sábado, 12 de julho de 2014

Guiné 63/74 - P13392: Manuscritos(s) (Luís Graça) (36): Revisitar Bissau, cidade da I República, pela mão de Ana Vaz Milheiro, especialista em arquitetura e urbanismo da época colonial (Parte VII): O melhor edifício da cidade, a Associação Comercial, hoje sede do PAIGC, projeto do arquiteto Jorge Chaves, de 1949-1952

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Guiné > Bissau > s/d > Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Bissau. Bilhete Postal, Colecção "Guiné Portuguesa, 144". (Edição Foto Serra, C.P. 239 Bissau. Impresso em Portugal).

Foto: © Agostinho Gaspar / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guine (2010). Todos os direitios reservados [Edução: LG]




Foto: © Virgínio Briote (2005). Todos os direitos reservados



1. Manuscrito(s) (Luís Graça)

Nota de leitura > Ana Vaz Milheiro – Guiné-Bissau: 2011. Lisboa, Circo de ideias, 2012, 52 pp. (Viagens, 5)

Parte VII (*)

Continuação das nossas notas de leitura desta brochura da investigadora e professora do ISCTE -IUL, Ana Vaz Milheiro (que é também crítica do jornal "Público" e que, sabemo-lo,  utilliza
igualmente o nosso blogue como fonte de informação e conhecimento, graças ao seu valioso espólio documental sobre a ex-Guiné portuguesa).

Como temos referido em postes anteriores desta série, este livrinho, profusamente ilustrado com fotografias da autora, a cores, resulta de uma singular viagem à Guiné-Bissau, durante 10 dias, de 2 a 10 de outubro de 2011, .feita por ela e por outro colega arquiteto, bem como pelo antropólogo Eduardo Costa Dias, nosso grã-tabanqueiro.

Ironia da história (ou talvez não, os “vencedores”, em todas as guerras, ficam sempre com os melhores despojos…): “o melhor edifício” de Bissau, na opinião qualificada da nossa cicerone e especialista em arquitetura colonial estadonovista,. Ana Vaz Milheiro, é(era) a sede da nossa conhecida Associação Comercial. Industrial e Agrícola da Guiné, junto ao palácio do governador...

O propjeto é de um jovem arquitecto de Lisboa, Jorge Chaves, e a remonta a 1959-1953. Depois da saída dos portugueses em setembro de 1974,a sede da Associação Comercial  passará a ser, muito naturalmente, a sede do PAIGC, ou sejas. dos novos senhores do território, com Luís Cabral, irmão de Amílcar Cabral (1923-1973), como primeiro presidente da jovem república da Guiné-Bissau.

Mas quem era Jorge Chaves ? Um jovem (e ainda relativamente pouco conhecido) arquiteto de Lisboa que não pertencia ao Gabinete de Urbanização Colonial. Nasceu em 1920 e morreu em 1981. Seu nome completo: Jorge Ribeiro Ferreira Chaves

 (…) “Activo profissionalmente entre 1941 e 1981, é considerado um dos mais perfeccionistas arquitectos portugueses.

Realiza, em atelier próprio, desde 1946, várias dezenas de projectos, para Portugal continental, Madeira, Guiné e Angola, dos quais se destacam a Pastelaria Mexicana, a loja Palissi Galvani, os Laboratórios Cannobio, um edifício de habitação na Rua Ilha do Príncipe e o Hotel Florida, em Lisboa, o Hotel Garbe, o Hotel da Baleeira e o Hotel Globo, no Algarve, a Câmara de Comércio de Bissau e a Caixa Geral de Depósitos de S. Pedro do Sul.” (..)
(Fonte: Jorge Ferreira Chaves, Wikipédia)

Nascido em Cabo Verde, Jorge Chaves fixou-se definitivamente em Lisboa a partir de 1931.  Mas deixemos à Ana Vaz Milheiro a apresentação do edício:

(…) “O projeto é escolhido em concurso lançado em Lisboa, no Porto e em Bissau, em 1949. O representante do Sindicato Nacional dos Arquitectos no júri é então João Simões, arquitecto experimentado em projetos para os Trópicos. De estrutura pavilhonar, em L, o edifício do PAIGC introduz uma qualidade de desenho que será difícil igualar em outros momentos da cultura arquitectónica luso-guineense. No interior o programa de decoração deve ter contado com a colaboração de Luís Possolo, arquitecto do Gabinete, ainda que treinado na Architectural Association, em Londres, No início dos anos cinquenta, a resposta portuguesa a uma arquitectura tropical encontra aqui, portanto, a sua melhor expressão” (p. 26).

Na opinião de outros arquitectos de renome que trabalharam para África, o edifício desenhado por Jorge Chaves (com murais de José Escada), pelo arrojo das suas linhas, conforto, mordernidade e até riqueza, não ficava atrás da arquitectura de Brasília, por exemplo, e era unanimemente considerado como o melhor edifício que nós deixámos em Bissau, do ponto de vista arquitectónico.

Jorge Chaves não pertencia ao Gabinete de Urbanização Colonial (ou do Ultramar, como passou a ser chamado, a partir de 1951), e daí talvez a razão do projeto ter uma modernidade que não seria possível dentro do paradigma da arquitectura colonial de então, marcado pelos constrangimentos da funcionalidade, adaptação ao clima, resistência e uso de materiais de baixo custo de manutenção.

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Guiné 63/74 - P13391: Parabéns a você (761): António Dâmaso, Sargento-Mor Paraquedista Reformado (Guiné, CCP 122 e 123 / BCP 12)

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Nota do editor

Último poste da série de 9 de Julho de 2014 > Guiné 63/74 - P13379: Parabéns a você (760): Adriano Moreira, ex-Fur Mil Enf da CCAÇ 2412 (Guiné, 1968/70); Arménio Estorninho, ex-1.º Cabo Mec Auto da CCAÇ 2381 (Guiné, 1968/70) e Joaquim Carlos Peixoto, ex-Fur Mil da CCAÇ 3414 (Guiné, 1971/73)

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Guiné 63/74 - P13390: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte XV: Encontro do sold cond auto João Bento Guilherme com a morte em Lamel, em 14/12/1970... Era natural de Almeirim e pertencia à CCS//BCAÇ 2879 (Farim, 1969/71) (Armando Mota, ex-alf mil, 1º pelotão)


















1. Histórias da CCAÇ 2533 > Parte XV (Armando Mota, alf mil at inf, 1º pelotão):

Continuamos a publicar as "histórias da CCAÇ 2533", a partir do livro editado pelo ex-1º cabo quarteleiro, Joaquim Lessa, e impresso na Tipografia Lessa, na Maia (115 pp. + 30 pp, inumeradas, de fotografias). (*)

Registe-se, como facto digno de nota, que esta publicação é uma obra coletiva, feita com a participação de diversos ex-militares da companhia (oficiais, sargentos e praças).

A brochura chegou-nos às mãos, em suporte digital, através do Luís Nascimento, que vive em Viseu, e que também nos facultou um exemplar em papel. Até ao momento, é o único representante da CCAÇ 2533, na nossa Tabanca Grande, apesar dos convites, públicos, que temos feito aos autores cujas histórias vamos publicando.

Temos autorização do editor e autores para dar a conhecer, a um público mais vasto de amigos e camaradas da Guiné, as aventuras e desventuras vividas pelo pessoal da CCAÇ 2533, companhia independente que esteve sediada em Canjambari e Farim, região do Oio, ao serviço do BCAÇ 2879, o batalhão dos Cobras (Farim, 1969/71).(*)

Desta vez vamos publicar mais 1 das histórias, contadas pelo ex-alf mil Armando Mota, do 1º pelotão: (i)  o encontro do sold cond auto Guilherme com a morte em Lamel (pp. 65/67). (**)

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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 7 de julho de 2014 > Guiné 63/74 - P13371: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte XIV: (i) a queda granada da bazuca; (ii) samba em Lisboa; e (iii) a caçada dos passarinhos (Armando Mota, ex-alf mil at inf, 1º pelotão)

(**) Segundo a preciosa informação constante das listagens,  por concelho, nos mortos no Ultramar,  e disponinbilizadas pelo portal UItramar Terraweb, o nosso infortunado camarada João Bento Guilherme, era natural de Fazendas de Almeirim, freguesia do concelho de Almeirim onde repousa em paz.

Guiné 63/74 - P13389: Notas de leitura (610): "Exploradores Portugueses e Reis Africanos, Viagens ao Coração de África no Século XIX", por Frederico Delgado Rosa e Filipe Verde (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 10 de Janeiro de 2014:

Queridos amigos,
Asseguro-vos que a leitura desta obra vos irá surpreender, os nomes sonantes dos exploradores portugueses, que irão depois alcançar o estatuto de heróis, vão aparecer nestas páginas a viajar até às faustosas capitais dos poderosos reinos africanos. Exploradores que são envolvidos numa teia de exigências, caprichos régios e intrigas palacianas.
É um livro original, escrito como um romance de aventuras, desvela relatos empolgantes de viagens que são hoje uma janela sobre o mundo desaparecido. Viagens que preludiaram a partilha de África pelas potências europeias e que atravessaram, para o melhor e para o pior, o sistema político liberal, a I República e o Estado Novo.
Lê-se este livro e tem-se a noção exata como o Império era um gigante com pés de barro.

Um abraço do
Mário


Exploradores portugueses e reis africanos: Um documento assombroso sobre viagens em África no século XIX

Beja Santos

“Exploradores Portugueses e Reis Africanos, Viagens ao Coração de África no século XIX”, por Frederico Delgado Rosa e Filipe Verde, A Esfera dos Livros, 2013, é o que se chama uma lança em África, é original, arrebatador, são histórias muito bem contadas, um thriller dos sertões, páginas desconhecidas ou esquecidas de um período febril das nossas incursões de Angola à contracosta. Logo no prólogo percebemos que temos uma gloriosa empreitada pela frente: “Este é um livro sobre África, a história da exploração de África e um conjunto de portugueses que no século XIX entraram por esse continente dentro e nos deixaram testemunhos do que aí encontraram, descobriram e viveram. São eles António Gamito, Joaquim Rodrigues Graça, António da Silva Porto, Alexandre de Serpa Pinto, Hermenegildo Capelo, Roberto Ivens e Henrique Carvalho. Alguns ainda hoje perduram na memória coletiva, outros estão votados a um cada vez maior esquecimento (…) Algures entre a Antropologia, a Literatura de Viagem e a História, é um livro para pessoas que, como nós movidas por uma curiosidade adolescente, folheiam todo o relato de exploração que encontram e sentem verdadeiro prazer em ler alguns deles. Têm aqui particular destaque os fascinantes e intensos encontros que os exploradores tiveram com os sobranos dos três maiores impérios centro-sul-africanos desse tempo: a Lunda, o Cazembe e o Barotze. Noéji, Sekeletu, Lobossi, Xa Madiamba, não são certamente nomes conhecidos do leitor comum, mas encarnavam o supremo estatuto que uma sociedade pode conferir a um dos seus membros, o de ser um rei sagrado (…) A importância destes homens advém, não da fama que gozaram em vida, mas dos textos em que relataram as suas viagens e experiências e que nos oferecem uma janela que nos dá a ver uma África e um modo de encontro entre africanos e europeus que o tempo há muito fez desaparecer”.

É inegavelmente uma época de explorações emocionantes, como os autores igualmente recordam: “Em meados de Oitocentos, a zona central dos mapas de África era um enorme espaço em branco. Cinquenta anos depois, estava preenchida nos seus traços principais. Em breve, por força de uma súbita e feroz competição imperial, sobrepor-se-iam às linhas da geografia as fronteiras políticas das novas colónias europeias”. É esta a África misteriosa e palustre (malária, disenteria, febre…) que atrai homens ousados e audazes com diferentes preparações e graus de conhecimento. Alguns deles vão morrer durante a exploração, outros terão a temeridade de ir vencendo os obstáculos, conseguirão revelar África e surpreender vastos auditórios. Oiçamos os autores: “A fama de alguns deles – David Livingstone, Richard Burton, John Speke, Verney Cameron, Henry Stanley, Pierre de Brazza e alguns portugueses de que este livro se ocupa – tornou-se maior do que as suas vidas, por intensas que estas possam ter sido. A nova geração de exploradores africanos beneficiava do conhecimento dos erros cometidos pelos seus antecessores e assim entraram em África com meios de defesa suficientes para garantir a segurança das pessoas e dos muitos bens que transportavam para pagar os custos de manter alimentada a expedição e os direitos de passagem, por vezes exorbitantes, exigidos por todo o pequeno, médio e grande chefe e soberano africano. Beneficiavam também de meios técnicos e humanos por vezes impressionantes. Stanley transportou um barco desmontável da costa oriental até ao Lualaba, no centro do continente, Livingstone fez o mesmo na sua expedição ao Zambeze; e algumas expedições partiam da costa com 300 ou 400 carregadores e, até onde isso era possível, com dezenas de bestas de carga. Por último, e talvez mais fundamentalmente, beneficiavam de recentes descobertas da medicina que, entre outras coisas, havia criado o primeiro profilático da malária, a mais mortal das doenças africanas”.

É escusado insistir na tecla de que este livro é empolgante do princípio ao fim, quem já leu As Minas de Salomão e os romances de Emílio Salgari irá sorver estas expedições perigosas onde se envolviam também sertanejos e ambaquistas, reis déspotas e cruéis, será confrontado com choques de civilizações, descrições que hoje nos arrepiam os cabelos, mas dentro do quadro oitocentista de valores, um exemplo em Capelo e Ivens: “O negro típico tem basta carapinha, espessa como a lã, raras vezes barba ou bigode, é de baixa estatura, tem a fronte deprimida, proeminente o occiput, bem como as queixadas e arcadas zigomáticas, adiantando-se-lhe do mesmo modo que nos quadrúpedes glutões, a boca, guarnecida de largos e grossos lábios”. Os autores deixam outra advertência que tornam a leitura ainda mais estimulante: “A faixa do continente atravessada pelas explorações de que este livro trata é sob todos os pontos de vista – geográfico, climático, linguístico, cultural – imensamente diversa. Do extremo Norte até ao extremo Sul, as florestas tropicais tornam-se gradualmente em savanas húmidas e cada vez mais secas que se transformam em extensas zonas desérticas. Hidrograficamente é dominada pelas bacias do Congo e do Zambeze que correm em direção ao Atlântico e ao Índico. A maioria da sua população era de raiz banta (…) Nesta faixa, a maioria das sociedades tinha sistemas políticos de média escala, organizados a partir de princípios de parentesco linhageiros e de relações clientelares em que a integração dos grupos era situacional. Mas havia também pequenos bandos politicamente acéfalos de caçadores-recolectores que sobreviviam em termos igualitários e desde tempos imemoriais em limites extremos de subsistência. E, por fim, impérios, governados por aristocracias e soberanos despóticos e que estendiam o seu domínio por enormes áreas”.

Todos estes exploradores portugueses caminhavam para as capitais e cortes dos principais impérios centro-africanos do século XIX, e os autores precisam: “António Gamito alcançou o Cazembe em 1831. Silva Porto, o europeu que porventura melhor conhecia os caminhos dessas regiões de África, esteve várias vezes no Barotze, então sob o domínio dos invasores Macocolos, e em várias zonas do império lunda, cuja capital foi visitada por Rodrigues Graça e Henrique de Carvalho. Serpa Pinto, na sua travessia de Benguela a Durban, foi também de encontro ao Barotze”.

O rei português era conhecido por estes povos como o “imão” Muene Puto, irmão que será sempre invocado para a diplomacia e para o comércio. Prepare-se pois o leitor para expedições onde se passará fome e sede, se viverá o terror, a doença, o deslumbramento da paisagem, serão referidas páginas de diário, algumas delas de inegável beleza e outras de confrangimento extremo; há relatos de esplendor e terror, encontros memoráveis como o de Silva Porto com Livingstone, que dará pasto para enormes controvérsias, falamos do mesmo Silva Porto que se suicidou em 1890, envolto na bandeira de Portugal sobre um barril de pólvora, ao ver ruir o mundo dos sertanejos com a chegada dos britânicos, que tinham imposto o ultimato. Este livro é um filme onde também contracenarão figuras como Serpa Pinto e Henrique de Carvalho.

Leitura indispensável para se perceber como o império português tinha pés de barro, que naquele século XIX provocou furor e esperança mas que rapidamente desiludiu as promessas de futuros de abundância, até que um dia se extinguiu, de forma condizente com o que sempre fora.
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Nota do editor

Último poste da série de 7 DE JULHO DE 2014 > Guiné 63/74 - P13372: Notas de leitura (609): "Às 5 da tarde", por António Loja (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P13388: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (86): A banda musical portuguesa Melech Mechaya de novo em terras escandinavas, Finlândia e Suécia (José Belo, régulo da Tabanca da Lapónia)


Suécia, Urkult. Cortesia de José Belo. Fonte:  Laplandkeywest.blogspot.com/

1. O Zé Belo (Joseph, para os "vikings"), grande régulo da Tabanca da Lapónia, o "tuga" que vive entre Kiruna (a 140 e tal km do círculo polar ártico) e Key West, na Flórida, EUA, mandou-nos um mail para a caixa do correio da Tabanca Grande, dando conta da passagem, por terras do norte da Europa, da banda portuguesa Melech Mechaya, de que faz parte o nosso grã-tabanqueiro João Graça.

O lusolapão José Belo...
Joseph Belo
11 jul 2014 19:46

Assunto - Os Melech Mechaya por terras escandinavas

O grupo teve bastante êxito, tanto artístico como pessoal, junto dos finlandeses e suecos no ano passado.

Os nossos Camaradas e Amigos da Tabanca Grande podem sentir orgulho nestes jovens de uma nova geraçäo, cheia de criatividade. Um deles, o João Graça, é membro de pleno direito do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, pelo seu trabalho como médico (voluntário) na Guiné-Bissau, em finais de 2009.

Nós, os "antigos", temos por vezes demasiada facilidade em criticar aqueles que representam o presente, e não menos o futuro.

O meu convívio (aqui) com estes portugueses, no ano passado, depois de um "assuecamento" de quase 40 anos, fez-me sentir orgulho neles.

Um abraço do José Belo.

[ Recorde-se: o José Belo foi alf mil inf da CCAÇ 2381, Ingoré, Buba, Aldeia Formosa, Mampatá e Empada, 1968/70; cap inf ref,   é  jurista,  vive Suécia há 4 décadas, e onde formou família; tem um blogue, Lapland - Key West].

 2. Comentário de L.G.:

Zé, mais uma vez obrigado pelo acolhimento que fizeste aos rapazes da banda Melech Mechaya, em 2013 e pela  divulgação que acabas de fazer, no teu blogue, sobre a sua presença de novo em terras escandinavas este ano.

Os Melech Mechaya estiveram, de facto, na Finlândia, nos dias 10 e 11 do corrente, e vão estar de novo na tua terra de adoção, em agosto. mais exatamente no festival de Urkult, a 2 de agosto (e não 4...). [Ver aqui a página da banda e também a sua página no Facebook ].  Não sei se nessa altura será possível vocês reencontrarem-se.

De qualquer modo, quero que saibas que eles estão também orgulhosos de ti. Por parte do João Graça, é caso para dizer que o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca é Grande...

Um abraço fraterno, daqui, da ponta mais ocidental da velha Europa...
Luís
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Nota do editor:

Último poste da série > 8 de junho de  2014 > Guiné 63/74 - P13256: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (85): Manuel Mendes, o "Lisboa", o "soldado 29", do 3º pelotão, reencontra finalmente, meio século depois, os seus camaradas da CCAÇ 728 (Catió, Cachil, Bedanda e Bissau, 1964/66), graças aos esforços da sua nora Samdra Moutinho e do nosso blogue... Esteve ontem no convívio anual, em Fernão Ferro, dos "Palmeirins de Catíó"

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Guiné 63/74 - P13387: Blogoterapia (254): Nos encontros da malta, no meu tempo, no CTIG, ouvi milhentas histórias, onde tudo era possível, não havia limites para a imaginação (Ernesto Duarte, ex-fur mil, CCAÇ 1421, Mansabá, 1965/67)

1. Mensagem de Ernesto Duarte, ex-fur mil, CCAÇ 1421/BCAÇ 1857, Mansabá, 1965/67, poeta, algarvio]

Data: 3 de Julho de 2014 às 23:59

Assunto: Execuções

Boa noite, Luís:


Execuções sumárias!,,, Não me fez dar um salto, mas fez-me mexer !

Até 1967 a comunicação entre militares na Guiné era feita de duas maneiras:

(i) o bate estradas, atrasados na própria unidade quando eram enviados para SPM da Guiné;

(ii) encontro de militares

Esses encontros davam-se:

(i) quando faziam operações em conjunto;

(ii) quando faziam limpezas a estradas até se encontrarem;

(iii) e os que iam a Bissau.

Nestes encontros ouvi milhentas histórias, onde tudo era possível, não havia limites para a imaginação.

Eu sempre fui um tipo de tabanca! Sempre falei muito com gentes da tabanca, gentes antes da guerra. Incluindo o Mamadu Seidi.

Eles falavam, mas falavam com medo, notava-se, o medo imperava, era muito difícil conseguir a plena confiança de alguém, até por uma razão, muitos eram refugiados naquela tabanca, a tabanca deles era outra. E diziam que, quando as tabancas se revoltaram, e apareceu a tropa e policias, que se derramou muito sangue !

Mais tarde oiço aos Águias Negras [, CART 1525, Bissorã, 1965/67] que tinham feito o caminho que eu voltei a fazer mais do que uma vez, que tinha havido muito sangue.

Saíamos em operação a uma determinada área que estava, estavam todas cheias de população, havia uns tiros, a metralha disparava, quantos inocentes ficavam naquelas tabancas ? Execuções sumárias ? Não, não, eram execuções sumárias, no sentido exato da palavra, mas...

Eu ter pleno conhecimento de alguém, pura e simplesmente, abater uma pessoa, com convicção,,, não, não tenho, nem sei bem como foi. Mas sei que foram abatidos guias prisioneiros, por comandos que foram heróis nacionais, antes e depois, e que já morreram o que para mim ainda é mais penoso falar.

Havia aqui na minha região uns fulanos de 61, 62 e 63, mas não os encontrei, melhor encontrei uns fuzileiros de 62, mas sabem muito pouco ou não querem falar.

Claro que eu não lhe falei nas execuções, mas tentei que eles me falassem da época deles, época antes da minha !
Luís, não respondi, como pedias, mas eu não podia deixar de dizer duas palavras sobre o assunto, sem falar nos milhares e milhares de tiros que foram dados naquele OIO, com tanta população no meio.

E aqui ponho em duvida se o próprio IN estava organizado para não apanhar os seus, eu penso que não !

Só quem entrou numa dessas tabancas com tiros de todos os lados e morteiradas caindo, caindo, gente fugindo em todas as direções com animais à mistura!...

São cenas loucas de uma tragédia sem limites, só comparada a outra igual e que infelizmente continuam a realizarem-se por esse mundo fora, nos dias de hoje, com a mesma tragédia dantesca, imaginável !

Um grande abraço

Ernesto Duarte
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Nota do editor:

´Último poste da série > 1 de julho de 2014 > Guiné 63/74 - P13353: Blogoterapia (253): Não é pessimismo, muito menos um lamento, quando muito um recado... (Ernesto Duarte, ex-fur mil, CCAÇ 1421/BCAÇ 1857, Mansabá, 1965/67, poeta, algarvio)

Guiné 63/74 - P13386: Inquérito online: num total de 107 respostas, 74 (69%) não tiveram conhecimento de eventuais execuções sumárias de prisioneiros no CTIG... Só 7 dizem que foram testemunhas presenciais. Comentários de Virgínio Briote, Augusto Silva, Manuel Lomba e Cherno Baldé


Guiné > Região do Cacheu > Barro > CCAÇ 3 > 1968 > Um prisioneiro, elemento suspeito de ser do PAIGC.

Foto: © A. Marques Lopes (2005). Todos os direitos reservados. [Edição: LG]


I. Terminou,  às 22h de 3 de julho de 2014,  uma das nossas pequenas "sondagens",  desta vez  sobre um tema "melindroso", que pode ferir as suscetibilidiades de alguns camaradas nossos, mas em relação ao qual não podemos deixar de ter opinião, em nome do nosso direito à memória mas também ao nosso direito ao bom nome... Não temos cadáveres escondidos no armário, falamos de tudo (ou quase tudo) com serenidade, isenção, preocupação de rigor e verdade e direito ao contraditório...

E sobretudo não queremos que daqui a 10, 20, 30, 40 ou 50 anos, quando nós já não estivermos cá, venham fazer acusações gratuitas a uma geração que, na sua generalidade, combateu nas bolanhas e matas da Guiné com honra, coragem e humanidade, dando oportunidade aos políticos da época para encontrarem soluções para a paz...

A guerra que travámos na Guiné não se compara com outras que, histórica e geograficamente, lhe estiveram próximas: por exemplo, a guerra da Argélia (1954-1962), uma dupla guerra de descolonização e uma guerra civil, uma das mais violentas e cruéis do séc. XX. Ainda hoje são polémicos os números das baixas entre civis, guerrilheiros e militares. Para não falarmos da ocorrências, e das acusações, de um lado e doutro, de massacres, tortura e execuções sumárias...

Em todo o caso, a investigação historiográfica (e a documentação) sobre a guerra da Guiné é muito pobre e limitada quando comparada com a da guerra da Argélia... Nem a Argélia era a Guiné, nem a FLN - Frente de Libertação Nacional era o PAIGC, nem Ben Bella (1916-2012) foi o Amílcar Cabral (1924-1973), nem o nosso exército era o exército francês, e muito menos eram os mesmos os interesses em jogo... Recorde-se que numa população de 10 milhões,  em 1954, 1 em cada 10 era de origem europeia, colonos ou descendentes de colonos (mais tarde chamados "pieds noires").

Os resultados da nossa sondagem, que obteve 107 respostas, têm de ser interpretados com todas as reservas, já que o voto é anónimo, não sabemos quem votou, não podemos sequer controlar os votos de gente eventualmente mal intencionada ou que nem sequer tenha combatido no TO da Guiné. Além disso, o voto pode ser feito pela mesma pessoa em computadores diferentes... Portanto, há risco de vieses e sobretudo a amostra de modo algum representa (nem era essa a intenção) o vasto e complexo de universo combatentes  que passaram pela Guiné, entre 1959 e 1974. Cremos, em todo o caso, que as respostas são-no de camaradas que fazem parte da Tabanca Grande, que nos leem regularmente, que partilham dos nossos princípios e  valores, e que responderam de boa fé. Apresentamos a seguir alguns comentários sobre este tema.


II. Sondagem sobre "eventuais execuções sumárias de elementos IN, por parte das NT, no CTIG"...

Respostas (n=107)

1. Nunca participei
11 (10,3%)

2. Nunca assisti
12 (11,2%)

3. Nunca ouvi falar
51 (47,7%)

4. Participei
1 (0,9%)

5. Assisti
6 (5,6%)

6. Ouvi falar
25 (23,4%)

7. Não sei ou não me lembro
1 (0,9%)

3. Comentários de 3 camaradas nossos,  V. Briote, A. Silva Santos, M. Lomba, e 1 amigo guineense, o Cherno Baldé, todos grã-tabanqueiros (*)


(i) Virgínio Briote [ex-al mil cmd, cmtd Gr Diabólicos, CCmds, CTIG, Brá, 1965/67] [, foto à direita do Café Bento, maio de 1965]

Estive lá [, em Jolmete,]  com o meu grupo cerca de uma semana em Out/Nov 65, a render o grupo do Luís Rainha (o Júlio Abreu deve ter lá estado) que durante o ataque (que julgo ter sido o 1.º) teve três feridos, um dos quais com muita gravidade. A Companhia que lá estava era comandada, salvo erro, pelo cap. Corte Real (mais tarde morto numa mina a/c entre Farim e o K3. 

Durante o tempo em que lá permaneci não me lembro de ter ouvido qualquer alusão a esses fuzilamentos. Contactámos com a população, nomadizámos na zona, vimos barracas abandonadas, notava-se agitação recente naquela zona. Mesmo em Teixeira Pinto, onde estivemos em trânsito, à ida e no regresso, não me lembro de ter ouvido o que quer que fosse sobre o assunto. 

Não ponho em dúvida que tal facto tenha ocorrido, quem participou em confrontos armados sabe o que é a Guerra e como ela transforma os homens. Algo surpreendente é que tal facto tenha escapado a tanta informação produzida durante treze anos de luta e surja apenas 40 anos depois da guerra ter terminado. (...)


(ii) Augusto Silva Santos [ex-Fur Mil da CCAÇ 3306/BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73]

(...) Eu estive em Jolmete durante todo o ano de 1972, incorporado na CCaç 3306 / BCaç 3833. Apesar da distância temporal entre os factos relatados e a minha presença em Jolmete, nunca senti da parte da população da tabanca, qualquer animosidade para com as NT relacionadas com essa possível ocorrência, nem nunca ouvi falar desse eventual massacre.

Sem querer pôr em causa o que relatou o nosso camarada António Medina, julgo que se tal acontecimento tivesse de facto ocorrido, o mesmo seria por certo perpetuado ao longo dos tempos, até por implicar morte de familiares. Gostaria ainda de salientar que, na altura da minha passagem por Jolmete, o filho do então régulo era o Cajan, que pertencia ao Pelotão de Caçadores Nativos, e com o qual eu tinha um relacionamento próximo e com quem falava com alguma frequência sobre os mais variados assuntos, e nunca o ouvi mencionar fosse o que fosse sobre semelhante ocorrência, embora tenhamos por exemplo falado sobre a morte dos oficiais portugueses ocorrida na estrada Pelundo / Jolmete. 

O Cajan, como sucessor legítimo por morte do pai, é ainda hoje o régulo de Jolmete, apesar de ter colaborado com as NT. Porque me poderia na altura ter escapado alguma informação sobre este possível caso, e para não estar aqui a relatar algo incorrecto, entrei em contacto com ex-camaradas meus daquela CCaç, um dos quais muito próximo do comando da Companhia,  e todos eles foram unânimes em afirmar que não ouviram falar sobre semelhante situação. 

Talvez o camarada António Medina (**) esteja na posse de mais elementos que possam esclarecer melhor o que de facto ocorreu. (...)


(iii) Manuel Luís Lomba [ ex-Fur Mil da CCAV 703/BCAV 705, Bissau, Cufar e Buruntuma, 1964/66]

Como ciência e arte humana de matar em escala, a guerra contém de tudo - até crimes.

Em 1964/65, o Comando-chefe (gen A. Schulz) lançou-nos como tropa de intervenção pelo norte, centro e sul da Guiné, em missões de emboscadas, batidas e "cerco, assalto, busca e destruição" às tabancas onde as populações já estariam para o PAIGC como a água para o peixe. E era o medo que nos impelia a metralhar instintivamente tudo o que bulisse, folha, bicho ou gente. E assim fomos colhendo algumas eliminações, mais de populares que do IN, que não serão a mesma coisa que execuções premeditadas, aqui invocadas como sumárias - crimes abomináveis.

Fomos lançados na guerra da Guiné não como criminosos, mas como soldados. Os combates foram recorrentes, durante toda a nossa comissão e foi o seu contexto que nos formou a consciência e a ética de realizar as missões subordinados ao seu primado.

Aconteceram episódios de execução, de prisioneiros sob custódia, em pequeníssima escala, não pelo código de guerra das nossas FA, mas pela multiplicidade das idiossincrasias dos seus membros. Fiz público o conhecimento dum caso e da sua generalizada reprovação.

Se Amílcar Cabral mandasse entregar à tropa os seus correlegionários que condenou à morte, no I Congresso de Cassacá, em Fevereiro de 1964, por crimes de delito comum, eles teriam escapado à execução dessa pena, porque seriam tratados não como cidadãos bissau-guineenses, mas como cidadãos portugueses. Sob a bandeira de Portugal, a Guiné funcionava como Estado; o Estado que aquele líder acabava de criar nesse congresso não passaria da ficção. 

A partir da execução por enforcamento do famigerado Vegueiro, no século XIX, jamais haverá em Portugal julgamentos ou condenações à morte. 

Amílcar Cabral coexistiu em Bissau e Fá com o governador e com a PIDE e os fundadores do MLG, provocadores do "massacre" do Pidjiquiti e do terrorismo em Susana e Varela e os principais quadros do PAIGCV que a PIDE prendeu, com a ajuda do Exército, foram sujeitos a julgamento judicial, uns absolvidos e outros condenados a prisão, que cumpriram em Bissau ou no Tarrafal. Esses acontecimentos serão coevos ao "massacre de Jolmete". (...)


(iv) Cherno Baldé [, foto à esquerda,  jovem estudante em Kichinev, Moldavia, dezembro de 1985; é quadro superior, vive em Bissau]

(...) Acho que assistimos a um debate importante e muito interessante sob todos os pontos de vista que, de certo modo, confirma uma das forças do pensamento europeu e ocidental, que é a força da contradição.

Gostei do comentário de Manuel Carvalho, tão directo e profundo que faz recordar os clássicos da filosofia grega.

Prestei especial atenção ao texto do amigo Manuel L. Lomba que resume a situação e acaba com o vazio das dúvidas que podiam existir.

Facto relevante e uma possível pista a explorar sobre o episódio da emboscada em Jolmete pode estar relacionado com o MLG  [, Movimento de Libertação da Guiné,.] que tinha um contencioso, no meio de grandes rivalidades, com o PAI de Amílcar Cabral (ver o livro de Julião Soares). Assim, os homens da tal emboscada podiam pertencer a um outro movimento que não o PAIGC. É uma mera hipótese que poderá explicar o desconhecimento ou o silêncio por parte do PAIGC sobre este trágico acontecimento.

Eu acredito na versão do A. Medina que, a meu ver, não tem nenhum interesse em denegrir a imagem de Portugal e das forças armadas que o próprio serviu na juventude.

Precisamos é  reflectir, sem tabus, sobre as causas que poderiam ter levado a tais excessos. Não é segredo nenhum se se disser que a colonização sempre se fez com base na utilização da repressão, logo da violência, a mesma que serviu de pretexto, aos nacionalistas, para a Guerra de "libertação" que acabou por nos prender nas malhas da tirania que hoje conhecemos. (...)
_______________

Notas do editor

(*) Vd. postes de:

30 de junho de 2014 > Guiné 63/74 - P13349: Sondagem sobre a ocorrência de eventuais execuções sumárias de elementos IN ou pop, por parte das NT, no CTIG

26 de junho de 2014 > Guiné 63/74 - P13333: (Ex)citações (234): Comentários ao poste do António Medina sobre os acontecimentos de 1964 em Jolmete: Vasco Pires, António Graça de Abreu, Manuel Carvalho, Joaquim Luís Fernandes, Júlio Abreu, Manuel Luís Lomba, António Rosinha e António Medina

(**) Vd. poste de 24 de junho de 2014 > Guiné 63/74 - P13326: De Lisboa a Bissau, passando por Lamego: CART 527 (1963/65) (António Medina) - Parte II: Foi há 50 anos, a 24 de junho de 1964, sofremos uma emboscada no regresso ao quartel, que teria depois trágicas consequências para a população de Jolmete: como represália, cerca de 20 homens, incluindo o régulo e o neto, serão condenados à morte e executados pelas NT, dois meses depois

Guiné 63/74 - P13385: Álbum fotográfico de Victor Garcia (ex-1º cabo at cav, CCAV 2639, Binar, Bula e Capunga, 1969/71): partida de Lisboa, no T/T Uíge, em 22/10/1969, e chegada a Bissau, a 28/10/1969



Lisboa > Cais da Rocha Conde de Óbidos > 22 de outubro de 1969 > Embarque do pessoal da CCAV 2639 (I)


Lisboa > Cais da Rocha Conde de Óbidos > 22 de outubro de 1969 > Embarque do pessoal da CCAV 2639 (II)


Lisboa > Cais da Rocha Conde de Óbidos > 22 de outubro de 1969 > Embarque do pessoal da CCAV 2639 (III) 



Lisboa > Cais da Rocha Conde de Óbidos > 22 de outubro de 1969 > Embarque do pessoal da CCAV 26439 (IV)


T/T Uíge > Viagem Lisboa-Bissau > 25/10/1969 > CCAV 2639 > Grupo de 1º Cabos: na 2ª fila, de pé: Farelo, Luis Delgado,Pena e Henrique;  1ª fila, Oteda,Garcia e Ferreira.


T/T Uíge > Bissau > 28/10/1969 > Chegada


Guiné > Bissau > 28/10/10969 > CCAV 2639 > Após o desembarque, com o T/T Uíge   ao fundo.

Fotos:  © Victor Garcia (2009) . Todos os direitos reservados (Edição:  L.G.)

Victor Garcia

1. Fotos do álbum do Victor Garcia [ ex-1º cabo at cav, CCAV 2639, Binar, Bula e Capunga, 1969/71], membro da nossa Tabanca Grande desde  15 de setembro de 2008.  

São uma pequena homenagem ao Victor Garcia,  mas também ao seu camarada Mário Lourenço que ele acaba de trazer até nós, para se sentar sob o poilão da nossa Tabanca Grande (*). Desejamos a ambos muita saúde e longa vida, e continuação da vontade de partilhar connosco as suas memórias da Guiné.

O Victor Garcia tem uma página pessoal na Net, onde integrou também um sítio dedicado à sua unidade, a CCAV 2639 (Álbum pessoal, Camaradas, Símbolos, Convívios).

2. Comentário de LG:

Devo dizer que me fascinam estas imagens das nossa(s) partida(s). Centenas de milhares jovens, da nossa geração, passaram por aqui, pelo Cais da Rocha Conde Óbidos a caminho do ultramar... Podem ser repetidas até à exaustão, continuam a mexer connosco... Falarão sempre da saudade de quem parte e de quem fica... Como diz o excerto de um poema meu:

Cais de partida(s)

Sempre detestei os cais de partida,
as estações ferroviárias,
as gares marítimas,
os aeroportos que nos levam ao céu,
as linhas de todas as cores do metro
as paragens de elétricos,
os terminais de autocarro,
e até as praças de táxis,
sítios onde há gente vulgar,
apressada, ou mal dormida,
ou com lágrima fácil ao canto do olho
e até pombos ou gaivotas
debicando restos de comida.

São sombrios e tristes os ares das gares
como é sombrio e triste qualquer lugar
onde se parte e reparte
e há sempre alguém
que fica com a melhor parte.
Campo Grande, Rossio, Santa Apolónia,
Sete Rios, Oriente
Alcântara, Rocha Conde de Óbidos,
que será sempre, para mim,
o Cais 24 de maio de 1969…
Ah!, e mais a norte, 
Leixões, Campanhã,
Devesas, Coimbra B…
Ou mais a sul,
Funchal, Luanda, Bissau,
Xime, Bambadinca, Bafatá…
Quem parte, está
a mais,
e não conta na cidade
e só quem parte, é que leva saudade.
(...)

Resta-me a grande nostalgia dos navios
e dos comboios
que eu nunca tive,
nem em brinquedos,
e que nunca sabotei,
porque nunca fiz parte da resistência,
e onde nunca viajei, em criança,
pela simples razão de nem sequer passarem à minha porta.
Nem entrarem no quarto dos meus medos
Nem existirem, tão pouco, no jardim.
que eu desenhava
no quadro de ardósia
com pau de giz branco.

Menino e moço me levaram da casa de meus pais
para longes terras, Bernardim,
e talvez por isso
ainda hoje me seja mais fácil chegar,
a uma gare ou um cais,
do que partir.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Guiné 63/74 - P13384: Convívios (612): Mais um Encontro da Magnífica Tabanca da Linha, dia 17 de Julho de 2014, em Cascais (José Manuel Matos Dinis)

O local...

... as pessoas


Mais um Encontro da Magnífica Tabanca da Linha, a levar a efeito no próximo dia 17 de Julho de 2014, no Restaurante Oitavos em Cascais


1. Mensagem do nosso camarada José Manuel Matos Dinis (ex-Fur Mil da CCAÇ 2679, Bajocunda, 1970/71), com data de 21 de Março de 2014:

Olá Carlos!
Volto a terreiro para te pedir a publicação no Blogue, do anúncio sobre o próximo Encontro da Magnífica Tabanca da Linha, no próximo dia 17 de Julho corrente - 5ª. feira, no restaurante privativo de Oitavos, à estrada do Guincho, um local de extraordinário recorte paisagístico, e desta vez, esperamos, com a participação luminosa do astro-rei a fazer jus ao Verão que tem andado tão envergonhado e com laivos invernosos.

Portanto, não será necessário aos convivas fazerem-se acompanhar de lanternas para compensar um maquiavélico nevoeiro, e nem sequer temos a expectativa do regresso sebastianista. Tragam antes os fatos de banho e, se chegarem com antecedência suficiente, podem banhar-se nas águas revigorantes do Guincho, que também abrem o apetite.

Como de costume, os camaradas podem fazer-se acompanhar das mulheres, e nos intervalos espraiam olhares pelos horizontes vastos e inspiradores. Para os mais cépticos e descrentes da magnífica impressão causada da última vez, e para os que ainda ficaram a gostar da ementa então servida, e, ainda, a pedido de várias famílias invejosas, o repasto constará de arroz de marisco, na expectativa de batermos o recorde anterior na quantidade dos grãos face à abundância da bicheza, tudo ao módico preço de 15,00 aéreos.

Encarrega-me S.Exa. o Senhor Comandante desta Magnífica Tabanca, Jorge Rosales, de informar todos os interessados, a confirmarem as presenças até ao dia 14 de manhã, e que divulguem pelos seus contactos, na medida em que desconhecemos os mails de alguns dos participantes.

E com estas notícias estivais, o Senhor Comandante e eu, esperamos ir ao encontro de mais uma jornada feliz de confraternização.

Obrigado Carlos pela tua colaboração.
Com um abraço
JD
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Nota do editor

Último poste da série de Guiné 63/74 - P13382: Convívios (611): 10.º Encontro do pessoal da CCAÇ 2726 (Cacine e Cameconde, 1970/72), realizado no passado dia 21 de Junho de 2014 (Luís Paulino)

Guiné 63/74 - P13383: Tabanca Grande (441): Mário Jorge Figueiredo Lourenço, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista da CCAV 2639 (Binar, Pete, Bula, Ponta Consolação e Capunga, 1969/71)

1. Mensagem do nosso camarada e novo amigo Mário Jorge Figueiredo Lourenço, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista da CCAV 2639 (Binar, Pete, Bula, Ponta Consolação e Capunga, 1969/71), com data de 17 de Junho de 2014:

Olá camaradas.
Há já alguns anos que venho seguindo o vosso BLOG, mas só agora tive a ousadia e atrevimento de tentar entrar em contacto convosco, depois de o nosso camarada e amigo Victor Garcia, já referenciado na "tabanca grande" e tendo uma página pessoal da nossa companhia que é aCCAV 2639, ter insistido comigo para ser mais um ex-combatente a entrar na "TABANCA".

Eu apresento-me como o ex-1.º Cabo Radiotelegrafista NM 10121869, Mário Jorge Figueiredo Lourenço a viver na Damaia-Amadora, reformado de uma firma do sector automóvel onde trabalhei 43 anos.
Não sei se necessitam de mais algum elemento, se sim agradecia que me informassem.

Aproveito, embora muito em cima da hora, para comunicar que o nosso 35.º convívio se realiza em 21 de  junho de 2014 em Pedreiras-Porto de Mós.

Desde já, agradecendo a vossa iniciativa e vontade para que os ex-combatentes não sejam totalmente esquecidos (porque esquecidos e por vezes humilhados já são há muito tempo) digo totalmente porque quando alguém pensa em cortes nas reformas, lembram-se logo de nós.

Um grande abraço a todos os ex-combatentes de África, e Timor com os desejos de muita saúde e que sejam lembrados sempre.
Mário


2. No dia 4 de Julho foi enviada a seguinte resposta ao nosso camarada:

Caro camarada Mário Lourenço
Aceita desde já o meu pedido de desculpas por só agora estar a dar resposta à tua mensagem.
Motivos vários têm-me afastado um pouco das lides do Blogue pelo que ficaste um pouco para trás, embora não esquecido.

Claro que temos o maior prazer em te receber nesta Tabanca de ex-combatentes da Guiné (ou combatentes, como alguns gostam de dizer) que tem como finalidade registar depoimentos na primeira pessoa e publicar fotos, mesmo já amarelecidas pelo tempo, que serão o nosso melhor testemunho para quem, daqui a alguns anos, quiser recolher elementos sobre aquela guerra que roubou anos de juventude aos sobreviventes, trouxe a morte a milhares de inocentes e deixou estropiados muitos mais.

Para seres apresentado devidamente à tertúlia, envia-nos uma foto actual e outra do teu tempo de militar, se possível tipo passe, manda-nos também uma pequena história que servirá de apresentação e uma ou outra foto que a ilustre. Isto é flexível e voluntário pelo que estás à vontade para fazeres como souberes e puderes.
Lembra-nos a data de ida e regresso da Guiné e os locais por onde andaram.
Sabemos já o teu nome, posto e especialidade pelo que estás já meio apresentado.

Se tiveres alguma dúvida não hesites em contactar-me.
Recebe então um abraço do teu camarada e novo amigo
Carlos Vinhal


3. ... que deu origem a esta mensagem, de 8 de Julho,  do camarada Mário Lourenço:

Carlos Vinhal:
Vou tentar concluir o processo da melhor maneira possível, e também digitalmente o melhor que sei fazer.

Vou primeiro contar o meu testemunho, de algo que se passou durante os quase dois anos, em que fomos obrigados a estar numa guerra sem nos terem informado ou perguntado se queríamos, não vou contar os vários ataques sofridos nos destacamentos onde a nossa companhia estava aquartelada, mas sim um episódio da natureza pela qual nunca tinha passado.

Foi no dia 25 de Abril de 1970 em que de repente o céu se tornou escuro como breu e a cair uma chuvada por mim e maior parte dos meus camaradas,  nunca vista, com um vento não sei de quantos quilómetros por hora, só sei que os Unimogs foram amarrados aos "imbondeiros" para não serem levados, o telhado do casarão voou quando eu ia a fugir do posto de rádio (foto 5) era já o segundo porque o primeiro foi numa tenda de lona que mais parecia dos índios, e segundo me contaram vários camaradas meus, antes de bater no solo se partiu em dois ficando eu no meio. Por isso penso que a morte passou bem perto de mim.

Outro episódio da natureza em que me vi envolvido, foi, faltavam três dias para acabar a comissão, estávamos à espera de transporte para o embarque no Cumeré, um quartel que tinha várias camaratas em redor da parada, que era rodeado por uma cerca electrificada à volta com vários candeeiros, quando numa noite, estando eu e mais camaradas a jogar cartas no bar, caiu uma trovoada. Um raio caiu num candeeiro, fez um clarão e um estrondo que parecia em cima da caserna, comecei a correr para ver se tinha caído sobre ela, quando vou a meio da parada caiu outro raio à minha frente, fazendo um buraco no chão, ficando eu cheio de terra, mas sem me acontecer nada de grave.

Bem, penso que chega de relembrar tempos passados na Guiné, as localidades em que a CCAV 2639 esteve nesse país foram: Bula, Binar, Capunga, Pete, Ponta da Consolação e ainda um pelotão destacado em Bissum.
Fomos para a Guiné no dia 22 de Outubro de 1969 e regressámos a 2 de Outubro de 1971.

Moro na Damaia-Amadora e nasci em 7-1-1948

Por agora penso que estou identificado, despeço-me com um grande abraço de emoção e camaradagem
Mário 

Pete - Buraco das Transmissões

Pete - Posto de Rádio e Centro de Cripto

Pete - O Casarão depois do tornado

Pete - Alguns destroços deixados pelo tornado


4. Comentário do editor

Caro Mário
Muito bem-vindo à nossa, e agora também tua, Tabanca Grande. És o Grã-Tabanqueiro n.º 662.

Pelo que podemos depreender das tuas mensagens e fotos que anexaste, andaste por zonas altamente turísticas e com instalações equipadas com todos os requintes. Exemplo, o Buraco das Transmissões com um modelar Posto de Rádio e Centro de Cripto. O Casarão, que seria a construção mais importante lá do sítio, tinha um senão, ser pouco resistente à intempérie.
Na verdade foram tempos bem difíceis, que nós já ultrapassámos, uns melhor que outros, e aqui cabe uma palavra de carinho e conforto para os nossos camaradas estropiados e portadores de stresse pós-traumático.

Quanto aos bens materiais, caro Mário, discordo de ti quando dizes que eles só se lembram de nós para nos reduzir as reformas. É precisamente o contrário, e ainda bem, porque o estatuto de ex-combatentes não nos deve diferenciar nesta situação particular. Queremos sim é que os nossos camaradas doentes e estropiados em acção de guerra, sejam tratados com dignidade e a espenças do Estado. Nós, os aparentemente saudáveis, lá nos havemos de desenrascar. Queremos sim o respeito e a dignidade que nos é devida pelo que fizemos ao serviço da Nação.

Fiamos então na espectativa das tuas próximas mensagens com outros textos e fotos que contem situações e experiências vividas por Pete e arredores.

Recebe um abraço de boas-vindas, de que sou portador, em nome da tertúlia e dos editores deste Blogue que ficam disponíveis para qualquer dúvida ou esclarecimento que pretendas apresentar.

O teu camarada e novo amigo
Carlos Vinhal
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Nota do editor

Último poste da série de 24 de Junho de 2014 > Guiné 63/74 - P13325: Tabanca Grande (440): o 2º srgt Piça, da CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71), nosso novo grã-tabanqueiro, o xico mais bacano que conhecemos na tropa (Tony Levezinho / Luís Graça)

Guiné 63/74 - P13382: Convívios (611): 10.º Encontro do pessoal da CCAÇ 2726 (Cacine e Cameconde, 1970/72), realizado no passado dia 21 de Junho de 2014 (Luís Paulino)

10.º Convívio do pessoal da açoriana CCÇ 2726

Mensagem do nosso camarada Luís Paulino, (ex-Fur Mil da CCAÇ 2726 Cacine e Cameconde, 1970/72), com data de 9 de Julho de 2014:

Caro Amigo e Camarada,
Conforme havia informado oportunamente, realizou-se o 10.º Convívio da CCaç 2726, contemporânea da CART 2732, que nos acompanhou no caminho marítimo para a Guiné, a bordo do navio Ana Mafalda e no qual tu Carlos Vinhal, também viajaste.

Como habitualmente, os elementos açorianos residentes nos EUA deram-nos o prazer da sua presença, tendo em conjunto com os residentes nos Açores e continentais, constituído um grupo bastante animado, aliás como o foi durante a nossa comissão de serviço.

Os primeiros dias foram ocupados com deslocações do âmbito gastronómico e cultural, destacando em relação à segunda as visitas ao Palácio de Queluz e Forte do Bom Sucesso, sendo que neste último homenageámos os nossos concidadãos e camaradas, que morreram durante a Guerra Colonial.

O último dia foi ocupado na parte da manhã, com um acto religioso em memória dos elementos desta companhia que, infelizmente, já não estão entre nós, tendo a parte da tarde sido preenchida com o Almoço Convívio, animado por um entertainer, um grupo de guitarras que acompanhou uma fadista e um organista que abrilhantou o "bailarico", após o que se procedeu à abertura do bolo comemorativo, tendo o encerramento ocorrido pelas 19h00.

O próximo Convívio, que será o 11.º, irá ocorrer na Ilha de S. Miguel, cidade de Ponta Delgada, de 25 a 28 de Junho de 2015.

Saudações Fraternas
Pela CCaç 2726
Luís Paulino






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Nota do editor

Último poste da série de 3 de Julho de 2014 > Guiné 63/74 - P13362: Convívios (610): Encontro do pessoal das CCAÇs 3326, 3327 e 3328, a levar a efeito no próximo dia 26 de Julho de 2014 na Quinta do Paúl, Ortigosa (José Câmara)