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quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Guiné 61/74 - P20268: (De)Caras (137): Camaradas da Companhia de Terminal (Bissau, 1973/74), que em menos de 2 meses carregou mais de setenta barcos para o Leste (Manuel Oliveira Pereira, ex-fur mil, CCAÇ 3547, Contuboel, 1972/74)


Foto nº 1 > O fur mil Manuel Oliveira Pereira, em Bambadinca, c. 1973/74, ao serviço da Companhia de Terminal


Foto nº 2 > Porto fluvial de Bambadinca > c. 1973/74 >  Companhia de Terminal > O fur mil Manuel Oliveira Pereira acompanha a entrega de abastecimentos, vindos de barco de Bissau


Foto nº 3 > Bissau > Companhia de Terminal > c- 1973/74 > O fur mil Manuel Oliveira Pereira nas instalações da Quinta do Fim do Mundo, assim chamada por estar nas traseiras do cemitério da cidade de Bissau: eram as instalações da antiga fábrica de cana da Casa Gouveia. Ficavam bem por trás do BINT (Batalhão de Intendência).


Foto nº 4 > Bissau > Companhia de Terminal > c- 1973/74 > O fur mil Manuel Oliveira Pereira com o fur mil Melo nas instalações da  Quinta do Fim do Mundo


Foto nº 5 > Bissau > Companhia de Terminal > c- 1973/74 > O fur mil Manuel Oliveira Pereira com o fur mil Mealha  nas instalações da  Quinta do Fim do Mundo





Louvor ao fur mil Manuel Oliveira Pereira, exarado na sua caderneta militar, a pp.11 e 12,  atribuído pelo comandante da CCAÇ 3547, na data de 16 de junho de  1973,  por, sendo o delegado administrativo do Batalhão, o BCaç 3884 (Bafatá, 1972/74), ter ajudado a criar e a desenvolver a "Companhia de Terminal" (Bissau, 1973.

Fotos (e legenda): © Manuel Oliveira Pereira (2008). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


O Manuel Oliveira Pereira, algures, no rio Geba,
ao serviço da Companhia de Terminal
(Bissau, 1973/74)

1. O Manuel Oliveira Pereira,  membro da nossa Tabanca Grande, desde 14 de outubro de 2006,  já nos explicou em tempos o que era a Companhia Terminal [ou de Terminal] (*):


(...) Conjuntamente com mais uns tantos camaradas fui fundador da "Companhia Terminal" que resultou da junção de todos os "Delegados de Batalhão" (---) a que se juntaram uns tantos "piras" - milicianos e malta dos pupilos do exército - vindos directamente de Lisboa (administração militar).

As nossas instalações [eram na] Quinta do Fim do Mundo, assim chamada por estar nas traseiras do cemitério da cidade [de Bissau:]  eram as da antiga fábrica de cana da Casa Gouveia. Ficavam bem por trás da Intendência e ao lado do armazém de medicamentos/produtos farmacêuticos do Batalhão Saúde.

(...) Os "Delegados" tinham total autonomia. A Delegação era formada normalmente pelos seguintes meios humanos e materiais: um Sargento ou Furriel, um Cabo, dois Soldados motoristas, um Unimog 404 e um Jipe. Esta era a minha formação (BCaç 3884, Bafatá), talvez a mais numerosa, contudo as diferenças, se existiam, eram poucas.

Com o avolumar da guerra, tornou-se necessária uma coordenação efectiva dos parcos meios humanos e logísticos - barcos, barcaças, viaturas e aviões. Todo era necessário!

As Delegações requisitavam e, devido à sua autonomia, qualquer um dos meios de transporte referidos quando bem entendesse. Por exemplo: em alturas diferentes ou quase em simultâneo seguia para Bambadinca carregamento para o sector de Bafatá, no dia seguinte para Nova Lamego e porque não para Piche?!...

Falei dos sectores Leste l e Leste ll como poderia falar da zona Sul ou de Farim/Cacheu.

Surge assim a Companhia Terminal com o objectivo de coordenar e planificar toda acção das diversas Delegações.

A Companhia Terminal não era uma verdadeira Companhia, pelo menos na sua organização e estrutura. É certo que tinha um Capitão SGE – Herman [Mendes] Schultz [ Guimarães], não como Cmdt, mas como Coordenador, coadjuvado por dois oficiais; uns quanto sargentos / furriéis piras e por todas as Delegações de Batalhão/Companhia. A esta grande equipa, foi ainda acrescentado todo o nosso parque auto.

A partir da sua formação, talvez outubro/novembro de 1972  - não tenho de momento a certeza  (...) -   todos os "abastecimentos" passaram a ser feitos em conjunto (na gíria actual "Serviços Partilhados"),  ou seja, abastecimento / carregamento de barcos ou aviões feito em simultâneo (ex. Bambadinca/Galomaro ou Bafatá/Nova Lamego ou Nova Lamego/Piche).

Qualquer combinação é possível. Já não servíamos o "nosso" Batalhão, mas qualquer um que necessitasse do nosso apoio. Se na minha anterior missão de Delegado, apenas requisitava, organizava, transportava e acompanhava as "coisas" para o meu Batalhão por barco até ao Xime ou Bambadinca e de avião para Bafatá, passei com a Companhia Terminal a ir, para além das referidos [destinos], a Aldeia Formosa, Nova Lamego, etc.

(... Aqui vão alguns dos nomes que de momento me vêm à memória: Cap Schultz, Alf Neves, Furriéis Catana, Mealha, Grenho, Botelho, Mestre, Ferreira, Aarão, Pinheiro, Soldados Soares, Melo e Pereira. Mantenho, com alguns deles fortes laços de amizade nomeadamente com o Catana, o Mealha, o Grenho, o Aarão, Soares e o Melo. (...) (*)


2. O Manuel Oliveira Pereira foi louvado pelo seu comandante [, da CCAÇ 3547], em 16 de junho de 1973 pelo elevado empenhado e grande competência com que exerceu funções na "Companhia de Terminal", permitindo que esta efetuasse carregamentos em mais de setenta (70) barcos, no curto espaço de dois meses (o que dava em média mais de um barco por dia). (**)
_______________


Vd. também postes de:

12 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3196: Em busca de...(39): Companhia Terminal (Bissau, 1973/74) (Daniel Vieira)

(...) Telefonou-me o ex-Fur Mil Daniel Vieira, que fez parte da Companhia Terminal, sediada em Bissau, mais exactamente na antiga Fábrica da Cana de Açúcar, por detrás do Cemitério, em instalações que outrora terão pertencido à Casa Gouveia. Lembram-se ?

Eu nunca ouvira falar desta Companhia Terminal, cuja missão era fazer os reabastecimentos das unidades espalhadas pelo TO da Guiné, por ar, terra, rio e mar… Iam a todo lado, de Buba a Bambadinca...

Pois bem, pelo que o Daniel Vieira me contou ao telefone, e que eu aqui reproduzo, ele chegou à Guiné, em rendição individual, em março de 1973 e foi um dos últimos militares a abandonar o território, em outubro de 1974.

Pelo meio, aí por volta de 12 ou 13 de março de 1974, foi ferido no Rio Geba, por ocasião de um ataque do PAIGC, no Geba Estreito, entre o Xime e Bambadinca, a um batelão carregado com 24 toneladas de munições. Morreu um cabo da Companhia Terminal, para além de 13 ou 14 africanos (civis ou militares, não faço ideia). Ele depois poderá contar mais pormenores: não sei se o batelão foi ao fundo, se houve explosões em cadeia, etc. /...)

terça-feira, 22 de outubro de 2019

Guiné 61/74 - P20267: Controvérsias (140): é verdade que Contuboel, na zona leste, região de Bafatá, nunca foi atacado ou flagelado ? ( Manuel Oliveira Pereira, ex-fur mil, CCAÇ 3547 / BCAÇ 3884, 1972/74)



Foto nº 1 > A velha ponte de madeira, sobre o rio Geba (Estreito), em Contuboel


Foto nº 2 > No "barco turra", a navegar no rio Geba... O Manuel Oliveira Pereira, à proa, à direita... É bom lembrar que ele foi um dos co-fundadores da famosa Companhia Terminal (Bissau,1973/74) (*) devendo ter feito várias viagens nos "barcos turras", com abastecimentos para o seu batalhão e outros do leste...


Foto nº 3 > No "barco turra", a navegar no rio Geba.. À direita, na margem direita do rio, no sentido Xime / Bamadinca, palmares típicos das margens do rio...


Foto nº 4 > No "barco turra", a navegar no rio Geba... Não parece ser a mesma viagem, o "artista" vai de camuflado... 


Foto nº 5 > No "barco turra", a navegar no rio Geba... O Manuel Oliveira Pereira, para onde iria, em farda nº 3 ?... 


Foto nº 6 > No "Barco turra", a navegar no rio Geba... Comendo a "ração de combate", que a viagem era longa... Adivinham a marca da lata de sumo de fruta...


Foto nº 7 > No "barco turra", a navegar no rio Geba... Noutra viagem, de camuflado e de G3...

Guiné > Região de Bafatá > CCAÇ 3547 / BCAÇ 3884 (Contuboel, 1972//74) > O Manuel Oliveira Pereira, ex-fur mil, membro da nossa Tabanca Grande, da primeira hora. Fotos de álbum do Manuel Oliveira Pereira, cortesia da página do Facebook  da Companhia de Caçadores 3547 - Os Répteis de Contuboel, página criada em 2011.

Fotos (e legenda): © Manuel Oliveira Pereira (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Comentário do Manuel [Oliveira] Pereira,   ex-fur mil, CCAÇ 3547, "Os Répteis de Contuboel", (Contuboel 1972/74), subunidade que pertencia ao BCaç 3884 (Bafatá, 1972/74); hoje advogado, vive em Ponta de Lima (**)


Meu caro Zé Saúde, camarada e amigo. Como me sinto lisonjeado com as tuas palavras. Na verdade, estivemos tão perto (Nova Lamego e Madina Mandinga) e ao mesmo tempo nunca nos encontramos. Depois, já na vida civil, trabalhamos na mesma secção, tivemos cumplicidades múltiplas e viemos também a residir no mesmo prédio.

Foste ao meu casamento, os meus filhos tiveram, durante algum tempo, por "ama" uma tia tua e nesse tempo NUNCA abordámos,  e até julgo desconhecermos, a nossa situação de combatentes e percurso nas "fileiras". Foram precisos anos, muitos anos, para nos "reencontrarmo-nos"!...


Lido o teu texto, aqui vão algumas achegas: A minha Unidade Operacional pertencia ao BCaç 3884 sediado em Bafatá, e tinha por perímetro de acção o sector de Contuboel. Era a CCaç 3547,  conhecida por "Os Répteis de Contuboel" que, devido à sua localização e, não havendo "guerra", funcionava como Centro de Formação de Milícias. 

Assim os seus Grupos de Combate (Pelotões) [, da CCAÇ 3547,] andavam sempre destacados em reforço de outras unidades. Foi deste modo que a CCaç 3547 fez, nos seus quase 28 meses de Guiné,  um "périplo turístico" por Bafatá, Bambadinca Tabanca, Sonaco, Sare Bacar, Nova Lamego, Madina Mandinga, Galomaro e Dulombi. 

Outra curiosidade que também desconheces, talvez, o teu ex-cmdt de Batalhão,  ten-coronel Castelo e Silva, veio a ser meu cmdt, e de quem eu fui  (e continuo a ser) amigo. Vive actualmente em Valpaços. 

Como vez, muitas coincidências! Esqueci de referir que a partir do 3º mês de Guiné e, enquanto operacional, fui sempre Cmdt de Pelotão e em funções administrativas Delegado de Batalhão.

Um abraço. Manuel Oliveira Pereira, Fur Mil,  BCAÇ 3884/CCAÇ 3547.


2. Comentário de Valdemar Queiroz [, ex-fur mil, CART 11,
(Valdemar Queiroz, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70) 
(**):

Contuboel, um caso interessante na guerra da Guiné.

De Fevereiro a Maio de 1969 estive em Contuboel e não houve o mínimo indício de guerra a não ser ruídos noturnos de outras tabancas a 'embrulhar' e também não tive conhecimento de anteriormente ter havido.

Depois, no resto do ano de 1969 e até Dezembro de 1970, quer em Nova Lamego ou em Paunca, nunca tivemos conhecimento de nenhum ataque a Contuboel.

Agora venho a saber que até 1974, ou seja, até ao final da guerra, Contuboel nunca foi atacada.

3. Comentário do editor LG:
Eu e o Renato Monteiro,
o "homem da piroga", no rio Geba,
com a ponte de madeira ao fundo...,
e que lhe ia seno fatal!

Foto (e legenda): Luís Grça (2005)

É verdade. Zé Saúde e Manel Pereira ? Trabalharam juntos, e nunca tinham falado da Guiné e da guerra , até se encontrarem em Monte Real, num Encontro Nacional da Tabanca Grande ? 

Manuel, Contuboel (, o quartel e a tabanca,)  nunca foi mesmo atacado ou flagelado pelo PAIGC em todos estes anos de guerra ?  Ou, pelo menos, no teu tempo ?

O Valdemar e eu estivemos lá, no 1º trimestre de 1969, na altura Contuboel era um CIM (Centro de Instrução Militar) e e eu descrevia como um "oásis de paz" a ponto de termos feito a IAO (Instrução de Aperfeiçoamento Operacional) nas suas imediações, em farda nº 3, com as nossas praças, do recrutamento local (, refiro-me à CCAÇ 2590 / CCAÇ 12) apenas com balas de salva nas cartucheiras da G3... Só os graduados levavam bala real (***).

Contuboel era local de passagem para quem ia comprar vacas a Sonaco... Quem, da malta do leste, não foi pel menos uma vez a Sonaco ? De facto, também nunca me constou que o quartel tenha sido atacado ou flagelado pela guerrilha do PAIGC, tanto o de Contuboel como o de  Sonaco. É verdade ? (****)

Contuboel tem mais de noventa referências no nosso blogue.

Um abraço especial para o Manel, nosso grã-tabanqueiro da primeira hora. Conhecemo-.nos no I Encontro Nacional da Tabanca Grande, na Ameira, Montemor-o-Novo, em 14 de outubro de 2006, já vão 13 anos!...
_____________

Notas do editor:

(*)  Vd. poste de 2 de outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3264: A Companhia Terminal , Bissau, 1973/74 (Manuel Oliveira Pereira)

(**) Vd. poste de 21 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 – P20265: Memórias de Gabú (José Saúde) (88): Manel Pereira, um amigo. (José Saúde)

(***)  Vd. poste de 28 de junho de  2005 > Guiné 63/74 - P86: No oásis de paz de Contuboel (Junho de 1969) (Luís Graça)

(****) Último poste da série > 21 de setembro de  2019 >  Guiné 61/74 - P20165: Controvérsias (139): louvor, em ordem de serviço, do comando do BART 733 (Farim, 1964/66), aos seus militares, pelo pronto, abnegado e eficiente socorro prestado às vítimas do atentado terrorista de 1 de novembro de 1965 (João Parreira, ex-fur mil op esp, CART 730 / BART 733, Bissorã, 1964/65; ex-fur mil cmd, CTIG, Brá, 1965/66)

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Guiné 63/74 - P14000: Consultório militar de José Martins (12): Resenhas da CCAÇ 4150/73, COMBIS e Companhia de Terminal

1. Em mensagem do dia 4 de Dezembro de 2014, o nosso camarada José Marcelino Martins (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), enviou-nos as Resenhas da CCAÇ 4150/73, COMBIS e Companhia de Terminal:

Carissimos
Aqui vão as resenhas da CCAÇ 4150/73, COMBIS e Companhia de Terminal.
Infelizmente não sei onde se localizavam. Aliás pouco conheci em Bissau, só lá fui de passagem.

Bom fim de semana.
Zé Martins



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Nota do editor

Último poste da série de 24 de novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13938: Consultório militar, de José Martins (11): Quem foi o alf mil Linhares de Almeida, da CCAÇ 1547, morto em combate em 1/4/1967, e condecorado, a título póstumo, com a cruz de guerra de 2ª classe?

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Guiné 63/74 - P3306: O Nosso Livro de Visitas (34): Raul Freitas, ex-Fur Mil da Companhia Terminal, de Março de 1972 a Agosto de 1973


Guiné > Bissau > Antigas instalações da Casa Gouveia > Companhia Terminal > 5 de Março de 1973 > Raul Freitas à secretária

Fotos: © Raul Freitas (2008). Direitos reservados.


1. No dia de 12 de Setembro de 2008, no poste P3196 (*), o camarada Daniel Vieira, ex-Fur Mil, que fez parte da Companhia Terminal, sediada em Bissau, procurava pistas para encontrar os seus antigos camaradas.

O nosso camarada Manuel Oliveira Pereira, ex-Fur Mil da CCAÇ 3547/BCAÇ 3884, no poste P3264 (**) deu umas achegas ao Daniel.

No passado dia 8, recebemos uma mensagem de outro nosso camarada, desta feita, do Raul Freitas, ex-Fur Mil, que também andou pela Companhia Terminal (***).

Transcrevo a sua mensagem:

Guimarães, 08/10/2008

Caro camarada Luís Graça, ao passar os olhos pelo blogue que com tanta dedicação mantens, deparei com um apelo do Daniel Vieira (Fur Mil), que gostaria de contactar com os camaradas que estiveram na Companhia Terminal.

Pois já lhe telefonei a dar conta da minha existência e do entusiasmo que partilho com todos aqueles que passaram pela Guiné.

É verdade, embarquei no Niassa em Junho de 1971, em rendição individual.

Alguns dias em Bissau a aclimatar-me aos mosquitos, de quem fui um apetecido pitéu durante toda a comissão, estive cerca de 3 meses em Bolama a colaborar numa recruta de naturais.

Regressado a Bissau, fui mandado numa LDP durante dois ou três dias até Cacine. Esperava-me o destacamento de Cameconde, onde permaneci cerca de dois meses até que a CCAÇ 2726, maioritária de naturais dos Açores, regressou à Metrópole, em meados de Fevereiro de 1972.

No regresso de Cacine a Bissau, embarcados na LDG Montante, lembro com nostalgia uma paragem numa ilha paradisíaca cujo nome já não recordo. Fomos a nado da LDG até à ilha. Fabuloso.

Em Bissau, fui colocado na COMPANHIA TERMINAL em Março ou Abril de 1972.

Lembro-me perfeitamente do Capitão Schultz, de um Alferes, outro nome que não recordo, do Sargento Cebola, do Sargento Manuel Joaquim Folgôa, que há cerca de meia dúzia de anos visitei na sua casa de Belas (Sintra); recordo com saudade do Cabo Pedrosa (?) que estou convicto ser natural de Soure (Coimbra).

E dos civis guineenses? O Samba Baldé, o Cabral, o Chico e outro rapaz muito competente que trabalhava comigo no escritório da Companhia Terminal.

Lembro-me da pessoa, de momento não me lembro do nome, do chefe dos estivadores no cais do Pidjiguiti, um cabo-verdiano de meia-idade.

Nós fazíamos a contabilidade e a folha de pagamentos da mão-de-obra dos estivadores embarcados, para carga e descarga dos abastecimentos.

Espero que alguém me ajude a contactar com o Sousa (?), Fur Mil que trabalhava no QG, na contabilidade, que suponho ser natural de Seia.

Anexo algumas fotos minhas desses tempos; uma tirada à secretária onde trabalhava na Companhia Terminal, nas antigas instalações da Casa Gouveia, outra à porta da repartição. Para quem se lembrar segue a única foto que tenho do Samba Baldé.

Para ajudar à reconstituição da memória, lembro que o Capitão Schultz, simbolicamente plantou uma papaeira em Outubro de 1972 junto à soleira da repartição. Esta planta tinha a espessura de um dedo humano. Em Abril de 1973 já tinha dado frutos.

Em Agosto de 1973, regressei finalmente a casa.

Um grande abraço de saudade e de solidariedade para todos.

Raul Freitas
(ex Fur Mil)
Salgueiral
4835-091 Guimarães
Tlf: 253522030 / Tlm 917520977



Guiné > Bissau > Companhia Terminal > 5 de Março de 1973 > Raul Freitas à porta da Repartição

O Raul Freitas em Bissau

Foto de Samba Baldé, funcionário da Companhia Terminal
___________________

Notas de CV:

(*) - Vd. poste de 12 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3196: Em busca de...(39): Companhia Terminal (Bissau, 1973/74) (Daniel Vieira)

(**) - Vd. poste de 2 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3264: A Companhia Terminal , Bissau, 1973/74 (Manuel Oliveira Pereira)

(***) - Vd. poste de 23 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3229: História resumida da Companhia de Terminal e do Batalhão de Intendência (José Martins)

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Guiné 63/74 - P3264: A Companhia Terminal , Bissau, 1973/74 (Manuel Oliveira Pereira)

1. Mensagem de Manuel Oliveira Pereira

Luís:
Tinha-me obrigado (como em tempos te referi), a voltar à Tertúlia apenas quando terminasse o curso (estou na ponta final). Mas, e como também disse, estaria sempre atento ao "nosso" blogue. Nesse sentido e dando sinais de vida, lá respondi à malta de Galomaro/Dulombi que pretende fazer um encontro de todos os que passaram por aquelas bandas - parece que fomos (eu e o meu grupo de combate) os derradeiros militares metropolitanos a ocupar o Dulombi.

Agora, aparece o Daniel Vieira e mais uma vez sinto a necessidade de acrescentar algo ao pedido que ele faz através do nosso "ponto de encontro".

Aqui vai:


Conjuntamente com mais uns tantos camaradas fui fundador da "Companhia Terminal" que resultou da junção de todos os "Delegados de Batalhão" (lembras-te?) a que se juntaram uns tantos "piras" - milicianos e malta dos pupilos do exército - vindos directamente de Lisboa (administração militar).

As nossas instalações - Quinta do Fim do Mundo, assim chamada por estar nas traseiras do cemitério da cidade - eram as da antiga fábrica de cana da Casa Gouveia. Ficavam bem por trás da Intendência e ao lado do armazém de medicamentos/produtos farmacêuticos do Batalhão Saúde.

Como sabes, os "Delegados" tinham total autonomia. A Delegação era formada normalmente pelos seguintes meios humanos e materiais: um Sargento ou Furriel, um Cabo, dois Soldados motoristas, um Unimog 404 e um Jipe. Esta era a minha formação (BCaç 3884 - Bafatá), talvez a mais numerosa, contudo as diferenças, se existiam, eram poucas.

Com o avolumar da guerra, tornou-se necessária uma coordenação efectiva dos parcos meios humanos e logísticos - barcos, barcaças, viaturas e aviões. Todo era necessário!

As Delegações requisitavam e, devido à sua autonomia, qualquer um dos meios de transporte referidos quando bem entendesse, por exemplo: em alturas diferentes ou quase em simultâneo seguia para Bambadinca carregamento para o sector Bafatá, no dia seguinte para Nova Lamego e porque não para Piche?

Falei dos sectores Leste l e Leste ll como poderia falar da zona Sul ou de Farim/Cacheu.

Surge assim a Companhia Terminal com o objectivo de coordenar e planificar toda acção das diversas Delegações.

A Companhia Terminal não era uma verdadeira Companhia, pelo menos na sua organização e estrutura. É certo que tinha um Capitão SG – Herman Schultz, não como Cmdt, mas como Coordenador, coadjuvado por dois oficiais; uns quantos argentos/furriéis piras e por todas as Delegações de Batalhão/Companhia. A esta grande equipa, foi ainda acrescentado todo o nosso parque auto.

A partir da sua formação, talvez Outubro/Novembro de 1972 (não tenho de momento a certeza - os documentos estão na minha casa de Ponte de Lima), todos os "abastecimentos" passaram a ser feitos em conjunto - na gíria actual "Serviços Partilhados", ou seja, abastecimento/carregamento de barcos ou aviões feito em simultâneo (ex. Bambadinca/Galomaro ou Bafatá/Nova Lamego ou Nova Lamego/Piche).

Qualquer combinação é possível. Já não servíamos o "nosso" Batalhão, mas qualquer um que necessitasse do nosso apoio. Se na minha anterior missão de Delegado, apenas requisitava, organizava, transportava, acompanhava as "coisas" para o meu Batalhão por barco até ao Xime ou Bambadinca e de avião para Bafatá, passei com a Companhia Terminal a ir, para além das referidas, a Aldeia Formosa, Nova Lamego, etc.

Para o Daniel Vieira, aqui vão alguns dos nomes que de momento me vem à memória: Cap Schultz, Alf Neves, Furriéis Catana, Mealha, Grenho, Botelho, Mestre, Ferreira, Aarão, Pinheiro, Soldados Soares, Melo e Pereira.

Mantenho, com alguns deles fortes laços de amizade nomeadamente com: o Catana, o Mealha, o Grenho, o Aarão, o Soares e o Melo.

Manuel Oliveira Pereira

PS - Deixo aqui algumas extractos da realidade "Terminal" com reprodução de uma das páginas da minha caderneta e algumas fotos – só as lúdicas.




Na entrega dos abastecimentos no porto de Bambadinca.



O Manuel Oliveira Pereira na parada do quartel de Bambadinca.



Geba acima a caminho de Xime/Bambadinca.



O Oliveira Pereira no "espaço" Compª. Terminal em Bissau.



O Oliveira Pereira com o Mealha.



E com o Melo, no "espaço" Compª. Terminal em Bissau.




Da Caderneta do Oliveira Pereira, referência Companhia Terminal.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Guiné 63/74 - P3229: História resumida da Companhia de Terminal e do Batalhão de Intendência (José Martins)

1. Em mensagem do dia 16 de Setembro de 2008, o nosso camarada José Martins, ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5 - Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70, enviou-nos um resumo da História da Companhia de Terminal e do Batalhão de Intendência.

Nunca é demais agradecer a disponibilidade do José Martins sempre pronto para nos fornecer dados importantes sobre a história da guerra colonial na Guiné.



Guiné > Região de Tombali (Catió) > Cufar > Rio Cumbijã >1973 > Foto que documenta as brutais consequências do accionamento de uma mina, colocads pela guerrilha do PAIGC junto ao cais acostável de Cufar, onde havia um destacamento do PINT (Pelotão de Intendência) 9288 ... A mina, escondida no lodo, foi accionada por um barco, ao atracar ao cais. O barco, que levava carga da Intendência, pegou fogo e ficou destruído...


Companhia de Terminal

Identificação CTerm

Comandantes:


Cap SGE [1] Herman Mendes Schultz Guimarães
Cap SGE Luís dos Santos Figueiredo

Inicio: 01NOV72

Extinção: Finais de SET74

Síntese da Actividade Operacional

A subunidade foi criada a partir do Destacamento de Terminal existente no CTIG [2], a título experimental, desde 01ABR72.

Após aprovação do respectivo QO [3] por despacho ministerial de 07JUN72, ficou na dependência directa da Chefia do Serviço de Transportes da Guiné.

Desenvolveu a actividade inerente à sua especialidade, relativas às tarefas de estiva, transportes exteriores e internos por meios rodoviários, fluviais e aéreos, despacho e desalfandegamento de todos os materiais e bagagens transportados por via aérea ou marítima; para o efeito dispôs de secções de cargas no cais da Bolola e na BA 12 [4]

Em finais de SET74 foi extinta e desactivada.

Glossário

1. SGE - Serviço Geral do Exército.

2. CTIG - Comando Territorial Independente da Guiné

3. QO – Quadro Orgânico

4. BA – Base Aérea

Acidente ocorrido em 02 de Março de 1974, com o rebentamento de uma mina anticarro, por um batelão carregado de gasolina, ao acostar ao cais de Cufar.

Morreram, de imediato, os seguintes civis assalariados/estivadores em serviço na Companhia de Terminal – Cufar. A causa da morte foi considerada resultante de Ferimentos em Combate, e os seus corpos foram inumados no cemitério de Cufar:

AISSELÉ IÉ, número 579, filho de Aliam Cá e Oqueamione Ié, natural da freguesia de Biombo, concelho de Bissau;

AUGUSTO AJUPKIQUE, número 289, filho de José Ajuplique e Maria Sábado, natural da freguesia de Caio, concelho de Teixeira Pinto;

AUGUSTO FERNANDES, número 747, casado com Dabedi Sanha, filho de Fernando João e Enguesse Pauiça, natural da freguesia de Encheia concelho de Bissorã;

INDOM Á CÓ, número 56, filho de Indato Có e Odiquiu Ié, natural da freguesia de Biombo, concelho de Bissau;

JOSÉ DA SILVA IÉ, filho de Lefem Ié e Equidjoque Ié, natural da freguesia de Biombo, concelho de Bissau;

OCANTE DJÚ, número 418, filho de Acevelo Djú e Maria Djú, natural da freguesia de Bigene, concelho de Farim;

ODAILÓ IÉ, número 295, filho de Odor Ié e Anhola Dju, natural da freguesia de Biombo, concelho de Bissau;

Nesse mesmo dia, 02 de Março de 1974, depois do acidente acima descrito, rebentou uma mina antipessoal seguida de emboscada, que feriu o assalariado/estivador LONA INSALA, casado com Insuli Cabi, filho de Insala Ungué e Sidú Indami, natural da freguesia de Santa Ana, concelho de Mansoa, que veio a falecer a 07 de Março de 1974, no Hospital Central de Bissau, por ferimentos em combate, tendo sido inumado no Cemitério de Bissau.

Também ficaram feridos no rebentamento da mina anticarro:

CARLOS ALBERTO PITA DA SILVA, Furriel Miliciano de Intendência, com o número mecanográfico 12957372, do Pelotão de Intendência nº 9288, mobilizado no 2º Grupo de Companhias de Administração Militar, em Lisboa, solteiro, filho de Teodoro Boaventura Pita da Silva e Maria Isabel Ivens Ferraz Pita da Silva, natural da freguesia do Monte, concelho do Funchal – Madeira, tendo falecido em 17 de Março de 1974 no Hospital Militar de Bissau, vitima de ferimentos em combate, tendo sido inumado no Cemitério de Nossa Senhora das Angústias, no Talhão dos militares falecidos no ultramar.

RODRIGO OLIVEIRA SANTOS, Soldado - Caixeiro, com o número mecanográfico 18070469, do Pelotão de Intendência nº 9288, mobilizado no 2º Grupo de Companhias de Administração Militar, em Lisboa, solteiro, filho de Manuel Gomes dos Santos e Gracinda Alves de Oliveira, natural de Fafião, freguesia de Romariz, concelho da Feira, faleceu, vitima de ferimentos em combate, tendo sido inumado no Cemitério de Romariz.


BInt, cuja divisa era, Bene Servire Maxima Gloria Est

Batalhão de Intendência da Guiné

Identificação BInt

Comandantes:


Major SAM [1] Carlos Gonçalves
Major SAM António Monteiro
Major SAM Augusto Soares Pinheiro
Major SAM José Maria Teixeira
Major SAM António Monteiro Alves dos Santos
Major SAM António Avelino de Abreu Parente
Major SAM António Madeira Peste
Major SAM António Alberto Bravo Ferreira
Major SAM Emídio José Brandão dos Santos Marques

2.ºs Comandantes (a partir de 01AGO67)

Capitão SAM Manuel de Oliveira Rego
Capitão SAM José Luís de Sousa Jorge
Capitão SAM António José Calvo de Almeida Pereira
Capitão SAM Manuel António Duran dos Santos Clemente

Início: 01JUN64

Extinção: 14OUT74

Síntese da Actividade Operacional

O BInt foi criado com base em QO [2] aprovado por despacho ministerial de 21NOV63 e englobou uma Companhia de Intendência, uma Companhia de Depósito, então constituídas, e os quatro destacamentos de Intendência, então existentes em Bissau, Tite, Bula e Bafatá, este instalado depois em Bambadinca, a partir de 02JUN66, e, mais tarde, outro pelotão instalado em Farim, a partir de 01JAN67, sendo considerado uma unidade da guarnição normal.

Em 01ABR68, as funções de Companhia de Depósito passaram a ser executadas por um novo órgão, então criado, o Depósito Base de Intendência e a partir de 01SET68, o batalhão passou a ser constituído pelas subunidades designadas por Companhias de Intendência de A/D [3], Companhias de Intendência de A/G [4], e Pelotões de Intendência, tendo ainda sido instalado outro pelotão em Cufar, a partir de 01AGO73.

Nesta situação, forneceu apoio logístico às unidades e subunidades em serviço na Guiné, efectuou a reparação dos meios de frio, máquinas de escritório e de bobinagem, entre outros, para o que dispunha também de equipas itinerantes.

Ministrou também instrução de formação de especialidade de intendência de padeiros, magarefes, caixeiros e outras. Manteve ainda as reservas de combustíveis e lubrificantes e accionou o funcionamento dos centros de fabrico de pão e de abate.

Em 14OUT74, após entrega das instalações e equipamentos ao PAIGC [5], o batalhão foi desactivado e extinto.

1. SAM – Serviço de Administração Militar
2. QO – Quadro Orgânico
3. A/D – Apoio Directo
4. A/G – Apoio Geral
5. PAIGC – Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde

José Martins

Fotos: © Fernando Franco(2006). Direitos reservados.
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Nota de CV

Vd. poste de 12 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3196: Em busca de...(39): Companhia Terminal (Bissau, 1973/74) (Daniel Vieira)

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Guiné 63/74 - P3196: Em busca de...(39): Companhia Terminal (Bissau, 1973/74) (Daniel Vieira)

Guiné > Região de Tombali (Catió) > Cufar > Rio Cumbijã >1973 > Foto que documenta as brutais consequências do accionamento de uma mina, colocads pela guerrilha do PAIGC junto ao cais acostável de Cufar, onde havia um destacamento do PINT (Pelotão de Intendência) 9288 ... A mina, escondida no lodo, foi accionada por um barco, ao atracar ao cais. O barco, que levava carga da Intendência, pegou fogo e ficou destruído... Terão morrido quase duas dezenas de africanos. Este episódio também é descrito no libro do nosso camarada António Graça de Abreu, Guiário da Guiné: Sangue, Lama e Água Pura (2007). Na altura ele estava em Cufar, como Alf Mil, no CAOP1.

Às vezes esquecemo-nos destes valorosos camaradas da Intendência que também corriam riscos de vida nos seus destacamentos e nas viagens que faziam pelas rios e braços de mar da Guiné, ou acompanhando as colunas logísticas por terra... O 1º Cabo Enf António Baia, amigo do Fernando Franco, ambos membros da nossa Tabanca Grande, pertencia a este PINT e assistiu a esta tragédia (aliás, dupla, por que uma outra mina destruiu, no mesmo dia, um viatura militar e matou malta nossa).

O Fernando Franco, em Bissau, fez Guarda de Honra, até ao Hospital, ao cortejo fúnebre com os restos mortais dos dois soldados do PINT que morreram na explosão da mina anticarro.

Foto: © Fernando Franco (2006). Direitos reservados.


Telefonou-me o ex-Fur Mil Daniel Vieira, que fez parte da Companhia Terminal, sediada em Bissau, mais exactamente na antiga Fábrica da Cana de Açúcar, por detrás do Cemitério, em instalações que outrora terão pertencido à Casa Gouveia. Lembram-se ?

Eu nunca ouvira falar desta Companhia Terminal, cuja missão era fazer os reabastecimentos das unidades espalhadas pelo TO da Guiné, por ar, terra, rio e mar… Iam a todo lado, de Buba a Bambadinca...

Pois bem, pelo que o Daniel Vieira me contou ao telefone, e que eu aqui reproduzo, ele chegou à Guiné, em rendição individual, em Março de 1973 e foi um dos últimos militares a abandonar o território, em Outubro de 1974.

Pelo meio, aí por volta de 12 ou 13 de Março de 1974, foi ferido no Rio Geba, por ocasião de um ataque do PAIGC, no Geba Estreito, entre o Xime e Bambadinca, a um batelão carregado com 24 toneladas de munições. Morreu um cabo da Companhia Terminal, para além de 13 ou 14 africanos (civis ou militares, não faço ideia). Ele depois poderá contar mais pormenores: não sei se o batelão foi ao fundo, se houve explosões em cadeia, etc.


O Daniel Vieira (Fur Mil Vieira, como era conhecido) esteve três dias no HM241, em Bissau, e, depois da convalescença, terá sido colocado no aeroporto de Bissalanca.

Ele procurou-me por que nunca mais teve notícias dos seus camaradas da Companhia Terrminal. E anda à procura de pistas que o levem a reencontrar a malta dessa unidade, que não pertencia ao BIG – Batalhão de Intendência Geral (*) e que, estranhamente, não tinha número. Diz-me ele que era uma espécie de companhia ad hoc, formada nessa altura (1973), em Bissau, com malta de rendição individual…

Ele próprio era atirador de infantaria, tendo passado pelas Caldas da Rainha, Tavira e Castelo Branco (tal como eu...). Lembra-se que o comandante da Companhia Terminal era um capitão do quadro permanente, já entradote na idade, com os seus 50 e tal anos, natural da região de Viseu. Muitos anos depois do 25 de Abril, quando o tentou localizar, já tinha morrido.

Dos seus camaradas furriéis milicianos lembra-se do Barradas, que era alentejano, do Vilaça, que morava em Cascais, e do Mestre, que seria de Sacavém ou de Alhandra (já não pode precisar bem). Dos Alf Mil lembra-se do Tenrinho e do Morais. Do 1º cabo que morreu do Geba, tem o nome, em documentos que não tinha ali à mão.

Nunca mais encontrou esta malta, para grande desgosto seu… E gostaria ainda de ter essa alegria. Costuma ir aos almoços-convívios dos Antigos Combatentes da Guiné, que se realizam todos os anos a 5 de Outubro, e que são organizados pelo Isaías Peralta. A última edição, o 26º almoço-convívio, em 2007, foi em Viseu. E o próximo será em Pombal. Mas até à data ainda não conseguiu localizar ninguém da sua Companhia Terminal.

É por essa razão que se dirigiu ao nosso blogue. Foi a filha, psicóloga, que lhe falou em nós. E da possibilidade de, através da Internet, obter pistas sobre os seus antigos camaradas. O filho, por sua vez, que está a tirar um curso de informática, ajudou-o a fazer pesquisas no nosso blogue. E daí o contacto, telefónico, que estava a efectuar.

Ficou entusiasmado com o conteúdo do nosso blogue e a nossa vasta rede de contactos. Pediu-me se o ajudava. Naturalmente, respondi-lhe que sim: é essa a nossa missão (e vocação). Convidei-o a integrar a nossa Tabanca Grande. Aguardo o envio de algumas fotos digitalizadas, em formato jpg, que me vai enviar através do filho.

Entretanto, aqui vai o resto da sua história. Tendo sido ferido em serviço, em combate, no ataque acima referido, no Geba Estreito, acabou por lutar pelo seu direito à reintegração nas Forças Armadas. Há seis anos (se percebi bem…) foi reintegrado, no Exército, como 1º sargento. Passou os últimos quatros anos nos serviços de saúde militar, aqui em Lisboa, Campolide. É amigo do nosso camarada Manuel Rebocho, com que fez o curso para a Sargento-Mor. Está entretanto reformado como Sargento-Mor, DFA.

O Daniel Vieira, novo membro da nossa Tabanca Grande, vive em Porto de Mós, distrito de Leiria, e autorizou-me a divulgar os seus contactos: Telefone > 244 402 876 ; Telemóvel > 65 274 287.

Se alguém tiver alguma informação sobre a Companhia Terminal (Bissau, 1973/74), entre em contacto com o Daniel Vieira ou com os editores do blogue. Um por todos e todos por um, como no nosso tempo de Guiné.

Luís Graça, editor

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Nota de L.G.:

(*) Sobre o BIG, representado na nossa Tabamca Grande pelo Fernando Franco e pelo António Bais (cito de cor...), vd. os postes de:

20 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2462: Convívios (38): Minitertúlia da Intendência / Administração Militar, Belém, Lisboa, 18 de Janeiro de 2008 (Fernando Franco)

16 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1284: A Intendência também foi à guerra (Fernando Franco / António Baia)

16 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1283: Os nossos intendentes, os homens da bianda (Fernando Franco / António Baia)

20 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1195: Ameira: O nosso encontro fez-me bem à alma (Fernando Franco)

Guiné > Bissau > Batalhão de Intendência Geral (BIG) > 1974 > O Fernando Franco, 1º cabo Caixeiro. Esteve em Bissau entre 1973 e 1974 numa CIAG (Companhia de Intendência de Apoio Directo). É muito provável que conhecesse a Companhia Terminal e o nosso Daniel Vieira.

Também temos outro camarada, o Diamantino Figueira, que pertenceu ao BIG, Bissau, 1971/73. Telefone de contacto: 214752070 (restaurante, na região de Cascais).

Foto: © Fernando Franco (2006)

Vd. último poste da série de 7 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3182: Em busca de... (38): Causas da morte do Alf Mil Manuel Sobreiro (Mampatá, 1968) Parte II (José Martins)