Guiné > Bissau > c. 1870 > A Rua de S. José, considerada como a artéria mais importante. Ia do portão da Amura, que estava aberto das 8 às 21h00, ao baluart da Bandeira.
Fonte: António Estácio - "Nha Bijagó: respeitada personalidade da sociedade guineense (1871-1959)" (edição de autor, 2011, 159 pp., il,).
Guiné > Bissaau > Av República > Postal ilustrado > c. 1960/70 > : Av da República (Hoje, Av Amílcar Cabral) > Ao fundo, o Palácio do Governador, e a Praça do Império; do lado direito, a Catedral de Bissau... Sob o arvoredo, do lado direito, a esplanada do Café Bento (O postal era uma Edição Comer, Trav do Alecrim, 1 - Telef. 329775, Lisboa).
Foto (e legenda): © José Claudino da Silva (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
António Estácio (Bissau, Chão de Papel, 1947 - Sintra, Algueirão 2022), V Encontro Nacional da Tabanca Grande, Monte Real, 2010. Foto: Luís Graça (2010) |
Do prefácio, escrito por Eduardo Ferreira, respigamos entretanto os seguntes excertos (**):
(...) Ao ler este livro não podemos deixar de pensar nas grandes figuras femininas, que foram as “sinharas” e que tanta
Essas mulheres que eram na sua maioria crioulas, geriam com enorme maestria os negócios dos seus maridos europeus ou eurodescendentes, resolvendo conflitos, realizando pactos com as autoridades locais, de modo a que as actividades comerciais decorressem sem delongas e fossem coroadas de êxito.
- a Bibiana Vaz,
- a Aurélia Correia conhecida por “mamé Aurélia”,
- a Júlia Silva Cardoso também conhecida como “mamé Júlia”
- e a Rosa Carvalho Alvarenga, mãe de Honório Pereira Barreto,
- André Álvares d’ Almada na sua obra “Tratado Breve dos Rios de Guiné do Cabo Verde” de 1594
- ou de George E. Brooks com “Eurafricans in Western Africa” publicado em 2004
- ou ainda Philip J. Havik com “Trade in the Guinea-Bissau Region: the role of african and luso-african women in the trade networks from early 16th to the mid 19th century” publicado em 1994,
O autor quis desse modo, dar-nos a conhecer alguns factos da história da então colónia/província da Guiné, que tiveram lugar entre 1870 e 1959, período que abarca a vida de “Nha Bijagó” (...)
[O Eduardo Fernandes foi amigo e condiscípulo do autor no Liceu Honório Barreto, em Bissau, e na alutra, em 2011, era comentador da RDP África].
![]() |
Leopoldina Ferreira, Nha Bijagó (1871-1959) |
(v) pouco antes de ela nascer, em 1871, o 18º Presidente dos Estados Unidos da América, Ulysses Simpson Grant , proferiu a sentença referente à posse da ilha de Bolama, pertencente ao, então, distrito da Guiné, favorável a Portugal o que pôs termo ao conflito se arrastava com os ingleses;
(v) nessa altura Bissau era uma povoação encravada entre a fortaleza de S. José e um muro, com 4 metros de altura;
- 391 nativos,
- 166 oriundos de Cabo Verde
- e, apenas, 16 europeus.
(xvii) ano e meio depois, em fevereiro de 1891, o chefe dos Serviços de Saúde defendia que a capital deveria regressar à ilha de Bissau, ainda que para local ligeiramente diferente, isto é, puxando-a para a zona de Bandim que se situava “em terreno suficientemente elevado e com vertentes para a praia arenosa.”, o que, em termos de drenagem e salubridade, era, indubitavelmente, vantajoso;
- o incêndio da enfermaria militar (13 de janeiro) (vd. planta, 3);
- uma explosão (em 9 de maio);
(xvix) a 7/12/1893, a vila sofreu um grande cerco, movido por elementos da etnia Papel a que se juntaram os Balantas de Nhacra;
(xx) em 1894, é demolida uma parte do muro de 4 metros de altura que ia do Fortim Nozolini ao Baluarte da Balança (vd. planta, 11, 13), com o objetivo de se construir uma igreja católica;
(xxi) por volta dos seus 25 anos, dada a elevada densidade populacional intramuros, o governador Pedro Inácio Gouveia autorizou “o aforamento de, terrenos no ilhéu do Rei”, tendo, em 1900, ali, chegado a ser instalado um lazareto;
(xxii) a implantação da República em Portugal levou à mudança do Governador e, em 1912/13, o primeiro-tenente Carlos de Almeida Pereira manda demolir o muro que constrangia a expansão urbana;
- Rua de S. José > Rua do Advento da República
- Rua do Baluarte da Bandeira > Rua Almirante Reis
- Travessa Larga > Travessa do Dr. Miguel Bombarda
- Travessa da Botica > Travessa 5 d’ Outubro
- Travessa da Ferraria > Travessa Honório Barreto;
(xxiv) depois da "campanha de pacificação" do cap João Teixeira Pinto (1913/15), Bissau é finalmente objeto dum plano de urbanização que lhe permitiu crescer de forma disciplinada e segundo malha ortogonal bem definida;
(xxvi) para além do Mercado Municipal e do Cemitério, por detrás do Hospital, etc., procedeu-se ao aterro e à regularização do molhe da rua marginal (Rua Agostinho Coelho, numa evocação do primeiro governador da Guiné) e à construção do edifício-sede da Alfândega;
(xxvii) ao completar Nha Bijagó os seus 62 anos, teve lugar, em 1933, a transferência da sede da comarca judicial da Guiné, que passou de Bolama para Bissau;
(xxviii) em 1934, procedeu-se ao lançamento da primeira pedra para a construção do monumento ao Esforço da Raça, da autoria do Arq Ponce de Castro; as pedras foram enviadas do Porto e o monumento foi inaugurado em 1941; o único monumento colonial que resistiu ao camartelo revolucionário;
(xxx) em 1939 foi a Fortaleza de S. José, vulgo Amura, classificada como Monumento Nacional
(xxxi) em finais da década de 30 foi celebrado o contrato para a realização dos estudos de abastecimento de água, melhoramento que só se viria a concretizar na segunda metade da década de 40;
(xxxii) transferência da capital de Bolama para Bissau, em 19 de dezembro de 1941;
(xxxiv) em meados dos anos 40:
- efetua-se um novo projecto de urbanização;
- mudam de nome as vilas de Canchungo (Teixeira Pinto) e Gabú (Nova Lamego)
- procede-se à construção do depósito de água no Alto de Intim
- assim como do Palácio do Governador;
- constroem-se moradias no “Bairro Portugal”
- surge o Bairro de Santa Luzia;
- deu-se início à edificação da Catedral, do Museu e Biblioteca, etc.
(xxxvi) a Rua Honório Barreto foi, na Guiné, a primeira a ser asfaltada e reabriu em 6/4/1953;
(xxxvii) de tudo isto e a muito mais Nha Bijagó foi contemporânea, como de:
- a conclusão da nova ponte-cais, inaugurada em 18/5/1953 pelo Subsecretário de Estado Raul Ventura,
- a construção do aeroporto em Brá e à sua transferência para Bissalanca;
- a visita do Presidente da República Craveiro Lopes;
- a inauguração do edifício situado na, então, Praça do Império, onde ficou a sede da Associação Comercial e Industrial da Guiné, etc. (****)
Fonte: Adapt. livre de António Estácio - "Nha Bijagó: respeitada personalidade da sociedade guineense (1871-1959)" (edição de autor, 2011, 159 pp., il,).
_____________
Notas do editor LG:
4 de novembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20311: Memória dos lugares (395): Roteiro de Bissau Velha: ruas antigas e ruas atuais, onde se localizavam algumas casas comerciais do nosso tempo: café Bento, Zé da Amura, Pintosinho, Pinto Grande / Henrique Carvalho, Taufik Saad, António Augusto Esteves, Farmácia Moderna...
(****) Último poste da série > 19 de março de 2025 > Guiné 61/74 - P26598: Historiografia da presença portuguesa em África (470): A Província da Guiné Portuguesa - Boletim Official do Governo da Província da Guiné Portuguesa, 1908 (27) (Mário Beja Santos)