © Valdemar Queiroz / João Crisóstomo (2021). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar; Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do Valdemar Queiroz:

Data - terça, 14/09, 23:02 (há 4 dias)
Assunto - Visitas destas não se tem todos os dias


O nosso camarada ex-alf mil João Crisóstomo, que há anos vive em Nova Iorque, EUA, prometeu visitar-me quando viesse a Portugal e assim fez, de passagem por Lisboa para a Eslovénia.

Nós não nos conhecíamos e há uns tempos que amavelmente me telefona para saber do meu estado de saúde.

Na semana passada avisou-me que passava por Lisboa dia 14 e queria dar-me um abraço. Acertamos a sua visita a minha casa e até me propus darmos uma saltada aos Fofos de Belas, aqui perto, e até dava para conversar, por ser o dia habitual das limpezas da casa.

Estava à sua espera na rua e foi com problemas respiratórios que recebi o meu grande amigo, por estar aflito ficou sem efeito seguirmos para Belas.

Deu para uma pequena conversa e ele ofereceu-me o seu livro LAMETA-Movimento Luso-Americano Para a Autodeterminação de Timor-Leste.

Não foi uma recepção condigna como ele merecia.

Abraços
Valdemar Queiroz

PS - Anexos foto do encontro

2. Comentário do editor LG:

O Valdemar, que é portador de uma doença crónica (DPOC - Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica) que lhe limita muito severamente a sua vida pessoal e social, vivendo sozinho na sua casa em Agualva-Cacém, ficou sensibilzado por este gesto do João Crisóstomo. E nós também. Daí termos decidido dar-lhe o devido destaque no nosso blogue, como um exemplo, singelo mas bonito, de solidariedade, fraternidade, amizade e camaradagem. (*)

Pessoalmente, eu sabia do que estava a ser planeado. O João escreveu-me, a dizer que vinha passar cerca de um mês na Europa, na Eslovénia (terra da Vilma) e em Portugal. E incusive desafiou-me também a aparecer, aproveitando a oportunidade para rever o Valdemar Queiroz (com quem estive em Contuboel, menos de dois meses, em junho/julho de 1969), o que não puder devido às minhas sessões de fisioterapia (, todos os dias ao fim da manhã).

(...) Na viagem para a Eslovenia vamos fazer escala em Lisboa e vamos ter de passar a tarde do dia 14, terça feira, em Lisboa. Saímos bem cedo no dia 15 para Zagreb e Eslovénia.

Vou aproveitar essa tarde para ir visitar um amigo/ camarada da Guiné que tem um problema de saúde que o impede de ir aos nossos encontros. Ele mora não muito longe de Lisboa, em Agualva-Cacém, Rua de Colaride (...).

(...) Não temos horas certas, mas como chegamos a Lisboa às 11.20 AM … devemos estar livres pela uma ou duas da tarde ( 14.00 PM) e seguimos logo ver o nosso amigo Valdemar Queiroz. Eu disse-lhe que devia estar com ele por volta das 16.00PM, mais ou menos. (...)


 
O que o Valdemar talvez ainda não saiba é que o João Crisóstomo acabou por "ficar em terra", enquanto a Vilma seguiu viagem para a sua querida terra natal...E tinham planeado comemorar lá os seus 10 anos de "enamoramento". (O João e a Vilma, velhos amigos da Europa, reencontraram-se ap fim de 40 anos, e casaram em Nova Iorque, em 2013, em segundas núpcias.) (**),

Devido às restrições sanitárias na entrada e saída de viajantes, impostos pela pandemia de Covid-19, o João ficou surpreendido pela obrigação de ter que fazer quarentena ("quarentine",em inglês), na Eslovénia, o que lhe "lixaxa" os seus planos ainda de ir a Paris e passar duas semanas em Portugal (na 1ª quinzena de outubro). 

O casal teve de fazer uma opção, algo dramática: a Vilma seguiu viagem para a Eslovènia (não há voos diretos de Lisboa para Lubliana) e o João ficou em Lisboa, na casa da mana Jacinta (!)... Sem babagens sem muda de roupa...(Parece que já recebeu a sua mala, de volta). Agora em Portugal, sobra mais tempo para dar umas voltas e fazer visitas aos seus muitos amigos..

Não tendo podido acompanhar o Rui Chamusco que o foi buscar ao aeroporto, espero dar-lhe um grande abraço fraterno, um dia destes, aqui na Lourinhã. (Sei que também anda com alguns problemas de mobilidade, tendo de recorrer a uma canadiana, como de resto se pode ver nas fotos.). Que sejas bem vindo, João, a Portugal, que tu nunca esqueces! E, tu Valdemar, espera por mim um dia destes, já uma "perna nova"...
____________

Notas do editor:


(**) Vd. poste de 3 de abril de 2013 > Guiné 63/74 - P11448: Os nossos seres, saberes e lazeres (51): WE HAVE IT!!!.... Um linda história de amor, um reencontro ao fim de 40 anos, um casamento em Nova Iorque... E agora, que sejam felizes para sempre, meus queridos João (Crisóstomo) e Vilma (Kracum)! (Tabanca Grande)

6 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Valdemar:

Eu sei que o João não gosta (nem precisa) de publicidades destas... Mas o seu gesto é nobre. Depois telefono-te. Tive pena de não poder ir. As fotos são fraquinhas, mas foi o que se pôde arranjar. Ele já te deve ter informado que ficou "em terra"... Ele e a Vilma iam celebrar ontem, 17 de setembro, na terra dela, os "dez anos de um grande amor"... A vida tem destas partidas. Mas sei que ele está "piurso",,,

Um bom dia, com bom ar para ti (e para todos nós que estamos a sofrer com o "buraco do zono")... Luis

Valdemar Silva disse...

Obrigado Luís, pela publicação da notícia da amável visita do prestigiado João Crisóstomo.
Lamentavelmente, e até com vergonha, apenas deu para receber o João na rua à porta de casa.
Por ser dia de limpezas em casa, tínhamos acertado esperar à porta do prédio e seguirmos para os Fofos de Belas. Estava muito aflito com a porcaria da DPOC e não deu para mais que um abraço e pouco tempo de conversa.
Ele tem telefonado e contou-me do contratempo de não ter seguido viagem para a Eslovénia com a sua querida Vilma.
Como ficou por cá, talvez ainda seja possível outra visita com ida aos Fofos.

Desejo-te as melhoras, que tal a "remodelação do ministro" ?

Abraço
Valdemar Queiroz

Fernando Ribeiro disse...

A casa dos fofos de Belas ainda existe? Há quantos anos não vou lá comer um. Acabadinho de fazer... Hmmm! Que delícia!

Muito perto da casa dos fofos fica a Quinta dos Marqueses de Belas. Ainda recentemente comentei neste blog a propósito de um palácio que o rei D. Pedro I, o Justiceiro, tinha em Serra d'El Rei, onde manteria encontros amorosos com Inês de Castro. Pois em Belas existe um outro palácio que também pertenceu a D. Pedro I: o Paço Real de Belas, na dita Quinta dos Marqueses de Belas. Em rigor, o palácio não pertencia a D. Pedro I, mas sim a um dos implicados na morte de Inês de Castro. D. Pedro confiscou a propriedade assim que foi coroado rei e ficou com ela. Parece que ainda há alguns vestígios desse tempo no edifício atual.

Poderei ainda referir que muita da vegetação que atualmente existe no Parque Florestal de Monsanto, em Lisboa, foi transplantada de Belas para lá. Nem toda o foi, é verdade que não, mas as espécies autóctones foram levadas de Belas. A Serra de Monsanto era praticamente despida de árvores, com moinhos de vento e searas de trigo, e agora é o pulmão de Lisboa.

Valdemar Silva disse...

Isso mesmo, caro Fernando Ribeiro.
A Casa dos Fofos de Belas ainda existe com as três pequenas mesas redondas de tampo de mármore e cadeiras estofadas em pele e um balcão para aviar milhares de fofos diariamente. É caso para dizer: parou no tempo desde 1858.
E o Paço ou Quinta dos Marqueses de Belas também. A primitiva Quinta era pertença do Diogo Alves Pacheco um dos implicados na morte de Inês de Castro, que por esse facto foi confiscada para a Corte e passou a Paço de D.Pedro I. Ainda lá está, parte em ruínas, outras partes e a Quinta propriamente é alugada para casamentos e vários eventos.
Foi por causa das várias Quintas existentes, que os "senhores" de Belas não autorizaram a construção/passagem da linha do comboio Lisboa-Sintra, por isso a linha a partir de Queluz dá uma grande volta passando por Agualva-Cacém, que veio a "ganhar", passados anos, com uma selva de prédios. Mas também ainda existe a bela Quinta da Assunção, propriedade municipal, que a Madona quis fazer um vídeo a cavalo pelos corredores e salões do Palacete.
Não sabia desse pormenor da transplantação de árvores de Belas para o Parque Florestal do Monsanto. De facto há grande arvoredo por toda a região de Belas até à Serra da Carregueira. Dizem que o topónimo Belas teve origem nas árvores 'bellas' e até se diz, depois de uns fofos e dumas ginjinhas:
FUI A BELAS, PARA VER BELAS, MAS EM BELAS BELAS NÃO VI, PORQUE A MAIS BELA DAS BELAS MEU AMOR ERAS TI.

Abraço e saúde
Valdemar Queiroz

p.s. Belas está a cinco mínutos de minha casa.

Fernando Ribeiro disse...

Caro Valdemar Queiroz,
Vivi em Lisboa durante vários anos e, a dada altura, senti curiosidade em conhecer os mananciais que alimentavam o Aqueduto das Águas Livres. Foi então que, ao longo de diversos fins de semana, percorri a pé toda a região de Caneças, Carenque e Belas, e ainda fui a pé até ao Sabugo, Almargem do Bispo, Dona Maria, etc. Também fui a Agualva-Cacém, pelo Telhal, mas de carro. Pelo menos, não me recordo de ter ido a pé.

O Aqueduto das Águas Livres é verdadeiramente uma obra colossal, que se estende por muitos quilómetros para levar água desde Belas e Caneças até Lisboa; não é só aquela monumental arcada que atravessa o vale de Alcântara e que conseguiu resistir ao terramoto de 1755! Eu tenho uma péssima impressão do rei D. João V. Enquanto ele dava largas à sua mania das grandezas em Mafra, Palhavã, espaventosas embaixadas ao Vaticano, etc., graças ao ouro vindo do Brasil, não teve escrúpulos em lançar um novo imposto sobre a população de Lisboa para custear a construção do Aqueduto. É preciso, por isso, afirmar com toda a clareza que o Aqueduto das Águas Livres não deve nada ao rei dito "Magnânimo" (imagina se não fosse...). O Aqueduto das Águas Livres foi pago pelo povo e É DO POVO.

Valdemar Silva disse...

Pois, Fernando Ribeiro.
Agualva-Cacém tem pouco que ver, o que podia ser visto não está preservado, desapareceu ou a cair de maduro
E quanto ao D. João V, para o povo ver havia Igrejas, Conventos e Palácios de sobra, para o povo beber só com o real da água que nem sobra.

Valdemar Queiroz