
- foi fur mil, CSJD/QG/CTIG, 1973/74) (descodificando: Chefia do Serviço de Justiça e Disciplina do Quartel-General do Comando Territorial Independente da Guiné);
- foi um dos últimos "moicanos" (leia-se: soldados do império), tendo regressado a casa já no tempo na República da Guiné-Bissau, reconhecida por Portugal em 10 de setembro de 1974;
- entrou para a Tabanca Grande em 2013;
- tem sete dezenas de referências no blogue;
- é um talentoso humorista de caserna;
- é aclamado autor da série "Um amanuense em terras de Kako Baldé";
- e, caso único na história da(s) nossa(s) guerra(s), é proveniente de uma grande família de combatentes, pois, de 8 irmãos (6 rapazes e 2 raparigas) todos os machos foram parar com os costados aos vários TO (Angola, Moçambique e Guiné), chegando a estar 5 irmãos (todos milicianos) ao mesmo tempo, a cumprir serviço militar, dos quais 4 no Ultramar...
- além do mais, era o mais novo dos manos, o caçula;
- por mais incrível que pareça, nunca nenhum patriota cá da terra se lembrou de propor que o feito dos manos Magro passasse a figurar no livro dos "Guinness World Records"; de qualquer modo, ainda bem que a matriarca da família não deixou que as filhas se oferecessem para o curso de enfermeiras paraquedistas, alguém tinha que ficar a tomar conta da casa!
Dura lex sed lex!... Guarda de Honra ao tribunal militar
por Abílio Magro
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De camuflado, luvas e cordões brancos nas botas, sob uma temperatura a rondar talvez os 40ºC e com alguns 80% de humidade no ar, lá fomos para a sala de audiências que não tinha ar condicionado, mas sim uma ventoinha "gigantola" no teto.
Quando o Juíz entrava todo de branco fardado, fazendo lembrar um vendedor de gelados que ali bem-vindo seria, a Guarda levantava-se, eu dava ordens de sentido-ombro armas, apresentar armas, "comme il faut", nestas ocasiões.
Durante o julgamento permanecíamos de pé, de mãos quentinhas e com o suor a escorrer por todo o corpo, fazendo-nos sentir sermos nós os verdadeiros réus a cumprir já parte da pena.
Recordo-me que, nesse dia, foram três julgamentos seguidos (era talvez época de saldos).
A situação lá se foi aguentando (que remédio!), mas na hora da leitura da sentença é que a coisa se tornava feia.

Quanto à pena sofrida pelo soldado, não me recordo bem, mas julgo que foi de alguma dureza.
Num outro julgamento o réu era um civil negro, já com algumas chuvas passadas, baixote, descalço (e eu de luvas brancas!) e de uma etnia qualquer que obrigou à presença de um outro militar, também negro, no papel de tradutor.
− Ele disse que não..
Nos tribunais militares os julgamentos eram efectuados com a presença de uma Guarda de Honra e durante a minha comissão na Guiné, apenas uma vez fui escalado para comandar um pequeno pelotão numa "cena dessas".
De camuflado, luvas e cordões brancos nas botas, sob uma temperatura a rondar talvez os 40ºC e com alguns 80% de humidade no ar, lá fomos para a sala de audiências que não tinha ar condicionado, mas sim uma ventoinha "gigantola" no teto.
Quando o Juíz entrava todo de branco fardado, fazendo lembrar um vendedor de gelados que ali bem-vindo seria, a Guarda levantava-se, eu dava ordens de sentido-ombro armas, apresentar armas, "comme il faut", nestas ocasiões.
Durante o julgamento permanecíamos de pé, de mãos quentinhas e com o suor a escorrer por todo o corpo, fazendo-nos sentir sermos nós os verdadeiros réus a cumprir já parte da pena.
Recordo-me que, nesse dia, foram três julgamentos seguidos (era talvez época de saldos).
A situação lá se foi aguentando (que remédio!), mas na hora da leitura da sentença é que a coisa se tornava feia.
Todos em sentido enquanto o homem lia os "preliminares" e, quando proferia uma frase semelhante a: "Determino em nome da lei...", eu dava voz de apresentar armas e assim permanecíamos até ao fim da leitura que demorava uma eternidade, fazendo com que as armas aumentassem exponencialmente de peso.
No meu caso a arma era uma FBP cujo peso era bem inferior ao da G3 e cujo apresentar d'armas era sobre o peito aguentando-se razoavelmente a posição, mas o resto de pessoal, armado de G3, ao fim de alguns minutos já não conseguia manter a arma firme na vertical, tremendo como varas verdes.
No meu caso a arma era uma FBP cujo peso era bem inferior ao da G3 e cujo apresentar d'armas era sobre o peito aguentando-se razoavelmente a posição, mas o resto de pessoal, armado de G3, ao fim de alguns minutos já não conseguia manter a arma firme na vertical, tremendo como varas verdes.

De soslaio, apercebi-me que alguns foram aproximando as respectivas coronhas da barriga, acabando por as poisar no cinturão, e transformando a Guarda de Honra num cerimonial com pouca verticalidade.
Segundo me recordo, um dos julgamentos referia-se a um soldado metropolitano que, a caminho de uma qualquer patrulha, saltara da viatura e regressara ao aquartelamento, desobedecendo ao alferes.
Segundo me recordo, um dos julgamentos referia-se a um soldado metropolitano que, a caminho de uma qualquer patrulha, saltara da viatura e regressara ao aquartelamento, desobedecendo ao alferes.
Este ter-lhe-á posteriormente aplicado apenas um castigo de alguns "reforços à Benfica", castigo esse que foi considerado demasiado brando, o que terá originado, também, um processo disciplinar ao alferes.
Quanto à pena sofrida pelo soldado, não me recordo bem, mas julgo que foi de alguma dureza.
Num outro julgamento o réu era um civil negro, já com algumas chuvas passadas, baixote, descalço (e eu de luvas brancas!) e de uma etnia qualquer que obrigou à presença de um outro militar, também negro, no papel de tradutor.
Não me recordo já de qual o crime cometido por aquele civil, nem da pena a que foi condenado, mas apenas que, após uma pergunta do Juíz, o "intérprete" ter entrado em longa algaraviada com o réu, finda a qual simplesmente respondeu:
(Revisão / fixação de texto, título: LG)
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Nota do editor LG:
Último poste da série >~28 de agosto de 2025 > Guiné 61/74 - P27160: Humor de caserna (211): a Maria-tira-cabaço, uma história pícara de Empada... (José Teixeira, régulo da Tabanca de Matosinhos)