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sábado, 23 de novembro de 2024

Guiné 61/74 - P26183: Roteiro dos museus e outros lugares de memória e cultura, abertos (ou a abrir) ao "antigo combatente" (4): Museu da Guerra Colonial, V. N. Famalicáo, de visita gratuita


1. O Museu da Guerra Colonial (MGC), em Vila Nova de Famalicão, é de entrada livre (no caso de grupos e escolas há marcação prévia).

Localização, horário e contactos:

Famalicão Central Park, Lote 35 A
4760-727 Ribeirão

Telef: 252 217 998
Email: info@museuguerracolonial.pt


Horário:
  • Terça a sexta: 10h00 às 17h30
  • Sábado: 14h30 às 17h30
  • Domingo (sob marcação)
  • Encerra às segundas e feriados nacionais, sábado de Páscoa, 24 e 31 dezembro

2. Faz parte da notável rede municipal de museus:


O  objetivo do 
 Museu da Guerra colonial (MGC) em Vila Nova de Famalicão é fazer o levantamento e a recolha dos espólios dos combatentes utilizando a metodologia da história oral.

Como resultado o MGC recupera aquilo a que os seu criadores chamam “o Baú da Guerra” que, depois de aberto, fornece fontes importantíssimas para o estudo do combatente português na guerra colonial.

Recuperam-se e ordenam-se vários documentos tais como:

  • processos de morte e de ferido,
  • correspondência,
  • diários pessoais e de companhia,
  • documentos de ação social e psicológica,
  • relatos e processos confidenciais,
  • objetos de arte,
  • fotografias,
  • objetos religiosos,
  • bibliografia, e
  • documentos vários,

O Museu está organizado segundo temas, tem um perfil pedagógico de informação histórica e cultural para as gerações do pós-guerra e para o público em geral com a intenção de preencher lacunas sobre este período recente da História de Portugal.

Visitar o MGC ajuda-nos a conhecer o itinerário do combatente português neste conflito armado que decorreu de 1961 a 1974 (13 anos).

3. Recorde-se aqui, em síntese, a sua génerse e desenvolvimento:


(i) o MGC nasceu no ano de 1999,

(ii) através de uma parceria entre:
  • o Município de Vila Nova de Famalicão;
  • a ADFA (Associação dos Deficientes das Forças Armadas);
  • a ALFACOOP (Externato Infante D. Henrique de Ruilhe);

(iii) tendo por base um projeto pedagógico intitulado “Guerra Colonial, uma história por contar”;

(iv) o conteúdo e a metodologia, recolha, tratamento, organização e estudo das fontes resultaram de um projeto pedagógico dirigido pelo Dr. José Manuel Lages e 32 alunos em colaboração com as Entidades referidas.

(...) "Mais do que um espaço museológico, é um local que pretende transmitir ao visitante um real conhecimento sobre este período da História de Portugal, contado por quem a viveu e sentiu na primeira pessoa. " (...)

A exposição permanente retrata o itinerário do combatente português na Guerra Colonial (1961-1974), abordando as seguintes temáticas:

  • O Embarque;
  • O Dia-a-Dia;
  • As Operações Militares;
  • Os Nativos;
  • A Ação Social e Psicológica;
  • A Religiosidade;
  • Os Horrores da Guerra;
  • A Morte;
  • A Correspondência;
  • As Madrinhas de Guerra.
Todo o acervo museológico foi cedido ou doado por:
  • antigos combatentes ou seus familiares;
  • delegações da Associação dos Deficientes das Forças Armadas (ADFA);
  • e vários ramos das Forças Armadas Portuguesas.
O visitante poderá ainda ver os objetos usados pelos nossos Militares, como:

  • Baús da Guerra (objetos pessoais, alimentação, vestuário);
  • Fardamentos e Equipamento Militar (torres de transmissões, paraquedas, capacetes, armas);
  • Veículos de Guerra

O MGC foi inaugurado no do 23 de abril de 1999 e situa-se no Lago Dicount lote 35A, na freguesia de Ribeirão, ocupando uma área de mil e quinhentos metros.

A gestão do Museu é da responsabilidade da Associação do Museu da Guerra Colonial na qual figuram os sócios fundadores Coletivos e Individuais. Esta estrutura integra a Rede de Museus de Vila Nova de Famalicão e tem protocolos de colaboração com as Forças Armadas Portuguesas.
(Seleção, revisão / fixação de texto, negritos: LG)

terça-feira, 5 de novembro de 2024

Guiné 61/74 - P26116: Manuscrito(s) (Luís Graça) (260): Porto Santo, e a África aqui tão perto - Parte V

 












Porto Santo > Pico Ana Ferreira, geossítio nº 4  > 2 de outubro de 2024


Fotos (e legenda): © Luís Graça (2024). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. É o geossítio (PSt04) que vale o percurso de jipe (pela parte Norte da ilha,  4 pessoas, custando 40 euros por pessoa, num total de 3 horas com guia).

É o ponto mais alto da ilha, no lado ocidental (288 m). Fica-se estarrecido com o "piano", o conjunto de "colunas prismáticas", nascidas do "génio" do vulcão, ou,  em linguagem menos poética, resultante do fenómeno, que em geologia e geomorfologia se chama ... disjunção prismática.

Não há muitas, no nosso planeta, formações geológicas exibindo disjunções prismáticas como esta... Só não percebo por que é que ainda não foi classificada como "monumento natural", e não há maior cuidado com a sua proteção.

Cite-se mais algumas famosas a nível mundial:


Este geossítio no Pico Ana Ferreira durante anos foi uma pedreira. Extraía-se pedra para a construção e obras públicas.  Até que alguém deu conta desta obra-prima da natureza, que é um regalo para a fruição estética... e uma referência obrigatória para a educação ambiental e o turismo na ilha.

Lê-se no  "site" oficial da Geodiversidade da Região Autómoma da Madeira:

(...) "Nesta antiga pedreira do Pico de Ana Ferreira observa-se uma disjunção prismática com colunas quase perfeitas, de elevado valor estético. 

"Esta estrutura, de cor cinza clara, foi originada pelas tensões de contração que se geraram durante o arrefecimento do magma no interior de uma conduta vulcânica.

"A rocha resultante do magma consolidado - mugearito, por ser mais resistente do que as rochas encaixantes, sobreviveu à ação erosiva, enquanto o material à sua volta foi desaparecendo ao longo do tempo." (...)

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Nota do editor:

2 de novembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26109: Manuscrito(s) (Luís Graça) (259): Ao fim da tarde, ao pôr do sol no Atlântico, lembramos neste dia todos os nossos mortos queridos

Vd. poste anterior > 29 de outubro de 2024 > Guiné 61/74 - P26092: Manuscrito(s) (Luís Graça) (258): Porto Santo, e a África aqui tão perto - Parte IV

quinta-feira, 31 de outubro de 2024

Guiné 61/74 - P26099: Roteiro dos museus e outros lugares de memória e cultura, abertos (ou a abrir) ao "antigo combatente" (2): Museu da Marinha, Fragata Dom Fernando,. Submarinbo Barracuda, Planetário e Aquário Vasco da Gama... Vale a pena, mas é tudo "a pagantes"


Lisboa > Mosteiro dos Jerónimos > 
Ala oeste, com as duas torres neomanuelinas >
Entrada do Museu da Marinha.
Foto de Felix Koenig (2014)
Fonte: Adapt. de
Wikimedia Commons

1. Continuando a nossa viagem pelo roteiro dos museus e monumentos nacionais... a que têm acesso (gratuito) os antigos combatentes, bem como de outros museu, regionais, municipais e particulares a que queremos ver também reconhecido o nosso direito de visita...


Abrimos aqui, no passado dia 10, uma campanha de informação e sensibilização para que o nosso benefício (social) se alargue também, pelo menos (e para já), aos museus municipais, sociais e privados... (e mais tarde, aos monumentos) (*).
 
Vamos procurar, com a ajuda dos nossos leitores,  identificá-los e ajudar a "sensibilizar" os proprietários e gestores desses museus e núcleos museológicos (autarquias, misericórdias, Igreja, etc.) para o seu interesse também em estender aos antigos combatentes o acesso gratuito. 

Se ainda somos 400 mil (*), com as nossas famílias, facilmente ultraprassamos o milhão de potenciais visitantes...mesmo com a idade a pesar e a perda quer de mobilidade quer de poder de compra,  fatores que não nos deixa viajar para muito longe.

Teríamos que incluir nesse número (com direito a cartão de antigo combatente) a diáspora lusófona, os nossos camaradas do continente e "ilhas adjacentes" (Açores e Madeira) que deixaram a "Pátria ingrata" e foram para o Brasil, a Venezuela, os EUA, o Canadá, a França, a Alemanha, o Luxemburgo, a Suiça, o Reino Unido, a Austrália, a África do Sul, e por aí fora... 

Infelizmente, uma parte deles perdeu o contato com as suas raízes... Agora, reformados, muitos regressam, nem que seja por uns meses,  e precisa de (re)conhecer (e reconcilioar-se com) o país onde nasceram e lutaram...

2. Ora apontem mais um à vossa lista (mais um ou mais quatro):




É tudo gerido (o museu e od demais equipamentos culturais) pela Comissão Cultural da Marinha, tutelada pela Direção Cultural da Marinha, a quem compete:

(i) contribuír ativamente para o desenvolvimento da vertente cultural da Marinha;

(ii) constitui um fator de prestígio e de marcante afirmação de identidade da Marinha.

(...) "A par da sua componente operacional, a Marinha detém uma diversificada e rica área Cultural, fruto de uma história secular que se confunde com a própria identidade do país.

(...) "A Direção Cultural da Marinha tem um papel de primeira instância na abertura à sociedade, no sentido da conservação, valorização e divulgação do património Cultural, histórico e artístico da Marinha, e com esse objetivo tem vindo a desenvolver, com êxito, uma série de novas iniciativas e projetos." (...)

Ver aqui o mapa do sítio. São 4 equipamentos culturais, com destaque para o Museu da Marinha.  É uma visita que vale a pena.

(...) O Museu ocupa uma área total de cerca de 50 mil metros quadrados, dedicando 16.050 metros quadrados à exposição permanente. O espólio é constituído por mais de 20.000 peças museológicas, estando expostas apenas seis mil.

O acervo do museu é constituído por modelos de Galés, embarcações fluviais e costeiras e navios desde os Descobrimentos até ao século XIX.

Também possui uma vasta colecção de armas e fardamentos, instrumentos de navegação e cartas marítimas.

O Museu inclui um centro de documentação com 14.500 obras, um arquivo de imagem, que reúne, aproximadamente, 120 mil imagens, e um arquivo de desenhos e planos com mais de 1.500 documentos de navios portugueses antigos.(...) (Fonte: Wikipedia).


3. Mas  é tudo a "pagantes" ... Não há borlas para os antigos combatentes... Nem para os marinheiros aventureiros que andaram a chafurdar nos tarrafos, rias, rios, braços de mar e bolanhas da Guiné ?!... 

Posso ter visto mal, mas acho que não, que não há borlas... Para ver tudo, o preço completo para um "sénior" (+ 65), como eu, seria de 20,5 euros (se não fiz mal as contas; em alterantiva, pode-se comprar o passe CulturaMAR, por 11 euros).
 
Segundo o sítio oficial,   que consultámos, o Passe CulturaMAR é um bilhete conjunto, com validade de 4 meses,  para uma entrada em:

  • Aquário Vasco da Gama, 
  • Núcleo Museológico Fragata D. Fernando II e Glória (Fragata e Submarino Barracuda), 
  • Museu de Marinha 
  • Planetário de Marinha, 
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quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Guiné 61/74 - P26093: Bom dia desde Bissau (Patrício Ribeiro) (38): Bafatá, terra natal de Amílcar Cabral (1924-1973)



Foto nº 1 > Guiné > Bafatá > 28 de outubro de 2024 > A casa onde terá nascido o Amílcar Cabraçl (1924 -. 1973), hoje convertida em museu. ;Mural numa das paredes com a efígie do líder histórico do PAIGC,filho de mãe guineense e pai cabpo-verdiano



Foto nº 2A > Guiné > Bafatá > 28 de outubro de 2024 > Casa-museu de Amílcar Cabral: uma citação famosa (em crioulo):


"Nô sta na luta pa prugresu di nô tera, nô ten ku fasi sakrifisu pa nô konsigui kumpu nô tera.

"Nô ten ku kaba ku tudu injustisa, ku tudu koitadesa i sufrimentu.

"Nô ten garanti pa kada mininu ku na padidu na nô tera aôs ô amanha, tene certeza di kuma nin un mura ô paredi ka pudi tadjal"

(Amílcar Cabral)


Tradução do crioulo (LG / VQ): "Estamos a lutar pelo progresso da nossa terra. Temos que fazer sacrifício para conseguir desenvolver a nossa terra. Temos que acabar com todas as injustiças, a pobreza e o sofrimento. Temos de garantir que cada menino que nasce na nossa terra, hoje ou amanhã, possa ter a certeza de que nenhum um muro ou parede o vai deter". (Amílcar Cabral)


Foto nº 2 > Guiné > Bafatá > 28 de outubro de 2024 > Casa-museu de Amílcar Cabral > Mural


Foto nº 3 > Guiné > Bafatá > 28 de outubro de 2024 > Casa-Museu Amílcar Cabral > Parede exterior com mural... Fica junto à casa da nossa amiga Célia.



Foto mº 4 > Bafatá > 28 de outubro de 2024 > A rua que desce até a casa do Amílcar. Agora é uma valeta onde corre água das chuvas.


Guiné > Foto nº 5 > Bafatá > 28 de outubro de 2024 >Rua junto a casa onde podemos ver o Sporting... (à esquerda, a seguir)


Guiné > Foto nº 5A > Bafatá > 28 de outubro de 2024 > O edifício do Sporting (e antigo cinema), em segundo plano... Com o telhado já em ruína.


Fotos (e legendas): © Patrício Ribeiro (2024). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1. Mensagem do nosso amigo e camarada Patrício Ribeiro:


Data - segunda, 29 out 2024 00:36
Assunto . Viagem ao Leste no final da chuvas 2024.


Luís, publica se entenderes.

Estas outras fotos de Bafatá, foram tiradas hoje, segunda feira,  às 6.30h ainda com pouca luz...antes do meu regresso, mais logo,  a Bissau. (Do Gabu, já te mandei também algumas fotos.)

Estas de Bafatá são tiradas  junto  à casa da Célia (onde vive há 53 anos) e à  casa onde dizem que o Amílcar nasceu. É a última rua paralela ao rio.

É uma zona onde moram poucos europeus, luso-guineenses e libaneses. Uma zona da cidade sem vida. Onde existem algumas repartições publicas.

Ab, Patrício.

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Nota do editor:

Último poste da série > 28 de outubro de 2024 > Guiné 61/74 - P26086: Bom dia desde Bissau (Patrício Ribeiro) (37): Bafatá e a Célia Dinis, que merecia uma estátua e não uma medalha...

terça-feira, 29 de outubro de 2024

Guiné 61/74 - P26092: Manuscrito(s) (Luís Graça) (258): Porto Santo, e a África aqui tão perto - Parte IV

 

Foto nº 30 > Porto Santo > 1 de outubro de 2024 > Ponta da Calheta e vista da cota norte


Foto nº 31 > Porto Santo > 1 de outubro de 2024 > Ponta da Calheta... e os sinais geológicos da origem vulcànica da ilha...



Foto nº 32 > Porto Santo > 1 de outubro de 2024 > Ponta da Calheta... A vida que náo desiste...


Foto nº 33 > Porto Santo > 3 de outubro de 2024 > Miradouro das Flores > O Ilhéu de Baixo ou da Cal


Foto nº 34 > Porto Santo > 3 de outubro de 2024 > Miradouro das Flores > Nove quilómetros de praia que precisam de proteção contra o lobi do cimento armado (a construção, o imobiliário, a hotelaria, o turismo... )


Foto nº 35 > Porto Santo > 3 de outubro de 2024 > Outubro de 2024  > Um pequeno bosque de pinheiros raquíticos no sítio dos Morenos, na costa  Norte


Foto nº 36 > Porto Santo > 3 de outubro de 2024 > Outubro de 2024  > O dragoeiro ou "sangue-de-dragã", uma espécie  A espécie é originária da região biogeográfica atlântica da Macaronésia (Madeira, Canárias e Açores). Este foi plantado por mão humana, numa praça da Vila Baleira. Está extinta em Porto Santo, como espécie selvagem.



Foto nº 37 > Porto Santo > 3 de outubro de 2024 > Outubro de 2024  > Adro da igreja de Na. Sra. da Piedade, a igreja matriz, cuja construção remonta a  1430/1446. Foi várias vezes pilhada e destruída pelos corsários. Reconstruída totalmente em 1667.


1. Não sei se houve algum concelho do país (continente e ilhas) sem mortos na guerra do ultramar / guerra colonial... Escapou, por certo,  a ilha das Berlengas, por que não tinham habitantes permanentes (na época, só faroleiro).

Nem o minúsculo território de Porto Santo (com pouco mais de 42 km2 e c. 3500 habitantes em 1960) escapou à fatalidade de uma guerra prolongada e distante para a qual foram mobilizados c. de 800 mil portugueses (sem contar com os africanos, c. de 200 mil). 

Pois dos naturais de Porto Santo (porto-santenses e não portos-santenes...) houve pelo menos um morto, se bem que por doença, o 2º srgt iuf, Tibúrcio Alencastre Pestana, em Moçambique, em 13/8/1970.

Na visita que eu fiz à ilha, como turista (a reboque de duas canadianas!), de 29 de setembro a 6 de outubro passado, não me dei conta de qualquer pedaço de memória dessa guerra.  Há referência ao início da nossa expansão marítima, a alguns dos seus principais atores e beneficiários (a começar pelos capitães-donatários das ilhas:  João Gonçalves Zarco, ficou com o Funchal,  o Tristão Vaz Teixeira, com o Machico, e o Bartolomeu Perestrelo, com o Porto Santo...). 

Não faço ideia quantos porto-santenses foram mobilizados, entre 1961 e 1974.. Mas a ilha tem o seu martirológio, a sua lista de vítimas, por ataques de piratas e corsários bem como de epidemias e fomes... 

No Museu de Porto, de acesso grátis para antigos combatentes (Casa Colombo -. Museu de Porto Santo e dos Descobrimentos Portugueses) fiquei a saber coisas que não sabia, a começar pela estranha alcunha, "Os Profestas", que foi dada aos seus habitantes, e que já vem do séc. XVI, ou seja, do início do império...

Também a fiquei a saber mais detalhes da brutal incursão de que a ilha foi vítima, em 1617, por parte de corsários argelinos... Com uma costa tão extensa e aberta, a sul, e localizada a uns escassos 500 km da costa ocidental africana, e a mil do sul da Europa, sofreu, nomeadamente até ao séc. XVII, as incursões, pilhagens, raptos e assassínios de piratas e corsários que agiam sob várias bandeiras... A mais trágica terá sido, de facto,  a de 1617.

Foi sempre uma ilha de extrema pobreza, sofrendo os efeitos de uma dupla colonização: até ao reinado de Dom José I, vigorou o miserável sistema de "colonia" na exploração da terra, em que os colonos eram os porto-santenses e os senhorios os madeirenses...A colonia foi extinta, em Porto Santo, pelo menos "de jure", por alvará régio de 13 de outubro de 1770.

Contrastando com a Madeira, é uma ilha paupérrima, em termos de recursos materia
is, a começar pela flora, são escassas as árvores (vi palmeiras,  pinheiros, alguns dragoeiros...),. Mas a ilha, mais antiga que a Madeira, é uma joia para os geólogos...e os amantes da natureza.

A ilha do Porto Santo começou a formar-se há 19 milhões de anos, tendo emergido  há  8 milhões de anos.      A Madeira, por sua vez,  data da mesma época (há 19 milhões de anos, no Mioceno) mas só emergiu durante a  transição do Mioceno para o Plioceno, há cerca de  5 milhões de anos. O que não é nada, sabendo que os dinossauros do Jurássico,  evoluíram entre 200 e 146 milhões de anos, passeando-se entre a Lourinhã e Nova Iorque. (Estás a ver, João Crisóstomo, irás fazer o mesmo percurso, não a pé, obviamente, mas de avião,  150 milhões de anos depois...).

Para saber mais sobre a Porto Santo e os porto-santenses:


(I) População (de alcunha, os "profetas"...)




(ii) Segurança...



(iii) Economia....




Fonte:  Casa Colombo -. Museu de Porto Santo e dos Descobrimentos Portugueses) ... (Seleção, sublinhados a vermelho: LG) (com a devida vénia..)

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2024). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

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sábado, 12 de outubro de 2024

Guiné 61/74 - P26037: Por onde andam os nossos fotógrafos ? (26): Victor Condeço (1943-2010), o ex-fur mil mec armamento, CCS/BART 1913 (1967/69), que documentou como ninguém o quotidiano da linda vila de Catió - Parte V



Guiné > Bissau > Fevereiro de 1968 > Exposição de armamento apreendido ao PAIGC, por ocasião da visita do Presidente da República, Alm Américo Tomás > Anti-aéreas Degtyarev, de origem russa.


Guiné > Bissau > Fevereiro de 1968 > Exposição de armamento apreendido ao PAIGC, por ocasião da visita do Presidente da República, Alm Américo Tomás > Espingarda com alça telescópica, V 3272, calibre 7,62. Origem: URSS. (Era usada pelos "snippers".)


Guiné > Bissau > Fevereiro de 1968 > Exposição de armamento apreendido ao PAIGC, por ocasião da visita do Presidente da República, Alm Américo Tomás > Met Lig MG 42. 



Guiné > Bissau > Fevereiro de 1968 > Exposição de armamento apreendido ao PAIGC, por ocasião da visita do Presidente da República, Alm Américo Tomás > Em primeiro plano, Metralhadora Ligeira MG 42, Borsig, calibre 7,92. Origem: Alemanha Oriental. (Também era usada pelas NT, e nomeadeamente pelo BCP 12.)


Guiné > Bissau > Fevereiro de 1968 > Exposição de armamento apreendido ao PAIGC, por ocasião da visita do Presidente da República, Alm Américo Tomás > A pistola-metralhadora Sudaev, PPS, m/1943 PPS, variante da famosa costureirinha. Origem: URSS.

Segundo a Wikipedia, a PPS-43 é uma variante da PPSH-41. Foi desenhada por Aleksei Sudaev e testada, com grande eficácia, na Batalha de Estalinegrado. Foi o resultado da simplificação da PPSH-41. É considerada a melhor pistola-metralhadora da Segunda Guerra Mundial.



Guiné > Bissau > Fevereiro de 1968 > Visita do Presidente da República, Alm Américo Tomás > Passagem do cortejo junto à catedral de Bissau, na Av da República, a principal artéria da cidade.


Fotos (e legendas): © Victor Condeço (2010).Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. São fotos do álbum do nosso querido e saudoso amigo e camarada Victor Condeço ("Vitinho", para os amigos de Catió), um dos históricos da nossa Tabanca Grande: sentou-se à sombra do nosso poilão em 3/12/2006.

O Victor Condeço (ex- fur mil mecânico de armamento, CCS / BART 1913, Catió, 1967/69) era natural do Entroncamento.  Discreto, afável e prestável, colaborou connosco, de diversas maneiras. Adorava o nosso e seu blogue. Morreu prematuramnete, de cancro.

Tem 6 dezenas de referências no nosso blogue. 14 anos depois, da sua morte, estava na altura de revisitar o seu álbum, com belíssimas fotos da linda vila de Catió, e dos arredores (Ganjola, Cufar...), que ele meticulosa e carinhosamente deixou organizadas, por áreas temáticas e e devidamente legendadas... Estão dispersas no nosso blogue.

Estas que hoje republicamos, reeditadas, embora sendo do meu álbum fotográfico, estas fotos não foram tiradas por ele, mas sim pelo delegado do seu natalhão, o BART 1913, em Bissau: "Estas fotografias retratam uma exposição de armamento capturado ao PAIGC que teve lugar na Amura em Bissau, quando da visita do Presidente da República Américo Tomás em Fevereiro de 1968 à Guiné."  (*) 
 

sexta-feira, 11 de outubro de 2024

Guiné 61/74 - P26034: Manuscrito(s) (Luís Graça) (257): Porto Santo, e a África aqui tão perto - Parte III

 


Foto nº 20 > Porto Santo >  Um dos icónicos moinhos de vento da ilha, no Campo de Cima. (O primeiro terá sido construído em finais dp séc. XVIII.) 


Foto nº 21 > Porto Santo > Anoitecer, na baía. Vista do porto de abrigo. É aqui que atratca todos os diuas o "ferryboat "Lobo Marinho", que faz a ligação diária com o Funcal.


Foto nº 22 > Porto Santo _ Miradoiro da Portela. Vista  da Vila Baleira e praia,


Foto nº 23 > Porto Santo > Serra de Fora > Terras que há dera,m cereal (1)...


Foto nº 24 > Porto Santo > Serra de Fora > Terras que lá deram cereal (2).... 


Foto nº 25 > Porto Santo > Resaurante  "Teodorico" > O bolo do caco


Foto nº 26 > Porto Santoo >Vila Baleira  > Caf+e Bar "O Rapaz" > A cerveja Coral (que vem da Madeira)


Foto nº 27 > Porto Santo > Serra de Fora > O "Teodorico", um dos restuarantes de referència da ilha


Foto nº 28 >  



Foto nº 29 Porto Santo > Vila Baleira > Casa Colombo (3)

Região Autónoma da Madeira, Porto Santo > 29 set - 6 out 2024

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2024). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1.  A ilha é fotogénica: dá para tirar umas belas "chapas"... Maz lembrar o canto da sereia... Eu imaginei-me náufrago numa ilha como esta. Que não tem nada para um desgraçado de um ser humano poder sobreviver. Hoje vem tudo da Madeira. A sua dupla ou tripla insularidade assusta-me. 

Mas há gente que aqui nasce, estuda, trabalha, vive, se casa, faz filhos, envelhece, adoece e morre. Há gente que emigra, mal acabada a escolaridade obrigatória. Mas também há gente que vem para aqui trabalhar, como imigrante. Das mais diferentes partes do planeta: falei com "miúdos" da Argentima, do Brasil, de Marrocos, de Cabo Verde, da Guiné-Bissau, do Comgo0 Kinshasa, de São Tomé e Príncipe, de Angola, de Moçambique, do Nepal, do Banglasdesh, etc.  A qualidade do turismo foi afetada com a pandemia, a perda de recursos humanos e o inevitável recurso a mão-de-obra temporária estrangeira... 

Desde há mais de cinco séculos que é (ou foi) uma ilha sofrida e de sofrimento. O turista, que vem aqui passar as suas "férias de sonho", não quer saber nada do seu parto violento, a sua origem vulcânica, a sua desertificação, a sua secura, a sua terra estéril,  os dramas e tragédias mas também as lições de coragem da sua gente... (Confesso que só falei com meia dúzia de porto-santenses de origem, do homem do táxi, do jardineiro do hotel, ou  das funcionáras do museu...).

Merece ser conhecida, com mais detalhe, o rol de tragédias que marca a história dos desgraçados que colonizaram a ilha. Gente de coragem e tenacidade. É a ilha mais próxima da nossa plataforma continental e a primeira a ser "achada" e povoada...logo no início do séc. XV. 

Com a conquista de Ceuta (1415), inicia-se, para o mal e para o bem, o império colonial português, o primeiro império global da história... O passo seguinte foi Porto Santo (1418).

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