Mostrar mensagens com a etiqueta Afonso Sousa. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Afonso Sousa. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Guiné 61/74 - P21444: Efemérides (338): Para que não se esqueça o fatídico dia 12 de Outubro de 1970 - Emboscada do Infandre que vitimou 10 dos nossos camaradas (Jorge Picado, ex-Cap Mil, CMDT da CCAÇ 2589)


Gravura retirada do Poste 2162, trabalho exaustivo sobre a emboscada de Infandre de autoria do nosso camarada Afonso Sousa.[2]


1. Mensagem do nosso camarada Jorge Picado (ex-Cap Mil do CAOP 1,
Teixeira Pinto, e CMDT da CCAÇ 2589/BCAÇ 2885, Mansoa e da CART 2732, Mansabá, 1970/72) com data de 11 de Outubro de 2020, recordando a emboscada do Infandre, ocorrida há precisamente 50 anos, no fatídico dia 12 de Outubro de 1970, que vitimou mortalmente 10 militares das NT:

Amigo e camarada Carlos Vinhal
Como estamos em 11 de Outubro, pedia-te mais um trabalhinho na nossa Tabanca.



PARA QUE NÃO SE ESQUEÇA

Completa-se amanhã meio século duma triste efeméride passada na Guiné. A para mim maldita emboscada efectuada ao pessoal de Infandre, quando pouco depois do meio-dia regressavam à base após saída de Mansoa e Passagem por Braia.
Acontece que por casualidade também será segunda-feira e quando estou escrevendo este email, domingo, a esta hora, naquela data, estaria aguardando a coluna que me transportaria de regresso a Mansoa a partir do cruzamento de Infandre, ou a passar pelo fatídico local, quiçá já em Mansoa.

Gostaria que colocasses uma pequena lembrança no Blogue, como homenagem aos bravos que perderam, aí, as suas vidas e que continuam presentes, as suas lembranças, para quem ainda está neste mundo.

Abraços
JPIcado


********************

2. Nota do editor:

Transcreve-se parte do poste P7115 de 12 de Outubro de 2010[1] onde o Jorge Picado, CMDT da CCAÇ 2589, relata exaustivamente o desenrolar da terrível emboscada:

RECORDANDO. 

HOMENAGEM AOS CAMARADAS MORTOS NA EMBOSCADA DO INFANDRE

Foi há quarenta anos. Segunda-feira, 12 de Outubro de 1970, entre o meio dia e as 13 horas, ou mais exactamente talvez perto do meio dia e meia hora.

A coluna tinha saído de Mansoa, no seu regresso ao Destacamento de Infandre, pouco depois das 12 horas e nas messes do Batalhão, o pessoal iniciara pouco depois a refeição do almoço, quando se ouviram as primeiras explosões, quais lúgubres sinais agoirentos de que algo estava a correr mal com “a Nossa Gente”. 
 

Esquema da emboscada à coluna de Infandre em 12 de Outubro de 1970, enviado pelo nosso camarada Jorge Picado (Poste 2807)

Pois se o barulho era de tão perto... só podia relacionar-se com a coluna saída há tão pouco do Quartel, pois, àquela hora do dia, não era provável que fosse ataque ao Destacamento de Braia, o mais próximo, para os sons serem tão audíveis.

A corrida para as Transmissões, assim o confirmou.

Nem a rápida saída do pessoal de Braia, a poucos quilómetros do funesto local, mas apanhado igualmente com os talheres na mão, e por onde tinham acabado de passar poucos minutos antes, evitou a destruição que encontraram. Mas minoraram, pelo menos o que podia ter sido uma maior hecatombe.

Este triste acontecimento provocou-me grande trauma psicológico de imediato, deixando-me bastante afectado e marcou-me por muito tempo.

Passados 40 anos sobre esta data, quero aqui recordar nesta Tabanca Grande e prestar sentida homenagem, àqueles que então nos deixaram para sempre.

Furriel Mil Op Esp NM 15398468, Dinis César de Castro, da CCaç 2589/BCaç 2885
1.º Cabo NM 17762169, José da Cruz Mamede, do Pel Caç Nat 58/CCaç 2589
1.º Cabo NM 82062566, Joaquim Baná, do Pel Caç Nat 58/CCaç 2589
Soldado NM 19055368, Duarte Ribeiro Gualdino, da CCaç 2589/BCaç 2885
Soldado NM 18901168, Joaquim João da Silva, da CCaç 2589/BCaç 2885
Soldado NM 06975968, Joaquim Manuel da Silva, da CCaç 2589/BCaç 2885
Soldado NM 82047266, Betiqueta Cumba, do Pel Caç Nat 58/CCaç 2589
Soldado NM 82067668, Gilberto Mamadú Baldé, do Pel Caç Nat 58/CCaç 2589
Soldado NM 82023966, Idrissa Seidi, do Pel Caç Nat 58/CCaç 2589
Soldado NM 82040866, Tangatná Mundi, do Pel Caç Nat 58/CCaç 2589

Devo acrescentar a esta lista, dos que morreram nesse dia, o nome do Soldado NM 82066965, Serifo Djaló, do Pel Caç Nat 58/CCaç 2589, que tendo sido um dos feridos que foram evacuados no dia seguinte, 13OUT70, para o HM 241 de Bissau, veio a falecer em 17OUT70, segundo informações fornecidas por pessoal da CCaç 2589, num dos últimos encontros em que estive presente.

Quanto aos feridos, evacuados em 13OUT70 para o HM 241 de Bissau, da HU apenas se pode extrair a lista dos pertencentes ao Pel Caç Nat 58/CCaç 2589 e que foram, além do que atrás indico como tendo depois falecido:

2.º Sargento Mil NM 05040966, Augusto Ali Jaló
1.º Cabo NM 82038960, Jamba Seidi
Soldado NM 82043366, Jorge Cantibar
Soldado NM 82065965, Malam Dabó
Soldado NM 82094468, Samba Canté

Tendo em consideração que na HU, sobre este acontecimento, a notícia é muito resumida, mas refere 9 feridos graves, dos quais um é Furriel (?), e 8 feridos ligeiros, sem outras referências, verifica-se que a lista dos feridos evacuados só menciona os 6 (dos quais um morreu posteriormente) para o HM de Bissau.

Não quero acreditar que os outros 3 feridos graves tenham ficado em Mansoa e por isso, fica-me no entanto uma dúvida que ainda não consegui esclarecer, pelo menos quanto ao 1.º Cabo NM 14992669, José Fernandes Pereira, da CCaç 2589/BCaç 2885, que foi evacuado em 02DEZ70 para a Metrópole por ferimentos em combate, se não teria sido um dos feridos nesta emboscada, uma vez que depois dela não há registo de ter havido, até esta data de Dezembro, qualquer ocorrência de combate com baixas.

Jorge Picado
Ex-Cap Mil Art
CCaç 2589, CART 2732, CAOP 1
11 de Outubro de 2010
____________

Notas do editor:

[1] - Vd poste de 12 de outubro de 2010 > Guiné 63/74 - P7115: Efemérides (53): Recordando os camaradas mortos na emboscada do Infandre no dia 12 de Outubro de 1970 (Jorge Picado)

[2] - Vd poste de 7 de outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2162: O fatídico dia 12 de Outubro de 1970 - Emboscada no itinerário Braia/Infandre (Afonso M. F. Sousa)

Último poste da série de 6 de outubro de 2020 > Guiné 61/74 - P21425: Efemérides (337): O 4 de Outubro, dia do meu mentor espiritual, Francisco de Assis (1181-1226)... É uma ocasião também para lembrar os 7 capelães do Exército, no CTIG, que eram da Ordem dos Frades Menores (João Crisóstomo, Nova Iorque)

terça-feira, 14 de janeiro de 2020

Guiné 61/74 - P20557: In Memoriam: Os 47 oficiais oriundos da Escola do Exército e da Academia Militar mortos na guerra do ultramar (1961-75) (cor art ref António Carlos Morais da Silva) - Parte XXXIII: Joaquim Pereira da Silva, maj art (Galegos, Penafiel, 1931 - Pelundo / Jolmete, Guiné, 1970)




1. Continuação da publicação da série respeitante à biografia (breve) de cada um dos 47 Oficiais, oriundos da Escola do Exército e da Academia Militar que morreram em combate no período 1961-1975, na guerra do ultramar ou guerra colonial (em África e na Ásia). (*)

Trabalho de pesquisa do cor art ref António Carlos Morais da Silva [, foto atual à esquerda], membro da nossa Tabanca Grande [, tendo sido, no CTIG, instrutor da 1ª CCmds Africanos, em Fá Mandinga, adjunto do COP 6, em Mansabá, e comandante da CCAÇ 2796, em Gadamael, entre 1970 e 1972 ]




Penafiel > Galegos > Novembro de 2006 > Jazigo da família Pereira da Silva > A urna, coberta com a bandeira nacional, contendo os restos mortais de Joaquim Pereira da Silva, um dos três majores que morreram em 20 de Abril de 1970, na sequência da Operação Chão Manjaco. [Vd. poste P1500, de 6 de fevereiro de 2007 (**)].

Foto (e legenda): © Afonso M. F. Sousa (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

2. Sobre a tragédia do Chão Manjaco (em que foram barbaramente assassinados pelo PAIGC, em Jolmete, em 20 de abril de 1970, três oficiais superiores, um alferes miliciano, dois condutores de jipe e um tradutor, nativos, todos desarmados), temos dezenas de referências no nosso blogue. Ver em especial:

Três majores
Major Magalhães Osório
Major Passos Ramos
Major Pereira da Silva

(**) Vd. poste de 6 de fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1500: Dossiê O Massacre do Chão Manjaco (Afonso M.F. Sousa) (5): Homenagem ao Ten-Cor J. Pereira da Silva (Galegos, Penafiel)

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Guiné 63/74 - P12535: O que é feito de ti, camarada ? (3): "Agora estou na trajetória do vôo livre da borboleta, seguindo outros horizontes da memória, despreocupadamente ! Felizmente com saúde"... (Afonso M.F. Sousa, a residir em Ovar, ex-fur mil trms, CART 2412, Bigene, Binta, Guidage e Barro, 1968/70)

1. Mensagem, com data de hoje,  do nosso camarada Afonso M.F. Sousa [, ex-fur mil trms da CART 2412 (Bigene, Binta, Guidage e Barro, 1968/70)] [foto à esquerda, em Barro, junto ao centro cripto]:


Caríssimos amigos, Luís Graça e Carlos Vinhal,


A participação ativa nas "narrativas da guerra" (*) foi um momento que se engloba no percurso da memória, na plena liberdade de tempo e de espaço. Seguir adiante não significa indiferença ou menor apreço pelo notável trabalho histórico que emergiu e se consolidou, mas antes uma via de percurso, depois de atingidos os objetivos a que me propus, de dar resposta a algumas interrogações trazidas TO da Guiné.

Agora estou na trajetória do vôo livre da borboleta, seguindo outros horizontes da memória, despreocupadamente !

Felizmente com saúde, ando por aí como soe dizer-se, saboreando o espairecer descontraído da vida e ajudando os meus, sobretudo os mais pequenitos nas suas lides escolares !

Parabéns pelo vosso trabalho num apego entusiasta na construção de tão relevante contributo para a história.

Um bom ano de 2014, com uma luz verde, mesma que pequenina, a brilhar lá ao fundo !


Um grande abraço para ambos.

Afonso M.F. Sousa


2. Comentário de L.G.:

Afonso, em meu nome, e do Carlos Vinhal, bem como de todos os demais editores e colaboradores do nosso blogue e de todos os restantes membros da Tabanca Grande, de que tu és um dos primeiros dez a aparecer (em junho de 2005, se não erro), recebe o meu, o nosso muito obrigado pelo teu cartão de boas festas e sobretudo pelas notícias (boas) que nos dás, a começar pela tua saúde. É bom sabermos que estás "ativo, produtivo e saudável" e que continuas a ter apreço pelo trabalho de reconstituição, preservação e divulgação das nossas memórias, enquanto ex-combatentes no TO da Guiné.

Sei que nunca te esqueces de nos mandar o cartanito de boas festas, e nomeadamente desde 2010, em que decidiste explorar outros caminhos da memória.  Desejo-te boas explorações, espero que estejas agora à altura do teu novo papel de mestre e de avô, e reitero o meu convite para continuares a publicar, no nosso blogue, os teus TPC [leia-se: dossiês...] sobre a nossa guerra e a nossa Guiné, sempre que achares oportuno e conveniente, ou te der a audade da região do Cacheu por onde andaste... Bons augúrios para 2014. Um alfabravo, Luís Graça.
________________

Nota do editor

(*) Vd. poste de 26 de julho 2013 > Guiné 63/74 - P11870: O que é feitio de ti, camarada ? (2): Afonso M. F. Sousa, residente em Maceda, Ovar, ex-fur mil, trms, CART 2412 (Bigene, Binta, Guidaje, Barro, 1968/70)

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Guiné 63/74 - P11879 Os nossos enfermeiros (10): Tenho uma dívida de gratidão para com o fur mil enf Moita, da CART 1745, que tratou do corpo do meu infeliz 1º cabo enf Louro, o João Batista da Silva, o Louro, natural de Louro, Vila Nova de Famalicão, morto em combate em 21/9/1968, em Talicó, Sambuiá (Adriano Moreira)

Guiné > Região do Cacheu > Barro > CART 2412 (1968/70) > Pormenor onumento erigido à memória do 1º cabo enf João Batista da Silva, o Louro,  e que foi destruído a seguir à independência.

Fotos (e legenda): © Afonso M.F. Sousa (2006). Todos os direitos reservados.

1. Comentário do Adriano Moreiro (nome de guerra, Admor), com data de hoje, ao poste P11869

Agora digo eu: Porra Armando, Porra Luís!

Depois do Armando atirar aos olhos de toda a gente o nosso prestimoso e insignificante papel de enfermeiros e até de médicos nestas situações, ainda vem o Luís atirar-me aos olhos com o antigo poste do meu camarada Afonso Sousa e com o monumento lapidar do meu melhor e infeliz cabo enfermeiro,  morto numa emboscada em Talicó, Sambuiá [, vd. carta de Binta],  pelos guerrilheiros do PAIGC,  passado cerca de mês e meio de termos chegado à Guiné.

Sabem o que eu vejo naquele monumento erigido à sua memória? A cabeça do Louro,  só presa ao corpo pela cervical, quase decepada.

Sabem como o nosso malogrado camarada se chamava? JOÃO BAPTISTA da Silva [, de alcunha, Louro]

Só não acabo aqui o meu comentário, porque tenho uma dívida de gratidão muito grande em relação ao corpo de enfermeiros da CART 1745.(**)

O meu camarada Fur Enf Moita viu como eu estava e só me disse estas palavras:
─ Moreira vai para o bar ou para onde quiseres, eu e os meus enfermeiros vamos tratar do Louro e, quando ele estiver pronto,  eu mando-te chamar,  a ti e aos teus enfermeiros

E realmente assim se cumpriu. Foi uma autêntica escritura. Ainda bem que eu não tive de fazer o mesmo por mais ningúem.

Eu depois volto. (***)

Um grande abraço para todos.

Adriano Moreira
ex-fur mil enf, 
CART 2412, 
Bigene, Binta, Guidaje e Barro, 
1968/70
 ________________

Notas do editor:

(*) O João Batista da Silva era natural de Gandra, Louro, Vila Nova de Famalicão; 1º cabo enf, CART 2412, foi morto em combate em 21/9/1968. Está sepultado no cemitério da sau freguesia natal, Louro, concelho de Vila Nova de Famalicão.

(**) Unidades que passaram por Barro (nota de A. Marques Lopes)

(...) Companhia de Artilharia n.° 2412

Divisa: "Sempre Diferentes"

Partida: Embarque em 11 de Agosto de 1968; desembarque em 16 de Agosto de 1968;
Regresso: Embarque em de 4 de Maio de 1970

Síntese da Actividade Operacional

Em 28 de Agosto de 1968, seguiu para Bigene, a fim de efectuar o treino operacional com a CART 1745, sob orientação do COP 3 e seguidamente actuar nesta zona de acção em operações realizadas nas regiões de Talicó [, carta de Binta,]  e Farajanto [, carta de Bigene], entre outras.

Em 14 de Outubro de 1968, rendendo a CART 1648, assumiu a responsabilidade do subsector de Binta, com um pelotão destacado em Guidage, ficando integrada no dispositivo e manobra do COP 3. Em 17 de Outubro de 1968, a sede do subsector passou para Guidaje, ficando então com dois pelotões destacados em Binta, sendo a subunidade especialmente orientada para a contrapenetração no corredor de Sambuiá; a partir de 8 de Fevereiro de 1969, após troca de sectores, passou à dependência do BCAÇ 1932.

Em 9 de Março de 1969, por troca com a CCaç 3, assumiu a responsabilidade do subsector de Barro, ainda com um pelotão em Binta em reforço da guarnição local até finais de Abril, mantendo-se integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 1932, mas agora orientada para a contrapenetração nos corredores de Canja e Sano; em 1 de Agosto de 1969, após novo reajustamento das zonas de acção dos sectores, passou à dependência do BCAV 2876 até 7 de Fevereiro de 1970, data em que o subsector de Barro foi incluído na zona de acção do COP 3.

Após deslocamento de dois pelotões para Bissau, em 17 de Abril de 1970, a fim de substituírem, transitoriamente, a CART 2411 no dispositivo de segurança e protecção das instalações e das populações da área, foi rendida no subsector de Barro pela CCAÇ 2725 e recolheu seguidamente a Bissau, a fim de efectuar o embarque de regresso. (...)

(***) Último poste da série > 24 de julho de 2013 > Guiné 63/74 - P11866: Os nossos enfermeiros (9): No caso dos furriéis enfermeiros iam para a Escola do Serviço de Saúde Militar, em Campo de Ourique, tirar o seu curso de enfermagem do qual faziam parte as seguintes disciplinas: Primeiros Socorros, Enfermagem, Profilaxia Tropical, Higiene, Guerra Química e Táctica Sanitária (Adriano Moreira, ex-fur mil enf , CART 2412, Bigene, Binta, Guidaje e Barro, 1968/70)

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Guiné 63/74 - P11870: O que é feitio de ti, camarada ? (2): Afonso M. F. Sousa, residente em Maceda, Ovar, ex-fur mil, trms, CART 2412 (Bigene, Binta, Guidaje, Barro, 1968/70)



Guiné > Região do Cacheu > Barro > CART 2412 (1968/70) > O Furriel Miliciano de Transmissões Afonso M. F. Sousa junto ao centro cripto, cuja entrada é galhardamente protegida por bidões de areia, pintados de branco... Na realidade, o centro cripto era uma espécie de cofre forte dos nossos aquartelamentos, o santos dos santos, o mais misterioso recôndito da pátria lusa naquele pedaço de terra onde flutuava a bandeira das quinas... Neste caso onde só entrava o Afonso e o seu cabo cripto... Mais prosaicamante ele legendou a foto nestes termos: "fotografia deste jovem de então que, como responsável pelo centro cripto, aqui se apresenta de vigília (!) a esse espaço restrito e de seguras (?) confidencialidades ou secretismos".


Guiné > Região do Cacheu > Barro > CART 2412 (1968/70) > Localização do monumento de homenagem ao 1º Cabo Enfermeiro Silva, morto em combate em Bigene, a 21 de Setembro de 1968... O monumento, sob a sombra tutelar de um enorme mangueiro, está sinalizado na foto, com seta e legenda. O  edificio que se vê à esquerda (e hoje desaparecido), era a caserna de soldados e o depósito de
géneros. Repare-se no mangueiro cuja ramagem, à esquerda, atingia toda a largura da estrada (Barro-Bigene), e à direita camuflava todo o edifício da secretaria, comando, oficiais e centro cripto.





Guiné > Região do Cacheu > Barro > CART 2412 (1968/70) > Um monumento erigido à memória do 1º Cabo Enfermeiro Silva e que foi destruído a seguir à independência .

Fotos (e legendas): © Afonso M.F. Sousa (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: L.G.]


1.  A primeira vez que se falou dos três G - Guidaje, Guileje, Gadamael  (*)- , no nosso blogue, foi há mais de 7 anos atrás, em poste (o nº 41) de 2 de julho de 2005, da autoria de Afonso M. F. Sousa , ex-fur mil trms da CART 2412 (Bigene, Binta, Guidage e Barro, 1968/70), e em que se reproduziu o texto, já sobejamente conhecido,  de Serafim Lobato, jornalista, e antigo fuzileiro especial, "Estamos cercados por todos os lados", editado no Público, 28/12/2003. 

O nosso camarada Afonso Sousa reside em Maceda, Ovar,  e foi um dos tertulianos mais ativos no nosso blogue na I Série (**). De resto, continuou  a colaborar na a II Série do nosso blogue (iniciada em 1 de junho de 2006), tendo organizado diversos dossiês. [Vd. marcador Afonso Sousa.]

Deixou, entretanto,  de dar "sinais de vida", talvez por cansaço, saturação ou desinteresse, por volta de 2010. Continua, todavia,  a ter o endereço de email válido, e mandar-nos as boas festas todos os anos. Espero que ele esteja bem de saúde, que ele continue a ler-nos com prazer  e que se sinta com vontade para voltar a sentar-se, mais vezes,  no nosso bentém, à volta do poilão da Tabanca Grande. Curiosamente, não temos nenhuma atual do Afonso Sousa,  o que pode significar que ele quer manter a sua reserva de intimidade.

Com esta nova série ("O que é feito de ti, camarada ?"), queremos procurar reatar contactos com membros da nossa Tabanca Grande que nos últimos anos têm andado mais arredios do blogue. O Afonso fazia da lista dos 111 magníficos que transitaram da I para a II Série do nosso blogue. Na altura, eram  mais conhecidos como "tertulianos", membros da nossa tertúlia, hoje Tabanca Grande.

Entretanto, reproduzem-se a seguir excertos de alguns postes que o camarada Afonso M.F. Sousa [, ou Afonso Sousa,] publicou na I Série. 

(i) Afonso Sousa, ex-fur mil trms, CART 2412 (1968/70)

A minha companhia fazia parte integrante do COP 3 (com sede em Bigene, onde fizemos o treino operacional entre 31/8/68 e 14/10/68; depois foi a partida para Binta e Guidage).

Entrámos em Guidage em 17/10/1968, a substituir a CART 1648. Mais tarde referirei os dados cronológicos respeitantes à minha CART 2412, que inclui também a sua permanência (até ao termo de missão) em Barro (que o sr. Coronel A. Marques Lopes bem conhece e aonde voltou em 1998).

Porque aqui se fala de COP 3, Guidage e Barro, achei interessante esta crónica, que vocês já conhecem, dos "relatórios secretos sobre a Guiné colonial".

Guidage tinha uma importância extrema tanto para nós como para o IN. Já tínhamos consciência disso quando lá entrámos. E aí está o que se veio a passar em 1973... com a ofensiva do PAIGC contra Guidage (no Norte)e Guileje e Gadamael (no Sul)... Os três G que, na opinião do historiador guineense, Leopoldo Amada, terão decidido "o final do império colonial"...

Publica-se a seguir um texto, do jornalista Serafim Lobato, em que se divulgam pela primeira vez os relatórios secretos sobre a batalha de Guileje e Gadamael, uma peça importante para a compreensão da história da guerra colonial e do seu fim (*). O texto esteve originalmente disponível no sítio do Publico.pt. Está também publicado no blogue História e Ciência > Relatórios secretos sobre a Guiné colonial. Algumas das notas, em parêntesis rectos, são da nossa responsabilidade (A.S., Afonso Sousa) [e/ou do editor].

(ii) COP 3

Um pelotão da CCAÇ 3 (onde também esteve, em 1968, o nosso camarada A. Marques Lopes) reforçou a CART 2412, quando esta se instalou em Guidage. Esse pelotão era comandado pelo Alferes Gonçalves.

Esta CART 2412 integrava-se no COP 3 (comando do Major Correia de Campos, em Bigene).

O COP 3 constituia uma quadrícula militar de vários agrupamentos a norte do rio Cacheu, entre Barro, a Oeste, e Guidage (Farim), a Nordeste. Comportava unidades do Exército e da Marinha, estas estabelecidas na base fluvial de Ganturé (Fuzileiros navais, sob o comando de Alpoim Calvão), junto ao Rio Cacheu, cujo ancoradouro dá saída para Bigene (2,8 Km, para Norte).

O COP 3 tinha por missão fundamental a eliminação ou amputação dos corredores entre a faixa fronteiriça do Senegal e as densas (e quase impenetráveis) matas do Óio, em cujo coração se situava a base do PAIGC, de Morés.

(iii) O gen Spínola que eu conheci

Caríssimo Coronel A Marques Lopes: Foi por uma lista na Net que localizei o Alferes Gonçalves. Como se referia à CCAÇ 3, contactei-o telefonicamente, para lhe perguntar se conhecia Guidage.

Surpreendentemente a resposta dele foi esta: acompanhei a vossa companhia (CART 2412) no trajecto Binta-Guidage, quando vocês se deslocaram para lá pela primeira vez. Comandava um pelotão da CCAÇ 3 que ficou em Guidage como reforço da vossa CART.

Eu (talvez pelos 37 anos que decorreram ?!) não estou a ver a cara dele, mas o facto é que ele e eu estivemos na mesma coluna, rumo a Guidage (1968). Ainda fomos surpreendidos a pouco mais do meio do trajecto, no sítio do Cufeu, por tiros sentidos na floresta de uma e da outra banda do caminho.

Ele sabe da história da perda do nosso comandante (o Capitão Miliciano A...)  logo nos primeiros dias, naquela terra de fronteira com o Senegal. Logo no início aterrou lá de surpresa o Spínola. Depois da rápida formatura na exígua parada, saíram-lhe estas palavras dirigidas ao capitão: "O senhor é indigno de estar à frente destes militares...o senhor prepare-se e vai já comigo para Bissau".

Viria a ser castigado com despromoção (tenente) e eventualmente com outras consequências que não conheci. Isto resultou do envio, por um soldado, de um aerograma para o general Spónola, queixando-se que estavam a passar fome, visto que o capitão se esquecera de solicitar o reabastecimento. O que valia eram as minúsculas galinhas que comprávamos na tabanca.

Por acaso ainda me lembro que, após o destroçar, de forma menos formal o general Spínola me perguntou:
- Meu militar, precisa alguma coisa para transmissões ?

Ao que eu lhe respondi:
- Precisamos de substituir a antena, meu General.

Passados uns dias essa antena lá apareceu.

2. Comentário de L,G., datado de 13/3/2006, sobre as razões que terão levado a população de Barro (ou mais provavelmente as novas autoridades do país)  a destruir, em  Barro, um momento "tuga" aos seus mortos . Na altura, achávamos (e continuamos a achar) que os monumentos aos mortos (mesmo dos meus "inimigos") são sagrados e devem ser respeitados, em toda a parte e em todos os tempos (**):  

(...) " Obrigado, Afonso! Fico a conhecer o artista quando jovem... Espero, por outro lado, que o Marques Lopes, quando lá voltar [, a Barro,] dentro em breve, desvenda o mistério da destruição do vosso monumento... Simples vandalismo ? Revanchismo ? Incúria ? Estupidez ? Maldade ? Iconoclastia ? ... É sempre lamentável: são marcas da história, quer se goste ou não se goste... E que hoje podiam ter alguma mais-valia turística, museológica, cultural, para a própria Guiné-Bissau... Há tugas a fazer milhares de quilómetros só para redescobrir uma simples pedra de um monumento como este...

Creio que na Guiné ainda estão pior do que nós, quanto à(s) memória(s) do passado recente da guerra colonial (ou da guerra de libertação, como se queira)... Não há arquivos, não há escritos, tudo tem sido pilhado, destruído ou branqueado (o que às vezes ainda é bem pior)... E os que fizeram a guerra - a geração dos guerrilheiros - estão a desaparecer sem deixar testemunhos, registados em suporte de papel, digital ou áudio... Alguma coisa está a ser feita em Guileje, pela AD - Acção para o Desenvolvimento, pelo nosso amigo Pepito e pelos seus colaboradores... Nós, também, à nossa modesta escala, no nosso blogue, com o contributo de magníficos e generosos blogadores como tu e o Marques Lopes... Um grande abraço, camarada." (***).

____________

Notas do editor:

(*) Vd. I série, poste de 2 de julho de 2005 > Guiné 69/71 - XCI: Antologia (6): A batalha de Guileje e Gadamael

(**) Vd. I Série, poste de 13 de março 2006 > Guiné 63/74 - DCXXV: Barro, CART 2412, 1968/70 (Afonso M.F.Sousa)

(***) Último poste da série > 23 de fevereiro de 2013 > Guiné 63/74 - P11140: O que é feito de ti, camarada ? (1): Jorge Canhão, Oeiras (ex-fur mil at inf da 3ª CCAÇ/BCAÇ 4612/72, Mansoa e Gadamael, 1972/74)

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Guiné 63/74 - P10861: À volta do poilão da Tabanca Grande: Boas Festas 2012/13 (9): Mensagens de Natal da Tertúlia (3)

MENSAGENS DA TERTÚLIA (3)


Mensagem do nosso camarada Artur da Conceição, ex-Soldado de Transmissões da CART 730, BissorãFarim e Jumbembem1965 a 1967:

Para todos os “Grã Tabanqueiros” e suas famílias, votos de um Feliz Natal e um Novo Ano com muita Paz e Saúde.
Um abraço
Artur Conceição




**********

Do nosso camarada Torcato Mendonça, ex-Alf Mil da CART 2339 Mansambo, 1968/69: 


**********

Do nosso camarada Afonso Sousa, ex-Fur Mil Trms, CART 2412, BigeneGuidage e Barro, 1968/70

Ilustrado com algumas imagens da paradisíaca Madeira (algumas das quais fazendo lembrar o presépio), envio-vos o meu desejo de Santo Natal, com paz, saúde, harmonia e esperança.

Boas Festas.
Afonso Manuel Sousa


**********

Mensagem do nosso camarada Rui Silva, ex-Fur Mil da CCAÇ 816, Bissorã, Olossato, Mansoa, 1965/67: 


Para a grande família do Blogue composta por camaradas ex-Combatentes da Guiné e outros amigos(as) que se nos juntaram, hoje todos tidos como camarigos, venho expressar o maior desejo de que este Natal o passem com muita felicidade, e que o Novo Ano vos traga muita saúde, bem-estar e paz de espírito.
E, se me permitem, envio-vos o “postal” seguinte, que simboliza também paz e amor e que se trata de um presépio feito em barro por mim (coisas de reformado)

Um abraço para todos.
Rui Silva

**********

Mensagem do nosso camarada Henrique Cerqueira, ex-Fur Mil da 3.ª CCAÇ/BCAÇ 4610/72, Biambe e Bissorã, 1972/74:

Camarada Carlos Vinhal,
Envio em anexo o meu velhinho postal de Natal.
O mesmo já foi publicado no ano passado portanto não tem nada de novo a não ser o facto de termos sobrevivido mais um ano. Daí eu o repetir com votos de Boas Festas e Um Bom Ano Novo, dirigido a todos os Camaradas do blogue “Luís Graça e Camaradas da Guiné” e uma saudação muito especial aos Editores deste blogue, porque mais que nunca provaram que criaram um espaço que no mínimo nos deu a possibilidade de nos comunicarmos e principalmente “Vivermos” neste mundo que ultimamente tem criado uma sociedade que só olha para o próprio “Umbigo” e caminha drasticamente para o isolamento social.

Um Santo Natal para todos.
Henrique Cerqueira e NI


**********

Mensagem do nosso tertuliano e amigo Carlos Manuel Valentim, Oficial da Marinha, licenciado em História Moderna e Director da Biblioteca da Escola Naval


Boas Festa e um Feliz Ano de 2013
Carlos Manuel Baptista Valentim

**********

Mensagem do nosso camarada Ernesto Duarte, ex-Fur Mil da CCAÇ 1421/BCAÇ 1857, Mansabá, 1965/67:

Caro Camarada Carlos Vinhal Homem Grande da Tabanca
Com alegria desejo para ti e para os teus
Um bom Natal e
Um Bom Ano novo
Com Muita Alegria
Muita Paz
Muita Saúde
Muito Amor e
Guerra Nunca Mais

Igualmente os meus desejos de Bom Natal a todos os que fazem o grande favor de manterem o blogue de pé a funcionar. Era impensável um espaço a onde os abandonados, ou esquecidos, pudessem pensar em voz alta livremente, encontrar amigos de há 50 anos.
Isto não tem preço, para um antigo militar, foi uma dávida muito grande e generosa.
O generoso tem uma importância muito grande e estou certo tem a gratidão de todos nós.
O serviço que o blogue nos prestou, livre e sem qualquer encargo era impensável.

Mais uma vez obrigado Carlos
Um muito Grande abraço e tudo de bom
Ernesto Duarte
1965 / 1967
BC 1857 CC 1421
Mansabá – Oio – Morés

**********

Mensagem do nosso camarada Idálio Reis, ex-Alf Mil At Inf da CCAÇ 2317 / BCAÇ 2835 (Gandembel e Ponte Balana, Nova Lamego, 1968/69: 

Caro Vinhal
Os meus mais veementes desejos de Boas-Festas a todos os membros da Tertúlia, assim como a todos os seus mais queridos.

Um afectivo abraço do
Idálio Reis


**********

Mensagem do nosso camarada António Vaz, ex-Cap Mil da CART 1746, Bissorã e Xime, 1967/69:

Desejo a todos os Tabanqueiros e em especial aos Editores do Blogue, um Feliz Natal com saúde na companhia de quem mais gostarem e uma boa passagem para 2013, apesar do bombardeamento diário das morteiradas que teem vindo a cair no nosso quotidiano.

Um grande abraço do
Antóvio Vaz
Ex- CMDT da CART 1746

**********

Mensagem do nosso camarada Victor Garcia,  ex-1º Cabo da CCAV 2639, Binar, Bula e Capunga, 1969/71:

Para vós amigos Luís e Carlos, e para todos os Tabanqueiros.
Victor Garcia e família desejam-vos um Santo Natal cheio de harmonia e felicidade.
Que o próximo ano não seja tão doloroso.

Um abraço
Victor Garcia

_________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 24 de Dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10856: À volta do poilão da Tabanca Grande: Boas Festas 2012/13 (8): Mensagens de Natal da Tertúlia (2)

domingo, 25 de dezembro de 2011

Guiné 63/74 - P9267: O nosso sapatinho de Natal: Põe aqui o teu pezinho, devagar, devagarinho... (10): Mensagens de Diana Andringa, Afonso Sousa, José Romão, Júlio César, José Belo, Eduardo Campos, Vacas de Carvalho, Ernestino Caniço e Rogério Cardoso

MENSAGENS DE NATAL DOS NOSSOS CAMARADAS E AMIGOS

1. Da nossa tertuliana, jornalista, Diana Andringa:

Obrigada, Carlos e Dina – e aproveito a “boleia” para desejar a todos Boas Festas e que o Ano Novo seja o melhor possível.

Diana Andringa

************

2. Do nosso camarada Afonso Sousa, ex-Fur Mil Trms, CART 2412, Bigene, Binta, Guidage e Barro, 1968/70:

Aos meus estimados amigos:
Quero desejar-vos um bom Natal no seio das vossas famílias, que o passem com alegria, paz, felicidade e esperança num tempo melhor.

Para todos vós, Boas Festas. Feliz Ano Novo.
Afonso Sousa


************

3. Do nosso camarada José Romão, ex-Fur Mil At Inf, CCAÇ 3461/BCAÇ 3863, Teixeira Pinto, e CCAÇ 16, Bachile, 1971/73:

Desejo a todos os meus amigos e familiares
Um Feliz Natal e um próspero Ano Novo de 2012.

Zeca Romão


************

4. Do nosso camarada Júlio César, ex-1º Cabo, CCAÇ 2659/BCAÇ 2905, Cacheu, 1970/71:

Postal de Natal diferente...
...para recordar!

Boas Festas, Feliz natal e próspero Ano Novo para toda a família, são os votos sinceros do Júlio e esposa

Abraços
Júlio César


************

5. Do nosso camarada José Belo, ex Alf Mil Inf da CCAÇ 2381, Ingoré, Buba, Aldeia Formosa, Mampatá e Empada, 1968/70, actualmente Cap Inf Ref, a viver na Suécia:

Desde este "extremo do extremo" Norte da Europa, os Votos de um Feliz Natal e Bom Novo Ano para os Camaradas da Guiné e suas Famílias.

Um grande abraço do
José Belo


************

6. Do nosso camarada Eduardo Campos, ex-1º Cabo Trms da CCAÇ 4540, Cumeré, Bigene, Cadique, Cufar e Nhacra, 1972/74:

Olá, amigos/as.
Como é Natal, e um novo ano vai começar, não queríamos deixar de vos desejar as Boas Festas. Aproveitamos a ocasião para vos desejar um Feliz Natal e Próspero Ano Novo.

Abraços e beijinhos. Festas Felizes.
Eduardo Campos e Manuela


************

7. Do nosso camarada José Luís Vacas de Carvalho, ex-Alf Mil Cav e Comandante do Pel Rec Daimler 2206, Bambadinca, 1970/72:

A todos os meus amigos e suas famílias desejo um Natal Feliz e Boas Festas.


************

8. Do nosso camarada Ernestino Caniço, ex-Alf Mil, CMDT do Pel Rec Daimler 2208, Mansabá, Mansoa e Bissau, 1970/72:

Para todos os camarigos votos de


************

9. O nosso camarada Rogério Cardoso, ex-Fur Mil, CART 643/BART 645, Bissorã, 1964/66:

Apresenta aos camaradas combatentes da Guiné, e a todos os familiares, os votos de Natal feliz e um Ano 2012 com a chamada crise aliviada.

Um abraço amigo
Rogério Cardoso
____________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 25 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9266: O nosso sapatinho de Natal: Põe aqui o teu pezinho, devagar, devagarinho... (8): Votos de um novo ano, prenhe de esperanças renovadas, com duas sugestões de leitura (Cherno Baldé)

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Guiné 63/74 - P8476: As nossas melhores fotos (2): O Major Pereira da Silva, num zebro, no Rio Mansoa, com outros oficiais, incluindo eu (J. Pardete Ferreira)


Foto: ©  J. Pardete Ferreira (2011). Todos os direitos reservados.


1. Primeira parte de mensagem do novo membro da nossa Tabanca Grande, J. Pardete Ferreira (*):


De: J. Pardete Ferreira 


Data: 26 de Junho de 2011 22:36
Assunto: Desfazendo suposições.


Há já alguns anos esta fotografia foi publicada no nosso blogue (**). Com a força que a minha presença na foto atesta, posso descrever:


De esquerda para a direita: 


(i) Major Pereira da Silva (Sherlock Holmes dos bigodes);


(ii) [Por detrás do Major, um ] Capitão Miliciano, cujo nome não me lembro, vindo do Pelundo ou de Có, substituir o Capitão Barbeitos;


(iii) Marinheiro,  manobrador do Zebro, [, a navegar no Rio Mansoa, ] com os dois motores Mercury de 40 CV cada, uma bomba para a época; 


(iv) Tenente Coronel Pinheiro, 1º Comandante do BCaç  [2845, Teixeira Pinto, 1968/70] que dava a logística ao CAOP;


(v) Capitão Comando Jorge Duarte de Almeida (abatido no quartel do Batalhão de Infantaria da GNR por um cabo "pirado da mona" - diz-se - mas... uns anos mais tarde;  possuidor de linda voz;  esta de um gajo andar na guerra e não lhe ter acontecido nada de grave e vir a morrer dum tiro é do caraças!);


(vi) [E, por fim, em primeiro plano, à direita,] Este vosso camarigo, qual Ícaro renascido das cinzas, visto que num dos pontos me confundiram com o Alferes [Mil Cav Op Esp, Joaquim João Palmeiro Mosca], que foi morto com os Majores;


(vii) [Fotógrafo, que obviamente não aparece na fotografia, o] 2º Comandante do BCaç da Logística [, BCaç 2845,], Major Guilhermino Nogueira da Rocha.


Sei que a memória já nos vai pregando partidas. Não me considero infalível. E é por isto que a Tabanca Grande tem de continuar: hoje eu digo isto, amanhã tu acrescentas-lhes aquilo... ou apresentas a tua versão dos factos: porque não ?!. (***)

2. Comentário do editor:

O BCAÇ 2845  foi mobilizado pelo GACA 2. Partiu para a Guiné em 1/5/1868 e regressou a 3/4/1970. Esteve em Teixeira Pinto e teve três comandantes: Ten Cor Inf José Martiniano Moreno Gonçalves; Ten Cor Inf Aristides Américo de Araújo Pinheiro [, que aparece aqui na foto]; e Ten Cor Inf Armando Duarte de Azevedo.

Undiades de quadrícula:

(i) CCAÇ 2366 (Teixeira Pinto, Jolmete, Bissau, Quinhamel; Comandante: Cap Mil Art Fernando Lourenço Barbeitos);

(ii) CCAÇ  2367  (Olossato, Có, Teixeira Pinto, Cacheu, Bissau; comandantes. Cap Inf José Júlio da Silva de Santana Pereira; e Cap Inf José Augusto da Costa Abreu Dias); e

(iii) CCAÇ 2368 (Cacheu, Bissorã, Teixeira Pinto: comandante: Cap Inf Manuel Joaquim Sampaio Cerveira).

Fonte: Adapt. de Matos Gomes, C.; Afonso, A. - Os anos da guerra colonial: volume 9: 1978 - Continuar o regime e o império. Matosinhos: QuidNovi. 2009.
________________

Notas do editor:


Guiné > Chão Manjaco > 1970 > Os três majores (Pereira da Silva, Passos Ramos e Osório) em acção psico, numa lancha a motor. O Alferes, que aparece em primeiro plano, poderá ser o Palmeiro Mosca, também assassinado em 20 de Abril de 1970. Por lapso, num post anterior, os três majores apareceram por outra ordem, errada.

Foto: Cortesia de Afonso M.F. Sousa (2007)

(***) Último poste da série > 18 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7632: As nossas melhores fotos (1): O obus 14, Bedanda, 1971 (Amaral Bernardo) e 1972 (Vasco Santos)

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Guiné 63/74 - P6212: O 6º aniversário do nosso blogue (12): Cem pesos ? Manga de patacão, pessoal! ( Luís Graça / Humberto Reis / A. Marques Lopes / Afonso Sousa / Jorge Santos / Luís Carvalhido / Sousa de Castro)


Cópia de uma nota de cem escudos da Guiné (ou pesos), emitida pelo BNU (Banco Nacional Ultramarino), em circulação no nosso tempo.

Esta, por acaso, foi emitida em Lisboa em 17 de Dezembro de 1971, já a rapaziada da CCAÇ 12 (eu, o Humberto Reis, o Tony Levezinho, o Fernandes, o Marques, o José Luís de Sousa, o Gabriel Gonçalves, o Dalot e todos os demais pais-fundadores...) tinha regressado a casa. A nota ostenta a efígie do Nuno Tristão, o primeiros dos nossos camaradas a morrer na Guiné, "país de azenegues e de negros", no já longínquo ano de 1446, "varado por azagaias envenenadas" (sic), como se pode ler algures no Portugal dos Pequenitos, em Coimbra (se nunca lá foram, aproveitem para ir com os netos um fim-de-semana destes).

Foto: © Santos (2005). Direitos reservados


1. A propósito do patacão que ganhavam uns e não ganhavam outros - por exemplo, um capitão, miliciano, 32 anos, engenheiro agrónomo, 4 filhos, responsável por uma companhia de 150 homens, ganhava, no CTIG, em Agosto de 1970, qualquer coisa como 11 contos, limpos (cerca de 55 €, hoje...) (*) - , e a pretexto do 6º aniversário do nosso blogue (**), fomos revisitar as nossas águas furtadas, onde está o nosso baú de memórias, e de lá sacámos uma engraçada conversa entre mim e o Humberto Reis (um dos nossos primeiros bloguistas) e outros camaradas... justamente a propósito do patacão. (***) Muitos camaradas, sobretudo os mais novos, os periquitos (chegados há menos tempos à nossa Tabanca Grande), não estão familiarizados com a I Série do Blogue, onde foram publicados os nossos primeiros 825 postes, de 23 de Abril de 2004 a 31 de Maio de 2006.


2. Cem pesos, manga de patacão, pessoal!
por Luís Graça (***)


Amigos e camaradas:

Há dias o Jorge Santos mandou-nos uma nota de cem escudos da Guiné (cem pesos). Ou melhor: uma nota digitalizada, uma imagem em formato jpg. Puxem pela memória e digam lá, para a gente poder explicar isso aos filhos e netos, bem como à cara metadade, o que se podia comprar/pagar com uma notinha destas, no vosso/nosso tempo…

Eu tenho ideia que era manga de patacão, pessoal ! Eu já não me recordo quanto pagava à lavadeira, em 1969/71, mas se fosse serviço extra, era capaz de lhe dar uma nota destas. A minha não fazia favores sexuais, mesmo em dias de festa: não era cristã nem animista, era uma fula [ou melhor, mandinga], recatada e virtuosa… Mas em Bissau ou em Bafatá, uma queca (como os nossos filhos e as nossas tias dizem agora, 'tás-a-ver...) podia custar uma nota (preta) destas... Já não me lembro das cotações no lupanário em tempo de ocupação e de guerra... As verdianas do Pilão, essas, podiam ser até mais caras…

Com uma nota destas, ó tuga, tu compravas duas garrafas de uísque novo (disso lembro-me bem…). O Old Parr (uísque velho, muito apreciado lá e cá) já custava mais: 130 ou até 150 pesos, se não me engano… Além do pré (600 pesos/mês), os meus soldados africanos (que eram praças de 2ª classe!) recebiam mais, creio eu, cerca de 25 pesos por dia pelo facto de serem desarranchados. Nunca joguei à lerpa, mas o Humberto pode dizer quanto ganhava ou quanto perdia numa noite de insónias e de rodadas de uísque…

Ainda em matéria de comes & bebes, um quilo de camarões tigres, do Rio Geba, comidos na tasca do tuga [Zé Maria] que era turra (ou, pelo menos, suspeito de vender e comprar vacas aos turras), em Bambadinca, com uma linda vista para o rio, custava cinquenta pesos… Um bife com batatas fritas e ovo a cavalo (supremo luxo de um operacional como eu ou o Humberto) na Transmontana,  em Bafatá,  já não me lembro quanto custava (talvez vinte a vinte e cinco? ).

Ainda me lembro, isso sim, de o vagomestre comprar uma vaca raquítica por 950 pesos, depois de bater não sei quantas tabancas da região de Bambadinca… Nas tabancas, fulas, por onde passei e onde fiquei, uma semana ou mais [de cada vez], era costume comprar, mesmo a custo, galinhas e frangos, mas já não me lembro quanto pediam pelos bichos de capoeira (sete pesos e meio?)… As ostras em Bissau custavam 20 pesos (uma travessa)… E por aí fora.

Amigos e camaradas: actualizem ou rectifiquem a lista. Não sei se depois de 1973, a inflação também chegou à Guiné… O Sousa de Castro [, 1972/74, ] é que nos pode dizer… De qualquer modo, o que comíamos e bebíamos era praticamente tudo importado...

O grande ventre de Bissau era alimentado por uma economia de guerra que deu dinheiro a ganhar a muita gente... Manga de patacão, pessoal! ... Desde as rachas de cibe [, a sete e quinhentos cada uma, no reordenamento de Nhabijões, se a memópria me não atraiçoa] ao cimento (a construção de aldeias estratégicas, como a de Nhabijões, com cerca de 350 casas, deve ter ajudado a dourar a reforma de muita gentinha mais patriótica do que eu) até aos transportes (civis) em comboios militares, sem esquecer os efeitos (mais nefastos do que benéficos) que a guerra teve na pobre economia natural dos guinéus.

Um deles foi a sua própria militarização. Nos últimos anos da guerra, tudo girava à volta (e vivia) da guerra. A guerra tornou-se, ao mesmo tempo, o ópio e a grande sanguessuga dos guinéus (e dos próprios tugas). E a prova disso, quase quatro décadas depois, é a bidonvilização, a lumpenproletarização da população que engrossou Bissau.

Luís Graça

PS - Perguntas ao Humberto:

Como tens uma boa memória, pode ser que te lembres disso... Eu já nem me lembro sequer de quanto ganhávamos... Cerca de cinco notas de conto, não ? Os alferes, sete; os capitães, não faço ideia... E os nossos soldados africanos, que eram praças de 2ª ? Tenho ideia que ganhavam seiscentos pesos, mais outro tanto (25 pesos / dia) por serem desarranchados... Como eram islamizados, não podiam comer a comida do tuga, pelo que foram mais tarde autorizados a receber o subsídio de alimentação... Mandaram-me isso à cara, no Xime, quando morreu o Cunha e o restante pessoal da CART 2715... Os sacanas tiveram um momento de hesitação, antes de aceitarem ir comigo resgatar os corpos dos nossos camaradas mortos, à cabeça da coluna (vd post de 25 de Abril de 2005 > Guiné 69/71 - VII: Memórias do inferno do Xime (Novembro de 1970):- Pessoal africano só ganha seiscentos pesos! - Que é como quem diz: vai lá tu, que os mortos são do vosso sangue, são do vosso chão, são da vossa terra, são tugas... Foi o único momento, em toda a minha comissão, em que vi os nossos soldados terem medo...

E uma passagem de avião, para virmos a casa, de férias ? E o famigerado Hotel da Cona Rachada [sic, em linguagem de caserna], onde a gente ficava, de passagem, em Bissau ? Eu pelo menos fiquei uma vez ou duas, se não me engano... (Ou era outra pensão ainda mais reles ? Recordo-me que um dia rebentaram-me a mala e fanaram-me o uísque, no Chez Toi)... Tu tinhas os teus conhecimentos em Bissau [, em Bissalanca, na BA 12]...

De qualquer modo, o que eram 600 escudos guineenses (pesos) naquela época ? Apenas o suficiente para comprar, na loja do libanês ou do tuga, um saco de arroz importado, e para alimentar (mal) uma família extensa, reunida na sua morança (muitos deles, tinham pelo menos duas mulheres que trouxeram das suas terras para Bambadinca).




Guiné > Moeda de 5 e 10 escudos (pesos). Frente e verso
Foto: © Afonso Sousa (2005). Direitos reservados.


3. Resposta rápida, artilhada, telegráfica, à ranger, do Humberto Reis (***):

Das chamadas Meninas & Vinho Verde [já] não me lembro, mas dos produtos que eu mais consumia, entre 69 e 71, não me esqueci:

- Um maço de SG Filtro: 2,5 pesos (sempre que saía para o mato levava 3 a 4 maços para 2 dias);
- Uma garrafa de whisky novo (J. Walker Juanito Camiñante de 5 anos, rótulo vermelho, JB): 48,50 pesos;
- Idem, de 12 anos, J. Walker rótulo preto, Dimple, Antiquary: 98,50
- Idem, de 15 anos, Monkhs, Old Parr: 103,50;
- Um whisky, no bar da messe, eram 2,50 pesos sem água de sifão e com água eram 3,00 pesos;
- Quanto à lerpa, ou ramim, uma noite boa, ou má, poderia dar (valor médio) 200 a 300 pesos para a lerpa e 50 a 100 para o ramim.

Já não me lembro da maioria dos preços mas tenho uma ideia de que uma viagem na TAP em Março de 1970, Bissau-Lisboa-Bissau, me custou à volta de 6 contos [ 30 euros, em moeda actual] e nós ganhávamos cerca de 5.

O pré dos soldados era de 600 pesos, os de 2ª [classe, os africanos], 900 pesos os de cá e os cabos 1200 pesos. Eu sei dessa diferença, pois tinha no meu Gr Comb o Arménio (o Vermelhinha) que foi como soldado, visto que levou cá uma porrada (foi apanhado numa rusga pela PM no Porto quando já estávamos no IAO em Santa Margarida) que lhe lixou a promoção.

Em Bissau, como normalmente ficava instalado na BA 12 [Base Aérea nº 12] nos alojamentos dos pilotos, pois tinha lá malta minha conhecida de cá, não sei qual o preço das pensões, e do bifinho na Transmontana de Bafatá também já não me lembro.

Sei bem, isso não me esqueceu, que o visque era mais barato que a cervejola : 2,50 [pesos] simples contra 3,00 ou 3,50, além de que dava direito, o whisky, a gelo. As cervejas nunca estavam suficientemente geladas pois os frigoríficos da messe, a petróleo, não tinham poder de resposta para a quantidade de pedidos.

Não se riam, meus amigos, com a expressão dos frigoríficos a petróleo, pois era assim mesmo que funcionavam, visto que o gerador eléctrico [de Bambadinca] só trabalhava à hora de almoço e depois durante a noite. Disto, da produção de frio/ar condicionado falo de cátedra pois é a minha vida profissional (eu costumo dizer que vivo do ar condicionado).

Aquele sistema de produção do frio a partir de uma fonte quente ainda hoje é utilizado, chama-se de absorção, e utiliza como refrigerante a água, ao contrário dos sistemas mais vulgarizados que utilizam alguns gases, mais ou menos poluentes da camada de ozono. Posso dar-vos como exemplo alguns dos sistemas de produção do frio para o ar condicionado, que conheço pois acompanhei de perto: Estalagem da Srª das Neves, no nordeste transmontano, do Hospital de Matosinhos, dos edifícios do BCP-Millennium no Tagus Park em Oeiras, do Hospital de Mirandela, etc., utilizam sistemas destes.

Um abraço, Humberto Reis

4. Comentário "do sábio e sensato, do nosso mui experiente operacional e grande conhecedor da Guiné, do antes e do depois, A. Marques Lopes" (**):

Interessante também esta reflexão (fez parte da nossa vida). No entanto, eu, pessoalmente, muito pouco posso dizer. Lembro-me que pagava 5 pesos quer à minha lavadeira de Geba quer à de Barro; além da lavagem também trabalhavam com as mãos (eram fulas, pois).

Quanto a tainadas e saber o preço delas, é um bocado difícil pois nunca tive tempo para muitas... Só sei que, quando em Bissau à espera de embarque, paguei 5 pesos aos miúdos que andavam perto do Bento (a 5ª Rep...) a vender sacos de camarão.

Quando em Geba fui uma vez a Bafatá e, talvez, à Transmontana, não sei bem (só sei que o dono, já entradote, tinha uma mulher loura mais nova e também comestível). Um dia, eu e o capitão [da CART 1691] (o tal que morreu na estrada para Banjara) decidimos ir os dois até Nova Lamego de jeep (maluqueiras!) onde comemos qualquer coisa não sei aonde e não me lembro o que paguei.

Quando em Bissau, no Pilão, frequentei várias vezes a Fátima, que não era caboverdiana mas sim fula, e dava-lhe 50 pesos de cada vez. Uma rapariga esperta: uma noite, a Fátima propôs-me que eu trouxesse uma grade de cervejas do QG para ela vender aos visitantes (era giro ouvi-la gritar da cama: está ocupado!, quando os páras ou os fuzos batiam à porta dela), dava-me metade da venda (não entrei nisso, claro). Também frequentei a casa que um branco tinha perto do campo do UDIB, e onde tinha as filhas à disposição, mas aí só paguei as cervejas.

Quanto às bebidas da tropa, não me lembro rigorosamente nada dos preços. Mas bebi de tudo, garanto-vos, e em grande quantidade (latas de rum com coca-cola, de cerveja com coca-cola, whisky, gin, cerveja, 1920...). Só procurei beber muito pouca água, e nunca apanhei nenhuma doença, por isso, com certeza. Quando chegava das operações, eu e os furriéis esticavamo-nos ao comprido e o soldado faxina já sabia que tinha de trazer uma grade de cervejas para nos saciar...

Como vêem, quanto a este custo de vida sei muito pouco.

Marques Lopes

PS - Não me lembrei dessa dos maços de tabaco porque nunca fumei no mato. Nem ninguém dos que saíam comigo podia fumar. Regra de segurança para as muitas noites passadas fora. E creio que foi muito útil.


5. Achegas do Luís Carvalhido (***):

Bom dia, companheiros!

Que lembranças! Aquilo que se comprava com meia dúzia de pesos!... Onde eu investia muito era iske e na coca-cola. Nas outras coisas, não precisava muito, porque sempre fui um rapaz com muita sorte. Não fiquem com inveja; já pelo contrário, nunca me saiu nada ao jogo.

Luís, dei esta morada a um companheiro de armas que está nos States e que tem histórias e fotos do Saltinho. Dentro em breve teremos aqui outros olhares.

Quanto a mim dentro de dias vou para o nordeste brasileiro. Depois conto como é que foi, porque aqueles que lá vão ficam amarrados. Eu só vou olhar porque comigo vai a comandante da guarnição e ela não é de brincadeiras.

Um abraço, Luís Carvalhido




Guiné > Nota de 50 escudos (pesos), frente e verso
Foto: © Sousa de Castro (2005). Direitos reservados.


6. Apontamento do Sousa de Castro (***):

Olá,  amigos!

Quero dizer-vos que no meu tempo (1972/74) não era muito diferente: os preços que se praticavam eram mais ou menos os mesmos....

Puxando um pouco pela memória, eu como 1º cabo radiotelegrafista ganhava 1.500$00, sendo 1.200$00 por ser 1º cabo e mais 300$00, de prémio de especialidade.

A dita queca, se a memória não me trai, creio que era assim: para os soldados cinquenta pesos; para os cabos sessenta pesos; a partir daqui não me lembro quanto pagavam os mais graduados... Quanto às cabo-verdianas, a coisa era de facto mais cara, em final de comissão paguei cento e cinquenta ou duzentos pesos, isto em Fevereiro de 1974.

Recordo que, com um peso, comprava quatro ou cinco bananas. Os uísques novos como o Johnnie Walker (cavalo branco) e outros custavam, em 1972/74, cinquenta pesos; o Dimple 100 pesos; o Old Parr 150 pesos; e havia o Monks, a 250 pesos.

Julgo serem estes os preços daquela altura, alguém que me corrija. Por lavar a roupa, como cabo pagava 60 pesos.

Anexei uma nota de cinquenta pesos, frente e verso para recordação.

Sousa de Castro

____________


Notas de L.G.:

(**) vd. poste de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6198: O 6º aniversário do nosso blogue (11): Selecção dos melhores dos primeiros cem postes publicados na I Série do nosso blogue (Os editores)

(***) Vd. postes da I Série:


1 de Agosto de 2005 > Guiné 63/74 - CXXXII: Cem pesos, manga de patacão, pessoal! (2)

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Guiné 63/74 - P5576: Votos de Feliz Natal 2009 e Bom Novo Ano 2010 (28): Mensagens da Tertúlia

Votos da Tertúlia para o Ano de 2010


1. Mensagem de Luís Borrega

Boa noite
Vou enviar novamente as Boas Festas pois enviei para o email do Carlos Vinhal e não sei se foi recepcionada.

Portanto para todos, Alahj Luis Graça, Chernos Carlos Vinhal, Virginio Briote e Magalhães Ribeiro e para todos os Homens Grandes da nossa Tabanca Grande o desejo que o novo ano 2010 vos traga manga di saúde e manga di patacão são os meus votos sinceros.

Mantanhas
Luís Borrega

***/***/***/***/***


2. Mensagem de António Paiva

Caros camaradas

Assim me vou embora
Um pouco esfarrapado,
Espero levar a crise comigo,
Para o povo ficar descansado.

BOM FIM DE ANO PARA TODOS
QUE 2010 TRAGA MAIS FELICIDADE.

Um abraço
António Paiva

***/***/***/***/***


3. Mensagem de Afonso Sousa e Sousa de Castro

O nosso caminho é feito
pelos nossos próprios passos...
Mas a beleza da caminhada...
depende dos que vão connosco !

Para estes meus amigos, desejo um próspero ano de 2010, sobretudo
com saúde e com a concretização das aspirações de cada um.



***/***/***/***/***


4. Mensagem de Manuel Amaro



***/***/***/***/***


5. Mensagem de Mário Gualter Rodrigues Pinto

Para amigos e camaradas vão os meus votos de ANO NOVO

BOM ANO PARA TODOS



***/***/***/***/***


6. Mensagem de Torcato Mendonça

CAMARADA AMIGO

BOM E FELIZ ANO NOVO COM SAÚDE E JUNTO DE QUEM AMAS PARA CONCRETIZAÇÃO DE TEUS SONHOS.

Através de ti abraço o Luís Graça, Virginio Briote Magalhães Ribeiro e TODOS mas Todos os e as Camaradas desta Tertúlia enorme

Abração do Torcato
__________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 31 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5571: Votos de Feliz Natal 2009 e Bom Novo Ano 2010 (27): O Pai Natal das minhas netas encheu-me o sapatinho (José da Câmara)

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Guiné 63/74 - P4135: Em busca de... (70): Fur Mil Andrade e Cabrita Martins que estiveram em Fajonquito entre 1971/73 (Afonso Sousa)

Em busca de... Furriel Andrade, Fajonquito 1971/73

1. Tudo começou assim:

i. Mensagem de Maria Filomena Silva Correia, uma nossa amiga guineense, de Bissau, que se dirigiu a Luís Graça no dia 30 de Março de 2009:

Boa tarde

Querido amigo

Eu sou Maria Filomena Silva Correia (Tchentcha), filha de falecida Cristina Silva Correia em Fajonquito, tenho irmãs de nome Maria Luísa (Vitorina), Cesina e um irmão mais novo chamado Carlitos.

Hoje, quando vi seu site na internet achei por bem que o senhor me poderia ajudar a encontrar um meu amigo de quando eu era criança, Senhor cujo nome nunca conheci, porque ele era chamado furriel Andrade. Ele era do mesmo batalhão que o furriel Cabrita Martins se não me engano.

O senhor não pode imaginar quanta vezes procurei por esse senhor em Portugal.


ii. Hoje mesmo foi enviada uma mensagem à tertúlia no sentido de encontrar alguém que eventualmente tenha um pista para dar a esta nossa amiga.

Se entre os nossos leitores houver alguém que possa ajudar a encontrar o camarada Andrade ou o camarada Cabrita Martins, por favor façam-nos chegar essa informação ou contactem a Maria Filomena para o endereço filocorreia@yahoo.com.br

O nosso obrigado desde já.
CV


2. Desenvolvimento

i. Mensagem de Afonso Sousa para Maurício Nunes Vieira:

Caro Maurício Nunes Vieira:

Poderá informar-me (caso saiba) qual era a Companhia que estava em Fajonquito, entre 1971 e 1973 ?

Por acaso conhecia (dessa companhia) o ex-Furriel Miliciano de nome Andrade ?

Com os meus cumprimentos
A. Sousa


ii. Mensagem resposta de Maurício Nunes Vieira para Afonso Sousa

Em Fajonquito entre 1971 e 1973 estava a CCaç 3549, do Batalhão 3884, eu pertenci à CCS em Bafatá. Quanto ao ex-furriel Andrade não me lembro já, aliás conhecia bem todos os camaradas da minha Companhia, os outros por não haver tanto contacto era difícil.

Lamento não poder ser mais útil, tente no blog do Luís Graça que decerto haverá quem conheça, sei que todos os anos fazem convívio, conheço e dou-me bem com o capitão dessa Companhia, mora aqui em Sintra perto de mim, é o capitão Sampedro, grato por conhecê-lo, sempre ao dispôr,

um abraço

Nota: Junto lhe envio o emblema da companhia de Fajonquito

3. No dia 2 de Abril chega ao Blogue esta mensagem de Afonso Sousa:

Caro Carlos:

Já consegui localizar o furriel Andrade (e inclusivé já falei com ele).

É caso para dizer: fazemos (o Blog) melhor investigação que os magistrados do processo Freeport !

Ora vamos aos dados:

Fajonquito:

CART 2742 (1970/72) ----> Rendida pela CCAÇ 3549 (1972/74)

- Furriel Constantino Dias Andrade (Fornos - Santa Maria da Feira) - CCAÇ 3549 (contactos omitidos pelo editor)

Carlos,
comunica a essa amiga de Bissau.

Um abraço
Afonso Sousa

Agradecimentos (ex-militares que serviram de pistas para chegar à localização do Andrade):

Aníbal Manuel Oliveira Farraia - Estarreja - CCAÇ 3549
José Cortes - Coimbra - CCAÇ 3549
José Manuel Valente - Santarém - CART 2741 - Furriel Enf
Capitão Manuel Mendes Sampedro - Comandante da CCAÇ 3549
Agostinho Costa - CART 2742
Joaquim Conceição - CART 2742
Furriel Ribeiro - CART 2742 - Albergaria-a-Velha
Furriel (Fernando Francisco) Cabrita Martins - Vaguemestre - BART 2920 - CANEÇAS

(Contactos omitidos pelo editor)


4. Envio das informações recolhidas à peticionária

i. Informação enviada à nossa amiga Maria Filomena, ontem dia 2 de Abril de 2009:

Cara amiga Filomena Correia

Como pode ver, consultando a mensagem abaixo, o meu camarada Afonso Sousa, encontrou o seu velho amigo Andrade, tendo já falado com ele.

Uma vez que tem o contacto do Andrade, faça o favor de o contactar. Por outro lado, gostaríamos de saber, mais tarde, como foi esse reencontro.

Continuamos ao dispôr para o que precisar.

Aceite as nossas saudações
Carlos Vinhal
Co-editor do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné
e
Afonso Sousa
Tertuliano e colaborador do mesmo Blogue


ii. Mensagem de Filomena Correia, recebida hoje mesmo no Blogue:

Bom meu querido Carlos

Agradeço o vosso esforço em encontrar o meu amigo furriel Andrade, ja tentei ligar para ele mas ainda sem successo, logo que conseguir conversar com ele vou informar para vocês como foi o encontro.

Muito obrigada
Filomena (Tchentcha)


5. Comentário de CV:

Mais uma vez resolvemos um caso de busca de pessoas. Se para a maioria das pessoas, este nosso gesto pouco poderá significar, para as pessoas que se nos dirigem é uma hipótese de encontar alguém que lhes lembra até a meninice, como este caso particular.

Não posso deixar de realçar e agradecer a prestimosa colaboração de alguns camaradas sempre atentos, porque mais sensíveis, digo eu, a estes pedidos.

Desta vez o trabalho para encontrar o camarada Andrade deve-se ao nosso companheiro Afonso Sousa a quem agradecemos particularmente.

Ainda a propósito deste assunto, o nosso camarada José Martins desenvolveu um trabalho com as Unidades que passaram por Fajonquito, que publicaremos em poste autónomo.
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 30 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4111: Em busca de... (68): Furs Mils Andrade e Cabrita Martins que estiveram em Fajonquito entre 1971 e 1973 (Maria Filomena Correia)

Vd. último poste da série de 2 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4131: Em busca de... (69): Estêvão, ou Coconut, que era ainda menino, em Prábis, no ano de 1973 (J. Casimiro Carvalho)