Fonte: (1935), "Diário de Lisboa", nº 4572, Ano 15, Sábado, 10 de Agosto de 1935, pp. 6-7 Fundação Mário Soares / DRR - Documentos Ruella Ramos, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_28743 (2025-11-3)
1º Cruzeiro de Férias às Colónias do Ocidente (Cabo Verde, Guiné, S. Tomé e Príncipe e Angola, 10 de agosto - 4 de outubro de 1935), de que foi diretor cultural o jovem e brilhante professor Marcello Caetano - Parte II
1. Foi um acontecimento social e político, a partida do N/M Moçambique para o 1º Cruzeiro de Férias às Colónias do Ocidente (sic). A notícia foi título de caixa alta nas páginas centrais (pp. 6/7) do "Diário de Lisboa" (e por certo nos restantes diários da capital).
Pela lista das figuras públicas acima identificadas, ninguém faltou à largada do paquete da Companha Nacional de Navegação (CNN), atracado no Cais da Fundição, desde o Cardeal Patriarca ao ministro das Colónias. Salazar, naturalmente, não compareceu. Saía pouco, até por razões de segurança
Mas estava lá a nata do regime. Ministros e ministeriáveis.
O Cais da Fundição não existe mais. Era um nome histórico para uma área do Porto de Lisboa, entre Santa Apolónia e o cais do Jardim do Tabaco, associado principalmente à CNN, desde os finais do séc. XIX / princípios do séc. XX. Situava-se perto da zona de Santa Luzia. Funcionava como um cais de carga e descarga, especialmente para a CNN. Atualmente, a área é agora ocupada por outras infraestruturas portuárias, como o Terminal Multiusos do Beato ou o Terminal Multipurpose de Lisboa (TSA).
Embora não haja nenhuma foto do jovem professor da Faculdade de Direito de Lisboa, Marcello Caetano, ele era uma das figuras VIP do evento, sendo o "diretor cultural" do cruzeiro. À despedida, não faltou o sogro, João de Barros (1881-1960), poeta, publicista, pedagogo, político republicano, figura respeitada da oposição democrática à Ditadura Militar e ao Estado Novo.
Estava planeado que o cruzeiro visitasse, em 56 dias, Cabo Verde, Guiné, São Tomé e Angola (a visita mais demorada). No regresso devia passar ainda pela Ilha do Príncipe e Ilha da Madeira.
O Moçambique largou festivamente ao som da sua orquestra privativa. Provavelmente com grande relutância, Salazar teve pagar do seu bolso (quer dizer, do erário público) um subsídio de 150 contos para custear a viagem.
(Continua)
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Nota do editor LG:
Último poste da série >2 de novembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27377: 1º Cruzeiro de Férias às Colónias do Ocidente (Cabo Verde, Guiné, S. Tomé e Príncipe e Angola, 10 de agosto - 4 de outubro de 1935), de que foi diretor cultural o jovem e brilhante professor Marcello Caetano - Parte I














