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sábado, 12 de julho de 2025

Guiné 61/74 - P27008: S(C)em Comentários (75): "Filhos de tuga" ?!... Muito bem, "serão centenas, serão milhares", diz a Catarina Gomes... "Restos de tuga", diria a "Maria Turra", com sarcasmo, crueldade, desumanidade e racismo... E então os "filhos da guerra" de pais cabo-verdianos, guineenses, angolanos, moçambicanos, e quiçá goeses, macaenses e timorenses ? E os "filhos de Amílcar Cabral" ? E os filhos dos "combatentes da liberdade da Pátria" ? E os "filhos dos cubanos" ?... São "restos... de quê" ? ...Parece aqui haver também alguma ingenuidade...





Guiné > Região de Tombali > Guileje > CART 1613 (1967/68) > O Dauda "Viegas", "filho do vento" e "mascote da companhia"... Cresceu, casou, teve duas filhas, vivia  em Bissau, morreu por volta de 2009, com cerca de 45 anos... Em miúdo, em 1967/68,  vivia em Guileje praticamente com os militares, que o alimentavam e cuidavam dele... Dizia-se, na caserna, que era a cara chapada do pai.

Foto do album do nosso saudoso capitão José Neto, ex-cap SGE (1929-2007).

Foto (e legenda): © José Neto (2005). Todos os direitos reservados, [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Quantos filhos, de mulheres angolanas, guineenses e moçambicanos, e de soldados portugueses, "ficaram para trás" ? É uma pergunta dolorosa, mas tem que ser feita... Ou noutros termos: quantos "filhos de tuga" ficaram sem pai ?

Não gosto da expressão "filhos de tuga"... Nem muito menos da expressão profundamente cruel, desumana, racista, usada pelo PAIGC, "restos de tuga"...

Também não gosto da expressão "filhos do vento", da autoria do meu amigo e camarada José Saúde... 

Vejamos: Portugal mobilizou cerca de 800 mil homens para os teatros de operações da guerra colonial. Mas desses 30% eram soldados do recrutamento local, que também deixaram filhos nos sítios por onde passaram... Todos eles, brancos e negros, tinham capacidade de procriar...

Sendo africanos, mas deslocados, os eventuais filhos dos nossos camaradas oriundos de Angola, Guiné e Moçambique também seriam "mestiços" (termo genérico e mais "neutro"  para designar pessoas com ascendência de duas ou mais etnias diferentes) ... 

Mas não  teriam, tal como os filhos de portugueses da metrópole, traços do fenótipo caucasiano... Logo, seriam mais fáceis de passar "despercebidos" nas suas comunidades...  E não seriam tão facilmente vítimas de discriminação, perseguição e "bullying", com base na "cor da pele", tal como os "filhos de tuga"...

Enfim, é bom não esquecer esta realidade, complexa e sensível, da mestiçagem (filhos de um branco e de uma negra, filhos de negros de diferentes territórios e etnias, filhos de brancos e de mestiços filhos de mestiços e mestiços)...que vem complicar as nossas contas, a nossa abordagem do problema e sobretudo a procura de soluções para este "drama social" criado pela guerra...

Mas também serve para "desmistificar" muita coisa... Há filhos da guerra de pais portugueses, cabo-verdianos, guineenses, angolanos, moçambicanos, goeses, macaenses, timorenses...

Por que razão  é que falamos "apenas" dos "fidju di tuga" ?

Os americanos também tiveram esse problema... Chamaram a esses filhos bastardos da guerra "amerasians", amerasianos, "G.I. Babies" e outros "mimos", filhos de soldados americanos, brancos e agro-americanos,  e de mulheres vietnamitas, mas também cambojanas, laocianas, coreanas, tailandesas... Parte desses soldados eram de origem afro-americana (sobrerrepresentados no seio dos G.I., a "tropa-macaca" norte-americana) ... Os seus filhos teriam um fenótipo diferente...

Cabo Verde, que não conheceu a guerra, também deu homens para a guerra. Tal como Macau. E provavelmente São Tomé e Príncipe. Sem esquecer Goa, Damão e Diu, que só foi ocupada pela Índia, em finais de 1961.

Com toda a certeza, ou com base na lei das probabilidades, os 30 % de militares que integraram o "exército colonial", os guineenses, os angolanos e os moçambicanos , também espalharam alegremente o seu ADN por aquelas terras. Muitas das relações com mulheres locais, mesmo consentidas ( o que provavelmente terá sido o caso, mesmo que "assimétricas", do ponto de vista do poder) eram desprotegidas... Ainda não havia o HIV / SIDA e pensava-se que a "bala mágica", a penicilina, curava tudo (as doenças sexualmente transmissíveis).

E os cubanos que fizeram a a guerra da Guiné ? E combateram, a partir de 1975, em Angola ? E os "combatentes da liberdade da Pátria" ? Enfim, os " filhos de Amílcar Cabral"... são restos de quê...? A pergunta não ofende...Todos tinham, afinal, uma moral, "revolucionária", uns , "reacionária", outros...


2. Em Portugal (mas também em Angola, Guiné e Moçambique) nunca saberemos responder à questão: " Quantos foram, ou ainda são, os filhos dos militares portugueses, metropolitanos e do recrutamento local, que ficaram para trás ?"...

Catarina Gomes, que tem feito jornalismo de investigação nesta área (tem livros e um documentário, a passar na RTP, "Filhos de Tuga"), diz que não sabe: fala numas centenas, que podem ser uns milhares... 

A associação guineense "Fidju di Tuga" tem 50 membros

A Embaixada Portuguesa em Bissau nunca fez, ao que saibamos, nenhum levantamento de pessoas (hoje na casa dos 50/60 anos) com eventual origem portuguesa, filhos de militares portugueses, que passaram pela Guiné, entre 1961 e 1974... Tem nunca saberemos os que já morreram, como o Dauda, ou  foram vítimas de infanticídio.

Acho que temos que voltar à "guerra do Vietname", revisitar o drama dos "children of the dust", os "amerasians", cujo númeo se estima em 25 mil / 50 mil... 

(Continua)

____________________

 Nota do editor LG. : 

terça-feira, 8 de julho de 2025

Guiné 61/74 - P26994: S(C)em Comentários (73): Filhos do vento, náufragos do império: e tudo o vento levou... (Domingos Robalo / Luís Graça)

O nosso Zé Saúde
com a menina do Gabu
(c. 1973/74)
1. Sobre o documentário "Filhos de Tuga", realizado opro João Gomes e Catarina Gomes  (série de 3 episõdios que começou na RTP1 no dia 2 de julho, e que vai continuar nos dias 9 e 16, às quartas, às 22:29) (*), ficam aqui dois comentários:

(i) Domingos Robalo:

Estou expectante em ver a série de 3 episódios que se inicia hoje na RTP1, sobre o tema em questão (Filhos de Tuga").

Tema nada fácil de abordar entre nós, soldados combatentes, não só porque estamos a uma distância de 50 anos, mas porque muitos de nós já partiram, sem sentirem uma palavra de conforto como reconhecimento por uma entrega nem sempre bem compreendida.

Mas a história tem destas coisas: ela é simplesmente escrita pelos vencedores e aqui os combatentes foram os vencidos e sempre ostracizados. Ainda assim, atrevo-me a divagar sobre o assunto de uma forma indisciplinada.

Fui para o CSM, nas Caldas, com 20 anos e 3 meses de idade. Passei à disponibilidade 43 meses depois, sendo que os últimos 24 meses foram cumpridos na Guiné 69/71.

Não estou comprometido com descendentes “filhos do vento”, embora conheça dois ou três casos, um dos quais assumiu com a desmobilização, a paternidade de uma criança que trouxe com ele e aceite pela namorada.

A vida desta família teve um desenvolvimento igual a todas as outras ditas normais. Mas, a questão parece ser a seguinte: porque não foram assumidas muitas outras paternidades?

Na sequência do movimento dos capitães e posterior revolução, toda a relação entre colonizador e colonizados ficou inquinada e hoje, as relações com esses países independentes há 50 anos continuam pouco amistosas, para além das relações Estado a Estado de forma envergonhada. A própria CPLP é um flop.

Restaram então filhos não reconhecidos, militares fuzilados em alguns desses países, nomeadamente na Guiné e uma quase proibição de se falar da “ guerra colonial “ como forma de carpir tempos traumáticos para uma juventude, que tinha sido muito mal tratada pelo poder colonial.

Muitos problemas têm origem nesta proibição que eu designo como “suportar em silêncio” o que devia ter sido proclamado ao vento. No envolvimento destes silêncios estão os “filhos do vento” que não puderam ser proclamados. Durante anos viveu- se em silêncio, constituíram-se famílias e os ventos dissolveram os “filhos do vento”. Fico a aguardar pelo primeiro episódio de hoje na RTP 1, às 22h00.

(ii) Luís Graça (*)

Vi o 1º episódio do documentário realizado por João Gomes e Catarina Gomes, que me despertou sentimentos contraditórios...São seres humanos com histórias pungentes, que não pedem mais nada do que o sonho (impossível, na maioria dos casos) de ainda virem a conhecer o pai biológico e sobretudo ver reconhecido o seu direito a ter a nacionalidade portuguesa...

São homens e mulheres na casa dos 50/60 anos (o mais velho terá nascido em 1963, o mais novo em 1975)...Têm uma associação ("Fidju di Tuga"), onde se reunem de tempos a tempos, são poucos, tratam-se por irmãos e irmãs, vão todos os anos depositar uma coroa de flores ao "pai desconhecido", no talhão dos combatentes portugueses, no cemitério de Bissau...

Têm uma visão idealizada do pai (que só conhecem pelas histórias contadas pelas mães...) bem como do longínquo Portugal... Tiveram infâncias tristes, magoadas, cruéis, vítimas de racismo, de bullying, de maus tratos... Sobreviveram...

Temos a obrigação, enquanto blogue, de fazer algo mais por estes homens e mulheres que, apesar de tudo, ostentam dignidade, querem ser conhecidos, reconhecidos, ouvidos... É o mínimo a que têm direito. Nem sequer são "portugueses"... Precisam de apoio psicológico e jurídico (que a embaixada portuguesa em Bissau podia dar, enquanto não há uma "solução política" para este drama humano e social..., afinal os "filhos de tuga" não são mais do quer  do "náufragos do império", como tantos outros").

Com tantas ONG a trabalhar na Guiné, e ainda ninguém se "lembrou" e teve compaixão por "estes restos de tuga" (a não ser alguns de nós, como a Catarina Gomes, o José Saúde, o Pepito, o Cherno Baldé...). (Apesar de tudo, há uma centena de referências no nosso blogue aos "filhos do vento"...).(**)

 (Revisão / fixação de texto: LG)
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Notas do editor LG:


Vd. t6ambém poste de 4 de julho de 2025 > Guiné 61/74 - P26981: Diálogos com a IA (Inteligència Artificial) (5) : a origem da expressão "Filhos do Vento" (="Filhos de Tuga") e a "paternidade" do José Saúde

(**) Último poste da série > 12 de junho de 2025 > Guiné 61/74 - P26910: S(C)em comentártios (72): Em Fulacunda, a tropa mal tinha o necessário para a sua própria alimentação, quanto mais alimentar 400 bocas civis e muçulmanas (Cherno Baldé, Bissau)

sexta-feira, 4 de julho de 2025

Guiné 61/74 - P26981: Diálogos com a IA (Inteligència Artificial) (5) : a origem da expressão "Filhos do Vento" (="Filhos de Tuga") e a "paternidade" do José Saúde




21 "filhos do vento" ou "fidju di tuga" (10 homens, 11 mulheres), membros da associação "Fidju di Tuga", criada em 2013 (com a ajuda da jornalista e escritora Catarina Gomes)

Fotogramas: Filhos de Tuga > Ao Pai Desconhecido | Episódio 1 de 3 | Duração: 52 min | RTP 1 | Episódio 1 | 02 Jul 2025 (realização: João Gomes e Catarina Gomes, 2025) (*)

 (Cortesia de  RTP > Programas TV)

Edição de imagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2025)


(...) A Associação Fidju di Tuga/Filho de Tuga-Associação da Solidariedade dos Filhos e Amigos dos Ex-Combatentes na Guiné-Bissau foi criada em 2013 para representar os chamados Fidju di Tuga, expressão que traduzida do crioulo significa Filho de Tuga, e que durante todas as nossas vidas foi usada para nos designar/ insultar na Guiné-Bissau.

Somos filhos de ex-combatentes portugueses que estiveram na Guiné-Bissau durante a guerra colonial/guerra da libertação e que tiveram filhos com mulheres guineenses e os deixaram para trás. Muitos de nós até hoje apenas sabem os apelidos e patentes dos nossos pais, dados incompletos que não nos permitiram saber quem é nosso pai português e tentar entrar em contacto com ele.

Criámos esta associação para representar todos estes filhos que ficaram. Somos actualmente cerca de meia centena de membros, apenas em Bissau. Estimamos que existam pelo menos meio milhar de "filhos de tuga" espalhados pelo país, todos nascidos durante os anos da guerra ou no ano imediatamente a seguir ao regresso definitivo das tropas portuguesas.

Os nossos pais estiveram na Guiné-Bissau ao serviço do Estado Português. Os abaixo-assinados vêm por este meio pedir o reconhecimento do seu legítimo direito à nacionalidade portuguesa como filhos de pais portugueses, solicitando que a sua causa seja debatida no Parlamento português. (...)

 

I. Perguntámos à IA (Inteligêrncia Artificial) qual a origem da Expressão "Filhos do Vento" ? (**)

(i) Resposta do ChatGPT:

A expressão "filhos do vento" tem origens e significados variados, dependendo do contexto cultural, histórico e simbólico em que é usada. Aqui estão algumas das principais origens e interpretações:

1. Origem Poética e Simbólica

A expressão "filhos do vento" é frequentemente usada de forma metafórica ou poética para descrever pessoas ou seres associados à liberdade, velocidade, evasão, natureza ou espiritualidade.

"Vento" simboliza o que é invisível, livre, incontrolável e poderoso, e "filhos do vento" seriam aqueles que compartilham essas qualidades. Pode referir-se a espíritos livres, nómadas, viajantes, povos indígenas, ou mesmo animais velozes.

2. Ciganos e Povos Nómadas

Em algumas culturas, "filhos do vento" é uma expressão associada ao povo cigano, por causa de sua vida nômade e da forma como se movem livremente pelo mundo.

O termo expressa tanto a admiração pela liberdade do estilo de vida quanto, por vezes, um olhar romântico ou exótico sobre esses povos.


II. E no contexto da guerra colonial na África Portuguesa, nos anos 60/70 ?

(ii) Geminia IA / Google:

A expressão "filhos do vento" em blogues sobre a Guerra Colonial Portuguesa em África refere-se às crianças nascidas de pais militares portugueses e mães africanas durante o conflito.

O termo evoca a ideia de que essas crianças eram, de certa forma, "levadas pelo vento", ou seja, deixadas para trás, muitas vezes sem o reconhecimento paterno ou o suporte dos seus pais biológicos após o fim da guerra e o regresso dos militares a Portugal.

É uma expressão que sublinha o abandono, a falta de raízes e a identidade complexa que muitas dessas crianças enfrentaram, sendo muitas vezes estigmatizadas ou tendo dificuldades em serem integradas tanto na sociedade africana quanto na portuguesa.

Essa expressão tornou-se mais conhecida, por exemplo, com a obra "Furriel Não É Nome de Pai",  de Catarina Gomes, que explora precisamente as histórias e o destino dessas crianças.

É importante notar que, em outros contextos, "filhos do vento" também é uma expressão usada para se referir ao povo cigano, devido ao seu estilo de vida tradicionalmente nómada e livre. No entanto, no contexto da Guerra Colonial, o significado é específico e está ligado ao legado humano do conflito.


III. O que quer dizer a expressão "filhos do vento", ou também "fidju di tuga", usada por exemplo em blogues como "Luís Graça & Camaradas da Guiné" ?


(iii) ChatGPT:

A expressão "filhos do vento" ou "fidju di tuga" (em crioulo guineense, literalmente "filho do português") tem um significado simbólico e histórico profundo, especialmente em contextos relacionados com a Guerra Colonial Portuguesa e os seus desdobramentos sociais, culturais e identitários.

1. "Filhos do vento"

Esta expressão é usada para se referir a indivíduos, muitas vezes mestiços ou filhos de soldados portugueses com mulheres locais (guineenses, angolanas, moçambicanas, etc.), nascidos durante ou após o período da Guerra Colonial (1961–1974). 

O termo "vento" sugere algo efémero, transitório ou invisível — como se essas pessoas fossem o resultado de encontros passageiros ou relações informais durante o tempo da guerra.

Conotações:
  • Pessoas sem paternidade reconhecida oficialmente.
  • Crianças deixadas para trás por soldados portugueses ao regressarem a Portugal.
  • Vidas marcadas por um certo abandono ou ausência de raízes claras.

2. "Fidju di tuga"

Em crioulo guineense: "Fidju" = filho | "di" = de | "Tuga" = português (forma informal, muitas vezes usada para referir-se ao colonizador)

Este termo pode ser usado de forma neutra ou afetiva para designar:

  • Filhos de portugueses com mulheres guineenses;
  • Pessoas mestiças, vistas como pertencentes a dois mundos (o africano e o europeu);
  • Às vezes também tem uma carga crítica ou irónica, dependendo do contexto.

No contexto do blogue "Luís Graça & Camaradas da Guiné":

Este blogue é mantido por ex-combatentes da Guiné e muitos dos textos são memórias pessoais, reflexões sobre a guerra, e histórias humanas. Nesses textos, "filhos do vento" são frequentemente mencionados com um tom nostálgico ou reflexivo, abordando o legado humano da presença portuguesa em África, sobretudo as ligações afetivas que deixaram marcas profundas, tanto nos soldados como nas populações locais. (...
)
 

IV.  O escritor e antigo combatente José Saúde ("Um ranger na guerra colonial", Edições Colibri, Lisboa, 2020) reivindica a "paternidade" da expressão. Certo ?

(iv) ChatGPT:

Sim, está certo: o próprio José Saúde — ex‑furriel na Guiné e autor de Um ranger na guerra colonial — reivindica a paternidade da expressão “filhos do vento”. 

Foi ele quem, num post no blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, pela primeira vez, em 2011,  utilizou essa metáfora para designar os filhos nascidos de relações fugazes entre militares portugueses e mulheres guineenses, e que ficaram na Guiné sem pai identificado após o regresso dos soldados a Portugal (...)

Nesse post, Saúde lançou o tema ao desafiar os camaradas a partilharem relatos:

“Camaradas: quantas crianças mestiças, cuja paternidade era imputada a militares, 'tugas'… vocês conheceram…?” (...) 

Outros ex‑combatentes começaram a usar a expressão “filhos do vento” e reconheceram que ela surgira exatamente da iniciativa de Saúde .

Assim, de facto, José Saúde é considerado o criador do termo, e não apenas um dos que o popularizou.



(v) Gemini IA / Google:

É um facto que José Saúde, autor do livro "Um ranger na guerra colonial", é uma figura proeminente na discussão sobre os "filhos do vento" e reivindica ter sido o primeiro a utilizar e divulgar essa expressão para se referir às crianças nascidas durante a Guerra Colonial Portuguesa, fruto das relações entre militares portugueses e mulheres africanas.

Em vários blogues e publicações sobre o tema (...),  é possível encontrar referências onde se agradece a José Saúde por ter cunhado ou popularizado a expressão "filhos do vento", reconhecendo o seu papel na visibilidade desta questão. A sua contribuição foi fundamental para trazer à tona este aspeto sensível e muitas vezes silenciado do legado da Guerra Colonial.

A expressão "filhos do vento" ("fidju di tuga" é outra designação comum, usada pelos próprios e que carrega o estigma da sua origem) capta a essência da situação dessas crianças: a sua condição de terem sido, muitas vezes, deixadas para trás, sem o reconhecimento do pai e sem um lugar social definido, vivendo num "limbo" identitário.


V. Blogue "Luís Graça & Camaradas da Guiné", queres tu dizer ?!


(vi) Gemini IA / Google

Sim, é precisamente esse blogue!

O blogue "Luís Graça & Camaradas da Guiné" é uma referência importante e amplamente reconhecida para a memória da Guerra Colonial Portuguesa, especialmente no que diz respeito à Guiné-Bissau. Ele serve como um vasto arquivo de testemunhos, fotografias e discussões entre ex-combatentes, historiadores e interessados no tema.

Como pode ser visto nos resultados da pesquisa, o blogue tem um histórico de abordar a questão dos "Filhos do Vento" e faz menção a José Saúde, reconhecendo o seu contributo para a visibilidade deste assunto. É um espaço onde se partilham memórias, se promovem debates e se procura reconstituir o "puzzle" da experiência da guerra, incluindo os seus legados humanos e sociais.

É um recurso valioso para quem procura aprofundar o conhecimento sobre a Guerra Colonial e as suas diversas dimensões.



VI. Contrariamente ao que se passou na guerra do Vietname, relativamente às "dust children", em Portual náo existem estimativas sobre o número de crianças nascidas de relações, fora do casamento,  entre militares portugueses e mulheres africanas (angolanas, guineenses, moçambicanas) durante a guerra colonial (1961/75)... Porquè ?


(vii) ChatGPT:

Essa questão é muito pertinente e toca em temas sensíveis da história recente portuguesa. A ausência de estimativas sobre o número de crianças nascidas de relações entre militares portugueses e mulheres africanas durante a guerra colonial (1961–1975) pode ser explicada por vários fatores, tanto políticos como sociais e culturais.

Aqui estão algumas das razões mais relevantes:
 
1. Silêncio e negação pós-colonial

Após o fim da guerra colonial e a descolonização (1975), Portugal passou por um processo de transição política (Revolução dos Cravos) que tentou, em grande parte, “virar a página” da era colonial. Este desejo coletivo de esquecer ou silenciar o passado contribuiu para que muitos temas, como estas relações e as crianças delas resultantes, não fossem alvo de estudo nem debate público.

2. Estigma e discriminação

As crianças mestiças (ou "filhos da guerra") muitas vezes enfrentaram discriminação nas sociedades africanas e portuguesa. Em muitos casos, essas crianças foram marginalizadas ou não reconhecidas pelos pais portugueses, o que contribuiu para o apagamento da sua existência oficial.

3. Falta de registos oficiais

As relações entre militares e mulheres locais, muitas vezes casuais ou não institucionalizadas, raramente eram registadas oficialmente. Mesmo quando havia reconhecimento, este nem sempre se traduzia em registos civis. Sem dados oficiais, torna-se muito difícil fazer estimativas fiáveis.

4. Diferenças de contexto em relação ao Vietname

Nos EUA, o caso das “dust children” ou "Amerasians" foi muito mediatizado, e houve até programas de repatriação. Isso nunca aconteceu em Portugal, onde não houve pressão internacional ou movimentos sociais significativos para o reconhecimento ou proteção destas crianças.

5. Falta de investigação académica

Só mais recentemente a historiografia portuguesa começou a olhar com mais atenção para a dimensão humana e social da guerra colonial. O foco esteve durante décadas mais centrado em aspetos militares, políticos ou estratégicos.

Apesar desta invisibilidade, há um crescente interesse académico e social em Portugal sobre estas memórias silenciadas. A recuperação destas histórias é essencial para compreender o impacto humano da guerra colonial. (..:)


 
VII. Dz-me algumas fontes


(viii) ChatGPT:

 (...) Em síntese

Estima-se que existam centenas — talvez milhares — de crianças nascidas de relações entre militares e mulheres africanas, mas não há dados oficiais nem registos sistemáticos .

O tema foi documentado no jornalismo (como por Catarina Gomes) e em projetos académicos (CES-UC).

A maioria das fontes enfatiza o silêncio institucional, o estigma social e a falta de reconhecimento legal.


(Pesquisa, seleção, revisão / fixação de texto, negritos, título: LG)
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Notas do editor:

(*) ´Vd. poste de 1 de julho de 2025 > Guiné 61/74 - P26972: Agenda cultural (892): "Filhos de tuga": documentário em três episódios, com a duração de 52 minutos cada: começa amanhã na RTP1, às 22:29

quarta-feira, 2 de julho de 2025

Guiné 61/74 - P26975: (Ex)citações (435): Não tememos vir a público falar sobre os filhos que por lá ficaram nos três teatros de guerra, Angola, Guiné, Moçambique... (José Saúde, escritor, e ex-fur mil OE/Ranger, CCS / BART 6523, Nova Lamego, 1973/74)

1.  Comentário do José Saúde 
ao poste P26972 (*)

Camaradas,

O tema é real. Reconheço que, em princípio, não terei sido bem interpretado por alguns dos camaradas, mas o tema é exatamente verdadeiro. Não é, ou foi, ficção. 

Não tememos falar sobre os filhos que por lá ficaram nos três teatros de guerra Angola, Moçambique e Guiné, cuja vinda ao mundo foi originada por camaradas nossos, e não me excluo, que em certos momentos de amor físico lá deixavam "sementes" que originaram crianças com a patente lusa. 

Por isso, arrisquei trazer a público a questão dos "filhos do vento", algo que se assimilava a um tabu, melhor, a uma caixa hermeticamente fechada no silêncio dos deuses e "ai, Jesus, quem porventura o fizesse", pois logo vinha a misericórdia em que os mais atrevidos, neste caso eu assumo-o com inteira justeza, eram zurzidos com as mais díspares "soberbas" posições, que eu próprio admiti e compreendi, mas jamais me vergando a quem assim o entendia. 

Respeita escrupulosamente opiniões adversas.

Somos, hoje, camaradas que militamos na casa dos 70 ou 80 anos, por conseguinte tudo é passado, mas lembrem-se, e sempre, que nós, "os tugas", éramos "miúdos" na casa dos 20, 21, 22 ou 23 anos, por conseguinte, nunca esqueçam que houve crianças, hoje homens e mulheres, que ao longo da vida se confrontaram com problemas tribais que lhe atribuíram um símbolo de valores na verdade nefastos.


Bem-haja a hora em que aqui no nosso blogue, Luís Graça & Camaradas da Guiné, ou no livro "Um Ranger na Guerra Colonial, Guiné-Bissau,  1973/1974" (Edições Colibri, Lisboa)=, trouxe o tema a público e que resvalou para patamares superiores e, quiçá, impensáveis.

Deixo uma troca de mensagem entre este vosso camarada e a jornalista Catarina Gomes, autora dos episódios (que começam a ser exibidos na RTP, na quarta, dia 3) (*)

Abraço, camaradas, Zé Saúde (**)
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Troca de mensagens recentes entre o José Saúde e a Catarina Gomes:

José Saúde:

Catarina, o tema foi tabu ao longo de vários anos, todavia, valeu a minha iniciativa em trazer a público os "filhos do vento" que abriram estradas para que hoje essa temática deixasse de ser um misterioso mundo onde se cruzavam segredos que poucos ousavam, e ousam, admitir. Mas, a humanidade, sim nós seres pensantes que fomos meros protagonistas na guerra colonial, conhecemos essa realidade.

 Quando lancei o tema, quer no blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, ou num dos meus livros já editados (11) - "Um Ranger na Guerra Colonial, Guiné-Bissau,  1973/1974" (Edições Colibri, Lisboa), fui sujeito aos mais fúteis comentários, porém, nada me incomodou e segui em frente, dado que eu, afinal, tinha razão e sabia daquilo que falava. 

Para esses homens e mulheres, outrora crianças, deixo expresso o meu singelo sentimento de solidariedade. Sejam felizes, porque são gentes com sangue de tuga. Eu testemunhei e afirmei-o conscientemente.

Catarina Gomes:

José Saúde: Foste tu quem abriu esta caixa, que continua a reservar surpresas. Muito obrigada. Beijinhos




Capa do livro do José Saúde, que foi apresentado na Casa do Alentejo, Lisboa, em 8 de fevereiro de 2020, pelo major general Raul Cunha e por Luís Graça.


(...) Era linda! Por ironia do destino não consigo lembrar-me do seu nome. Sei, e afirmava o povo com certezas absolutas, que era filha de um camarada, furriel miliciano, que anteriormente esteve em Nova Lamego. Era uma criança dócil. Meiga. Recordo que a sua mãe era uma negra, muito negra, com um rosto lindo e um corpo divinal. Conheci-a e verguei-me perante a sua sensibilidade feminina. Da menina, agora feita senhora, nunca mais soube.(...) A menina foi, afinal, mais um dos “filhos do vento” que marcaram os conflitos em África. (***)


O Zé Saúde, alentejano de Aldeia Nova de São Bento, a viover em Beja,  "ranger", jornalista e escritor, foi o primeiro a levantar aqui, entre nós, a dolorosa e delicada questão dos "filhos do vento"...

A expressão "filhos do vento" foi usada pela primeira vez em 19/9/2011 (***).

 Temos uma centena de referências a esta temática ("filhos do vento" e "fidju di tuga"). 
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 1 de julho de 2025 > Guiné 61/74 - P26972: Agenda cultural (892): "Filhos de tuga": documentário em três episódios, com a duração de 52 minutos cada: começa amanhã na RTP1, às 22:29

(**) Último pposte da série > 2 de julho de 2025 > Guiné 61/74 - P26974: (Ex)citações (434): Uma questão de "falso pudor"... (José Teixeria, régulo da Tabanca de Matosinhos; ex-1º cabo aux enf, CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70)

(***) Vd. poste de 19 de Setembro de 2011 > Guiné 63/74 - P8798: Memórias de Gabú (José Saúde) (3): reflexos de uma guerra que deixou marcas no tempo: “Filhos do vento”

terça-feira, 1 de julho de 2025

Guiné 61/74 - P26972: Agenda cultural (892): "Filhos de tuga": documentário em três episódios, com a duração de 52 minutos cada: começa amanhã na RTP1, às 22:29



Filhos de Tuga > Ao Pai Desconhecido | Episódio 1 de 3 | Duração: 52 min | RTP 1 | Episódio 1 | 02 Jul 2025

Houve um tempo em que Fernando Hedgar da Silva pensou que o pai português se chamava Furriel. Só em adulto percebeu que, afinal, furriel não era nome e sim o posto do militar que esteve com a mãe durante a guerra. Pensou que era caso único. Acabou por descobrir que havia muitos como ele na Guiné-Bissau: chamam-lhes «filhos de tuga» ou, se os querem magoar mais, «restos de tuga». 

Fernando criou uma associação para os defender ("Fidju di Tuga"). Todos os anos organizam uma «Homenagem ao pai desconhecido», uma cerimónia em que depositam coroas de flores em campas de militares portugueses mortos na Guerra Colonial. Dizem que só vão parar quando os pais os reconhecerem ou, pelo menos, Portugal.




A Procura








José Saúde


terça, 24/06, 16:45 (há 7 dias)



Luís, interessante este tema. Repara onde os "Filhos 


Filhos de Tuga > A Procura | Episódio 2 de 3 ! Duração: 52 min | RTP >  07 jul 2025 | 22: 29

A mãe da moçambicana Rosa Monteiro nunca lhe escondeu que o pai era um marinheiro português. No tempo da guerra, o militar esteve colocado na terra delas, junto ao Lago Niassa, no Norte de Moçambique. A filha sabia pouco sobre o pai, além do apelido Monteiro, o posto militar que ocupava e o modelo da lancha onde navegava. Rosa andou uma vida inteira a tentar ir a Portugal descobrir o pai. Acabou por ser um ex-combatente português, marinheiro como o pai, a dar-lhe a mão.

Fonte: RTP > Programas TV

 

1. Amanhã. quarta, dia 2 de julho de 2025, estreia, na RTP1,  a série documental "Filhos de Tuga", da autoria de João Gomes e Catarina Gomes. Produção: RTP. São 3 episódios, cada um com a duração de 52 minutos.

Sinopse: Conheça a história de milhares de filhos que os militares portugueses tiveram de mulheres africanas durante a Guerra Colonial em Angola, Guiné-Bissau e Moçambique

Uma série documental que aborda um problema desde sempre abafado pela História: a existência de milhares de filhos que os militares portugueses tiveram de mulheres africanas durante os 13 anos de Guerra Colonial - em Angola, Guiné-Bissau e Moçambique - e que deixaram para trás, não os reconhecendo e, muitas vezes, ignorando até a sua própria existência.

Os autores percorreram os territórios das três antigas frentes de combate para trazer à luz do dia o drama silencioso destes herdeiros perdidos do império lusitano, esquecidos por Portugal e desprezados nos seus países, onde são depreciativamente tratados por "filhos de tuga" ou mesmo "restos de tuga". 

Mais de meio século depois, a sua ambição continua a ser apenas uma: conhecerem os pais, ou mesmo a família que têm do outro lado do mar. Mas é um desejo que sempre lhes foi negado, deixando uma dor que, por muito tempo que passe, não desaparece.

Como pano de fundo, permanece uma questão: terão os "filhos de tuga" direito a um reconhecimento do Estado português, que lhes deverá prestar toda a informação possível quanto aos seus laços de sangue paterno?

Fonte: RTP > Programas TV

Próximas emissões deste programa

02 Jul 2025 | 22:29 | RTP1

10 Jul 2025 | 22:30 | RTP Internacional


Ficha Técnica:

Título Original : Filhos de Tuga | Realização: João Gomes, Catarina Gomes | Produção; RTP e Nanook |  Autoria: Catarina Gomes | Ano2024 | Duração: 52 minutos

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Nota  do editor

quarta-feira, 15 de setembro de 2021

Guiné 61/74 - P22545: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (90): Documentário para a RTP: procuram-se pais/irmãos de filhos da guerra (Catarina Gomes, argumentista)

1. Mensagem da Catarina Gomes, jornalista e escritora, com 30 referências no nosso blogue

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(Foto à esquerda, cortesia de Tinta da China):


Catarina Gomes nasceu em Lisboa, em 1975. É autora de dois livros sobre a Guerra Colonial.


Em Furriel não é Nome de Pai (Tinta-da-china, 2018) quebrou um tabu, contando a história dos filhos que os militares tiveram com mulheres africanas e que deixaram para trás.

Em Pai, Tiveste Medo? (Matéria-Prima, 2014) aborda a forma como a experiência do conflito chegou à geração dos portugueses filhos de ex-combatentes.

As duas obras foram incluídas no Plano Nacional de Leitura.

Foi co-argumentista do documentário (RTP2) Natália, a Diva Tragicómica, baseado num artigo que escreveu sobre uma mulher que viveu sob a ilusão de que era uma diva da ópera. Jornalista do Público durante quase 20 anos, as suas reportagens receberam alguns dos prémios mais importantes da área, como o Prémio Gazeta (multimédia).

Foi duas vezes finalista do Prémio de Jornalismo Gabriel García Márquez e recebeu o Prémio Internacional de Jornalismo Rei de Espanha. Os seus trabalhos de jornalismo narrativo mais significativos encontram-se no site Vidas Particulares. (Fonte: Wook)
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Data - 14 set 2021 12:11
Assunto - Filhos de tuga-Parte 2



Bom dia, caro professor Luís Graça, Espero encontrá-lo bem.

Escrevo porque, ao contrário do que era minha intenção, vou voltar ao tema dos «filhos de tuga». Fui contactada por uma produtora para fazer um documentário para a RTP sobre o assunto.

Assim sendo, estou de novo à procura de histórias: de pais que reconheceram os filhos, de irmãos portugueses que encontraram/ descobriram os seus irmãos africanos. Vamos à Guiné, Angola e Moçambique.

Aqui fica o apelo:

Procura-se Pais/Irmãos de filhos da guerra Estamos a preparar um documentário para a RTP sobre a realidade dos filhos que alguns militares portugueses deixaram em Angola, em Moçambique e na Guiné-Bissau durante a Guerra Colonial/ do Ultramar, fruto de relações que tiveram com mulheres africanas durante o conflito.

Procuramos quem queira partilhar a sua história do lado da família portuguesa do militar, nomeadamente os próprios militares (pais destes filhos africanos) ou irmãos portugueses que tenham tentado encontrar ou desejem encontrar os irmãos africanos que os seus pais deixaram na guerra.



O nosso contacto é: docfilhosdaguerra@gmail.com

Muito obrigada.
Abraço, Catarina

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Nota do editor:

Último poste da série > 11 de setembro de 2021 > Guiné 61/74 - P22535: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (89): No quadro dos 60 anos do início da Guerra Colonial, o RC 6 (Braga), em parceria com o Departamento de História do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho, está a organizar um Colóquio e uma Exposição com enfoque no património histórico do RC6 como unidade mobilizadora, entre 1964 e 1974, de Pelotões de Reconhecimento Daimler

sexta-feira, 4 de setembro de 2020

Guiné 61/74 - P21322: Agenda cultural (754): convite da Catarina Gomes para a sessão de lançamento do seu livro, «Coisas de Loucos: O que eles deixaram no manicómio": Feira do LIvro de Lisboa, Tinta da China, domingo, dia 6, às 17h00



Convite da autora, Catarina Gomes, e da editora, Tinta da China,


1. Mensagem da jornalista e escritora, Catarina Gomes [ tem cerca de 3 dezenas de referências no nosso blogue; não pertence formalmente à nossa Tabanca Grande, por razões de independência e deontologia profissional; é também autor da "Furriel Não É Nome de Pai: Os filhos que os militares portugueses deixaram na Guerra Colonial" (Lisboa, Tinta da China, 2018, 224 pp.)  

Data: terca feira, 1 set 2020, 11h10

Assunto: :«Coisas de Loucos» lançado na Feira do Livro a 6 de Setembro

Bom dia a todos,

O meu livro «Coisas de Loucos-O que eles deixaram no manicómio (editado pela Tinta da China) será lançado este domingo à tarde, 6 de Setembro, na Feira do Livro de Lisboa, sendo seguido de sessão de autógrafos às 17h00.

Devido às medidas de prevenção da Covid na Feira do Livro de Lisboa poderá haver limitações no acesso.

Abraços,  Catarina Gomes

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Nota do editor:

Último poste da série > 2 de setembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21313: Agenda cultural (753): Arte urbana: mural, da autoria do artista plástico cabo-verdiano, António Conceição, de homenagem às mulheres da seca do bacalhau, e aos demais ofícios da Faina Maior... Gafanha da Nazaré,Ílhavo, agosto de 2020 (Ana Aveiro / Valdemar Aveiro)

sexta-feira, 17 de julho de 2020

Guiné 61/74 - P21177: Agenda cultural (750): Novo livro de Catarina Gomes, "Coisas de loucos: o que eles deixaram no manicómio" (Lisboa, Tinta da China, 2020, 264 pp.)







Sinopse do livro, editado pela Tinta da China 

Prefácio: Djaimilia Pereira de Almeida
Fotografias de Paulo Porfírio
Julho de 2020 | 264 PP | 21x14
ISBN: 978‑989‑671‑553‑3
Preço de capa: 17,90€


1. Mensagem, com data de 14 do corrente, da nossa amiga, jornalista e escritora, Catarina Gomes [ tem cerca de 3 dezenas de referências no nosso blogue; não pertence formalmente à nossa Tabanca Grande, por razões de independência e deontologia profissional]: 

Olá a todos,

Há mais de oito anos encontrei no sótão do primeiro hospital psiquiátrico português, o Miguel Bombarda, em Lisboa, uma caixa de cartão empoeirada cheia de objectos de antigos doentes. Há anos que persigo as suas vidas passadas. Que agora são, finalmente, livro. Chama-se «Coisas de Loucos-O que eles deixaram no manicómio» e chega finalmente às livrarias esta sexta-feira [, 17 de julho].

Por causa da pandemia não há ainda data certa para o seu lançamento, que deverá acontecer em Setembro. Nessa altura, receberão um convite. Por agora fica a notícia
Abraços
Catarina

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domingo, 27 de maio de 2018

Guiné 61/74 - P18685: Agenda cultural (638): Lançamento do novo livro de Catarina Gomes, "Furriel Não É Nome de Pai: Os filhos que os militares portugueses deixaram na Guerra Colonial" (Tinta da China, 2018, 224 pp.): Em Lisboa, na Feira do Livro, domingo, 3 de junho, 16h00; no Porto, Mira - Artes Performtivas, sábado, dia 2 de junho, 15h00






1. Mensagem da nossa amiga, jornalista e escritora, Catarina Gomes (, que tem cerca de 3 dezenas de referências no nosso blogue), com data de 21 do corrente:

Caro professor Luís Graça,

Como está?

Venho convidá-lo para o lançamento do meu novo livro "Furriel não é nome de pai-Os filhos que os militares deixaram na Guerra Colonial", que vai ter lugar na Feira do Livro de Lisboa dia 3 de Junho às 16h00 (o convite segue em anexo) e no Porto a 2 de Junho na Mira Artes Performativas (na zona de Campanhã), o convite também segue em anexo. Ambos os eventos são abertos e todos são bem-vindos.

Venho também pedir-lhe divulgue no blogue o livro que começa a ser vendida nas livrarias dia 25 de Junho (envio em baixo o comunicado de imprensa), mas que pode também ser comprado à distância através do portal da editora Tinta da China com portes gratuitos: 
Tudo começou no vosso blogue.

Faz este ano cinco anos que fui à Guiné-Bissau para escrever pela primeira vez sobre “os filhos do vento”, como lhes começou a chamar o José Saúde no vosso blogue. Não imaginam a quantidade de emails que recebi desde então, de filhos africanos em busca de pais, de alguns portugueses em busca dos seus irmãos africanos. 

Depois dessa primeira reportagem senti que a história tinha ficado incompleta. Que era preciso voltar sozinha à Guiné e continuar a contar as suas histórias. Chamo-lhe um livro de pós-reportagem porque trata do que aconteceu depois da reportagem e por causa dela:

por causa da reportagem Fernando Hedgar da Silva - um homem que um dia pensou que “furriel” era nome de pai e a quem este livro é dedicado - conheceu dezenas de outros “filhos de tuga” como ele e decidiu criar a associação “Filho de Tuga”;

por causa da reportagem Filomena decidiu trazer o sobrinho desconhecido para Lisboa e obrigar o irmão, ex-militar, a fazer um teste de DNA;

por causa da reportagem Emília descobriu os seus dois irmãos gémeos guineenses, Celestino e Celestina.

Ao último capítulo chamei “Pais Procuráveis”. Aqui volto à reportagem que fiz em Angola, em que acompanhei António Bento ao encontro do seu filho angolano desconhecido, e explico também o que aconteceu antes e depois.

Muito obrigada por tudo. Não poderia deixar de estar, juntamente com o José Saúde, nos agradecimentos.

Um abraço,

Catarina




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Nota do editor:

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Guiné 63/74 - P15694: E as nossas palmas vão para... (11): Catarina Gomes, a nossa amiga jornalista do "Público" que venceu o Prémio Rei de Espanha, na categoria imprensa escrita, com o trabalho "Quem é o filho que António deixou na Guerra?"... (Trata-se da segunda parte de um trabalho, iniciado em 2013, sobre os "Filhos do Vento")

1. Mensagem da nossa amiga Catarina Gomes
jornalista do "Público", com data de hoje:

 Professor,


A minha história do furriel e do filho em Angola ganhou recentemente o Prémio de Jornalismo Internacional Rei de Espanha: https://www.publico.pt/sociedade/noticia/publico-vence-premio-rei-de-espanha-1719968

Por causa disso, há uma jornalista brasileira que quer fazer uma peça sobre este tema dos filhos do vento, a ver se damos visibilidade ao tema. Falei-lhe em si e do blogue e em como há quem, entre os ex-militares, defenda que estes filhos devem ter nacionalidade e queira fazer por isso. Posso dar-lhe o seu número? Chama-se Marana Borges e trabalha para o maior site de conteúdos do Brasil, o UOL, que é como se fosse o nosso Sapo.

Abraço

Catarina

2. Recortes de imprensa > Jornalista do PÚBLICO vence Prémio Rei de Espanha

PÚBLICO 12/01/2016 - 15:50 [reproduzido com a devida vénia]


Catarina Gomes é a vencedora com o trabalho Quem é o filho que António deixou na guerra. Há 23 anos que um português não era premiado na categoria de imprensa escrita.



O encontro do pai (António Graça Bento, 63 anos) e do filho (Jorge Paulo
Bento, conhecido por o "Pula",na Unidade de Intervenção Rápida,
de Luena, a que pertence; tem agora 40 anos e 4 filhos; a mãe,
Esperança, já morreu em 2005). Foto de Manuel Roberto, fotojornalista
do Público, reproduzida com a devida vénia.
A jornalista do PÚBLICO Catarina Gomes é a vencedora do Prémio de Jornalismo Rei de Espanha na categoria Imprensa com o trabalho Quem é o filho que António deixou na Guerra?, a segunda parte de um trabalho iniciado já em 2013 sobre os filhos nascidos de relações entre ex-combatentes da guerra colonial e mulheres africanas, os Filhos do Vento. Ambos os trabalhos foram publicados na Revista 2.

A reportagem conta a história do ex-furriel António Bento, que viveu durante a guerra com uma angolana chamada Esperança Andrade e que sempre soube que tinha deixado um filho para trás. A reportagem acompanhou este reencontro. Mas a maior parte dos filhos de ex-combatentes na Guiné-Bissau não teve a mesma sorte. Até hoje, continuam sem saber quem é o seu "pai tuga", revelou a primeira parte deste trabalho que ganhou em 2014 o prémio Gazeta Multimédia, na primeira vez que foi atribuído a um órgão de comunicação social.

O trabalho de Catarina Gomes, que é jornalista do PÚBLICO desde 1998, mereceu a unanimidade do júri dos Prémios de Jornalismo Rei de Espanha 2015, organizados pela agência de notícias espanhola EFE e pela Agência Espanhola de Cooperação Internacional, que esteve reunido entre segunda-feira e hoje em Madrid. Em acta, o júri menciona "uma reportagem que narra com uma linguagem emocionante a história de António Bento e da sua busca pelo filho que teve juntamente com uma angolana durante a guerra. É uma história que ilustra a proximidade entre dois povos e o sarar de feridas passadas.” A história de António Bento foi fotografada pelo fotojornalista do PÚBLICO Manuel Roberto e filmada pelo videojornalista Ricardo Rezende. A última vez que um jornalista português tinha sido distinguido com este galardão na categoria imprensa escrita foi em 1993, um trabalho de Maria Augusta Silva para o Diário de Notícias.

Os Prémios de Jornalismo Rei de Espanha receberam 185 trabalhos de 18 países, entre os quais seis trabalhos de jornalistas portugueses (dois na categoria imprensa escrita, dois em televisão, um na categoria rádio e outro na de jornalismo ambiental). Os países que mais trabalhos apresentaram foram a Colômbia (44), seguido do Brasil (39) e de Espanha (32).

O mesmo júri — que este ano integrou jornalistas espanhóis, um peruano e um português — também deliberou sobre o Prémio Don Quixote de Jornalismo 2015 (12.ª edição), tendo decidido atribuí-lo à crónica Cusco en el tiempo, do peruano Mario Vargas Llosa, publicada no diário espanhol El País.

Cada premiado receberá uma escultura em bronze do artista Joaquín Vaquero Turcios e uma verba de 6000 euros. O Prémio Don Quixote ascende a 9000 euros e uma escultura comemorativa. Os prémios serão entregues pelo rei de Espanha em data ainda a definir.

Catarina Gomes recebeu o prémio Gazeta Multimédia (2014), com a reportagem Filhos do Vento, juntamente com Manuel Roberto e Ricardo Rezende, que veio dar a conhecer as histórias de filhos de ex-combatentes de militares portugueses com mulheres africanas, deixados para trás nos tempos da guerra colonial. O interesse por este tema começou durante a pesquisa do livro que escreveu em 2014, Pai, tiveste medo?, editado pela Matéria-Prima, que reúne 12 histórias sobre a experiência da guerra colonial vista por filhos de ex-combatentes.

Com a reportagem Infâncias de Vitrine, que conta histórias de vidas de filhos separados à nascença de pais doentes com lepra, adultos que passaram as suas infâncias a vê-los através de um vidro, recebeu em 2015 o Prémio AMI-Jornalismo contra a Indiferença – a par com a reportagem Perdeu-se o pai de José Carlos – trabalho que foi também um dos finalistas mundiais, na categoria do texto, do Prémio de Jornalismo Iberoamericano Gabriel García Márquez. Foi argumentista do documentário Natália, a Diva Tragicómica, produzido pela RTP2 e pela Real Ficção.

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Nota do editor:

Último poste da série > 30 de março de 2015 > Guiné 63/74 - P14420: E as nossas palmas vão para... (10): João Crisóstomo e António Rodrigues, amigos da causa de Aristides de Sousa Mendes (Parte II)

domingo, 5 de julho de 2015

Guiné 63/74 - P14838: Filhos do vento (40): abaixo-assinado dos "Fidju di Tuga" à Assembleia da República Portuguesa: "Somos atualmente cerca de meia centena de membros, apenas em Bissau, estimamos que existam pelo menos meio milhar de 'filhos de tuga' espalhados pelo país... Vimos pedir o reconhecimento do legítimo direito à nacionalidade portuguesa"... Entretanto, o 1º ministro Passos Coelho faz amanhã, 2ª feira, a sua primeira visita oficial à Guiné-Bissau.

1. Mensagem de Catarina Gomes, jornalista do Público,  autora (texto) da reportagem sobre os "Filhos do Vento" e "O Meu Filho Ficou lá";  filha de ex-combatente da guerra colonial (em Angola), escreveu o livro "Pai, tiveste medo ?" (Lisboa, Matéria Prima Edições, 2014):

[foto à esquerda: membros fundadores da Associação Fidju di Tuga, com sede em Bissau; cortesia da sua página na Net]
Data: 3 de julho de 2015 às 14:35
Assunto: abaixo-assinado

 Professor,

Aqui lhe envio o texto do abaixo-assinado da associação de que lhe tinha falado :

A Associação Fidju di Tuga/Filho de Tuga-Associação da Solidariedade dos Filhos e Amigos dos Ex-Combatentes na Guiné-Bissau foi criada em 2013 para representar os chamados Fidju di Tuga, expressão que traduzida do crioulo significa Filho de Tuga, e que durante todas as nossas vidas foi usada para nos designar/ insultar na Guiné-Bissau.

Somos filhos de ex-combatentes portugueses que estiveram na Guiné-Bissau durante a guerra colonial/guerra da libertação e que tiveram filhos com mulheres guineenses e os deixaram para trás. Muitos de nós até hoje apenas sabem os apelidos e patentes dos nossos pais, dados incompletos que não nos permitiram saber quem é nosso pai português e tentar entrar em contacto com ele.

Criámos esta associação para representar todos estes filhos que ficaram. Somos actualmente cerca de meia centena de membros, apenas em Bissau. Estimamos que existam pelo menos meio milhar de "filhos de tuga" espalhados pelo país, todos nascidos durante os anos da guerra ou no ano imediatamente a seguir ao regresso definitivo das tropas portuguesas.

Os nossos pais estiveram na Guiné-Bissau ao serviço do Estado Português. Os abaixo-assinados vêm por este meio pedir o reconhecimento do seu legítimo direito à nacionalidade portuguesa como filhos de pais portugueses, solicitando que a sua causa seja debatida no Parlamento português.

Entretanto, soube que o 1º ministro Passos Coelho vai à Guiné dia 6 de Julho.

Abraço e boas férias, se for caso disso.

Catarina
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Nota do editor:

Último poste da série > 24 de junho de 2015 > Guiné 63/74 - P14792: Filhos do vento (39): Será que tudo o que por aí se vai dizendo, da nossa vida sexual em zona de guerra, não será também, em alguns casos, uma grande mentira? (Tony Borié)

sábado, 20 de junho de 2015

Guiné 63/74 - P14774: Filhos do vento (38): O caso do António da Graça Bento que foi a Angola, 40 anos depois, conhecer o seu filho. Reporatgem "on line" e em papel, no jornal Público: texto de Catarina Gomes e imagem e som de Ricardo Rezende



Dois fotogramas do vídeo (31' 17'') publicado pelo Público "on line": "Quero que ele sabe que tem um pai".  Ricardo Rezende (imagem e som). Reproduzidos com a devida vénia.



O encontro do pai (António Graça Bento, 63 anos) e do filho (Jorge Paulo Bento, conhecido por o "Pula", na Unidade de Intervenção Rápida, de Luena, a que pertence; tem agora 40 anos e 4 filhos; a mãe, Esperança, já morreu em 2005). (*)

Foto de Manuel Roberto, fotojornalista do Público, reproduzida com a devida vénia.

O António Bento, natural de Nisa, que trabalha em Montemor-o-Novo e vive em Vendas Novas, foi fur mil da 1ª C/ BART  6321/73 (1973/75), mobilizada pelo RAL 3 (Évora). Este batalhão esteve no leste de Angola (Lucusse, Luvuei, Cassamba e Lutembo). A 1ª companhia esteve no Luvuei. Eis aqui a sua história. 

A reportagem "Quem é o filho que António deixou na guerra?" é uma magnífica peça jornalística de Catarina Gomes (texto), Manuel Roberto (fotografia) e Ricardo Resende  (vídeo em Luanda e Luena).

"Esta é a história de um furriel português que foi viver para a sanzala e que foi feliz na guerra. E de um filho angolano que sempre viveu incompleto. Afinal, o pai de Jorge existe e foi ao seu encontro."

Vd. na edição em papel, domingo, dia 21, a reportagem completa (Público | Revista) (**)

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Guiné 63/74 - P14764: Filhos do vento (36): SIC, Jornal da Noite, hoje, 4ª feira, 18, 20h00-21h30; e revista do jornal "Público", domingo, 21: "Tivemos a felicidade de acompanhar o António Bento, que esteve em Angola entre 1973 e 1975, e era furriel, e ir com ele ao encontro do filho que ele nunca conheceu, deixou a mulher com quem viveu durante um ano grávida" (Catarina Gomes, jornalista)

1. Mensagem da nossa amiga Catarina Gomes,  jornalista do "Público", coautora da reportagem sobre os "Filhos do Vento" e "O Meu Filho Ficou lá"; filha de ex-combatente da guerra colonial (em Angola), escreveu o livro "Pai, tiveste medo ?" (Lisboa, Matéria Prima Edições, 2014):

Data: 16 de junho de 2015 às 10:19
Assunto: Reportagem Angola

Caro professor,

Tal como lhe tinha dito, desde a ida à Guiné a a reportagem dos "filhos do vento",  fiquei com vontade de contar uma história ao contrário, pelo lado de um pai de um "filho do vento". Tivemos a felicidade de acompanhar o António Bento, que esteve em Angola entre 1973 e 1975,  e era furriel, e ir com ele ao encontro do filho que ele nunca conheceu, deixou a mulher com quem viveu durante um ano grávida.

É dessa aventura que dá conta a reportagem que sairá publicada na revista do "Público", no domingo dia 21 de Junho, e no Jornal da Noite da SIC,  esta quinta-feira dia 18 de Junho.

Espero que a reportagem possa inspirar muitos pais a olharem para o passado e talvez a lembrarem-se que deixaram um filho para trás.

Aqui lhe deixo  os dados da conta  bancária da:

Associação da Solidariedade dos Filhos e Amigos dos Ex-Combatentes Portugueses na Guiné-Bissau (Fidju di Tuga)
Banco da África Ocidental em ligação à conta do Montepio em Lisboa.


114011010114

Um abraço
Catarina


2. Quinta-feira, dia 18 de junho, no 'Jornal da Noite', SIC [20h00-21h30], 

Grande Reportagem SIC: "O meu filho ficou lá" 


Sinopse:

A Guerra Colonial levou milhares de soldados portugueses para África e deixou por lá muitas crianças sem pai, filhos de militares portugueses que acabaram as suas comissões de serviço e regressaram a Portugal. Há quem desconheça que por lá deixou um filho, há quem o esconda porque construiu uma nova família após o regresso e há quem nunca esqueça o que se passou.

Já na parte final do conflito, António Bento foi enviado, por dois anos, para Angola onde prestou serviço militar entre 1973 e 1975. Foi colocado no interior de Angola, na província de Luena, perto da fronteira com a Zambia.

Durante a comissão de serviço, António Bento apaixonou-se pela angolana Esperança. O soldado chegou mesmo a mudar-se e a ir viver para casa de Esperança, numa aldeia perto do quartel. Mas no início de 1975, a comissão de serviço termina e António Bento regressa a Lisboa pouco antes do filho de ambos nascer. O ex-combatente nunca esqueceu que se tinha despedido de uma mulher grávida.

A longa guerra civil em Angola e as dificuldades de comunicação com o interior do país foram algumas das barreiras que impediram António Bento de descobrir o paradeiro do filho. Mas nunca desistiu.

Hoje "Zito", o filho de António e de Esperança, tem 40 anos, a mesma idade de Angola independente. E só ao fim de 4 décadas pai e filho encararam-se, pela primeira vez, olhos nos olhos.

"O Meu Filho Ficou Lá " é a história de uma viagem ao interior de Angola e à emoção do primeiro encontro entre um pai e um filho. Uma 'Grande Reportagem' em parceria jornal Público /SIC.

Reportagem : Catarina Gomes
Ricardo Rezende (imagem e som)
Montagem: Ricardo Rezende | Rui Berton
Uma parceria jornal Público / SIC
Coordenação: Cândida Pinto
Direcção: Alcides Vieira | Rodrigo Guedes de Carvalho

Fonte: Cortesia de:

SIC | Ana Margarida Morais
Assistente Gabinete de Comunicação e Relações Externas

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sexta-feira, 12 de junho de 2015

Guiné 63/74 - P14733: Ser solidário (185): Regressei de Bissau e trago um abaixo-assinado de 12 filhos, com as respetivas cópias do BI. A Associação "Fidju di Tuga" quer sensibilizar os deputados portugueses que passaram pelo TO da Guiné (Catarina Gomes, jornalista)

1. Mensagem da jonalista do "Público", Catarina Gomes, autora da reportagem "Filhos do Vento"e do livro "Pai, tiveste medo ?" (Lisboa, Matéria Prima Edições, 2014):


Data: 9 de junho de 2015 às 10:33

Assunto: Filhos

Bom dia,  professor Luís Graça,

Estou de regresso. Como descrever o que senti durante estes dias? Presenciei a uma reunião da associação "Fidju di Tuga", ofereci-lhes o gravador do Tiago Teixeira e a máquina fotográfica de João Sacôto, que os vai ajudar a registar as suas histórias.

O Pepito tinha-lhes prometido tempo de antena nas rádios comunitárias da AD e uma motorizada para que fizessem o levantamento dos filhos pelo país, mas infelizmente a nova AD não deu continuidade à promessa.

Constato que os filhos que eu conheci há dois anos não são os mesmos da associação, que outros novos se lhe juntaram, que há cada vez mais. Acompanhei o presidente, Fernando Hedgar da Silva [. foto à esquerda,] , e constato que a associação vai sendo cada vez mais conhecida na Guiné, e que reforçou laços entre pessoas que tiveram o mesmo destino e que agora já não estão sós, estão a forjar uma identidade em conjunto. As reuniões são tristes e alegres ao mesmo tempo.

Fiquei muito feliz com a sondagem do blogue, sobre o aparente consenso em torno da questão da nacionalidade. Acho que tem de haver mais a fazer por estas pessoas. Espero que a reportagem de dia 18 de Junho, do pai que voltou a Angola para conhecer o filho, ajude a despertar consciências adormecidas!

Não havendo possibilidade de reencontros entre pais e filhos, acho que chega a altura de o Estado português fazer alguma coisa por estas pessoas que vivem em condições muito parecidas com as que os ex-combatentes conheceram há 40 anos.

Será que me pode mandar o mail dos dois deputados que foram passaram pelo TO da Guiné ?  Falei neles ao Fernando e será ele a mandar o mail.

Penso que seria importante que os ex-combatentes se mobilizassem nesta causa, o professor tem feito por isso. Eu trouxe um pequeno abaixo-assinado, com as respectivas cópias dos bilhetes de identidade de 12 filhos.

Assim que descarregar as fotos do meu telemóvel mando-lhas. (**)

Até breve

Catarina Gomes
Jornalista
Jornal PÚBLICO
(+351) 21 0111179 (Directo)
cgomes@publico.pt
www.publico.pt

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Notas do editor: