Cabo Verde > São Vicente > Mindelo > c. 1943 > A cidade, a baía do Porto Grande e o Monte Cara ao fundo. Ao centro, em segundo plano, o edifício de maior volumetria é o Liceu Gil Eanes (Infante Dom Hienrique, até 1937), por onde passou a elite do Mindelo e onde estudou Amílcar Cabral (que ali completou o 7º ano do liceu, em 1944, seguindo depois para Lisboa onde se licenciou em engenharia agronómica, no Instituto Superior de Agronomia). Mas por lá passaram também os nossos camaradas Adriano Lima e Carlos Filipe Gonçalves, que agora se reencontram através do nosso blogue. E viveram na mesma rua!
Cortesia de Adriano Miranda Lima / Blogue Praia de Bote (2012). Informação complementar de Adriano Miranda Lima: Foto de origem desconhecida mas que parece ser da Foto Melo ou do José Vitória.
Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > Outubro de 1941 > "O belo porto de mar de São Vicente; ao centro o ilhéu que se confunde com um barco [o ilhéu dos Pássaros]". .Foto do álbum de Luís Henriques, ex-1º cabo at inf, 3ª Companhia do 1º Batalhão do RI5, unidade mais tarde integrada no RI 23 (São Vicente, Cabo Verde), 1941/43). Origem: provavelmente Foto Melo.

1º Cruzeiro de Férias às Colónias do Ocidente, documentário de San Payo (1936) > Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > Agosto de 1935 > A miudagem disputando as moedas deitadas para o meio da rua pelos turistas do "Moçambique"... Um espectáculo degradante, aos olhos de hoje, mas que fazia parte do "folclore" de "Soncent". A ilha, do Barlavento, a segunda mais populosa do arquipélago, continua a perder hoje o concurso dos seus melhores filhos para a Praia (a capital política) e para emigração. Apesar do desenvolmento socioeconómico da ilha e do resto do arquipélago.
Cortesia de Cinemateca Digital, documentário "I Cruzeiro de Férias às Colónias do Ocidente", realizado em 1936 por San Payo. Disponível aqui:
http://www.cinemateca.pt/Cinemateca-Digital/Ficha.aspx?obraid=1378&type=Video
(Seleção e edição de imagens, numeração, legendagem, revisão / fixação de texto, título, negritos: LG)
1. Comentários, por email, aos postes P27409 e P27416 (*), enviados por Adriano Lima (cor inf ref, membro da Tabanca Grande nº 560, desde 2/12/2012; natural de Mindelo, Ilha de Sáo Vicente, Cabo Verde, reside em Tomar; fez comissões de serviço em Angola e Moçambique):
Data - quarta, 12/11/2025, 22:58Caro Luís.
Adriano
2. Resposta do editor LG:
Data - 13/11/2025, 09:42Adriano, é mesmo "sem som". Os documentários na época não tinham som . O som síncrono ainda era tecnicamente complicado.
Olha, divulga pela Praia do Bote. Um abraço para o Joaquim Saial e colaboradores. Ab, Luís
3. Novo comentário Adriano Lima: os
Data - 13/11/2025, 17:01
Luís, boa tarde.
Sim, desconfiava que o filme não tinha som, mas precisava confirmar. Vale pelas imagens e pelo estilo narrativo, que nos retratam o Estado Novo na sua genuinidade. A visita destes excursionistas foi uma decisão simpática e compreensível, exemplo que estava longe do pensamento de Salazar, que nunca pôs os pés no Ultramar.
Os meus olhos centraram-se na miséria bem patente nos jovens e crianças com vestes esfarrapadas e descalças, com os miúdos mais novos completamente nus, em disputa para apanhar umas moedas que os visitantes lhes terão atirado junto ao Mercado Municipal.
Claro que 1935 estava ainda sob os efeitos da crise mundial de 1929, que afectou drasticamente todo o mundo, mesmo os países ricos. Mas era endémica a pobreza em Cabo Verde, pois lembro-me de ver na minha infância quadros idênticos ao observado, com crianças (rapazes) completamente nuas nos atredores de Mindelo.
Mais tarde, já na minha adolescência/juventude, o panorama melhorou um pouco, pois crianças nuas eram já raras. Em todo o caso, bem antes do meu tempo as autoridades terão proibido a ida de crianças nuas à cidade, que em crioulo se diz "morada".
No filme vêem-se também miúdos desnudados em botes, que asssediavam os navios que chegavam. Era hábito atirar moedas para o mar para eles as irem apanhar no fundo. Desde muito cedo faziam pela vida no meio da baía.
As coisas mudaram bastante e hoje, aliás desde há muito, e já não se vêem pessoas com roupas rotas ou remendadas ou descalças.
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Francisco Xavier da Criuz (B.Leza) (1905-1958) |
Voltei a mirar os músicos e não consegui reconhecer nenhum (eu só nasceria 10 anos depois deste acontecimento). Era já célebre o músico e compositor B. Leza (Francisco Xavier da Cruz), que em 1935 tinha 30 anos, mas não sei se é alguns dos músicos. À época também eram já célebres o Mochim d' Monte e o Manuel Querena, ambos violinistas. Serão alguns dos que estão no filme? O B. Leza é este da foto (à direita).Ah, no filme reconheço o que foi o fundador dos Sokols de Cabo Verde, Júlio Bento Oliveira, meu parente. Está de farda branca (a de comandante dos Sokols) e ao lado de Marcelo Caetano quando este discursa na recepção da Câmara.
Já não me lembrava desse texto, "Sentimentos Retroactivos", que escrevi em 2016. Obrigado pela tua apreciação.
Vou enviar o mail ao Joaquim Saial.
Abraço amigo
Adriano
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Nota do editor LG:




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