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segunda-feira, 15 de maio de 2017

Guiné 61/74 - P17360: (De) caras (64): Quando o Papa era outro, italiano, e se chamava Paulo VI... Em 1/7/1970 recebia, no Vaticano, 3 católicos africanos, Agostinho Neto, Amílcar Cabral e Marcelino dos Santos que, por acaso, eram dirigentes do MPLA, PAIGC e FRELIMO, respetivamente... Este acontecimento provocou na altura uma grave crise diplomática entre a Santa Sé e o Portugal de Marcelo Caetano (Recortes do "Diário de Lisboa", de 5/7/1970)

















 Recorte do Diário de Lisboa, nº  17075 Ano: 50  domingo, 5 de julho  de 1970, 1ª edição  (Director: Ruella Ramos)
Fonte; Portal Casa Comum / Fundação Mário Soares >  Pasta: 06615.153.24906 >  Fundo: DRR - Documentos Ruella Ramos

Fonte; (1970), "Diário de Lisboa", nº 17075, Ano 50, Domingo, 5 de Julho de 1970, CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_6990 (2017-5-11)


1. No dia 1 de julho de 1970, um dia de semana, quarta-feira, o então Papa Paulo VI  recebeu Agostinho Neto, Marcelino dos Santos e Amílcar Cabral, na qualidade de dirigentes do MPLA, FRELIMO e PAIGC, respetivamente, reunidos em Roma por ocasião  da "Conferência Internacional de Solidariedade com os Povos das Colónias Portuguesas". 

No final da audiência, o Papa deu a cada um deles uma cópia em português da carta encíclica "Populorum Progressio" (1968) [Do esenvolvimento dos Povos], documento  que continha o pensamento da Igreja sobre a descolonização, a autodeterminação e o desenvolvimento dos povos.

Este acontecimento foi um série revés para a diplomacia portuguesa, embora a Santa Sé tenha procurado depois minizar o significado político da audiência, face aos protestos diplomáticos de Portugal, alegando que os três dirigentes nacionalistas africanos teriam sido recebidos, a título privado e na sua qualidade de católicos... 

O acontecimento desencadeou, na altura, uma crise nas relações entre o Governo português e o Vaticano. Anos mais tarde, a Rádio Vaticano vem falar de uma "histórica audiência" que tem que ser vista à luz do Concílio Vaticano II (concluído em 1965) e da Encíclica “Populorum Progressio”, publicada em 1967…

Submetidos à censura, os jornais portugueses da época, tais como o  "Diário de Lisboa" ou o "Diário de Notícias" (**), só deram a notícia quatro dias depois.

A Rádio Vaticano recordaria, em 2012,  34 anos depois da morte de Paulo VI, as palavras do cardeal Achile Silvestrini, que em 1970 colaborava com o então Secretário de Estado, o cardeal Agostinho Casaroli, e que, nessa qualidade, acompanhou de perto o processo que levou ao referido encontro do Papa com os três líderes africanos de língua portuguesa. Essas palavras foram proferidas num congresso sobre a figura e obra de Amílcar Cabral, realizado em Roma, na Rádio Vaticano, em 31/12/1999. Nele participaram, além do Cardeal Achile Silvestrini, outras personalides, "nomeadamente, Luís Cabral, primeiro Presidente da Guiné-Bissau independente e irmão do herói guineense" (sic)...  (O PAIGC, muito em particular, sempre teve na Itália fortes grupos de apoio à sua luta, incluindo comunidades e personalidades da Igreja Católica).

Achile Silvestrini ajuda-nos a perceber melhor o contexto em que se realizou o encontro do Papa com os 3 dirigentes nacionalitas lusófonos  (***):

"Tinha terminado não há muito o Concílio Vaticano e esta Encíclica veio como uma espécie de grande mensagem do interesse e do apoio da Igreja à promoção de todos os povos da África, da Ásia, e também da América Latina, que de algum modo estavam em condições de sujeição: ou de colonialismo, ou de subdesenvolvimento, ou de uma coisa e outra. Uma grande Encíclica que ainda hoje se lê com enorme admiração, porque foi um passo enorme. 

"Na minha experiência, que tive, se tivesse que dizer quais são os dois grandes acontecimentos da vida da Igreja nos últimos 50 anos, diria sem dúvida: o Concílio Vaticano II (sobre o qual estamos todos de acordo), mas o outro acontecimento paralelo é a descolonização.”

O Papa Paulo VI, o primeiro a vir a Portugal, em 1967, no 50º aniversário das aparições de Fátima,  não era das simpatias de Salazar, nomeadamente desde a sua visita a Bombaím, em 1963. Recorde-que em em finais de 1961 forças da União Indiana tinham invadido e ocupado os territórios de Goa, Damão e Diu.  A visita de Paulo VI a um congresso eucarístico a Bombaím foi vista pelo regime de Salazar, e o próprio Salazar, como uma grave ofensa a Portugal e ao catolicismo português. (****)

Para Amílcar Cabral, este terá sido um dos seus momentos de glória. Numa carta para Carmen Pereira, datada de Conacri, 13 de julho de 1970, comenta os sucessos da diplomacia do PAIGC nestes termos: "No plano internacional, acabamos de ter uma grande vitória contra o inimigo, com a conferência de Roma e com a entrevista com o Papa".
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Notas do editor:

quarta-feira, 29 de junho de 2016

Guime 63/74 - P16246: (De)Caras (43): Domingos Ramos, o "incendiário do leste": (i) João Cá, de seu nome de guerra; (ii) antigo 1º cabo miliciano das NT; (iii) amigo e camarada do Mário Dias (, do 1º CSM, Bissau, 1959): (iv) reconhecido em Bafatá, no bairro da Nema, por volta de maio de 1963, por Alcídio Marinho e Mamadu Baldé; (v) volta a encontrar o amigo e antigo camarada "tuga" nas matas do Corubal, em 1965: e (vi) "tem a felicidade de morrer em combate", em Madina do Boé, em 10/11/1966, ao lado do 'internacionalista' cubano Ulises Estrada...


Guiné > 1964 > PAIGC > Cassacá > I Congresso.do PAIGC, Quinta, 13 de fevereiro de 1964 - Segunda, 17 de fevereiro de 1964, Da esquerda para a direita,  Abdulai Barry, Arafam Mané, Amílcar Cabral, Domingos Ramos e Lai Sek durante o I Congresso.do PAIGC, em Cassacá",

Fonte: Portal Casa Comum / Fundação Mário Soares, Consult em 28 de junho de 2016. Disponível em http://www.casacomum.org/cc/visualizador?pasta=05224.000.056  (Reprodução parcial, com a devdia vénia)


1. Dois comentários ao poste P16226 (*): 




(i) Alcídio [José Gonçalves] Marinho [, foto à esquerda, da sua página no Facebook, ex-fur mil inf, CCAÇ 412 (Bafatá, 1963/65); vive no Porto; é membro da nossa Tabanaca Gradne desde 23/9/2011]


Conheci de relance o Domingos Ramos (**) em Bafatá. Assim, a CCaç 412 chegou a Bafatá a 9 de abril de 1963.. Já havia passado cerca de três semanas e um fim de tarde resolvi ir conhecer o bairro da Nema, que ficava a Leste da cidade,pois os outros bairros já os conhecia bem (Rocha e Ponte Nova).

Estava destacado na Companhia um cabo Mamadu Baldé (fula-forro) e pedi-lhe para me acompanhar, tendo ele correspondido ao meu pedido. Seguimos pela Rua, passamos a casa da D.Rosa [,. a libanesa,] , em frente das instalações  do Batalhão 238 e entramos na Nema.

Ao virarmos para uma rua transversal vimos um indivíduo alto,  que passou por nós, o cabo estremeceu e disse "Domingos Ramos!". Então fixei outra vez o individuo e vi distintamente que era exactamente igual à fotografia, existente na secretaria da Companhia.

Viramos para trás e corremos para apanhá-lo, mas ele já havia desaparecido.

Entretanto, já tinha tirado a pistola Walter que levava presa no cós traseiro das calças por baixo da camisa e esta fora das calças.

Depois viemos a correr à companhia, demos o alarme e foram deslocados diversos pelotões para cercar a Nema e outros para patrulhar a cidade.

Na altura foram capturados uns tipos suspeitos que acabaram por confirmar que o Domingos Ramos havia estado dois dias em Bafatá-Também se veio a saber que ele escapou,  atravessando o rio Colufe para oN regulado de Badora, em direcção ao sul.



(ii) Manuel Luís Lomba [ex-fur mil, CCAV 703 / BCAV 705, Bissau, Cufar e Buruntuma, 1964/66; autor do livro "Guerra da Guiné: a batalha de Cufar Nalu". Faria, Barcelos, Terras de Faria, Lda: 2012, 314 pp.]


Os militares adquirem uma especial sensibilidade face à injustiça. Tive essa experiência própria.

Invoco o então capitão Vasco Lourenço, de boa idade e recomenda-se, a quem as injustiças do general Bethencourt Rodrigues, então ministro do Exército, em 1969, referidas à sua mobilização para a Guiné, do general Spínola, no seu escrutínio da responsabilidade da morte do régulo de Cuntima, terão sido a causa remota da sua transformação no motor com turbo do MFA/25 de Abril/25 de Novembro.

O herói nacional bissau-guineense Domingos Ramos, o Kant de seu nome de guerra [, ou melhor, João Cá], foi aliciado por Amílcar Cabral para o PAIGC, através do seu irmão Luís [Cabral], de quem era colega quando era balconista da Casa Gouveia, tendo sido preterido como funcionário das Finanças, após estágio na respectiva Repartição, talvez por efeito da aludida "porrada" sofrida no CIM [de Bolama].

À data em que o Alcídio o viu junto ao quartel [, ou melhor, no bairro da Nema, em Bafatá], era o comandante da Frente Leste, que havia rendido o comandante Pascoal Costa  [ou melhor,  Vitorino Costa, 1937-1962] - despromovido, transferido por fracassar e que morrerá no contexto do cerco e assalto à tabanca de S. João (Fulacunda), executado pela CCaç 153  [em julho de 1962]-, sendo suposto a fazer o reconhecimento  [do quartel de Bafatá] para o atacar, como a cidade natal do Amílcar e a segunda cidade da Guiné´, objectivo que, a par de Bissau, será deferido no tempo.

Quanto aos seus rendimentos (*)- haverá no mundo algum militar profissional que não perceba ordenado ou soldo?  Pela regra do Exército Português, 80 contos corresponderia ao rendimento anual e, como se tratava de "progressistas", talvez incluísse os subsídios de férias e de Natal...


2. Domingos Ramos, o "incendiário do leste", que teve a "felicidade de morrer em combate", ou seja, como "herói":


Como aqui temos dito, Domingos Ramos é um dos nomes míticos da fase inicial da guerrilha do PAIGC que teve a "felicidade de morrer" como herói,  no campo de batalha, muito antes de chegar ao poder, portanto em "estado de graça". Sobre ele não pesam as suspeitas, as sombras e as acusações de traição, nepotismo e corrupção que mancham a memória de muitos outros "filhos" de Amílcal Cabral como Osvaldo Vieira ou 'Nino' Veira...O próprio Amílcar Cabnral, o "pai da Pátria", não chegou a conhecer a autora da liberdade... E a maior parte dos seus camaradas de luta já morreram. A última foi a Carmen Pereira, desaparecida aos 79 anos, em 4 do corrente.

Domingos Ramos era filho de um quadro local da administração colonial portuguesa, com o estatuto de assimilado, expressão "politicamemnte correta"  usada na época pelas autoridades portuguesas, para distinguir os guineenses "civilizados" e "não-civilizados".

Fez, juntamente com o nosso camarada Mário Dias, o 1º curso de sargentos milicianos (CSM), em 1959, em Bissau. Infelizmentye, este curso iria ser um autêntico viveiro de quadros político-militares para o o PAIGC. Não sabemos em que data precisa o Domingos Ramos aderiu a (ou foi aliciado para) a "causa nacionalista". Mas terá sido no ano de 1960...

Sabemos que a 8 de maio de 1959  inicia a recruta, juntamente com Mário Dias, no quartel da Bateria de Artilharia de Campanha em Bissau, Santa Luzia, defronte ao que viria a ser mais tarde o Quartel Genera (QG). O português e o guineense ficam paar sempre amigos, embora depois siagm caminhos diferentes: a guerra vai polos em campos opostos...

Em 10 de agosto foi o juramento de bandeira. Quatro dias depois, a 14, inicia-se o   1º Curso de Sargentos Milicianos (CSM) que houve na Guiné, e para a frequência do qual se exigia já, como escolaridade,  pelo menos o 2º ano do liceu, na época chamado 1º ciclo liceal.

Em 29 de novembro  de 1959 tanto o Domingos Ramos como  Mário Dias são promovidos a primeiros cabos milicianos.  Ao que sugere o Mário Dias, o Domingos Ramos ter-se-á alistado nas fileiras do PAIGC, um ano depois, em novembro de 1960, depois de ter sido vítima de uma grave injustiça (***) enquanto 1º cabo miliciano, no CIM de Bolama, por parte de um oficial português cuja identidade está por descobrir (*), 



Guiné > Bissau > 1959 > 1ºs cabos milicianos Mário Dias (à direita, na segunda fila, de pé), Domingos Ramos (à esquerda, na priemria fila) e outros...

"De cócoras, a partir da esquerda: Domingos Ramos; um outro cujo nome não me lembro mas que também foi para a guerrilha; e depois o Laurentino Pedro Gomes. De pé: não me recordo o nome mas também foi para a guerrilha; Garcia, filho do administrador Garcia, muito conhecido e estimado em Bissau; mais um de cujo nome não me recordo; eu [, Mário Dias]; e mais outro futuro guerrilheiro."

Foto (e legenda): © Mário Dias (2006). Todos os direitos reservados



Logo em janeiro de 1961, ele é enviado por Amílcar Cabral para a Academia Militar de Nanquim, na China,  frequentando o primeiro curso de comandantes do PAIGC, juntamente com João Bernardo Vieira [Nino], Francisco Mendes [ou Francisco Tê], Constantino Teixeira, Pedro Ramos ( irmão de Domingos), Manuel Saturnino,  Rui Djassi, Osvaldo Vieira, Vitorino Costa (, irmão mais velho de Manuel Saturnino) e Hilário Gomes,  (Manuel Saturnino Costa, nascido em 1942, é o único deste grupo que ainda está vivo).

Em 1962, Domingos Ramos organiza, na região de Xitole (que abarcava Bambadinca e Bafatá), as primeiras ações de sabotagem e aliciamento da população [, vd. documento abaixo, do Arquivo Amílcar Cabral]. 

Em 1964, participa no I Congresso do PAIGC, em Cassacá. na região de Quitafine.

O Domingos haveria de encontrar-se com o seu amigo e ex-camarada de armas, do 1º CSM, o furriel mil comando Mário Dias, pela última vez, em 1965... Em circunstâncias insólitas, em pleno mato,... É uma das histórias mais fantásticas que já lemos sobre a guerra e a grandeza humana que pode haver mesmo numa situação de guerra (****)....

Foi na região do Xitole, na zona entre Amedalai e os rápidos de Cussilinta, perto da estrada Xitole-Aldeia Formosa-Mampatá... Vale a pena reler o segredo que o Mário guardou durante toda uma vida e revelou, em primeira mão, em 2006,. aos seus amigos e camaradas da Tabanca c Gradne, Foi um dos momentos altos da história do nosso blogue. (*****).

Um ano depois, morreu prematuramente em combate, a 10 de novembro de 1966, em Madina do Boé, ao lado do "internacionalista" cubano Ulises Estrada, tendo-se tornado num dos heróis da luta de libertação nacional.

Os seus restos mortais  repousam agora no panteão nacional da Guiné-Bissau,m na antiga Fortaleza da Amura,
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Portal: Casa Comum
Instituição: Fundação Mário Soares
Pasta: 04609.056.033 [Clicar aqui para aceder ao original]
Título: Comunicado - Zona 7, 8 e 11

Assunto: Transcrição de um comunicado em código, assinada por João Cá (Domingos Ramos), sobre as operações de sabotagem nas áreas de Xitole / Bambadinca, bem como sobre a acção militar portuguesa na mesma zona. O comunicado solicita o envio de "camaradas" e de armamento e refere-se à situação das zonas 7, 8 e 11 como um inferno.

Data: s.d.
Observações: Doc. incluído no dossier intitulado Correspondência 1962 (interna).
Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral
Tipo Documental: Documentos
Direitos:
A publicação, total ou parcial, deste documento exige prévia autorização da entidade detentora.

Citação:
(s.d.), "Comunicado - Zona 7, 8 e 11", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_40543 (2016-6-28)







[ Este documento manuscrito deve ser de junho de 1962, uma vez que nele se faz referência a um dos nossos T-6 (T6-G #1677) que se despenhou, no rio Corubal, em 29 de maio de 1962,  na região de Mina / Fiofioli,  roubando a vida a dois camaradas nossos da FAP. o fur mil pil Manuel Soares de Matos, natural de Arrifana, Santa Maria da Feira,  e o ten pilav  José Cabaço Neves, Embora tenham sido comsideradas  mortes "em combate", o T 6 deve ter-se despenhado, não por ter sido atingido por fogo IN,  mas em resultado de uma manobra, aquando do reconhecimento de  uma piroga suspeita, no  rio, perto da tabanca de Mina, na maregm direita do rio Corubal. Na época poucos militantes do PAIGC teriam armas, a não ser gentílicas, e  quando muito pistolas para defesa pessoal. A pistola P38 aqui citada seria uma Walther, roubada ao exército português... Segundo o nosso especialista em, armamento, o Luís Dias, "a pistola usada pelas forças de guerrilha do PAIGC era, principalmente, a Tokarev TT-33"]




Domingos Ramos, "herói nacional": ilustração do Manual escolar, O Nosso Livro - 2ª Classe, editado em 1970 (Upsala, Suécia). Exemplar cedido pelo Paulo Santiago, Águeda (ex-Alf Mil, comandante do Pel Caç Nat 53, Saltinho, 1970/72). 

Lição nº 23: Um grande patriota... [Destaque para a frase: "Ele gostava muito dos seus soldados e não gostava de maltratar os prisioneiros".]




Portal: Casa Comum

Instituição:
Fundação Mário Soares

Pasta: 05360.000.084 [Clicar aqui para ampliar a imagem]

Título: Grupo de quadros do PAIGC recebidos por Mao Tse-Tung na República Popular da China

Assunto: Grupo de quadros do PAIGC recebidos por Mao Tse-Tung na República Popular da China, para iniciarem treino militar na Academia Militar de Nanquim: João Bernardo Vieira [Nino], Francisco Mendes, Constantino Teixeira, Pedro Ramos, Manuel Saturnino, Domingos Ramos, Rui Djassi, Osvaldo Vieira, Vitorino Costa e Hilário Gomes.

Data: 1961

Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral
Tipo Documental: Fotografias

Direitos: A publicação, total ou parcial, deste documento exige prévia autorização da entidade detentora.

Arquivo Amílcar Cabral > 11. Fotografias > 3.PAIGC > Exterior

Citação: (1961), "Grupo de quadros do PAIGC recebidos por Mao Tse-Tung na República Popular da China", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_43247 (2016-6-27)

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Notas do editor:


Comentário de um leitor (guineense):

(...) Chamo me Adilson Adolfo Mendes Ramos... tanto pesquisei sobre histórias da minha família, e este blog é certamente o que mais me ajudou. Obrigado por o ter criado... Grande abraço

6 de agosto de 2013 às 15:40  (...) 

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Guiné 63/74 - P7179: (In)citações (16): Os irmãos Turpin, José e Eliseu, "verdadeiros filhos da Guiné" (Luís Graça)

Há dias ouvi pela rádio RFI, uma entrevista de José Turpin (irmão de Elysée Turpin, co-fundador do PAIGC) que falava de Cabral dizendo:

- Quando ele chegou a Conacri, escondido sob o pseudónimo de Abel Djassi, e onde eu e mais outros camaradas já nos encontrávamos, rapidamente se impôs como líder, não pela força mas pela sua integridade moral e força de convicção. Foi ele que nos unificou sob uma única liderança política e estratégica, antes dele, os "verdadeiros" Guineenses pavoneavam-se por aí, perdendo seu tempo em discursos patrióticos e disputas pueris por mulheres (prostitutas, provavelmente).

Cherno Baldé (*)


Comentário de Luís Graça (foto à esquerda, em Bambadinca, 1969):

Meu caro Cherno, conheci o José (ou Joseph) Turpin em Bissau, no último dia do encerramento do Simpósio Internacional de Guileje (1-7 de Março de 2008) (**).

Fiz, inclusive, um pequeno vídeo com um depoimento dele, com uma mensagem de saudação destinada ao António Lobato, o hoje major piloto aviador reformado que foi prisioneiro do PAIGC durante 7 anos em Conacri... Nunca cheguei a saber se o António, que é minhoto de Melgaço (se não me engano),  teve conhecimento do vídeo, que de resto está disponível em You Tube > Nhabijoes.

Embora tivesse sido breve a nossa conversa, fiquei com uma boa impressão deste homem em cuja casa, a dos pais que eram comerciantes, se acolheu Amílcar Cabral (aliás, Abel Djassi), quando veio, da clandestinidade,  para Conacri, creio que  em 1960. Nessa altura o Joseph (hoje, José) nem sequer falava (ou falava muito mal o) português, segundo depreendi da nossa conversa no Hotel Palace, em Bissau... A sua admiração por Amílcar terá começado aí...

Como aqui, neste blogue, já o disse em tempos,  o José pediu-me para gravar e mandar uma curta mensagem para o António Lobato, o antigo sargento piloto aviador português, cujo caça-bombardeiro T6 fizera uma aterragem de emergência, na Ilha do Como, em 1963.

Feito prisioneiro por camponeses e entregue ao PAIGC, o Lobato foi levado para Conacri, onde permaneceu sete longos anos de cativeiro, até à sua libertação em 22 de Novembro de 1970, no decurso da Op Mar Verde, como todos sabem. (***)

Gostei da autenticidade, da simplicidade e da sinceridade deste homem:

- Ó Lobato, depois da tempestade, depois de tantos anos, não sei se te vais lembrar de mim... - são as primeiras palavras deste histórico do PAIGC, na altura, nos anos 60, a viver em Conacri, sendo então membro do Conselho Superior da Luta. (O irmão, o Elisée ou Eliseu, nascido a 23 de Maio de1930, viveu sempre em Bissau onde foi guarda-livros da Casa Gouveia, entre 1958 e 1964, e depois gerente da ANCAR, até 1973, nunca tendo particiapdo directamente na luta armada).

Nesse curto vídeo, o José Turpin recordava os momentos em que, por diversas vezes, visitara o nosso camarada António Lobato na prisão. Não esconde que foram momentos difíceis, para ambos, mas ao mesmo tempo emocionantes: dois inimigos que, afinal, revelavam o melhor da nossa humanidade...

- Eu compreendia, estavas desmoralizado...Havia animosidade...

José Turpin agradecia, por fim, ao Lobato as palavras de apreço com que ele se referira à sua pessoa, ao evocar há tempos, em entrevista à rádio, a sua dura experiência de cativeiro. Agradecia também o exemplar do livro que o Lobato lhe mandara e que ele leu, com muito interesse. Diz ainda, no vídeo, que ficara sensibilizado com as palavras e o gesto do Lobato.

- Mas tudo isso hoje faz parte da história...Seria bom que viesses a Bissau - são as últimas palavras, deste homem afável, e de grande estatura moral, dirigidas ao seu antigo prisioneiro português que ele trata por camarada.

Como eu gostava, Cherno Baldé, que este homem se juntasse a nós, aqui, na Tabanca Grande. Ele é seguramente um "verdadeiro filho da Guiné", independentemente das circunstâncias do nascimento (julgo que os dois irmãos nasceram na Guiné-Bissau, indepentemente de os pais, comerciantes,  viverem ou terem vivido em Conacri).

Que será feito do José Turpin, hoje ? E do seu irmão, Elisée Turpin (hoje com 80 anos) (**) ? E dessa mulher extraordinária, que é a Carmen Pereira, outra "verdadeira filha da Guiné", em 7 de Março de 2008, que também conheci na altura e que é visita, sempre que vem a Portugal, da casa da Júlia e do Nuno Rubim. (Aliás, as duas mulheres são primas).

Cherno, se souberes notícias do José o Eliseu não o conheço pessoalmente), dá-lhe um grande abraço meu e transmite-lhe o meu convite para ingressar na nossa Tabanca Grande.E, já agora, que estamos em maré de mantenhas, dá também um abraço ao Cadogo Pai, membro da nossa Tabanca Grande.

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Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 26 de Outubro de 2010 > Guiné 63/74 - P7176: (In)citações (20): Os verdadeiros filhos da Guiné (Cherno Baldé / José Belo)

(**) Vd. entrevista dada por Elisée (ou Eliseu) Turpin ao portal Notícias Lusófonas  > 20 de Janeiro de 2003 > Pai de duas nacionalidades foi assassinado há 30 anos , de que se reproduzem, com a devida vénia,  alguns dos excertos mais significativos:

(...) Quando se assinala o 30º aniversário da "partida" do "pai" [, Amílcar Cabral,] das nacionalidades da Guiné-Bissau e Cabo Verde, as certezas da memória "esmagam" as dúvidas sobre a orquestração do assassínio do guerrilheiro. Apenas a especulação aponta possíveis cenários para o que se passou naquele dia [20] de Janeiro [de 1973], mas a memória de Elisé Turpin, um dos "camaradas" de Amílcar, permite seguir, com assinatura, os mais importantes momentos da "gestação" da independência da Guiné-Bissau.
 
Após a longa batalha de 11 anos travada pelos guerrilheiros liderados por Cabral e quase três décadas de independência, foram muitos os heróis que ficaram esquecidos num "canto da história" da Guiné-Bissau, permanecendo Amílcar como o regaço onde todos se recolhem.
 
Foi por "convicção" que, logo após a independência, EliséeTurpin se retirou para o seu "canto da história" e é para "ajudar a, finalmente, cumprir o ideal de Amílcar Cabral" que agora, com 72 anos de idade, regressa através de um passeio pela memória.
 
"Não há futuro possível - para a Guiné-Bissau - sem os ecos do passado a marcar o passo da história", considera Turpin, e é com essa convicção que, na sua casa, a 50 metros da sede do PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde), situada na Praça dos Heróis da Liberdade da Pátria (ex-Praça do Império), em Bissau, activa a memória.
 
Elisée Turpin conta, enquanto fundador do PAIGC ao lado de "mais cinco camaradas: Amílcar e Luís Cabral, Aristides Pereira, Fernando Fortes e Júlio Almeida", o que foram os primeiros passos desta organização política que viria a ser o pilar central da "libertação da Guiné-Bissau".  Mas há ainda outro "pormenor" que enfatiza o papel de Turpin na criação do PAIGC: "Sim, posso ser considerado como o único indivíduo que esteve na fundação do partido e que era genuinamente cidadão guineense. Os outros eram todos filhos de pais cabo-verdianos".

O surgimento do PAI (Partido Africano para a Independência), depois transformado em PAIGC na Guiné-Conacri, acontece "por vontade e iniciativa de Amílcar Cabral", então jovem engenheiro agrónomo regressado dos estudos em Portugal, em 19 de Setembro de 1956.  Antes do surgimento do PAI, havia na então Guiné portuguesa muitas outras organizações ou movimentos de tendência nacionalista que aspiravam à libertação do país.  Tudo no seguimento dos ventos da libertação que sopravam nas outras províncias coloniais, sobretudo as províncias vizinhas do território da Guiné-Bissau: Senegal, Gana e Guiné-Conacri.

"Mas, verdade seja dita, o PAI foi de longe a organização melhor estruturada, conseguindo rapidamente granjear a simpatia dos rapazes da altura, que encontraram em Amílcar pensamento e personalidade, o estandarte que secretamente procuravam para poder seguir", diz Turpin com um leve, mas mal disfarçado, ar de orgulho por ter vivido estes momentos ao lado do mítico guerrilheiro.

Tudo começou com "um simples clube de futebol (não se recorda do nome) do qual faziam parte os fundadores do partido" e que rapidamente foi transformado num "espaço de consciencialização dos moços da altura para uma ideia de libertação do país".

"Lá partíamos nós, com as coisas do futebol à frente, mas com as coisas da libertação da Pátria atrás, dos lados, por cima, por baixo ... cada vez mais, cada vez mais conscientes do pontapé certeiro que estávamos a dar na História", diz Turpin.  Iniciativas deste tipo já aconteciam no Senegal, para onde muitos dos guineenses se deslocavam em visitas familiares, sobretudo Turpin, que, então, tinha familiares na administração pública em Dacar (capital).

Com tudo isso, cita de memória, Cabral dizia: "Olhem que os portugueses nos estão a enganar com alguns privilégios que dão a um grupo reduzido de indivíduos, enquanto a grande parte da população é explorada e maltratada".

"Devemos avançar para a independência", defendia Cabral, ainda citado por Turpin, mas acompanhava sempre esse desígnio com a exigência de uma "independência negociada". Ou seja: "Com diálogo. Sem violência".  Cabral era um "profundo cultivador do diálogo e da tolerância", frisa, admitindo algumas saudades desta forma de estar nos dias de hoje.

Chegado a este ponto do "escorrer" das memórias, Elisée Turpin fala também da polémica que é, na Guiné-Bissau, quase da idade do PAIGC: Quem foram, de facto, os fundadores do partido?

Sobre a história da dúvida de quem foram os fundadores do partido responde um dos eleitos: "Havia muitas pessoas com as quais Cabral vinha mantendo um relacionamento mais ou menos próximo mas, no acto da fundação do partido, Cabral fez uma selecção de pessoas da sua inteira confiança".

"Não se podia expor muito ao risco da PIDE (...) desconfiar da nossa actividade", recorda. "Todos nós éramos funcionários públicos na altura. Cabral era engenheiro agrónomo, Júlio Almeida, prático agrícola, Fernando Fortes, aspirante nas alfândegas, Aristides Pereira, chefe de administração e eu era guarda-livros", diz, aliviado, como que dando por sepultada a dúvida sobre este assunto.

"Lembro-me que, após a fundação do PAI, a PIDE quase que não saía do nosso encalço. Sabia que estávamos “contaminados” com o “vírus” dos movimentos de libertação, que se tinha já instalado noutras paragens de África. Mas, graças a Deus, sempre soubemos esconder os nossos propósitos", adianta.  No início, diz, "começámos (1956/57) logo os trabalhos de mobilização com os Balantas (a mais representativa etnia da população guineense) de Brá e Portegol, e ainda na região de Mansôa".

Fingiam que iam caçar coelhos e perdizes, mas a caçada era outra: "Aproveitávamos para falar com os rapazes sobre os propósitos do partido". Isto é, mobilizar a juventude para seguirem para os campos do partido na Guiné-Conacri". 

Nesse trabalho de mobilização a favor do PAI os "camaradas" contaram com a ajuda de portugueses que estavam contra a ditadura fascista de Oliveira Salazar, alguns liberais, outros revolucionários do PCP que estavam na Guiné, "como é o caso de José Tomás Pires, Fortes Teixeira, Filipe Pomba Guerra, o próprio chefe do posto da polícia, de nome Liberato (...) todos estavam do nosso lado, só que de forma bem disfarçada".

Houve mesmo um administrador português que, na altura, só não prendeu Amílcar Cabral porque não quis, pois sabia muito bem das suas actividades "subversivas" e um dia chamou Cabral à sua residência, conta Turpin, para lhe dizer: "Rapaz, sei tudo o que andas a fazer mas não te prendo porque gosto muito de ti. Vê lá no que te metes".  Esse administrador era Diogo José Pereira de Melo [e Alvim, e não Antunes, como por lapso consta no portal , governador da Guiné entre 1954 e 1956].

O objectivo primeiro e último do partido de Cabral foi sempre a independência da Guiné que, ainda segundo Turpin, dizia: "Se a independência tiver que passar por um partido marxista, então vamos tê-lo".  E foi o que foi. Mas Cabral fazia também a distinção entre ter "um partido de cariz marxista e ser marxista", o que "ele mesmo dizia - o próprio Turpin o ouviu afirmar -, no princípio, que não era".

O contacto de Elisée Turpin com Cabral esfriou muito quando ele decide transferir a base do partido para Conacri, onde decidiram mudar a denominação do partido de PAI  [, Partido Africano da Independência,] para PAIGC.  "Eu não participei na luta armada, ou seja, nos tiros. Não porque não quisesse, o facto foi que achei que podia ser útil ao partido estando cá para outras tarefas, tais como a mobilização de outros camaradas", frisa.  E acrescenta, arredando qualquer hipótese de ser encarada a afirmação como uma justificação: "Fui eu quem trouxe de Dacar aquele que foi o primeiro instrutor dos guerrilheiros guineenses em Conacri, o comandante Luciano Ndaw. Esse senhor já tinha feito a tropa colonial portuguesa e, portanto, sabia bem da poda".

"A minha ligação a Cabral resumiu-se à estadia dele em Bissau. Depois da sua partida para a Guiné-Conacri praticamente deixamos de nos corresponder. Passei a falar mais com o irmão dele - Luís Cabral (...) - e com Rafael Barbosa que na altura era responsável pela chamada «zona zero» de mobilização, hoje a capital do país", Bissau.

"Não posso falar muito do partido depois da independência porque, praticamente, desliguei-me, mas uma coisa sei: o partido que Cabral e nós fundámos queria mais de que isto que hoje temos. O nosso sonho era transformar a Guiné numa Suíça de África, pois julgávamos, e eu continuo a julgar, que o país tem potencialidades para tal", diz em tom de desafio às "novas gerações". (...).

[ Fixação / revisão de texto / destaque a cor: L.G.]

(***) Tenho um exemplar do livro escrito pelo António Lobato, Liberdade ou evasão: O mais longo cativeiro da guerra (Amadora, Erasmos, 1995), com a particularidade de ter duas dedicatórias, belíssimas. 

Uma, escrita pelo punho do Miguel Pessoa, que me ofereceu um exemplar que tinha a mais em casa, e que diz esta coisa singela, mas que me tocou, como camarada: 

"Ao Luís Graça, do Miguel Pessoa, alguém que, felizmente, não precisou de escrever um  livro assim. Jun 2009."... 

E, a propósito, vai daqui um grande Alfa Bravo para o Miguel e um beijinho ternurento para a Giselda, que ontem fizeram anos de casados e andaram pelas "minhas terras" da Lourinhã, antes de seguirem, hoje, para o almoço de convívio da Tabanca do Centro, em Monte Real... Que sejam (e)ternamente felizes o Miguel e a Giselda... e que levem para o régulo Joaquim Mexia Alves e demais convivas da Tabanca do Centro os nossos votos de amizade e camaradagem.

A outra dedicatória é do autor e reza assim: 

"A quantos me amam ou odeiam, sem que eu dê por isso; a todos os que amo, sem nunca lhes ter dito; àqueles de quem gosto e que acredito gostarem de mim, (...)".

Do livro do Lobato, tomo a liberdade de transcrever este excerto:

“(...) O comportamento deste homem [o chefe dos sentinelas, Koda, de etnia balanta,] não pode servir de exemplo para qualificar os outros guerrilheiros do PAIGC e muito menos uma parte dos seus responsáveis. 

De entre estes, merecem especial referência Fidelis Cabral, Aristides Pereira, Joseph Turpin e o Tio Lourenço, não só pela sua moderação, sensatez e sabedoria, mas sobretudo pela força do humanismo que deles emana e se repercute em quantos, por razões comuns ou mesmo contrárias, se encontram à mercê das suas decisões. São os homens bons do presente, mas sem dúvida também os do futuro,

"Uma vez por outra , um deles vem falar comigo e procura tranquilizar-me. Joseph Turpin, que passa a maior parte do seu tempo no Cairo, em representação do partido, diz-me que o Papa intercedeu por mim junto do Arcebispo de Conakry, Monsenhor Tchidimbo, o que certamente terá resultados práticos. Mas o tempo vai passando e nada acontece.

"Fidelis, um advogado formado em Portugal, procura convencer-me das razões da sua luta, do respeito e amizade pelo povo português. Afirma que, após a independência, não pretendem ligar-se a ninguém, mas que se isso tivesse de acontecer, só poderiam continuar com os portugueses” (…) (Lobato, 1995, p. 168)

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Guiné 63/74 - P3828: PAIGC Actualités (Magalhães Ribeiro) (1): O nº 54, Outubro de 1973, dedicado à proclamação da independência: pp. 1-2

Capa da revista mensal, editada em francês, PAIGC Actualités (dedicado à vida e à luta na Guiné e Cabo Verde), nº 54, Outubro de 1973. Título (em cima): "Reunida a 24 de Setembro, na região do Boé, a 1ª Assembleia Nacional Popular da história do nosso povo proclamou às 8h55 GMT o Estado da Guiné-Bissau".

A capa traz em grande plano a imagem de Amílcar Cabral, "o líder muito amado do nosso povo", que foi proclamado "fundador da Nação", tendo passado o dia do seu nascimento (12 de Setembro) a ser feriado nacional.

Imagens da cerimónia de proclamação da independência no Boé. Legenda (em cima): "O comandante João Bernardo Vieira, membro do Secretariado Permanente do nosso Partido, foi eleito Presidente da Assembleia Nacional Popular (ANP)".


Legenda: "Depois de ter pronunciado as palavras históricas que consagraram o nascimento do nosso Estado, o Presidente da ANP recebeu, de um destacamento das nossas Forças Armadas Revolucionárias do Povo, a bandeira nacional do novo Estado: é constituída por três bandas, de superfícies iguais, sendo uma vermela disposta verticalmente e com uma estrela negra nela afixada. As outras duas bandas estão dispostas horizontalmente, a superior de cor amarela e a inferior de cor verde".

Artigos 28, 29 e 30 da Constituição da República da Guiné-Bissau, relativos à Assembleia Nacional Popular (ANP).


Lista dos restantes deputados eleitos para a presidência da ANP. Entre eles, uma mulher, felizmente ainda hoje viva, Carmen Pereira, uma referência moral do PAIGC e uma lenda viva da luta de libertação, que alguns de nós, portugueses, tivemos o privilégio de conhecer pessoalmente em Bissau, por ocasião do Simpósio Internacional de Guiledje (1-7 de Março de 2008).

Tradução do francês: L.G.

Imagens: © Magalhães Ribeiro / Luís Graça & Camaradas da Guiné (2008). Direitos reservados.

1. O nosso camarada Eduardo Magalhães Ribeiro (o pira de Mansoa, como ele gosta de se chamar) tem-nos enviado alguns documentos digitalizados, respeitantes ao PAIGC. Ele tem espírito de coleccionador e gosta de partilhar com os seus camaradas as coisas interessantes que tem no seu espólio, relativas à Guiné e à guerra que lá travámos.

Vamos começar por apresentar as duas primeiras páginas da revista, em francês, PAIGC - Actualités, nº 54, de Outubro de 1973, e que foi dedicada à proclamação da República da Guiné-Bissau, na região do Boé.

O Magalhães Ribeiro, que trabalha da EDP - Porto, tem desde Etembro de 2008 um blogue > Coisas do MR , dedicado a Operações Especiais / Rangers de Portugal / Guerra do Ultramar.

Na sua mensagem aos editores, ele escreveu:

"Anexo o 2º panfleto desdobrável, emitido pelo PAIGC, com o nº 54 com data de Outubro de 1973, que penso ter sido dos mais importantes, que o mesmo parttido africano publicou durante o período da guerra. Este diz respeito à declaração do Estado da Guiné-Bissau e é formado por 8 páginas. Um abraço amigo do Pira de Mansoa, M.R.".

A divulgação, no nosso blogue, deste material (que no passado as NT consideravam como "propaganda do IN"), tem apenas um intuito informativo, documental, historiográfico e cultural. São documentos que interessam aos nossos dois povos, que partilham uma história e uma língua.

Alguns dos nossos camaradas que nessa época estavam na Guiné deram-se conta do acontecimento (a proclamação unilateral da independência da Guiné-Bissau, por parte do PAIGC) e das suas eventuais implicações, diplomáticas, políticas e militares. Sempre bem informado, o António Graça de Abreu, que era Alf Mil do CAOP1, escreveu o seguinte apontamento do seu diário, na véspera de ir de férias à Metrópole, pela terceira (e última vez):

"Cufar, 26 de Setembro de 1974: O PAIGC declarou ontem a independência. Por aqui nada mudou a não ser que agora, oficialmente, somos nós portugueses quem está a ocupar a pátria deles"... (In Diário da Guiné: Lama, Sangue e Água Pura. Lisboa: Guerra & Paz. 2007. p. 149).

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Guiné 63/74 - P2885: O Nosso III Encontro Nacional, Monte Real, 17 de Maio de 2008 (9): António Batista, ex-prisioneiro de guerra

Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > 17 de Maio de 2008 > III Encontro Nacional da Nossa Tertúlia >O António Batisto falando do seu cativeiro (Conacri e Madina do Boé, 1972-1974) (1), para o Luís Graça (que fez o vídeo), o Paulo Santiago, o Jorge Cabral e a Maria Alice. No final, vê-se ainda o Álvaro Basto e a esposa, antes da despedida.

Vídeo (5' 42''): © Luís Graça (2008). Direitos reservados. Vídeo alojado em: You Tube >Nhabijoes


Em boa hora o Álvaro Basto tomou a iniciativa de trazer com ele o António Batista (2), o morto-vivo do Quirafo (3), cujo drama a todos nos sensibilizou e comoveu. Este nosso camarada e amigo, que vive hoje na Maia (depois de ter sido enterrado, em 1972, no cemitério da sua freguesia natal, Moreira), faz parte da nossa Tabanca Grande e aguarda, com legítima ansiedade e expectativa, o fim deste terrível pesadelo que tem já 36 anos: de facto, ainda não foi reconhecida, de jure, a sua situação de prisioneiro de guerra, com eventual direito à respectiva pensão, ao abrigo do Decreto-Lei nº 161/2001, de 22 de Maio, com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei nº 170/2004, de 16 de Julho.

De acordo com o preâmbulo do ciatado diploma legal, a concessão da referida pensão está condicionada por dois requisitos: (i) a prova de que o interessado esteve efectivamente prisioneiro nas ex-colónias; (ii) a demonstração de que se encontra em situação de carência económica.

Não sei se o segundo requisito se aplica ao António Batista que trabalhou no aeroporto Sá Carneiro e presumo que já esteja reformado. Penso que o problema maior do nosso camarada é ainda vencer a burocracia militar e demonstrar que esteve efectivamente prisioneiro do PAIGC, primeiro em Conacri (desde a sua captura em 17 de Abril de 1972) e depois na região do Boé, presumivelmente já depois da declaração da independência (ou seja, a partir de 24 de Setembro de 1973).

No vídeo que agora se aprensenta ele contou-nos as condições em que viveu no cativeiro. Falou-nos também de um outro companheiro de infortúnio, pertencente ao mesmo batalhão (BCAÇ 3872, que estava sediado em Galomaro, 1972/74), mas de outras companhia (que estava em Cancolim). Ele acabou por se lembrar do nome do seu camarada de infortúno (o António Manuel Rodrigues), que conseguiu fugir do cárcere em Março de 1974 e, seguindo ao longo do Rio Corubal, chegar ao Saltinho ou próximo do Saltinho, onde foi resgatado pelas NT.

Esse camarada é natural da Régua, é conhecido do nosso José Manuel Lopes, ex-Fur Mil Inf Op Esp, que estava na CART 6250, em Mampatá (1972/74) quando o resgate se deu... Esse ex-prisioneiro, que era maltrado pelos seus carcereiros devido alegadamente ao seu comportamento agressivo, foi levado do Saltinho para Aldeia Formosa e dali para Bissau, por via aérea.

O António Manuel Rodrigues, o Chega-me Isso, alcunha de família por que é conhecido na Régua, vive miseravelmente, tem todos os sintomas do stresse pós-traumático de guerra, não procura nem aceita ajuda dos seus antigos camaradasda Guiné, tem conflitos com as autoridades locais, em suma, é mais um caso chocante de uma camarada nosso que não morreu na Guiné mas a quem a Guiné destruiu a vida. O José Manuel prometeu-me dar a sua identificação completa. A nossa Tabanca Grande vai tentar ajudá-lo.

Aqui fica entretanto o depoimento do António Batista. Recorde-se que ele só libertado em 14 de Setembro de 1974. Fazia parte de um grupo de 7 prisioneiros em poder do PAIGC, no Boé, que foram trocados, no aquartelamento de Aldeia Formosa, por 35 prisioneiros em poder das NT. Pelo lado das novas autoridades da Guiné-Bissau, assistiram à cerimónia Manuel dos Santos (Sub-Secretário Informação e Turismo), Carmen Pereira (membro do Conselho de Estado) e Iafai Camará (Cmdt Aquartelamento de Aldeia Formosa).

_______________

Notas dos editores:

(1) Vd. último poste desta série: 23 de Maio de 2008 > Guiné 63/74 - P2877: O Nosso III Encontro Nacional, Monte Real, 17 de Maio de 2008 (8): Até 2009, camaradas ! (Mário Fitas)

(2) Vd. o já vasto dossiê sobre António Batista:

25 de Março de 2008 > Guiné 63/74 - P2680: O caso do nosso camarada António Batista (Carlos Vinhal / Álvaro Basto / Paulo Santiago e Pereira da Costa)


1 de Fevereiro de 2008 Guiné 63/74 - P2497: O dossiê António da Silva Batista: um caso de indignidade humana (Torcato Mendonça)


31 de Janeiro de 2008 Guiné 63/74 - P2494: Sr. Ministro da Defesa, parece que não há Simplex que valha ao António da Silva Batista! (Paulo Santiago)


8 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2422: Quem terá sido o Camarada que ficou na campa do António Baptista? (Prisioneiros de Guerra) (Virgínio Briote)


25 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2381: Diana Andringa, com o teu apoio, podemos ajudar o António Batista, o morto-vivo do Quirafo (Álvaro Basto)


21 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2371: O Sold António Baptista não constava das listas de PG (Prisioneiros de Guerra) (Virgínio Briote)


28 de Setembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2140: Tabanca Grande (35): Notícias do Tony Tavares (CCAÇ 2701) e do António Batista (CCAÇ 3490) (Ayala Botto)


9 de Agosto de 2007 > Guiné 63/74 - P2040: No almoço da tertúlia de Matosinhos com o António Batista, o nosso morto-vivo do Quirafo (Paulo Santiago)


30 de Julho de 2007 >Guiné 63/74 - P2011: Vamos ajudar o António Batista, ex-Soldado da CCAÇ 3490/BART 3872 (Júlio César / Paulo Santiago / Álvaro Basto / Carlos Vinhal)


26 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1999: Vamos arranjar uma caderneta militar nova para o António Batista (Rui Ferreira / Paulo Santiago)


24 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1991: O Simplex, o Kafka e o Batista ou a Estória do Vivo que a Burocracia Quer como Morto (João Tunes)


24 de Jullho de 2007 > Guiné 63/74 - P1990: Carta aberta ao Cor Ayala Botto: O caso Batista: O que fazer para salvar a sua honra militar ? (Paulo Santiago)


23 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1986: António da Silva Batista, o morto-vivo do Quirafo: um processo kafkiano que envergonha o Exército Português (Luís Graça)


22 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1985: Prisioneiro do PAIGC: António da Silva Batista, ex-Sold At Inf, CCAÇ 3490 / BCAÇ 3872 (2) (Álvaro Basto / João e Paulo Santiago)


22 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1983: Prisioneiro do PAIGC: António da Silva Batista, ex-Sold At Inf, CCAÇ 3490 / BCAÇ 3872 (1) (Álvaro Basto / João e Paulo Santiago)


21 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1980: Blogoterapia (26): Os nossos fantasmas, os nossos Quirafos (Virgínio Briote / Torcato Mendonça/Luís Graça)


17 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1959: Em busca de... (2): António da Silva Batista, de Crestins-Maia, o morto-vivo do Quirafo (Álvaro Basto / Paulo Santiago)



(3) Sobre a tragédia do Quirafo, Vd. posts de:

21 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1980: Blogoterapia (26): Os nossos fantasmas, os nossos Quirafos (Virgínio Briote / Torcato Mendonça/Luís Graça)


17 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1962: Blogoterapia (25): Os Quirafos do nosso Passado (Torcato Mendonça / Virgínio Briote)


12 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1947: O Coronel Paulo Malu, ex-comandante do PAIGC, fala-nos da terrível emboscada do Quirafo (Pepito / Paulo Santiago)


15 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1077: A tragédia do Quirafo (Parte V): eles comem tudo! (Paulo Santiago)


28 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P1000: A tragédia do Quirafo (Parte IV): Spínola no Saltinho (Paulo Santiago)


26 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P990: A tragédia do Quirafo (parte III): a fatídica segunda-feira, 17 de Abril de 1972 (Paulo Santiago)


25 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P986: A tragédia do Quirafo (Parte II): a ida premonitória à foz do Rio Cantoro (Paulo Santiago)


23 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P980: A tragédia do Quirafo (Parte I): o capitão-proveta Lourenço (Paulo Santiago)

terça-feira, 20 de maio de 2008

Guiné 63/74 - P2864: Mitos (1): As aeronaves e os pilotos do PAIGC (Jorge Félix)

Matosinhos > Leixões > Restaurante Casa Teresa > 9 de Abril de 2008 > Reunião habitual, às 4ªs feiras, da Tertúlia de Matosinhos > Da esquerda para a direita: A. Marques Lopes, João Rocha, António Pimentel, Silvério Lobo e Eduardo Reis... De costas, Xico Allen.

Matosinhos > Leixões > Restaurante Casa Teresa > 9 de Abril de 2008 > Reunião habitual, às 4ªs feiras, da Tertúlia de Matosinhos, a que compareceram desta vez os seguintes camaradas da Guiné, da esquerda para a direita: (i) de pé, A. Marques Lopes, João Rocha, Eduardo Reis, José Teixeira, Armindo; na primeira fila, Jorge Félix, Xico Allen e Silvério Lobo... À entrada da Casa Teresa, o António Pimentel. O Jorge Félçix, que vive em V.N. Gaia, não voltou entretanto a frequentar a reunião de 4ª feira, segundo as últimas informações que nos foram dadas pelo A. Marques.

Fotos: © Jorge Félix (2008). Direitos reservados.

1. Mensagem do Jorge Félix (1), de 15 de Abril último:

Caro Luís:

São por demais as situações que vou encontrando no Blogue e não só, em que se põe em dúvida o voo noturno feito pelos Pilotos Portugueses (2), mas se tem a certeza de evacuações feitas com helis pelo PAIGC. In extremis, esta situação é esclarecida (?) por se ter falado com a mítica dirigente [do PAIGC], [Carmen] Pereira.

Não havendo este douto esclarecimento sobre o assunto, ainda hoje se estaria pensando que o PAIGC tinha helis para fazer evacuações na Guiné Bissau. Os aviadores da FAP não tinham capacidade para as fazer, mesmo conhecendo o terreno como ninguém, mas um IN , de uma nacionalidade qualquer, num ápice, entrava por qualquer Bolanha e resgatava o ferido. Passados este anos todos, custa ter que ler estas coisas.( Depois de ler o Blog P2762 de 15 Abril de 2008) (2).

Sem mais, Jorge Félix

2. Mensagem de Jorge Félix, de 9 de Abril:

Caro Luís, seguem duas fotos que testemunham "as quartas de Matosinhos" com pessoal da Guiné. Não faltou água da Bolanha, piscado do Geba e tabaco pra c....Pra semana há mais. Seguem os nomes do pessoal que não teve falta: Marques Lopes, José Teixeira, João Rocha, Francisco Allen, Lobo, Armindo, Eduardo Reis, António Pimentel e eu, Jorge Félix.

Até sempre

3. Comentário(s) de L.G.:

Jorge:

(i) Embora atrasadíssimo, vai ser publicado o teu oportuno, relevante, contundente comentário… Espero que nos releves a falta: o nosso serviço editorial é lento, não tem a eficácia e a eficiência da nossa gloriosa FAP na Guiné. Não temos um sistema de evacuação Ypsilon, por exemplo... Salvou muitas vidas, algumas de camaradas meus da CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71)...

(ii) Repara: ninguém disse que o PAIGC fazia evacuações de feridos a partir do interior da Guiné… Estamos a citar um Supintrep, de 1971, que fala em evacuações, por via aérea, da Guiné-Conacri para o estrangeiro (hospitais na antiga Alemanha de Leste, por exemplo). De facto, o PAIGC nunca teve (nem podia esperar ter) aeronaves e pilotos, muito menos de elite como os nossos… Ainda hoje a Guiné-Bissau não tem nem umas nem outros… Há semanas atrás, em Bissau, a Carmen Pereira fez questão de, mais um vez, desmentir que o PAIGC alguma vez tivesse aeronaves, e nomeadamente helis... Já agora, o seu a seu dono: a dirigente (histórica) do PAIGC que eu citei originalmente não é Carminda, mas Carmen Pereira (n. 1937), uma mulher notável, de resto, que eu tive o privilégio de conhecer em Bissau... Peço desculpa pelo lapso (3).

(iii) Este é um pretexto para começarmos uma nova série sobre Mitos da guerra da Guiné... Mitos, mistificações, lendas, baboseiras, calinadas, erros grosseiras, bocas, bojardas... de um lado e de outro. Mitos, sempre os houve em todas as guerras. Começas tu, e começas bem, garantindo, de viva voz, e de experiência própria, que havia evacuações nocturnas, por parte da nossa força aérea, e que o PAICG nunca teve helicópteros...

(iv) Finalmente tenho uma foto tua, junto à Casa Teresa, que vou igualmente publicar. Tirei-te pela pinta, não me enganei... Vai aparecendo. E vai usando o helicanhão contra eventuais baboseiras que a tropa-macaca possa escrever... É gente que sabe um bocado sobre a terra (que mordia, quando embrulhava...), mas pouco dos outros elementos: água e ar... Felizmente por isso temos, na tertúlia, gente da FAP e da Marinha. Poucos mas bons.

(v) Utiliza, de preferência, o mail do blogue (luisgracaecamaradasdaguine@gmail.com), em vez do meu mail pessoal ou profissional. Para evitar que a tua passagem fique para aí perdida ou congelada por uns tempos...

(vi) Deixa-me dizer-te, entretanto, que é sempre uma honra e um prazer ter, na Tabanca Grande, um lídimo representante dos Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (em inglês, que soa mais fino, Those Magnificent Men in Their Flying Machines, um filme de 1965, da nossa serôdia adolescência ... Lembras-te ? Terá porventura contribuído para o aumento do número de voluntários alistados nas FAP nesse e nos anos seguintes... Ou não ?).

(vii) Até Gaia, até Matosinhos, até um dia destes. L.G.
__________

Notas de L.G.

(1) Vd. postes de:

28 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2592: Voando sob os céus de Bambadinca, na Op Lança Afiada, em Março de 1969 (Jorge Félix, ex-Alf Pil Av Al III)

12 de Março de 2008 > Guiné 63/74 - P2627: Vídeos da Guerra (8): Nha Bolanha (Jorge Félix, ex-Alf Mil Piloto Aviador, 1968/70)

(2) Vd,. postes de 18 de Março de 2008 > Guiné 63/74 - P2660: Notas de leitura (10): Jorge Félix, o nosso piloto aviador, fala do livro do Beja Santos e evoca o Alf Mil Brandão (CCAÇ 2403)

(3) Vd. poste de 15 de Abril de 2008 > Guiné 63/74 - P2762: PAIGC: Instrução, táctica e logística (11): Supintrep nº 32, Junho de 1971 (XI Parte): A máquina logística (A. Marques Lopes)

(...)"As fotos acima ilustram alguns aspectos da máquina logística do PAIGC de cuja grandeza e complexidade muitos de nós, combatentes portugueses, no terreno, não tínhamos uma ideia exacta... Ao ler este documento, insuspeito, ficamos a saber que a população e a guerrilha do PAIGC, no interior do TO da Guiné, era abastecida regularmente (em alimentos, medicamentos, armamento, equipamento, etc.).

"Ficamos a saber que havia evacuações (incluindo por meios aéreos) de feridos graves para os hospitais de rectaguarda (Ziguinchor, no Senegal; Conacri, Koundara e Boké, na Guiné-Conacri). Devo, no entanto, acrescentar que foi recentemente desmentida, por uma histórica e mítica dirigente do PAIGC, Carmen Pereira - no Simpósio Internacional de Guileje (Bissau, 1 a 7 de Março de 2008) - que houvesse helicópteros ("O PAIGC nunca teve helicópteros ou outras aeronaves"). Agora também é verdade que foi fundamental para o PAIGC o apoio, sem reservas, dado pelo regime de Sékou Touré. Já no Senegal, o PAIGC não se movimentava tão à vontade" (...) (LG).