Capa do livro sobre a família Maçarico, que tem centenas de descendentes, originários de Ribqmar, Lourinhã. Estão hoje espalhados pela diáspora lusitana (por ex., Brasil, Estados Unidos, Canadá). Há um rano em Mira, que deve ter emigrado para lá no séc. XIX. Uma das caraterísticas dos Maçaricos é que sempre viveram junto ao mar, e ligados a atividades maritímas (desde a marinha mercanbte à marinha de guerra, desde a pesca à construção naval).
Na sua
página na Net pode ler-se:
"Ribamar na época dos Descobrimentos era já um importante centro de construção naval, tendo ainda existido até cerca de 1930 um estaleiro que situava no local onde está hoje a escola primária.
"E já nesses tempos idos os Maçaricos eram reconhecidos como especialistas nessa área tendo acompanhado diversas expedições navais. E provavelmente estabeleceram-se também noutras localidades onde existiam estaleiros, possível explicação para haver outras famílias Maçarico espalhadas pelo Pais, como por exemplo em Mira."
Bolo do 1º almoço convívio que reuniu algunas centenas de Maçaricos em Ribamar, Lourinhã, em 22 de julho de 2001. Seguiu-se, no ano seguinte, um outro convívio. Foto: cortesia da página
Maçaricos - Ribamar - Lourinhã.
Da esquerda para a direita, Horácio Net Feernandes e Júlio Alberto Maçarico Fernandes (já falecido). São da mesma geração, são oprimos e nascidos em Ribamar.. O primeiro em 15/9/1935 e o segundo 21/11/1934. Ambos foram padres franciscanos, tendio sido ordenados em 15/8/1959- O Júlio foi missionário em Moçambique, em João Belo. O Horácio foi capelão militar (1967/69), abandonou o sacerdócio em 1972. Fez ontem 79 anos, e merece os nossos votos de parabéns!... Muita saúde e longa vida para ele!
Foto: cortesia do livro "Vila de Ribamar", de Américo Teodoro Maçarico Moreia Remédio, primeiro tenente reformado, edição de autor, Lourinhã, Ribamar, 2002, p. 123.
1. Em conversa telefónica, há dias, pude esclarecer, um pouco melhor, a situação do Horácio Fernandes nos seus últimos 6 meses de comissão de serviço na Guiné.
Acabada a comissão do BART 1913 (Catió, 1967/69), em maio de 1969, o Horácio, que era de rendição individual, foi colocado no BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70). Ele confirmou-me que conhecia os (ou alguns dos) aquartelamentos do setor L1 como o Xime e o Xitole. Diz que foi pelo menos uma vez ao Saltinho, muito provavlemnet numa coluna logística com segurança da CCAÇ 12....
Não passava muito tempo em Bambadinca, andando pelos aquartelamentos e destacamentos. Não me falou de Mansambo, o que é estranho e o que parece ir ao encontro do que nos disse o Torcato Mendonça, que não se lembrava de nenhum capelão....
Conhecia o destacamento no Rio Udunduma, entre o Xime e Bambadinca. Parece ter conhecido melhor o Xime. Falou-me de uma emboscada, na estrada Xime-Bambadinca, com dois mortos, e que eu ainda não consegui localizar no tem,po e no espaço. Também não foi precisao em relação à data em que esteve internado no HM 241 com paluidismo.
O Horácio participa nos convívios anuais do pessoal do BART 1913, não tendo ficado com ligações afetivas com o pessoal do BCAÇ 2852. Não se lembra do ataque a Bambadinca, em 29/5/1969, pelo que terá chegado mais tarde. Eu, que fui para Bambadinca em 18/7/1969, também não me lembro dele.Enfim, dois primos que só se voltam a reencontrar meio século depois: estive na missa nova (em 1959), voltei a abraço em Ribamar, em 2013.
Mas aqui fica a sua versão dos seus seis a nove meses na Guiné. Ontem fez 79 anos. tentei ligar-lhe mas ninguém atendeu (na sua casa do Porto). Aqui ficam os meus votos pessoais de parabéns, como camarada e editor deste blogue, para além de parente. (LG)´
Excerto da História da Unidade - BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70), Cap I, p2... Como se vê, o nome do oficial capelão está em branco... Talvez o Fernando Calado e o Ismael Augusto, nossos grã-tabanqueiros, nos possam dar esclarecimentos adicionais sobre a presença do Horácio Fernandes em Bambadinca, no fianl do 1º semestre ou início do 2º semestre de 1969... Na história desta unidade, não parece haver "vestígios" do Horácio Fernandes, embora ele jure a pés juntos que por lá passou, na fase terminal da coissão de serviço, de rendição individual.
Guiné < Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > Meninos cristãos, em dia de primeira comunhão, ao tempo da CCS/BCAÇ 2952 (1968/70).
Foto do álbum do ex-fur mil rebastecimentos José Carlso Lopes, grã-tabanqueiro nº 604.
Em Bambadinca, o Horácio Fernandes não teve praticamente nenhum contacto com a pequena comunidade cristã local. E terá dito poucas missas na capela local, que se situava à direita da secretaria da CCAÇ 12 (1969/71). Contrariamente ao ques e passou em Catió (CCS/BART 1913, 1967/69), em Bambadinca ele limitou-se a ser "capelão militar".
Foto: © José Carlos Lopes (2013). Todos os direitos reservados. (Edição: L.G.)
Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > CCS / BART 2917 (1970/72 > A parada do quartel de Bambadinca, a capela (que servia também de casa mortuária...) e, à direita, a secretaria da CCAÇ 12 (1969/74)
Foto: ©
Benjamim Durães (2010). Todos os direitos reservados
2. Arribas do Mar [Ribamar]
Na sua
rese de dissertação de mestrado em ciências da educação, pela Faculdade de Piscologia e Ciências das Educação da Universidade do Porto (1995, já aqui citada), Horácio Fernabndes descreve assim, na pag. 102, a suia terra [que é também a terra da minha bisavá paterna, Maria Augusta (Maçario) (1864-1920), que foi casar na Lourinhã, com um negociante de peixe, Francisco José de Sousa)]:
(...) Arribas do Mar, aldeia de Francisco Caboz, estava predestinada a ser viveiro de três vocações sacerdotais nos anos 30/40. Isolada entre dois concelhos «saloios», Lourinhã e Torres Vedras, a agricultura de subsistência e a pesca sazonal eram os seus únicos recursos.
Lisboa, que distava 50 km, ficava muito longe, já que as estradas que lhe davam acesso eram intransitáveis e o percurso inseguro, sujeitos os transeuntes a frequentes assaltos. Só a pé ou a cavalo é que era possível transpor tão curta-longa distância. O mar era a única saída possível.
Sempre com o credo-na-boca se o mar embravesse, esta gente é ao mesmo tempo desconfiada, crente e devota. Quase todos analfabetos, prostam-se e veneram, temendo alguém que é mais do que eles e que constantemente os ameaça. Santos, bruxos, mulheres de virtude, todos são requisitados em marés de azar: doenças dos homens e dos animais, do corpo e da alma, amores estragados e maresias.
A escola existia, mas secundariamente em relação à omnipresença do Mar: o mais importante era saber fazer um "côvo" para apanhar lagosta, lavagante ou navalheira, saber fazer um camaroeiro e uma sartela para atrair o peixe na maré vazia, consertar uma rede, saber medir os fundões em braças, saber lançar a poita, saber manejar a vela, o remo e o leme, «safar a tralha», o que não se aprendia nos bancos da escola.
A aldeia de Francisco era, digamos assim, a realização nas suas potencialidades mais substantivas do salazarismo, enquanto projecto político: imobilismo social, pobre, conformada, trabalhadora, disciplinada vivendo o quotidiano ao ritmo do anti-quotidiano. (...)
Reproduzido com a devida vénia (LG).
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Nota do editor:
Último poste da série > 31 de agosto de 2014 >
Guiné 63/74 - P13551: "Francisco Caboz", um padre franciscano, natural de Ribamar, Lourinhã, na guerra colonial (Horácio Fernandes, ex-alf mil capelão, BART 1913, Catió, 1967/69): Anexo I: Depois de finda a comissão no TO da Guiné, em dezembro de 1969, ainda foi capelão da marinha mercante até abandonar a vida sacerdotal, em 1972, e casar-se na igreja de Cedofeita, Porto...