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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Guiné 61/74 - P19530: Manuscrito(s) (Luís Graça) (152): Parabéns ao meu mano Tó, o ex-1º cabo magarefe, António Ferreira Carneiro, o "Brasileiro", que, em Tete, Moçambique, no Destacamento Avançado Móvel de Intendência nº 664, levou um tiro de Uzi no bucho... Ficou com uma cicatriz tipo 'fecho éclair', de alto a baixo, do peito à barriga, já teve vários AVC, e chega hoje aos 80 anos, rodeado de uma bela família de filhas e netos




Moçambique > Tete > 25 de fevereiro de 1964 > Pessoal do Destacamento Avançado Móvel de Intendência nº 664 (Tete, 1964/66) > Almoço do 25º aniversário do António Ferreira Carneiro, 1º cabo magarefe, natural da Ribeira, Paredes de Viadores, Marco de Canaveses... Este destacamento chegou a Moçambique uns meses antes do inícío oficial da guerra colonial em Moçambique. As primeiras ações armadas da FRELIMO datam de agosto de 1964. Havia dois no destacamento. O outro cabo, além dele, era minhoto: chamavam-lhe o Cabinho... O camarada que está defronte dele, na foto, era um alentejano... de que também não sabe o nome. São mais de 50 anos passados...

O António é o nosso  "mais velho", na Tabanca de Candoz. Nasceu precisamenre há 80 anos, no dia 25 de fevereiro de 1939, seis meses   antes do início da II Guerra Mundial. Depois de regressar do Brasil, aos 24 anos, teve de cumprir o serviço militar. Estamos em meados dos anos sessenta. Com a especialidade de Magarefe, da Manutenção Militar, foi mobilizado para Moçambique. m Tete, o António sofreu um grave acidente com uma pistola-metralhadora ligeira, uma UZI, disparada acidentalmente por um camarada... Milagrosamente salvou-se. Hoje é um DFA - Deficiente das Forças Armadas (com cerca de 2/3 de incapacidade). E como  se isso não bastasse, já teve vários AVC... Mas é um otimista, "quase profissional"... Aos 80 anos, diz-me que já não conta os anos mas os dias... Mas a verdade é que "os 80 anos já cá cantam"...

Uma análise da foto acima  (, digitalizada, a partir de um original de formato reduzido,) mostra-nos doze jovens, em tronco nu, à volta de um mesa comprida, comendo e bebendo na festa dos 25 anos do "Brasileiro". Há, para além de um garrafão, 15 garrafas de cerveja, das grandes, da marca Mac Mahon, uma das bebidas produzidas em Moçambiquem, na época... Também era conhecida pela 2 M. A marca rival era a Laurentina. (Recorde-se que, em Angola, eram as marcas Cuca e Nogal).


Foto (e legenda): © António Carneiro (2013). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Maia > Restaurante Quinta das Raparigas > 23 de fevereiro de 2019 > Almoço dos 80 anos do António Carneiro (n. 24/2/1939) > Aqui com a esposa, à esquerda, e as quatro filhas, que são superdivertidas ... O nosso "Brasileiro" tem dois netos e quatro netos... O mais velho com 25 anos...



Maia > Restaurante Quinta das Raparigas > 23 de fevereiro de 2019 >  Almoço dos 80 anos do António Carneiro (n. 24/2/1939) >  A surpresa a meio da tarde: cinco sobrinhos, grandes foliões, que apareceram, quatro,  "travestidos de putas da via Norte" eu m quinto, o último, à esquerda, mascarado de "azeiteiro" (leia-se: chulo)... Como já estamos no Carnaval, ninguém levou a mal... E ao "sangue, suor e lágrimas", juntaran-se as "barrigadas de riso"... Que, para a reinação, o folguedo, a risota, não há gente como esta... É uma grande família, divertida...e solidária. E, afinal, esta vida são dois dias, e o Carnaval são três, diz o nosso "Brasileiro"!

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Finalmente, ao fim de estes anos todos (oito anos!), apareceu um camarada, que vive em Braga, que conseguiu localizar o "Brasileiro", o António Ferreira Carneiro, meu cunhado, irmão mais velho da Alice... Afinal, o  Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande! (*)....  

Esse camarada, o tal minhoto, que também era 1º cabo, no Destacamento Avançado Móvel de Intendência nº 664 (Tete, 1964/66), foi testemunha do acidente que ia matando o  nosso "morgado", o filho mais velho de José Carneiro e Maria Ferreira: ele transmitiu ao António a sua versão dos acontecimentos, que é diferente da oficial ou oficiosa, mas que não interessa aqui para o caso... Na tropa encobria-se "muita merda" com  papel selado...

Para o mano Tó, foi  uma grande alegria poder abraçar este camarada., que penso que é "caixeiro viajante" ou coisa parecida, e vive em Braga, e que há uns meses atrás foi bater à sua porta, em Custóias. Telefonou-lhe primeiro, através do número de telemóvel que divulgámos no blogue.

 O António Carneiro não pertence à Tabanca Grande, não tem de resto endereço de email, página no Facebook e outros "modernices"... É um homem do seu tempo...  Mas pertence à... Tabanca de Candoz...

É o mano mais velho de seis irmãos, três rapazes e três raparigas, uma das quais a Alice Carneiro, nossa grã-tabanqueira. Esteve imigrado no Brasil entre 1957 e 1963, para grande desgosto do seu pai, que era um proprietário rural e industrial de construção de ramadas, conceituado na sua terra e região. Só os "rendeiros" e os "cabaneiros", os "proves" [pobres]  é que iam para o Brasil, tentar a sua sorte... Creio que o pai nunca lhe perdoou essa "desonra"... Mas o rapaz era teimoso, não tinha jeito nem físico para trabalhar na arte de ramadeiro... E depois, aos 18 anos, é difícil resistir aos apelos da laventura e da iberdade...  Aproveitou a "boleia" de um tio materno, com quem irá aprender a arte de magarefe...

Em 1957, com 18 anos, o António obteve dispensa do serviço militar para se fixar, a título definitivo, no Brasil. Pagou, em Viseu, no RI 14, duzentos escudos de emolumentos, em selos, pela sua dispensa militar (, o equivalente hoje a cerca de 90 euros.)

Era pressuposto ficar pelo Novo Mundo, até porque em 1961 "rebenta a guerra de Angola"... Acabou por ter de regressar, por razões obscuras... Há quem diga que era um rabo de saias... Enfim, voltou a apanhar a boleia do tio,  em 1963, então de de regresso a casa, no Alto, em Paredes de Viadores,  Marco de Canaveses,. onde tinha mulher e filhos...

Está-se mesmo a ver a cena seguinte: no aeroporto, em Lisboa, o  passaporte do Tó levou logo com o "carimbo da PIDE"....  É notificado de que deverá regularizar de imediato a sua situação militar. Faz a recruta, aos 24 anos, e é de seguida mobilizado para Moçambique. Viaja no T/T Niassa. Chega a Tete, em janeiro de 1964, integrado numa subunidade de intendência, o Destacamento Avançado Móvel de Intendência nº 664.

A sua experiência profissional (era magarefe no Brasil) é devidamente aproveitada pela tropa. Um mês depois celebra o seu 25º aniversário, como se podes ver na foto acima...

Seis ou sete meses depois de chegar a Tete, sofreu em julho de 1964 um grave acidente com uma pistola-metralhadora ligeira, uma UZI, uma arma de fabrico israelita,  disparada acidentalmente por um camarada que acaba de "fazer o seu serviço de sentinela" (versão oficial, ou oficiosa)...

O 1º cabo Carneiro irá estar mais de um mês em estado de coma. Só um milagre o salvou. Hoje tem uma enorme cicatriz, um autêntico fecho "éclair",  de alto a abaixo, do peito à barriga... O tiro perfurou-lhe sete órgãos. É um DFA - Deficiente das Forças Armadas (com cerca de 2/3 de incapacidade)...

O António Ferreira Carneiro, na altura conhecido como o "Brasileiro",  pertencia, como dissemos,   ao Destacamento Avançado Móvel de Intendência nº 664, sendo o seu comandante o alf mil Patrício (, que nunca mais viu). O 1º Sargento era o Anmtónio Teles Touguinha, já falecido, que se veio a revelar grande amigo da família. Era natural de Vila do Conde.

Havia ainda dois furriéis açorianos, de que o António já não se lembra o nome. Ao todo, eram cerca de 25 militares, viviam numa vivenda em Tete, em plena cidade. Os graduados eram apenas 2 cabos, 2 furriéis e 1 alferes.

O "Brasileiro"  foi ferido em julho de 1964 e transferido para o HMP - Hospital Militar Principal, em Lisboa, em Dezembro desse ano. No HMP passou cerca de oito meses.  Regressou à vida civil em agosto de 1965, tendo casado depois. Vive em Custóias, Matosinhos, há mais de meio século. Tem 4 filhas, e seis netos.

Durante anos e anos,  procurou malta da sua subunidade bem como o médico que o operou em Tete ("Era a maior alegria que me podiam dar, saber do paradeiro dos meus camaradas de Intendência bem como do médico que me salvou").

Afetado por um AVC, por volta de 2013,  foi tratado no Hospital Militar do Porto. Teve outros pequenos AVC posteriormnete. Ficou com alguns sequelas. Emociona-se com facilidade... Mas faz a sua vida "quase normal", e adora andar de comboio. Dantes vinha de propósito a Lisboa, visitar a mana... Agora mete-se no comboio da Linha do Douro e vai até ao "Calça Curta", um conhecido restaurante na Foz do Tua... Um dia não são dias, e no céu não há as iguarias cá da terra...

 Depois do seu regresso do Hospital Militar Principal, em Lisboa, a família recebeu a  visita desse 1º  sargento, o Touguinha, que foi para o António um verdadeiro anjo da guarda. Sem a a acção dele, provavelmente o nosso mano não se teria salvo.


2. Ontem fiz 800 km para dar um abraço fraterno ao mano (e meu camarada) Tó. E desejar-lhe a saúde possível... Fizeram-lhe uma bonita festa, as filhas, netos, manos, sobrinhos... Onde não faltaram os foliões de Carnaval,  alguns sobrinhos machos "travestido" de "putas da Via Norte"... (Imagens, feiizmente, do passado,  uma vez que já não há... esse triste espetáculo  das "putas da Via Norte", segundo me garante o nosso especialista Zé Ferreira, o autor das "Memórias Boas da Minha Guerra"... De resto, de vez em quando passo por lá, e também confirmo que a informação).

A pedido de várias das respeitáveis famílias da Tabanca Grande, publicamos duas fotos da festa, mesmo que uma vá com... bolinha.

E eu escrevi-lhe, em nome de todos os irmãos/irmãs e cunhadas/os,  um soneto, enquanto ia na autoestrada, com a minha "chofera" a conduzir... Aqui fica, para "memória futura"... Só hoje lhe dei os parabéns, no próprio dia, antes dá azar, como é crença corrente aqui no Norte... (**)


Para ti, mano, que fazes 80 anos,
a melhor prenda que os teus manos te gostariam de dar...


A melhor prenda para ti, mano Tó,
É uma que não te podemos dar,
Não serve para nada, é tão só
Um bem sem preço, não dá para trocar.

Adivinha que prenda será esta,
Não serve para comer nem beber,
Mas sem ela não és feliz, nem há festa,
Nem tempo p'ra os bisnetos ver nascer.

Chegaste hoje a uma bonita idade,
Tens sido um grande resistente,´
Mano querido da nossa irmandade.

Essa prenda de que aqui falamos,
É... a saúde, é não estar doente,
È a melhor que nós hoje te desejamos.



Maia, Restaurante Quinta das Raparigas,
almoço de 80º aniversário do Tó Carneiro,
Os manos Alice e Luís, Nitas e Gusto, Rosa e Quim, Zé e Teresa, Manel e Mi.
__________

sábado, 5 de janeiro de 2008

Guiné 63/74 - P2408: Sistema de cores dos bidões de Combustíveis & Lubrificantes, usados pelas NT no CTIG (Victor Condeço)

Guiné > Zona leste > Sector L1 > Regulado do Cuor > Missirá > Pel Caç Nat 54 > Março de 1970 > O HUmberto Reis, Fur Mil Op Esp, 2º Gr Comb, CCAÇ 12, ostentando um jacaré do Rio Geba... Por detrás, vêem-se bidões de várias cores: Vermelho (gasolina), verde claro (petróleo branco), amarelo (gasóleo)... Recorde-se que este destacamento, no Cuor, a norte do Rio Geba, não tinha gerador eléctrico, sendo o seu perímetro de arame farpado iluminado com garrafas de cerveja de 0,6 l (bazucas), com petróleo.


Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > Ponte do Rio Udunduma > 2º Gr Comb, CCAÇ 12 (1969/71) > O Fur Mil Op Esp Humberto Reis à entrada de um improvisado abrigo, protegido lateralmente por bidões cheios de terra... Pela cor (verde claro), seriam bidões de petróleo branco...

Fotos: © Humberto Reis (2005) . Direitos reservados.

1. Resposta do Victor Condeço, em 31 de Dezembro de 2007, a uma pergunta do Nuno Rubim sobre o sistema de cores dos bidões de Combustíveis e lubrificantes, usado pelas NT no CTIG (1):

Meu Caro Nuno:

Li mais uma vês li o teu apelo sobre a cor dos bidões dos combustíveis. Fui à lista do pessoal do meu batalhão, o BART 1913 (2), agarrei no telemóvel e contactei o Arlindo Dias Costa, que foi o homem da especialidade de Combustíveis e Lubrificantes.

Feita a pergunta, vieram as confirmações:

Vermelho = Gasolina

Azul = Gasóleo

Verde-Claro = Petróleo branco

Amarelo = Óleos

Segundo o meu camarada, no caso dos combustíveis para aeronaves (em Catió também tínhamos) os bidões também eram verde-claro, mas de tampa (topo do bidão) de cor branca.

Havia na categoria dos óleos inscrições nos bidões que os diferençavam quanto à viscosidade. Foi toda informação que consegui obter, ainda alvitrei outras cores, mas ele não se recorda de outras cores.

Com os desejos de um Bom Ano de 2008 com saúde e felicidades.

Um abraço do

Victor Condeço

2. Comentário de L.G.:

Victor: Neste último dia do ano, tu mereces um brinde especial!!!... Estou-te muito grato e imagino que o Nuno esteja também muito feliz com esta informação (preciosa)...já que ele quer acabar o seu diorama de Guileje, que vai ser (já é) uma obra-prima...

São estas pequenas coisas que fazem grande o nosso blogue... Se eu fosse teu comandante diria que tinha muito orgulho em ti... Como sou apenas teu camarada (que é o posto máximo que temos cá na nossa Tabanca Grande), eu direi: Dá cá uma Alfa Bravo, ganda Victor!... Muita saúde para 2008. Luís

3. Resposta do Victor:

Camarada Luís:

Grato pela tua mensagem, mas não tens nada que agradecer, nem tu nem o Nuno, fiz o que já devia ter feito logo no primeiro apelo, telefonar de imediato, porque depois passa a oportunidade e acabamos por nos esquecer (...).

___________

Notas dos editores:

(1) Vd. post de 31 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2394: Quem se lembra das cores dos bidões de combustíveis e lubrificantes ? (Nuno Rubim)

(2) O Victor Condeço, que vive hoje no Entroncamento, foi fur mil, mecânico de armamento, da CCS do BART 1913 (Catió, 1967/69).

segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Guiné 63/74 - P2394: Quem se lembra das cores dos bidões de combustíveis e lubrificantes ? (Nuno Rubim)

Guiné > Região de Tombali > Gandembel > CCAÇ 2317 (1968/69) > O calvário das colunas logísticas... Foto 511 > Numa das últimas colunas, provenientes de Aldeia Formosa, a ponte, de madeira, sobre o Rio Balana ruíu ao peso de uma GMC cheia de bidões... Na imagem, vê-se a parte posterior da GMC assenta no leito do rio, ainda cheia de bidões... É pena que a foto não seja a cores (1)...

Foto: © Idálio Reis (2007). (Editada por L.G.). Direitos reservados.


1. Mensagem do Nuno Rubim:

Caro Luís

Julgo que o pedido abaixo transcrito foi apenas enviado ao pessoal da Tertúlia, pois só recebi uma resposta, aliás inconclusiva (1). Seria possível publicá-lo no blogue, que dispõe de um público mais alargado ?

Obrigado

Nuno Rubim

2. Mensagem do Nuno Rubim, de 18 de Dezembro:

Assunto - Pergunta ao Blogue sobre cores dos bidões de combustíveis e lubrificantes

Caro Luís

Quando fôr oportuno, agradeço-te que coloques esta questão no blogue.

Na fase quase terminal da elaboração do Diorama sobre o aquartelamento
de Guileje, ainda me surgem dúvidas ( e mais haverão que ficarão por
responder per secula seculorum...) ! Mas isso é um dado perfeitamente
adquirido e assumido ! Não há complexos ... A História não é uma
ciência ( felizmente, a meu ver ) exacta ...

O pessoal do blogue será certamente capaz de me dar uma ajuda nesta
temática. Questão prosaica, mas aí vai ela ... :

Os bidões metálicos de combustíveis & lubrificantes, que serviram para
inúmeros usos, civis e militares..., tinham várias cores. O padrão era o
mesmo para toda a Guiné e, sem dúvida, para todas as outras frentes de
guerra e mesmo para a Metrópole.

Do que me lembro (e é fortemente possível que esteja enganado ), creio que
as cores eram a seguintes:

Vermelho: Gasolina
Azul : Gasóleo
Verde claro: Petróleo
Amarelo : ???
Outras côres : ???


Agradece-se, pois, qualquer contributo nesta questão.

Nuno Rubim

__________

Nota dos editores:

(1) Vd. troca de correspondència com o Santos Oliveira, em 19 de Dezembro de 2007:

(i) Caríssimo

Estou a tentar saber o código de cores dos combustíveis e lubrificantes. Está a ser difícil, porque o fim da guerra também trouxe a extinção desse código. Coincidências (???). Estou a tentar encontrar pessoal que, ao tempo, trabalhava no ramo. Darei notícias logo que as possua. Entretanto, para informação, apenas são obrigados a ter símbolos; as cores, são as que cada Companhia arbitrariamente queira utilizar.

Um Feliz Natal, e um abraço, do
Santos Oliveira

(ii) Caro Camarada:

Obrigado pela sua resposta.

Acho que não, o sistema de côres devia estar estandardizado, senão
seria uma confusão medonha logo nos centros de expedição.

Também lhe desejo a si e sua Família um Feliz Natal.

Um abraço

Nuno Rubim

(iii) Camarada amigo

É verdade que com as antigas Normas DIN, assim era. Entretanto foram criados determinados símbolos sobre diversos produtos de risco e foi determinada a utilização desses desenhos. Nos carros de transporte funciona com cor alaranjada e um número; esse número é que indica o tipo de produto transportado. O resto…

Vamos esperar mais um pouco e talvez se concretize o teu saber acerca deste assunto.

Um novo e maior abraço, do
Santos Oliveira

(iv) Amigo Santos Oliveira

Assim era, mas uma coisa eram as Normas sobre símbolos dos produtos
de risco (aliás ainda em uso, embora alguns diferentes, de acordo com as
regulamentações da OTAN ), outra as côres dos bidões de combustíveis e
lubrificantes para distribuição às unidades.

Mas como disse, vamos esperar por mais contribuições.

Um grande abraço

Nuno Rubim

_________

Nota de L.G.:

(1) Vd. post 18 de Setembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2117: Fotobiografia da CCAÇ 2317 (1968/70) (Idálio Reis) (10): O terror das colunas no corredor da morte (Gandembel, Guileje)

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Guiné 63/74 - P1521: Fotobiografia de Bisssau (1): Álvaro Mendonça







Guiné > Bissau > 1966/68 > De cima para baixo: Render da guarda no Palácio do Governador; Estátua do Honório Barreto; Mercado Municipal; e Fortaleza da Amura.

Fotos: © Álvaro Mendonça (2007). Direitos reservados

Mensagem enviada em 16 de Janeiro de 2007 pelo Álvaro Mendonça, que esteve em Bissau, como furriel miliciano, na Manutenção Militar, em 1966/68. Mora em Ermesinde e é um dos novos membros da nossa tertúlia (1):


Camarada Luís Graça,

Vou procurar enviar-te com a regularidade possível, algumas das fotos, porventura aquelas que considerarei as mais interessantes tiradas em Bissau (de onde nunca saí) entre Março de 1966 e Março de 1968 e que poderão, se assim o entenderes, editar nas páginas da tertúlia. Todas elas são de minha autoria, com a óbvia excepção daquela em que apareço a vaguear.

Para começar, faço seguir em anexo, as quatro primeiras fotografias. Numa delas reconhecerás o Forte da Amura, na frente do qual se pode ver um militar (eu próprio) num momento de lazer.

Numa outra pode observar-se o render da guarda, o chamado ronco, frente ao Palácio do Governador. Recorde-se que, durante a cerimónia, toda a gente que passasse pela Praça do Império (fossem civis ou militares) tinham que se postar na posição de sentido, porque de contrário podia sofrer algum dissabor.

Ainda, uma terceira fotografia, mostra um aspecto do Mercado Municipal, sempre muito concorrido e onde se podia inalar o cheiro pestilento característico do peixe a secar.

Finalmente, o monumento a Honório Pereira Barreto implantado numa praça que já não consigo localizar. Só sei que Honório Barreto (1813-1859) era filho de mãe guineense e de pai cabo-verdiano, tendo-se distinguido no aparelho colonial português do século XIX como governador da Guiné, de onde era natural.

E por hoje fico-me por aqui.

Um grande abraço do
Álvaro Mendonça

Ermesinde
__________

Nota de L.G.:

(1) Vd. post de 15 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1433: Bissau, cidade de terra quente e argilosa (Álvaro Mendonça de Sousa, Manutenção Militar)

quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

Guiné 63/74 - P1462: For the exclusive use of the Portuguese Armed Forces (Afonso M. F. Sousa)

Guiné > Uma relíquia... Ou, como dizia eu, "da Escócia com amor, para as Forças Armadas Portuguesas"... O uísque foi a nossa marijuana, e a Guiné o nosso Vietname... Pelo menos para os milicianos, que o Zé Soldado bebia sobretudo bazucas e água de Lisboa... Devo acrescentar que nunca, em parte alguma do mundo, o uísque me soube tão bem... Com água de Perrier, viva o luxo!... O nosso pequeno luxo, lá na Guiné, longe do Vietname... (LG)

Foto: © Afonso M. F. Sousa (2007). Direitos reservados

Um recuerdo do nosso camarada Afonspo M.F. Sousa, já enviado à tertúlia com votos de bom ano de 2007... A mim espanta-me como é que ainda não foi bebida. Bravo, Afonso! É uma boa recordação para os teus netos (LG):


Uma old age, como recordação daqueles tempos !
Garrafa de uísque "para uso exclusivo das Forças Armadas Portuguesas".

Um bom ano.
Cumprimentos.
Afonso M. F. Sousa

segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

Guiné 63/74 - P1433: Bissau, cidade de terra quente e argilosa (Álvaro Mendonça de Sousa, Manutenção Militar)

Guiné > Rio Geba > A caminho de Bissau > 1968 ou 1969 > O Fur Mil Carlos Marques dos Santos, da CART 2339, Mansambo, 1968/69, num dos típicos barcos civis de transporte de pessoal e de mercadoria. Estes barcos (alguns ligados a empresas comerciais, como a Casa Gouveia) tinha, como principal cliente a Manutenção Militar.

Foto: © Carlos Marques dos Santos (2006). Direitos reservados.

Mensagem de Álvaro Mendonça, que esteve em Bissau, como furriel miliciano, na Manutenção Militar, em 1966/68, e que mora em Ermesinde:

Caro Humberto Reis:

Permita-me que lhe dirija a carta que envio em anexo, pois não resisti àtentação de o fazer, depois de ver as fotos e as lembranças da cidade deBissau que ambos percorremos em situações semelhantes, muito embora eu seja mais velhinho. Recordo que fui dos primeiros a usar farda verde dos periquitos que substituiua farda amarela dos chamados maçaricos.

Álvaro Mendonça
Ermesinde
_______

Bissau - Cidade de terra quente e argilosa
por Álvaro Mendonça de Sousa

Caro Humberto Reis,

Foi com um misto de saudade e de emoção que visionei, casualmente, as fotos da Guiné editadas na vossa página sobre a história da guerra colonial, e em especial sobre Bissau, pois são raras as imagens que nos chegam daquele país.

Saudade, porque ali fiz muitos amigos. Saudade porque ali vivi dois anos da minha juventude. Saudade das minhas irreverências, das quais, insisto em me desculpabilizar porque tinha então 23/25 anos. Irreverências de quem, felizmente, nunca sentiu na pele os horrores das emboscadas, dos tiros, dos sobressaltos. Diversões próprias de quem, como eu, nunca sentiu a dor de assistir à tragédia dos camaradas que pereceram tombados no combate que Lisboa impôs a uma geração de guerrilheiros à força, durante longos 13 anos.

Não assisti a todo esse trágico cortejo de corpos evacuados em helicópteros porque estive sempre longe do cenário de guerra e porque me calhou em sorte iniciar e terminar a minha comissão (1966/ 1968), como furriel miliciano na Manutenção Militar, em Bissau.

Emoção, por ter passado em revista todos aqueles lugares, agora desoladamente degradados, por onde vagueei:

- a Praça do Império
- o Palácio do Governador nas traseiras do qual se situava a messe da MM [Manutenção Militar]
- o lugar onde ficava a esplanada do Café Bento, agora transformado em posto de venda de combustíveis
- o Mercado Central que exalava aquele cheiro pestilento do peixe a secar ao Sol
- o próprio edifício da MM, que se vê numa das fotos e ao lado do qual está o Pelicano, do qual não me recordo, porque deveria ter sido construído já depois do meu regresso à metrópole
- a antiga Avenida do Império, onde se situava a catedral e o cinema da UDIB, que eu frequentei com alguma assiduidade, para assistir às sessões de cinema, às vezes interrompidas, quando chamado com urgência para abastecer os Unimogs ou as lanchas para partirem à noite para o mato.

E as escapadelas ao Bairro do Cupelon [u Pilão], e as noitadas da cerveja e das ostras no Café Portugal? E as codornizes fritas do Zé da Amura?

Que será feito do célebre Hotel Berta, onde se comiam os melhores gelados do Mundo?
Mas o que mais me emocionou foi ver, através das fotos, o estado de ruína desta cidade de terra vermelha.

Ao lembrar-me de tudo isto e ao escrever estas linhas não consegui travar algumas lágrimas. Sobretudo, porque à distância de quarenta anos no tempo, não mais consegui reunir todos os camaradas desse tempo, todos esses amigos que, como muito bem sabe, eram a nossa família de afinidade durante 24 os 25 meses de comissão.

Não tenho o prazer de o conhecer, mas julgo que o Humberto comungará dos mesmos sentimentos!

Aceite um abraço de camaradagem e obrigado pelas fotos editadas no site que me proporcionaram reviver dois anos da minha vida!

Álvaro Mendonça de Sousa
Ermesinde