Mostrar mensagens com a etiqueta Sri Lanka ou Ceilão. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Sri Lanka ou Ceilão. Mostrar todas as mensagens

domingo, 12 de janeiro de 2025

Guiné 61/74 - P26381: Recortes de imprensa (142): Lusodescendentes do Sri Lanka e o seu crioulo de base portuguesa (Diário de Notícas e Agência Lusa, 8 mai 2023 )



Jovens falantes de português no Sri Lanka, segundo o projecto "Preserving Sri Lanka Portuguese" 

 Foto DR/Facebook, https://www.facebook.com/preservingsrilankaportuguese1 (com a devida vénia)


Lusodescendentes do Sri Lanka com "interesse crescente" em salvar o crioulo

Diário de Notícias | Agência Lusa | 08 mai 2023 09:40  


É uma peça da Agência Lusa, reproduzida no portal www.dnoticias.pt, que merece a nossa atenção, de portugueses e lusófonos: a existência de uma pequena comunidade de lusodescendentes do Sri Lança (o antigo Ceilão) que teima em manter a sua identidade e inclusive  o crioulo de base portuguesa que está em sério risco de extinção. 

A estes esforços está associada a investigadora Patrícia Costa do Centro de Linguística da Unibversidade de Lisboa (CLUL) e que é entrevistada pela Agència Lusa.

Reproduzimos alguns excertos da peça, com a devida vénia (*):

(...) A investigadora Patrícia Costa lançou um projeto para divulgar o crioulo de base portuguesa do Sri Lanka nas redes sociais porque considera que há 'um interesse crescente' nas comunidades lusodescendentes em preservar a língua."

Em abril de 2023, um grupo de jovens começou a organizar aulas de crioulo português para jovens e crianças. 

(...) "O mesmo grupo tem também procurado dinamizar ações para promover a língua no Sri Lanka, onde 'a maior parte da população desconhece totalmente que existe esta comunidade de euro-asiáticos e desconhece que há uma língua totalmente diferente', referiu Costa." (...)

Destaque para um desses jovens, "Derrick Keil, lançou em fevereiro uma versão moderna de uma canção tradicional em crioulo português, 'Minha Amor',  após ter participado no programa de talentos 'The Voice Sri Lanka' (...)

 Patrícia Costa, ouvida pela Agência Lusa, diz que  é "um marco importante na história da comunidade, porque pela primeira vez temos uma música dirigida a audiências várias que tem o crioulo como língua" (...)

A "baila", hoje o género de música talvez mais popular no país, foi introduzidda no Sri Lanka justamente pela "comunidade de falantes do crioulo português",

Patrícia Costa e Vyvonne Joseph, "jovem falante da língua",  foram quem,  em 2020, kançaram o projeto Preserving Sri Lanka Portuguese (Preservar o Portuguès do Sri Lanka), nas redes sociais (Instagram e Facebook).

O objetivo da inciativa, segundo a investigadora  portuguesa do CLUL é4 de "dar a conhecer a audiências mais gerais, também fora do Sri Lanka,  a existência desta língua, porque mesmo em Portugal não há uma grande consciência de que estas comunidades crioulófonas existem".

Um segundo objetivo é auxiliar, com materiais didáticos simples, os membros da comunidade que querem aprender ou aperfeiçoar a língua.

(...) O crioulo português do Sri Lanka 'neste momento é uma língua definitivamente ameaçada. O número absoluto de falantes é bastante reduzido', por volta de 1.300, sendo que a maioria são 'pessoas mais velhas' (...). Para os jovens, 'aprender o crioulo português não tem o valor instrumental que as línguas oficiais do Sri Lanka, o cingalês e o tâmil, têm, no acesso à educação e ao emprego, referiu Costa" (...)

Além disso, disse a investigadora, é preciso superar alguns preconceitos e ideias feitas, no seio da própria comunidade: para alguns membros  seria uma língua obsoleta, e segundo outros   "aprender o crioulo português em casa pode prejudicar a aprendizagem de outras línguas na escola"...

Embora em risco de desaparecer, o crioulo português do Sri Lanka  pode ter futuro.

(...)  "A académica defendeu ainda que uma maior ligação com os países falantes de português 'seria muitíssimo vantajoso para as comunidades crioulófonas, que teriam uma espécie de reconhecimento oficial da sua existência, da sua importância e da sua herança.

"O crioulo português do Sri Lanka, antigo Ceilão, é uma herança da expansão marítima portuguesa no século XVI, quando nasceu como língua de contacto entre cingaleses e portugueses, os primeiros europeus a lá chegar.

"A colonização portuguesa da ilha não durou mais de 150 anos, mas, mais de meio século depois, este crioulo continua a ser falado no seio das comunidades burghers, tradicionalmente católicas." (...)


A palavra "burghers" ( "cidadãos", "citadinos", "burgieses", em holandês) é a designação comum, usada hoje  para todas as pessoas que tèm uma ascendência euro-asiática (n0omeadeamente  portugueses e holandeses),  no Sri Lanka.



Fonte: USA > CIA > The World Factbook (com a devida vénia...)

Mapa do Sri Lanka: principais cidades do país... Em três delas (assinalada a tracejado verde e vermelho) residem comunidades de lusodescendentes. Os portugueses e seus descendentes fixaram-se sobretudo na costa leste, em Trincomalee e em Batticalloa 

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2025)



(...) No Sri Lanka de hoje o crioulo limita-se à linguagem falada. A maioria dos falantes são os burghers da província oriental, em Baticaloa e Triquinimale. Atualmente o inglês tornou-se a língua comum, com o cingalês ensinado nas escolas como segunda língua. De influência portuguesa existem ainda os cafrinhas ou kaffir do Sri Lanka, uma comunidade de origem africana, na província do noroeste Putalão, originalmente trazidos por portugueses, neerlandeses e ingleses para trabalhar no Seri Lanca, e que mantêm assumidamente uma cultura e religião portuguesas.

No Censo de 1981 os burghers (holandeses e portugueses) contavam cerca de 40.000 (0,3% da população total do Sri lanka).

Muitos burghers emigraram para outros países. Existem ainda 100 famílias em Baticaloa e Triquinimale e 80 famílias Kaffir em Putalão que falam o crioulo português. Numerosos apelidos de origem portuguesa permanecem até hoje, como Perera, Pereira, Abreu, Salgado, Fonseca, Fernando, Rodrigo e Silva, que se tornaram parte da cultura do Seri Lanca.

A população burgher no mundo será de 100.000 aproximadamente, concentrada sobretudo no Reino Unido, Canadá, Austrália e Nova Zelândia. (...)

(Fonte: Excerto de Wikipedia > Burghers Portugueses (com a devida vénia)...



Excerto de banda desenhada infantil "Portuguese in Sri Lanka: part two: their exploits" (em inglês). Texto. Hashana Bandara; ilustração: Saman Kalubowila. (Sumitha Publishers. s/d., s/l. 24 pp.) Fonte: Poth Pancha, Panadura, Sri Lanka: uma livraria "on line" para crianças com menos de 12 anos (Imagem reproduzida com a devida vénia...)


Na primeira imagem acima pode ler-se em inglês: "Os Portugueses que chegaram ao Sri Lanka acidentalmente, em 1505, empenharam-se em estabelecer o seu poder na região costeira norte da ilha, até por volta de 1580" (... o que não é exato: a presença portuguesa manteve-se até meados do séc. XVII, Colombom na costa oeste,  cairia nas mãos dos holandeses apenas em 1656, depois de uma heróica resistência, tendo sobrevivido apenas menos de uma centena de defensores...Os holandeses por sua vez serão substituídos pelos ingleses em finais do séc. XVIII, princípios do séc. XIX. O Sri Lanka tornou-se, mais ou ,menos pacificamente, independente da coroa britânica em 1948. 
 ______________

Nota do editor:

segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

Guiné 61/74 - P26351: Tabanca dos Emiratos (14): Visita nas férias de Natal ao antigo Ceilão, a Taprobana de "Os Lusíadas", hoje Sri Lanka (Jorge Araújo) - Parte II



Foto nº 14 > Ceilão > Kandy > 20 de dezembro de 2024 >"Vários macacos subiram à varanda do meu apartamento no 3º. andar, no Senani Hotel, em Kandy, a capital cultural e espiritual do país.


Nota do editor LG:

 Trata.se de um exemplar da espécie Macaca sinica é um macaco do Velho Mundo endémico do Sri Lanka (só existe nesta ilha). Há 3 subespécies. (É conhecido aqui pela designação "rilewa" ou "rilawa"; em inglês, "toque macaque").

Vive em bandos que podem ir a mais de duas dezenas de indivíduos. Há três subespécies. É um macaco de porte médio, embora seja o mais pequeno do género Macaca. Mede entre 35 e 62 cm, de comprimento, sem a cauda (esta mede entre 40 e 60 cm). Os machos pesam entre 4,1 e 8,4 kg, quase o dobro das fêmeas.

É considerrada uma espécie em perigo, devido à destruição do seu habitat, à caça e ao tráfico (como "pet"). Em menos de 40 anos de independência, entre 1956 e 1993, metade da floresta da ilha foi destruída (por causas das plantações e da recolha de lenha). Os agricultores consideram este primatas como uma praga. O governo chegou a propor a venda à China de 100 mil macacos,  um negócio que foi abortado pelo protesto dos conservacionistas... Foi também uma vítima inocente da guerra civil de 1983/2009 entre o exército do Sri Lanka e os Tigres de Tamil.




Foto nº 15 > Ceilão > Kandy > 20 de dezembro de 2024 > "Tuque-tuque, o transporte mais popular no país"



Foto nº 16 > Ceilão > Kandy > 22 de dezembro de 2024 > "Um elefante, domesticado, nas festas budistas. É um animal sagrado e protegido por lei (mas mal tratado em cativeiro, segundo acusações frequentes).



Foto nº 17 > Ceilão > Kandy > 20 de dezembro de 2024 > "Fachada do Hotel Senani rodeado de árvores de grande porte e comunidade de macacos "



Foto nº 18 > Ceilão > Kandy > 20 de dezembro de 2024 > "Mais um macaco a fazer equilíbrio nos fios eléctricos"



Foto nº 19 > Ceilão > Kandy > 20 de dezembro de 2024 > "Vista do meu apartamento"



Foto nº 20 > Ceilão > Kandy > 20 de dezembro de 2024 > "Instalações da fábrica de chá Damro em Kandy" (1). ("5 mil hectatres de plantações de chá, é obra"... vd. o sítio da DamroTea e a história do chá, um produto colonial, no Sri Lanka)


Foto nº 21 > Ceilão > Kandy > 20 de dezembro de 2024 > "Instalações da fábrica de chá Damro em Kandy" (2)



Foto nº 22 > Ceilão > Kandy > 20 de dezembro de 2024 > "Espaço comercial da empresa de chá:  três funcionárias e a Maria João".



Foto nº 23 > Ceilão > Ella > Ella Gap Hotel > 21 de dezembro de 2024 > Ella fica perto de Badulla, a cerca de 270 km de comboio, da capital  Colombo.



Foto nº 24 e 24A > Ceilão > Ella > Ella Gap Hotel > 21 de dezembro de 2024 > Árvore de Natal no Hotel... A diferença de fuso horário entre Colombo e Lisboa é de 5 horas e meia...


Foto nº 25 > Ceilão > Ella > Ella Gap Hote > 21 de dezembro de 2024 > "Eu à porta do Hotel de Ella"


Fotos (e legendas): © Jorge Araújo (2024). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].



Mapa do Sri Lanka: principais cidades do país

Fonte: USA > CIA > The World Factbook (com  a devida vénia...)





Jorge Araújo, ex-fur mil op esp / ranger, CART 3494 / BART 3873 (Xime e Mansambo, 1972/1974); nosso coeditor, a viver há uns anos entre Almada e Abu Dhabi, Emiratos Árabes Unidos. É um dos nossos coeditores. Como autor, tem mais de 335 referências no nosso blogue. Tem várias séries: "Tabanca dos Emiratos", "Memórias cruzadas...", "(D)o outro lado combate"...





Banda desenhada infantil "Portuguese in Sri Lanka: part two: their exploits" (em inglês). Texto. Hashana Bandara; ilustração: Saman Kalubowila. (Sumitha Publishers. s/d., s/l. 24 pp.) Fonte: Poth Pancha, Panadura, Sri Lanka: uma livraria "on line" para crianças com menos de 12 anos (Imagem reproduzida com a devida vénia...)

Nota de JA/LG: 

Na primeira imagem acima pode ler-se em inglês: "Os Portugueses que chegaram ao Sri Lanka acidentalmente, em 1505, empenharam-se em estabelecer o seu poder na região costeira norte da ilha, até por volta de 1580" (... o que não é exato: a presença portuguesa manteve-se até meados do séc. XVII, Colombo cairia nas mãos dos holandeses apenas em 1656, depois de uma heróica resistência, tendo sobrevivido apenas menos de uma centena de defensores...Os holandeses por sua vez serão substituídos pelos ingleses em finais do século XVIII.


1. Continuação da publicação de uma fotorreportagem sobre o antigo Ceilão, hoje Sri Lanka (independente desde 1948, do domínio britânico), feita durante as últimas férias de Natal pelos nossos amigos Jorge Araújo e Maria João (que vivem em Abu Dhabi, EAU).(*)


(...) 21 de dezembro de 2024.

Caro Luís,  bom dia, com uma diferença horária de 5 horas e meia. Ontem tive de suspender o envio de fotos devido à quebra de rede na Net e face ao adiantado da hora fui-me deitar.

Considerando que já tens imagens para mais de um poste, apenas anexo mais umas duas ou três da cidade de Ella. OK. Abraço, Jorge (e Maria João).

PS - A festa budista a que se refere a foto nº 16 aconteceu no domingo em Kandy. (Os budistas representam cerca de 3/4 da população.)

Iremos a seguir para a costa sul.  Bom fim de semana Só estou contatável através deste canal. Obrigado.

PS - Faltam ainda as Partes III (a caminho do Sul do Sri Lanka)  e IV (visita à cidade de Galle ou Taprobana, e arredores, local de acostagem do capitão-mor Lourenço de Almeida).

(Revisão / fixação de texto, título, edição das fotos, negritos e itálicos: LG)

______________

sábado, 4 de janeiro de 2025

Guiné 61/74 - P26349: Tabanca dos Emiratos (13): Visita nas férias de Natal ao antigo Ceilão, a Taprobana de "Os Lusíadas", hoje Sri Lanka (Jorge Araújo) - Parte I

 

Banda desenhada infantil "Portuguese in Sri Lanka: part two: their exploits" (em inglês). Texto. Hashana Bandara; ilustração: Saman Kalubowila. (Sumitha Publishers. s/d., s/l. 24 pp.)  Fonte: Poth Pancha, Panadura, Sri Lanla: uma livraria "on line" para crianças com menos de 12 anos  (Imagem reproduzida com a devida vénia...)

A primeira estrofe de "Os Lusíadas" do Luís Vaz de Camões, cujos 500 anos do seu nascimento estamos a comemorar, começa justamente por fazer uma referència ao antigo Ceilãpo, a Taprobana, dos gregos e dos romanpos:  "As armas e os barões assinalados / Que da ocidental praia Lusitana / Por mares nunca de antes navegados / Passaram ainda além da Taprobana / Em perigos e guerras esforçados / Mais do que prometia a força humana / E entre gente remota edificaram / Novo Reino, que tanto sublimaram". (JA/LG) 


Foto nº 1 > Ceilão > 20 de dezembro de 2024 > Aeroporto de Colombo, a capital  (uma cidade fundada pelos portugueses, no séc. XVI). O atual Sri Lanka tornou-se indepente, pacificamente, em 1948: estava desde o séc. XVIII sob o domínio da coroa britànica.



Foto nº 2 > Ceilão > 20 de dezembro de 2024 > Sigiriya, na região Norte



Foto nº 3  > Ceilão > 20 de dezembro de 2024 >  Jipe das picadas na região de  Sirigiya

~

Foto nº 4 > Ceilão > 20 de dezembro de 2024 > Elefante na região de Sigiriya, na região Norte




Foto nº 5 > Ceilão > 20 de dezembro de 2024 > Mais elefantes na região de Sigiriya


Foto nº 6 >  Ceilão >20 de dezembro de 2024 > A picada dos elefantes


Foto nº 7 e 7A >  Ceilão >20 de dezembro de 2024 > Canoas de  passeio para os turistas


Foto nº 8 > Ceilão >20 de dezembro de 2024 > Mesa com vários alimentos para o almoço, em casa rural


Foto nº 9 > Ceilão >20 de dezembro de 2024 >  Cozinha, onde se confeccionam os alimentos (A Maria João à esquerda.)


Foto nº 10 > Ceilão >20 de dezembro de 2024 >   Espaço exterior ao local onde se tomam as refeições



Foto nº 11 > Ceilão >20 de dezembro de 2024 > "Bolanha" de arroz 


Foto nº 12 > Ceilão >20 de dezembro de 2024 >   A estação de comboios de Badulla (1)


Foto nº 13 > Ceilão >20 de dezembro de 2024 >   A estação de comboios de Badulla (2)



Foto nº 14 > Ceilão >20 de dezembro de 2024 >   A estaçáo de comboios de Badulla (3)



Fotos (e legenda): © Jorge Araújo (2024). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].



Jorge Araújo, ex-fur mil op esp / ranger, CART 3494 / BART 3873 (Xime e Mansambo, 1972/1974); nosso coeditor, a viver há uns anos entre Almada e  Abu Dhabi, Emiratos Árabes Unidos. É um dos nossos coeditores. Como autor, tem mais de 335 referências no nosso blogue. Tem várias séries: "Tabanca dos Emiratos", "Memórias cruzadas...", "(D)o outro lado combate"...



1. A escassas semanas de completar 520 anos do início da conquista e ocupação do então Ceilão pelos portugueses, aproveitamos as férias da atividade académica para visitar este país do sul da Ásia, no Oceano Índico, tendo Colombo por capital. (População estimada; 22 milhões de habitantes; superfície: 65,6 mil km2.)

Este é um destino muito procurado pelos estrangeiros residentes  nos Emiratos Árabes Unidos (EAU).

Neste contexto e de modo a simbolizar o período das Festas Natalícias, envio algumas "rabanadas recheadas de história", sobre a presença dos lusitanos nesta região, em particular na agora República Democrática  Socialista do Sri Lanka, seguida de imagens desta minha nova "comissão de serviço".

Segundo consta na literatura consultada (Enciclopédia de História Inglesa), o primeiro português a alcançar esta ilha, foi o capitão-mor Lourenço de Almeida (Martim, c. 1480 - Chuil, Índia. 1508),  único filho varão de Francisco de Almeia (Lisboa, c. 1450 - Baía de Saldanha, costa sul-ocidental da África do Sul,  1 de março de 1530).(Foi o primeiro vice-rei da  Índia Portuguesa, 1505-1509).

Lourenço de Almeida tornou-se capitão-mor, ao serviço do pai, e em 1505 foi incumbido,  por ele, da missão de interceptar uma frota moutra, carregada de especiarais, que navegava pelo Oceano Índico. Por motivo de uma tempestadae, a sua embarcação saiu da rota pretendida, acabando por aportar no Ceilão, na cidade de Galle, na costa sul. (Ceilão, também conhecida por Taprobana, na antiguidade clássica e na idade média.)

O capitão-mor Lourenço de Almeida procurou manter relações  conmerciais amistosas e cordiais com o rei de Cota,  Dharmaparakrama Nahu - a quem inclusive chegou a oferecer proteção militar em troca de de um tributo anual, pago em canela (uma especiaria de alto calor  comercial na Europa de então).

Este foi o primeiro passo dado rumo à consolidação do predomínio comercial e político lusitano naquela região, tendo culminado em 1518 quando o rei de Cota  outorga aos portugueses a autorizaçáo para erigir um forte na cidade portuária de Colombo,  bem como um rol de concessões especiais que lhes conferiam o direito de ezxercer actividades na ilha. 

O Ceilão passou, assim,  a integrar a esfera de influência colonial de Lisboa, tendo aí permanecido até meados do séc. XVII.

Após a  construção do forte na cidade portuária de Colombo, os portugueses estenderam gradualmente o seu controlo sobre as áreas costeiras, nomeadammnete a Norte. Em 1592, após guerras intermitentes  com os portugueses, o rei mudou a capital do seu reino para a cidade interior de Kandy, um local que ele considerou mais seguro contra ataques. 

Em 1619, sucumbindo aos ataques dos portugueses, chegaria ao fim a existência independente do Reino de Jaffna.

Durante o reinado de Rajasinghe II (1629-1687), exploradores holandeses chegaram à ilha. Em 1638, o rei assinou um tratado com  Companhia Holandesa das Índias Orientais para se livrar dos portugueses, que governavam a maior parte das áreas costeiras. 

A guerra holandesa-portuguesa que se seguiu, resultou numa vitória holandesa. Colombo cairia nas mãos dos holandese em 1656.

Foi exatemente por Colombo que começámos, depois de termos aterrdo no Aerporto Internacional Bandarnaike, criado em 1944, em plena II Guerra Mundial, como uma base aérea da Real Força Aérea do Reino Unido. A conversão para aeroporto civil foi completada em 1967. 

De seguida apresentaremos algumas das imagens mais emblemátias desta nossa nova "comissão de serviço" (Ver fotos acima.)

(Continua)

(Revisão / fixação de texto, seleção e edição das fotos, título: LG)

___________

Nota do editor:

Último poste da série > 22 de outubro de 2024 > Guiné 61/74 - P26067: Tabanca dos Emiratos (12): "Prova de vida" (Jorge Araújo)

terça-feira, 7 de abril de 2020

Guiné 61/74 - P20824: Viagem de volta ao mundo: em plena pandemia de COVID 19, tentando regressar a casa (Constantino Ferreira & António Graça de Abreu) (6). em Colombo, Sri Lanca, paragem para reabastecimento e partida para o Canal do Sul (percurso de c. 3500 milhas náuticas até ao dia 24 de abril)


MSC - Magnífica > Cruzeiro de Volta ao Mundo > Colombo, Sri Lanca [, antigo Ceilão] >  6 de abril de 2020 >  Paragem técnica para reabastecimento... Próxima etapa: Canal Suez, a 3456 milhas náuticas de distância. Data prevista de chegada: 24 de abril.

Cortesia da página do faceboook de Constantino Ferreira. Foto reeditada pelo Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.


1. Constantino Ferreira d'Alva, ex-fur mil art da
Constantino Ferreira, Melbourne, 
Austrália, 19 de março de 2020.
 Vai a bordo com a esposa,
 Elsa Ferreira
 CART 2521 (Aldeia Formosa, Nhala e Mampatá, 1969/71), membro da nossa Tabanca Grande desde 16 de fevereiro de 2016... Trabalhou 30 anos na TAP, como tripulante de cabine; começou a escrever o seu diário de bordo, em 23 de janeiro de 2020, na sua página do Facebook, Viagens no Tempo. A ele junta-se, desde o poste anterior, o António Graça de Abreu; vão escrever, a quatro mãos, o diário de bordo...

Ora cá estamos ! Em Colombo,  no Sri Lanca

Foram sete dias de navegação contínua, desde Fremantle-Perth na Austrália até aqui, à Ilha de Taprobana, nos dizeres de Camões.

Chegámos de madrugada, na aproximação fui contando os navios cargueiros, petroleiros, graneleiros e os gigantes porta-contentores, que por aqui estavam fundeados, frente a Colombo! Contei primeiro dez, depois quinze, mas afinal eram mais de vinte, “plantados” por estas águas frente a Colombo.

Ao ver o perfil desta cidade, na contra luz do seu perfil moderno, de prédios futuristas, com uma das torres modernista, com um perfil que de torre esguia redonda, com uma grande “bola” lá nas alturas, seguida por uma antena gigante, que me fez lembrar o perfil da moderna Xangai na China, com idêntica torre, mas ainda maior!

Tivemos assistência, da emergência médica, eficiente e rápida que resolveu a assistência em poucos minutos.

Depois, foi a procura do local para fundear, nesta Baia frente À cidade e porto de Colombo, com o piloto que posicionou esta enorme “nave”, para ser reabastecida, por um pequeno petroleiro, que aqui se encostou, e se vai manter a fazer a trasfega do combustível, durante estas largas horas, que aqui passamos frente a uma cidade de perfil moderno, como me surpreendeu esta velha Colombo, onde os portugueses se lmantiveram mais de cento e cinquenta anos, nos Séculos XVI e XVII.

Aqui nesta ilha, a Sul da Índia, o clima é quente e húmido. Desde as 6 Horas da manhã, que tenho andado pelos convés a passear e a tirar umas fotografias, mas antes de almoço, fui fazer um tempinho na piscina exterior para refrescar.

Ao almoço resolvemos ir ao restaurante, em vez de irmos ao Buffet, como muitos dias fazemos ao almoço. Mas à noite, marcamos sempre presença num dos três enormes e requintados restaurantes de bordo.

É quase Sol posto, o petroleiro continua a dar continuidade ao reabastecimento, por uma mangueira, onde passam várias toneladas de combustível à hora. Mesmo agora fui á varanda do camarote e, a mangueira lá estava, a dar “mama” a este navio- “bébé” gigante !

O pôr do sol vai ser pelas 17h45, vou subir do 12º para 15º piso, que é o convés da piscina interior, para ver esse espectáculo diário, que é o pôr do Sol, por estas bandas tropicais, neste caso, mesmo Equatorial!

Depois será a largada, para uma nova etapa, desta vez de 3.456 milhas náuticas, distância entre Colombo e o Canal de Suez, onde chegaremos a 24 de Abril.

São mais 8 dias de prisão, neste cruzeiro de Volta ao Mundo, que se transformou “quase” num pesadelo, apenas com o receio,  de todos nós, de esse coronavírus também poder “entrar” aqui a bordo.

Mas com os cuidados de higiene praticados a bordo, desde a Tasmânia, que a vigilância é mantida, já lá vão umas largas semanas!

Assim continuamos, presos neste conforto de bordo, onde mantemos todas as actividades, desde a ginástica aos espectáculos diários, de grande qualidade, com uma plêiade de artistas que são do melhor que eu já vi, em espectáculos diários, de alta qualidade!

A Companhia, MSC,  e o nosso Comandante Roberto Leotta, têm feito tudo, o possível e o impossível, para que esta “Odisseia”, chegue ao fim sem incidentes de maior!

Somos cerca de 2.000 passageiros e 800 tripulantes, a fazer tudo “bem”, para que antes do fim de Abril, possamos ser bem recebidos, possivelmente em Marselha.

Dizem que; “a sorte protege os audazes”! Creio que aqui a bordo, todos temos sido “audazes”, a cumprir as regras de segurança sanitária e de bom convívio, acrescentando agora uma boae de “sorte”...  a nossa “Odisseia” terminará bem, para todos; passageiros, tripulantes, e MSC-Magnifica!

[Revisão e fixação de texto para efeitos de edição neste blogue: LG]


Chile > Oceano Pacífico > Ilha da Páscoa > 21 de fevereiro de 2020 > Os famosos "moais", as gigantescas estátuas de pedra

Foto (e legenda): © António Graça de Abreu (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


2. Mensagem de António Graça de Abreu, 
Hai Yuan e António Graça de Abreu
numa praia numa das  ilhas de Tonga,
Polinésia (2017)
que viajou até Sidney com a esposa, Hai Yuan:

[O nosso camarada e amigo António Graça de Abreu [ ex-alf mil SGE, CAOP 1 (Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, 1972/74), membro sénior da Tabanca Grande, com 250 referências no nosso blogue], que também  vaia bordo, só começou a "dar sinais de vida" em 22 de março passado...

Até então sabíamos apenas que ele andava "embarcado"... Agora sabemos que também está "confinado", no MSC- Magnifica, não podendo ele e os demais passageiros e tripulantes sair a terra, nos portos onde o luxuoso paquete tem que aportar para se reabastecer...]

Data - 05/04/2020, 06:41
Assunto - Ilha da Pascoa, definitivíssimo


Ilha da Páscoa, Chile, Oceano Pacífico Sul, 21 de Fevereiro de 2020

Imagine-se uma praia deslumbrante, num mar de águas transparentes, cor de turqueza, cujas ondas terminam suavemente na areia branca e fina, rodeada por uma desafogada floresta de palmeiras e coroada por um ahu com sete moais. Falo da praia de Anakena, ilha da Páscoa.

Rolando Pires Teixeira (#)


Foram quatro dias de navegação e 3.920 quilómetros de mar, desde o Peru, para se chegar à ilha da Páscoa, Quase nada sabia sobre estas paragens envoltas em muitos mitos, mistérios e fantasias, perdidas no Oceano Pacífico, o pedaço de terra mais isolado do mundo, mais longe de qualquer outro lugar habitado. Para oeste, Tahiti fica a 4.213 quilómetros. 

A ilha da Páscoa tem apenas 16 por 24 quilómetros, o que dá uma superficie de 110 km2. Fernão de Magalhães, há 499 anos atrás, na sua impressionante cavalgada marítima atravessando o Pacifico em busca das ilhas das especiarias, as Molucas, não passou longe desta ilha. Infelizmente não deu pela sua existência, a descoberta só aconteceria duzentos anos depois quando o holandês Jacob Roggeveen aqui aportou, no ano de 1722, no domingo de Páscoa, daí o nome da ilha. 

Mas o lugar já era conhecido e habitado por polinésios que viajavam por enormes distâncias nas suas pirogas tipo catamarã, com dois cascos acoplados, o que garantia grande estabilidade e segurança à embarcações. 

Esses polinésios, provenientes das ilhas Marquesas, terão chegado a Rapa Nui  - a ilha da Pedra, o nome em polinésio da ilha da Páscoa -, no século XI. Existem várias teses divergentes sobre o que realmente aconteceu. Terão sido esses os primeiros colonizadores da ilha e os construtores dos moais, os grandes bonecos de pedra vulcânica de diferentes tamanhos, todas identificáveis pelos seus rostos aquilinos, boca saliente e olhos fundos. Moai significa, na língua polinésia, "rosto" ou "face" e a construção das estátuas parou no séc. XVII. 

Os bonecos levantavam-se apoiados em bases de pedra, tipo altares, denominados ahu e estarão associados a homenagens aos antepassados falecidos. Cada figura representa um ente querido que não era enterrado, mas cujo corpo permanecia envolto em panos, depositado em esteiras sobre os ahus até o cadáver se decompor e desfazer, atérestarem apenas ossos. Levantava-se então, em frente, uma grande estátua, em honra do defunto. 

Existem quase mil estátuas espalhadas pela ilha, a mais pequena tem apenas 2,5 metros de altura, as maiores chegam aos 10 metros e podem pesar 80 toneladas. Era tempo de as ir conhecer.

Acabo de ler no guia do visitante que me deram logo ao pôr o pé na ilha, ao procurar o Parque Nacional de Rapa Nui, tudo Património Mundial pela Unesco, que aqui a precipitação anual é baixa, concentrando-se a chuva sobretudo no mês de Maio. Dizem-me que os deuses andam um bocado desorientados, talvez por influência de um poderoso senhor norte-americano chamado Donald Trump e resolveram presentear-nos, desde as seis horas da manhã, até à noite, neste dia de meados de Fevereiro, com um glorioso tempo de chuva, água que não pára de cair, há cem mil torneirinhas abertas suspensas no céu. E a imtemperie estende-se ao mar.

A ilha da Páscoa não tem um cais onde um grande navio possa acostar, por isso o Magnifica ancorou no mar, a uns dois quilómetros de terra. Os passageiros fizeram filas compactas para entrar nos botes salva-vidas que nos levavam, na viagem de ida e volta até ao pequeno cais de desembarque, na ilha. 

O mar estava alteroso, ondas de três metros batiam fortes nas chalupas encostadas à plataforma de saída do navio que balançava, subiam e desciam ao sabor das ondas, transformando-se a entrada e saída de cada velhote, ou cidadão mais jovem, numa odisseia. Tivemos de esperar quase duas horas para podermos sair porque havia duas mil pessoas a avançar lentamente, uma a uma, muitos deles desciam agarrados, suspensos nos braços do pessoal do navio que os levantava no ar e depositava de sopetão ora nas chalupas, ora, no regresso, na plataforma de entrada no Magnifica.

Quando, ainda no navio, fui tentar comprar uma excursão na ilha da Pascoa, já não havia. As excursões eram realizadas em mini-bus, com limitação  no número de passageiros.Era coisa aí para 4 horas, com visita a alguns moais e a passagem por uma praia. Custava a módica quantia de 260 euros. O preço estava inflacionado pelos 80 dólares que cada turista era obrigado a pagar para entrar na ilha. 

Estava meio preocupado. Com tanta chuva, com ausência de transporte como me iria desenrascar e conhecer os moais? Afinal acabou tudo por ser tudo pontualmente fácil, abrangente, divertido e muito mais barato. A Hai Yuan e eu saímos do porto, a chuva não parava de cair, mas estávamos protegidos por guarda-chuvas e casacos de plástico. Caminhamos em direção ao centro da cidade de Huanga Roa, se cidade se pode chamar a capital de uma ilha que conta apenas com 7 mil habitantes. Baias pequenas, rochas batidas pelas ondas, praias recatadas, casas de madeira bonitas e bem construídas. 

Fui ao posto de turismo buscar um bom mapa e perguntei ao rapaz de serviço como era para dar a volta à ilha e ver muitos moais. "E simples, alugue um táxi, se quiser eu chamo pelo telefone e o carro vem aqui buscá-lo, demora cinco minutos, são 50 dólares por duas horas!"

Era cedo, tinha o dia por minha conta, o regresso ao navio só tinha de ser feito até às oito da noite. Mais voltas pelo centro da vila de Huana Roa, um primeiro moai a vista, de nome Tahai, reconstruído, creio, com chapéu e tudo, para turista ver e abrir o apetite para outros moai que, apesar da chuva, não arredavam pé, estavam rigorosamente há séculos à nossa espera. 

Na avenida central há umas tantas lojas de rent-a-car, eu trouxe a carta de condução prevendo a eventualidade de alugar algures um automóvel. Na outra Volta ao Mundo, a partir de Fermantle e Perth, deliciei-me pelas estradas do oeste da Austrália conduzindo durante três dias, e mais de mil quilómetros, um Toyota novinho em folha.

Agora fui ver carros e preços. Por 24 horas (não havia menos tempo de aluguer) teria de pagar 50 dólares, mais a gasolina. Os automóveis eram uns Seats pequeninos a fingir de jeep. A Hai Yuan assustou-se, o carro que me destinavam tinha pneus meio carecas, estava muito sujo, chovia copiosamente, as estradas deviam estar cheias de buracos, etc. Vamos esquecer o rent-a-car. 

Logo adiante, estava estacionada uma carrinha aberta com dez lugares e um cartaz onde se lia que levava pessoas para a praia de Anakena, a melhor da ilha, com um excepcional friso de moais, junto ao mar, pela módica quantia de 7 mil pesos chilenos, cerca de 9 dólares por pessoa, ida e volta. Pergunto se nos levam até Anakena, com passagem pelos quinze moais de Tongniki, num desvio, de mais uns quilómetros. Chove muito, eles não tem clientes, e meio dia, levam-nos a dar a volta por 25 dólares, os dois.

Ir-nos-ão buscar à praia de Anakena, às cinco da tarde. Negócio feito. Entramos na carrinha com os lugares abertos atrás todos vazios, sentando-nos nos  bancos da frente da carrinha, ao lado do condutor, um velho bonacheirão que também quer saber quem somos, de onde vimos, etc. Noto que tem traços de polinésio,  questiono-o também. Diz-me que hoje já não existem famílias rapanui, os autóctones, puras, os colonizadores chilenos chegaram no século XIX e cruzaram-se com os poucos polinésios que habitavam a ilha da Páscoa.

Vamos então entrar por dentro deste surpreendente lugar e tentar conhecê-lo.

Saimos de Huang Roa pela estrada do aeroporto que me pareceu bem desenhado, aproveitando dois quilómetros de terreno nivelado, e cortamos em direcção a Tongniki por caminhos de bom alcatrão alcandorados na falésia, debruçados sobre o mar. De repente, numa planície com um monte ao fundo, aparecem os moais, todos diferentes, todos parecidos, quinze enormes estátuas saudando o visitante. 

Paramos, tiramos fotografias e, encharcados, felizes, continuamos viagem, mais uns quinze quilómetros até à praia de Anakena, um lugar de assombro neste cu de Judas, suspenso nas lonjuras do mundo. A chuva abrandou, há gente tomando banho no mar, nas águas de uma baía abrigada, numa praia que apetece. Em baixo, temos sete moais de costas voltadas para o oceano, imponentes sobre a plataforma ahu prometendo proteger a gente do interior da ilha de todas as calamidade e desgraças.

Há mais um moai solto, mais acima, impávido há séculos, contemplando distraído a passagem dos turistas à chuva, turistas que o fotografam e se fotografam com ele. Na praia pergunto a um jovem casal chileno acabado de sair do mar, como está a temperatura da água. Dizem-me que está mais quente dentro de água do que cá fora. Não hesitamos. Mesmo com céu cinzentíssimo, com pingos de chuva humedecendo a areia e os nossos corpos, é tempo de entrar no mar. mergulhar no Oceano Pacífico, o que não acontecia há mais de três anos, quando dos banhos nas ilhas de Samoa e de Tonga. A água estava mesmo quente, que prazer! 

Depois nas cabanas de madeira que servem de banheiro, lojinhas e restaurantes, quase vazias porque hoje, em tempo de Verão, temos um perfeito dia de Inverno, secamo-nos, limpamo-nos, comemos umas sandes trazidas do barco. E então que sou confrontado com a chegada das galinhas, uma das especificidades da ilha da Páscoa. 

Além de cavalos selvagens, à solta pelas hortas e campos, abundam galinhas nesta ilha. Umas tantas, acompanhadas pela prole, os pintainhos de vários tamanhos e cores, vem conversar comigo, ou melhor, deve-lhes ter cheirado a trigo, do bom (as galinhas tem olfacto?) e estão a espera das migalhas do meu repasto. Por acaso, trouxemos muito pão e entretive-me, durante quase uma hora, a dar de comer, migalha a migalha, a famílias inteiras de animais de capoeira. Quando o pão acabou, tinha mais de 30 galinhas e pintos felizes a minha volta. 

Quem diria que tal haveria de acontecer, alimentar galináceos numa fabulosa praia da ilha da Páscoa, Pacifico Sul, em Fevereiro de 2020!

António Graça de Abreu

Nota do autor:

# Palavras do meu companheiro de viagem Rolando Pires Teixeira, que aqui esteve pela primeira vez em 2017 no seu livro "Uma Volta ao Mundo, apontamentos", Lisboa, Ex-Libris, 217, pag. 180.

[Revisão e fixação de texto para efeitos de edição neste blogue: LG]
______________

Notas do editor:

Último poste da série > 3 de abril de 2020 > Guiné 61/74 - P20808: Viagem de volta ao mundo: em plena pandemia de COVID 19, tentando regressar a casa (Constantino Ferreira & António Graça de Abreu) (5): em navegação, no Oceano Índico, devendo atravessar o equador no dia 6, 2ª feira, de madrugada... mas sem a alegria da primeira vez

domingo, 8 de abril de 2018

Guiné 61/74 - P18502: Notícias (extravagantes) de uma Volta ao Mundo em 100 dias (António Graça de Abreu) - Parte XXXIII: Colombo, capital do Sri Lanka ou Ceilão ou "Taprobana", 15-16 de novembro de 2016


Foto nº 1 > Colombo >  O emblemático edifício da Cargills  Ceylon Limited, fundada em 1844.



Foto nº 2 > Colombo, mesquita muçulmana


Foto nº 3 > O CR7, Cristiano Ronaldo

Foto nº 4 > Na. Sra. Fátima e os Três Pastorinhos



Sri Lanka ou Ceilão > Colombo > 15 e 16 de novembro de 2016


Fotos (e legendas): © António Graça de Abreu (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Continuação da publicação das crónicas da "viagem à volta ao mundo em 100 dias", do nosso camarada António Graça de Abreu, 
Escritor, poeta, sinólogo, ex-alf mil SGE, CAOP 1 [Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, 1972/74], membro sénior da nossa Tabanca Grande, e ativo colaborador do nosso blogue com mais de 200 referências, é casado com a médica chinesa Hai Yuan, natural de Xangai, e tem dois filhos, João e Pedro. Vive no concelho de Cascais.

2. Sinopse da série "Notícias (extravagantes) de uma Volta ao Mundo em 100 dias"

(i) neste cruzeiro à volta do mundo, o nosso camarada e a sua esposa partiram do porto de Barcelona em 1 de setembro de 2016; [não sabemos quanto despenderam, mas o "barco do amor" deve-lhes cobrado uma nota preta: c. 40 mil euros, estimanos nós];

(ii) três semanas depois de o navio italiano "Costa Luminosa", com quase três centenas de metros de comprimento, sair do Mediterrâneo e atravessar o Atlântico, estava no Pacífico, e mais concretamente no Oceano Pacífico, na Costa Rica (21/9/2016) e na Guatemala (24/9/2017), e depois no México (26/9/2017);

(iii) na II etapa da "viagem de volta ao mundo em 100 dias", com um mês de cruzeiro (a primeira parte terá sido "a menos interessante", diz-nos o escritor), o "Costa Luminosa" chega aos EUA, à costa da Califórnia: San Diego e San Pedro (30/9/2016), Long Beach (1/10/2016), Los Angeles (30/9/2016) e São Francisco (3/4/10/2017); no dia 9, está em Honolulu, Hawai, território norte-americano; navega agora em pleno Oceano Pacífico, a caminho da Polinésia, onde há algumas das mais belas ilhas do mundo;

(iv) um mês e meio do início do cruzeiro, em Barcelona, o "Costa Luminosa" atraca no porto de Pago Pago, capital da Samoa Americana, ilha de Tutuila, Polinésia, em 15/10/2016;

(v) seguem-se depois as ilhas Tonga; 
(vi) visita a Auckland, Nova Zelândia, em 20/10/2016;
(vii) volta pela Austrália: Sidney, a capital, e as Montanhas Azuis (24-26 de outubro de 2016);

(viii) o navio "Costa Luminosa" chega, pela manhã de 29710/2016, à cidade de Melbourne, Austrália;
(ix) visita à Austrália Ocidental, enquanto o navio segue depois para Singapura; o Graça de Abreu e esposa alugam um carro e percorrem grande parte da costa seguindo depois em 8 de novembro, de avião para Singapura, e voltando a "apanhar" o seu barco do amor...

(x) de 8 a 10 de novembro. o casal está de visita a Singapura, seguindo depois o cruzeiro para Kuala Lumpur, Malásia (11 de novembro); 
(xi) Phuket, Tailândia (12-13 de novembro);

(xii) Colombo, capitão do Sri Lanka ou Ceilão ou Trapobana (segundo os "Lusíadas", de Luís de Camões. I, 1), em 15-16 de novembro. de 2016;

As armas e os barões assinalados,
Que da ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;



3. Viagem de volta ao mundo em 100 dias > Sri Lanka ou Ceilão, Colombo,  15-16  de novembro de 2016 (pp. 53-53-56, da Parte II)


Junk ceylon sete vezes referida na Peregrinação [, de Fernão Mendes Pinto]


Colombo, Sri Lanka ou Ceilão

Uma abordagem acelerada a Colombo, capital do Sri Lanka, não dá para tirar quaisquer tipo de conclusões sobre este país que, oficialmente, tem um nome curioso, República Democrática Socialista do Sri Lanka. Para o nosso Camões, há cinco séculos atrás, logo no Canto I, na estrofe inicial de “Os Lusíadas”, esta terra era a ilha da Taprobana.

Hoje, República Democrática, não sei, e será Socialista em quê?

Caminhei pelos mercados de rua na zona de Pettah [, Foto nº 1,]  com imensa gente pobre e milhares e milhares de lojas por tudo quanto é sítio, vendedores de toda a espécie de quinquilharia, comida, roupa, tapetes, electrodomésticos, entrei em dois hotéis de cinco estrelas, o Kingsbury e o Hilton. Neste último, à noite, havia um espectáculo com o Engelbert Humperdinck, um cantor canastrão e fora de moda, exactamente como eu que não canto, mas escrevo. Os hotéis correspondem ao mundo dos poucos muito ricos.

Atravessei avenidas com grandes bancos nacionais e internacionais, deambulei entre comandos militares alojados em edifícios com vedações altas de arame farpado e soldados de Kalashnikov à porta, tive a sensação plena de estar num país do terceiro mundo cheio de problemas, onde ainda haverá tanto por fazer.

Colombo mexe, serão 600 mil habitantes industriosos e activos, há arranha-céus a crescer, a linha junto ao mar está sendo reconstruída, mas a desorganização na cidade é imensa. Um trânsito poluindo, conspurcando, atravancando tudo, mas que lentamente funciona, com autocarros meio decrépitos, táxis, motoretas adaptadas a tuk-tuks espalhando-se por tudo quanto é beco, travessa, praça, rua ou avenida.

Faço quilómetros e quilómetros a pé por dentro de Colombo. Na rua principal do bairro de Pettah, encaixada entre os edifícios do pequeno comércio, levanta-se uma original mesquita muçulmana revestida a tijolos e ladrilhos pintados de vermelhão e branco, em curiosa geometria colorida.[Foto nº 2].

Mais adiante, numa rua transversal, aparece um templo hindu com as figuras do costume, bonecos encavalitados uns sobre os outros, guerreiros de enormes bigodaças, damas de seios capitosos, uma misturada de gentes e animais subindo barrocamente pelas paredes externas do templo. À entrada, três cidadãos, de pernas cruzadas sentados no chão diante de uns cestos, pedem-me um dólar. São encantadores de serpentes. Recebida a nota norte-americana, destapam os cestos, tocam uns pífaros e umas bem mandadas cobras-capelo erguem-se no ar.

No enfiamento da rua, chama-me a atenção um painel da Khazana Sports (que empresa é esta?) com uma grande fotografia de um jogador de futebol com a bola nos pés, equipado de branco. Pois, tinha de ser, Cristiano Ronaldo, vestidinho à Real Madrid [Foto nº 3].  É o quarto português que encontro na passeata breve aqui por Colombo, capital do Sri Lanka. Os outros foram Jacinta, Lúcia e Francisco, os três pastorinhos de Fátima rezando diante de Nossa Senhora, com estátuas em tamanho natural, voltados para a rua na entrada da igreja católica de St.Mary’s, não longe do centro da cidade. [Foto nº 4].

No caminhar por Colombo, descubro também umas tantas tabuletas em lojas ou empresas propriedade de pessoas de apelido, Borges, Pereyra, Soyza, nossos primos afastados descendentes de lusitanos que há quinhentos anos aqui se fixaram e mesclaram as vidas com as gentes destas paragens do Ceilão, criando famílias e infindáveis histórias, muitas delas ainda por contar.

Sei que espalhados pelo Sri Lanka, esta “lágrima da Índia”, existem centenas e centenas de prodigiosos templos, sobretudo budistas, a visitar em demorada estadia. Convertido à excelente doutrina de Buda, regressarei um dia, de bigodes ao vento, montado num cavalo branco.

_____________

Nota do editor: