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segunda-feira, 28 de novembro de 2022

Guiné 61/74 - P23824: Ser solidário (251): Divulgação da campanha de fundos que visa ajudar o luso-guineense Mamadu Baio, músico de Tabatô, a publicar o seu primeiro CD em Portugal onde vive há 10 anos... Ponto da situação: 33 doadores (cinco do blogue), num total de 1800 euros (1/3 da meta)...Camaradas e amigos, ainda podem fazer uma pequena doação até ao dia 4 de dezembro

      



Estamos a organizar um crowdfunding para financiar o próximo disco em https://gofund.me/2efcdc4a 

Ululalo é um tema do próximo disco de Mamadu Baio. Este concerto aconteceu no Camones, em Lisboa, a 4 de junho de 2022. João Graça (violino), Avito Nanque (guitarra eléctrica), Mamadu Baio (voz e guitarra) e Sanassi di Gongoma (percussão e voz). Imagens captadas e misturadas por Juan Ferracioli. Um agradecimento especial à Cláudia Loureiro, que tem dado um apoio inestimável ao projecto. 


1. Mensagem de Mamadu Baio e João Graça, músicos, membros da nossa Tabanca Grande:

Data - domingo, 27/11/2022, 18:56 

Assunto - apoio à divulgação - novo disco de Mamadu Baio

Olá, amigos da Guiné:

Estamos a organizar uma recolha de fundos para a gravação do novo disco de Mamadu Baio (https://gofund.me/2efcdc4a), que terminará no dia 4 de dezembro.

É muito importante para nós conseguirmos chegar a mais pessoas, e imaginámos que o vosso/nosso  blogue nos poderia trazer isso - um público mais alargado de pessoas que gostam de música africana, em geral, e guineense, em particular..

As músicas do disco estão prontas, só falta mesmo é conseguirmos os fundos a que nos propusemos. Neste momento estamos a 30% do objectivo (que são dos 5 mil euros).

Obrigado pela vossa atenção a este email, tudo de bom.

João Graça e Mamadu Baio



Lisboa > O Mamadu Baio e alguns dos músicos com que toca, em Lisboa, incluindo o João Graça


Foto (e legenda): © Luís Graça (2022). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

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2. Lista dos 33 doadores (cinco, dos que deram o nome, são do nosso blogue, e os seus nomes vêm a negrito)


Anônimo | €10 |Nhá 6 horas

Rafael Filipe Neto | €20 | há um mês

Frederico Silva | €50 | há um mês

Anônimo | €80 | há um mês
  
Anônimo | €50 | há um mês

Anônimo | €40 | há um mês

Anônimo | €100 | há 2 meses

Rebecca Turner | €50 | há 2 meses

James Lumley-Savile | €30 | há 2 meses

Jaime Silva | €40 | há 2 meses

Jorge Ferreira ! €50 | há 2 meses

Pablo Durán | €30  há 2 meses

Catarina Neves ! €100 | há 2 meses

Simon Potts | €200 | há 2 meses

Cristina Roça | €100 | há 2 meses

Paulo Franco | €20 | há 2 meses

Anônimo |  €20 | há 3 meses

Will Samson ! €30 ! há 3 meses

Ernestino Caniço | €40 | há 3 meses

Estela Louçã | €50 | há 3 meses

Virgílio Valente  | €50 | há 3 meses

Jose Barbedo | €100 | há 3 meses

Ana Teresa Klut | €20 | há 3 meses

Nuno Conceicao | €60 | há 3 meses

Ana Fonseca | €30 | há 3 meses

Diogo Cabral | €150 | há 3 meses

Cláudia Loureiro | €20 | há 3 meses

Sílvia Roque | €50 | há 3 meses

Nuno Macedo | €20 | há 3 meses

Anônimo | €100 | há 3 meses

Anônimo | €30 | há 3 meses

Anônimo | €30 | há 3 meses

João Graça | €30 | há 3 meses

Total: 1.800 euros


3. Mensagem de João Graça:

[A campanha está a terminar, dia 4 de dezembro é a nossa meta! Por isso quem se quiser juntar, é agora.]

Caros amigos,

O Mamadu Baio é um grande ser humano, sábio, generoso... e músico guineense absolutamente singular e original, radicado em Portugal há cerca de 10 anos.

Ele vem de uma aldeia da Guiné-Bissau, Tabatô, onde todos os seus habitantes são músicos. Uma das funções dos músicos griots (ou djidius, em crioulo) é precisamente tocar para os régulos (chefes tribais) quando há uma ameaça de conflito entre etnias, para prevenir a violência e promover a paz.

Também são eles quem, em sociedades sem escrita, transmitem as notícias e divulgam as lendas e as narrativas, dando variados conselhos sobre os relacionamentos interpessoais, baseados no respeito e dignidade humana. Valores esses que são uma preocupação reflectida nas letras deste artista.

Conheci o Mamadu em Bissau, em 2009, numa noite que não irei esquecer. A nossa amizade aprofundou-se, tocámos juntos, visitei a sua aldeia, num dos momentos mais belos da minha existência. De volta a Portugal a música uniu-nos novamente, e juntei-me ao Mamadu no violino em variados concertos.

O projecto, composto por músicas autorais e inspiradas na fusão de diferentes sonoridades, desde o jazz, afrobeat, desert blues e reggae, ganhou maturidade, e está pronto a dar o salto para um disco, que queremos que seja uma celebração, com a dignidade que merece.

Um disco precisa de recursos financeiros para pagar o estúdio de gravação, as cópias, a promoção, os videoclipes de divulgação, enfim todo um processo moroso e oneroso que colocará a música do Mamadu no lugar onde merece estar.

Para isso contamos com o teu precioso apoio financeiro para tornar esta utopia possível. Pode ser pouco mas é valioso, como a gota de água que se transforma em ribeiro.

Muito obrigado,
João Graça

PS - Em alternativa à plataforma (que aceita google pay e cartão) podes fazer a doação através de transferência bancária - LT14 3250 0134 8530 2306 - enviando nome e email; que me comprometo a colocá-la na plataforma

___________

Nota do editor:

(*) Vd. poste de 22 de agosto de 2022 > Guiné 61/74 - P23546: Ser solidário (250): Divulgação de uma campanha de fundos que visa ajudar o luso-guineense Mamadu Baio, músico de Tabatô, a publicar o seu primeiro CD em Portugal onde vive há 10 anos (João Graça, médico e músico)

segunda-feira, 22 de agosto de 2022

Guiné 61/74 - P23546: Ser solidário (250): Divulgação de uma campanha de fundos que visa ajudar o luso-guineense Mamadu Baio, músico de Tabatô, a publicar o seu primeiro CD em Portugal onde vive há 10 anos (João Graça, médico e músico)


Mamadu Baio, a tradição musical de Tabatô ao vivo, em Lisboa...  Foto: página do Facebook do Mamadu Baio (com a devida vénia)...


Mamadu Baio, na sua aldeia natal, Tabatô, Guiné-Bissau, região de Bafatá foto da época em que era o líder dos "Super Camarimba" (Bissau)... Foto do Facebook do artista.


Lisboa > O Mamadu Baio e alguns dos músicos com que toca, em Lisboa.

Foto (e legenda): © Luís  Graça  (2022). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1. O Mamadu Baio (leia-se Baiô)  é o representante das melhores tradições musicais da Guiné-Bissau, sendo originário da mítica Tabatô.

Compositor e músico, tem atuado, ultimamente, em duo (em geral com o João Graça) ou em trio (ele, o João Graça e o Avito Nanque) no Camones-Cine Bar (R. Josefa Maria 4B, 1170-195 Lisboa, uma perpendicular à Rua Senhora do Monte,Lisboa, a que vai dar ao Mirador da Senhora do Monte, o mais espectacular e deslumbrante de Lisboa). O trio tem variado, mas em geral é composto pro Mamadu Baio (viola acústica e voz), João Graça (violino) e Avito Nanque (guitarra elétrica).

Tal como o João Graça, o Mamadu Baio é membro ds Tabanca Grande (senta-se à sombra do nosso poilão no lugar nº 642) (*), Há muito que o nosso blogue apoia a música da Guiné-Bissau e os seus artistas!... Não podia, por isso, ficar indiferente à campanha de angariação de fundos que está a decorrer, aqui, 
 
2. Mensagem do João Graça, enviado para a sua mailing-lista, incluindo o nosso blogue (de que ele faz parte):

Data - terça, 16/08/2022, 10:41
Assunto -  João Graça gostaria de contar com o seu apoio

Olá,
Ficaria muito contente se pudesse dar uma vista de olhos na minha campanha GoFundMe:
Gravação disco de (LP recording of) Mamadu Baio
 
O seu apoio significa muito para mim. Muito agradecido!
João  Graça 

Reproduz-se a seguir o texto  do João Graça (em português e inglês). A meta são 6 mil euros. Já foram feitas até hoje 12 doações, num total de 640 euros.  Se os amigos e camaradas da Guiné quiserem (e puderem) ser solidários com esta causa (**), rapidamente atingiremos a meta. 

Os métodos de pagamentos são o Google Pay ou o cartão de crédito / débito. Ser solidário também passa  por divulgar / compartilhar esta bonita iniciativa. 

Para quem não tiver estes dois métodos de pagamento, o orgnizador da campanha, o João Graça,  tem a seguinte conta: 

IBAN LT14 3250 0134 8530 230

 João Graça mandou-nos uma mensagem a dizer o seguinte: "Os doadores que preferirem este método de pagamento, que me enviem o nome e o endereço de email (através do blogue), eu depois faço a  doação, no nome deles, através da plataforma Gofundme. O nome deles aparecerá depois lá, a menos que preferiram o anonimato". 

E a lista de doadores será publicada regularmente no blogue.

O Mamadu Baio, luso-guineense, herdeiro da melhor tradição da música afro-mandinga, que está a viver temporiamente na Holanda / Países Baixos, onde trabalha na construção civil, vai poder realizar o seu sonho de muitos anos: gravar, em Portugal, o seu LP (Long Playing) com as músicas da sua autoria... E todos vamos ficar orgulhosos do seu talento, a começar pela sua esposa, Sílvia Lopes, e o seu filho Malick...

Angariação de fundos > Gravação disco de (LP recording of) 

Mamadu Baio

Caros amigos,

O Mamadu Baio é um grande ser humano, sábio, generoso... e músico guineense absolutamente singular e original, radicado em Portugal há cerca de 10 anos.

Ele vem de uma aldeia da Guiné-Bissau, Tabatô, onde todos os seus habitantes são músicos. Uma das funções dos músicos griots (ou didjius, em crioulo) é precisamente tocar para os régulos (chefes tribais) quando há uma ameaça de conflito entre etnias, para prevenir a violência e promover a paz.

Também são eles quem, em sociedades sem escrita, transmitem as notícias e divulgavam as lendas e as narrativas, dando variados conselhos sobre os relacionamentos interpessoais, baseados no respeito e dignidade humana. Valores esses que são uma preocupação reflectida nas letras deste artista.

Conheci o Mamadu em Bissau, em 2009, numa noite que não irei esquecer. A nossa amizade aprofundou-se, tocámos juntos, visitei a sua aldeia, num dos momentos mais belos da minha existência. De volta a Portugal a música uniu-nos novamente, e juntei-me ao Mamadu no violino em variados concertos.

O projecto, composto por músicas autorais e inspiradas na fusão de diferentes sonoridades, desde o jazz, afrobeat, desert blues e reggae, ganhou maturidade, e está pronto a dar o salto para um disco, que queremos que seja uma celebração, com a dignidade que merece.

Um disco precisa de recursos financeiros para pagar o estúdio de gravação, as cópias, a promoção, os videoclipes de divulgação, enfim todo um processo moroso e oneroso que colocará a música do Mamadu no lugar onde merece estar.

Para isso contamos com o teu precioso apoio financeiro para tornar esta utopia possível. Pode ser pouco mas é valioso, como a gota de água que se transforma em ribeiro.

Muito obrigado,

João Graça
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Hi,

Mamadu Baio is an wise human being and a singular and original Guinean musician, settled in Portugal for more than 10 years.

He comes from a village in Guiné-Bissau, Tabatô, where all its inhabitants are musicians. One of the tasks of griot musicians is to play to tribe chiefs - when the tension between tribes in on the rise, in order to promote peace and non violent conflit resolution.

I met Mamadu in Bissau, 2009, in a night where we talked a lot about music. Our friendship deepened, we played together, i visited his village, in one of the most amazing moments of my life. Back to Portugal the music united us again, I joined him in the violin for various concerts.

The project has been growing, and is ready to enter in a studio, which we want to be a celebration, with the dignity it deserves.

A long play needs financial resources to pay the studio, the copies, promotion, videoclipes, at long last all a process that will lift Mamadu’s music to a place where it deserves.

We are asking your precious financial support that will make this dream possible.

Thank you,


Guiné-Bissau > Bissau > Dezembro de 2009 > Hotel SPA Coimbra, sito na Av Amílcar Cabral >   Da esquerda para a direita, o João Graça, músico e médico,  português, o Mamadu Baio (músico da tabanca de Tabatô e líder dos "Super Camarimba"), Victor Puerta, um cooperante espanhol de Barcelona,  Catarina Meireles (médica portuguesa) e outros/as. "Uma fabulosa moldura humana", disse a Catarina Meireles.

 Local: lobbi bar do restaurante do Hotel Spa Coimbra (que tinha sido recentemente inaugurado).  
 
Foto: © João Graça  (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complemenetar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné-Bissau > Bissau > 17 de dezembro de 2009 > Mamadu Baio, então líder do grupo musical Super Camarimba, "experimentando" o violino do João Graça , instrumento em que ele nunca tinha pegado antes...

Foto (e legenda): © João Graça (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Amadora > Alfragide > 21 de janeiro de 2014 > Mamadu Baio em casa do nosso editor, Luís Graça. em dia de anos do João Graça. 

Foto (e legenda): © Luís Graça (2014). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Lisboa > IndieLisboa'13 > Culturgest > 24 de abril de 2013 > O Jorge Cabral, o Mamadu Baio e a Alice Carneiro, antes do início da projeção do  filme "A batalha de Tabatô", realizado por Joao Viana, numa coprodução luso-guineense, e que tem no Mamadu Baio, líder do grupo musical Super Camarimba, um dos 3 atores principais,,, O filme foi todo rodado na Guiné-Bissau, em Bissau, em Bolama, Bafatá e Tabatô, a cada vez mais célebre tabanca de didjius (contadores de histórias), e escola de grandes músicos  (cantores, tocadores de balafon, kora e  djambé).

Foto (e legenda): © Luís Graça (2013). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís GRaça & Canaradas da Guiné]
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Notas do editor:


(...) Hoje, finalmente, vou apresentar à Tabanca Grande (...) o Mamadu Baio, um verdadeiro "super camarimba" que na língua mandinga, significa jovem activo. "Super Camarimba" (os jovens ativos) é o nome de um grupo musical, criado em 1997 na tradição da música afro-mandinga. Todos os seus membros são de Tabatô, embora hoje estejam separados pela distância. De belíssima sonoridade acústica, as suas músicas são tocadas nos instrumentos tradicionais afromandingas: balafon, kora, djembé, dundunba, cabace e viola... Mamadu Baio canta e toca (viola). As suas composições celebram a paz, a harmonia, a juventude, a alegria de viver e a esperança no futuro. O primeiro CD dos Super Camarimba ("Sila Djanhará", c. 2010) foi gravado no Mali. É um CD de que gosto muito, com destaque para os temas 2 (Camarimba) e 10 (Dona Berta). Sendo edição de autor, não é fácil encontrar no mercado. Em Portugal, toca a solo e em grupo, com músicos guineenses da diáspora.

Sê bem vindo à nossa Tabanca Grande, Mamadu Baio! E fazemos votos para que neste ano de 2014 (em que vais ser pai e vais ter um filho de mãe portuguesa) tenhas mais oportunidades de mostrar o teu talento e a tua criatividade, em Portugal e noutros países (como o Brasil onde já foste cantar e que adoraste). (...)

quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

Guiné 61/74 - P22788: Memória dos lugares (433): Tabatô, a tabanca da utopia, a 10 km, a nordeste de Bafatá - Parte IV


Guiné > Região de Bafatá > Carta de Bafatá (1955 ) > Escala 1/50 mil > Posição relativa de Bafatá, de Dando e  de Tabatô. A distância entre Dando e Tabatô, em linha reta, é de cerca de 4,5 km.   Dando fica na estrada Bafaftá-Gabu. A distância é sensivelmente a mesma: Bafatá-Tabatô (na estrada para Contuboel) e Bafatá-Dando (na estrada para Gabu): cerca de 10 km. O Dando (ou Dandum) é referido pelo grande repórter do "Diário de Lisboa",  Norberto Lopes, na sua viagem à Guiné, na crónica publicada em 27 de fevereiro de 1947 (*). Eis aqui um excerto:

"A caminho do Gabu, a circunscrição do extremo Norte da Colónia, a mais extensa e a menos povoada das nove circunscrições em que se divide a Guiné,passamos na pitoresca tabanca de Dandum, à beira da estrada, onde o régulo  Idriss Alfá Baldé, nos faz as honras da sua morança e nos apresenta, como é da praxe, à sua corte de mulheres e conselheiros. Entre eles, figura o 'judeu' ou 'jalifó', espécie de bobo encarregado de divertir o seu senhor e de lhe exaltar as proezas numa lenga-lenga monótona e interminável, que é as mais das vezes produto da sua fértil imnaginação.

"O velho régulo de Dandum, que gozava de grande prestígio no Gabu, onde  não esqueceu ainda a fama de Monjuro Embalô,o famoso régulo de Coiada, último representante da dinastia gloriosa dos Emablªo-Cunda, morreu em 1944, com 88 anos de idade, caso raro entre os fulas que em geral não  não ultrapassam a médis dos 70!"... (E depois tem dois parágrafos com uma curiosa explicação da "decadência dos fulas", outrora uma tribo viril de pastores e guerreiros, atribuída à deficiente alimentação e ao uso e abuso da npoz de cola pelos jovens e pelos adultos...) (*).

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2021)




A lenda de Alfa Moló: uma das belíssimas ilustração do mestre português José Ruy (Amadora, 1930), um dos maiores ilustradores e autores de banda desenhada. In: "Lendas e contos da Guiné-Bissau / J. Carlos M. Fortunato ; il. Augusto Trigo... [et al.]. - 1ª ed. - [S.l.] : Ajuda Amiga : MIL Movimento Internacional Lusófono : DG Edições, 2017. - 102 p. : il. ; 24 cm. - ISBN 978-989-8661-68-5.  
Com a devida vénia..


1. Dois comentários, de 24 e 25 de novembro de 2021,  de Cherno Baldé ao poste P22471 (**):


[ Cherno Baldé: nosso colaborador permanente, e nosso especialista em questões etno-linguísticas, nasceu no chão fula, e é muçulmano; tem formação universitária tirada na antiga União Soviética e em Portugal; é e um acérrimo crítico dos "demónios étnicos" que estão longe de ter sido esconjurados e expulsos do seu país;  além disso, é  membro da nossa Tabanca Grande desde 16/8/2009; com cerca de 240  referências no nosso blogue, é autor da notável série "Memórias do Chico, menino e moço"]

 

(i) Caros amigos,

Acho que a melodiosa música Afro-Mandinga” tomou conta da cena, de toda a plateia de admiradores,  e embriagou alguns analistas da actualidade da Senegâmbia no geral e da pequena Guiné-Bissau em particular de forma que muitos estão a ver a árvore, ignorando a floresta.

Para compreender as origens e existencia deTabató, deve-se antes de mais compreender a história da localidade de Dandum (Dando) ou melhor da trajectoria do Alfa Molo Baldé, o rei de Firdu ou Fuladu,  cuja historia de vida ja aqui foi evocado varias vezes.

O túmulo de que a antropóloga brasileira [, Carolina Carret Höfs, autora da tese doutoramento " Griots cosmopolitas : mobilidade e performance de artistas mandingas entre Lisboa e Guiné-Bissa", Lisboa, Universidade de Lisboa, 2014] , se refere é precisamente o de Alfa Moló, pai de Mussa Moló, ambos régulos de um dos últimos reinos da Africa Ocidental em substituição do Império de Gabu na segunda metade do séc. XIX.

Os griots (músicos) profissionais mandingas da linhagem dos Djabaté, como era seu hábito ao longo de séculos, teriam vindo da Guiné-Conakri (Kankan) ou convidados, como diz a narrativa, para trabalhar à sombra da nova dinastia Fula,  vencedora da guerra que tinha oposto a coligação das forças muçulmanas contra os animistas Soninqués do império de Gabu (e não fulas contra mandingas, como os portugueses a apelidaram no intuito de tirar proveitos de dividir para reinar).

E, Dandum,  no período entre a queda de Cansala (1867), o desaparecimento fisico de Alfa Moló (1881) e a fuga de Mussa Moló  para a Gâmbia, para tentar escapar da tutela da França (1903), foi o centro e capital de toda a região sul do reino de Fuladu e, como tal atraia todos os tipos de artistas e músicos que viviam à sombra do poder instalado no momento, da mesma forma que o faziam no passado, durante a epopeia mandinga de Gabu do séc. XIII ao séc. XIX.

Era a continuação da tradição que não conhecia fronteiras tribais, não se limitava na simples nomenclatura dos grupos étnicos, o mais importante sempre era: Quem detinha o poder no momento e como era possivel conseguir a sua graça e tutela e que eram merecedores de todos os louvores e a glória dos vencedores.

Foi Dandum que deu origem a Tabatô (se é que não é a mesma localidade?) que, etimologicamente,  significa a sombra do Tabá, uma árvore gigantesca, frondosa e que, provavelmente só existirá nessa região, detentora de uma longa lista de crenças magicas e de mística tradicionais entre os africanos da costa ocidental e que, para os grupos hoje muçulmanos, ocupa o mesmo lugar que os Poilões na tradição dos povos animistas do litoral guineense e não só.

É o facto que explica, o chefe da tabanca, não sendo mandinga nem músico (griot), ser o chefe tradicional da tabanca, pois que é a herança da família ao longo dos anos desde a épica caminhada de Alfa Molo na conquista desse feudo mandinga, pondo a região a ferro e fogo, mesmo nas barbas dos portugueses, acoitados no pequeno presídio de Geba. 

O griot (músico) não é detentor do poder nem da terra e as regras da tradição mandam que, tudo o que os griots fazem carecem da autorizaçao dos donos da terra, no caso os fulas. Todavia a modernidade e a conjuntura sócio-politica e económica, estão a alterar a situação e as próximas gerações viverão num ambiente completamente diferente e, provavelmente mais liberal e de maior responsabilizaçao pessoal e colectiva,  numa comunidade onde já não haverá a distinção étnico-tribal.

No quadro das grandes transformações que sofreu o território que, entretanto, passou para a administração portuguesa, no último quartel do séc. XIX e, diga-se em abono da verdade, graças aos régulos fulas que queriam fugir ao dictat de Mussa Moló, pese o facto de isso nunca ser referido na historiografia portuguesa, preferindo dar os louros ao seu sobrinho, o mestiço Honório P. Barreto. Na verdade, só o sector de Boé é, territorialmente, muito superior à cidade de Cacheu e arredores que, pretensamente ele teria comprado como se fosse comprar terras indígenas nos territórios da antiga Senegâmbia.

Caro Luis Graça, também desconheço os instrumentos designados por Neguelin, Mirantelen e Cutil. Em contrapartida o Dumdumtama é um instrumento Fula, uma espécie de tambor (dumdum) e que se toca dos dois lados com a ponta arredonda de pau curvo, de formato curvo.

As expressões "dimbasumo" e “cambanicafó" sao derivadas do substantivo feminino “Dimba”,  ou seja mulher em idade fértil,  e “Cambani” quer dizer rapazes. Os sufixos “sumo” e “Cafo” quererão dizer grupos de idades, socialmente organizados para certas finalidades julgadas úteis para a comunidade.

Sobre “Jacatu”, o Gouveia (#)  já respondeu e bem, falta acrescentar que é tão amargo como a famosa cola, mas que é considerado um afrodisíaco que as mulheres gostam de oferecer aos esposos, “soit disant” para dar força e carácter masculino. Alguns acreditam e outros não tanto.

Com um abraço amigo,

Cherno Baldé 24 de novembro de 2021  


(ii) Sobre o comentário do Luis Graça (**):

"Sei que Tabatô também tem bolanha, e deve por isso haver cultura do arroz...
Curiosa é esta mistura, não habitual, entre fulas, mandingas e jacancas... Ser "artista" e "agricultor" não deve ser fácil... Mas vê-se, pelas fotos mais recentes, que há moranças com cobertura de colmo, novo!..."

Tenho a dizer que:

(i) A prática da agricultura de subsisténcia é generalizada em todo o território da Guiné. No caso de mandingas e fulas há uma divisao do trabalho que ordena que os homens trabalhem nas terras altas para o cultivo de diferentes tipos de milhos (preto, bacil,  etc.) e de produtos de renda (algodão, amendoim, gergelim,  entre outros) e as mulheres se dedicam ao cultivo do arroz nas terras baixas e alagadas (bolanhas). Mesmo entre os artistas de diferentes profissões as suas mulheres sempre trabalham nos arrozais para suprir as necessidades da família e suas próprias economias pessoais.

(ii) Na zona Leste o normal é, precisamente, a mistura que o Luís considera de "não habitual entre fulas, mandingas e jacancas...". E ao contrário do que afirma a antropóloga brasileira, quase todas as localidades dignas deste nome ainda continuam a ostentar o nome que tinham na época do domínio mandinga, e os exemplos são inumeráveis, porquanto todos os topónimos que não tenham o "Sintcha" ou "Saré", sao topónimos mandingas. 

Alguns exemplos: Bafatá-Contuba-Contuboel (versão fula)-Cambaju-Fajonquito-Canjadude-Paunca-Jabicunda-Farim-Canjambari-Can-sissé-Tabajan-Tabassai-Sonaco-Tubandin-Berecolon-etc...etc. E na maior parte destas localidades, mandingas e fulas e outros grupos mais pequenos coexistem de forma pacífica há séculos. E, sempre que houve problemas no passado recente, os culpados foram ou administradores do então regime colonial ou dos nossos pseudo-políticos da actualidade, na procura de benefícios políticos como acontece um pouco por todos os paises de Africa.

Cordialmente,  Cherno Baldé  25 de novembro de 2021 

(#) Comentário do Fernando Gouveia:

Luís, "jacatu" tem todo o aspeto de um tomate mas o gosto é completamente diferente. Não se come cru como o tomate mas tem que se cozinhar. Quando lá estive em 2010,  comprei-o várias vezes no mercado de Bula para cozinharmos,  eu e o Chico Álen,  no empreendimento, meio abandonado, de Anura, onde estávamos.
Abraço.

Fernando Gouveia
_____________

Notas do editor:


(*) Vd. poste de 22 de novembro de 2021 > Guiné 61/74 - P22741: Memória dos lugares (431): Tabatô, a tabanca da utopia, a 10 km, a nordeste de Bafatá - Parte II

Vd. também o poste anterior (P22738) e posterior (P22747)

21 de novembro de 2021 > Guiné 61/74 - P22738: Memória dos lugares (430): Tabatô, a tabanca da utopia, a 10 km, a nordeste de Bafatá - Parte I

24 de novembro de 2021 >
Guiné 61/74 - P22747: Memória dos lugares (432): Tabatô, a tabanca da utopia, a 10 km, a nordeste de Bafatá - Parte III

quarta-feira, 24 de novembro de 2021

Guiné 61/74 - P22747: Memória dos lugares (432): Tabatô, a tabanca da utopia, a 10 km, a nordeste de Bafatá - Parte III


Guiné-Bissau > Bissau > Dezembro de 2009 > Hotel SPA Coimbra, sito na Av Amílcar Cabral >   Da esquerda para a direita, o João Graça, músico e médico,  português, o Mamadu Baio (músico da tabanca mandinga de Tabatô,), Victor Puerta (cooperante espanhol / Barcelona, ONG Intercanvi), Catarina Meireles (médica portuguesa), Jandira (só se vê o rosto,  guineense, à data era namorada do Alexandre Lopes um dos donos do Hotel SPA Coimbra)...

A menina da frente e o primeiro rapaz (de pé.  não recordo o nome, convivi pouco, ) eram namorados, e estavam em cooperação mas no âmbito informático/administrativo em Bissau. Também já não  recordo se eram portugueses.

A última pessoa sentada é a Enf Luísa, de Coimbra, no mesmo projeto que eu - ONG Saúde em Português. Éramos como D. Quixote e Sancho Pança (não sei quem era o quê... ehehe) e auto-batizamo-nos de Catarina Sanhá e Luísa Baldé .... ehehehehe.

O último senhor em pé é o Dr. Miguel Lopes - dono/proprietário do Hotel (com o irmão Alexandre e a mãe, D. Francelina).
 
Local: lobbi bar do restaurante do Hotel Spa Coimbra (recentemente inaugurado). Este jantar foi-nos oferecido, a mim e à Luisa, em gratidão à alegria que levávamos à Casa (e despedida antes de Natal... também)!
 
Foi-nos permitido convidar amigos e, de entre aqueles que estavam em Bissau e podiam vir... resultou esta fabulosa moldura humana.

Legenda: Catarina Meireles (2021)
 
Foto: © João Graça  (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complemenetar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné-Bissau > Região de Bissau > Tabatô > 28 de Novembro de 2009 > A cerimónia do Tabaski... em que pela 1ª vez participaram três europeus, não-muçulmanos, duas portuguesas e um espanhol... Uma das portuguesas foi a Catarina Meireles, médica, que aparece nas fotos a seguir,  nas fso (a 3ª, a contar de cima), com uma criança mandinga ao colo; e na 2ª, partilhando a refeição)... Na 1ª foto, de cima  a temos uma vista geral da assembleia, durante a cerimónia do Tabaski, na aldeia mandinga de Tabatô, a ea nordeste de Bafatá, a escassos 10 km. 



Guiné-Bissau > Região de Bissau > Tabatô > 28 de Novembro de 2009 > Festa do Tabaski >  O Mamadu Baio ,. à esquerda, partilhando a refeição do dia com a Catarina  Meireles e um putro estrangeiro


Guiné-Bissau > Região de Bissau > Tabatô > 28 de Novembro de 2009 > Festa do Tabaski >  A Catarina Meireles com um menina mandinga
 

Fotos (e legendas): © Catarina Meireles   (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complemenetar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Tabatô > 16 de dezembro de 2009 > 9h30 > O chefe da aldeia, Mutar Djabaté, pai do músico Kimi Djabaté, e ele próprio um grande balofonista (tocador de balafon)... É um dos atores principais do filme do João Viana, "A batalha de Tabatô" (2013), juntamente com Fatu Djabaté e Mamadu Baio. Sinopse do fil
me: "Depois de anos a viver em Portugal, o pai de Fatu regressa a África para assistir ao casamento da filha com Idrissa Djebaté. Ela é professora universitária e seu futuro marido é um músico conhecido. A festa de casamento é em Tabatô, um lugar extraordinário onde todos os seus habitantes são, há 500 anos, músicos djidius, cantores-poetas que narram contos e lendas representativos da vida africana. No caminho até lá, à medida que as recordações se avivam, o velho senhor começa a revelar traumas esquecidos da sua juventude, enquanto soldado mandinga na guerra colonial, décadas antes.

Filmado na Guiné- Bissau, é a primeira longa-metragem de ficção de João Viana, que foi distinguido com uma menção honrosa na edição de 2012 do Festival Internacional de Cinema de Berlim." CineCartaz / Público.

Foto (e legenda): © João Graça   (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
 

1. Tabatô passou-nos completamemte ao lado, ao tempo da guerra colonial, Era uma aldeia, discreta, de músicos, com raízes ancestrais no antigo império do Mali e depois no reino do Gabu, Fica a 10 km, a nordeste de Bafatá, do lado direito da estrada que segue para Contuboel (e a cerca de 15 km, a sul desta povoação, onde  alguns de nós estiveram no respetivo Centro de Instrução Militar, em 1969)(*).

Depois da independência da Guiné-Bissau, form etnomusicólogos, como o canadiano Sylvain Paneton quem pôs Tabatô no mapa, com um estudo "seminal", de 1987, sobre o "balafón" (**).

Mas só em março de 2010 é que se realiza o Festival de Cultura Tradicional do Balafon, que traz à aldeia a conunicação social (rádio, televisão, jornalistas, nacionais e estrangeiros). Mas uns meses antes a aldeia era visitada por potugueses, como o João Graça e a Catarina Meireles, ambos médicos. Notável é o facto de, sendo mulher, a Catarina  ter conseguid conseguido  mesmo assim participar na festa do Tabaski (***), o que a antropóloga social brasileira   ainda não conseguira. É desta investigadora o importante estudo sobre a música afro-mandinga, com raiz em Tabató (****):

Eis alguns excertos sobre Tabatô e a sua população e a sua história, extraídos da tese de doutoramento da Carolina Carret Höfs, com a devida vénia:

(...) Está localizada a 12 km de Bafatá, na zona leste do país, e (...) é conhecida pela sua população ser maioritariamente de griots ["djidius"] , apesar de ser dividida em duas metades.

(...) A segunda metade é habitada pelos descendentes do régulo fula. Há ainda em Tabato uma família que é tida como de cativos, sendo o patriarca destes o homem mais velho da tabanka, mas que não tem a autoridade do patriarca de apelido griot.

(...) Embora considerada uma tabanca mandinga, Tabatô está sob o regulado de um homem fula, que mantém uma certa autoridade sobre os mandingas que ali vivem, como podemos ver na maneira como exerce a sua autoridade nas reuniões na mesquita, em que se fala fula, e nas reuniões sobre assuntos da tabanca, como foi a dos preparativos para o Festival de Cultura Tradicional do Balafon, realizado em Março de 2010 [e que deu grande visibilidade nacional e até internacional a Tabatô].

Naquela altura, era imprescindível o aval do régulo fula como também de um guia de visitas, que foi preparado para receber a comitiva vinda de Bissau. A casa do régulo antigo estava entre os outros pontos de interesse, como o polón (a grande árvore em que está enterrado o patriarca), o mato sagrado, a casa-museu. (pág. 63)

(...) Tabatô é uma pequena aldeia formada por uma moransa de descendentes do régulo fula
responsável pela vinda da família de Bundunka Djabaté para aquela zona do país. Estas casas foram construídas na primeira metade da aldeia, ao passo que os descendentes do griot mandinga ocupam a segunda metade das terras.

Estava-se nos fins do século XIX, quando Bundunka Djabaté chegou a Tabatô com as
suas esposas e os seus dois filhos, partindo de Kankan na Guiné-Conakry, a chamado de um
régulo fula cuja família, pouco a pouco, se foi espalhando por outras tabancas que pudessem nomear em língua fula, ao contrário do que se passou em Tabatô, uma das poucas localidades com nome mandinga que restaram depois da Guerra de Cansalá, quando o Império do Futa- Djalon se instalou onde antes estava o Reino do Gabu, última fronteira do Império do Mande (...).

Tabatô é uma referência também para griots de outras famílias na Guiné-Bissau, que
foram até lá para estudar com Ba Djabaté, e outros “grandes”, a arte do balafon e da djaliá. (pág. 214).

(...) Mutar Djabaté é hoje o homem grande de Tabatô, descendente do fundador da tabanca e, como chefe de família, ele é papesinho (pai pequeno) das gerações mais jovens, razão pela qual lhe devem respeito e sempre lhe apresentam, a ele e ao Conselho da família, as suas vontades, projectos e ideias. (...) (pág. 75)

(...) Até ao fim dos anos 1970 [, ou seja, desde a administração portuguesa até ao fim do regime de Luís Cabral ], os griots [ leia-se "djidius", em crioulo ] que ali estavam [ em Tabatô] viviam quase exclusivamente da sua arte [, atuando em festas, casamentos, choros...] o que ao longo do tempo se tornou insustentável pela própria conjuntura do país, obrigando muitas famílias a voltarem-se para a agricultura de exportação [ ,caso do caju, em particular], (e não apenas de subsistência, como acontecia até então), e entrando também nos grandes circuitos do êxodo rural [, estabelecendo-se em Bissau, por exemplo] e da migração internacional [, países vizinhos, Lisboa, Paris, Londres...] (...) (pág, 214).

(...) Na Guiné-Bissau e em Lisboa, os griots se apresentam não apenas em festas de
casamentos e baptizados ou no tabaski (a festa que celebra o fim do jejum do Ramadão),
como também participam em eventos voltados para o activismo social e engajamento em
questões sociais, como a dos direitos das mulheres, por exemplo. Entretanto, acompanhando
os diferentes contextos em que essas festas e suas actuações se dão, podemos perceber uma
diferença na maneira de se apresentar e realizarem sua performance, muito embora em todos eles preza-se por manter o propósito do djumbai, ou seja, do levar diversão às pessoas
presentes, mantendo aceso um dos propósitos da djaliá. (...) (pág. 157).

 
2. Grande exemplo do ecumenismo e da hospitalidade que em 2009 já se praticava em Tabatô,  é este relato da (Ana) Catarina Meireles (que hoje vive em Braga e é especialista em medicina geral e familiar). Merece voltar a ser reproduzido aqui no nosso blogue (***).


O Tabaski em Tabatô

por Catarina Meireles


No passado fim de semana (26-27 de nivembro de 2009) fui ao Tabaski - cerimónia de imolação do carneiro (por analogia: Páscoa dos Muçulmanos).

Depois de muitas resistências, dúvidas, declinações... lá consegui que me deixassem assistir ao ritual ("eucaristia") numa tabanca perto de Bafatá, de seu nome Tabatô - muito especial, particularmente pela sua forma de vida comunitária, que assenta na música e dança étnicas. São fabulosos!

Fui com mais uma amiga (portuguesa) e um amigo (espanhol). Vestimos roupas típicas, ocupamos as posições indicadas (segundo a ordem social vigente) e imitamos tudo o que nos diziam para fazer... E não me senti diferente... ao contrário, até me senti mais especial!

No fim do ritual, chamaram-nos (aos 3 brancos) para junto dos Homens Grandes e ajoelhámos em círculo.

Para quê? Para dar graças a Alá por esta dávida - pela primeira vez 3 brancos visitaram aquela tabanca no dia do Tabaski. Era um sinal divino de prosperidade e de vida longa (incluindo para nós!)

As explicações foram reforçadas várias vezes para que percebessemos o quão importante e bem-vinda era a visita dos 3 brancos.

Eu disse...
- Sim, 3 é número sagrado!

Eles rejubilaram com o entendimento do misticismo!

Foi-me pedido que falasse... e falei. Pedi uma cadeia de união - corrente de mãos dadas. Expliquei como fazer e disse:
- Não há preto, não há branco, somos todos irmãos... daí esta cadeia de união.

E do meu lado esquerdo soou uma voz meiga, dum dos homens que me acolheu nas 3 vezes que fui a essa tabanca:
- Obrigado, Fátima de Portugal!

Catarina Meireles

Bafatá, 1 de Dezembro de 2009


3. Mensagem da Catarina Meireles (que foi minha aluna em 2007, na ENSP / Universidade NOVA de Lisboa), com data de 22 do corrente (, respondendo a uma mensagem minha, e ao meu comentário: "Catarina, que bom saber de si, ter notícias suas, sentir que continua a ser o mesmo maravilhoso ser humano que eu conheci há de mais uma boa dúzia de anos, não ?!"):

(...) Bom dia a todos! Estive lá, na mesma altura com do seu filho João. Fui algumas vezes, a Tabatô, por ser realmente perto de Bafatá. Lá vivi o Tabaski (matança do carneiro) de 2009... E partilhei consigo, Professor. Aldeia verdadeiramente especial, Pessoas incríveis... Ainda hoje as sinto.


E sabe o curioso? Em 2010 fui a Cabo Verde, à ilha da Boavista... E num dia a passear pela rua se vendedores de artesanato encontrei alguém... Um homem dessa aldeia de Tabatô - uma Alegria imensa para ambos!!!

Eu dei-lhe "notícias da terra", pois não ia lá há anos... Contei-lhe do terreiro, festas para turistas, do novo poço da aldeia, da escola, das filhas do primo Figgi...

Os dois, de lágrimas nos olhos e coração cheio, demos um Abraço que só a Fraternidade Universal pode entender!

Manga di  Mantenhas!
Que bom recordar depois de tantos anos... (parece que foi ontem) 

Ana Catarina Meireles (...)


____________

Notas do editor:

(*) Vd. postes de 


22 de novembro de  2021 > Guiné 61/74 - P22741: Memória dos lugares (431): Tabatô, a tabanca da utopia, a 10 km, a nordeste de Bafatá - Parte II

(**) Vd. Sylvain Paneton . Le balafon mandinka mori. Compte-rendu et perspectives de recherches et d’études en Guinée-Bissau. Dissertação de Mestrado de Artes em Musicologia
apresentada à Faculdade de Música da Universidade de Montreal, 1987  (Mimeo).

(****( Vd. poste de 8 de julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6695: Memória dos lugares (89): Bafatá, Tabatô, Tabaski 2009: Não há preto nem branco, somos todos irmãos, disse a Fátima de Portugal numa cadeia de união... (Catarina Meireles)

(****) Carolina Carret Höfs - Griots cosmopolitas : mobilidade e performance de artistas mandingas entre Lisboa e Guiné-Bissau. Tese de doutoramento em antropolgia social. Lisboa: Universidade de Lisboa, 2014, 271 pp.  Disponível em https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/12136/1/ulsd068997_td_Carolina_Hofs.pdf
 
 

segunda-feira, 22 de novembro de 2021

Guiné 61/74 - P22741: Memória dos lugares (431): Tabatô, a tabanca da utopia, a 10 km, a nordeste de Bafatá - Parte II

 


Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Tabatô > Poilões > "A porta do meu coração", diz a Sílivia Margarida Mendes, a portuguea de Évora que conuistaouo coração do "super camarimba" Mamadu Baio (lê-se: Baiô), membro da nossa Tabanca Grande.  

Foto (e legenda): página do Facebook de Sílvia Margarida Mendes... Com a devida vénia...



Mamadu Baio, foto da sua página pessoal no Facebook... Com a devida vénia.  Foi o o fundador e líder dos Super Camarimba.  O João Graça conheceu-o em dezembro de 2009 em Bissau e a sua gente em Tabatô. Vive hoje em Portugal.


(Continuação)


3. O que é hoje Tabatô ?  


Escrevi no poste anterior (*): "Heureca!... A fim destes anos todos (!), descobri finalmemte a localização precisa da famosa tabanca de Tabatô. E mais: vi escrito o topónimo na carta de Bafatá... 

Nunca lá fui no tempo em que estive em Contuboel (de 2 de junho a 18 de julho de 1969)., embora devesse ter andado por lá perto (...).  De facto, nem sequer o nome me ficou no ouvido. A primeira vez que ouvi falar em Tabatô foi através do João Graça que lá passou uma noite, memorável, de 15 para 16 de dezembro de 2009.

Mas pergunta o leitor: porquê a visibilidade dada hoje a esta tabanca perdida no interior da Guiné ?

Tem alguma razão de ser... Na verdade: Tabatô tem beneficiado de bastante "mediatização" nos últimos anos (nomeadamente com o filme "A batalha de Tabatô", do realizador português João Viana) e tem já alguns filhos ilustres, nomeadamente músicos, Jimi Djabaté, Dj Buruntuma, Mamadu Baio, etc. Tabatô é conhecida sobretudo por ser a terra dos antigos "djidius" que percorriam o vasto território do império do Mali e, depois da decadência e fragmentação deste, de reinos locais como do Gabu.

Descobri, entretanto, que qualquer um de nós pode lá passar uns dias úteis e agradáveis, para não dizer umas "férias únicas", como "workawayer", hóspede que paga em trabalho (5 horas por dia / 5 dias por semana) a hospedagem, traduzida em "cama, mesa & roupa lavada"... Ou seja, Tabatô já  está no roteiro mundial do turismo alternativo...

É, de algum modo, uma "tabanca da utopia", no atual panorama da Guiné-Bissau, e oxalá o seu exemplo se multiplique. (Utopia do grego "οὐτόπος", não-lugar, lugar que não existe, mas també, lugar ideal ou idealiado...).

De facto, também  fiquei a saber que a tabanca de Tabatô não é apenas célebre pela sua escola de música, e por ser um grande viveiro da música, dos músicos e dos instrumentos musicais da tradição afro-mandinga. É também uma comunidade viva e aberta, tendencialmente igualitária, e que se tem empennhado na luta por causas nobres e avançadas como os direitos humanos, o desenvolvimento autossustentado, a igualdade de gênero, a mutilação genital feminina, a saúde pública, as alterações climáticas, o ecumenismo, etc.

No sítio Workaway.Info ("a comunidade líder em intercâmbio cultural, férias de trabalho e voluntariado em 170 países"), encontramos a seguinte informação atual, em inglês e em português ,  sobre Tabatõ, da responsabilidade do chefe da Tabanca, de nome Mutaro (, penso que a grafia correta é Mutar).

Workaway  (,do inglês, "trabalhar fora") é uma plataforma, que já existe desde 2002,  que permite aos membros (inscritos) o alojamento  em casa de famílias ou comunidades mediante  intercâmbio cultural. Espera-se que os voluntários ou "workawayers" contribuam com uma quantidade pré-acordada de tempo de trabalho por dia,  em troca de "cama & mesa", que é fornecida por seu anfitrião (Vd. aqui mais na Wipédia).. 

Neste caso, Mutar, o chefe da tabanca de Tabató (, que eu penso ser o Mutar   Djabaté, o velho patriarca do tempo em que lá passou o João Graça, em 2009, ou então um dos seus filhos), dá alojamento e alimentação a dois hóspedes, em troca de trabalho voluntário, de 5 horas por dia / 5 dias por semana, no âmbito das atividades (económicas, sociais, culturais e lúdicas da comunidade). Do género: ensino-te a tocar "balafon" e tu participas na colheita do caju...

 Reproduzimos alguns excertos (negritos e parênteses retos nossos). 



Eis uma primeira descrição de Tabatô:

(...) Tabatô é uma pequena e harmoniosa tabanca,  situada a 10 km de Bafatá, [, a nordeste de Bafatá, e a sul de Contuboel e Jubicunda,] no interior da Guiné-Bissau [, região de Bafatá].

 Nesta tabanca vivem em comunidade 274 habitantes, maioritariamente da etnia mandinga e fula [e uma minoria jacanca, que no passado veio do Mali].

Surpreendentemente, aqui ainda estão muito vincadas tradições que perduram há mais de 4 séculos, sem que estas tenham sido esquecidas ou menos praticadas ,tais como:

  • casamentos tradicionais;
  • danças e músicas afro-mandingas;
  • leituras do Alcorão;
  • "dimbasumo", uma celebração das mulheres;
  • "cambanicafó", uma celebração da união de jovens trabalhadores.

Estas [tradições] conquistam qualquer visitante que espalha a palavra sobre o que é Tabatô, atraindo comoisso muitos visitantes a virem conhecer a nossa comunidade.

O meu nome é Mutar  e sou o lider desta Tabanca. Toco e vivo a música de uma maneira muito intensa desde que me lembro e quero muito transmitir isso mas também aprender sobre (e com outros) estilos de música e de ritmos.

Em Tabatô nós produzimos instrumentos típicos da cultura Mandinga, tais como:

  • Balafon
  • Cora
  • Dumdumtama
  • Neguelin
  • Mirantelen
  • Djembé
  • Cutil
  • Nhanhero
  • Flauta, etc.

Em toda a nossa comunidade, desde os mais novos que ainda gatinham até aos mais anciões, corre a música pelas veias

Tanto usamos a música como uma forma de expressão da nossa cultura e  sentimentos como  também de diversão, e fazemos ações de sensibilização com várias ONG (Médicos Sem Fronteiras, PLAN internacional, TOSTAN Guiné-Bissau,etc) em temáticas de direitos humanos e de desenvolvimento de comunidades como a igualdade de gênero e a sensibilização para que se acabe com a mutilação genital feminina.

Depois de jantar, nós, líderes da comunidade, ensinamos as meninas a cantar e tocar para que lhes seja dada uma oportunidade que não teriam de outra forma. Da venda dos instrumentos musicais e da atuação musical em eventos, conseguimos garantir que todas as nossas crianças tenham acesso às escola.

Somos uma comunidade autossustentável , pelo que usufruímos todos de hortas comunitárias onde produzimos o necessário para nós
  • malaguetas, 
  • quiabo, 
  • "jacatu"
  • tomate 
  • e na época da chuva, amendoim, mandioca, e milho. 

A época da chuva decorre de maio a novembro.

De Março a Junho acontece a apanha do caju, a nossa maior fonte de rendimento.
Ainda na época das chuvas, com o apoio do centro médico de Bafatá, distribuímos na comunidade medicamentos destinados a prevenir a malária e a diarreia.

Se ficaste curioso acerca da nossa comunidade e o nosso modo de vida mas ainda estás com dúvida:
 [ Mutaro, ou mlehor,Mutar, parece ter esquecido aqui o papel, mesmo que modesto, do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné onde o descritor Tabatô tem já cerca de 3 de dezenas de referências; repare-se que esta povoação, qu fica na região de Bafatá,   não teve qualquer papel ou visibilidade, de sinal positivo ou negativo, durante a guerra colonial ou guerra de libertação nacional, conforme o lado da "barricada" em que o leitor se colocar. ] 


Fotogaleria de Tabatô





Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Tabatô > 2021 > Fotos do chefe da tabanca, Mutar Djabaté  / Workaway.Info. Com a devida vénia







Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Tabatô > 16 de Dezembro de 2009 > A tabanca, da etnia minoritária jacanca (leia-se, djacanca), da famíla de Kimi Djabaté (que aqui viveu até aos 21 anos), e onde se aprende a fabricar e  tocar os instrumentos tradicionais (balafón, cora, djembé...) da música afro-madinga... 

 Depois de uma noite memoráve (,a recordar em próximo poste, aqui ficam algumas fotos da despedida do João Graça, médico e músico, membro da nossa Tabanca Grande, em viagem pela Guiné-Bissau, realizada em Dezembro de 2009. Nas fotos, alguns familiares do Kimi Djabaté, filho de Mutar Djabaté.

Fotos (e legenda): © João Graça (2009). Todos os direitos reservados.  [Edição e legendagem complemenetar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné
]



Sobre as oportundiades de intercâmbio cultural 
e de aprendizagem, diz a "info":


(...) Vais ter a oportunidade de experimentar a vida numa aldeia que funciona como uma comunidade, onde todos trabalham de forma igual para contribuir para o bem e o progresso comuns, mas também para a preservação da sua cultura e presença no mundo.

Por um lado, vais aprender  como cultivamos e consumimos o que produzimos. Por outro, sendo a nossa tabanca tão ligada à música, vais poder emergir na nossa comunidade dançando diariamente. Podemos ensinar
-te a tocar como nós e a fabricar instrumentos e talvez também possas tu ensinar-nos algo de novo! 

Vais poder envolver-te por completo numa atmosfera de energia, música, dança e ritmo

Vais poder perceber e aprender sobre toda uma cultura que perdurou até aos nossos dias, passando pelos tempos da colonização e que, mesmo agora com a globalização, insiste em deixar a sua marca naqueles que nos visitam.


Sobre o perfil dos visitantes/hóspedes ("workawayer") 
mais desejados:

(...) Procuramos pessoas curiosas e flexíveis que queiram contibuir,  com as suas qualificações e competências, para o desenvolvimento sustentável da nossa comunidade de modo a podermos  trabalhar para nos tornarmos totalmente autossuficientes.

Precisamos de ajuda nas nossas hortas e na apanha do caju e também estamos abertos para ouvir sobre técnicas e práticas  agrícolas que não conhecemos

Também queremos pessoas que possam contribuir para o melhor funcionamento e organização de nossa escola primária. Estamos sempre abertos a ideias inovadoras e criativas para que possamos continuar aprendendo.

Em termos de preservação da nossa cultura e tradições, encorajamos a vinda de pessoas com experiência ou interesse em:

  • música e dança, 
  • marketing digital
  • vídeo
  • fotografia
  • gestão de eventos culturais, etc.

Alguns de nós já gravaram algumas músicas e pretendemos continuar produzindo e compartilhando os nossos talentos. 

Atualmente estamos a  construir uma escola de música e também pretendemos construir um mercado para vender os nossos instrumentos para o exterior. Por isso, também damos prioridade a quem possa de alguma forma contribuir com esses projetos. 

Se tu te identificas com algum desses projetos, não hesites em nos contatar! (...)


Como chegar a Tabatô 
e o que fazer lá ?


(...) Temos várias opções, incluindo espaço para instalares a tua caravana, tenda ou carrinha. Se desejares, temos um quarto para hóspedes com um colchão e uma casa de banho onde poderás ficar alojado. 

Alertamos que na época das chuvas haverá muitos mosquitos por isso deverás trazer a tua rede mosquiteira. Temos água corrente e fechadura para a porta para que tenhas a tua privacidade.

Comerás o mesmo que nós, comida típica da Guiné Bissau: muito arroz, acompanhado dos mais variados caldos de peixe e carne. Prepara-te para muita manga, e frutas saborosas com nomes estranhos que te darão saúde instantânea e força. (...)

Embora esta falhe por vezes, temos eletricidade por vía de painéis solares

Falamos  [, além do crioulo, do fula  e do mandinga]:

  • português, fluentemente;
  • francês, razoavalmente;
  • um bocado, o inglês.

Como chegar cá ?

 Vindo do aeroporto de Osvaldo Vieira, em Bissau,  tens duas opções:

(i)  a primeira, apanhando um autocarro às 14h para Bafatá no bairro Internacional, ao lado da mesquita central Atadamu, no bairro da Ajuda; com um custo de 2000 CFA  
 [,3,05 euros,] é a opção mais confortável mas também o mais difícil dos acessos pelo calor e quantidade de pessoas que se deslocam para Bafatá;

(ii) a segunda, apanhando o carro 7plus, a qualquer hora na parada central em Bissau, no bairro do Enterramento, perto do hospital militar; esta viagem custa 2800 CFA 
[,4,27  euros,] mas é mais cofortável.

(iii) chegando a Bafatá, terás que apanhar um táxi para Tabatô mas,  contactando-nos com a devida antecedência, alguém da tabanca irá lá buscar-te.

Nos tempos livres:

Poderás usufruir de passeios de burro pela mata circundante,   ou pelas tabancas mais próximas,  em  passeios de bicicleta. 

Poderás seguir as cantigas alegres que acompanham os trabalhadores no campo, hortas e mato. 

Podes participar de nossos rituais e costumes muito marcantes na nossa cultura. 

No fim de semana, podes ainda ir a Bafatá e Gabú, as cidades mais próximas de nós.

Costumamos passar os tempos livres juntos, ora a cozinhar, ou a conversar, a brincar mas sempre acompanhados de ritmo e música, sempre a cantarolar e a inventar novos sons! (...)

Mais informações que podem interessar o nosso leitor, potencial beneficiário da hospitalidade de Tabató: há acesso à Internet;  há acesso à Internet limitada; o anfitrião, Mutaro, não é  fumador: aceita  animais de estimação; pode alojar uma família e tem parque  para caravanas.


Para saber mais 
sobre este síto "Workaway.Info":

Workawayer, o que é ? 

É um viajante que deseja retribuir às comunidades e aos lugares que visita.  Está disponível para ajudar os anfitriões e usar a experiência para aprender e mergulhar na cultura local.

Workaway-Info é uma plataforma que permite aos membros organizar acomodação em casa de família e intercâmbio cultural. Espera-se que os voluntários ou "workawayers" contribuam com uma quantidade pré-acordada de tempo por dia em troca de hospedagem e alimentação, que é fornecida por seu anfitrião.


 [Adaptação, revisão e fixação de texto para efeitos de publicação deste poste: LG] 
 
(Continua)
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Nota do editor:

Último poste da série > 21 de novembro de  2021 > Guiné 61/74 - P22738: Memória dos lugares (430): Tabatô, a tabanca da utopia, a 10 km, a nordeste de Bafatá - Parte I