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quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Guiné 63/74 - P15406: (Ex)citações (302): O conjunto João Paulo, em 1968, em Susana... No fim do concerto apanhámos com umas valentes morteiradas (Domingos Santos, ex-fur mil, CCAÇ 1684, Susana e Varela, 1967/69)


Foto nº 1 A


Fopto nº 1


Foto nº 2

Guiné > Região do Cacheu > CCAÇ 1684 (Susana e Varela,m 1967/69) > O Conjunto Académico João Paulo, em Susana, em atuação (foto nº 1) e com os oficiais e sargentos da companhia.


Fotos: © Domingos Santos (2015). Todos os direitos reservados [Edição: LG]


1. Mensagem do [Manuel] Domingos Santos [, ex-fur mil, 
CCAÇ 1684 / BCAÇ 1912, Susana e Varela, 1967/69]:


Data: 23 de novembro de 2015 às 21:22
Assunto: Envio de fotos do conjunto João Paulo


Um abração,  camarigo amigo.

Aqui mando duas fotos que guardo do conjunto João Paulo,  em actuação em 1968 em Susana... Na segunda vê-se os elementos do conjunto com os oficiais e sargentos da CCAÇ 1684.

Guardo também  alguns discos que me ofereceram nesse tempo.

Guardo também na memória  que, no fim de nos divertirmo-nos com as suas canções, caiu em cima de nós umas fortes morteiradas, como que a dizerem que queríamos mais música.

Um abração
Domingos Santos
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terça-feira, 28 de maio de 2013

Guiné 63/74 - P11640: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (12): Tese de doutoramento em estudos africanos, em curso, sob a orientação do professor e nosso tabanqueiro Eduardo Costa Dias (ISCTE): Lúcia Bayan quer entrevistar camaradas que estiveram no chão felupe e em especial em Suzana



Guiné > Região do Cacheu > Susana > Junho de 1972 > Dia de ronco... dia da morte do comandante do PAIGC, Malan Djata, cuja cabeça foi cortada por elementos da população, felupe, após a sua captura na sequência de um ataque falhado ao aquartelamento de Susana. Segundo esclarecimento, dado pelo Luís Fonseca  "naqueles momentos foi de todo impossível determinar o 'autor' da decapitação". Foi tudo num ápice: um graduado da CCAV 3366 que assistiu à cena não pode fazer para evitar a mutilação (ritual) do cadáver de um inimigo.
Foto (e legenda): © Luiz Fonseca (2007). Todos os direitos reservados.


1. Mensagem de Lúcia Bayan, com data de 21 do corrente:

De: Lúcia Bayan
Data: terça-feira, 21 de Maio de 2013,  19:28
Assunto: Pedido de ajuda

Caro Senhor,

Encontro-me a fazer o doutoramento em Estudos Africanos, do ISCTE, sendo orientada pelo prof. Costa Dias. O meu trabalho incide sobre a sociedade felupe. Estou a dar continuidade a um projecto iniciado com o meu mestrado, também em Estudos Africanos no ISCTE e também orientado pelo prof. Costa Dias. Regressei há cerca de um mês da minha terceira ida ao terreno e pretendo regressar no início do próximo ano.

Considero que neste momento já tenho conhecimentos razoáveis desta sociedade, para o que muito contribuiu algumas informações retiradas do seu blogue. No entanto, tenho ainda muitas dúvidas sobre o passado recente deste povo, pelo que gostaria muito de conversar com colegas seus que tenham estado no quartel de Suzana.

Apelo pois para a sua boa vontade para me proporcionar contacto(s) com alguns seus colegas que tenham estado colocados neste quartel e que estejam dispostos em partilhar comigo os seus conhecimentos.

Grata pela atenção, fico à espera ansiosamente da sua resposta.

Os melhores cumprimentos,

Lúcia Bayan
Tel.: 96 135 31 30

2. Comentário de L.G.:

O Prof Eduardo Costa Dias é um velho amigo e companheiro de lides académicas. É, além disso, um grande amigo do povo da Guiné-Bissau e um conhecer profundo dos seus usos e costumes, da sua grande riqueza e diversidade culturais. Honra-nos com a sua presença na Tabanca Grande. Por outro lado, o nosso blogue é (e quer continuar a ser) uma fonte de informação e conhecimento (*) não só para os portugueses como para os guineenses e demais comunidades lusófonas. O pedido de Lúcia Bayan vai ter, por certo, resposta por parte dos nossos generosos e solidários tabanqueiros que passaram pelo chão felupe. Entre eles cito, por ordem
alfabética, e correndo o risco de omitir mais alguém:

(i) Delfim Rodrigues [,ex-1.º cabo aux enf, CCAV 3366 / BCAV 3846, Suzana e Varela, 1971/73]: reside em Coimbra; trabalha (ou trabalhava, não sei se está reformado) em estudos de mercado, na recolha de dados / trabalho de campo;

(ii) Luiz Fonseca [, ex-fur mil trms, CCAV 3366 / BCAV 3846, Suzana e Varela, 1971/73]; reside em Vila Nova de Gaia; é um estudioso da sociedade felupe tendo publicado diversos postes na série Cusa di nos terra, sob o subtítulo Suzana, chão felupe, que listamos abaixo (**)

(iii) [Manuel] Domingos Santos [, ex-fur mil, CCAÇ 1684/BCAÇ 1912, Susana e Varela, 1967/69]; está reformado; não temos informação sobre o local de residência;

(iv) Raul [Manuel Bivar de ] Azevedo [, ex.cap mil, 2ª CART / BART 6522, Susana, 1972/74]

(...) Nasceu em 1943, em Faro, é engenheiro electrotécnico (IST), reformado da EDP desde 2008. Ainda há dias nos escreveu dizendo: (...) Prometo enviar memórias de Susana com muito gosto, aliás já tinha feito essa promessa,mas não tive oportunidade.Teria muito interesse em contactar com a doutoranda [Lúcia Bayana] pois poder-lhe -ia ser útil e para mim era um reviver de memórias inesquecíveis. (...)

Vou pôr a nossa doutorando em contacto com estes camaradas que, por certo, irão responder amavelmente às suas perguntas sobre os felupes. Boa sorte à Lúcia Bayan. Um Alfa Bravo (ABraço) para o Costa Dias. Kasumai, para todos/as. LG

PS - Lúcia: Aqui tem 4 contactos. Faça bom uso deles. Transmita as nossas saudações ao seu orientador. E dê-nos notícias de Susana e dos nossos amigos felupes!... Por outro lado, a nossa Tabanca Grande está aberta para si, se a quiser integrar como "amiga da Guiné". Custo de ingresso: 1 foto + 1 história. Kasumai. Luis Graça
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(**) Alguns dos postes do Luiz Fonseca sobre a sociedade felupe:

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Guiné 63/74 - P10575: O nosso livro de visitas (150): Agradecimento (Vanda Silva)

1. Mensagem da nossa leitora Vanda Silva, ex-madrinha de guerra (*)

Data: 26 de Outubro de 2012 10:13
Assunto: Agradecimento

Agradeço-lhe o empenho e a rapidez em satisfazer o meu pedido que, infelizmente, tem um resultado desagradável.

Soube, através do email indicado por si (**),  que o Alferes Oliveira Marques já morreu,  facto que me deixou consternada.

Quanto a partilhar memórias desse tempo, deixe-me primeiro ordenar as ideias ( e o coração que a vida não afecta só o aspecto físico com rugas e cabelos brancos ).

Bem haja e felicidades para o seu (vosso) excelente trabalho.
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Notas do editor:

(*) Último poste da série >  Guiné 63/74 - P10552: O nosso livro de visitas (149): Vanda Silva, madrinha de guerra, procura o paradeiro do ex- alf mil António Augusto Oliveira Marques, CCAÇ 1684 (Susana e Varela, 1967/69)

(**) Troca de emails entre a Vanda Silva e o o nosso camarada Manuel Santos [ou Domingos Santos]:

(i) Vanda Silva, 24 de Outubro de 2012 16:51:

Manuel Santos:

O sr. Luís Graça deu-me o seu email porque talvez me informasse sobre o Alferes Miliciano dos Comandos, António Augusto Oliveira Marques ( Tony Marques ) que esteve colocado em Susana durante 1967- 1968. Correspondia-me com ele durante esse periodo e perdi o seu contacto após a desmobilização em Dezembro de 68. Desde já lhe agradeço.

(ii) Manuel Santos, 25 de Outubro de 2012 17:47

Eu estive em Suzana de 67-69 com esse meu grande amigo Tony Marques, era do meu pelotão. Não sei se sabe, a sua Mãe morava em Bissau e estive lá em casa dele por várias vezes.

Mas tenho que lhe dar uma má noticia , ele já morreu. Ficou em Bissau quando na disponibilidade, em casa de sua mãe.

Se pretender mais algumas informações, pode contar comigo.
Manuel Santos
Furriel miliciano
Comp 684,
Suzana e Varela 67-69

domingo, 21 de outubro de 2012

Guiné 63/74 - P10552: O nosso livro de visitas (149): Vanda Silva, madrinha de guerra, procura o paradeiro do ex- alf mil António Augusto Oliveira Marques, CCAÇ 1684 (Susana e Varela, 1967/69)


Guiné > Região do Cacheu > CCAÇ 1684 (Susana e Varela, 1967/69) > Destacamento de Cassolol  >  "Deixamos lá este pequeno monumento dedicado à nossa Companhia,  "Pantera 1684", com os nomes dos nossos mortos" (Domingos Santos).


uiné > Região do Cacheu > CCAÇ 1684 (Susana e Varela, 1967/69) > Susana > Na casa do casal José Valente e Helena > "Aqui estamos no seu terraço a comer um petisco. Ao fundo, penso ser a sua filha, que segundo sei será hoje a senhora que tem a residencial Chez Helène em Varela" (Domingos Santos).


Guiné > Região do Cacheu > CCAÇ 1684 (Susana e Varela, 1967/69) > Susana > 1968 >  O Domingos Santos, ao meio, entre lutadores felupes e mais dois militares da CCAÇ 1684, por ocasião da festa do fanado. O Domingos Santos era amigo do João Uloma, que será mais tarde alferes comando graduado da 1ª Companhia de Comandos Africanos.

Fotos: © Domingos Santos (2011). Todos os direitos reservados


1. Mensagem da nossa leitora Vanda Silva


De: Vanda Silva [ myspym@gmail.com]
Data: 16 de Outubro de 2012 09:28
Assunto: Pedido de informações


É de louvar a criação do blogue para que a memória desse tempo perdure para as gentes vindouras que ficaram livres "daquilo". 

Fui correspondente ou madrinha de guerra (eu prefiro chamar-me apenas "uma amiga") do Alferes Miliciano dos Comandos que esteve colocado em Suzana de 1967 a 1968 e pertencia, salvo erro,  aos "Os Panteras" CCAÇ 1684 [ / BCAÇ 1912, Susana e Varela, 1967/68]

Gostaria de saber mais coisas sobre ele e, se alguém o conheceu , ficaria muito grata se me pudesse elucidar. 

O meu email é myspym@gmail.com e o meu nome Vanda Silva. 


PS - Por lapso, não escrevi o nome do Alferes: António Augusto Oliveira Marques. As minhas desculpas. 

2. Comentário de L.G.:

Vanda, obrigado pela visita e pelas suas amáveis palavras.  Gostaríamos que nos falasse mais desse seu papel de madrinha de guerra ou de amiga de um combatente da Guiné, nosso camarada. Tem o nosso blogue à sua disposição. 

Quanto ao António Augusto Oliveira Marques, não temos nenhuma pista que nos leve ao seu paradeiro. Ou melhor, temos um representante da CCAÇ 1684 no blogue,  o Domingos Santos.

O Manuel Domingos Santos, ex-Furriel Miliciano, esteve em Susana e Varela, na CCAÇ 1684/BCAÇ 1912, entre maio de 1967 e maio de 1969. Seguramente que ele conheceu o seu antigo correspondente e deve encontrar-se com ele nos convívios anuais da companhia. Veja se reconhece o seu amigo nas fotos do álbum do Domingos. Ele pertence a esta grande família, que é a Tabanca Grande, desde 7 de maio de 2011. Aqui tem o e-mail: domingossantos44@gmail.com

Desejo-lhe boa sorte nas suas pesquisas.  Saudações bloguísticas dos editores.
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Nota do editor:
Último poste da série > 17 de outubro de 2012 > Guiné 63/74 - P10539: O nosso livro de visitas (148): Alfredo João Matias da Silva, ex-Fur Mil do Pel Rec Fox 3115 (Gadamael e Guileje, 1972/74) procura camaradas de armas

terça-feira, 19 de julho de 2011

Guiné 63/74 - P8573: O Azimute e o acontecimento do ano de 1968 (Domingos Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Manuel Domingos Santos* (ex-Fur Mil da CCAÇ 1684/BCAÇ 1912, Susana e Varela, 1967/69), com data de 18 de Julho de 2011:

Amigo Carlos

Talvez tenha interesse para alguns camarigos estas notícias do antigamente.
Ao dar voltas ao baú doutros tempos, dei-me com uma revista dessa altura "O AZIMUTE" que traz algumas notícias do nosso tempo, e que possam ter interesse para alguns camarigos da Companhia 1585,  de 67-69,  onde descreve um grande louvor e a ida do então Presidente Américo Tomaz à Guiné em 1968.

Um abraço
Domingos Santos












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Nota de CV:

(*) Vd. poste de 7 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8238: Tabanca Grande (279): Manuel Domingos Santos, ex-Fur Mil da CCAÇ 1684/BCAÇ 1912 (Susana e Varela - 1967/69)

sábado, 7 de maio de 2011

Guiné 63/74 - P8238: Tabanca Grande (279): Manuel Domingos Santos, ex-Fur Mil da CCAÇ 1684/BCAÇ 1912 (Susana e Varela - 1967/69)

1. Mensagem do nosso novo camarada e amigo Manuel Domingos Santos, ex-Fur Mil da CCAÇ 1684/BCAÇ 1912, Susana e Varela, 1967/69, com data de 4 de Maio de 2011:

Camarada Luís Graça
Depois de ter feito o meu primeiro contacto com os Camaradas da Tabanca Grande em Dezembro último (P7451 - Livro de visitas 104*), venho agora com grande desejo de entrar na grande família da TABANCA GRANDE.


Apresento-me:
Manuel Domingos Santos
Ex-Furriel Miliciano
Batalhão 1912-Companhia 1684
Guiné - Susana e Varela
Maio de 1967 a Maio de 1969


Entrei na vida militar em 11 de Janeiro se 1966 no CISMI em Tavira, onde fiz a recruta e a especialidade, até Junho do mesmo ano.

Depois da especialidade de atirador (não havia outra especialidade nessa altura) ou não nos deram outra a escolha, fui com outros camaradas obrigado a fazer testes para ir formar uma Companhia de Comandos para Lamego. Fizemos os testes ainda em Tavira, testes bastante difíceis e rigorosos, basta dizer que no meu grupo de vinte e cinco só ficamos seis aprovados.

Depois de uns dias de férias a descansar em casa, lá fui de comboio até Lamego, mais propriamente Lamelas, um pouco afastada de Lamego, no cimo de um monte junto a um cemitério. Aqui permanecemos durante uns tempos a treinar tudo o que nos esperava nas guerras do Ultramar. Aprendiamos e aperfeiçoávamos a lidar com as várias armas, enfermagem, minas e armadilhas, pára-quedismo e tudo o que dizia respeito a poder sobreviver no mato vários dias sem comer nem beber.

Só para dar uma ideia do que era, basta dizer que não tínhamos horas de descanso nem de noite nem de dia. A qualquer hora da noite íamos fazer patrulhamentos, dar uns tiros na carreira de tiro, fazer instrução para dentro do cemitério, tudo isto e muito mais. Nesse tempo tudo isto era realmente difícil e complicado, mas depois já no cenário de guerra foi realmente muito útil para mim e para os que eu levava para o mato.

Depois no final, não segui com a Companhia de Comandos para Angola, aqui já não obrigado, mas sim se tivesse essa vontade. Falava-se nessa época que iríamos dar instrução a futuros Comandos em África.

Como não segui com essa Companhia, fui para o RAL 1 em Lisboa dar instrução durante dois meses. Depois vim para perto de casa, RI 7 em Leiria, onde estive dois meses, até que fui para Santa Margarida para me incorporar no Batalhão que me levou a terras da Guiné.

No dia 8 de Abril de 1967 embarcámos no velhinho "UIGE" e desembarcámos em Bissau a 13 do mesmo mês.

O Batalhão seguiu para Mansoa e a minha Companhia ficou um mês em Bissau no quartel da Amura, à espera de ir para Susana e Varela.

Susana era uma tabanca não muito grande, mas tinha um povo muito grande, muito guerreiro, muito unido e muito do nosso lado. Armados com arco e flecha nada os fazia temer. Guardavam bem o seu chão "O CHÃO FELUPE".

Na minha passagem por Susana, não posso deixar de falar do amigo João Uloma, o grande guerreiro Felupe e chefe de toda a zona Felupe, que ao sair para patrulhamentos era sempre o primeiro e todos os outros o seguiam logo atrás. Era temido por aqueles que combatiam contra nós e contra os Felupes, e nessa época já tinha a cabeça a prémio, isto dito por alguns combatentes do PAIGC que apanhamos em operações.

Vim a saber mais tarde por camaradas nossos que por lá passaram depois, e confirmado por um amigo susanense que se encontra em Portugal a trabalhar, que o tinham matado. Foi um grande guerreiro e um grande condutor de homens. Veio à metrópole em 1968 com o prémio Governador da Guiné, e no dia 10 de Junho em Lisboa recebeu uma medalha de Grande Mérito Militar.


Nesta foto, João Uloma no dia dos seus anos. Não era normal ele festejar os anos, mas nesse dia aconteceu. Eu e mais dois camaradas fomos a casa dele fazer esta surpresa.



Aqui está a prova de como os Felupes agiam com os ataques. Depois de sermos atacados durante a noite, ei-los vindos de Tabancas bem longínquas a chegarem para nos ajudar a combater o inimigo. Alguns caminharam a pé durante várias horas para aqui chegarem, armados de arco e flecha


Havia também em Susana outras pessoas que nos marcaram nesse tempo. Falo de um casal maravilhoso que era a D. Helena e seu marido José Valente, que foi militar antes de nós e que por lá fico com essa Senhora que tinha um negócio de vários artigos. Era tudo para nós. Mãe, Madrinha, Namorada, enfim tudo aquilo que nós não tínhamos lá. Fazia-nos grandes petiscos bem apetitosos á sua maneira, e acolhia-nos como seus filhos se tratasse.


Nesta foto José Valente com o seu bigode característico. De vez em quando também nos fazia companhia na nossa messe. Era homem da casa.



Aqui estamos no seu terraço a comer um petisco. Ao fundo, penso ser a sua filha, que segundo sei será hoje a senhora que tem a residencial CHEZ HELENE em Varela.



Aqui também nos honrou com a sua presença na passagem do ano de 1967 para 1968. Está ao fundo com o seu bigodito.


Nesta foto, a sua residência que nos vários ataques que sofremos também não escapou aos efeitos da guerra.


Estrada de Susana para Varela > Esta situação era vulgar acontecer no nosso tempo. Havia uma grande extensão de bolanhas que nos meses das chuvas ficavam cobertas de água. Era também uma boa oportunidade para sermos atacados como aconteceu algumas vezes.



Foi bem perto de Cassolol que tivemos uma mina na ponte e de seguida confronto de tiroteio, de que resultaram dois mortos e vários feridos. A viatura onde seguíamos ficou neste estado.



Cassolol > Deixamos lá este pequeno monumento dedicado à nossa Companhia "Pantera 1684", com os nomes dos nossos mortos.



Susana > Monumento aos mortos da CCAÇ 1684


O Fanado > Eu e o mais novato dos que foram fazer a circuncisão.

Ao falar de Susana e dos Felupes, é obrigatório também falar do Fanado, ou Circuncisão que se realiza de trinta em trinta anos. Eu tive o privilégio de assistir no ano de 1968, pois o seguinte foi em 1998.

Recordo-me que nessa cirurgia que era feita aos Felupes, nesse ano não houve mortes porque fomos autorizados a assistir e a fazer a higiene necessária, ao contrário dos anos anteriores que houve sempre mortos.

No final do Fanado, em que os Felupes estão isolados na mata durante cerca de dois meses sem poderem ver os familiares, há festa e apresentam-se aos familiares e amigos em traje de gala.

Durante o tempo que estão na mata depois da circuncisão, eles fazem festa durante o dia e noite. Diziam que era para não sentirem as dores do acontecido. E diziam que durante o tempo que estavam por lá, não seriamos atacados. Foi o que aconteceu. Tinham medo dos Felupes nessa altura, pois ganhavam mais força, e tornavam-se ainda mais agressivos.



Susana > O fim do Fanado > Estes são os adultos vestidos a rigor prontos para o fim da festa. À frente está o chefe dos Felupes que era o pai do grande amigo João Uloma.



Os Felupes e as lutas > Eu no meio dos vencedores


Eu a apreciar as lutas


A morte > Na etnia Felupe era normal o defunto ser colocado numa poltrona e ser velado pelos familiares com cânticos antes de ser enterrado. Ali estava uns dias e depois desaparecia sem nos apercebermos de mais nada.



Aqui era o cemitério dos crânios e dos objectos de feitiçaria.

Fotos: © Domingos Santos (2011). Todos os direitos reservados


Este é um pequeno resumo do que foi a minha passagem na vida militar. Foram 1225 dias com a farda militar vestida. Uns dias melhores outros menos bons como todos os camaradas que por lá passaram. Todos nós temos imensas histórias para contar, só que por vezes não temos a coragem de as deitar cá para fora.

Estão cá dentro guardadas, e não temos a coragem de as contar, a não ser em convívio com outros camaradas que também por lá passaram.

Um forte abraço para todos aqueles que trabalham e procuram dar voz aos que combateram em terras de África.

2/05/2011
Domingos Santos

[Edição de fotos, revisão e fixação de texto: Carlos Vinhal]



2. Comentário de Carlos Vinhal:

Caro Domingos Santos,
Bem-vindo à família do Blogue Luís Graça e Camaradas da Guiné. Instala-te na Tabanca e continua com as narrativas da tua vivência numa das zonas mais características da Guiné, o Chão Felupe. A tua apresentação promete.

Como muito bem dizes no fim deste teu trabalho ora publicado, as nossas histórias, só as ouvem e entendem quem passou por experiências similares. Portanto este é o local ideal onde, à vontade, poderás escrever as tuas memórias porque estás entre pares.

Temos na tertúlia um camarada que se dedicou a observar os usos e costumes dos Felupes, pois como tu, também esteve em Susana, estou a falar do ex-Fur Mil TRMS Luiz Fonseca da CCAV 3366/BCAV 3846, que embora há muito não nos mande nada, deixou-nos uns óptimos apontamentos sobre esta etnia. Podes aceder a eles clicando nas palavras Felupes e/ou Luís Fonseca, na cor laranja e sublinhadas.

Porque este poste está já muito longo, deixo-te um abraço de boas vindas em nome da tertúlia e dos editores, e os votos de uma colaboração profícua.

Deste teu camarada e novo amigo segue também um abraço fraterno
Carlos Vinhal

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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 16 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7451: O Nosso Livro de Visitas (104): Camaradas da Guiné (Domingos Santos)

Vd. último poste da série de 21 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8145: Tabanca Grande (278): Jorge Manuel Magalhães Coutinho, ex-Alf Mil OpEsp/RANGER da CCS/BCAÇ 4610/73 (Piche, Bissau – 1974)

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Guiné 63/74 - P7451: O Nosso Livro de Visitas (104): Camaradas da Guiné (Domingos Santos)


1. O nosso Camarada-de-armas Domingos Santos, da CCAÇ 1684 do BCAÇ 1912 - Susana e Varela -, MAI67 a MAI69, enviou ao nosso Camarada Luís Graça, em 15 de Dezembro de 2010, a seguinte mensagem.
Camaradas da Guiné
É com enorme alegria que ao ver camaradas da Tabanca Grande a relatar episódios passados na Guiné, e em especial em Susana e Varela que foi onde estive, já lá vão uns bons quarenta e três anos, pois estou a falar nos anos de 67-69.
Como ao longo destes últimos anos não tive grande tempo para aprender esta nova tecnologia dos computadores, agora como reformado arranjei esse tempo para aprender e assim pesquisar coisas bastante interessantes.
Vi aqui também que o camarada Pepito também passou por Susana e Varela, pois vi fotos do quartel lá de Susana enviadas penso eu por ele e também artigos onde fala dos Felupes e seus costumes.
É sempre bom haver alguém que fale destes acontecimentos, para que fique para os nossos netos relatos do que nós passamos na guerra de África.
Também tenho imensos casos passados na minha permanência na Guiné, que um dia relatarei, mas só quando dominar melhor esta tecnologia.
Um grande abraço para todos os camaradas, em especial os que passaram por Guiné.
Do Camarada Combatente
Domingos Santos
2. Gostávamos de transmitir ao Domingos Santos que já mandaram mensagens para o blogue os seguintes Camaradas e familiares de Camaradas nossos do BCAÇ 1912:

- O nosso camarada Júlio César Ferreira (ex-1º Cabo, CCAÇ 2659/BCAÇ 2905, Guiné 1970/71), em 9 de Março de 2010, procurou saber notícias do ex-1º Cabo Manuel Silva Ferreira da CCAÇ 1684;
- A amiga Lídia Gonçalves (filha de José Manuel Costa Gonçalves. Ex-1º Cabo Mecânico Auto Rodas da CCAÇ 1685 - Os insaciáveis), procurou notícias de seu pai falecido em 12 de Agosto de 2009;
- O nosso Camarada Aires Ferreira (ex-Alf Mil da CCAÇ 1686);
- O nosso Camarada Mário de Oliveira (que foi Alf Mil Capelão) e é conhecido como o Padre Mário da Lixa;
- O amigo Sérgio Nunes Rodrigues de Oliveira, filho do nosso Camarada Reinaldo de Oliveira Pereira (ex-Sold Condutor da CCAÇ 1686), em busca de Camaradas de seu pai.
3. Resta-nos, em nome do nosso Camarada Luís Graça, Editores e demais tertulianos desta Tabanca Grande, enviar ao Domingos Santos o habitual convite para se juntar às nossas fileiras, enviando-nos pelo menos um texto contando-nos um episódio e fotos do seu tempo de comissão.
Emblemas de colecção: © Carlos Coutinho (2010). Todos os direitos reservados

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