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quarta-feira, 16 de setembro de 2020

Guiné 61/74 - P21364: Memórias cruzadas na região de Gabu: dia de luto para o EREC 8840/72, na visita de Cecíiia Supinco Pinto a Canquelifá em 6 de Março de 1974 (Jorge Araújo)

Infogravura do (eventual) itinerário utilizado em Março de 1974 por Cecília Supico Pinto (1921-2011), iniciado na Região de Gabú, Zona Leste, no dia 6 (4.ª feira). No decurso da coluna Piche – Canquelifá, a primeira etapa deste programa, na qual a presidente do MNF se incluía, o Esquadrão de Reconhecimento "FOX" 8840/72 (Bafatá, 1973-1974) registou a sua primeira baixa provocada pelo accionamento de mina anticarro.



Foto 1 – Canquelifá (Região de Gabú) – mais uma imagem da destruição da tabanca de Canquelifá, na sequência das diversas flagelações levadas a cabo pelo PAIGC, iniciadas em 17 de Março de 1974, com recurso a morteiros 120 e foguetões 122. [foto gentilmente cedida pelo Eugénio Pereira, ex-fur mil da CCAÇ 3545 (1973-1974)].


Foto 2 – Estado em que ficou a "White" na sequência da explosão da mina anticarro, durante a coluna Piche – Canquelifá, na qual estava incluída a "Cilinha". (Foto gentilmente cedida pelo Silvino Matos, ao fundo à direita; e à esquerda o João da Costa Araújo "Jonas".



O nosso coeditor Jorge Alves Araújo, ex-Fur Mil Op Esp/Ranger,CART 3494 (Xime e Mansambo, 1972/1974), professor do ensino superior; vive em, Almada: acaba de regressar de Abu Dhabi, Emiratos Árabes Unidos, onde foi "apanhado" durante vários meses pela pandemia de Covid-19; tem mais de 260 registos no nosso blogue... e já está a preparar o próximo ano letivo, que não vai ser fácil paar ninguém: professores, e demais pessoal da conunidade escolar: pessoal não docente,alunos, pais e encarregados de educação, etc.


MEMÓRIAS CRUZADAS NA REGIÃO DE GABU: DIA DE LUTO PARA O EREC 8840 NA VISITA DE CECÍLIA SUPICO PINTO A CANQUELIFÁ EM  6 DE MARÇO DE 1974 



► ADENDA AO P21361 (15.09.20) (*)


A expressiva e bem conseguida reportagem sobre a visita a Nhacra da Presidente do Movimento Nacional Feminino, Cecília Maria de Castro Pereira de Carvalho Supico Pinto (1921-2011), realizada pelo camarada António Murta, em 10 de Março de 1974, domingo, que agradecemos, hoje postada no P21361, levou-me a acrescentar mais alguns elementos históricos, já que não é todos os dias que surgem oportunidades para nos referirmos à líder daquele Movimento, por si criado em 28 de Abril de 1961.


Entretanto, na 4.ª feira anterior à sua chegada a Nhala, em 6 de Março de 1974, Cecília Supico Pinto saiu ilesa durante a coluna Piche – Canquelifá, onde ia visitar o contingente da CCAÇ 3545 [, vd. foto acima nº 1], após um carro de combate "White", do EREC 8840, unidade comandada pelo Cap Cav Xavier Silveira Montenegro Carvalhais, ter explodido ao accionar uma mina anticarro durante o referido itinerário.[Vd. foto acima, nº 2]



Do «Caderno de Memórias" [, Diário,]  de Silvino Neto Matos, edição de autor  do qual possuímos um exemplar, e por ter participado naquela missão, retirámos a seguinte passagem:


"Em 06 de Março de 1974 (4.ª feira), durante a coluna a Canquelifá, rebentámos uma mina anticarro reforçada, onde morreu o meu muito grande amigo "Cunha" [José Martins da Cunha, sold apont metralhadora, natural da Trofa, distrito do Porto].


Tinha a minha especialidade, e a sua morte passou a ser a primeira do Esquadrão de Reconhecimento "FOX" 8840.

 

Para além desta baixa registou-se ainda a evacuação de mais quatro elementos: o furriel Rodrigues, Afonso, António Nunes Figueiredo "Estarreja" e o Hélder de Jesus Costa.


Nessa coluna, na 3.ª viatura, seguia a D. Cecília Supico Pinto (1921-2011), Presidente do Movimento Nacional Feminino, sendo que a primeira era uma Chaimite, a segunda uma White, a que accionou a mina, depois mais uma Chaimite, mais uma White e, finalmente, a coluna constituída por uma companhia operacional [n/n]." 


Depois de ter apanhado um "valente" susto (digo eu!), a caminho de Canquelifá, Cecília Supico Pinto viria a viver mais "emoções", desta feita, em Gadamael, quando aí, pela manhã do dia seguinte à sua chegada [Março de 1974], "aguentou estoicamente a primeira flagelação do dia". (C. Martins - P21349). [Vd. infografia acima].

 

Termino, agradecendo a atenção dispensada. (**)

Com um forte abraço de amizade e votos de muita saúde.

Jorge Araújo.

15Set2020


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(**)  Último poste da série > 31 de agosto de 2020 > Guiné 61/74 - P21306: Memórias cruzadas na região do "Macaréu" (Bambadinca) em 1971: a realidade e a ficção (Jorge Araújo)

terça-feira, 2 de maio de 2017

Guiné 61/74 - P17307: Homenagem aos limianos que morreram pela Pátria nas guerras do ultramar (Mário Leitão) - Parte III





Mário Leitão,  farmacêutico reformado, 
residente em Ponte de Lima, ex-fur mil de Farmácia, Luanda, 1971/73. 



(Continuação)









De Casimiro Rodrigues Alves a José Araújo Sendio   (n=14)
.

1. Continuação da divulgação do artigo publicado na Revista Limiana (I Série, 2007-2014, nº 37, abril de 2014, director: José Pereira Fernandes), da autoria do nosso camarada e grã-tabanqueiro Mário Leitão.

Proprietário da Farmácia Lopes, em Barroselas, Viana do Castelo, farmacêutico reformado, residente em Ponte de Lima, ex-fur mil de farmácia, Luanda, 1971/73, o Mário Leitão tem-se dedicado, de alma e coração, à recolha e tratamento da informação relativa aos limianos,  os naturais do concelho de Ponte de Lima, mortos nos TO de Angola, Guiné e Moçambique bem como no continente ou outros territórios, no cumprimento do serviço militar, no período que abarca a guerra  colonial (1961/74).

A lista (52 nomes no total) é enriquecida com fotos e valiosas notas biográficas. Depois dos 10 primeiros nomes (*), publicam-se os 14 seguintes. Os camaradas mortos no TO da Guiné vão assinalados a vermelho (sublinhado). São 7 nesta lista, tendo pertencido às seguintes subunidades/unidades:

CCAÇ 1790 / BCAÇ 1933
CCS/ BART 6523
CART 1690 / BART 1914
EREC 8840/72 / BCAÇ 3883
CART 1742 / BART 2857
CCAV 1485.

Não há indicação da unidade a que pertenceu o Casimiro Rodrigues Alves.
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Notas do editor:

(*) Postes anteriores da série:

13 de abril de 2017 > Guiné 61/74 - P17240: Homenagem aos limianos que morreram pela Pátria nas guerras do ultramar (Mário Leitão) - Parte I

27 de abril de 2017 > Guiné 61/74 - P17292: Homenagem aos limianos que morreram pela Pátria nas guerras do ultramar (Mário Leitão) - Parte II

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Guiné 63/74 - P16703: Fotos à procura de... uma legenda (75): Distância de Cufar a Lisboa ? 4583 km ? Não, eram 21 m...eses! (Luís Mourato Oliveira, ex-alf mil, CCAÇ 4740, Cufar, e Pel Caç Nat 52, Mato Cão e Missirá, 1972/74)


Foto nº 1 A


Foto nº 1 A


Foto nº 1

Guiiné > Região de Tombali > Cufar > Pel Rec Fox 8870/72  (1973/74)>   A autometralhadora Fox


Foto (e legenda): © Luís Mourato Oliveira (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar; Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. Foto do excelente álbum de Luís Mourato Oliveira, que foi alf mil inf, de rendição individual,  na  CCAÇ 4740 (Cufar, 1972/73), e depois comandante do Pel Caç Nat 52 ( Mato Cão e Missirá, 1973/74, no setor L1, Bambadinca), subunidade que ele irá desmobilizar e onde terminaria a sua comissão já depois do 25 de Abril.   Esteve em Bolama a dar formação a pessoal do recrutamento, em 1973, antes de seguir para Bambadinca.

O fotógrafo (neste caso, o nosso camarada Oliveira)  apanhou,  com rara felicidade,  além da autometradalhora Fox MG-16-40 (?),  uma curiosa placa, dupla, junto a uma árvore, com indicação de ser "território" do Pel Rec Fox 8870 e de a distância dali [, Cufar] a Lisboa ser,  medida não em quilómetros (, o que seria qualquetr coisa como 4853 km, de carro) mas em meses: Lisboa, 21 M...

Esse era o  tempo normal, recorde-se,  de uma comissão no TO da Guiné. Graças ao 25 de abril de 1974, a "distância" foi encurtada em alguns meses: o Pel Rec Fox 8870 cumpriu um ano e quatro meses de comissão (de abril de 1973 a agosto de 1974).

Mais um exemplo do nosso bom humor de caserna (*)... Eram estes pequenos (mas geniais...) de bom humor que não tornvam mais suportável o "degredo" em terras como Cufar, na Guiné, a  5 km de distência de casa...

2. De acordo com o respetivo blogue, o Pel Rec Fox 8870, f oi formado no Regimento de Cavalaria  n º 8, em Castelo Branco. 

Embarcou no T/T Uíge, rumo ao CTIG,  no dia 3 de abril de 1973 e desembarcou em Bissau a 9 do mesmo mês.  Esteve m Cufar. Regressou a  casa,  conjuntamente  com o EREC 8840/72, em voo especial, a 31 de agosto de 1974, com chegada ao aeroporto de Figo Maduro, ao fim da tarde. 

Foi seu comandante  alf mil cav Fernando António Ribeiro de Faria. O pessoal, bastante unido, reune-se todos os anos em convívio. Era originalmente composto por 41 homens: 1 alferes, 5 furriéis, 11  prirmeiros cabos Cabos e 24 soldados. 

Desta valorosa subunidade temos um grã-tabanqueiro, o António P. Almeida, que vive em Castelo de Paiva. (**)

3. No seu Diário da Guiné: Lama, Sangue e Água Pura, (Lisboa: Guerra & Paz Editores, 2007, 220 pp), o nosso camarada António Graça de Abreu (, alf mil, CAOP 1, Cufar, 1973/74) não esconde as dificuldades por que a passava a malta, em Cufar, já no início de 1974:


Cufar, 7 de Fevereiro de 1974
.
Em alguns aquartelamentos aqui do sul também existem carências de todo o tipo, mas de natureza diferente das deste pobre povo guineense. No Relatório Mensal Janeiro 1974 do nosso CAOP 1, no ponto 4. b. Logística, os meus chefes referem, em diferentes destacamentos da nossa zona operacional, falta de medicamentos, falta de mesas e bancos para os refeitórios, falta de víveres frescos e de arroz para distribuir pela população, falta de armamento, falta de peças de substituição para muitas das viaturas auto-metralhadoras Fox e White que têm dezenas de anos e estão na sua maioria avariadas, falta de geradores eléctricos, de moto-serras, de electro-bombas, de motores para os barcos sintex.

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Notas do editor:


terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Guiné 63/74 - P15638: Blogues da nossa blogosfera (73): No Blogue "Portugal e o Passado", A Agonia do Império, de Fernando Valente (Magro)



1. Publicamos hoje mais um texto do nosso camarada Fernando Valente (Magro) (ex-Cap Mil Art.ª do BENG 447, Bissau, 1970/72), intitulado A Agonia do Império, enviado pelo seu irmão Abílio Magro em mensagem de 8 de Dezembro de 2015, que podemos ler, além de outros, no seu Blogue "Portugal e o Passado".


A Agonia do Império

Texto publicado por Fernando Magro no seu blog "Portugal e o Passado"

O Império Colonial Português abrangia em 1960 uma superfície total de 2.031.935 Km2, correspondendo à soma das superfícies dos seguintes países europeus: Portugal Continental, Espanha, França, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Suíça, Alemanha e Inglaterra. Em área Portugal ocupava em 1960 o quarto lugar do mundo entre os impérios coloniais nessa altura. Os territórios que estavam sobre o domínio de Portugal eram, além do rectângulo europeu e das ilhas adjacentes da Madeira e dos Açores, o arquipélago de Cabo Verde, a Guiné, São Tomé e Príncipe, São João Baptista de Ajudá, Angola, Moçambique, Estado da Índia (composto por Goa, Damão e Diu), Macau (na China) e Timor (na Indonésia).

A partir porém de 1960 este vasto Império começa a desmoronar-se, devido a movimentos armados dos respectivos povos.
A primeira perda foi a de São João Baptista de Ajudá, uma presença simbólica portuguesa na costa do Daomé, uma vez que era praticamente constituída por uma fortaleza e um pequeno território a envolvê-la.

A 17 de Dezembro de 1961 a União Indiana ocupa militarmente o Estado Português da Índia e anexa Goa, Damão e Diu ao seu território. Nesse mesmo ano, em Angola é iniciada uma guerra de guerrilhas contra a nossa permanência naquela área de África, guerra que se estende rapidamente em 1962 à Guiné e em 1963 a Moçambique.

Essa guerra, em três frentes, tornar-se-á longa obrigando a um grande esforço material e humano, com sacrifício de várias gerações de jovens soldados, enquadrados por sargentos e oficiais do quadro permanente e do quadro de complemento (milicianos).

No caso da minha família (Valente Magro) todos os meus cinco irmãos e eu próprio fomos chamados a prestar serviço militar obrigatório e todos fomos mobilizados: um para Moçambique, como alferes miliciano, dois para Angola sendo um deles no posto de furriel e o outro como cabo especialista da Força Aérea e três para a Guiné, sendo eu, o mais velho, como capitão miliciano, o mais novo como furriel e o imediatamente a seguir ao mais novo como primeiro-cabo auxiliar de enfermeiro.

No meu caso particular fui duas vezes incorporado obrigatoriamente na vida militar. Em 1959 iniciei o cumprimento da minha primeira obrigação militar na escola prática de artilharia em Vendas Novas como cadete, tendo acabado como aspirante oficial miliciano no Grupo de Artilharia Contra Aeronaves n.º 3, em Paramos, Espinho. Somente regressei à vida civil em Fevereiro de 1960 como alferes miliciano, tendo sido promovido mais tarde a tenente miliciano na disponibilidade.

Estive nas fileiras do exército nessa primeira fase durante vinte meses. Depois disso entrei ao serviço do Ministério das Obras Públicas como engenheiro técnico, casei e nasceu o meu filho Fernando Manuel em 1961, precisamente no ano da invasão e anexação pelas tropas da União Indiana das possessões de Goa, Damâo e Diu.

Também em 1961 teve início a guerra colonial de Angola, que se estendeu rapidamente à Guiné e a Moçambique como já referi anteriormente.

Na altura, em 1961, ainda receei ser mobilizado como alferes [tenente], mas tal não se verificou. Mas em 1968, passados sete anos, tive conhecimento que, por haver muita falta de comandantes de companhia (capitães) o governo estava incorporando os tenentes milicianos na disponibilidade a fim de frequentarem obrigatoriamente um curso de promoção a capitães, tendo em vista a sua mobilização, nesse posto, para as guerras coloniais em África.

O aviso para me apresentar em Mafra a fim de frequentar o referido curso de promoção a capitão chegou-me a vinte e oito de Fevereiro de 1969. Em Março desse mesmo ano fui pela segunda vez incorporado no exército e só passei à disponibilidade em trinta de Junho de 1972, isto é, passados quarenta messes. Como na minha primeira incorporação tinha estado vinte meses ao serviço do exército, com esta segunda incorporação perfiz sessenta meses, isto é cinco anos de vida militar obrigatória.

Vida militar que na segunda fase compreendeu uma comissão na Guiné de 10 de Abril de 1970 a 30 de Junho de 1972. Essa comissão que inicialmente estava para a ser cumprida comandando uma companhia operacional no mato, acabou por ser levada a efeito no Batalhão de Engenharia 447, em Bissau por intervenção do Governador e Comandante-Chefe da Guiné, General Spínola, que decidiu colocar-me no referido batalhão de engenharia aproveitando a minha formação civil.

Aí chefiei os Serviços de Reordenamentos Populacionais. Tratava-se de um serviço dirigido por militares que era essencialmente destinado às populações civis. Tinha em vista proceder ao agrupamento de diversas pequenas "tabancas"(*) com o fim de constituir aldeamentos médios onde fosse rentável dotá-los com algumas infraestruturas tais como escolas, postos sanitários, fontanários, tanques de lavar, cercados para o gado, mesquitas ou capelas.
Além disso tinha-se também em vista, com a execução dos reordenamentos, a defesa e o controle das populações.

A minha actividade não estava por isso circunscrita à cidade de Bissau. Tinha por vezes que me deslocar ao interior do território para resolver localmente problemas que surgiam durante as obras dos reordenamentos populacionais. Fiz, por isso, algumas viagens para o interior da Guiné em helicóptero ou em avião militar (Dornier). Essas viagens tinham alguns riscos devido aos independentistas, a certa altura, se terem apetrechado com mísseis terra-ar e devido aos tornados que por vezes se formavam e que eram perigosos principalmente para as pequenas aeronaves.

Durante a minha estadia na Guiné ocorreu um acidente justamente com um helicóptero que transportava cinco deputados da Assembleia Nacional e que um tornado fez despenhar no rio Mansoa tendo morrido todos os seus ocupantes.
Comigo as deslocações ao interior da Guiné correram sempre sem perigo, mas para outros militares não foi sempre assim.

O Batalhão de Engenharia 447 tinha como funções dar apoio às tropas aquarteladas na Guiné no âmbito de garantir o regular funcionamento dos quartéis, promover o fornecimento de geradores eléctricos, orientar e apoiar as obras de reordenamentos populacionais, fornecer material de manutenção, construir estradas, pontes e portos de atracagem, quartéis e abrigos subterrâneos, etc. Muitos elementos do BENG 447 tinham de se deslocar ao mato frequentemente em colunas por via terrestre e alguns correram grandes riscos como podemos constatar pelo relato trágico que o Furriel Miliciano de Engenharia Pedro Manuel Santos fez no livro "A Engenharia Militar na Guiné" (no qual também colaborei) quando descreve uma emboscada que sofreu uma coluna de dez viaturas, em que ele mesmo seguia, da seguinte forma:

"No dia 22 de Março de 1974 quando regressava de Piche para Nova Lamego, em coluna militar, e após termos percorrido cerca de dez quilómetros entre Benten e Cambajá, cerca das 8:30 horas, sofremos uma emboscada de grande violência.

O PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde) tinha colocado à beira da estrada cerca de 110 abrigos e outra grande quantidade de guerrilheiros em cima de mangueiros. O número de guerrilheiros estimou-se entre duzentos e duzentos e cinquenta elementos...

A nossa coluna militar era constituída por dez viaturas, sendo duas chaimites, uma white, três berliets e quatro unimogs.

Quando deflagrou a emboscada as duas chaimites da frente foram as primeiras a ser atacadas com RPGês bem como uma white e um unimog.

A primeira chaimite onde ia o Capitão Luz Afonso passou e saiu da estrada protegendo-se no mato no lado oposto ao dos guerrilheiros tendo sido ainda atingida por um rocket de raspão. A segunda chaimite, onde ia eu, apanhou uma rocketada à frente, bem como no lugar onde ia o condutor e o Furriel Soares que a comandava. Perfurou o blindado e cortou as pernas aos dois referidos camaradas que começaram a gritar por ajuda.

O Cabo Augusto Graça que ia na metralhadora, com uma enorme frieza dispara durante algum tempo até que a velha máquina se encravou. Durante uns minutos, que me pareceram anos, a chaimite começou a arder pela frente e as chamas envolveram os companheiros que tinham sido atingidos pela rocketada e que já estavam sem pernas.

Lembro-me de olhar nos olhos o Furriel Soares, que comandava a chaimite, e que me pediu para o não deixar morrer ali.

Por segundos tentei pegar num deles mas a viatura já se encontrava com um nível de calor muito elevado e o perigo de ficarmos todos lá dentro era iminente.

O Cabo Atirador Augusto Graça apenas teve tempo de abrir metade da escotilha do blindado e gritar para fugirmos. Já não pude fazer mais nada. Tive de abandonar o blindado.

Saí eu, o Capitão Miliciano Fernando e o Cabo Augusto Graça. Corri cerca de cem metros e logo atrás de mim um guerrilheiro do PAIGC tentou agarrar-me à mão. De imediato os depósitos da chaimite rebentaram e deu-se uma enorme explosão.

Ainda me lembro de ouvir as balas e as granadas que estavam dentro do blindado a rebentar e os últimos gritos dos meus dois camaradas!

Nesse momento o guerrilheiro que correu atrás de mim, em volta de um enorme morro de formigas "baga baga", desistiu, presumo que assustado pela enorme explosão da chaimite e consegui despistá-lo fugindo para o mato. A minha G3 tinha ficado no blindado.

Dentro do mato encontrei o Capitão Fernando... ele trazia uma pistola Walter e disse-me: esta pistola é para nos suicidarmos se formos agarrados à mão!

A partir de aí perdi por completo a memória, não sei por onde andei nem durante quanto tempo, mas dizem-me que foi por um dia inteiro. Tenho uma vaga ideia de ir ter sozinho à estrada e encontrar o Furriel Fidalgo que fazia segurança ao material queimado. Senti o cheiro de carne humana queimada que saía da minha chaimite e que até hoje nunca mais me saiu do nariz.

Levaram-me para Piche onde o nosso Capitão Luz Afonso já se encontrava à espera de transporte para Bissau. Segui, depois, para Nova Lamego onde fui tratado a uma perna que ficou ferida ao sair por metade da escotilha da chaimite. Fui depois evacuado para o Hospital Militar de Bissau...

A minha arma foi entregue mais tarde no BENG 447 apenas com a parte de ferro crivada das balas que rebentaram dentro da chaimite.

O Furriel Fidalgo disse-me que quando apareci do mato e o encontrei junto à estrada só gritava para ele: "Foge que vem aí os amarelos!" (referindo-me aos fardamentos do guerrilheiros do PAIGC) e que estava completamente baralhado da cabeça. Chamaram-me o "morto-vivo" por ter sido dado como morto e depois aparecer com vida.

Nesta emboscada tivemos seis mortos, dezasseis feridos muito graves e três feridos ligeiros. Tenho na memória alguns camaradas a respirar pelas costas e já sem vida. Alguns completamente desfeitos. Outros a serem tratados com garrotes.

Quando regressei à metrópole para junto da minha família... senti-me completamente abandonado e entregue a mim próprio. Ninguém me perguntou se estava bem ou mal, se precisava ou não de qualquer tipo de ajuda. Tinha de recomeçar a minha vida...

Hoje, passados quarenta anos, acho imprescindível este desabafo para que alguém com poderes para isso não deixe que a história se repita neste capítulo. Esta é apenas uma história entre outras que em dois anos sucederam e que não gosto de contar mas entendo que a devia escrever. A todos os ex-combatentes ainda vivos deixo uma palavra de coragem para acabarmos os dias que nos falta viver.

As gerações vindouras que não esqueçam a brutalidade a que o Governo de então submeteu os jovens da nossa geração. Quando se fala de ex-combatentes deve tributar-se o respeito que eles merecem pois marcaram e fazem parte de uma página da história que, em nome da Pátria, foram obrigados a cumprir e muitos a darem, inclusive, a sua própria vida."

____________

Notas do editor

- Sublinhado da responsabilidade do editor

- Nesta emboscada morreram 2 Soldados e 2 Furriéis do Esq Rec Fox 8840, 1 Soldaddo da CCAÇ 21 e 1 Soldado do 12.º Pel Art

Último poste da série de 18 de janeiro de 2016 Guiné 63/74 - P15631: Blogues da nossa blogosfera (72): Uma aventura em África: em 14 de novembro de 1980, eu estava em Bissau... Depois do jantar, no Hotel 24 de Setembro, fui surpreendido pelo golpe de Estado do 'Nino' Vieira (Francisco George, antigo represente da OMS - Organização Mundial da Saúde na Guiné-Bissau)

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Guiné 63/74 - P12284: Memória dos lugares (252): Bafatá ao tempo do Esq Rec Fox 2640 (1969/71) (Manuel Mata)



Guiné > Zona leste > Bafatá > Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (1969/71) > Vista aérea, tirada de heli.

O Esq Rec Fox 2640 (Bafatá, 1969/71) era constituído por 1 Pelotão de Comando e Serviços e 3 Pelotões de Reconhecimento, equipados com as seguintes viaturas: (i) três Auto Metralhadoras Daimler; (ii)  duas Auto Metralhadoras Fox; (iii) um Granadeiro com blindagem lateral sendo a sua guarnição composta por atiradores; (iv) um Unimog cuja secção tinha um morteiro 81.

Foto: © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados. [Edição: L.G.]


Texto do Manuel Mata, ex-1º cabo apontador de Carros de Combate M 47, Esq  Rec Fox 2640 (Bafatá, 1969/71) (*)

[Montagem de fotos  originalmente publicadas na I Série do Blogue, em vários postes (*),  e que se volta a reproduzir, com um abraço ao autor, de quem não temos tido notícias; creio que vive no Crato ou Niza, no Alto Alentejo; gostaríamos de ter outras fotos iguais mas com melhor resolução]


1. Apresentam-se a seguir algumas imagens que documentam o aspecto de Bafatá à data da sua elevação a cidade (em cerimónia que decorreu a 12 e 13 de Março de 1970, com a presença do Ministro do Ultramar, Joaquim Moreira da Silva Cunha). (**)


Guiné > Zona Leste > Bafatá > 1970 > 

Foto nº 1 

Estabelecimentos comerciais e ruas com o seu aspecto bem cuidado, onde se destaca a limpeza e os lancis pintados a branco.





Guiné > Zona Leste > Bafatá > 1970 > 

Foto nº 2

Outra rua comercial 





Guiné > Zona Leste > Bafatá > 1970 > 

Foto nº 3

Rotunda à entrada de Bafatá e o Café do Teófilo (pai da Ritinha), ao fundo. 



Guiné > Zona Leste > Bafatá > 1970 > 

Foto nº 4

Hospital, unidade dirigida por missionários 
italianos





Guiné > Zona Leste > Bafatá > 1970 > 

Foto nº 5

Catedral onde casou o Alferes Félix Vaz,  do Comando, com uma irmã do Coronel Danif, filhos da D. Rosa.  





Guiné > Zona Leste > Bafatá > 1970 > 


Foto nº 6

Residência do Administrador do Concelho [Ribeiro Guerra, na altura] e  posto dos cipaios.






Guiné > Zona Leste > Bafatá > 1970 > 

Foto nº 7

Mesquita, espaço de oração da comunidade muçulmana. 





Guiné > Zona Leste > Bafatá > 1970 > 

Foto nº 8

Escola Primária inaugurada nesse ano.







Guiné > Zona Leste > Bafatá > 1970 > 

Foto nº 9 

Edifício dos Correios e Finanças. 






Guiné > Zona Leste > Bafatá > 1970 > 

Foto nº 10

O "Bataclã" [, no bairro da Rocha],   um dos pontos de lazer e divertimento da rapaziada.








Guiné > Zona Leste > Bafatá > 1970 > 

Foto nº 11


Ponte do Rio Colufe [, afluente do Rio Geba,] com a sua célebre estrutura em troncos de palmeira,




Guiné > Zona Leste > Bafatá > 1970 >

Foto nº 12

Ponte sobre o Rio Geba[, em cimento armado]


Fotos e legendas: © Manuel Mata (2006). Todos os direitos reservados

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Notas do editor:

[Foto à esquerda: Campo Militar de Santa Margarida > Regimento de Cavalaria 4 > 1969 > O Manuel Mata posando num Carro de Combate M47. Foto do autor]


(*) Vd. I Série > poste de 2 de abril de 2006 > Guiné 63/74 - DCLXXI: Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Manuel Mata) (4): Elevação de Bafatá a Cidade

Comentários deixados neste poste:

(1) posted by Jovem Cantineiro [, Carmindo Pereira Bento,]: 12/19/2007 12:41 PM


Colegas de Bafatá, vejo tudo o que têm neste e noutros sites relativos à Guine.

Sou ex-militar do Esquadrão de Reconhecimento Fox 8840.  Estive lá no inicio de 1973 até perto do fim do ano de 1974.

Tenho histórias a contar como vocês contam as vossas. Tivemos lá dos maiores atentados registados até essa data.

Lamento,  principalmente o meu ex-capitão e comandante Carvalhais,  do Esquadrão de Cavalaria 8840 (hoje coronel),  nada registar na internet.

Não vos conheco mas gostaria de ter contacto convosco para vocês conhecerm o meu esquadrão e recordarmos por onde e como passamos.

Um abraço... Carmindo Pereira Bento.
Restaurante Ângulo-Real 2425-022 Monte-Real- Leiria.


(ii) posted by Anónimo [Maurício Vieira] : 1/02/2009 12:16 AM 

Oi, amigo, também estive em Bafatá,  de Março de 1972 até Julho de 1974, pertenci à CCS do Batalhão 3884, mesmo ao teu lado. 

O meu mail: maunuvi@hotmail.com, para futuro contacto, Tel. 214026571 - Tm. 914614074.

No blog do Luis Graça podes encontrar o meu nome e referências na fotogaleria, chamo-me Mauricio Vieira e moro em Sintra. Teria todo o prazer em nos contactarmos, até porque gostaria de ter fotos de Bafatá que infelizmente perdi na totalidade. Um abraço e até breve.
(iii) posted by Antonio [Fontes] : 5/04/2011 3:31 PM

Tudo bem,  amigo, há muito que procurava alguém do esquadrao do qual fiz parte. Fiquei muito contente ao ver isto,  sou o mecánico Fontes,  gostava de contactar amigos do 8840. O meu contacto: afontessantos@gmail.com

(iv) posted by Campelo de Sousa : 1/30/2013 10:44 PM 

Também estive em Bafatá em fins de 1970 no Posto de Rádio (STM).

Foi lá que recebi o meu primeiro salário o dito Pré referente ao mês de Novembro/1970, de valor global = 2.738$00 !!! Esse recibo trazia escrito a lápis o seguinte: B.ART.2920 e ESQ.FOX.2640.

Passados que são 43 anos eu ainda guardo esse 1º Recido.

Francamente era uma fortuna que compensava muito bem as agruras daquela guerra para não dizer outra coisa  !!!!

Ex 1º Cabo Radiotelegrafista Campelo de Sousa.

PS - Esqueci-me de deixar o meu email: campelodesousa@sapo.pt

(**) Último poste da série > 12 de novembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12280: Memória dos lugares (251): Cacheu, o Largo Central, a Casa Escada, a Casa Gouveia... (António Bastos, ex-1.º Cabo, Pel Caç Ind 953, Teixeira Pinto e Farim, 1964/66)


terça-feira, 28 de setembro de 2010

Guiné 63/74 - P7047: Em busca de... (145): Informações sobre a viatura blindada Chaimite e o seu comportamento no CTIG (Juvenal Amado / Pedro Monteiro)



Guiné > S/l > 1972 > Uma viatura blindada Chaimite V200. Foto de António Rogério Rodrigues Moura [ARRM]. Com a devida vénia...


Fonte: Portal Prof 2000 > Aveiro e Cultura > Arquivo Digital




Guiné > Bafatá (presumivelmente) > Rio Geba > 1972 >  Uma viatura blindada Chaimite V200, testando as suas capacidades como veículo anfíbio. Na prática, era usada  sobretudo em colunas logísticas , por exemplo na grande estrada alcatroada da zona leste (Xime, Bambadinca, Bafatá, Nova Lamego, Piche...).

Foto de António Rogério Rodrigues Moura [ARRM]. Com a devida vénia... (Pelo que consegui apurar, o António, natural de Cacia, teria pertencido à CART 3521, Piche, Bafatá e Safim, 1971/74, a mesma subunidade onde estiveram ou por onde passaram os nossos camaradas, membros da Tabanca Grande, Henrique Castro e António Sá Fernandes.

Fonte: Portal Prof 2000 > Aveiro e Cultura > Arquivo Digital





Guiné > Zona leste > Região de Gabú > Piche > CCAÇ 3546 (1972/74) > Coluna logística, vinda (presumivelmente) de Nova Lamego e a chegar a Piche... À frente uma Chaimite,  seguida de uma White... As duas viaturas deveriam, possivelmente, pertencer ao Esq REex Fox 8840 (Bafatá, 1973/74)


Foto do álbum fotográfico do nosso camarada Jacinto Cristina (Figueira de Cavaleiros, Ferreira do Alentejo).


Foto: © Jacinto Cristina (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.






1. Resposta de Juvenal Amado a um pedido,  de um leitor nosso (vd. ponto 2), de informações sobre as Chaimites na Guiné:


Caro amigo:


Terei todo prazer em ajudá-lo embora eu não fosse de Cavalaria.


Fiz muitas colunas onde as Chaimites faziam segurança. Felizmente nunca precisaram de actuar na minha presença.


Lembro-me de haver uma equipada com canhão, embora a maioria fosse equipadas com HK  21,  por torre. Depois eram os atiradores que também de dentro podiam fazer fogo.


Quanto ao que a malta pensava sobre a segurança que elas nos davam é difícil explicar. Sabe,  aquilo era uma guerras de pobres e se uma Chaimite corresse perigo mandavam antes os homens à frente.


Eu numa manhã assisti ao efeito que os RPG  perfurantes, fizeram a uma no caminho entre Bafatá e Nova Lamego (Gabu)


Os Guerrilheiros incendiaram e  atacaram na noite anterior uma aldeia, quando a Chaimite chegou ficou toda iluminada e foi violentamente atacada.


Despistou-se e ficou com as metralhadoras num ângulo o qual não permitia defender-se. Foi toda crivada,  tendo havido mortos e feridos.


Penso que o desastre se deveu também em parte a um certo facilitismo pois estariam convencidos que estavam protegidos e avançaram sem segurança.


Bem,  coisas de guerra,  não vale a pena arranjar culpados nem desculpas.


Se puder ser útil em mais alguma coisa estou ao seu inteiro dispor.


Entretanto dei conhecimento ao blogue, pois lá haverá muita malta que lidou de perto com elas.


Um abraço


2. Mensagem enviada ao Juvenal Amada, em 27 do corrente, pelo Pedro Monteiro: (**)


Caro senhor Juvenal Amado,


O meu nome é Pedro Monteiro e sou correspondente para Portugal e colaborador regular de diversas publicações militares (http://pedromonteiro-photography.blogspot.com/).


Como parte deste trabalho tenho desenvolvido um projecto de investigação sobre o blindado de concepção e fabrico português Chaimite que já levou à publicação de alguns trabalhos na revista portuguesa "Motor Clássico" e [noutras revistas] estrangeiras:


http://pedromonteiro-photography.blogspot.com/2008/11/chaimite-research-project-first-article.html


http://pedromonteiro-photography.blogspot.com/2008/12/chaimite-second-article-published.html


http://pedromonteiro-photography.blogspot.com/2009/04/first-article-history-of-familiy-of.html


http://pedromonteiro-photography.blogspot.com/2009/05/gazela-leopardo-and-pantera-history-of.html


 http://pedromonteiro-photography.blogspot.com/2010/04/bravia-chaimite-history-of-first.html


Caso tenha interesse posso, aliás, disponibilizar as digitalizações destes trabalhos.


Estou, pois, a contactá-lo a propósito da sua colaboração com o blogue do senhor Luís Graça onde relata a sua experiência na Guiné. Numa das fotografias surgem duas viaturas Chaimite durante uma visita do General Spínola.


Poder-me-ia dar mais detalhes do emprego operacional das Chaimite na Guiné? Por exemplo, que impressões tinham os militares delas? Quantas estavam ao serviço da unidade de Bafatá? Recorda-se de uma viatura dotada de uma torre Mecar armada com uma peça de 90mm, muito idêntica à Chaimite?


Agradeço, desde já, a sua colaboração! 


Cumprimentos,
Pedro Monteiro (Telemóvel: 93 441 75 34)


_______________


Notas de L.G.:


(*) Último poste da série > 9 de Setembro de 2010 > Guiné 63/74 - P6960: Em busca de ... (144): O alferes médico miliciano da CCAÇ 153, Fulacunda, 1961/63 (George Freire)

(**) Vd ainda os postes:


sexta-feira, 19 de março de 2010

Guiné 63/74 - P6022: Fajonquito do meu tempo (José Cortes, CCAÇ 3549, 1972/74) (4): Ainda o caso do Cap Patrício que foi, por castigo, para a CCAÇ 15, Mansoa, e do comandante do Esq Rec Fox de Bafatá que invadiu o Senegal com as chaimites

1. Pergunta o José Bebiano, em 6 docorrente, ao José Cortes:


Responde-me lá. Quem é o furriel que está ao meu lado? (*)

Não sabia que o meu substituto tinha falecido. Recordei-me que era de Fátima, mas o nome nem pó?! Morreu de paludismo? Enquanto por lá estive não tive conhecimento  de qualquer morte desse tipo. Grande azar.

O Capitão José Eduardo [Patrício]  faleceu em 2008! Morreu novo. Por que foi transferido para Mansoa? Castigo? Dava-me muito bem com ele. Não tinha nada a haver com o falecido cmdt da CART 2742,  Carlos Borges de Figueiredo (**).

Estou com o meu neto mais novo ao colo, Iánis, não me deixa escrever.

Vou procurar mais alguma foto que te diga algo. Depois logo envio. Cumprimentos. E o FCPorto com o empate de hoje já foi... e o meu Belenenses tb.

Cumprimentos. José Bebiano.

2. Resposta do José Cortes [ foto acima, em Fajonquito], na volta do correio:

Assunto: Mais recordações de Fajonquito

 Caro amigo:

O furriel que está ao teu lado, chama-se Tendeiro, ele saíu da companhia para outra zona que não me lembro qual. Nunca mais o vimos, mas na pesquisa que fizemos para encontrar camaradas, quando começamos a organizar o nosso encontro anual, soubemos que mora na Reboleira Sul - Amadora e que trabalha na companhia de seguros AXA.

Com respeito ao Cap Patrocínio, foi para Mansoa por castigo. Certa noite saíu do aquartelamento com 10 militares e o grupo do Mamadú Senegal Baldé, que era o Comandante do Pelotão de Milicia, sem passar cavaco a ninguém,  como era habitual,   e entrou pelo Senegal, matando dois guerrilheiros, e exibindo depois em Bafatá o espólio que trouxe da emboscada, duas Kalas, duas bicicletas e livros.

Isto para o comandante de batalhão era manga de ronco, ele gramava o Patrocínio à brava e depois causou inveja nos outro oficiais.

O comandante do Esquadão de Cavalaria de Bafatá (***), depois disso, e num almoço em Pirada, concerteza com a cabeça quente, arrancou com as Chaimites Senegal dentro. Na primeira aldeia que encontrou estava estacionado um grupo de militares Senegaleses e ele toca a disparar, matou uma série de gente e aquilo deu buraco em Bissau e não só.

Isto, salvo erro,  foi em Janeiro de 1973, altura em que mataram o Amílcar Cabral. No inquérito que foi levantado ao Capitão de  de Cavalaria, foi referido o acto do Patrocínio e o castigo foi este ir para Mansoa, para a CCAÇ 15, companhia de africanos,  onde só os graduado é que eram brancos.

Ainda o vi uma vez na 5ª Rep. Já separado da mulher, pois ele tinha-a levado para Mansoa, mas ela só lá esteve 15 dias com o filho,  aquilo era embrulhar todos os dias e ela foi-se embora.

Quando ele saíu da companhia mandaram um Capitão velho que só lá esteve dois dias.

Depois o Spínola foi lá graduar o alferes São Pedro.  Depois falo-te sobre isso.

Um Abraço.

José Cortes
______________

Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 11 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P5972: Fajonquito do meu tempo (José Cortes, CCAÇ 3549, 1972/74) (3): O Cap Patrício, a CCAÇ 15, dois casos de insubordinação e ainda o Cherno Baldé

(**) 7 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P5946: Fajonquito do meu tempo (José Cortes, CCAÇ 3549, 1972/74) (2): Evocando o Sold Almeida e o Fur Alcino, da CART 2742, que morreram, mais o Cap Figueiredo e o Alf Félix, na tragédia do domingo de Páscoa de 1972

(***) Não temos elementos para identificar este Esq Rec Fox, estacionado em Bafatá no início de 1973. Pode ser o Esq Rec Fox 8840 (Bafatá, 1973/74), ou até o anterior (1971/73), que de momento não sei qual é... Há dois camaradas que, embora ainda não sendo membros da nossa Tabanca Grande, têm histórias para contar e vontade de o fazer...


(...) Sou ex-militar do Esquadrão de Reconhecimento Fox 8840. Estive lá no início de 1973 até perto do fim do ano de 1974.

Tenho histórias a contar como vocês contam as vossas. Tivemos lá dos maiores atentados registados até essa data. Lamento principalmente o meu ex-capitão e comandante Carvalhais do Esquadrão de Cavalaria 8840 (hoje coronel) nada registar na Internet.

Não vos conheço mas gostaria de ter contacto convosco para vocês conhecerem o meu Esquadrão e recordarmos por onde e como passamos. (...)

(...) Carmindo Pereira Bento
Restaurante Ângulo-Real
2425-022 Monte-Real- Leiria. (...)

Vd. também poste de 19 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5843: O Nosso Livro de Visitas (83): António Carlos Ferreira, ex-Fur Mil Mortágua, Esq Rec Fox 8840 (Bafatá, 1973/74)

(...) António Carlos Ferreira (ex-furriel Mortágua)
Proprietário da Adega Típica 
A Pharmácia,
Rua Brasil 81/85
Coimbra
E-mail:
adegapharmacia@gmail.com
telm: 917213076 / telef  239 404 609 (...)

Do período de 1969/71, temos o nosso camarada António da Costa Maria, que esteve em no Esq Rec Fox entre Nov 1969 e Out 1971... Receberam Chaimites  no final de 1970 ou princípios de 1971