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terça-feira, 29 de julho de 2025

Guiné 61/74 - P27067: Felizmente ainda há verão em 2025 (2): E na próxima segunda-feira, dia 4 de agosto, às 19h30, os mordomos da Festa do Emigrante na Ventosa do Mar, Lourinhã, vão armar a "manjedouro do povo" para a monumental batatada de peixe seco!... Sigamos a "arraia", que o cherne está pela hora da morte!


Lourinhã > Ventosa do Mar > ACR Ventosa > Cartaz da Festa do Emigrante (1,2,3 e 4 de agosto de 2025)


1. Segunda-feira, 4 de agosto de 2025, é servida a tradicional batatada de peixe seco, no âmbito da Festa do Emigrante, na Ventosa do Mar, Lourinhã. 

O restaurante (da Associação Cultural e Recreativa da Ventosa do Mar ) abre às 19h30. Lá estarei, com um grupinho de amigos, que são fãs desta iguaria das terras ribeirinhas da Lourinhã, outrora "comida dos probes"... 

Quando ainda não havia eletricidade, e muito menos arca frigorífica, e o peixe era abundante, da primavera ao outono... Salgar o peixe, escalado, e secá-lo ao sol, no telhado, na eira ou no estendal da roupa (e de preferência com a mijinha do gato!),  era uma técnica de conservação antiga, remontando pelo menos ao tempo dos Descobrimentos.

Uma ocasião a não perder, camaradas!


Lourinhã > Marquiteira > Associação da Marquiteira > Festa anual da Marquiteira, "em honra do senhor Jesus do Carvalhal" > 8 de julho de 2019 > A tradicional batatada de peixe seco.

Centenas de convivas. muitos quilos de peixe seco, batatas e cebola: só de "arraia" seca foram 70 quilos... fora a sapata, o cação, o safio... Sentados nas "manjedouras" é que a gente se sente verdadeiramente "companheiros" [do latim cum + pane, o que come o (mesmo) pão à (mesma) mesa...)].

Não há, no litoral português, de Norte a Sul, uma tradição festiva como esta, embora noutars terras também se seque e coma peixe seco, a começar aqui pelos nossa vizinha Nazaré ou Peniche... 

A Marquiteira e a Ventosa do Mar já a incoporaram nas suas festas anuais há mais de 3/4 décadas... Uma tradição cada vez mais viva... 

É uma alegria para os sentidos... O peixe nobre é a "raia", a "arraia", como diz aqui o povo miúdo, um peixe que se come todo, da "chicha" àa cartilagens e que é bom, divinal, de todas as maneiras e feitos: fresco ou seco, frito, cozido, grelhado, assado, estufado...Tão bom ou melhor que o bacalhau...

Outro peixe nobre da "batatada" aqui da Lourinhã é a sapata...(que só come camarão, e não tem um única espinha...). Na batatada de eixe seco, a sapata vem em iletes, que delícis, que delicadeza de sabor!.

A batata e a cebola são fundamentais neste prato (único) da Lourinhã... A Nazaré tem o carapau (seco)... Como eu costumava dizer, ao meu velhote: "Peixe seco da Louirnhã ?!... Olhe que no céu não há disto!"... Filho de peixeiros, neto de pescadores, ele chamava-lhe um figo, ao peixe, de todas as maneiras e feitios.. Herança cultural (, mais do que genética), eu também sou "mais peixeiro do que carneiro",,,

No inverno, era guardado nos baus, na palha do trigo... Era a nossa "reserva alimentar" do inverno... Quem não tem esses sabores da infância, nºão pode perceber a fecidade destas centenas de pessoas que se juntam, um vez por ano, na Marquiteira ou na Ventosa, para comer a comida dos "pobres", a batada com peixe seco"...Hoje comida de risco, ao preço que está raia, no mercado (12, 13, 14, 15 euros o quilo, a raia inteira, ao quilo)
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Foto (e legenda): © Luís Graça (2019). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


2. Parabéns à ACR da Ventosa do Mar por, contra ventos e marés, manter viva esta Festa do Emigrante que fecha, com chave de ouro, na próxima segunda feira, com a monumental batatada de peixe seco!..

Há anos que canto loas a este produto da nossa tradição gastronómica (verdadeiramente único na nossa costa e no nosso país, aliando o que de melhor tem a nossa terra, a batata, de prefereência "raíz-de-cana", e o peixe, seco!) e incentivo a nossa gente ribeirinha, fantástica, trabalhadora mas tanmbém folgazã (Marquiteira, Ventosa do Mar, Ribamar, Atalaia, etc....) a avançar com a confraria da batatada de peixe seco....

Há uns amigos da Marteleira, fãs do peixe seco e da batata raiz-de-cana, que já elaboraram uma proposta de estatuto!... E a Câmara Municipal da Lourinhá tem uma cópia !... De que estamos à espera ? Que apareça a Confraria do Carapau Seco ? A Nazaré, mais proativa, já tem a Confraria do Peixe e o Museu do Peixe Seco...

 Sigamos a "arraia", que o cherne está pela hora da morte! 

Segunda feira lá estarei, na vossa casa, como noutros anos, com um grupinho de amigos... A batatada de peixe seco é, por excelência, um pretexto para o convívio, a partilha, o companheirismo!... Não é para se comer no restaurante, mas sim ma manjedoura coletiva do povo!... Como sempre o fizemos desde há centenas de anos!... E mais: dizem que no céu não há disto... Luís Graça
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