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segunda-feira, 27 de outubro de 2025

Guiné 61/74 - P27356: Vivências em Nova Sintra (Aníbal José da Silva, Fur Mil Vagomestre da CCAV 2483/BCAV 2867) (17): Anexo I: Do cais do Pidjiguiti, em Bissau, ao... 'magnífico porto de Lala', a 6 km de Nova Sintra, em LDM: a 'pequena epopeia' dos reabastecimentios mensais



Foto nº 1 > Deve ser mesmo de 100 litros a capacidade de cada barril de 'água de Lisboa'. Estes estão prontos a embarcar no cais de Pidjiguiti, talvez rumando ao porto de Lala. São à volta de uma dúzia de barris, perfazendo no total 1200 litros, 12 hectolitros. Com a ração diária de vinho a 0,5 litros, uma companhia, com cerca de 160 homens, estafada estes barris em... 15 dias (!).


Foto nº 2  > A bordo de uma LDM (Lancha de Desembraque Média). 
Assinalado com um círculo vermelho sou eu, de mãos na ancas, atento à descarga e que o fiel de armazém ia registando. Este é um braço do rio Grande de Buba.






Fotos nº 3 e 4 > LDM 311. 
Pormenores das descargas. Tudo passava de mãos em mãos e aos ombros até às viaturas, para evitar o contacto com a água, salvo os bidões e os barris que eram empurrados para o rio e ficavam a boiar.


Foto nº 5 > 
Ver canto inferior direito da foto com os bidões a boiar de: combustíveis, azeite e óleo de fritar. O mesmo acontecia com os barris do vinho.



Foto nº 6 > Depois da canseira da descarga 
o banho retemperador para a viagem  de regresso ao quartel (que ficava a 6 km de Lala).



Foto nº 7 > Ao meio na foto, de t-shirt branca por causa dos mosquitos e assinalado com um retàngulo a amarelo, sou eu,acabado de saltar da LDM para a àgua com os braços bem levantados, para não molhar e danificar as guias de transporte. Foi-me dito, "ou saltas, ou vais passear até Bolama". È que a maré começou a baixar rapidamente e a tripulação não podia deixar a LDM pousar no solo.



Foto nº 8 > Regresso ao quartel. Na picada com o capim alto, era o local indicado para se lançar para o meio 
do capim, duas ou três caixas de cerveja e uma a duas caixas de batata, que o pessoal, dias mais tarde, com o propósito de ir à caça, iam recuperar os artigos desviados.



Foto nº 9 > 
Os meus domínios em Nova Sintra: Depósito   de Géneros e Cantina. Atrás do Unimog era,  é claro,  o Depósito de Material.


Foto nº 10 > Os barris de vinho da foto ao lado,vazios,  para, depois de desmanchados, se fazer cadeirões para o “descanso dos guerreiros”.



Foto nº 11 > 
Este era o galinheiro que serviu de adega (depósito dos barris), que o pessoal,  mais expedito, com um berbequim furava os barris e com uma pequena 
mangueira sugava a 'água de Lisboa'. Foi aqui que encontrei os tais três barris de aguardente (300 litros), que, supostamente, deviam ser de vinho. 


Foto nº 12 >  A madeira dos barris, as aduelas, serviam depois para fazer cadeiras para o "descansodos guerreiros". Nada se desperdiçava.

Guiné > Zona Sul > Região de Químara > Noa Sintra > CCAV 2483 (1969/70)

Fotos (e legendas): © Aníbal Silva (2025). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Texto enviado pelo Aníbal Silva,  ex-fur mil SAM, CCAV 2483 / BCAV 2867, Nova Sintra e Tite, 1969/70). Tem informação complementar, originada pelo Poste P27347 (*). Decidimos, todavia, publicá-lo como "anexo" à sua notável série "Vivências em Nova Sintra" (**). O tema dos reabastecimentos a Nova Sintra já foi tratado, mas as fotos e legendas que publicamos acabam oro ser um valioso complemento sobre essa "pequena epopeia" que era levar a casa, todos os meses, a "nossa bianda de cada dia".


Data - sexta, 24/10/2025, 21:33 

Assunto - A nossa guerra em números

Bom dia, caríssimo Luís

Hoje de manhã cedo, bem cedinho, depois de abrir o computador e ler o correio eletrónico, dei a habitual saltada ao nosso Blogue, o que faço diária e religiosamente e então dei de caras com o teu Poste 27347, no qual me identificas como o melhor assistemte de IA. Agradeço a nomeação mas devo dizer-te que estás a ser bondoso e benevolente para comigo. .

Ao ler o texto do Poste, verifico que fazes e ainda bem que o fazes, a transcrição da nossa conversa telefónica recente, relacionada com a nossa guerra em números, nomeadamente sobre o vinho e o “per diem”, que só agora fiquei a saber que se trata do valor da ração diária em géneros atribuída aos soldados.

Porque tinha dúvidas sobre dois assuntos, capacidade dos barris de vinho e o per diem,
telefonei a dois camaradas vagomestres do meu tempo (69 – 70), o camarada Fausto, de Fulacunda e do meu Batalhão e o camarada Carlos Alberto que esteve em Moçambique. 

Tanto um como o outro confirmam que os barris de vinho tinham a capacidade de 100 litros, acrescentando o Carlos Alberto que em Mueda, recebiam os barris, normalmente, com menos 20 litros, que o obrigava ir buscar água limpida ao rio Zambeze, para fazer o batizado e até o casamento. 

Relativamente ao per diem, se não tinha certezas, talvez os 24,50 escudos por ti referidos, agora tenho menos certezas e maior confusão. Diz o Carlos Alberto que em Moçambique nas zonas de risco de 100% o valor era de 20,50 escudos e nas zonas de risco de 50% era de 18,50 escudos. 

O Fausto diz que o valor era de 33 escudos, já em 69/70, o valor referido no relatório anual do Comando-Chefe / CTIG  referente a 1971, como atualização do valor em causa. Perante estas divergências está instalada a confusão e desde já te peço desculpa por te ter metido nela. É muito importante que outros vagomestres dêem a sua opinião sobre o assunto, na perspetiva de encontrar o valor exato.


As fotografias do teu Poste referem-se a Fulacunda (72-74) do camarada Armando Oliveira. As que se seguem dizem respeito a Nova Sintra (69-70), mais própriamente ao “Magnífico Porto de Lala”, sobre o qual o meu Comandante de Companhia escreveu: 

“Havíamos saído de Bolama às primeiras horas da manhã do dia 5 de Março (1969) e a lancha que transportava a Companhia já navegava pelo Rio Grande de Buba há umas boas horas, quando virou o rumo a bombordo e entrou por um canal mais estreito que viemos depois a saber que era conhecido por Lala. Ìamos na direção de Nova Sintra. A marcha da LDM era lenta e podíamos observar com pormenor as margens de ambos os lados cuja vegetação parecia impenetrável e onde não se vislumbrava qualquer indício de vida, nem sequer da possibilidade de qualquer abertura para o desembarque, quanto mais um porto... 

De repente, quando o rio já se tornava preocupantemente mais estreito e o arvoredo das margens parecia querer vir dar-nos as boas-vindas, surge uma abertura na vegetação que mal dava para a monobra de um Unimog e lá estava.... o magnífico porto de lala. E se não
estivessem lá os militares da Companhia que íamos render, meio escondidos pelo capim e meia dúzia de viaturas, teria passado, certamente, despercebido.”.


Preferencialmente era ao porto de Lala que íamos receber os reabastecimentos mensais. A distância era de 6 Km e nunca foi detetada qualquer mina. O mesmo não se pode dizer do porto/cais de S. João, fronteiro a Bolama, que distava 18 Km de Nova Sintra, numa estrada quase sempre minada e onde por duas vezes, devido ao rebentamento de minas anti-carro sofremos quatro mortos (2+2) e uma dezena de feridos graves.

(Revisão / fixação de texto: LG)

______________



Vd. poste de 15 de abril de 2025 > Guiné 61/74 - P26692: Vivências em Nova Sintra (Aníbal José da Silva, Fur Mil Vagomestre da CCAV 2483/BCAV 2867) (7): Coluna de Reabastecimento a S. João - Coluna a S. João em 08/12/69 e Colunas de reabastecimento a Lala