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sábado, 7 de maio de 2022

Guiné 61/74 - P23238: Bom dia desde Bissau (Patrício Ribeiro) (23): Bafatá... e as nossas "geografias emocionais"


Fot0 nº 1 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 28 de abril de 2022 > 7h42... Nascer do sol, tapado pelo que resta do monumento, sito no antigo Parque da cidade, ao Oliveira Muzanty (governador geral, 1907/09), defronte à Casa Gouveia, dois símbolos do "colonialismo português"... A estátua  foi apeada (e provavelmente destruída)...


Foto nº 2 >  Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 28 de abril de 2022, 7h41> Os célebres pombais de Bafatá... Hoje ainda existem alguns. Este está onde hoje é o tribunal.


Foto nº 3 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 28 de abril de 2022 7h41>  O que resta (a fachada...) do antigo mercado quando Bafatá era a doce princesa do Geba... Um belo exemplar da arquitetura colonial revivalista, que um dia destes cai de vez...


Foto nº 4 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 28 de abril de 2022, 7h41 > Rua para a 
Ponte Nova, diz o autor da foto. Na esquina, uma típica casa colonial, de sobrado. O Cherno Baldé diz-nos que era a antiga casa Ultramarina em Bafatá,  que controlava e abastecia toda a rede da zona Leste (Bafatá/Gabú). Pertencia ao BNU e era rival da Gouveia.


Foto nº 5 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 28 de abril de 2022, 7h33 > A sé catedral... Um exemplar de arquitetura colonial religiosa (de mau gosto, acrescento eu, tal como  a de Bissau, que me perdoem os cristãos da Guiné -Bissau) (LG)


Foto nº 6 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 28 de abril de 2022, 7h32 > O antigo edifício principal da administração do concelho de Bafatá, hoje direcção regional de educação de Bafatá... Fica na rua principal que vai dar ao rio Geba.


Foto nº 7 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 28 de abril de 2022, 7h36 > A avenida principal... Ao fundo, o rio Geba... Do lado direiro, a casa de sobrado das "manas libanesas" (que têm um mano, que foi nosso camarada, hoje coronel paraquedista reformado, e empresário na Guiné-Bissau, 
o Chauki Danif. Era alferes no nosso tempo, e tem aqui, no blogue, alguns amigos). A matriarca do clã era a Dona Rosa, cpmo bem dos recorda o Humberto Reis, amigo da família.  (LG).


Foto nº 8 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 28 de abril de 2022, 7h31 > Outra vista da artéria principal da antiga cidadezinha colonial... Há 6 anos o Patrício ainda apanhou algum alcatrão...


Foto nº 9 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 28 de abril de 2022, 7h34 >  Na avenida principal, do lado esquerdo de quem desce, antigas instalacões da administração colonial, incluindo a residência do administrador da concelho (o mais célebre nos anos 60 foi o Guerra Ribeiro). Depois da independência, passou a ser chamado "palácio do Governador"... Na ponta direita, a estação dos correios (não sabemos se continua a funcionar como tal)...


Foto nº 10 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 28 de abril de 2022, 7h34> Antiga residência do administrador do concelho e, por detrás, a torre que seria da polícia administrativa (cipaios).


Foto nº 11 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 28 de abril de 2022, 7h31> Mais uma vista da avenida principal...  Alguns dos nossos camaradas fizeram aqui as suas provas de perícia... no exame de condução auto.


Foto nº 12 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 27 de abril de 2022, 9h49  > Outra rua (... esta é para o arquiteto e autor do melhor roteiro de Bafatá, o nosso camarada Fernando Gouveia, identificar... TPC de fim de semana).

Foto (e legenda): © Patrício Ribeiro (2022). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de Patrício Ribeiro (português, natural de Águeda, da colheita de 1947, criado e casado em Nova Lisboa, hoje Huambo, Angola, ex-fuzileiro em Angola durante a guerra colonial, "retornado", a viver na Guiné-Bissau desde 1884,  fundador,  sócio-gerente e director técnico da firma Impar, Lda; membro da nossa Tabanca Grande, com cerca de 120 referências no blogue; autor da série "Bom dia desde Bissau"; nosso colaborador permanente para as questões do ambiente, economia e geografia da Guiné-Bissau" (*)

Data - quinta, 28/04/2022, 09:04

Assunto - Bom desde Bafatá

Bom dia, desde Bafatá.

Luís, esta semana tenho passado uns dias em Bafatá.

Vou enviar umas fotos de hoje e desta semana, que terás que as organizar, vão directamente do meu telemóvel.

Na parte velha de Bafatá,  as casas coloniais são agora organismos públicos.

Muitos por aqui andaram há 50 anos de camuflado. (**)

Mantenhas. Patrício Ribeiro


2. Comentário do editor LG:

Obrigado, Patrício. Dizes bem, por aqui muitos andaram há 50 anos  de camuflado... E outros à civil... Ir a Bafatá, no meu tempo (1969/71), sobretudo ao fim de semana (quando o havia...) dava direito a ir à paisana... Ia-se às "meninas (do Bataclã)" e também matar a malvada em restaurantes como a Transmontana... E, no regresso, beber uma última cerveja no café do Teófilo, o "desterrado"... As manas libanesas também tinham um restaurante e café mas nunca lá fui.

Bafatá faz parte das "geografias emocionais" de boa parte de nós... Todos os camaradas que estiveram no Leste da Guiné passavam obrigatoriamente por Bafatá (elevada a cidade no tempo)... Era uma verdadeira placa giratória... Tal como Bambadinca e o Xime. Em Bafatá,  havia o "charme discreto" da civilização... Havia boas lojas, restaurantes, cinema e  até piscina. O resto da Guiné era "mato", ou seja, guerra. 

Desculpa, se meti alguma "argolada"... Achei que as tuas belas fotos, madrugadoras, mereciam uma legenda mais completa... Mas, para falar de Bafatá, "a princesa do Geba",  temos gente muito mais conceituada do que eu,  porque lá viveu durante a comissão  como é o caso do Fernando Gouveia, do António Azevedo Rodrigues  ou do Manuel Mata, por exemplo. Oxalá eles nos leiam e comentem este fim de semana, antes de eu ir à faca. Para a próxima semana, faço férias do blogue, mas conto com o Carlos Vinhal (e todos os demais coeditores, colaboradores e leitores) para continuarmos a ir "blogando & rindo", enquanto houver picada, pica e pernas para andar...

Da tua parte,  continua a mandar "lembranças" dessa terra, "verde-rubra" (sem conotações saudosistas, paternalistas ou neocolonialistas).  Boa saúde, bom trabalho, E que Deus, Alá e os bons irãs te protejam, a ti e aos nossos amigo da Guiné-Bissau.
___________


(**) Sobre Bafatá, temos mais de 380 referências... Vd. aqui, por exemplo:

8 de abril de 2020 > Guiné 61/74 - P20829: Bom dia, desde Bissau (Patrício Ribeiro) (11): Viagem a Mansoa e a Bafatá, onde estamos a levar a água potável aos hospitais... Este ano, muita gente vai morrer, não da COVID-19, mas de fome: o caju ninguém o vem cá comprar...

9 de abril de 2019 > Guiné 61/74 - P19662: Memória dos lugares (390): As três pontes de Bafatá, sobre os rios Geba e Colufe (ou Campossa): contributos de Fernando Gouveia, Humberto Reis, Manuel Mata, Luís Graça, Ricardo Lemos e Virgílio Teixeira
12 de novembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12284: Memória dos lugares (252): Bafatá ao tempo do Esq Rec Fox 2640 (1969/71) (Manuel Mata)

22 de março de 2013 > Guiné 63/74 - P11293: Memória dos lugares (226): Vistas aéreas da doce e tranquila Bafatá, princesa do Geba (Humberto Reis, ex-fur mil op esp, CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, 1969/71) (Parte I)

7 de maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8236: Notas fotocaligráficas de uma viagem de férias à Guiné-Bissau (João Graça, jovem médico e músico) (10): Bafatá, 15/12/2009: "África é um cego em cima de um diamante" (Ali dixit)

(...) Anónimo disse...

Uma geração de jovens que, ao terem a sorte de sobreviver, mesmo sem ferimentos, ficou traumatizada de tal forma que só passados 40 anos consegue falar abertamente do tempo que lá passou. Hoje, já consigo ter saudades do Cinema, da Piscina, do restaurante do Teófilo, do Restaurante a Transmontana, dos comércios das Libanesas, do cheiro a terra, do cacimbo que caía de noite, da pista de Aviação, das noites que passava nas Tabancas, da Javi (miúda atrevida), da Mariana solteira e da Mariana mãe, saudade dos companheiros que já morreram (Sampaio, saudade dos companheiros que ainda não encontrei, Ernesto, etc.), foram 25 meses em Bafatá (de junho de 1968 a julho de 1970).Um muito obrigado ao jovem médico, por me trazer Bafatá ao meu consciente.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Guiné 63/74 - P11868: Blogoterapia (233): A Bem da Nação!... A Medalha Comemorativa das Campanhas das Forças Armadas Portuguesas, Guiné 1968/70... (António Azevedo Rodrigues, Comando de Agrupamento 2957, Bafatá, 1968/70)


Medalha [, à direita,] Comemorativa das Campanhas das Forças Armadas Portuguesas, Guiné 1968/70,  que foi entregue ao António Azevedo Rodrigues, de Vila Nova de Fanalicão.

Foto: © António Azevedo Rodrtigues (2011). Todos os direitos reservados


1. Mensagem do nosso camarada António Azevedo Rodrigues,  ex-1º. cabo, Comando de Agrupamento 2957 (Bafatá, 1968/70), com data de 17 do corrente:


Amigos, ao fim de 3 longos anos de cartas, mails, telefonemas e mais requerimentos (*) (**), eis que o carteiro não precisou de tocar duas vezes, pois sou eu quem estou à espera que ele chegue com a missiva... 

Estava a contar ter de fazer uma almoçarada para receber o tal galardão pelos serviços prestados à Nação Portuguesa, mas como um soldado não conta como um almirante nem como um mercenário, não me foi concedido ser condecorado com as honras militares, como me havia sido indicado. Teria de me deslocar a uma unidade militar o mais perto de minha residência para aí me ser entregue o reconhecimento. 

Mas não,  fui informado que teria de me deslocar 800 km para ir a Lisboa receber, vejam bem que tão grande medalha o Estado Português me envia!... Ora, eu  recuso-me a  deslocar-me a Lisboa depois de ter uma unidade militar em Braga, Póvoa de Varzim e DE ter pertencido ao D.R. Braga...

Por outras medalhas já vistas no Facebook entregues a outros combatentes,  o que tenho a  dizer é que o Estado Português está mesmo em decadência,  estas medalhas são o espelho de quem comanda as Forças Armadas da Nação, que nada tem a ver com as de há 45 anos, sim há 45 anos estava eu a preparar as malas para seguir para a Guiné, para Bafatá... o que aconteceu a 9 Novembro 1968... 

A bem da Nação... que me obrigou a perder 3 anos da minha juventude. Hoje o carteiro me entregou a medalha... mas esta não é a tal de cortiça que pensei ir receber...

António Azevedo Rodrigues
Delães - Vila Nova de Famalicão

____________

Notas do editor:

(**)
Anexo - Requerimento a preencher e enviar ao Arquivo Geral do Exército (Estrada de Chelas, 1949-010 Lisboa)

EXMO SENHOR GENERAL CHEFE DO ESTADO MAIOR DO EXÉRCITO


(nome)______________________________________________________, (estado civil) _____________, filho de ___________________________________ e de ________________________________________________, residente em (morada actual)__________________________________________________________ (código Postal)_________-______ (localidade)______________, nascido a (data) ______________, na freguesia de ________________, concelho de _____________________, portador do Bilhete de Identidade nº _______________, de (data de emissão) ______________ do Arquivo de Identificação de ______________, tendo cumprido serviço militar de (data de incorporação) ___________________, até (data de disponibilidade) _________________, tendo sido agraciado com a Medalha Comemorativa das Campanhas.

Consequentemente vem requerer a V. EXª que lhe seja feita entrega física da Medalha Comemorativa das Campanhas nos termos do artº 46 do Dec. Lei 316/2002 de 27 de Dezembro. 

Pede deferimento 


(localidade), _____________ de _____________ de 2009-00-00 

_________________________________ 

(assinatura)

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Guiné 63/74 - P11817: (Ex)citações (223): As lágrimas amargas do brig António de Spínola e do cor Hélio Felgas... "Presenciei-as no fim da Op Lança Afiada"... (António Azevedo Rodrigues, ex-1º cabo, Cmd Agrup 2957, Bafatá, 1968/70)... Ou não terá sido antes, na sequência do desastre do Rio Corubal, em Cheche, na retirada de Madina do Boé, em 6/2/1969 (Op Mabecos Bravios) ? No dia seguinte, Spínola deslocou-se a Nova Lamego, onde falou, às 12h00, aos sobreviventes da Op Mabecos Bravios...


Guiné > Zona leste > Comando de Agrupamento 2957 (Bafatá, 1968/70) > Guião. O Cmd Agr 2957 esteve em Bafatá, no período de Novembro de 1968 a Setembro de 1970. Os seus elementos metropolitanos sairam do ex-RAL 1 e embarcaram no T/T Uíge, em 9 de Novembro de 1968. O comandante do Cmd Agrup 2957 era o então cor Hélio Felgas [ 1920-2008], mais tarde substituído pelo cor Neves Cardoso. Na Tabanca Grande, temos dois camaradas que pertenceram ao Cmd Agr 2957: o António Azevedo Rodrigues e o Fernando Gouveia.

Foto: © António Azevedo Rodrtigues (2011). Todos os direitos reservados


1. Mensagem dirigida ao nosso camarada António Rodrigues:

De: Luís Graça
Data: 26 de Junho de 2013 às 18:44
Assunto:  Ex-1º.Cabo Rodrigues, Comando de  Agrupamento 2957, Bafatá, 1968/70 [, foto à esquerda]

António, camarada de Bafatá:

Como vai essa saúde ? Espero que bem... Tenho aqui uma questão a esclarecer contigo. Em 1/12/2010, publicaste na 1ª série do nosso blogue o seguinte comentário [,poste CXXXIII, ou seja, 133, de 2/8/2005]

Um dúvida minha: presenciaste esta cena no regresso da Op Lança Afiada (8 a 19 de março de 1969) ou da Op Mabecos Bravios (desastre no Cheche, Rio Corubal, na retirada de Madina do Boé, em 6/2/1969)...

O relatório da Op Lança Afiada foi escrito pelo então cor Hélio felgas e datilografado por ti... Confirmas ? Tens mais lembranças desta operação e da reação do coronel ? Tens mais fotos do teu Cmd Agrup 2957 ? Queria publicar um poste que estes teus pequenos comentários... Um abraço. Luis

No dia 27 de Maio de 2008,. o António Rodrigues mandara-nos uma primeira mensagem, entrando depois para a Tabanca Grande... Nessa mensagem apresentava-se como 1º cabo do Cmd Agrup 2958, que trabalhou "na parte de operações e informaçoes", e que "privou de perto" com o gen Spinola, cap (e mais tarde gen) Almeida Bruno, maj Carlos Saraiva (do batalhão de Lamego), cor Teixeira da Silva bem como o seu "grande amigo" cor (e mais tarde maj gen) Helio Felgas, na altura ainda vivo..,

"Tive a felicidade de no ano passado [, 2007,] ter uma conversa com ele ao telefone, e hoje lembrei-me dele mas como não sei da sude dele, até tenho receio de voltar a ligar e já não o encontrar, mas para agora, gostava de poder fazer parte desta terulia, pois só agora disporei de algum tempo que gostava de falar convosco se isso me for permitido, pois também tenho algumas boas/más recordações da Guiné, como por exemplo a operação Lança Afiada, que foi por mim escrita, e reescrita., não sei quantas vezes, mas isso fica para mais tarde, pois vi o Spinola a chorar em Bafatá com a barba por cortar de cinco dias e o Helio Felgas abraçado ao Teixeira da Silva, também a chorar" (...).

2. Resposta do António Rodrigues,  que vive em Vila Nova de Famalião, com data de  28 de Junho de 2013:

Eu estive nos preparativos da Operação Lança Afiada, fui eu e o 1º cabo Correia a dactilografar todos os documentos de toda a operação quer o antes, durante e depois da mesma. Essa operação marcou-me, e de que maneira, pois, como se pode imaginar, são 44 anos passados, e para quem chega em 15 de novembro de 1968 a Bafatá, ao Comando de Agrupamento nº 2957, designado CAGRUP 2957, e logo passados 4 meses ter de levar com uma operação deste calibre, depois de todos os dias receber na altura msg urg imediato confid e por aí, fora a descrever o que se passava na zona de Madina de Boé...

E a forma detalhada como foi planeada, num gabinete onde sempre marcava presença o brig Spinola, o cor Helio Felgas, o ten cor Teixeira da Silva, o major Carlos Saraiva, o cap Almeida Bruno, o tal do pingalim e óculos rayban à piloto, o alferes Fernando Gouveia, o alf Martins das transmissões, o fur Carlos Cocho e eu próprio 1º cabo escriturario para tudo tomar nota e datilografar e depois passar a stencil para policopiar em séries de 10/20 folhas para distribuir pelos chefes intervenientes na tal Op Lança Afiada...

É certo que datilografei mais uma série de operações mas esta foi a minha maior e mais marcante, pois esta nunca me passou vista fora, ficou me marcada para sempre e aqui e agora estou a viver 45º à sombra que ao sol não dá para imaginar o que la passei e saber ao minuto o que se estava a passar com uma série de rapazes da minha terra, Vila Nova de Famalicão, que comigo foram no Uíge. metidos como carne p'ra canhão, a 9 de novembro de 1968 e depois ter de escrever reescrever a história, viver e saber que morreu o soldado tal e tal e depois já do meu regresso, em 1973 no dia seguinte ao meu casamento saber que o meu irmão morreu em Moçambique... Fico por aqui, agora...

3. Comentário de L.G.:

Meu caro camarada de Bafatá, antes de mais um abraço solidário na dor, por teres perdido um mano, em em Moçambique, em 1973... Nunca nos tinhas dito nada sobre esta tragédia familiar.

Mas, voltando à Guiné do nosso tempo e à zona leste onde estivemos os dois... Continuo a pensar que a cena das lágrimas que tu descreves ocorreu no âmbito da Op Mabecos Bravios, já no final, em Nova Lamego, no dia 7/2/1969, e não no final da Op Lança Afiada, em 19/3/1969... Parece-me muito mais verosímil, e só prova que estes dois bravos guerreiros, António de Spínola e Hélio Felgas, eram afinal homens de carne e osso como nós, com emoções, com sentimentos, e independentemente do juízo que a História fizer deles...

Se calhar está na altura de reproduzirmos alguns postes, da I Série, sobre a Op Mabecos Bravios, Iniciada em 1 de Fevereiro de 1969, com a duração de 8 dias, tinha por missão retirar as nossas tropas de Madina do Boé. Tudo correu bem, até ao último dia, no regresso, na travessia, em jangada, do Rio Corubal, em
Cheche...

Talvez o Fernando Gouveia nos posso ajudar, com as suas memórias desse tempo.

PS - Recorde-se que Op Mabecos Bravios (destinada a cobrir a retirada das forças estacionadas em Madina do Boé) teve um desfecho trágico para 46 camaradas nossos, da CCAÇ 2405 (Galomaro) e da CCAÇ 1790 (Madina do Boé), mais um civil, guineense Na história do BCAÇ 2852 (Bambadinca,19768/70), lê-se resumida e cruamente, no final do rekatório da Op Mabecos Bravios (parte relatava ao Destacamento F, que era constituído pela CCAÇ 2405, sediada em Galomaro, e que pertencia ao BCAÇ 2852):

(...) "Durante a transposição do Corubal a jangada em que seguiam 4 Gr Comb [da CCAÇ 2405 e da CCAÇ 1790], respectivos comandos e tripulação afundou-se espectacularmente acerca de um terço da largura do rio, provocando o desaparecimento de 17 militares do Dest F  [, CCAÇ 2405,] e grandes quantidades de material perdido.

"Por voltas das 10.00h de D+ 4 [6 de Fevereiro] saímos de Cheche para Canjadude  que atingimos por volta das 16.30h com o pessoal deste Dest embarcado.

"Descansou-se e em D + 5 [7 de Fevereiro] às primeiras horas a coluna pôs-se em movimento para Nova Lamego que foi atingida por volta das 11.00h. Às 12.00h as tropas ouviram uma mensagem do Exmo. Comandante-Chefe que se deslocou propositadamente para a fazer.

"Permaneci em Nova Lamego para organizar a coluna do dia seguinte. Às primeiras horas de D + 6 [8 de Fevereiro] iniciei o movimento para Galomaro onde cheguei cerca das 10.30h." (...)
_____________

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Guiné 63/74 - P11622: (Ex)citações (221): O comandante do Comando de Agrupamento nº 2957, cor inf Hélio Felgas, o cérebro da Op Lança Afiada (8-19 de março de 1969) (Fernando Gouveia)


Guiné > Zona leste > Comando de Agrupamento 2957 (Bafatá, 1968/70) > Guião. O Cmd Agr 2957 esteve em Bafatá, no período de Novembro de 1968 a Setembro de 1970. Os seus elementos metropolitanos sairam do ex-RAL 1 e embarcaram no T/T Uíge, em 9 de Novembro de 1968. O comandante do Cmd Agrup 2957 era o então Cor Hélio Felgas [, 1920-2008], mais tarde substituído pelo Cor Neves Cardoso. Na Tabanca Grande, temos pelo menios dois camaradas que pertenceram ao Cmd Agr 2957: António Azevedo Rodrigues e o Fernando Gouveia.

Foto: © António Azevedo Rodrtigues (2011). Todos os direitos reservados

1. Comentário do Fernando Gouveia ao poste P11575:

Caro Luís Graça, caros camaradas:

Sobre a nossa Guiné gosto muito de contar estórias mas não histórias. Sobre a Op Lança Afiada, no entanto, como a vivi intensamente, na retaguarda, vou contar algumas coisas.

As minhas funções no Comando de Agrupamento de Bafata [, Cmd Agr 2957]  eram de oficial de informações, mas como o major que tinha as funções de oficial de operações esteve de baixa muitos meses, acabei por acumular as duas valências. 

Foi assim que “ajudei” o cor  {Hélio] Felgas  [, foto à direita,] a planear a operação. A minha ajuda resumiu-se a estar sempre com ele, normalmente sentados em frente ao grande mapa escala 1/50000, ele a congeminar as posições a assumir pelas NT e suas movimentações e eu praticamente a chegar-lhe os lápis dermatográficos com que ele ia marcando na mica, que cobria os mapas, setas e ovais, que depois eram copiadas e posteriormente enviadas para as tropas intervenientes.

O cor Felgas era 100% militarista mas demasiado individualista. Com ou sem razão só acreditava nele próprio. Talvez tenha sido por isso que o major de operações [, do Cmd Agr 2957,] tenha apanhado uma depressão, pois o coronel nunca o incumbiu de qualquer assunto ligado a operações. O senhor major andou por lá muitos meses só a organizar os arquivos.

Sentado à sua beira, aquando da programação da operação, seria impensável sugerir ao cor Felgas que, sem uma operação em simultâneo na margem sul do Corubal,  a Lança Afiada não teria sucesso. Lembro-me, a propósito, que um camarada que esteve na operação me contou que, durante a operação, se ouvia toda a noite o barulho de motores de barcos a cambar o Corubal.

De qualquer maneira o cor Felgas demonstrou sempre muita preocupação com o bem estar dos soldados durante a operação. Recordo de o ter ajudado (sem aspas) a conceber uma rede mosquiteira individual para ser distribuída a cada soldado. 

Recordo ainda que andou dias a magicar um substituto para as tradicionais rações de combate e aí também ele me veio perguntar se achava que a inclusão de fruta em calda estaria correcta em vez de outros produtos que faziam parte das rações mas muito mais açucarados.

Para terminar, penso que foi nesta altura que o cor Felgas ficou com uma Kalash novinha, a estrear. Nas paredes da minha casa tenho várias peças desse espólio, mas de menor importância.

Um grande abraço a todos.

Fernando Gouveia

[ex-alf mil rec inf, Cmd Agr 2957, Bafatá, 1968/70; 
foto à esquerda, na LDG que o levou de regresso a Bissau, 
no final da comissão]

terça-feira, 5 de julho de 2011

Guiné 63/74 - P8509: Em busca de ... (167): Guião do Comando de Agrupamento nº 2957 (Bafatá, 1968/70), cujo paradeiro se ignora (António Azevedo Rodrigues)


Comando de Agrupamento 2957 (Bafatá, 1968/70) > Guião. O Comando de Agrupamento 2957 esteve  em Bafatá, Zona lestem  no período de Novembro de 1968 a Setembro de 1970. Os seus elementos metropolitanos sáiram  do ex- RAL 1 e embarcaram  no T/T Uíge, em 9 de Novembro de 1968. O comandante do Cmd Agrup 2957 era o então Cor Hélio Felgas, mais tarde substituído pelo Cor Neves Cardoso.


1. Mensagem de António Azevedo Rodrigues (que está connosco desde Junho de 2008):

Data: 15 de Junho de 2011 20:02

Assunto: À Procura do Guião do Cmd Agrup 2957 (Bafatá-Guiné)


Olá, camarigos, o meu obrigado, pelas felicitações do meu 64º aniversário... Agora entrando no assunto principal que me traz hoje cá, é o seguinte: depois de andar por todo o lado na procura incessante do meus camaradas do Cmd Agrup 2957 de que o Fernando Gouveia também fez parte, bem como mais 50 elementos; depois de, posso dizer,  3-4 anos de intenso trabalho, pois ninguém tinha moradas de ninguém nem nunca em 41anos nuinguém contatou ninguém; depois, enfim, de eu meter anúncio na RTP e jornais; depois de tudo isso, o que primeiro me aparece é o Belmiro, de Penafiel.

Mas é só um primeiro contato e nada sabe, vou então para o Ministério da Defesa, para o Exército,  e nada. Com o que aprendi neste blogue, que muito me ajudou, e depois duma primeira tentativa,  lá consegui chegar aos primeiros [camaradas], e depois aos muitos e agora a todos. Isto é, todos menos um, pois de todo o pessoal do Agrupamento resta-me esperar para encontrar o último a tempo de ainda ir ao convívio total dos ainda resistentes e que se realiza [, ou melhor, já se realizou...], no próximo fim de semana, em Lisboa (Búfalo Grill).

Como disse,  falta encontrar um, sim um, é o que falta de pessoas. Então pelo meio fui procurando saber como encontrar o Guião/Estandarte, que foi a nossa Bandeira de apresentaçao, e pelas fotos anteriormente ja publicadas em que eu julgo ser o único a ter tirado uma foto com o mesmo na Guiné, eis que à procura do mesmo já lá vai mais de um ano, de procura em procura, de mail em mail, de telefone em telefone, sempre na eperança de que um dia há-de aparecer o tal Guiã/estandarte.

Quando estava à espera de saber do último cabo, do último a responder à chamada,  então voltei a pegar no telefone e chatear na procura,  de quartel em quartel, a tentar saber onde pára o guião.

Agora sim, o tal mail tão esperado chega com a pior noticia: mais um amigo que caiu para sempre, mais um desaparecido, como pode ser observado, mesmo sem Certidão de Óbito;  eis que chega a sentença de  que me abstenho de fazer mais considerações. Agradeço que publiquem o oficio enviado por mail com as palavras aí reproduzidas...

Em suma, não existe rasto do guião, simplesmente "desconhece-se o paradeiro do Guião do cmd agup 2957"... Foi abatido.  não se sabe como. É menos um comando deste agrupamento que não se sabe se caiu de morto,  fulminado por qualquer ataque cardíaco... 

Termino lamentando o desaparecimento de mais um elemento deste Cmd Agrup 2957... Paz à sua alama, que repouse na sua eterna morada, desconhecida. Lamentamos o sucedido e eu, pessoalmente,  apresento condulâncias à familia desgostosa do Cmd Agrup 2957...

António Azevedo Rodrigues
Contactos:
Telefones: 252 938 133 - 915 225 337 - 926 641 776 - 934 432 545

E-mail: rodrigues60@gmail.com






Fotos: © António Azevedo Rodrigues (2011). Todos os direitos reservados

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Nota do editor:

Último poste da série > 24 de Junho de 2011> Guiné 63/74 - P8470: Em Busca de... (166): Precisa-se de depoimentos para fazer a História da Pensão Central da Dona Berta (Hélder Sousa / José Ceitil)

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Guiné 63/74 - P8367: Parabéns a você (268): António Azevedo Rodrigues, ex-1.º Cabo do Agrupamento 2957 (Tertúlia / Editores)


PARABÉNS A VOCÊ

DIA 3 DE JUNHO DE 2011

ANTÓNIO AZEVEDO RODRIGUES

NESTE DIA DE FESTA, A TERTÚLIA E OS EDITORES VÊM POR ESTE MEIO DESEJAR AO NOSSO CAMARADA ANTÓNIO AZEVEDO RODRIGUES AS MAIORES FELICIDADES E UMA LONGA VIDA COM SAÚDE JUNTO DE SEUS FAMILIARES E AMIGOS.

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Notas de CV:

- António Azevedo Rodrigues foi 1.º Cabo no Agrupamento 2957 que esteve em  Bafatá nos anos de 1968, 1969 e 1970

Vd. último poste da série de 2 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8362: Parabéns a você (267): António Barbosa, ex-Alf Mil Op Esp da 2.ª CART/BART 6523 e Osvaldo Colaço, ex-Fur Mil da CCAÇ 3566 (Tertúlia / Editores)

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Guiné 63/74 - P7122: Convívios (278): 40 anos depois... Pessoal do Comando de Agrupamento nº 2957, Bafatá, 1968/70 (António Rodrigues)














Vila Nova de Famalicão > 9 de Outubro de 2010 > Convívio do pessoal do Comando de Agrupamento nº 2957, Bafatá, 1968/70... Legenda da foto de grupo: Saavedra (1) e esposa (2), Manuel Rodrigues (3), Aristeu Tichas (4), Belmiro Moreira (5), Carlos Gomes (6), Carlos Cocho (7) e esposa (8), Esposa do António Rodrigues (9), Fernando Gouveia (10), Belmiro Santos (11), Avelino Resende (12) e António Rodrigues (13).


Foto: © António Rodrigues (2010). Todos os direitos reservados



1. Mensagem do nosso camarada António Rodrigues (ex-1º Cabo, Agrupamento nº 2957, Bafatá, 1968/70):


Amigo Luis Graça e camaradas do blogue, boa tarde a todos. É com enorme satisfação que volto a este lugar para dar conta de que, felizmente, e depois de 40 anos de pesquisa em pesquisa, sempre consegui reunir um punhado de bravos camaradas do CAGRUP 2957, como o meu amigo Hélio Felgas gostava de o tratar o Agrupamento como tal.

Como disse, depois dum aturado trabalho, de papéis para aqui, telefonemas para ali, eis que consegui reunir os amigos que as fotos juntas documentam. Peço desculpa desde já por este grande interregno, mas andei, ando, numa roda viva para encontrar todos, pois parte deles para meu desgosto, mesmo já depois de confirmada a sua vinda ao encontro, acabaram por inesperadamente falecer, e alguns mais, dado ainda os seus afazeres profissionais e ou familiares e saúde - como foi o caso do Major General Manuel Duarte Pedrosa, dada a idade avançada (89 anos) -   não se puderam juntar a nós.

Mas ficou prometido que quando um novo encontro se realizar mais ao centro, estará presente o ex-Sargento Heitor Varela, ausente desta vez também pelas mesmos motivos  -78 anos, muito debilitado das pernas, e dado se ter de deslocar do Algarve até V.N.Famalicão. Há o Miguel, sim o Miguel também se encontra debilitado,  foi-lhe amputada uma perna!!!... Bem fico-me por aqui...

Luis Graça, aproveito para junto enviar umas fotos do convívio [, realizado no dia 9 do corrente], das quais fazem parte o Fernando Gouveia, de quem sou amigo, me tornei, já que no CAgrup estivemos a trabalhar juntos... Agradeço a sua publicação e, se possivel for, faz referencia ao link em que as fotos todas e os videos vão estar disponiveis.

Aproveito para enviar também a minha foto à militar que nunca mais enviei, porque de todo não tinha mais passado por aqui. Vou fazer um novo percurso a partir de agora, espero ser mais pontual no aparecimento por aqui para ver se encontro o resto do pessoal em falta e obrigar os já encontrados a aderir a este nosso grande meio de nos encontrarmos. 

O meu muito obrigado pela atenção que, estou certo, me vais dispensar...
Desculpa toda esta ladainha, mas eu não sou capaz de parar depois de começar a escrever ou z falar. Se achares este escrito muito grande, por favor CORTA, o que entenderes estar a mais, uma boa reprimenda aos alunos mal comportados faz bem. E eu gosto de ser avisado que estou a exagerar, daí pedir me digas como, onde e como me devo portar na escrita, para não te ocupar tempo e espaço. Não quero estar a encher o blogue com coisas que não podem nem devem ser escritas para evitar problemas. O meu obrigado e as desculpas pelo exagero da minha parte... 




Guiné < Zona Leste > Bafatá > Comando de Agrupamento nº 2957 (1968/70) > O 1º Cabo António Rodrigues.




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Nota de L.G.:


(*) Vd. poste de 28 de Junho de 2008 > 
Guiné 63/74 - P2993: Tabanca Grande (77): António Rodrigues, ex-1.º Cabo do Agrupamento 2957 (Bafatá, 1968/70)
(...) Estive em Bafatá, Guiné, desde Outubro de 1968 a Abril de 1970 e como até esta data ainda não tive o prazer de encontrar nenhum camarada do meu tempo, nessa missão, e como já se passaram 40 anos, ou melhor, faz este ano os 40 anos da nossa partida para a Guiné, gostaria de encontrar os meus e outros camaradas de armas desse tempo, pois convivi com o pessoal do Agrupamento 2957.

Como estava na parte de Operações e Informaçoes, privei de perto com o Gen Spinola, Cap/Gen Almeida Bruno, Maj Carlos Saraiva/Lamego, Cor Teixeira da Silva e o meu grande amigo Cor/General Hélio Felgas.
Com ele tive a felicidade de no ano passado ter uma conversa ao telefone e hoje lembrei-me dele, mas como não sei da sua saúde, até tenho receio de voltar a ligar e já não o encontrar.

Gostava de poder fazer parte desta tertúlia, pois só agora disporei de algum tempo e gostava de falar convosco, se isso me for permitido, pois também tenho algumas boas/más recordações da Guiné, como por exemplo a Operação Lança Afiada, que foi por mim escrita e reescrita não sei quantas vezes, mas isso fica para mais tarde.

Vi o Spínola a chorar em Bafatá com a barba por cortar de cinco dias e o Hélio Felgas abraçado ao Teixeira da Silva, também a chorar. (...

 Pertenci ao COM AGRUP 2957, Bafatá-Guiné 1968/1970.

Estou a viver, como sempre, em Vila Nova de Famalicão e gostava de deixar o meu contacto, pois estou reformado e estou sempre disponível, até mesmo para os e-mails que possam aparecer, já que aprendi a lidar com estas coisas novas (...)

Antonio Azevedo Rodrigues (...)

sábado, 28 de junho de 2008

Guiné 63/74 - P2993: Tabanca Grande (77): António Azevedo Rodrigues, ex-1.º Cabo do Agrupamento 2957 (Bafatá, 1968/70)


António Azevedo Rodrigues
ex-1.º Cabo
Comando de Agrupamento 2957
Bafatá, 1968/70



1. Em 27 de Maio de 2008, recebemos uma mensagem de António Rodrigues, mais um camarada que se quer juntar a nós.

Amigos e Camaradas,
Boa noite e os meus respeitosos cumprimentos.
Esta é a minha primeira mensagem que vos escrevo e como é a primeira vez espero ser bem sucedido.

Estive em Bafatá-Guiné, desde Outubro de 1968 a Abril de 1970 e como até esta data ainda não tive o prazer de encontrar nenhum camarada do meu tempo, nessa missão, e como já se passaram 40 anos, ou melhor, faz este ano os 40 anos da nossa partida para a Guiné, gostaria de encontrar os meus e outros camaradas de armas desse tempo, pois convivi com o pessoal do Agrupamento 2957.

Como estava na parte de Operações e Informaçoes, privei de perto com o Gen Spinola, Cap/Gen Almeida Bruno, Maj Carlos Saraiva/Lamego, Cor Teixeira da Silva e o meu grande amigo Cor/General Hélio Felgas.
Com ele tive a felicidade de no ano passado ter uma conversa ao telefone e hoje lembrei-me dele, mas como não sei da sua saúde, até tenho receio de voltar a ligar e já não o encontrar.

Gostava de poder fazer parte desta tertúlia, pois só agora disporei de algum tempo e gostava de falar convosco, se isso me for permitido, pois também tenho algumas boas/más recordações da Guiné, como por exemplo a Operação Lança Afiada (1), que foi por mim escrita e reescrita não sei quantas vezes, mas isso fica para mais tarde.

Vi o Spinola a chorar em Bafatá com a barba por cortar de cinco dias e o Hélio Felgas abraçado ao Teixeira da Silva, também a chorar.

E foi assim há 40, não 39 anos, como o tempo passa... até já...

Estas fotos são do 1.º Cabo Rodrigues e do António Rodrigues 40 anos depois...

Pertenci ao COM AGRUP 2957, Bafatá-Guiné 1968/1970.

Estou a viver, como sempre, em Vila Nova de Famalicão e gostava de deixar o meu contacto, pois estou reformado e estou sempre disponível, até mesmo para os e-mails que possam aparecer, já que aprendi a lidar com estas coisas novas, por isso o meu contacto é: (...)

Antonio Azevedo Rodrigues

2. Em 3 de Junho foi enviada a seguinte mensagem ao nosso camarada

Caro António Rodrigues
Bem-vindo à nossa Tabanca Grande.

Queria pedir-te o favor de enviares outra fotografia antiga, pois a que mandaste não se aproveita para publicação. Se não tiveres nenhuma em tamanho tipo passe, manda-me uma normal onde estejas bem visível que eu transformo-a em tipo passe.
Tenho a tua apresentação presa pela falta dessa foto.

Recebe um abraço dos Editores do Blogue, Luís Graça, Virgínio Briote e de mim
Carlos Vinhal

3. Caro António Rodrigues

Como nunca mais deste notícias, nem mandaste a foto fardado, estás a ser apresentado à Tertúlia só à civil.

Pelo que dizes no teu mail, estavas bem relacionado.

Infelizmente, como certamente já viste no nosso Blogue, o General Hélio Felgas (2) já nos deixou.

Não te esqueças da foto que te pedi e já agora ficamos à espera das tuas estórias, já que terás muito que contar, do que viste e viveste nos bastidores da guerra.
CV
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Notas de CV:

(1) Vd. postes relacionados com a Operação Lança Afiada de:

15 de Outubro de 2005 > Guiné 63/74 - CCXLIII: Op Lança Afiada (1969): (i) À procura do hospital dos cubanos na mata do Fiofioli (Luís Graça)

9 de Novembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCLXXXI: Op Lança Afiada (1969) : (ii) Pior do que o IN, só a sede e as abelhas (Luís Graça)

9 de Novembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCLXXXIII: Op Lança Afiada (1969): (iii) O 'tigre de papel' da mata do Fiofioli (Luís Graça)

14 de Novembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCLXXXIX: Op Lança Afiada (IV): O soldado Spínola na margem direita do Rio Corubal (Luís Graça)


(2) Vd. postes relacionados com a morte do General Hélio Felgas de 24 de Junho de 2008

Guiné 63/74 - P2980: In Memoriam (5): Morreu ontem o Major General Hélio Felgas, antigo comandante do Agrupamento nº 2957, Bafatá (1968/69)

Guiné 63/74 - P2981: Hélio Felgas, com Spínola, em Bambadinca (Jaime Machado)

e ainda do dia 25 de Junho de 2008

Guiné 63/74 - P2984: Op Mabecos Bravios: a retirada de Madina do Boé e o desastre de Cheche (Maj Gen Hélio Felgas † )

Guiné 63/74 - P2985: Homenagem ao meu professor da Academia Militar, Hélio Felgas (António Costa, Cadete aluno nº 11/650, Curso ART 1964/67)