Guiné > Zona leste >Região de Bafatá > Setor L1 (Bambadinca) > Mansambo > CART 2339 (1968/69) > O alf mil Torcato Mendonça (1944-2021) junto a obus 10,5 ou 105 mm, em cujo tubo se pode ler "Nagul - 1895".
Foto : © Torcato Mendonça (2007). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Moçambique > c. anos 1920 > Monumento de Magul, comemorativo do combate de 8 de setembro de 1895, no qual tomaram parte, entre outros oficiais do exército português, Mouzinho de Albuquerque, Freire de Andrade e Paiva Couceiro
(Cortesia de Hemeroteca Digital de Lisboa)
1. Magul não é um topónimo guineense, mas se calhar por causa dele e de outros que nós lá fomos parar à Guiné, na sequência das "guerras de pacificação" do 3º quartel do séc. XX (a que também se chama "guerra colonial", "guerra do ultramar", "guerra de África"...) Marracuene, Magul , Coolela e Chaimite (em Moçambique), Mofilo, Môngua (em Angola), etc., são nomes de batalhas das campanhas de "pacificação", "ocupação" ou "manutenção do Império"...
Magul (*) apareceu aqui, pela primeira no blogue, numa foto de um obus. 10.5 (*), da autoria do Torcato Mendonça. Conversa puxa conversa, ficámos a saber mais um pouco sobre a historiografia da presença portuguesa em África (**).
Foi o nosso saudoso Vasco Pires (1948-2016 ), que vivia no Brasil, quem deu a primeira dica (***): a inscrição "Mgul - 1895" no tubo do obus 10.5 de Mansambo (*) só poderia ter a ver com o combate de Magul, de 8 de setembro de 1895, em Moçambique.
Por outro lado, o artilheiro C. Martins, bravo de Gadaamel (1973/74), esclareceu os infantes que, no tubo dos obuses e peças da BAC, " às vezes era inscrito o nome de batalhas onde a artilharia se distinguiu por feitos valorosos"...
Sobre o combate de Magul, recolheu-se na atura mais a seguinte informação na Wikipedia:
(...) "O Combate de Magul foi uma batalha travada na região de Magul (Moçambique) entre uma força expedicionária Portuguesa, liderada por Alfredo Augusto Freire de Andrade e os guerreiros tribais Ronga, liderados por nuã-Matidjuana caZixaxa Mpfumo e pelo seu primo Mahazul.
"O confronto insere-se nas chamadas "Campanhas de Pacificação de África" levadas a cabo por Portugal nas suas colónias, nos finais do século XIX e início do século XX, fruto da crise do Mapa cor de rosa. A primeira fase destas campanhas, iria culminar na captura do imperador de Gaza, Ngungunhane.
"A batalha deu-se no dia 8 de setembro de 1895, sendo a desproporção de forças entre os dois lados bastante substancial. Do lado Ronga, contavam-se 13 Mangas (regimentos de guerreiros tribais) com cerca de seis mil homens, enquanto que a tropa portuguesa dispunha de 275 soldados europeus, auxiliados por 500 ajudantes africanos (na sua maioria angolanos).
"Os guerreiros africanos lançaram-se na sua tática habitual de meia lua, enquanto os portugueses, usaram a sua tática do quadrado habitual, (soldados virados para as quatro frentes, em linha de fogo, com as peças de artilharia nos cantos).(...)
"O poder de fogo das metralhadoras e da artilharia europeia era enorme, fazendo com que os Ronga não conseguissem furar o quadrado Português. Ao fim de duas horas de combate, os africanos retiram, deixando para trás 400 mortos. Do lado português contabilizam-se 5 baixas entre os soldados continentais, uma vitória esmagadora e que muito desmoralizou os Ronga.
"Depois da vitória inquestionável, a tropa portuguesa aproveita para semear o medo entre as povoações, tentando desta forma quebrar o sentimento de revolta contra o domínio colonial, e são incendiadas varias aldeias.
"Ngungunhane não intervém, pois aguardava ainda por ajuda inglesa que no entanto não surge. Os britânicos ao verem a determinação que o governo português emprega nestas ações, retiram o apoio ao imperador africano.
Nesta batalha distinguiu-se com enorme bravura o famoso Henrique de Paiva Couceiro" (...).
2. Ficámos também a saber também algo mais sobre o céldebre Ngungunhane ou Gungunhana (c. 1850-1906):
Ver o sítio "Vidas Lusófonas", a biografia de Gungunhana, hoje herói nacional para os moçambicanos e que, no nosso tempo de escola, fazia parte do nosso imaginário...
http://www.vidaslusofonas.pt/ngungunhane.htm (página, entretanto, descartada)
NGUNGUNHANE (resistente anticolonial, 1850? – 1906)
Quando tudo aconteceu...
1850: Data aproximada de nascimento de Ngungunhane;
1858: Morte de Manukuse, fundador do império de Gaza, avô de Ngungunhane;
1884: Morte de Muzila, pai de Ngungunhane e subida deste ao poder;
1885, Fevereiro: Conferência de Berlim e partilha de África pelas potências europeias;
1890, 11 de Janeiro: Ultimato britânico ao governo português;
1894, Agosto: Rebelião dos tsongas na região de Lourenço Marques;
1895, 8 de Setembro: Combate de Magul;
1895, 11 de Novembro: O exército português vence os ngunis, arrasa e incendeia Mandlakasi, capital do império de Gaza;
1895, 28 de Dezembro: Mouzinho de Albuquerque aprisiona Ngungunhane em Chaimite, a aldeia sagrada dos ngunis;
1896, 13 de Março: Ngungunhane, sete das suas mulheres, seus filho e tio e dois régulos são desembarcados em Lisboa, em estado de festa pelas capturas;
1896, 23 de Junho: Ngungunhane chega à ilha Terceira, Açores, onde fica desterrado até à morte;
1906, 23 de Dezembro: Morte de Ngungunhane;
1985, 15 de Junho: as ossadas, provavelmente falsas, chegam à República de Moçambique.
Fonte: Vidas Lusófonas > Carlos Pinto Santos > NGUNGUNHANE (resistente anticolonial, 1850? – 1906)
https://arquivo.pt/wayback/20141001000628/http://www.vidaslusofonas.pt/ngungunhane.htm
____________Sobre o combate de Magul, recolheu-se na atura mais a seguinte informação na Wikipedia:
(...) "O Combate de Magul foi uma batalha travada na região de Magul (Moçambique) entre uma força expedicionária Portuguesa, liderada por Alfredo Augusto Freire de Andrade e os guerreiros tribais Ronga, liderados por nuã-Matidjuana caZixaxa Mpfumo e pelo seu primo Mahazul.
"O confronto insere-se nas chamadas "Campanhas de Pacificação de África" levadas a cabo por Portugal nas suas colónias, nos finais do século XIX e início do século XX, fruto da crise do Mapa cor de rosa. A primeira fase destas campanhas, iria culminar na captura do imperador de Gaza, Ngungunhane.
"A batalha deu-se no dia 8 de setembro de 1895, sendo a desproporção de forças entre os dois lados bastante substancial. Do lado Ronga, contavam-se 13 Mangas (regimentos de guerreiros tribais) com cerca de seis mil homens, enquanto que a tropa portuguesa dispunha de 275 soldados europeus, auxiliados por 500 ajudantes africanos (na sua maioria angolanos).
"Os guerreiros africanos lançaram-se na sua tática habitual de meia lua, enquanto os portugueses, usaram a sua tática do quadrado habitual, (soldados virados para as quatro frentes, em linha de fogo, com as peças de artilharia nos cantos).(...)
"O poder de fogo das metralhadoras e da artilharia europeia era enorme, fazendo com que os Ronga não conseguissem furar o quadrado Português. Ao fim de duas horas de combate, os africanos retiram, deixando para trás 400 mortos. Do lado português contabilizam-se 5 baixas entre os soldados continentais, uma vitória esmagadora e que muito desmoralizou os Ronga.
"Depois da vitória inquestionável, a tropa portuguesa aproveita para semear o medo entre as povoações, tentando desta forma quebrar o sentimento de revolta contra o domínio colonial, e são incendiadas varias aldeias.
"Ngungunhane não intervém, pois aguardava ainda por ajuda inglesa que no entanto não surge. Os britânicos ao verem a determinação que o governo português emprega nestas ações, retiram o apoio ao imperador africano.
Nesta batalha distinguiu-se com enorme bravura o famoso Henrique de Paiva Couceiro" (...).
2. Ficámos também a saber também algo mais sobre o céldebre Ngungunhane ou Gungunhana (c. 1850-1906):
Ver o sítio "Vidas Lusófonas", a biografia de Gungunhana, hoje herói nacional para os moçambicanos e que, no nosso tempo de escola, fazia parte do nosso imaginário...
http://www.vidaslusofonas.pt/ngungunhane.htm (página, entretanto, descartada)
NGUNGUNHANE (resistente anticolonial, 1850? – 1906)
Quando tudo aconteceu...
1850: Data aproximada de nascimento de Ngungunhane;
1858: Morte de Manukuse, fundador do império de Gaza, avô de Ngungunhane;
1884: Morte de Muzila, pai de Ngungunhane e subida deste ao poder;
1885, Fevereiro: Conferência de Berlim e partilha de África pelas potências europeias;
1890, 11 de Janeiro: Ultimato britânico ao governo português;
1894, Agosto: Rebelião dos tsongas na região de Lourenço Marques;
1895, 8 de Setembro: Combate de Magul;
1895, 11 de Novembro: O exército português vence os ngunis, arrasa e incendeia Mandlakasi, capital do império de Gaza;
1895, 28 de Dezembro: Mouzinho de Albuquerque aprisiona Ngungunhane em Chaimite, a aldeia sagrada dos ngunis;
1896, 13 de Março: Ngungunhane, sete das suas mulheres, seus filho e tio e dois régulos são desembarcados em Lisboa, em estado de festa pelas capturas;
1896, 23 de Junho: Ngungunhane chega à ilha Terceira, Açores, onde fica desterrado até à morte;
1906, 23 de Dezembro: Morte de Ngungunhane;
1985, 15 de Junho: as ossadas, provavelmente falsas, chegam à República de Moçambique.
Fonte: Vidas Lusófonas > Carlos Pinto Santos > NGUNGUNHANE (resistente anticolonial, 1850? – 1906)
https://arquivo.pt/wayback/20141001000628/http://www.vidaslusofonas.pt/ngungunhane.htm
Notas do editor:
(*) Vd. pposte de 20 de dezembro de 2023 > Guiné 61/74 - P24978: Capas da Gazeta das Colónias (1924-1926) (6): Moçambique: monumento aos heróis de Magul (8 de setembro de 1895)... Guiné: o rio Grande a que aportaram as caravelas portuguesas em 1446 não era o Casamança mas o Geba: nele foi observado o fenómeno do macaréu
(**) Último poste da série > 13 de dezembro de 2023 >Guiné 61/74 - P24949: Historiografia da presença portuguesa em África (398): "Viagem ao arquipélago dos Bijagós", 1879, por Maximin Astrié (3) (Mário Beja Santos)