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domingo, 18 de março de 2018

Guiné 61/74 - P18430: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (52): Evocação da minha guerra no Leste da Guiné, para uso da jovem luso-francesa Adelise Azevedo, pela sua dedicação à memória da saga de combatente do seu avô, José Alves Pereira, da CCaç 727 (Manuel Luís Lomba)

1. Mensagem do nosso camarada Manuel Luís Lomba (ex-Fur Mil da CCAV 703/BCAV 705, Bissau, Cufar e Buruntuma, 1964/66) com data de 17 de Março de 2018, evocando a sua estada no Leste da Guiné no tempo da CCAÇ 727 do avô da nossa pequena amiga Adelise Azevedo:


Evocação da minha guerra no Leste da Guiné, para uso da jovem luso-francesa Adelise Azevedo, pela sua dedicação à memória da saga de combatente do seu avô, José Alves Pereira, da CCaç 727

A guerra independentista transformara a atractiva, acolhedora e então Guiné Portuguesa numa filial do inferno, Salazar e Amílcar Cabral os seus diabos…

Fui (e continuo a ser) camarada militar do teu avô: partilhámos das mesmas atribulações da guerra, no leste dessa ex-colónia do Império Português.

A Companhia de Caçadores 727 a que pertenceu o teu avô foi para o sector de Nova Lamego (actual Gabú) em princípios de 1964 e o meu batalhão (Batalhão de Cavalaria 705) foi em Maio do mesmo 1964. Amílcar tinha desencadeado a luta na Frente Leste, uma região de savana, e o PAIGC, reforçado com pára-quedistas da base de Kandica, do exército regular da Guiné-Conacri, a 1,5 km da fronteira de Buruntuma, manobrava à maneira de exército e com muito à-vontade, praticamente só importunados pela Força Aérea.

A minha Companhia de Cavalaria 703 foi largada em Nova Lamego, numa ponte aérea de 2 aviões Dakota, em missão de “intervenção às ordens do Comando-Chefe”, já a CCaç 727 e o teu avô penavam, em quase isolamento, por Canquelifá, Piche e Camajabá; depois de termos cumprido conjuntamente a missão de conter e refrear o ímpeto do PAIGC, a minha CCav 703 e eu fomos penar para Camajabá e Buruntuma.

A nossa primeira operação conjunta foi assim: a CCaç 727 mandou um pelotão (cerca de 30 elementos) em 2 Unimogs a Nova Lamego; fizera constar uma missão de reabastecimento, mas era um ardil, o PAIGC caiu nele e investiu toda essa força numa grande emboscada no itinerário Piche-Canquelifá, convencido que o aniquilaria, no seu regresso.


 Itinerário Piche-Canquelifá - © Infogravura Luís Graça & Camaradas da Guiné

Naquela noite reuniu-se-nos em Nova Lamego um grupo de combate do Batalhão de Cavalaria de Bafatá, creio que era o “Sete de Espadas”, dotado de uma autometralhadora Fox e um granadeiro White, formou-se uma força de combate de cerca de 150 amadurecidos operacionais e um comboio de viaturas, que foi escoltar o regresso dessa malta a Canquelifá, com a autometralhadora a encabeçar a coluna e o granadeiro a fechar-lhe a retaguarda.

Um bazuqueiro do PAIGC surgiu no eixo da via, disparou frontal à Fox, matou o seu condutor, quase lhe invertendo o sentido da marcha, foi logo cortado a meio pelo apontador da sua metralhadora 12.7, que continuou a varrer a zona, seguiu-se meia-hora de inferno de rajadas, explosões de granadas de mão e de RPG, visando o blindado e o camião que se seguia; mas o comandante da emboscada não se havia apercebido da dimensão da coluna (creio que seria o nosso ex-camarada Domingos Ramos, herói nacional da Guiné-Bissau) e a tropa infligiu-lhe uma implacável derrota, por uma rápida manobra de contra-emboscada.

O rebentamento das granadas dos bazuqueiros da tropa fazia saltar boinas vermelhas acima do capim, que pertenceriam aos pára-quedistas da Guiné-Conacri; a gritaria dos dois lados foi medonha; a manobra da exploração do sucesso foi diferida; e a Força Aérea encarregou-se de “acompanhar” a sua retirada de vivos, mortos e feridos, até além fronteira. Dizia-se que, a partir desse confronto, o presidente da Guiné-Conacri proibiu os seus militares de voltar a pisar a linha de fronteira.

A ressaca estava terminada e na valeta encontrou-se um atónito guerrilheiro, a tentar desencravar a sua Kalash, que se identificou como ex-soldado e filho de um régulo de Farim e como guerrilheiro por coerção; deu um bom faxina da messe dos Oficiais e a tropa promoveu-o a primeiro-cabo.

O pelotão e os 2 Unimogs regressaram a Canquelifá e a tropa da escolta regressou a Nova Lamego, com um morto e alguns feridos.

Esta narrativa é uma síntese do contado pelos camaradas intervenientes, porque não participei nessa operação: eu e a minha secção fomos destacados a fazer segurança à famigerada jangada do Ché-Ché.



Guiné > Região do Boé > Rio Corubal > Cheche > 6 de fevereiro de 1969 > A famigerada jangada que servia para transporte de tropas e material, numa  das últimas travessias, aquando da retirada de Madina do Boé. 

A foto, histórica, é do comandante da Op Mabecos Bravios, o então cor inf Hélio [Augusto Esteves ] Felgas (1920-2008). Reproduzida com a devida vénia de Camões - Revista de Letras e Culturas Lusófonas, n.º 5,  abril-junho 1969, pág. 15 (publicação editada pelo Instituto Camões; o n.º 5, temático, foi dedicado ao "25 de Abril, revolução dos cravos).

 
Entre Maio de 1965 e Maio de 1966, desenvolvemos grande actividade operacional em conjunto, pela região de Canquelifá, Madina do Boé, Buruntuma e ao longo do rio Piai, na fronteira Senegal/Guiné-Conacri, o corredor por onde o PAIGC infiltrava guerreiros e os reabastecimentos para as frentes leste e norte; numa delas, que não nos correu muito bem, tivemos o reforço do Grupo de Comandos “Os Diabólicos”, comandados pelo camarada Virgínio Briote, co-editor do nosso blogue.


Guiné > Brá > Setembro de 1965 > Grupo Comandos Diabólicos, completo, em frente à camarata do Grupo. Ao centro, na 1.ª fila, o 6.º a contar da esquerda, o comandante do grupo, alf mil Virgínio Briote. Na ponta direita, de pé, o srgt mil Mário Valente. Na 2.ª fila, de fé, na extrema direita, o 1.º cabo Marcelino da Mata.

Na altura, nos nossos meios constava as quadrículas de Canquelifá e de Buruntuma, na área de comando de Domingos Ramos, como as mais violentadas e desassossegadas do dispositivo militar da Guiné, em paralelo com as de Guileje e Bedanda, na área de comando de Nino Vieira.

Rendo homenagem à malta da CCaç 727: mocidade fixe, hospitaleira, generosa e soldados de comprovada valentia; em dever, recordo que as nossas escoltas, no regresso de reabastecimentos a Nova Lamego, Bafatá ou Bambadinca faziam sempre alto em Piche: esperavam-nos uma cerveja fresca, um pão quente de excelente qualidade e palavras de incentivo, antes de nos fazermos, com o coração em altas palpitações, ao troço dessa “estrada do Vietname”, até Buruntuma, que era uma sementeira de minas anticarro e antipessoal.

Mas a CCaç 727 era também desafortunada, comparativamente à CCav 703; dizia-se que “por cada tiro cada morto ou ferido”. Nos dois anos que levamos de permanente actividade operacional, teve 18 mortos enquanto a nossa apenas 1 – e estava adido (em Cufar). Influência dos seus comandantes e das suas idiossincrasias?

Na altura conheci o comandante da CCaç 727, então capitão de Infantaria Evónio de Vasconcelos, alma de poeta e oficial de tratamento lhano, já falecido, que virá a ser um influente “capitão”, nos sucessos do 25 de Abril e de 25 de Novembro.

O Comandante da CCav 703 era o então Capitão de Cavalaria Fernando Lacerda, oficial de vocação, personalidade sólida, tinha feito uma comissão na Índia, fez essa e outra na Guiné, foi Comandante da PSP de Moçambique e comandou a segurança à construção da barragem de Cabora-Bassa, despediu-se cedo do activo, mas não se despojou do espírito da Cavalaria; está vivo e recomenda-se.

Quando comandei o destacamento de Camajabá, em Abril/Maio de 1966, interagi com o alferes que comandava o destacamento da CCaç 727, na Ponte Caium, um lisboeta muito prestável, cujo nome não me recordo.

Talvez tenha sido monitor do malogrado alferes da 727, António Angelino Teixeira  Xavier, na 1.ª recruta de 1964, em Janeiro e Fevereiro, no RI 13, Vila Real.

********************

PS - Se a Adelize (ou a mãe, Isabel Pereirea) me comunicar o endereço postal, terei o gosto de lhe enviar, pelo correio,  o livro sobre a guerra da Guiné, da minha autoria, como oferta. [Imagem da capa, à direita]
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Nota do editor

Último poste da série de 16 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18422: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (51): O nosso camarada Virgílio Teixeira (ex-alf mil, SAM, CCS/BCAÇ 1933, Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) propõe-se ajudar a jovem luso-francesa Adelise Azevedo, de 14 anos, com materiais para o seu trabalho de EPI sobre "La guerilla en Guinée (1963/74)"... E quem mais pode dar uma mãozinha?

quinta-feira, 15 de março de 2018

Guiné 61/74 - P18420: Consultório militar do José Martins (35): elementos para a história da CAÇ 727 (Nova Lamego, Canquelifá, Piche, 1964/66), que teve 18 mortos em campanha, incluindo o alf mil inf António Angelino Teixeira Xavier, natural de Carrazeda de Montenegro, Valpaços


Joaquim Evónio Rodrigues de Vasconcelos (Funchal, 1938- Lisboa, 2012): antigo comandante da CCAÇ 727 (Canquelifá, out 1964/ ago 66), subunidade que teve 18 baixas em campanha.

Seria gravemente ferido em combate em 1969, na área de Mejo/Guileje, no decurso da Op Bola de Fogo, quando comandava a CCaç 2316. Militar, ginasta e desportista, após o seu ferimento, dedicou-se à poesia e  à escrita. Era um grande cultor da língua portuguesa. Reformou-se como coronel de infantaria.

Imagem da sua página pessoal, www.joaquimevonio.com, alojada no Sapo, e que já não está disponível.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2012)


Aveiro > Gafanha da Encarnação > 11 de outubro de 2008 > Foto de família: XV Encontro da CCAÇ 727 (Guiné, 1964/66), enviada pelo ex-1º cabo Carmelindo Guerreiro, através do Miguel Oliveira, ex-combatente em Angola. Ao centro, de barbas brancas, aparece o cor inf ref Joaquim Evónio Vasconcelos. Na primeira fila, à esquerda, há um camarada que segura a bandeira da companhia.

Foto (e legenda): © Miguel Oliveira (2008) . Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Elementos recolhidos nosso camarada e colaborador permanente José Marcelino Martins (ex-fur mil trms,  CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70):

Companhia de Caçadores n.º 727 (Bissau, Nova Lamego, Canquelifá, Piche, 1964/66 (*)


Subunidade independente, mobilizada no Regimento de Infantaria n.º 16, em Évora, sob o comando do capitão de infantaria Joaquim Evónio Rodrigues de Vasconcelos [, falecido 2012, no posto de coronel, reformado] (**), embarca para a Guiné em 6 de outubro de 1964, onde chega a 14 do mesmo mês.

Permanece no sector de Bissau para instrução de adaptação operacional, na região de Có-Pelundo e Prabis, tendo destacado em 18 de novembro um pelotão para reforço da guarnição de Madina do Boé, integrada no dispositivo do BCAÇ 506.

Segue em 5 de dezembro de 1964 para Nova Lamego, como unidade de intervenção e reserva do sector, atribuída ao BCAÇ 506, com sede em Bafatá,  e seguidamente ao BCAÇ 512, por divisão do Sector D, que se instalou em Nova Lamego.

Reforçou as guarnições de Madina do Boé, que já vinha do antecedente, e as guarnições de Buruntuma e Piche.

Tomou parte em operações nas regiões de Nova Lamego, Buruntuma e Madina do Boé, em que foi emboscada na estrada de Madina do Boé - Cobige, em 30 de janeiro de 1965, que causou elevado número de baixas ao IN, mas também houve a lamentar sete mortos nas NT.

Foi substituída na missão de intervenção e reserva, pela CART 731, em 19 de fevereiro de 1965.

Inicia o deslocamento para Canquelifá, a fim de substituir um pelotão da CCAÇ 509, vindo a assumir a responsabilidade do subsector de Canquelifá, criado em 25 de fevereiro de 1965, continuando integrada no dispositivo do BCAÇ 512 e, posteriormente,  no BCAV 705, que substituiu o anterior Batalhão.

Entre 25 de fevereiro e 20 de maio de 1965, destacou forças para o aquartelamento de Dunane e, entre 20 de maio e 22 de agosto de 1965, destacou forças para Sinchã Joté, além de ter destacado efectivos pelos destacamentos de Cantire e Sinchã Joté, por períodos curtos e variáveis.

Mantendo-se no mesmo Sector, Nova Lamego, foi substituída em Canquelifá pela CCAÇ 817, em 22 de agosto de 1965, para assumir a responsabilidade do subsector de Piche, com destacamento na Ponte Caium e, temporariamente, em Dunane.

A 5 de agosto de 1966, foi substituida em Piche por dois pelotões da CCAÇ 1567, até à chegada da CCAÇ 1586, recolhendo a Bissau, onde veio a embarcar com destino à metrópole em 7 de agosto de 1966.



Bravos da CCAÇ 727 que tombaram em campanha
 
(i) Por doença (difteria)

António Caeiro Combadão, soldado apontador de metralhadora, n.º 782/67, solteiro, filho de Manuel Caeiro Combadão e de Joaquina Cândida Fialho, natural da freguesia de Alqueva, concelho de Portel, faleceu no HM 24,  de Bissau, em 08DEZ64. Foi inumado no cemitério de Évora.

António Henriques Oliveira Marques, fur mil at inf, n.º 1374/63, solteiro, filho de Abílio Marques e de Etelvina Pessoa, natural de Vila do Mato, freguesia de Midões, concelho de Tábua, faleceu no HM 241, em 13DEZ64 -  Foi inumado no cemitério de Bissau - Campa 1270.

Anastácio Vieira Domingos, soldado apontador de metralhadora, n.º 688/67, solteiro, filho de Jacinto Domingues e de Guiomar Vieira, natural de Portela dos Caídos, freguesia de Santa Clara-a-Velha, concelho de Odemira, faleceu no HM 241 de Bissau, em 13DEZ64. Foi inumado no Cemitério de Bissau - Campa 1271.

(ii) Em combate:

No sábado, 30Jan65, encontrando-se já sob comando operacional do BCaç 512, sendo Oficial de Informações e Operações o Major de Infantaria António Ribeiro Farinha,  é montada por um pelotão daquela CCaç 727 acantonado desde 18Nov64 em Madina do Boé, uma emboscada no itinerário Madina do Boé - Rio Gobije, no decurso da qual ocorre uma contra-emboscada IN que causa às NT cerca de uma dezena de feridos e as seguintes sete baixas mortais:

António Angelino Teixeira Xavier, alf mil inf, nº 60-I-3064, comandante de Pelotão, solteiro, filho de António Augusto Xavier e de Angelina da Luz Teixeira Xavier, natural da freguesia Carrazeda de Montenegro, concelho de Valpaços. Foi inumado no cemitério de Carrazeda de Montenegro. Foi agraciado com a Cruz de Guerra 4.ª Classe, a título póstumo (O.E. 20/II.ª/66), porque, colocado como Comandante do Pelotão num destacamento fronteiriço, saiu voluntariamente numa patrulha onde faleceu em combate, sabendo de antemão tratar-se de uma zona onde era provável o contacto com o inimigo.

António Joaquim da Graça Viegas, soldado atirador, n.º 819/64, casado com Maria Manuela dos Santos Bárbara, filho de José Joaquim Viegas e de Dorila da Graça, natural da freguesia Moncarapacho, concelho de Olhão. Foi inumado no cemitério de Nova Lamego, região de  Gabu, Guiné

Avelino António Martins, 1.º cabo atirador, n.º 708/64, solteiro, filho de Miguel António e de Perpétua Martins, natural de Canano, freguesia de Alferce, concelho de Monchique. Foi inumado no Cemitério de Nova Lamego região de  Gabu, Guiné.

Domingos Moreira Leite, f
ur mil op esp, n.º 1714/63, comandante de secção, solteiro, filho de Avelino Maria Leite e de Maria Rosa Moreira, natural da freguesia de Rebordosa, concelho de Paredes. Foi inumado no Cemitério de Rebordosa.

Foi agraciado com a Cruz de Guerra 3.ª Classe, a título póstumo (O.E. 22/II.ª/65), porque, especialmente dotado para as funções operacionais de Comandante de Secção de Caçadores, que desempenhou com notável acerto e entusiasmo, [...] faleceu em combate quando a pequena coluna, de que fazia parte a sua secção, caíu numa violenta emboscada.

José Maximiano Duarte, soldado atirador, n.º 749/64, solteiro, filho de Sabino José Duarte e de Maria Celeste, natural da freguesia e concelho de Monchique. Gravemente ferido, foi evacuado de Nova Lamego para o HM 241, onde veio a falecer antes de findar esse dia. Foi inumado no Cemitério de Monchique.

José Pires da Cruz, soldado condutor auto rodas, n.º 937/64, solteiro, filho de Joaquim Pires da Cruz e de Maria dos Prazeres Pires, natural da freguesia de Cernache, concelho de Coimbra. Foi inumado no Cemitério de Nova Lamego, região de  Gabu,  Guiné.

Leonel Guerreiro Francisco, 1.º Cabo Atirador, N.º 707/64, solteiro, filho de José Francisco e de Gracinda Guerreiro, natural da freguesia de Alte, concelho de Loulé. Foi inumado no Cemitério de Nova Lamego - Guiné

Na Terça-feira 08Jun65, encontrando-se aquela subunidade instalada em Canquelifá (com um destacamento em Sinchã Jidé e pequenos efectivos deslocados em Cantiré e Sinchã Joté), estando desde 01Jun65 operacionalmente dependente do BCav 705 [sendo Oficial de Informações e Operações o Capitão de Cavalaria Ramiro José Marcelino Mourato], quando em deslocação no itinerário Canquelifá - Sinchã Joté e a cerca de 2km da bifurcação para Nhumanca, morrem naquele, em combate os seguintes dois militares:

António Custódio Coelho, 1.º cabo apontador de morteiro, n.º 804/64, solteiro, filho de Francisco Coelho e de Clementina Rosa, natural da freguesia de Coruche, concelho de Coruche, faleceu no Hospital Militar n.º 241 em Bissau. Foi inumado no Cemitério de Coruche.

António Dias Martins, 1.º cabo atirador, n.º 689/64, solteiro, filho de João Martins e de Maria Inácia Macia Dias, natural de Monte Alto, freguesia de Odeáxere, concelho de Lagos, faleceu no Hospital Militar n.º 241. Foi inumado no Cemitério de Odeáxere.

No domingo 04Jul65, no subsector de Nova Lamego morrem em combate os seguintes três militares:

Adelino Castanheira Dias, soldado atirador, n.º 722/64, solteiro, filho de António Dias Martins e de Maria Rosa Castanheira, natural da freguesia de Monsanto, concelho de Idanha-a-Nova. Foi inumado no Cemitério de Nova Lamego.

Filipe Rosa Camacho, soldado atirador, n.º 775/64, solteiro, filho de Luís Camacho e de Virgínia Rosa, natural da freguesia e concelho de Ferreira do Alentejo. Foi inumado no Cemitério de Nova Lamego.

Francisco João Beirão, 1.º cabo de armas pesadas, n.º 807/64, solteiro, filho de Casimiro Beirão e de Olinda Jesus Henriques, natural da freguesia de Veiros, concelho Estremoz. Foi inumado no Cemitério de Nova Lamego.

(iii) Em acidentes:

No domingo 22Ago65, momento em que foi substituída por troca com a CCaç 817, quando no aquartelamento de Canquelifá um sentinela ia ser rendido, aquele inadvertidamente atingiu gravemente a tiro o militar da CCaç 727 que naquele posto o iria render:

Mamadu Said Jaló
, soldado atirador, N.º 471/64, solteiro, recrutado do CTIG, filho de Alarba Sibide e de Malan Jaló, nascido na freguesia de Santa Isabel, concelho de Nova Lamego, evacuado para o HM241 onde veio a falecer. Foi inumado no cemitério de Bissau - Campa 1884.

Na Segunda-feira 25Abr66, encontrando-se a citada Subunidade desde há cerca de oito meses em Piche, a 15km de Nova Lamego e de regresso ao acantonamento ocorre um acidente de viação, do qual resultam graves ferimentos no militar:

Manuel Gertrudes Guerreiro, 1.º cabo atirador, N.º 691/64, solteiro, filho de Isabel Gertrudes e de Daniel Salvador Guerreiro, nascido na freguesia de Alte, concelho de Loulé, evacuado para o HM241 e seguidamente para o HMP-Estrela, onde veio a falecer na Segunda-feira 09Mai66.

Na Sexta-feira 06Mai66, ocorre em Piche um outro acidente de viação, do qual resultam graves ferimentos no militar:

Manuel Joaquim de Sousa Martins, soldado condutor auto rodas, n.º 1270/67, solteiro, filho de Rosa de Sousa Martins e de Domingos Lima Martins, nascido na freguesia do Carreço, concelho de Viana do Castelo, evacuado para o HM241 e seguidamente para o HMP-Estrela, onde veio a falecer na Quarta-feira 11Mai66.

Ver aqui, no portal Ultramar TerraWeb, a lista dos bravos da CCAÇ 727, mortos em campanha (18 no total)


Sabemos que o pessoal da companhia se reúne, todos os anos. Em 2010, por exemplo, realizou o seu XVII encontro, em Barcelos (***)

Contactos:

(i) Joaquim Esteves Ferreira, Balugães, Barcelos: telef + 351 258 107 204 / telem + 351 963 306 491

(ii) 1.º cabo escriturário (, de que se desconhece o nome)  Telem + 351 914101833

(iii) Virgílio João dos Santos, Setúbal (, sem nº de telefone / telemóvel).

(iv) 1º cabo Carmelindo Guerreiro, Aveiro (?)  (, sem nº de telefone / telemóvel).
______________

Notas do editor:



(...) Faleceu, em 23 Junho de 2012, em Lisboa, o coronel de infantaria reformado Joaquim Evónio Rodrigues de Vasconcelos (...).

Comandou a CCaç 727 (Canquelifá, out 64 / ago 66) e, em 1968, quando comandava a CCaç 2316, foi gravemente ferido em combate na área de Mejo/Guileje.

Militar, ginasta e desportista, após o seu ferimento, dedicou-se à poesia, à escrita.

Nascido em 1938, no Funchal, era director do núcleo da Ordem Nacional de Escritores, em Portugal, desenvolvendo um trabalho muito meritório na recolha de obras de poetas, artistas e escritores locais.

Grande cultor da língua, profundo conhecedor do nosso vernáculo, era um exigente revisor de provas de poesia e literatura em geral. Um verdadeiro intelectual e um talentos diseur de poesia. (...)