Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
segunda-feira, 30 de julho de 2007
Guiné 63/74 - P2011: Vamos ajudar o António Batista, ex-Soldado da CCAÇ 3490/BART 3872 (Júlio César / Paulo Santiago / Álvaro Basto / Carlos Vinhal)
Maia > 21 de Julho de 2007 > O encontro com o António da Silva Batista (ao centro): à esquerda, o Álvaro Basto, ex-Fur Mil Enf da CART 3492, Xitole, 1971/74) ; à direita, o Paulo Santiago (ex-Alf Mil, Cmdt do Pel Caç Nat 53, Saltinho, 1970/72)
Foto: © João Santiago (2007). Direitos reservados.
1. O nosso tertuliano Júlio César , enviou uma mensagem ao Editor Luís Graça, com data de 25 de Julho, comentando o caso do nosso desafortunado camarada Batista:
Luís:
Li, como um misto de perplexidade e revolta, o que aconteceu (e está a acontecer) ao nosso amigo e camarada Batista, prisioneiro de guerra, desprezado por aqueles que mais lhe devem (1).
Acho muito bem e apoio a entrada deste camarada na Tabanca Grande (que nunca se tornará pequena, pois ela é do tamanho do mundo, que é quanto mede o coração de um ex-combatente da Guiné).
Tudo quanto possamos fazer para minorar o sofrimento deste nosso camarada nunca será demais.
Percebe-se, pela entrevista, que é um homem simples, como simples eram a grande maioria dos ex-combatentesda Guiné. Não tem ódios, nem rancores e, se calhar, por isso mesmo, é que tem sido desprezado.
Preciso de saber o seguinte: O DL 170/2004, de 16 de Julho, que revoga o DL 34/98, de 18 de Julho, que tinha sido regulamentada pelo DL 161/2001, de 22 de Maio, estabelece uma Pensão pecuniária no valor de 100 euros mensais, que serão actualizados anualmente, para todos os prisioneiros de guerra, desde que apresentem comprovativo dessa situação.
Quer dizer... como na Caderneta Militar do nosso camarada Batista, não vem mencionada a sua situação de Prisioneiro de Guerra (nem tão pouco - como vimos - a sua passagem pela Guiné???), pergunto: será que esta pensão lhe foi atribuída? Seria o cúmulo da filha da putice, mas é questão a colocar...
Cumprimentos para todos os Tertulianos e um abraço de solidariedade ao nosso camarada Batista.
Júlio César Ferreira
Ex. 1º cabo 70/71 C. Caç. 2659
Cacheu
2. Em 27 do mesmo mês o co-editor Carlos Vinhal enviou ao Álvaro Basto e ao Paulo Santiago a seguinte mensagem:
Camaradas Álvaro Basto e Paulo Santiago
Querem fazer algum comentário a este mail do camarada Júlio César?
Um abraço do
Carlos Vinhal
3. No mesmo dia Paulo Santiago comentava:
Carlos : Este mail do Júlio César vem ainda tornar mais chocante a situação do Batista.
Não conhecia estes Decretos Leis, sendo assim o António Batista, além de não ter a Caderneta Militar, a que tinha direito, está a ser ROUBADO, visto não receber qualquer pensão.
É, de facto, o cúmulo da filha-da-putice, como diz o camarada Júlio.
Um abraço do
Paulo Santiago
4. No dia 28 Álvaro Basto em mensagem dirigida ao co-editor CV, dizia:
Olha, Carlos.
Estou estupefacto.
Claro que há que urgentemente averiguar a aplicabilidade deste Dec. Lei ao Baptista.
Eu próprio irei falar com um advogado meu amigo (que por sinal esteve em Jumbembem também) para se fazer uma averiguação cuidada, pois a confirmar-se isto é bem provavel que o Baptista tenha direito não só à pensão não paga, mas a uma indemnização por danos morais e patrimoniais pela omissão da sua real situação militar pelos serviços competentes do Exército.
Logo que saiba alguma coisa mais eu volto comunicar
Um abraço a todos
Álvaro Basto
5. Comentário do co-editor CV:
Estamos perante um caso quase irreal.
Um simples mortal é mobilizado contra sua vontade para combater numa guerra longe da sua terra natal, numa Guiné de que só ouvira falar nos bancos da escola, é feito prisioneiro e a recompensa que lhe dão é pura e simplesmente fazer de conta que não se passou nada?
Pena que durante estes anos não tenha aparecido alguém que ajudasse o Batista a reinvidicar os seus direitos.
Esperemos para ver o que o Álvaro vai conseguir em termos de obtenção de informações.
Provavelmente vamos ter de arranjar, junto dos seus antigos camaradas, testemunhos comprovativos da sua actividade operacional e do acto que deu origem à sua captura.
Desgraçadamente não haverá entre nós nenhum companheiro de Companhia ou Batalhão do António Batista, excepção do Joaquim Guimarães que julgo estar radicado nos EUA ?
Camaradas, temos que unir forças para que as injustiças de que vamos tendo conhecimento, sejam banidas e as pessoas lesadas, ressarcidas.
Muitos camaradas Batistas andarão por aí.
Aceitam-se sugestões de todos os camaradas, especialmente dos que estão ligados às diversas organizações de antigos combatentes existentes. Todos poderão dar uma ajuda preciosa, para se traçar uma linha de acção concertada.
Vamos todos ajudar o Batista. Temos que ser solidários.
_______________________
Notas do co-editor CV:
(1) Vd. Posts de:
3 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1986: António da Silva Batista, o morto-vivo do Quirafo: um processo kafkiano que envergonha o Exército Português (Luís Graça)
22 de Julho de 2007:Guiné 63/74 - P1983: Prisioneiro do PAIGC: António da Silva Batista, ex-Sold At Inf, CCAÇ 3490 / BCAÇ 3872 (1) (Álvaro Basto / João e Paulo Santiago)
22 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1985: Prisioneiro do PAIGC: António da Silva Batista, ex-Sold At Inf, CCAÇ 3490 / BCAÇ 3872 (2) (Álvaro Basto / João e Paulo Santiago)
24 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1990: Carta aberta ao Cor Ayala Botto: O caso Batista: O que fazer para salvar a sua honra militar ? (Paulo Santiago)
24 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1991: O Simplex, o Kafka e o Batista ou a Estória do Vivo que a Burocracia Quer como Morto (João Tunes)
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